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1ª Edição
Belém-PA
2020
4
https://doi.org/10.46898/rfb.9786599175169.
Conselho Editorial:
Prof. Dr. Ednilson Sergio Ramalho de Souza - UFOPA.
Prof.ª Drª. Roberta Modesto Braga - UFPA.
Prof. Me. Laecio Nobre de Macedo - UFMA.
Prof. Dr. Rodolfo Maduro Almeida - UFOPA.
Prof.ª Drª. Ana Angelica Mathias Macedo - IFMA.
Prof. Me. Francisco Robson Alves da Silva - IFPA.
Prof.ª Drª. Elizabeth Gomes Souza - UFPA.
Prof.ª Me. Neuma Teixeira dos Santos - UFRA.
Prof.ª Me. Antônia Edna Silva dos Santos - UEPA.
Prof. Dr. Carlos Erick Brito de Sousa - UFMA.
Prof. Dr. Orlando José de Almeida Filho - UFSJ.
Diagramação:
Laiane Borges de Souza.
Design da capa:
Pryscila Rosy Borges de Souza.
Revisão de texto:
Os autores.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
DIMENSÕES DA ETNOMATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO FORMAL DE
INDÍGENAS DO AMAZONAS..................................................................................... 11
MOREIRA, Rosilei Cardozo.
DA CRUZ, Romildo Pereira.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.1.
CAPÍTULO 2
ESTADO DO CONHECIMENTO SOBRE FORMADORES DE PROFESSORES DE
MATEMÁTICA.................................................................................................................. 25
SANTOS, Jusiany Pereira da Cunha dos.
GHEDIN, Evandro.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.2.
CAPÍTULO 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO
AMAZONAS...................................................................................................................... 41
NEVES, Ilmaçara Pereira.
MARTINS, Eliane Regina Batista.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.3.
CAPÍTULO 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O
TRIÊNIO 2016 À 2018........................................................................................................ 67
CUNHA, Adauto Nunes da.
SIQUEIRA, India Andréia Costa.
PETRY, Polyanna Possani da Costa.
GARIN, Douglas Mendonça.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.4.
CAPÍTULO 5
NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E
EDUCAÇÃO....................................................................................................................... 85
TOLEDO, Nádia Cristina Rodrigues da Conceição de.
NEVES, Josélia Gomes.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.5.
CAPÍTULO 6
OLHAR DOS DISCENTES DO CURSO DE PEDAGOGIA SOBRE A DISCIPLINA
DE EDUCAÇÃO ESPECIAL............................................................................................ 101
SANTOS, Jusiany Pereira da Cunha dos.
SANTOS, Marcos Antonio dos.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.6.
7
CAPÍTULO 7
DO ENSINO SUPERIOR A ESCOLA RIBEIRINHA: FORMAÇÃO CONTÍNUA
DE ACADEMICOS SURDOS E OUVINTES NAS AREAS DE CIENCIAS.......... 121
AMOEDO, Francisca Keila de Freitas.
SILVA, Luana Rosa de Assis.
BRANDÃO, Paulo Victor de Souza.
MATOS, Davi Jonathas Freire.
SILVEIRA, Nandara Maia.
COSTA, Reynerth Pereira.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.7.
CAPÍTULO 8
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA DAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE A
IDENTIDADE DOCENTE NO BRASIL (2009 A 2019).............................................. 139
PINHO, Uiara Mendes Ferraz de.
SILVA-FORSBERG, Maria Clara.
CHASSOT, Attico Inácio.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.8.
CAPÍTULO 9
MODELOS LINEARES: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA............................................ 157
PAIVA, Renne Garcia.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.9.
SOBRE OS AUTORES...................................................................................................... 169
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EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
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APRESENTAÇÃO
Este livro, distribuído em nove artigos se inclui em um processo de reflexão sobre
a educação brasileira contemporânea, o ensino de ciências e matemática. Constituindo-
-se em um importante ponto de inflexão nesse processo de sistematização e produção
de conhecimentos, as ideias aqui apresentadas, têm por objetivo aprofundar algumas
constatações iniciais, discorrendo sobre a formação inicial e continuada dos professo-
res, subsidiadas pelas discussões de alguns teóricos, pensando a partir do olhar dos
docentes e dos pesquisadores que tem no campo educativo seu ofício profissional.
Organizadora
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CAPÍTULO 1
DIMENSÕES DA ETNOMATEMÁTICA NA
EDUCAÇÃO FORMAL DE INDÍGENAS DO
AMAZONAS
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.1.
Resumo
Introdução
Diante do fato da turma foco desse estudo ser composta por alunos indígenas, e
sentindo a necessidade de explorarmos as novas tendências pedagógicas em Educa-
Capítulo 1
DIMENSÕES DA ETNOMATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO FORMAL DE INDÍGENAS DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
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Aporte teórico
Capítulo 1
DIMENSÕES DA ETNOMATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO FORMAL DE INDÍGENAS DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
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Para Silva (2009, p. 76), educação diferenciada e específica não pode ser enten-
dida “simplesmente como resultado de um processo, mas como o processo pelo qual
tanto a identidade quanto a diferença são produzidas”. Compreende-se, nesse aspec-
to, que existem maneiras diferentes de educar em relação à cultura, a língua e aos pro-
cessos de ensinar e aprender.
Metodologia
Para tal feito foi fornecido a cada equipe 2 artigos científicos distintos impressos,
um que tratava de Etnomatemática e outro que tratava dos Poliedros de Platão para
colaborar em suas pesquisas bibliográficas, de tal forma que pudessem compartilhar
entre as equipes ficando assim um total de 10 artigos, visto que o acesso à internet é
precário e os discentes ainda não possuíam acervo de material impresso.
Figura 1A- Primeiro modelo Figura 1B- Segundo modelo Figura 1C- Terceiro modelo
Fonte – Cardozo, 2019.
Capítulo 1
DIMENSÕES DA ETNOMATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO FORMAL DE INDÍGENAS DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
18
É importante ressaltar que tanto a envira, quanto a palha de Patuá, foram colhi-
das pelos acadêmicos nas proximidades do município, que é ribeirinho, e a equipe toda
possuía a habilidade extrativista necessária para tanto, outro fato que chamou bastante
a atenção da professora foi que durante a construção dos tetraedros, que aconteceu na
residência de um acadêmico, vários integrantes da família (parentes) se envolveram
na atividade desde crianças desfiando as palhas, até uma senhora mais idosa, que
explicava em sua língua materna como os pequenos deveriam desfiar ou trançar as
palhas, enquanto ela mesmo a trançava.
A segunda equipe, que teve como objetivo construir um CUBO, optou por uma
armação de galhos, revestidos com palha seca de buriti (usada na ornamentação das
danças culturais, e também para carregar utensíllios), neste caso, o grupo já conseguiu
com seus “parentes” que vivem no município a palha já seca (FIGURA 2A) e só preci-
sou colher os galhos, porém, no momento de construir o poliedro, tiveram dificulda-
des para dar rigidez ao mesmo, pois
optaram por um tamanho grande, e num primeiro momento, não colocaram dia-
gonais nas faces, após a profesora explorar os conceitos de determinação de plano por
pontos, a equipe refez o projeto, incluindo as diagonais das faces ( FIGURA 2B), bem
como a diagonaol do cubo.
Figura 2A- Novelo de palha Figura 2B- Inserindo as diagonais Figura 2C- Cubo revestido
Fonte – Cardozo, 2019.
Após construírem o cubo com os galhos, de forma rígida, o mesmo foi revestido,
pois como pretendiam abordar até a Relação de Euler na exposição, faz-se necessário
identificar as faces, não faria sentido trabalhar com material concreto, abordando aa-
restas e vértices, e ainda deixar um conceito de forma abstrata, no caso as faces vaza-
das.
Já a equipe que responsável por construir o octaedro optou por dois modelos, um
em argila (FIGURA 3A) e outro em Talo de Buriti (FIGURA 3B), que é o caule da plan-
ta, material extremamente leve e macil semelhante ao isopor, utilizado no artesanato,
para fazer remo, e também como bóia), porém o de argila, acabou se quebrando antees
da apresentação, pois necessitava de mais tempo pra secar, ou “assar” com as mesmas
técnicas com que eles utilizam na aldeia pra fazer cerâmicas, porém, não tinham o
tempo hábil necessário.
Diante deste problema com o poliedro de argila, a equipe decidiu construir mais
um em talo de Buriti2, porém, em tamanho diferente, revestido com folha do próprio
buriti, e fio de Tucum3 (FIGURA 3C), para que um evidenciasse as arestas e os vértices,
e o outro as faces.
Figura 3A- Modelo em argila Figura 3B- Tala de Buriti Figura 3C- Octaedro
Fonte – Cardozo, 2019.
Os materiais utilizados para estes poliedros, foram de fácil acesso, pois a palmei-
ra Buriti é natural da região do Vale do Javari, e o fio de Tucum, utilizidado no proces-
so da construção, os integrantes da equipe já possuíam pois trabalham com artesanato,
e produção de bijouterias, onde o mesmo é amplamente utilizado.
A equipe que construiu o dodecaedro, optou por fazê-lo em Cipó Titica5, e para
tanto foram buscar a matéria prima na comunidade “Maloca do Santiago”, distante
cerca de 09 Km da sede do município onde foi desenvolvido o trabalho. O Cipó Titica
(FIGURA 4A) após ser colhido na natureza, precisa ser descascado, para então ser
2 Espécie de palmeira de origem amazônica, também conhecida pelos nomes de buriti-do-brejo, carandá-guaçu, carandaí-guaçu,
coqueiro-buriti, itá, palmeira-dos-brejos, buritizeiro, meriti, miriti, muriti, muritim, muruti.
3 Fio bastante resistene, tecido manualmente a partir dqas folhas da palmeira Tucumã.
Planta com hábito hemi-epifítico, de caule flexível, usado na fabricação de móveis e cestaria.
Capítulo 1
DIMENSÕES DA ETNOMATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO FORMAL DE INDÍGENAS DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
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utilizado na produção de vassouras, paneiros, cestos, bem como amarrar casas e uma
infinidade de outras utilidades.
Figura 4A- Cipó Titica Figura 4B- Modelo em Cipó Figura 4C- Dodecaedro com folha
Figura 5A- Planificação Figura 5B- Modelo montadoFigura 5C- Modelo menor Figura 5D- Icosaedro
Algumas considerações
A nossa experiência docente nesta disciplina, com este público em especial, es-
sencialmente indígena, foi muito enriquecedora, trazendo novas reflexões a serem
postas relativas aos nossos conhecimentos, atitudes, e principalmente nossas habili-
dades enquanto professores de Matemática, frente aos desafios impostos sejam eles
Capítulo 1
DIMENSÕES DA ETNOMATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO FORMAL DE INDÍGENAS DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
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Referências
BORBA, Marcelo de Carvalho; COSTA, Wanderleya Nara Golçalves. O porquê da
etnomatemática na educação indígena. Zetetiké, Campinas, SP, v.4, n.6, p.87-95,jul/
dez 1996.
BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher Ltda. 1996.
MORIN, E. Noção do sujeito. In; SCHINITMAN, Dora Fried. Novos paradigmas, cul-
tura subjetividade. Trad. Jussara Haubert Rodrigues, Porto Alegre: Artes Médicas,
1996.
MUNDURUKU, D.. O banquete dos deuses: conversa sobre a origem da cultura bra-
sileira. 2. ed. São Paulo, 2009.
STRAUSS, C. L. - Inácia Canelas (trad.) Raça e História. 11. ed. Lisboa, 2012.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.2.
1 IEAA/UFAM- UEA-PPGECEM/REAMEC
jusysantos29@gmail.com
2 UFAM - UEA-PPGECEM/REAMEC
evandroghedin@gmail.com
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
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Resumo
Introdução
Vaillant (2003) utiliza o termo “formador” fazendo referência aos diferentes agen-
tes que se dedicam ao ato profissional em níveis e modalidades diferenciadas. Dessa
forma, cabe-nos trazer significados no âmbito educacional, apresentando pesquisas
que apontem para as universidades e programas de pós-graduação com estudos sobre
formadores de professores de matemática.
Metodologia
O estado da arte nas pesquisas permite examinar as ênfases e os temas que foram
mais abordados, identificando as produções, tendo como vantagem ainda revelar os
diversos enfoques e perspectivas.
Este estudo foi realizado entre os meses de agosto a outubro de 2019. Depois de
selecionarmos os descritores que serão listados nos resultados, foi feito uma triagem
dos programas de pós-graduação existentes no território nacional, foram encontrados
ao todo 144 programas cadastrados na Plataforma Sucupira da Coordenação de Aper-
feiçoamento do Pessoal de Ensino Superior (CAPES). Para fazer este levantamento
dividimos por região. Depois procuramos por programa as teses e dissertações que se
relacionavam ao assunto proposto para análise.
Resultados e discussão
1 Curso em nível médio, a distância, na modalidade Normal. Destina-se aos profissionais que atuam em sala de aula da
educação infantil, nas creches e pré-escolas das redes públicas – municipais e estaduais – e da rede privada, sem fins lucrativos –
comunitários filantrópicos ou confessionais – conveniados ou não, sem a formação específica para o magistério. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/proinfantil.
Capítulo 2
ESTADO DO CONHECIMENTO SOBRE FORMADORES DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
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Dissertações Teses
20 19
6 6 7
4 5 4
3 3
O critério de seleção incluiu a leitura dos resumos dos trabalhos, com texto online
acessível na íntegra (devido à maior circulação e atualização), em língua portuguesa,
durante o período de 2008 a 2018 – que abordassem os formadores dos professores
de matemática. Os critérios de exclusão foram: publicações anteriores ao ano de 2008,
teses ou dissertações que abordassem a formação para a educação básica, formação
continuada de professores da rede pública, municipal, estadual ou federal, nas diver-
sas áreas como física, química, biologia, pedagogia ou letras. As publicações foram
selecionadas após a leitura do título e do resumo das mesmas, e que atendessem aos
objetivos propostos por este estudo (FIORENTINI e LORENZATO, 2006).
Atendeu os critérios de
Não atendeu aos critérios: seleção:
Formadores de professores
de ciências = 10 Formadores de professores de
matemática = 17
A figura 1 nos mostra que estudos acerca dos formadores de professores tem sido
um tema recursivo, foram catalogadas 77 teses, sendo que o assunto mais periódico foi
a formação dos formadores em áreas como a Pedagogia, para a Educação Básica, séries
iniciais, formação continuada, dessa amostra a seleção final dos trabalhos resultou em
17 trabalhos defendidos que versam sobre a temática formadores de professores de
matemática.
Os estudos nesta área são pertinentes por dois motivos primeiro o fracasso nas
instituições que levam a evasão, ou má formação dos professores e o segundo motivo
bastante recorrente nas mídias trata-se da formação em crise resultante das políticas
públicas que não valorizam a profissão docente.
Capítulo 2
ESTADO DO CONHECIMENTO SOBRE FORMADORES DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
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Nacarato com publicações bastante recentes de 2015 e 2016 que tratam de pesqui-
sas narrativas, iniciando estes estudos durante o processo de doutoramento nos final
dos anos 1990, ao participar de projetos e bancas de mestrado e doutorado sentiu a ne-
cessidade de aprofundar seus estudos por intermédio do grupo de pesquisa Grupo de
Pesquisa Histórias de Formação de Professores que Ensinam Matemática – HIFOPEM,
grupo esse que a pesquisadora Nacarato coordena, vinculado ao Programa de Pós-
-Graduação Stricto Sensu em Educação, da Universidade São Francisco, Itatiba/SP.
Capítulo 2
ESTADO DO CONHECIMENTO SOBRE FORMADORES DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
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do, reflexão e análise da formação, Paula (2014) faz um mapeamento das pesquisas de
2005 até 2012, contudo seu foco é a região centro-oeste.
O tratamento dos dados nos revelou que dentre os autores mais citados nas dis-
sertações estão Gonçalves (2000), seguido de Fiorentini e Nacarato (2005 e 2006), Fio-
rentini e Lorenzato (2006) cuja obra de renomados pesquisadores da UNICAMP é re-
sultado de diversas pesquisas que traz o histórico detalhado da educação matemática
no Brasil, os históricos dos CBEM – Congressos Brasileiros de Ensino de Matemática
até o preparo do EBRAPEM – Encontro Brasileiro de Estudantes da Pós-graduação em
Educação Matemática. Na segunda parte desta obra está a Metodologia da Investiga-
ção em Educação Matemática que apresentam o processo de investigação, coleta de
pesquisa, processo de sistematização e questões para a discussão, termina com uma
reflexão acerca dos métodos, as práticas e as ações pedagógicas que atingimos.
Considerações finais
Por intermédio deste esboço foi possível identificar os pesquisadores que são
pioneiros nesse campo ainda pouco difundido, dessa forma, almejamos que essa pes-
quisa possa contribuir com a interface acerca da formação dos professores formadores,
mostrando o histórico das pesquisas realizadas em outras instituições de ensino, bem
como contribuir com atributos impulsionadores para estudos posteriores.
Capítulo 2
ESTADO DO CONHECIMENTO SOBRE FORMADORES DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
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Referências
ANDRÉ, Marli (org.). O papel da Pesquisa na Formação e na Prática dos Professo-
res. 3.ed. Campinas, São Paulo, SP: Papirus, 2002.
_______. Lei nº 12.695 de 25 de julho de 2012. Dispõe sobre o apoio técnico ou fi-
nanceiro da União no âmbito do Plano de Ações Articuladas. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12695.htm. Acesso em
22 set. 2019.
CUNHA NETO, Júlio Henrique da. A identidade profissional dos professores for-
madores nos cursos de licenciatura em matemática. Dissertação (Mestrado em Edu-
cação) - Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2016. 135 f.
_______; GONÇALVES, Terezinha Valim Oliver. Reflexões sobre uma prática docen-
te situada: buscando novas perspectivas para a formação de professores. In:GERAL-
DI, C. M; FIORENTINI. D; PEREIRA, E. M. A. Cartografias do trabalho docente: Pro-
fessor(a) – Pesquisador(a). Campinas – SP. Ed. Mercado de letras. p. 105-134, 1998.
2016. v. 3, p. 173-186.
NÓVOA, António. A formação tem que passar por aqui: as histórias de vida no Pro-
jecto Prosalus In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (Orgs.). O método (auto)bio-
gráfico e a formação. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2010.
Capítulo 2
ESTADO DO CONHECIMENTO SOBRE FORMADORES DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
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TARDIF, Maurice . O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como
profissão de interações humanas. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docên-
cia como profissão de interações humanas. Trad. João Batista Kreuch. Petrópolis-RJ:
Vozes, 2014.
_______. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão
de interações humanas. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes, 2009.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.3.
Resumo
Introdução
Um estudo da literatura educacional, realizado por Curi (2004), revela forte pre-
sença de investigações e teorias relacionadas à formação docente e cita alguns teóricos
que se debruçam intensamente a essa temática, dentre os pesquisadores atuantes no
campo internacional destacam-se: Perrenoud (1999, 2002), Tardif (2012), Nóvoa (1992),
Schulman (1986, 1987, 1992) e Schön (1992, 2000), com reflexões/pesquisas direciona-
das à formação inicial e continuada.
NEVES, Ilmaçara Pereira
MARTINS, Eliane Regina Batista
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
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Assim sendo, este estudo foi realizado a partir da análise da matriz curricular e
dos livros-textos utilizados na graduação inicial do Curso Normal Superior (CNS), que
foi ofertado aos professores em serviço da rede estadual de educação do Amazonas,
com início em 2002. Dessa forma, apresentamos ao longo do texto as contribuições
dos saberes docentes para a prática pedagógica a partir do olhar de alguns teóricos,
em seguida a metodologia, análise e reflexões dos documentos (matriz e curricular e
livros-textos).
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
VERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
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44
Esse novo paradigma, que se faz presente nas pesquisas relativas à constituição
dos conhecimentos construídos pelo professor numa perspectiva histórica e cultural,
foi nomeado como “saber docente”. Tardif (2012) se refere às subjetividades do proces-
so formativo e coloca em foco diferentes saberes que deveriam participar da formação
profissional dos professores, ou seja, a compreensão da prática pedagógica do pro-
fessor, que passava a ser visto como mobilizador de saberes profissionais e não mero
cumpridor de atividades.
Essas novas abordagens de pesquisa vão de encontro a uma visão na qual o pro-
fessor é reconhecido como sujeito de um saber e de um fazer, fazendo emergir a ne-
cessidade de uma investigação que priorize os saberes de referência dos professores
sobre as suas próprias ações e pensamentos, no intuito de desvendar atitudes e práti-
cas presentes no dia a dia desses atores educacionais. A respeito da abordagem dessas
investigações, Nóvoa (1992, p. 27) elucida que se passou a estudar a constituição:
[...] do trabalho docente levando-se em conta os diferentes aspectos de sua histó-
ria: individual, profissional etc. Percebe-se, então, uma “virada” nos estudos, que
passam a reconhecer e considerar os saberes construídos pelos professores, o que
anteriormente não era levado em consideração. Nessa perspectiva de analisar a for-
mação de professores, a partir da valorização destes, é que os estudos sobre os sa-
beres docentes ganham impulso e começam a aparecer na literatura, numa busca de
se identificarem os diferentes saberes implícitos na prática docente. Nesse espírito,
tinha-se em vista que é preciso investir positivamente os saberes de que o professor
é portador, trabalhando-os de um ponto de vista teórico e conceptual.
Fiorentini (2003) descreve que durante décadas as pesquisas tinham como preo-
cupação o fato de o professor se beneficiar dos conhecimentos produzidos pelas uni-
versidades e aplicá-los na sua prática. Na atualidade, o foco está em ouvir o professor,
em vê-lo como parceiro e companheiro de um processo coletivo de construção de co-
nhecimento.
No Brasil, essa abordagem teve os seus primeiros estudos a partir de 1990, mesmo
que de uma forma iniciante, os pesquisadores que se propuseram navegar em meio a
esse tema buscaram investigar os novos enfoques e paradigmas para compreender a
prática pedagógica, os saberes pedagógicos e epistemológicos referentes ao conteúdo
a ser ensinado na sua caminhada docente.
Com base nos autores citados, entendemos que o professor não define sozinho o
seu saber profissional, pois é um saber produzido socialmente nas diversas situações
e que resulta de outros fatores determinantes. Em relação a isso, compreendemos com
Tardif (2012), que esses saberes perpassam o processo de formação acadêmica e com-
preende também as experiências e vivências desse professor, tais saberes podem ser
adquiridos e compartilhados no meio em que está alocado o docente, junto aos seus
pares em sua formação, na sua atuação profissional, no seu cotidiano ou mesmo pelo
fato de serem orientados por um sistema, que de certa forma define as suas ações.
Por isso, Freire (2015), em sua obra, tece reflexões acerca dos saberes necessários
a prática educativa, mediante uma reflexão crítica da prática pedagógica, lançando um
olhar sobre os saberes indispensáveis para o fazer do professor em sala de aula.
Fonte: elaborado pela própria autora com base nos teóricos. (2018).
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O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
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O saber dos professores, como afirma Tardif (2012), é um saber próprio deles e
que se distingue em meio a experiência de vida, sua formação e trajetória profissional
e suas relações sociais, portanto, o professor é alguém que sabe alguma coisa e que
deve transmitir esses conhecimentos aos outros, pois faz parte de sua profissão e de
seu ofício (TARDIF, 2012; GAUTHIER, 1998).
Pimenta (1999) relata que os alunos de licenciaturas são cientes que trabalharão
com conhecimentos específicos e que esses saberes são necessários para uma boa atua-
ção em sala de aula. Contudo, segundo a autora, esse conhecimento vai além do con-
teúdo abordado, porque é necessário conhecer os procedimentos a serem utilizados
e se indagar sobre o significado desses conhecimentos para si e para a sociedade. Por
isso, é fundamental a contextualização desse papel para o conhecimento no mundo,
realçando a pertinência dos saberes pedagógicos na formação.
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
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A partir deste entendimento, o saber que o professor constitui em sua ação peda-
gógica não deve ser tomado como um saber dissociado do conhecimento do conteúdo
a ensinar (GAUTHIER, 1998). Entende-se que os saberes pedagógicos se tornam parte
integrante dos saberes de conteúdo, pois é a partir do conhecimento que o docente
possui sobre um determinado conteúdo que a ação pedagógica se transforma e deli-
neia, de modo a impor uma série de transformações sobre ele.
A esse respeito, Marconi e Lakatos (2011) esclarecem que esse tipo de pesquisa
engloba “todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou não, que podem servir
como fonte de informação para a pesquisa científica”. Segundo as autoras, a pesquisa
documental trata-se do processo de coleta de dados realizada em fontes primárias,
como documentos que podem ser escritos ou não, pertencentes a arquivos públicos;
arquivos particulares de instituições e domicílios, e fontes estatísticas.
1 A pesquisa envolveu quatro professores da Rede Estadual de Educação que se formaram no Curso Normal Superior.
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
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Para tanto, foi criada uma equipe que tinha por objetivo pensar em toda estru-
tura que atendesse a clientela desse programa especial de formação de professores. O
início foi repleto de dificuldades, a equipe inicial destinada à execução do programa
esbarrou em diversos obstáculos. Segundo Barbosa e Ramos (2008, p. 24), dentre eles,
podem ser destacados os seguintes:
A distribuição desigual da clientela entre os municípios, tornando inviável a forma-
ção de pelo menos uma turma em alguns; o Estado é constituído de 61 municípios
e da capital e, pela demanda da Seduc seriam atendidos apenas 44 municípios e
capital, ficando de fora 17; muitos dos municípios a serem atendidos apresentavam
dificuldades de acesso pelos meios convencionais de transportes o que exigiria uma
logística complexa e cara; dificuldade de pessoal com formação docente adequada
no Estado e em quantidade suficiente, para atender às necessidades da formação de
múltiplos quadros docentes, como exige o sistema presencial; dificuldade de gerên-
cia acadêmica previstas para alguns municípios; e, por conta de todos esses fatores,
o custo seria bastante alto, estimado, na época, 71 milhões de reais.
Toda essa problemática fez com que a UEA buscasse outras soluções que fossem
mais viáveis para a constituição do programa de formação baseada na realidade desa-
fiante e continental do Estado e dos professores.
A concepção adotada para o curso, segundo Barbosa e Ramos (2008), teve como
referência a concepção do professor Edgar Morin quanto à racionalidade da tecnolo-
gia, considerando que a verdadeira racionalidade não é apenas teórica, apenas crítica,
mas também autocrítica. (BARBOSA; RAMOS, 2008, p. 45 apud MORIN, 2003, p. 24).
Nesse sentido, o PROFORMAR possibilitou ainda por meio dos procedimentos meto-
dológicos, um processo de interação e colaboração entre aluno e professor, estreitando
laços que se edificaram no processo de ensino e aprendizagem no percurso formativo.
O Sistema de Ensino Presencial Mediado, para sua efetivação e êxito, foi arquite-
tado em três eixos: recursos tecnológicos, pessoal qualificado para a função e procedi-
mentos didáticos específicos. Para seu desenvolvimento e início das aulas, cada muni-
cípio que receberia as turmas de PROFORMAR recebeu uma plataforma tecnológica,
que foi implantada para o começo das atividades formativas.
Entendemos que a formação docente não pode desligar-se da relação entre pro-
fessor e alunos por meio do ensino presencial, contudo, no contexto amazônico em que
as distâncias são inimagináveis, este tipo de ensino se torna uma possibilidade, mas
não pode ter primazia em detrimento da formação do professor em sala de aula.
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
VERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
54
Superior foi extinto, dando novamente lugar a Pedagogia como habilitação necessária
para os professores dos Anos Iniciais.
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
VERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
56
Além dos recursos humanos, Barbosa e Ramos (2008) esclarecem que diversos
equipamentos foram implantados, estúdios de TV foram criados, computadores, mo-
nitores, iluminação, microfones e telefones faziam parte do cotidiano desses professo-
res. Tudo era novo e prezava-se pela qualidade do ensino e aprendizagem dos docen-
tes em formação, o desafio foi grande para todos os colaboradores e o emprego das
tecnologias a serviço dessa política pública rendeu frutos no contexto amazônico.
A organização curricular do Curso Normal Superior foi projetada para ser desen-
volvida em módulos. Essa decisão foi tomada respeitando a carga horária de ativida-
de docente, tendo em vista o cumprimento do calendário escolar dos professores em
formação, conforme a organização das escolas onde eram lotados. Lembre-se que este
curso foi ofertado em serviço e as crianças do ensino fundamental não poderiam ter
prejuízos, bem como os professores também tinham direito a essa formação.
renciados. Nas turmas presentes nos municípios do interior do Estado, as aulas foram
ministradas durante o recesso escolar, no período de seis dias por semana e, com uma
carga horária de oito horas por dia. Já na Capital, os professores tiveram um sistema
modular contínuo, em que as aulas ocorriam durante o ano letivo, seis dias semanal-
mente, com uma carga horária de quatro horas por dia.
DISCIPLINA CR CH
Comunicação e expressão 4 60h
Introdução à Filosofia 4 60h
Metodologia do Trabalho Científico 4 60h
Psicologia da educação I 4 60h
Língua Portuguesa na educação infantil e series iniciais do Ensino 4 60h
Fundamental
Introdução a Sociologia 4 60h
Filosofia da Educação 4 60h
História da Educação 4 60h
Psicologia da Educação II 4 60h
Metodologia e Pratica de Ensino de Língua Portuguesa 3 60h
Antropologia e Educação 4 60h
Sociologia da Educação 4 60h
Fundamentos da Educação Infantil 4 60h
Matemática na Educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental 4 60h
Currículo e ensino básico 4 60h
História e geografia na educação infantil e séries iniciai do ensino 4 60h
fundamental
Ciências Naturais na educação infantil e séries iniciais do ensino 4 60h
fundamental
Didática I 4 60h
Metodologia e pratica de ensino de História e Geografia 3 60h
Metodologia e Pratica de Ensino de Matemática 3 60h
Teoria e pratica da educação infantil 3 60h
Artes na educação infantil e series iniciais do ensino
Capítulo 3 fundamental 3 60h
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
Didática II VERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS 4 60h
Estágio Profissional I 4 150h
Metodologia e prática de ensino de Ciências Naturais 3 60h
Pesquisa e prática pedagógica I 3 60h
Ciências Naturais na educação infantil e séries iniciais do ensino 4 60h
fundamental EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
58 Didática I
Metodologia e pratica de ensino de História e Geografia
4
3
60h
60h
Metodologia e Pratica de Ensino de Matemática 3 60h
Teoria e pratica da educação infantil 3 60h
Artes na educação infantil e series iniciais do ensino fundamental 3 60h
Didática II 4 60h
Estágio Profissional I 4 150h
Metodologia e prática de ensino de Ciências Naturais 3 60h
Pesquisa e prática pedagógica I 3 60h
Metodologia da alfabetização de Jovens e Adultos 4 60h
Educação Ambiental 4 60h
Metodologia do Desenvolvimento da Pesquisa 4 60h
Avaliação Educacional 4 60h
Estágio profissional II 4 120h
Políticas Públicas e Educação 4 60h
Educação Indígena 4 60h
Educação física na educação infantil e series iniciais do Ensino 2 60h
Fundamental
Estágio Profissional III 4 120h
Teoria e prática da educação especial 3 60h
Atividades acadêmico científico-culturais 200h
Educação e saúde 4 60h
Organização do trabalho pedagógico e gestão escolar 4 60h
Pesquisa e prática pedagógica II – TCC 3 75h
Trabalho de Conclusão de Curso TCC 4 60h
Fonte: elaborado pelas autoras (2018).
No que diz respeito aos saberes pedagógicos para o processo de ensino e aprendi-
zagem relativos à disciplina de Matemática, a matriz curricular do PROFORMAR traz
especificamente a disciplina Metodologia e Prática de Ensino de Matemática, com 3 crédi-
tos e uma carga horária de 60 horas no módulo. Essa disciplina destinou-se a ampliar
os conhecimentos didáticos dos professores relativos aos conteúdos matemáticos a
serem ministrados na Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental.
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
VERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
62
Observamos que havia de forma específica uma única disciplina que trazia os co-
nhecimentos de conteúdos de Matemática, a disciplina Matemática na Educação Infantil
e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, que apresentava a carga horária de 60 horas e
trazia uma gama de conhecimentos a serem trabalhados nos primeiros anos escolares.
1- Representação de conjuntos
2- Classificação de conjuntos
UNIDADE II CONJUNTOS 2.1- Conjunto finito
2.2 - Conjunto infinito
2.3 - Conjunto unitário
2.4 - Conjunto vazio
3 - Relações: pertinência e inclusão
3.1 - Relação de pertinência
3.2 - Relação de inclusão
3.2.1 - Casos especiais da relação de inclusão
4 - Operações entre conjuntos
4-1 União ou reunião
4-2 Interseção
5- Ordem em N
6- Ordem em Z
1 – Operações com números naturais
1.1 – Adição
UNIDADE III CONJUNTOS 1.2 – Subtração
NUMÉRICOS 1.3 – Multiplicação
1.4 – Divisão
1.5 – Potenciação
1.6 – Radiciação
1.7 - Expressões numéricas
2 – Divisibilidade
2.1 – Ilmaçara
NEVES, Divisores de um número
Pereira
MARTINS,
2.2 –Eliane Regina dos
Conjunto Batista
múltiplos de um número
2.3 - Critérios da divisibilidade
2.4 – Números primos
3 – Máximo divisor comum
3.2.1 - Casos especiais da relação de inclusão
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E 4 - Operações entre conjuntos
CONTINUADA DE PROFESSORES
4-1 União ou reunião
4-2 Interseção
63
5- Ordem em N
6- Ordem em Z
1 – Operações com números naturais
1.1 – Adição
UNIDADE III CONJUNTOS 1.2 – Subtração
NUMÉRICOS 1.3 – Multiplicação
1.4 – Divisão
1.5 – Potenciação
1.6 – Radiciação
1.7 - Expressões numéricas
2 – Divisibilidade
2.1 – Divisores de um número
2.2 – Conjunto dos múltiplos de um número
2.3 - Critérios da divisibilidade
2.4 – Números primos
3 – Máximo divisor comum
4 – Mínimo múltiplo comum
5 – O número racional absoluto
5.1 – Introdução
5.2 – Unidade fracionária
5.3 – Leitura
5.4 – Classificação de frações
5.4.1 – Frações menores e maiores do que 1
5.4.2 – Frações iguais a 1
5.4.3 – O numeral misto
5.5 – Frações equivalentes
5.6 – Simplicidade de frações
6 – Operações com números racionais
6.1 – Adição e subtração
6.2 – Multiplicação
6.3 – Divisão
7 – Representação de números fracionários na
forma decimal
7.1 – Comparação de números decimais
Fonte: elaborado pelas autoras (2018).
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
VERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
64
Considerações finais
Referências
BARBOSA, Walmir de Albuquerque (Coord.) Políticas Públicas e Educação, Ma-
naus: UEA Edições: Editora Valer, 2008.
GIL, C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
PIMENTA, Selma Garrido (org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Pau-
lo: Cortez, 1999.
Capítulo 3
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR DA UNI-
VERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
66
CAPÍTULO 4
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.4.
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo traçar um levantamento dos campos onde
ocorreram maior número de produções acadêmicas dentro da educação matemática.
Para isto buscou-se um levantamento em caráter bibliográfico junto a plataforma CA-
PES através de descritores que pudessem dar evidências destas produções e em que
linha de pesquisa as mesmas se enquadravam. Para cada linha de pesquisa buscou-se
fazer sua categorização e apresentar alguns pressupostos teóricos nas quais elas se
fundamentam. Chegou-se à conclusão que, ao verificar que a sala de aula exige muito
mais que um simples olhar sobre ela, exige um professor que pense sobre sua prática
de forma a melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem. As produções consi-
deradas neste trabalho nos levam a refletir que embora haja expressivas publicações
relacionadas, é crescente as vertentes que segregam o conhecimento matemático em
sua real aplicabilidade no cotidiano do aluno, portanto acima de se pesquisar e pro-
duzir conhecimento cientifico com relação as abordagens de Fiorentini (1995), há de se
fazer uma adequação ao nível de compreensão dos alunos, evitando atitudes prolixas
e promover equidade no saber matemático do aprendiz.
1. Introdução
P ara uma melhor compreensão dos fatores que influenciam positivamente so-
bre a sala de aula, e contribuir para que o ensino e a aprendizagem se façam
de uma forma menos traumática muitos pesquisadores e professores da área de mate-
mática têm procurado por caminhos exitosos ao ensino.
Para que isto ocorra, é necessário que o professor esteja envolvido pela tarefa
de dar significado ao que ensina e ainda que esteja compromissado com a busca pela
compreensão das dificuldades de seu aluno em sala de aula.
Neste sentido, uma das primeiras perguntas que devem ser feitas e consideradas
é o que pensamos sobre a realidade? A nosso ver a resposta a estas perguntas direcio-
nam o olhar do professor para algumas metodologias que podem ser exitosas.
Nosso recorte sobre elas, é a sala de aula e as produções que contribuem para a
modificação da prática dos professores e ainda o reflexo destas produções voltadas à
sala de aula, assim foram observadas as produções brasileiras no campo acadêmico
relativas a teses e dissertações.
Capítulo 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O TRIÊNIO 2016 À 2018
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
70
Temos assim, o primeiro marco legal para discussões relativas a Educação Mate-
mática no Brasil, a partir de então passamos a dar visão às várias tendências em edu-
cação matemática que se apresentavam pertinentes ao território nacional.
A população passa a reivindicar uma escola para todos e a partir de 1970 o ensino
de matemática no Brasil passa a ter influência da matemática moderna. O movimento
tinha por base um ensino formal e rigoroso de conceitos matemáticos com base na
teoria dos conjuntos e na álgebra. Logo se percebeu que, uma proposta com bases tão
rígidas, tinha como consequência um grande número de aluno desmotivados. Com
relação a este momento Onuchic (1999) nos diz que:
Apresentava uma matemática estruturada, apoiada em estruturas lógica, algébrica,
topológica e de ordem e enfatizava a teoria dos conjuntos. Realça muitas proprieda-
des, tinha preocupações excessivas com abstrações matemáticas e apresentava uma
linguagem universal, concisa e precisa. Entretanto, acentuava o ensino de símbolos
e uma terminologia complexa que comprometia o aprendizado. (ONUCHIC, 1999,
p. 202)
Aos poucos, novas propostas chegaram ao Brasil, floresce a busca por novas al-
ternativas para o ensino de matemática, apresentando novos referenciais teóricos e
soluções diversificadas.
A palavra tendência nos remete a inclinação para algo, propensão, vocação, in-
tensão tomada conscientemente, disposição para algo ou alguma coisa. Assim, ao di-
zer que temos uma tendência em educação matemática, estaremos dizendo sobre a
propensão ou intenção consciente de um grupo de pessoas que pensam a matemática
escolar e seu ensino, com a observância de fatores que podem contribuir para sua efi-
cácia.
Para que possamos melhor compreender cada tendência precisamos antes vol-
tar nosso olhar sobre as tendências que perpassam o ambiente educacional brasileiro.
Para isto iremos nos basear no estudo realizado por Fiorentini (1995), a qual abordare-
mos de forma resumida neste trabalho.
Ao final de década de 1970 e início dos anos 1980 temos a chegada ao Brasil das
propostas sobre o ensino que tinham por base a proposta de Jean Piaget, a tendência
construtivista, nesta tendência o aluno deveria construir seu conhecimento através de
uma interação-reflexiva sobre o seu meio vivencial.
Capítulo 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O TRIÊNIO 2016 À 2018
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
72
temática e outras disciplinas façam sentido para o aluno ao ser ensinada, tomando por
base o que o aluno já sabe e os contextos de sua vivência.
Recentemente surgem novas tendência que tomam por base as tendências ci-
tadas por Fiorentini (1995) e a partir delas propõem novas abordagens ao ensino e a
aprendizagem de matemática, a saber: Modelagem Matemática, Resolução de Proble-
mas, Tecnologias e Educação Matemática, História da Matemática, Etnomatemática,
Educação Matemática Crítica, Filosofia da Educação Matemática e Jogos Matemáticos.
De acordo com os autores Bienbemgut e Hein (2000), existem escritos que já de-
monstram que desde 1200 a.C. já encontramos problemas em que as soluções culmi-
nam com a elaboração de um modelo para a resolução do problema proposto.
A modelagem pode ser utilizada de duas formas diferentes, ora pode operar
como ferramenta para a resolução de problemas e em outros momentos utilizada com
os objetivos específicos, como metodologia para a melhoria da qualidade do ensino de
matemática, neste sentido torna-se importante o caminho percorrido e ainda as ferra-
mentas matemáticas utilizadas. Assim, o método e as ferramentas se mostram como
fatores importante a serem observados no processo de ensino de matemática, pois é
sobre o tripé: método, ferramentas utilizadas e modelo que recaem sua análise de evi-
dências que adquirem no processo de ensino.
CUNHA, Adauto Nunes da
SIQUEIRA, India Andréia Costa
PETRY, Polyanna Possani da Costa
GARIN, Douglas Mendonça
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
73
A produção nos últimos 3 anos desta tendência tem mostrado que ela se encontra
em ascensão, são 190 defesas de mestrado e 64 de doutorado discutindo a modelagem
matemática. Destas produções 14 trabalham com a formação de professores, sendo 7
na perspectiva da formação continuada e em serviço, 3 sobre atuação docente, 4 sobre
trabalhos com as séries iniciais. Verificou-se ainda, que 34 produções foram direcio-
nadas ao trabalho diretamente em sala de aula, sendo 8 dando base a esta tendência
como proposta para melhoria da aprendizagem do aluno, 20 relacionadas a proposta
de atividades que cooperam para esta melhoria do ensino da matemática e ainda 6
delas versam sobre a experiência da utilização de modelagem em sala de aula.
Podemos perceber que a modelagem pode vir a ser compreendida dentro do con-
texto do que lhe é inerente como a resolução de um problema, assim ela coopera para
que a metodologia da resolução de problemas seja tomada como metodologia.
Como o próprio nome lhe evoca, está envolto na tarefa de resolver um problema,
onde o aluno deve procurar utilizar estratégias e caminhos que já conhece ou mesmo
procurando de várias formas se apropriar de novos caminhos para que o problema
seja resolvido.
Para que o aluno esteja envolvido é necessário que haja um pré-ocupação para
o resolver, neste sentido promulga-se que os problemas devem, preferencialmente,
serem reais e que se configurem como desafio ao estudante.
Deve-se observar ainda que, a ênfase nem sempre recai sobre a resolução correta
de um problema, mas sim, sobre o campo conceitual formado que ao se apresentar as
várias soluções possíveis são ativados neste processo.
Capítulo 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O TRIÊNIO 2016 À 2018
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
74
Para esta tendência a ênfase recai sobre o campo de conceitos formados e ativa-
dos durante o processo da resolução de problemas, assim, presume-se que se aprende
matemática através da resolução de problemas, ou seja, o processo é algo de suma
importância.
De acordo com Polya (1978), um dos primeiros autores a escrever sobre este tema
ao resolver problemas devemos levar em conta 4 momentos interligados e distintos:
Primeiro, temos que compreender o problema, temos que perceber claramente o que
é necessário. Segundo, temos que ver como os diversos itens estão inter-relaciona-
dos, como a incógnita está ligada aos dados, para termos a idéia da resolução, para
estabelecermos um plano. Terceiro, executamos o nosso plano. Quarto, fazemos um
retrospecto da resolução completa, revendo-a e discutindo-a. (POLYA, 1978, p. 3-4)
Embora com algumas variações sobre o modelo proposto por Polya, a maioria
dos autores trabalha sobre uma grade inicial que prevê: A compreensão do proble-
ma, pois não há como resolver um problema que não esteja claramente definido o
que queremos encontrar. Um segundo momento, o estabelecimento de um plano de
ação, onde se tenha de deixar claro uma estratégia para resolver o problema: fórmu-
las, tabelas ou outros entes clarificadores. Após isto caminhamos para a execução do
plano proposto. E finalmente teremos a retrospectiva ou validação da solução. Neste
momento efetua-se a verificação da validade de respostas obtidas, tem-se assim dois
momentos estando correto, conclui-se que o problema está resolvido. Caso contrário,
se deve retornar a primeira etapa e a seguir com um novo plano.
A partir das duas tendências, colocadas acima, surge o trabalho com as tecno-
logias que toma por base estas duas tendências aliando-as as tecnologias atuais para
uma melhor aprendizagem.
CUNHA, Adauto Nunes da
SIQUEIRA, India Andréia Costa
PETRY, Polyanna Possani da Costa
GARIN, Douglas Mendonça
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
75
Nas últimas décadas do século passado tivemos uma expansão e redução dos
custos par o acesso das tecnologias, o que as tornou mais acessíveis a toda a população.
Na configuração atual da população brasileira, a maioria de nossos alunos em idade
escolar já possuem computador ou mesmo celulares que apresentam interface compu-
tacional. “Vivemos numa sociedade em que prevalecem a informação, a velocidade,
o movimento, a imagem, o tempo e o espaço com nova conceituação” (PENTEADO,
1999, p. 297).
Assim, percebe-se que nossas atividades diárias estão permeadas por estas tecno-
logias as quais nos auxiliam em tarefas rotineiras e ações diárias.
Para Frant (1994), o computador nos impõe um repensar a prática de sala de aula
em nossas escolas, pensar os novos papéis no processo educativo de professores. Nes-
te sentido, algumas ações já realizadas mostram que em alguns casos as TICs em sala
de aula proporcionam uma inversão de papéis onde o aluno se torna o protagonista do
processo. Nesta nova configuração, cabe ao professor,
Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua própria produção ou sua construção. Quando entro em sala de aula devo estar
sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, as suas
inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de
ensinar e não a de transferir conhecimento (FREIRE, 2010, p. 47, grifo do autor).
Assim, o computador não é apenas um reprodutor dos fatos que podem ocorrer
com lousa e giz, mas sim como ferramenta inteligente que pode proporcionar a ligação
entre o saber a ser construído e os saberes que o aluno já possui.
visão crítica sobre a realidade e o mundo que o cerca. Neste sentido as mídias trazem
importante contribuição a ação pedagógica.
Na busca pela qualidade do ensino, ainda, temos aqueles que procuram por esta
qualidade dos conceitos matemáticos quando observados em sua historicidade, surge
assim a metodologia focada no conhecimento da história da Matemática.
A matemática é uma construção humana, ela pode ser vista como a “estratégia
desenvolvida pela espécie humana ao longo de sua história para explicar, para enten-
der, para manejar e conviver com a realidade sensível, perceptível, e com o seu imagi-
nário” (D’AMBROSIO, 2005, p. 102). Assim, tem sentido pensar que carrega consigo
uma história.
De acordo com Miguel (1993) este enfoque coopera para que o aluno veja a mate-
mática como criação humana, levando o aluno a compreender as aplicações da mate-
mática, ainda a perceber os fatores que levaram as pessoas a fazerem matemática, que
perceba que esta apresenta interface com outros campos do conhecimento, que nasce
de práticas sociais culturalmente colocadas.
Ainda, esta metodologia contribui para que se forme um cidadão crítico e criati-
vo, que compreenda que na construção do conhecimento matemático não existe uma
civilização que seja privilegiada, pois seu florescimento ocorreu através de vários po-
vos no decorrer dos tempos.
Neste sentido, a história de matemática não deve servir como mera ilustração
de fatos ao final de alguns conteúdos, mas como metodologia para que o aluno com-
preenda os conceitos matemáticos de forma a cooperar para que as distâncias entre o
ensino e a aprendizagem sejam minimizadas.
Dos trabalhos citados temos 4 que versam sobre a formação continuada de pro-
fessores, 5 sobre a formação inicial contando com 21 trabalhos que versam sobre o
docente em sala de aula. Ainda, 20 trabalhos falam sobre propostas de aplicação da
História da Matemática em sala de aula, 10 propõem atividades e 8 trazem relatos de
experiências.
O que acabamos de colocar está no cerne deste termo cunhado por Ubiratan
D’Ambrosio, onde afirma que devemos compreender a Etnomatemática como “arte
Capítulo 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O TRIÊNIO 2016 À 2018
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
78
O autor ainda esclarece que a arte se refere aquele primeiro homem que cria a
partir dos elementos em sua cultura, enquanto a técnica surge a partir da reprodução
do conhecimento produzido dentro de uma cultura.
A proposta é uma das únicas na atualidade que teve seu nascedouro no Brasil
como o professor Ubiratan D’Ambrosio (1990), que nos informa que suas bases estão
sobre a epistemologia de Paulo Freire e a psicologia de Vygotysk entre outros autores.
Esta tendência está alinhada com o pensamento de uma matemática crítica, que
é uma outra tendência que tem apresentado número crescente nos últimos anos de
pesquisas em sua temática.
A quem interessa uma matemática que não apresente: história, contextos cultu-
rais ou mesmo direcionada a resolução de problemas reais?
Para responder a esta pergunta temos que nos exercitar em responder a serviço
de quem está a matemática escolar hoje colocada e ensinada em nossas escolas?
escolar, com o aluno ou mesmo com a relação entre matemática e a vivência de nossos
alunos.
Neste sentido, estudos têm procurado clarificar até que ponto a matemática está
isenta destes aspectos e ainda se podemos concluir que o complexo da matemática
para a sala de aula perpassa todos estes contextos.
Esta tendência conta com 134 produções nos últimos 3 anos, sendo 105 de mes-
trado e 29 de doutorado. Deste universo 7 falam especificamente sobre a formação do
professor, sendo 4 versando sobre a formação continuada e 3 sobre atuação docente.
A professora Cristiane Maria Cornelia Gottschalk (2015) nos coloca que a filoso-
fia pode contribuir por diferentes modos na melhoria da qualidade de nosso ensino
e da aprendizagem, seja por sua fonte rica em discussões acerca de conceitos a serem
ensinados, e ainda, com os conceitos do que seja: ensinar, aprender, compreender, co-
nhecer, pensar criticamente.
Sem dúvida a reflexão sobre estes pontos e a clarificação do que pensamos sobre
eles nos trazem direcionamentos sobre nosso fazer e agir dentro de nossas salas de
aula. Ainda, Gottschalk (2015) nos diz que “toda prática que envolve ensino e apren-
dizagem depende da concepção de conhecimento que, por sua vez, estabelece como
temos acesso a ele e, consequentemente, como atribuímos sentido aos fatos do mundo
(p. 310).
Capítulo 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O TRIÊNIO 2016 À 2018
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
80
Seguindo uma linha mais voltada para o aprender de forma prazerosa e lúdica a
matemática, surge a metodologia do ensino com jogos.
Assim, o ensino da matemática através de jogos é visto como caminho para que
o aluno construa o conhecimento, que faça as ligações possíveis de forma lúdica e
prazerosa. Borin (1996) ainda, nos diz que “Outro motivo para a introdução de jo-
CUNHA, Adauto Nunes da
SIQUEIRA, India Andréia Costa
PETRY, Polyanna Possani da Costa
GARIN, Douglas Mendonça
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
81
Desta forma o aluno compreende a estrutura lógica proposta no jogo e por conse-
quência previamente intencional valida a estrutura matemática presente no jogo.
Formação Propostas de
Total de
Linhas de Pesquisa Teses Dissertações de atividade em
Trabalhos
professores sala de aula
1 Tabela feita a partir dos dados contidos no banco de teses e dissertações da CAPES:
<< https://sdi.capes.gov.br/banco-de-teses/01_bt_index.html>>, acesso em 30 de agosto de 2019.
Capítulo 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O TRIÊNIO 2016 À 2018
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
82
A produção referente aos jogos na educação matemática conta com 353 traba-
lhos, sendo 316 de mestrado e 37 de doutorado. Destes 35 se relacionam a formação do
professor, dos quais 6 são relacionados a formação inicial de futuros professores, 4 se
relacionam à atuação pedagógica nas séries iniciais do ensino fundamental e 21 estão
relacionadas a melhoria da atuação docente e sua formação. Desta quantidade 34 se re-
lacionam a proposta de atividades para a sala de aula sendo que 24 a trazem propostas
de trabalho, 6 retratam atividades a serem desenvolvidas com jogos e 4 deles trazem
relatos de experiências.
3. Conclusões
Nas discussões apresentadas podemos verificar que a sala de aula exige muito
mais que um simples olhar sobre ela, exige que o professor pense sobre sua prática de
forma a melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem.
Inserir a tecnologia nas práticas educacionais deve ser tarefa de todo educador,
não importando a que área sua disciplina se insere, o avanço diário na oferta de ins-
trumentos digitais de comunicação e informação lançado na mídia, torna os saberes
tecnológicos cada vez mais acessíveis, o que por sua vez leva os nossos alunos a terem
contato com essas ferramentas cada vez mais prematuramente, levando-os a saber ma-
nuseá-las com eficiência satisfatória apenas pelo uso/contato. Tal feito desafia-nos a
experimentar estas ferramentas em nossas praticas pedagógicas, tornando-as meios
para se chegar ao conhecimento crítico e reflexivo do aluno em relação ao conteúdo
proposto. Dando a eles autonomia para aprender da forma que melhor se apresenta
em seu cognitivo.
Referências
ANTÔNIO, Severino. Educação e Transdiciplinaridade: crise e reencantamento da
aprendizagem. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
______ . Sociedade, cultura, matemática e seu ensino. In: Educação e Pesquisa, São
Paulo, v. 31, n. 1, p. 99-120, jan./abr. 2005
MIGUEL, Antônio. Três estudos sobre história e educação matemática. 1993. 361 f.
Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993.
Capítulo 4
TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UM RECORTE SOBRE O TRIÊNIO 2016 À 2018
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
84
PEREIRA, Ana Carolina Costa FERNANDES, Milton Coutinho. (org) Prática de ensi-
no de matemática I. Fortaleza: Editora EdUECE, 2015.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.5.
Resumo
Introdução
Vale acrescentar que esta pesquisa foi submetida à Plataforma Brasil no âmbito
do Comitê de Ética na Pesquisa (CEP) da UNIR, tendo em vista cumprir os requisitos
do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar – Mestrado Profissional. Após a
reorganização do Projeto de Pesquisa e considerando as orientações da Resolução 466
de 2012, o processo tramitou nestas instâncias e foi concluído mediante a emissão do
Parecer de aprovação do referido estudo.
Quando invocamos a memória, sabemos que ela é algo que não se fixa apenas no
campo subjetivo, já que toda vivência, ainda que singular e auto-referente, situa-se
também num contexto histórico e cultural. memória é uma experiência histórica in-
dissociável das experiências peculiares de cada indivíduo e de cada cultura. (SOU-
ZA, 2007, p. 63).
Assim, apresentaremos nesta seção, uma narrativa pessoal tendo por fundamen-
to o método autobiográfico por compreender que: “Escrever é pois “mostrar-se”, dar-
-se a ver, fazer aparecer o rosto próprio junto ao outro’. (FOUCAULT, 1992, p. 8).
Buscamos por meio deste recurso dar sentido a escolha do tema pesquisado bem
como a compreensão de sua relação com o caminho percorrido por mim como educa-
dora e comunicadora. Vale ressaltar que a escolha desta metodologia se justifica pelo
fato de possibilitar:
[...] uma atenção muito particular e um grande respeito pelos processos das pessoas
que se formam: nisso reside uma das suas principais qualidades, que o distinguem,
aliás, da maior parte das metodologias de investigação em ciência sociais (NÓVOA;
FINGER, 2010, p. 23).
Nossa história começou a mudar quando fomos para o bairro Ipiranga, Rua Jacuí
no ano de 1975. O primo Alcides que era afilhado de minha mãe nos visitou neste local
e nos fez a proposta de virmos para o então Território Federal de Rondônia. Ele havia
ido a Belo Horizonte resolver um problema de saúde. O que minha mãe ouviu dele
sobre a região amazônica foi decisivo para que nos mudássemos para esta região.
No mês de dezembro de 1977, nos deslocamos de Minas Gerais até Porto Velho e
posteriormente até a Vila de Rondônia, um de seus distritos conforme Decreto-Lei nº
7.470 de 1945 (BRASIL, 1945).
Vale acrescentar que neste ano, 1945 o Território Federal do Guaporé possuía
apenas dois municípios, Porto Velho, a capital sendo vinculado a ela os distritos de
Vila do Abunã, Vila Ariquemes, Vila Calama, Vila Jaci-Paraná e Vila Rondônia e Gua-
jará Mirim os distritos de Pedras Negras e Principe da Beira conforme detalhamento
da figura abaixo:
Capítulo 5
NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
88
Figura 1 – Quadro da divisão territorial e judiciária do Território para o período de 1945 a 1948.
Assim foi no ano de nossa chegada em 1977 que o lugarejo mudou de nome em
função de seu processo de emancipação, por meio da Lei nº 6.448, de 11 de outubro
(BRASIL, 1977). Esta norma tratou da organização política e administrativa dos mu-
nicípios dos territórios federais. O novo município, que recebeu o nome de Ji-Paraná,
foi instalado pouco tempo depois, em 22 de novembro, data em que é oficialmente co-
memorado o aniversário da cidade. Mas durante um certo tempo permaneceu sendo
chamada de Vila de Rondônia e foi com este nome que nós a encontramos. As imagens
abaixo atestam esta afirmação conforme é possível observar nas datas apresentadas:
Figura 2- Desfile
Na Vila ainda não tinha luz elétrica, ruas, pavimentação muito menos. O bairro
que eu morava, Dom Bosco, virava um rio quando chovia e tinha até floresta. Aliás,
todas as ruas lá têm nome de rios da Amazônia, penso que foi por inspiração, bem
diferente da paisagem de hoje. Nestes momentos de retorno à infância, as imagens e
leituras de escola e do mundo do meu bairro parecem se misturar, talvez porque tenho
buscado,
[....] a compreensão do meu ato de "ler" o mundo particular em que me movia e até
onde não sou traído pela memória me é absolutamente significativa. Neste esforço a
que me vou entregando, re-crio, e re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida
no momento em que ainda não lia a palavra. (FREIRE, 1982, p. 3).
Todo dia ao entardecer a gente se divertia um pouco com os macacos que pula-
vam de árvore em árvore, não tinha televisão, então, essa era nossa diversão, mas eu
não era uma criança feliz e talvez este não é o momento de explicar as razões disso,
pois:
Narrar é enunciar uma experiência particular refletida sobre a qual construímos um
sentido e damos um significado. Garimpamos em nossa memória, consciente ou
inconscientemente, aquilo que deve ser dito e o que deve ser calado (SOUZA, 2007,
p. 63).
Inegavelmente estava muito ansiosa pelo primeiro dia de aula, não cansava de
cheirar os cadernos novos, ver todo o material, arrumá-los novamente na pasta, tudo
tinha sido comprado na “Livraria Rui Barbosa” do senhor Cosmo, essa livraria existe
Capítulo 5
NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
90
até hoje, o senhor Cosmo, não. Finalmente o grande dia! Fui para a escola. No entanto,
quando cheguei, o ambiente me causou estranhamento.
Não era nada daquilo que eu havia imaginado, que eu havia sonhado, não era
um lugar acolhedor. Talvez por ser uma garota franzina achava tudo tão grande. Ti-
nha muita gente e umas meninas altas. Ficava assustada com tudo aquilo. E lembro
que ouvia as crianças falarem que morriam de medo da mulher de algodão. Afirma-
vam que ela morava no banheiro, por conta disso evitávamos ir até lá e muitas vezes
corríamos o risco de fazer as necessidades nas calças. Uma assombração que parece ser
comum quando somos crianças:
[...] meu medo das almas penadas cuja presença entre nós era permanente objeto
das conversas dos mais velhos, no tempo de minha infância. As almas penadas pre-
cisavam da escuridão ou da semi-escuridão para aparecer, das formas mais diversas
- gemendo a dor de suas culpas, gargalhando zombeteiramente, pedindo orações ou
indicando esconderijos de botijas. (FREIRE, 1982, p. 4).
Ao soar o sino para entrarmos em sala de aula, começava o nosso dilema. Era
obrigatório fazer “fila”, ficávamos um atrás do outro, tomar distância, cantar hino,
ouvir sermão, que rotina! Quem chacoalhava o tal do sino era a diretora, dona Meran-
dolina, com os braços cheios de pulseiras enormes douradas, parecia ouro.
O sino era grande, dourado e com cabo de madeira. Depois disso tudo, fui parar
em uma sala de aula onde a maioria dos alunos e alunas eram “repetentes” e eu não
entendia o sentido da palavra, só que achava horrível e pensava “nunca quero ser uma
repetente”, e acabei sendo. Bem lá na frente, mas aconteceu.
Fonte: Internet
Nessa cartilha a gente precisava repetir inúmeras vezes a mesma coisa, detestava
ter que repetir milhares de vezes as tais “famílias”, não aprendia nada. Até hoje não
compreendo o porquê a cartilha “Hora Alegre” na minha alfabetização. Achava que
aprenderia melhor com a cartilha “Caminho Suave”, mamãe estudou com ela e falava
bem dela, mesmo antes de eu ir para a escola, sentia que seria melhor para mim.
Com a tarefa feita pela colega, fui para casa com a consciência pesada, mamãe
pediu para eu mostrar-lhe o caderno com a primeira lição e ela logo desconfiou que
tudo aquilo não tivesse sido eu que havia produzido, mas para não decepcioná-la eu
disse que tinha sido eu sim. Depois ela descobriu que não, eu mesma contei.
Durante todo ano as coisas foram caminhando assim, a professora se dirigia com
mais frequência para aqueles alunos e alunas que já tinham feito a primeira série e eu
só copiava tudo que ela passava no quadro. Já conhecia as letras do alfabeto, algumas
famílias silábicas, mas não sabia ler.
Todos os dias era um martírio para mim, a hora de fazer a “Tarefa de casa” que
a professora Maria Aparecida mandava. O primeiro que aparecia me fazia decorar a
lição que no dia seguinte estava na ponta da língua. Meu irmão Adilson (in memo-
rian), era o mais carinhoso e cuidadoso de todos, quando ele estava em casa, chegava
à escola com a lição na ponta da língua. Se não tivesse ninguém em casa, no outro dia
na sala de aula era sempre um desastre e eu ficava sem recreio por não conseguir ler.
Capítulo 5
NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
92
Chorei muito, fiquei triste, sofri demais. As palavras de minha mãe ecoavam
em minha cabeça o tempo inteiro. Ela trabalhava fora e eu quase não a via, não tinha
quem me ajudasse a compreender e a me preparar para a tal da recuperação, aliás,
esta palavra ainda soa mal em meus ouvidos, a não ser quando fico doente. Mas fui
surpreendida com algo interessante, a meu favor. Uma irmã de minha mãe, Almerin-
da, era professora de alfabetização em outra escola soube do que estava acontecendo
e decidiu me “ajudar”.
Durante toda semana, na hora do almoço ela me deu todos os dias uma ficha com
um pequeno texto e mesmo no primeiro dia ela repetia: “Leia!”. Eu assustada, dizia:
“Não sei ler!”. Então ela afirmava que eu sabia sim, pois observou que eu já conhecia
todas as letras do alfabeto, daí seria só juntá-las e ler. Eu nem chorava. Mas também
não sorria, sabia que a coisa não estava boa para mim, mas resolvi enfrentar. Olhando
aquele tempo já distante percebo que eu tinha conhecimentos, lia do meu jeito o mun-
do e que já sabia um pouco do significado de ler e escrever no papel:
Ao ir escrevendo este texto, ia "tomando distância" dos diferentes momentos em que
o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a "leitura" do
mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem
sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da "palavramundo". (FREIRE,
1982, p. 3).
Sem perceber, bem aos poucos enquanto minha tia Almerinda preparava o al-
moço com aquele jeito alvoroçado dela, toda apressada ia descortinando meus olhos
para o mundo letrado. Eu perguntava o nome das letras agrupadas. E ela prontamente
respondia que eu sabia e que precisava deixa de dengo para estar preparada na sexta-
-feira e assim ler o solicitado pela professora.
ra. Meus cabelos, ela já os deixavam trançados com lindos laços de fita, cada dia uma
cor diferente.
Cheguei à escola muito confiante. Fui a primeira a passar pela tal prova de recu-
peração. Com muita coragem consegui ler a fichinha da professora Maria Aparecida.
Ao terminar, ela abriu um imenso sorriso e disse: “Parabéns, você foi aprovada! Você
sabe ler”. Falei bem baixinho para mim mesmo:
“Agora, eu sei ler!” Um sentimento parecido com aquele que Paulo Freire vivenciou
envolvendo as aprendizagens de casa e a da professora da escola: “[...] Eunice conti-
nuou e aprofundou o trabalho de meus pais. Com ela, a leitura da palavra, da frase,
da sentença, jamais significou uma ruptura com a "leitura" do mundo […] a leitura
da "palavramundo". (FREIRE, 1982, p. 4).
Muito feliz, naquela hora, pude chorar de contentamento e alívio, nada mais. A
partir daquele dia lia tudo. Parece que sem a leitura vivia sem enxergar o mundo. Lia
tudo mesmo, isso incluía placas, letreiros, jornais, revistas, gibis, embalagens, bula de
remédios. Descobri que a leitura me levava a mundos inteiramente meus, a viagens
incríveis que poderiam ser sem limites.
Foi uma experiência incrível! Através da leitura pude ganhar o mundo. Minha tia
Almerinda foi e é para mim a ponte para que eu atravessasse para o lado de cá desse
mundo maravilhoso da leitura, do saber. No atual momento em que me encontro ana-
liso que é possível confirmar que:
[...] o relato da realidade produz a história como ele mesmo produz a realidade. As
pessoas vão contando suas experiências, crenças e expectativas e, ao mesmo tempo,
vão anunciando novas possibilidades, intenções e projetos. (CUNHA, 1997, p. 7).
Sei que mais à frente, minha querida tia nem de mim se lembrará, mas eu en-
quanto viver e para outras vidas a levarei em meu coração com muita gratidão. Talvez
ela nem se lembre também, que um dia, apenas por um dia me fez viajar no mundo
mágico dos contos de fadas se vestindo de macaco em um teatro infantil no dia da
páscoa.
Tenho essas lembranças nítidas em minha mente. Se fechar os olhos posso vê-la
vestida de marrom saltitando de um lado para o outro no palco, com uma cauda en-
graçada pendurada, que simulava o rabo do macaco, demorei a reconhecer que era
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NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
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ela, minha tia Almerinda! Achava mesmo que era um macaco, coisa de imaginação de
criança, só reconheci quando ela entregou um bombom em minhas mãos.
Os anos foram passando e minha vida escolar foi acontecendo, fiz o ensino fun-
damental e médio em escola pública. Uma parte do ensino fundamental na Escola
Professor José Francisco dos Santos e outra na Escola Marechal Rondon, nesta última
cursei quatro anos de Magistério tive poucas oportunidades de acessos a maiores co-
nhecimentos, não tínhamos o acesso a informações que temos hoje.
Mas desde cedo aprendi a lutar pelo que quero agir com cautela respeitando os
limites e o/a outros/as. Penso que devido a esta luta constante, aprendi a ver o/a pró-
ximo/a como a mim mesma, a enxergar em meu irmão ou irmã capacidades, acreditar
no ser humano, independente de classe social, etnia, cor, ou o que for, possivelmente
um entendimento que:
Ler criticamente o mundo é um ato político-pedagógico; inseparável do pedagógi-
co-político, ou seja da ação política que envolve a organização de grupos e de classes
populares para intervir na reinvenção da sociedade. (FREIRE, 1989, p. 9).
que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de en-
sinar. Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras ensinar se diluía na expe-
riência realmente fundante de aprender. (FREIRE, 1996, p. 12-13).
Aprovada, fui lotada em uma escola e ministrava aulas para adultos no Projeto
de Alfabetização de Jovens e Adultos Paulo Freire, que começou em 1990. No projeto
de alfabetização permaneci por dez anos. Assim foi possível construir experiências em
âmbito público e privado, na educação infantil, ensino fundamental e na Educação
de Jovens e Adultos (EJA) e que agora na formação do Mestrado impulsionam novos
projetos, uma vez que:
A narrativa provoca mudanças na forma como as pessoas compreendem a si pró-
prias e aos outros. Tomando-se distância do momento de sua produção, é possível,
ao "ouvir" a si mesmo ou ao "ler" seu escrito, que o produtor da narrativa seja capaz,
inclusive, de ir teorizando a própria experiência. Este pode ser um processo profun-
damente emancipatório em que o sujeito aprende a produzir sua própria formação,
autodeterminando a sua trajetória. [...]. (CUNHA, 1987, p. 6).
Isso ocorreu em 1997 quando exercia atividades como Conselheira Tutelar. Con-
cedi uma entrevista ao titular do rádio jornal, o senhor Waldemar Camata, ele gostou
da minha voz e me convidou para trabalhar com ele. Foi uma experiência marcante.
O Rádio passou a ser o trabalho mais importante da minha vida. Representou meu
ingresso no mundo da comunicação, da palavra que nestes escritos simbolizam “[...]
um espaço de invenção, de interlocução aberta à produção de sentidos na dinâmica de
suas dobras, de possibilidades de experimentação pela e na linguagem, de experiên-
cia”. (CAMARGO, 2010, p. 14).
Capítulo 5
NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
96
Após a conclusão do curso, não foi possível exercer minha profissão na área do
jornalismo como sonhava. Mesmo fazendo parte de um veículo de comunicação, tive
grandes decepções e as dificuldades pareciam se multiplicar. Não era fácil a rotina e a
convivência com os (as) colegas de profissão nos tinham como superiores e acabavam
sabotando nosso trabalho.
Isso parece ser normal dentro da comunicação feita sem o compromisso de for-
mar opinião crítica, veicular a informação sem muita interferência ao público. Embora
tenha grande afinidade pela área da Comunicação, exerço apenas parcialmente as ati-
vidades e em situações esporádicas, pois o que tenho visto na imprensa no estado e no
país provoca meu afastamento.
A partir dessa época entrei em depressão, foram longos meses de intenso sofri-
mento não conseguia encontrar uma saída, talvez porque “[...] o preto inferiorizado
passa da insegurança humilhante à auto-acusação levada até o desespero. [...]”. (FA-
NON, 2008, p. 66).
Nesta época, já não estava mais em sala de aula no contrato da Prefeitura. Foram
tempos difíceis. Precisei recorrer a profissionais de saúde mental.
Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econô-
micas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase
sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de
mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam. (FREIRE, 1996, p.
31).
Metodologia
Capítulo 5
NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
98
Resultados e discussões
A teoria de Paulo Freire traz embasamento ao texto, pois dialoga com as mi-
nhas vivências de maneira precisa e contundente, ampliando os horizontes para um
pensamento crítico e reflexivo, dando sentido aquelas questões que outrora pareciam
normais, mas que, no entanto, fazem parte de um sistema opressor com oportunidades
para poucos.
Considerações finais
Vivenciar esta experiência foi muito importante para minha formação tanto como
professora pesquisadora, quanto como comunicadora e jornalista, pude nesse sentido
unir duas profissões que muito me agrada e compreender como a união das duas traz
grandes contribuições em minha vida.
Sinto-me muito feliz em poder concluir mais essa etapa de minha formação e
com as oportunidades de crescimento que me foram dadas através de duas profissões
que fazem parte da minha vida a Comunicação e a Educação, saber que as duas se en-
trelaçam e fazem da construção do saber um momento prazeroso.
Feliz por saber que minhas escolhas não estão erradas e que estou no caminho
certo. Contente por saber que posso dignamente frequentar um espaço social e pro-
fissional sendo ouvida e respeitada. Satisfeita por poder colaborar com construção do
caminho que tantos/as outros/as como eu irão trilhar.
Encerro esta página da minha vida com lágrimas nos olhos, mas dessa vez de
contentamento e com o coração repleto de felicidade e nesse instante busco e revivo
na memória de minha alma aquelas mulheres que fazem parte da teia que construiu
a minha vida, honro e sou grata a cada uma delas e dedico esse trabalho. Em minha
mente desfilam diversas delas até chegar em meu “eu” ser na figura 5. Entre elas as
mais próximas, na figura 6, minhas três tias maternas, (da direita para a esquerda) Aní-
sia Adélia e Almerinda minha mãe Maria e minha avó Francisca Rodrigues da Silva,
representadas nesta fotografia.
Referências
FREIRE, P. Extensão ou comunicação. 7. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:
Autores Associados: Cortez, 1989.
FOUCAULT, M. A escrita de si. In: O que é um autor? Lisboa: Passagens. 1992. pp.
129-160.
Capítulo 5
NAS ONDAS DO RÁDIO: NARRATIVAS DE MEMÓRIA, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
100
CAPÍTULO 6
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.6.
Resumo:
1 Introdução
No século XVIII, a escola passou a ser considerada pela sociedade oriental, como
a forma mais adequada de educar, o que se observa em Vincentini e Lugli (2009):
Pode-se dizer que, com isso, a defesa da escolarização de todas as crianças foi ga-
nhando força e fez com que o Estado passasse a ser visto como o responsável por
essa atividade, devendo, dessa maneira, regulamentá-la e fiscalizá-la e, sobretudo,
desenvolver ações com vistas a concretizar tal propósito (p.12).
Géglio (2006) entende que a preocupação com a formação dos docentes não é re-
cente, iniciou no século XIX, tem sua origem no meio universitário, estando presentes
nas discussões, formações, em livros, artigos e relatórios dos mais diversos sobre o
tema:
No que diz respeito ao poder público, a preocupação inicia-se no final do século
XIX, com a criação da primeira escola normal brasileira, no Rio de Janeiro em 1835,
visando melhorar o preparo docente chega até os dias atuais com a reforma dos
programas de formação inicial e a oferta de cursos na modalidade continuada (p. 9).
Vincentini e Lugli (2009) escrevem que, a partir do século XIX, surgem alterações
para normatizar e criar cursos para formar o magistério primário e produção de im-
pressos especializados.
Nessa perspectiva, a história dos professores compreende a organização de um
campo específico. Esse espaço passou a ser cada vez mais complexo, pois o sistema
educacional passou a abranger instituições voltadas para os diversos níveis e mo-
dalidades de ensino (primário, médio, superior, profissional, de jovens e adultos,
Capítulo 6
OLHAR DOS DISCENTES DO CURSO DE PEDAGOGIA SOBRE A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES
104
infantil etc.) [...] tal estruturação não se deu sem conflitos, envolvendo inúmeras
disputas travadas com vistas a definir e redefinir o papel dos professores em nosso
país (p.17).
Nessa época, a formação não era considerada importante, pois o insucesso das
escolas normais e os péssimos resultados fizeram com não fosse exigida formação nos
concursos para professores, as pessoas com prestígio na comunidade eram nomeadas
como professores adjuntos que seguiam na sua formação trabalhando na prática (RO-
MANOWSKI, 2012). Os autores Vincentini e Lugli (2009) analisam que a desvaloriza-
ção começou nesse período, pois a remuneração tornou-se objeto de intensos debates
com os professores:
Os professores procuraram se arregimentar para tentar interferir nas decisões re-
lativas à organização do ensino e obter melhores condições de trabalho e maiores
salários, buscando ainda, maior reconhecimento social mediante a elaboração de
manifestos, a participação em congressos pedagógicos e a criação de associações
profissionais e sindicatos (p.18).
Percebe-se que as lutas dos professores, ainda hoje, são praticamente as mes-
mas, por melhores condições de trabalho e de salários. Busca-se uma valorização para
as formações profissionais em parceria com as Secretarias de Educação Municipais e
Estaduais, com o MEC por meio de congressos e seminários para o desenvolvimento
da formação continuada, no intuito de conhecer e aprimorar as competências destes
profissionais.
Neste contexto, Alarcão (1996) instiga os professores a refletirem sobre suas prá-
ticas, os incita a formular e reformular seus métodos, e responsabiliza-os por suas
formações e depois finaliza que a identidade profissional é coletiva, pois precisam se
ajudar e estabelecer uma visão clara do seu ofício. Desta forma, a educação não pode
ser considerada somente um fim, todavia o objetivo maior precisa estar centrado nos
educandos, vão além da transmissão de saberes, os professores precisam contribuir
Aponta ainda o porquê dessas inquietações e sugere a reflexão das mesmas, pois
responder aos questionamentos é reencontrar a identidade perdida, ou seja, perceber a
finalidade da educação é reaprender a pensar, verificar possibilidades e desconstrução
de saberes.
são da dominação, ou seja, ele encoraja os educadores a refletirem sobre o seu papel
enquanto formadores de opinião, mostrando aos menos favorecidos os reais interesses
da elite:
Exige de mim pensar diariamente a minha prática; exige de mim a descoberta cons-
tantemente dos limites da minha própria prática, que significa perceber e demarcar
a existência do que eu chamo espaços livres a serem preenchidos. Os limites são
históricos [...] são outros os limites, como são outros os sonhos e alguns deles são os
mesmos de ontem são os mesmos de hoje, no Brasil (p.100).
Por estas razões, faz-se necessário reconhecer que o exercício da cidadania exige
dos indivíduos essa capacidade de decidir e pensar; assim, Alarcão (1996) aponta que
este exercício reflete “na” e “sobre” a interação entre professor e alunos, instituição
escolar e sociedade em geral:
Mas o conceito de professor reflexivo não se esgota no imediato da sua ação docente.
Ser professor implica saber quem sou,as razões pelas quais faço o que faço e cons-
cientizar-me do lugar que ocupo na sociedade. Numa perspectiva de promoção do
estatuto da profissão docente, os professores têm de ser agentes ativos do seu pró-
prio desenvolvimento e do funcionamento das escolas como organização ao serviço
do grande projeto social que é a formação dos educandos (p.177).
Alarcão (2007) descreve que o professor não se submete apenas como mero re-
produtor de ideias exteriores:
A noção de professor reflexivo baseia-se na consciência que caracteriza o ser huma-
no como criativo e não como mero reprodutor de ideias e práticas que lhe são exte-
riores. É central, nesta conceitualização, a noção de profissional como uma pessoa
que [...] tantas vezes atua de forma inteligente e flexível, situada e reativa (p.41).
Neste contexto, a capacidade reflexiva é própria do ser humano, logo ser profes-
sor reflexivo implica provocar em seus alunos esta mesma habilidade de refletir com
relação ao seu papel na sociedade e ainda que ambos sejam parte integrante do proces-
so ensinar – aprender (ALARCÃO, 2007).
Percebe-se que ser reflexivo nos dias atuais tornou-se ímpar, e por vivenciar o
modelo de educação inclusiva faz-se necessário reconstruir, nesse contexto, discussões
significativas que podem incrementar as iniciativas colaborativas, potencializando o
desenvolvimento dos educandos. Pode-se afirmar ainda que, por meio dos conheci-
mentos partilhados nas formações continuadas, o professor é instigado a assumir prá-
ticas na ação e conhecimento sobre a ação, ou seja, o modo de lidar com a diversidade
dos alunos permite aprender com eles, esse processo de interiorização e exteriorização
leva a refletir na ação, sendo, pois, os atores sociais que na escola desempenham pa-
péis ativos.
De acordo com Martins (2012), a rede pública de ensino se expandiu aos alunos
ditos normais a partir das décadas de 1970 e 1980, esta situação decorre do fato de que
o direito à escolarização, até bem pouco tempo, era direito apenas das elites. A década
de 1980 foi marcada por diversos movimentos de reivindicação pela democratização
do ensino, o acesso à escola pública e os serviços especializados fizeram com que o nú-
mero de escolas públicas aumentasse, e, por consequência, surgem políticas públicas
para regulamentar a expansão da educação especial.
Nos anos de 1990 ficaram muito marcadas as situações sobre inclusão dos alunos
com deficiência e ainda como seriam as formações dos docentes, como se observa no
documento Declaração de Salamanca:
O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem acolher
todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais,
emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crian-
1 Até o ano de 2004 os documentos oficiais traziam a terminologia Portadores de Deficiência ou ainda Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais - PNEE. Este documento foi modificado, através da Portaria nº 2.344, de 03/11/2010. Daí veio, o uso oficial
do termo “Pessoas com Deficiência”.
Capítulo 6
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CONTINUADA DE PROFESSORES
108
ças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de popu-
lações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicos ou culturais
e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidos ou marginalizados (UNESCO,
1994, p.17-18).
Nesse sentido, para que a inclusão educacional das pessoas com deficiência acon-
tecesse de fato, foram elaborados documentos e diretrizes e a Declaração de Salamanca
tornou-se um referencial sobre a inclusão destes alunos na rede regular de ensino foi
por meio deste documento que os representantes do Brasil, ao assinarem-na, se com-
prometeram com a situação das crianças deficientes e marginalizadas que estavam
fora das escolas.
Desta forma, a LDB reafirma o ensino superior como nível desejável para os pro-
fessores que atuarão na modalidade, assim como para todos os da Educação Básica,
embora tenha sido admitido o curso normal para a atuação na educação infantil e nas
séries iniciais do ensino fundamental, quando houver esta necessidade. Tal delibera-
ção foi reafirmada no Parecer nº 1, do CNE (BRASIL, 2002), que instituiu que, todo
professor concursado, mesmo que não frequente um curso de nível superior, tem seu
cargo assegurado desde que esteja atuando na educação infantil ou nas séries iniciais
do ensino fundamental. Com essa resolução os docentes ficaram assistidos com for-
mação de nível médio, justificando-se que a formação superior é uma das repostas
necessárias para que aconteçam mudanças no âmbito educacional.
Pletsch (2009) aponta que a formação superior por si só não resolveria os proble-
mas educacionais existentes, portanto é imprescindível compreender que o paradigma
da inclusão depende de diversos fatores econômico, social e cultural das escolas, das
representações relativas à deficiência e dos recursos e financiamentos disponíveis à
educação. Ainda se devem acrescentar a necessidade de uma adequada formação do-
cente e a valorização profissional da classe dos professores.
Do mesmo modo, Garcia (2013) aponta que a formação dos professores tornou-se
um compromisso dos governos. Ganhando força, a partir de 2003, o MEC fez parcerias
com os Municípios, com a instituição do “Programa de Educação Inclusiva: Direito à
Diversidade”, cuja finalidade era disseminar a política de educação inclusiva nos mu-
Capítulo 6
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CONTINUADA DE PROFESSORES
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Logo, este decreto defende que a escolarização de alunos surdos e ouvintes po-
dem acontecer em classes comuns, salas bilíngues ou escolas bilíngues. Há que se ob-
servar que a proposta indica que os professores também precisam ser bilíngues, o que
por sua vez, na prática, não acontece, pois os professores primeiro assumem a sala re-
gular e posteriormente participam das capacitações. Tais capacitações acontecem para
dar suporte aos profissionais da educação.
Martins (2007) aponta que os docentes especializados são aqueles que irão atuar
nas SRM, atendendo diretamente aos alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, sendo que cabe ao professor de
AEE apoiar os professores das salas regulares.
Enfim, há que se considerar que este profissional precisa de atenção especial e su-
porte continuado por meio das formações, pois nessa atividade não é suficiente apenas
a percepção de qual técnica utilizar, mas perceber o professor como agente construtor
e transformador social, ou seja, o professor precisa ser visto como elemento-chave, re-
fletindo na ação e sobre a ação, conforme aponta Alarcão (1996). Dentro do paradigma
da inclusão, esta é a tendência mais adequada.
Esta nota técnica aponta a ampliação das matrículas, o aumento na formação para
os profissionais da educação e o crescimento na oferta do AEE. Neste aspecto, merece
destaque a Educação Inclusiva, tendo em vista que seu principal objetivo é desenvol-
ver uma pedagogia do acolhimento, centrada nas crianças, pois ela faz parte de todos
os níveis de ensino, capaz de educar a todos indiscriminadamente, instruindo que as
diferenças sejam respeitadas e oferecendo respostas adequadas às particularidades.
Capítulo 6
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Metodologia
Resultados e discussões
Sujeitos Idade
Masculino Feminino 20-29 30-37
12%
33%
88%
67%
Capítulo 6
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cursos que devem utilizar acordo com as necessidades dos educandos e ainda com
relação a aprendizagem da LIBRAS.
Alguns ainda consideraram que a disciplina de Libras não deveria ser ofertada
apenas nos cursos de Licenciatura como consta no decreto 5626/2005. Outro aponta-
mento levantado pelos discentes é que a disciplina de educação especial é ofertada
apenas no curso de Pedagogia, logo os demais cursos não tem a oportunidade de dis-
cutir acerca da inclusão das pessoas com: Deficiência Intelectual, Transtornos Globais
do Desenvolvimento, Deficiência Visual, Baixa-Visão e Deficiência Múltipla.
Na questão seis com relação a metodologia utilizada 92% responderam que faci-
litou a aprendizagem, 90% dos acadêmicos afirmaram ainda ter descoberto na LIBRAS
uma forma de se comunicar e respeitar a cultura dos surdos. Alguns alunos comple-
taram que não imaginavam que a LIBRAS fosse uma língua tão contagiante, tão rica.
Idealizavam que era apenas mímica e gestos soltos sem sentido.
Capítulo 6
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Considerações finais
Dessa forma é possível afirmar que esta disciplina ajuda a promover a superação
de mitos e preconceitos em relação a inclusão das pessoas com deficiência nas escolas,
o que por sua vez permite que haja interação entre todos na sociedade sem os discri-
minar ou rotular .
Almejamos que a inclusão de fato venha suprir as necessidades dos alunos com
deficiência, ampliando as condições de igualdade para além dos muros escolares, que
a escola não mais seja um espaço contraditório, contudo atuando nas condições histó-
ricas, sociais e políticas possa avançar com estratégias de ensino que focalizem o edu-
cando como centro desse processo, vislumbrando a ampliação dos serviços, diversida-
des das equipes multidisciplinares, respondendo de forma satisfatória ás necessidades
dos alunos com deficiência.
Referências
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Portugal: Editora Porto, 1996.
ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma escola Reflexiva 5.ed. São Paulo:
Editora Cortez, 2007. Coleção Questões da Nossa época.
_______. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessida-
des básicas de aprendizagem. Jomtien: UNESCO, 1990.
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118
________. Resolução CNE / CEB 2/ 2001. Diretrizes Nacionais para Educação Espe-
cial na Educação Básica. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/
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Bueno, José Geraldo Silveira. Crianças com Necessidades Educativas Especiais, Polí-
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FREIRE, Paulo. Educação o Sonho Possível. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.)
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LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, Adeus Professora? Novas exigências edu-
cacionais e a profissão docente. 10. ed. São Paulo, Cortez, 2007.
MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer.
2.ed., São Paulo: Moderna, 2006.
SILVA, Aline Maira da. Educação Especial e Inclusão Escolar História e Fundamen-
tos. Curitiba: IBPEX,2010. Série Inclusão Escolar.
Capítulo 6
OLHAR DOS DISCENTES DO CURSO DE PEDAGOGIA SOBRE A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
120
CAPÍTULO 7
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.7.
1 UEA – REAMEC
keilamoedo@hotmail.com
2 Bolsista Proex/UEA
lr10400@gmail.com
3 Bolsista Proex/UEA
brandaopaulov@gmail.com
4 Bolsista Proex/UEA
1615davejonathas@gmail.com
5 Bolsista Proex/UEA
nandarasilveira18@gmail.com
6 Bolsista Proex/UEA
preynerth@gmail.com
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122
Resumo
Introdução
O presente artigo tem como tema “Do ensino superior a escola ribeirinha: for-
mação contínua de acadêmicos surdos e ouvintes nas áreas de ciências”
surge a partir do projeto de extensão e projeto de produtividade aliados a pesquisa de
doutorado que trazem enquanto inquietações referente a formação continua dentro
da universidade, no que refere-se aos acadêmicos surdos e ouvintes nos cursos e licen-
ciaturas na área de ciências, onde normalmente ao sair da universidade tem como pri-
meira experiência profissional as escolas ribeirinhas, onde as dificuldades e desafios
são vistas como problemática visível no âmbito da própria formação e as adaptações
necessária para que ocorra a acessibilidade de modo geral não apenas para os alunos
da escola, mas também para os acadêmicos e futuros professores surdos e ouvintes.
Nesse, sempre nos preocupamos quando o aluno, a criança apresenta algum de-
fect. ou deficiência, e no caso dos acadêmicos surdos em formação que estarão nas
escolas atuando como professores? Qual a percepção desses acadêmicos surdos no
contexto das escolas ribeirinhas? Partindo de tais indagações é que o artigo surge pois
a maioria das experiências iniciais dos professores que cursam faculdade na cidade de
Parintins, são nas comunidades do interior, onde são denominadas de escolas ribeiri-
nhas por estarem a margem do rio amazonas.
Justificamos assim a escrita deste artigo para que possamos compreender como
as formações contínua dentro da universidade contribuem para o processo de inclusão
nas escolas ribeirinhas, procuramos conhecer como é trabalhado inclusivo realizados
nas escolas ribeirinha, como o acadêmicos surdos e ouvintes poderão está atuando em
sala de aula, apresentando benefícios que as formações podem trazer para os profes-
sores, alunos e para os próprios acadêmicos.
Entendemos que tais experiências são necessárias dentro das formações realiza-
das no âmbito universitário, pois teoria e pratica formam a práxis pedagógica docente,
sendo que a realidades vivenciada em escolas ribeirinhas no amazonas são desafiado-
ras pois precisam atender aos fenômenos naturais que em algumas localidades preci-
sam ter calendário diferenciado por causa da enchente ou vazante dos rios.
Para o alcance dos objetivos apresentados, foram realizados estudos sobre a traje-
tória histórica da formação continuada para o processo de inclusão nas universidades
e rede pública de ensino, afim de compreender melhor os desafios enfrentados e sua
evolução ao longo do tempo, principalmente, a inclusão nas escolas ribeirinha.
Capítulo 7
DO ENSINO SUPERIOR A ESCOLA RIBEIRINHA: FORMAÇÃO CONTÍNUA DE ACADEMICOS SURDOS E OUVINTES NAS
AREAS DE CIENCIAS
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124
As oficinas aconteceram nas duas escolas que formam o locus desta pesquisa, vol-
tada para atender tanto alunos quanto professores, destacando a perspectiva inclusiva
A observação participante e o diário de campo estão intimamente ligados, visto que
as informações, percepções, falas e comportamentos observados durante a pesquisa
de campo são registradas no diário de campo. “A técnica de observação participante
se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para
obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos”
(MINAYO, 2002, p. 59-60).
Capítulo 7
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AREAS DE CIENCIAS
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jovens, adultos, professores, acadêmicos surdos e ouvinte foi possível diante de alter-
nativas que viabilizaram o ensino de ciências de maneira interdisciplinar consideran-
do e adaptando a realidade local. Foram realizadas oficinas voltadas para o ensino das
ciências através da a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)
Oliveira et al (2007, p. 82) destaca que “[...] a formação docente ocorre de ma-
neira contínua, iniciando-se nos cursos de formação (ou ainda antes) e prosseguindo
durante todo o exercício profissional”. Assim, a prática profissional do professor e
suas experiências pessoais adquiridas em sala de aula devem nortear formações para
novos processos de ensino-aprendizagem, bem como o desenvolvimento profissional
dos professores.
Capítulo 7
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Para que o professor promova a educação inclusiva em sala de aula com todos
os alunos, é necessário que este possa acreditar na inclusão, neste caso os acadêmicos
surdos em formação poderão promover a inclusão diante das experiências vivencia-
das. Dessa maneira, a formação de professores na perspectiva inclusiva é de extrema
importância para o desenvolvimento de uma prática docente de acordo com as dire-
trizes educacionais.
E preciso que os professores recebam formação para realizar em sala de aula uma
prática pedagógica inclusiva e poder incentivar os alunos a também desempenharem
uma conduta de inclusão, respeitando as diferenças entre os alunos. A formação de
professores na perspectiva inclusiva permite que este possa desempenhar seu papel
enquanto educador e agente social de maneira integral.
Por esse motivo é possível que a prática pedagógica seja prejudicada, pois a edu-
cação do campo, no que se refere as classes multisseriadas, requer uma educação que
envolta a realidade e as necessidades dos alunos (ARROYO, 2004). O professor deve
ser formado conseguir elaborar atividades adequando-as a cada estudante e ao seu
contexto sociocultural.
Tal como apresenta a LDBEN nº 9394/96, em seu art. 28, ao tratar sobre a educa-
ção destinada a população rural:
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e inte-
resses dos estudantes da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases
do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
Capítulo 7
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Foto 6 Acadêmicos da UEA que aplicaram oficinas nas escolas do campo em Parintins.
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As crianças têm dificuldades de avançar nas séries quando passam dos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental para os Anos Finais, pois as escolas ribeirinhas com-
templam apenas Educação Infantil e os Anos Iniciais. Para os Anos Finais, os alunos
devem ir para as escolas da zona urbana, então, sentem a diferença de um ensino re-
gular e periódico de um ensino de classe seriada e fragmentada devido as condições
ambientais e sociais da educação do campo.
A escola não tem experiência com alunos surdos e cegos. “Deficiências como surdez
e cegueira ainda não trabalhamos, mas já tivemos no ano passado um aluno com síndrome de
Down e trabalhamos com uma aluna com nanismo” (PROFESSORA, 1º ao 5º). Apesar de
não terem atuado com alunos surdos e cegos, os professores relatam que em uma si-
tuação como essa, eles não teriam apoio para a inclusão, como tutor, intérprete e Aten-
dimento Educacional Especializado (AEE), pela falta de formação na área inclusiva.
As oficinas foram realizadas nos dois horários, matutino e vespertino. Pela ma-
nhã as atividades foram aplicadas em uma turma de alunos do 3º ano do Ensino Fun-
damental. Com apresentação do projeto e oficina do Alfabeto em LIBRAS, novamente
Capítulo 7
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Nessa escola devido a disponibilidade maior de tempo, foi possível aplicar a ofi-
cina de BRAILE, ministrada por uma acadêmica surda do curso de geografia. A oficina
consistia em apresentar para os alunos as celas do alfabeto de leitura em BRAILE uti-
lizadas por pessoas cegas e com baixa visão.
Foto 8: Aplicação da oficina de BRAILE por acadêmica surda.
Os professores relatam que nunca atenderam alunos com deficiência, mas dentro
de suas atividades os professores em suas aulas inserem as temáticas de inclusão que
se voltam para a apresentação de aspectos linguísticos, culturais e sociais. “Sempre
busco trazer diferentes perspectivas exemplo o "Inglês", não é uma língua usada na região e
nem em Parintins, mas eu acho importante além de mostrar outras realidades e outras culturas
oriundas de diversos países com suas determinadas características” (PROFESSORA, 1º ao 5º).
Considerações finais
O projeto que culminou com o artigo que apresentamos diante dos objetivos ex-
postos conseguiu atender a necessidade de formação tanto para a escola quanto para os
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Com isso, esta pesquisa nos faz compreender que para ensinar e aprender faz-se
necessário uma interação entre o ambiente, o professor e o aluno, mas este profissional
deve estar capacitado para exercer o trabalho de lecionar com êxito, principalmente,
um ensino inclusivo. Possibilitando uma educação de qualidade através de métodos
inovadores para desenvolver o conhecimento e proporcionar a esses alunos momentos
de reflexão sobre o mundo no qual estão inseridos para que possam perceber, sentir,
Referências
ARROYO, Miguel Gonzáles. Por uma Educação do Campo. Petrópolis, RJ: Vozes,
2004.
FIGUEIREDO, Rita Vieira de. A formação de professores para a inclusão dos alunos
no espaço pedagógico da diversidade. In: MANTOAN, Maria Tereza Egler. (org). O
desafio das diferenças. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
MANTOAN, Maria Tereza Egler. (org). O desafio das diferenças. Petrópolis, RJ: Vo-
zes, 2008.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21.
ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
MOURA, Terciana Vidal; SANTOS, Fábio José Souza dos. A pedagogia das classes
multisseriadas: uma perspectiva contra-hegemônica as políticas de regulação do tra-
balho docente. Debates em Educação. Maceió, vol.4, nº 7, jan./jul., 2012.
SOUZA, Maria de Jesus Muniz de; VASCONCELOS, Maria Eliane de Oliveira. Me-
mórias de educadores sobre educação do campo em Parintins. In: VASCONCELOS,
Maria Eliane de Oliveira. (org.). Educação do Campo em Parintins: limites e possibi-
lidades. São Paulo: Scortecci, 2016.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.8.
Resumo
Introdução
Nesse sentido, a sociedade se encontra cada vez mais exigente com os profissio-
nais recém-formados, principalmente com os professores que estão ingressando na
carreira. Há uma exigência que esses estejam cada vez mais comprometidos com o
ensino e com a educação. E para que a melhoria do ensino ocorra, é necessário que os
docentes estejam melhor capacitados, por isso é importante priorizar tanto a formação
inicial, quanto a continuada.
Capítulo 8
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São necessárias ainda continuadas reflexões, para propor soluções para melhorar
a aprendizagem dos docentes que estão sendo formados nas instituições de ensino e
compreender o processo de construção das suas identidades.
Essas questões formam um ciclo multidimensional (Figura 1), onde aluno, pro-
fessor e educação estão interligados, de forma que o desenvolvimento de um, depende
do outro, e vice-versa.
Qualidade da educação
Qualidade na Qualidade na
formação dos alunos formação docente
Assim, o objetivo desse trabalho foi buscar e analisar quantas e quais foram as
pesquisas realizadas no Brasil sobre identidade docente entre o período de 2009 a 2019,
e como essas pesquisas vem sendo estruturadas, identificando os principais autores
mencionados nos trabalhos, e as metodologias mais utilizadas para o desenvolvimen-
to desses trabalhos.
O que sabiamos?
É possível observar em estudos realizados por André, et al., (1999) que dos tra-
balhos sobre a formação docente realizados entre os períodos de 1990 a 1996, dos 284
trabalhos analisados pelos autores, 76% tratam do tema formação inicial, 14,18% abor-
dam o tema formação continuada, e apenas 9,2% tratam do tema identidade e profis-
sionalização docente. Ou seja, menos de 10% dos 284 trabalhos analisados tratavam
sobre a identidade docente, no entanto ressaltaram que esse tema passou a emergir e
ser pesquisado com mais frequência a partir de 1998.
No ano de 2003, Brzezinski constata ainda que havia apenas 10% de trabalhos
publicados com o tema, e em 2007 esse percentual subiu para 41%. E dentre os traba-
lhos analisados no período de 2008 a 2010, apenas 18% foram registrados, com o tema
“identidade e profissionalização docente”.
Ademais, para referenciar e alicerçar esse estudo, cabe destacar alguns dos prin-
cipais conceitos sobre a identidade docente, evidenciados por diversos autores que
tratam do assunto, como o a identidade pessoal, social e também profissional.
Capítulo 8
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Para Pimenta (1999), a identidade não é algo fixo, que não possa sofrer mudan-
ças, tão pouco algo externo, que possa ser adquirido facilmente, pelo contrário, é um
processo de construção do sujeito ao longo da sua vivência. Essa construção da identi-
dade se assemelha ao que foi descrito por Gatti, relacionando a identidade como algo
provisório. Ainda conforme Pimenta, a identidade é construída a partir do significado
social da profissão, e atribui que ela tende a se adaptar ao contexto político, histórico e
social em que esse professor está inserido.
Nesse caso, na formação docente como expressa Nunes (2001), o professor passa
por um processo de auto formação, de modo que é necessário uma reflexão sobre a
prática docente, considerando uma maior dificuldade, principalmente para separar a
identidade pessoal da identidade profissional do professor.
Nesse sentido Nóvoa (2017) também faz referência a um conceito de posição atre-
lada a identidade profissional, compreendendo a forma como cada indivíduo baliza
sua posição no plano pessoal e profissional, afirmando que essas posições não são
fixas, mas sim relacionais, dependendo da forma como cada um está inserido em uma
comunidade profissional.
É importante destacar que para formar um bom professor é necessário que ele
possua certos saberes para que possa exercer a profissão, no entanto, não é suficiente
que o professor seja dotado apenas de conhecimentos teóricos, é necessário que ele
também tenha conhecimentos práticos. A prática profissional por sua vez é alcançada
a partir das experiências do professor, seja com a formação continuada, ou no exercício
da profissão.
Assim é necessário integrar teoria e prática, e para que o professor possa atuar,
seja no ensino básico ou superior, é preciso que a atenção seja dada não só aos conheci-
mentos, saberes e competências para exercer a profissão, mas que mais atenção possa
ser dada para como se constrói a identidade profissional do docente, na forma como
ele constrói a sua trajetória no interior da sua profissão (NÓVOA, 2009)
Capítulo 8
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Roteiro metodológico
Desse modo o trabalho foi realizado com a intenção de mapear as pesquisas aca-
dêmicas de artigos, teses e dissertações, a respeito da formação docente, mas princi-
palmente aquelas que tivessem no título, ou no resumo o termo identidade docente.
xa, assim, foi realizada a escolha do período a ser pesquisado, baseando-se apenas nas
pesquisas publicadas entre os anos de 2009 a 2019.
O método utilizado foi adaptado para maior facilidade de compilação dos dados
obtidos através das buscas. As 4 fases abaixo são divididas em 8 atividades:
Os artigos foram divididos por ano e por categorias como: Formação de profes-
sores (inicial e contínua), pesquisa narrativa, identidade docente, saberes docentes,
vocação e trajetória.
Capítulo 8
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA DAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE A IDENTIDADE DOCENTE NO BRASIL (2009 A 2019
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Resultados e discussões
Ao total foram selecionados 108 documentos para análise final, alguns documen-
tos foram excluídos, pois tratavam de temas diferentes daquele proposto para essa
pesquisa, apesar de apresentarem no mínimo uma das palavras utilizadas como des-
critores nas buscas. Também foi observado que alguns documentos se repetiram nas
buscas. Foram apresentados com nomes diferentes no título do arquivo salvo, então os
que se repetiram também foram excluídos, sendo salvos apenas aqueles que se trata-
vam do tema proposto.
Figura 1: Distribuição das pesquisas sobre identidade docente por ano de defesa/publicação.
Os últimos anos, 2018 e 2019, foram aqueles com os menores números de tra-
balhos defendidos/publicados sobre o tema, porém isso pode ocorrer pelo fato de
que possivelmente as pesquisas ainda estavam em andamento, tendo em vista que a
maioria dos cursos demoram no mínimo 2 anos para um mestrado e 4 anos para um
doutorado, para serem concluídos.
Os textos também foram divididos por categorias com o tema principal que é
a formação docente e os subtemas: Formação de professores (inicial e continuada),
narrativas, identidade docente, saberes docentes, vocação, e trajetória, os quais estão
apresentados no quadro abaixo (Quadro 2) com o total de obras:
Observa-se que o tema Identidade docente foi o que reuniu o maior percentual
de trabalhos, cerca de 46,2% dos 139 trabalhos encontrados, considerando que as bus-
cas foram realizadas com essa finalidade. No entanto, outros temas também surgiram
durante a pesquisa, pois foram utilizados descritores que englobam temas diversos
relacionados a formação docente.
Dos estudos realizados sobre a profissão docente que abordam a formação con-
tinuada, destacaram-se trabalhos e outros que abordam também as representações so-
ciais dos professores, os processos de formação, os estudos sobre a carreira docente, o
professor pesquisador, e autobiografias sobre a formação dos professores.
Sobre os trabalhos que abordam as narrativas, pode-se resumir que alguns tra-
tam sobre os discursos sobre o professor contemporâneo, as narrativas e práxis da
profissão, memórias, escritas de si e do outro, histórias de vida, entre outras.
Tardif (2014), alerta que a identidade, não é somente uma informação, mas uma
construção do ser eficiente, capacitado para justificar suas práticas e dar um significa-
do harmônico as suas escolhas. Assim os trabalhos a respeito da identidade do profes-
sor são importantes, nesse sentido.
Já acerca dos saberes docentes, alguns trabalhos abordam os modos sobre saber e
ser professor. Os aspectos sobre vocação e trajetórias aparecem de forma reduzida, em
comparação com os demais subtemas e envolvem os processos de desenvolvimento
profissional docente, abandonos da profissão, trajetórias de formação e profissionali-
zação, entre outros.
Dos artigos analisados destacam-se os dez autores mais citados nos trabalhos:
Nóvoa (14 citações), Tardif (10), Pimenta (8), Gatti (5), Arroio (5), Freire (4), Minayo/
Moscovici/Bauman/Dubar e André (4).
Ainda sobre a análise das teses, destacam-se os dez autores mais citados: Nóvoa
(30 citações), Tardif (27), Pimenta (24), Freire e Cunha, (19), Gatti (17), André, Marli
(16), Sacristán e Ludke (14), Dubar (12) e Arroio (11).
Capítulo 8
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Galindo (2004) atribui que a identidade o qual atribui que a identidade pressupõe
a concepção humana do sujeito e da sua capacidade de criar, representar e comparti-
lhar significados em relação aos objetos e pessoas com as quais convive, ou seja, a iden-
tidade é um processo de construção e edificação do professor, enquanto profissional.
Capítulo 8
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Considerações finais
Referências
ANDRÉ. M.; SIMÕES, R. H. S.; CARVALHO, J. M.; BRZEZINSKI, I. Estado da Arte
da Formação de Professores no Brasil. Educação e Sociedade, 1999, v. 20, n. 68, p.301-
309. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73301999000300015
&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 20 set. 2019.
FREIRE, Paulo. Política e educação: ensaios. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
Capítulo 8
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MENTA, Selma Garrido. (Org). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo:
Cortez Editora, 1999. p. 15-34. Disponível em:https://edisciplinas.usp.br/plugin-
file.php/4404301/mod_resource/content/3/Texto-%20Pimenta-%201999-FP%20
ID%20% 20e%20SD.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175169.9.
1 Professor da Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Educação, Agricultura e Meio Ambiente (UFAM/
IEAA), e-mail: rennegp@ufam.edu.br
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Resumo
1 Introdução
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018).
Capítulo 9
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Encontramos poucos modelos lineares nos livros que resolvem problemas de ca-
sos de uma situação real, como é o caso da tarefa que pode acontecer com estudantes
que precisam se locomover de taxi e utilizam um aplicativo, conforme Figura 1.
Por outro lado, podemos construir um modelo geométrico em uma janela, ani-
má-lo e coletar dados para uma planilha ou diretamente a um gráfico com softwares
livres para fins não comerciais.
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Nesse caso, o modelo é uma reta que pode ser construída com os pontos inseri-
dos no GeoGebra estabelecendo uma relação geral, e dessa situação podemos propor
questões tais como:
o que a intersecção entre a reta e o eixo y representa? O que a intersecção entre a
reta e o eixo x representa? Em quais unidades esses pontos de intersecção devem
ser expressos? Depois de várias viagens com esta empresa, você descobre que uma
viagem de 5 quilômetros custará 20 USD e uma viagem de 13 quilômetros custará
44 USD. Insira esses valores como pontos no sistema de coordenadas. Qual é a dife-
rença entre esses dois pontos em relação aos valores x e y do ponto? Existe alguma
relação entre essas diferenças? Hall e Lingefjärd (2016, p.43)
2 Aportes teóricos-metodológico
Essa pesquisa teve como aporte a TAD e situa-se na área da Didática da Mate-
mática. Tal área, segundo Chevallard (2009), é definida como a ciência das condições e
restrições da difusão social das praxeologias matemáticas. Tais praxeologias matemáticas
e outros elementos da TAD que utilizamos nessa pesquisa, apresentaremos no que
segue.
PAIVA, Renne Garcia
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A TAD considera que toda atividade humana, tem dois blocos: o da praxis com-
posta por tarefas e técnicas, e o logos, formado pelos discursos tecnológicos com aporte
de teorias para justificar e entender o que se faz, o “saber fazer” sobre o discurso de
determinada prática. Assim, não há praxis sem logos, e nem sequer logos sem praxis. A
junção de praxis com logos, temos a praxeologia (CHEVALLARD; BOSCH; GASCÓN,
1997). A praxeologia demanda uma organização denotada por por [T, τ, θ, Θ], estabe-
lecendo a noção de organização ou (praxeologia) matemática (OM) objetivando respon-
der à uma questão ou a um conjunto de questões composto por quatro componentes
principais: tipos de tarefas (T), técnicas (τ), tecnologias (θ) e teorias (Θ) (GASCÓN,
2003). Surge paralelamente as praxeologias didáticas, em que é organização didática
(OD) que se refere à maneira que será estudada a OM, com dois blocos, sendo o pri-
meiro práxis, das tarefas e técnicas didáticas e o bloco logos, da razão sobre esta prática
constituída pelas tecnologias e teorias didáticas.
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QUESTÃO
TEMA
SETOR
DISCIPLINA
PEDAGOGIA
ESCOLA
SOCIEDADE
CIVILIZAÇÃO
Na perspectiva da TAD:
Toda questão – neste caso, matemática – que gera um processo de estudo em uma
instituição faz parte de um ‘tema’ que pertence a um ‘setor’ o qual está incluído em
uma ‘área’ de uma certa disciplina. Se esta é a matemática, denominaremos de ‘ní-
veis matemáticos’, em contraposição aos níveis que vão além da disciplina. Estes de-
nominados níveis ‘genéricos’, são considerados culturalmente como ‘níveis pedagó-
gicos’ no sentido de ‘não matemáticos’; entretanto incluem restrições que possuem
forte incidência na matemática escolar e, portanto, devem formar parte do objeto de
estudo da Didática da Matemática (GASCÓN, 2011, p.218, tradução nossa).
Segundo Gascón (2011) cada nível contribui para determinar a “ecologia institu-
cional das OM e das OD” e por um lado, é imprescindível considerarmos a natureza,
funções dos dispositivos didáticos em uma OM quando se pretende reconstruir tal
OM. Por outro lado, a interpretação e estruturação do nível hierárquico é importante
condicionante das possíveis formas de OM. Portanto, devemos definir o ponto de par-
tida para os níveis de cogestão OM. Nesta pesquisa, partimos da questão (FIGURA 5).
QUESTÃO: Como podemos propor tarefas a partir dos modelos dominantes para problemas
lineares no ensino fundamental que sejam realísticos?
ÁREA: Álgebra
DISCIPLINA: Matemática
PEDAGOGIA: Monumentalista
SOCIEDADE: Brasileira
CIVILIZAÇÃO: Ocidental
Dessa forma, na próxima seção apresentamos como será o papel da TAD como
contribuição no percurso para estruturação do MEA, assim como a natureza, as estra-
tégias didáticas que utilizamos para reconstruir as OM e consequentemente OD.
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descrito como uma árvore de perguntas ou res postas provisórias relacionadas entre si
por meio de um processo de modelagem (BARQUEIRO e BOSCH, 2015).
3 Resultados e discussão
Recuperando a questão que nos orientou nessa pesquisa. Como podemos propor
tarefas a partir do modelo dominante de problemas lineares no ensino fundamental que sejam
realísticos?
Dessa maneira, podemos analisar se a eficácia dos modelos para estimar a reali-
dade e com o GeoGebra foi possível realizar um estudo qualitativo considerando para
qual intervalo de espaço terá a corrida mais econômica.
4 Considerações Finais.
Referências
BOLEA, P., BOSCH, M. e GASCÓN, J. La transposición didáctica de organizaciones
matemáticas en proceso de algebrización. El caso de la proporcionalidad, Recher-
ches en Didactique des Mathématiques 21/3, p. 247-304, 2001.
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https://imaginariopuro.wordpress.com/2018/03/27/abaixo-aquele-famigerado-ta-
xi/. Acesso em: 25 jul. 2020.
SOBRE OS AUTORES
BATISTA, Eliane Regina Martins.
E-mail: eliane_rm@ufam.edu.br.
E-mail: ilmacara@gmail.com.
E-mail: jusysantos29@gmail.com.
GHEDIN, Evandro.
E-mail: evandroghedin@gmail.com.
E-mail: markusantoniojp@gmail.com.
PAIVA, R. G.
E-mail: rennegp@ufam.edu.br.
E-mail: romildo.cruz@universo.univates.br.
E-mail: rose.cardozo@gmail.com.
E-mail: uiara.pinho@ifac.edu.br.
E-mail: cforsberg@uea.edu.br.
E-mail: achassot@gmail.com.
Mestra em Educação Escolar pela UNIR- Campus de Porto Velho - Rondônia (2018).
Professora da Prefeitura Municipal de Ji-Paraná e Pesquisadora do Grupo de Pesquisa
em Educação na Amazônia - UNIR/RO, Campus Ji-Paraná (GPEA), na Linha de Pes-
quisa Amazônia Feminista.
E-mail: nadiacristie@hotmail.com.
NEVES, Josélia Gomes.
E- mail: joseliagomesneves@gmail.com.
E-mail: adautocunha90@gmail.com.
E-mail: polyanna.possani@unemat.br.
E-mail: douglasgarin@yahoo.com.br.
E-mail: india.siqueira@cnp.ifmt.edu.br.
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E-mail: preynerth@gmail.com.