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Sistemas de Produção MRP & MRP II: Resumo
Sistemas de Produção MRP & MRP II: Resumo
RESUMO
O objetivo deste estudo é apresentar aspectos sobre os sistemas integrados
por meio da tecnologia da informação e gestão da manufatura em dois de seus seg-
mentos que serão abordados: MRP (“Planejamento de Necessidades de Materiais”),
uma análise dos materiais em estoque, a fim de não faltar determinados compo-
nentes para montagem ou elaboração do produto final; e MRP II (“Planejamento
de Recursos de Manufatura”), um aprimoramento do MRP, o MRP II contempla
a integração de todos os aspectos do processo de fabricação, incluindo a relação
entre materiais, finanças e recursos humanos. Ambos são estratégias de integração
incremental de informações de processos de negócio que são implementados uti-
lizando computadores e aplicações modulares de software conectadas a um banco
de dados central que armazena e disponibiliza dados e informações de negócio. Os
sistemas integrados de gestão do empreendimento MRP II/ERP (“Planejamento
de Recursos da Corporação”) são, hoje, um dos mais utilizados pelas empresas ao
redor do mundo para o suporte integrado à tomada de decisão.
PALAVRAS-CHAVE
MRP. MRPII. Estratégias de Integração.
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2º Congresso de Pesquisa Científica : Inovação, Ética e Sustentabilidade
festa para 30 colegas de trabalho daqui a duas sema- trial, imaginemos que estamos estabelecendo uma
nas. Oferecendo churrasco, cerveja e refrigerantes, unidade fabril para um produto final, a lapiseira.
antes de comprar todas as coisas, é indispensável Sobre o projeto do produto, sabemos que a lapiseira
fazer uma estimativa do consumo de cada pessoa, se é composta de vários componentes, desde compo-
já existe em casa algo (em estoque), se é possível des- nentes comprados, passando por semi-acabados, até
contar dos itens a comprar, chegando à quantidade chegar ao produto acabado.
necessária de cada item. Talvez há o interesse por No jargão do MRP, são chamadas de itens
que alguns itens fiquem guardados (estoque) ou se “filhos”, os componentes diretos de outros itens, es-
constituam em uma reserva, caso os convidados con- tes correspondentemente, chamados de itens “pais”.
sumam mais do que a estimativa ou mesmo que ven- Cada nível é composto de retângulos que represen-
ham mais pessoas do que o calculado. Além disso, tam os componentes devidamente identificados. Aci-
pode-se decidir quanto de cada item será necessário ma dos retângulos coloca-se a quantidade do item
em função do espaço no freezer ou geladeira. filho necessário por unidade do item pai, figura 1.
Um outro exemplo, em um ambiente indus-
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2º Congresso de Pesquisa Científica : Inovação, Ética e Sustentabilidade
Nas ocasiões que nem sempre é possíveis mas vantagens ao sistema de MRP:
gerar representações gráficas, como a estrutura de . Instrumentos de Planejamento - envolve compras, con-
produtos, ás vezes é utilizada uma representação tratações, demissões, capital de giro e equipamentos
alternativa tendo a mesmas informações, na qual é com suas eficiências;
chamada de “lista de materiais de níveis”, figura 2. . Simulação de cenários de demanda - situações de dife-
rente cenários de demanda podem ser simuladas e
Figura
Figura 21––Lista
Listade
deMateriais
Materiaisde ter seus efeitos analisados, é um excelente instrumen-
deNível
Nível da
da Lapiseira
Lapiseira to para a tomada de decisões gerenciais;
. Análise de Custo Eficaz - utilizando um termo deno-
0 Lapiseira P207
1 Corpo Externo 207 minado “explosão” dos produtos, o sistema MRP le-
2 Plástico ABS vanta uma análise detalhada de todos os componen-
2 Corante Azul tes de um determinado produto;
1 Presilha de Bolso . Redução de influência dos sistemas informais - com a
1 Miolo implantação do MRP, deixam de existir os sistemas
2 Borracha informais, muitos usuais nas fábricas ainda hoje.
3 Fio de Borracha Tabela 1 - Itens da lapiseira
Tabela 1 - Itens da lapiseira
2 Capa de Borracha Item Quantidade Comprado/Produzido
3 Tira 0,1mm Item Quantidade Comprado/Produzido
2 Miolo Interno 207 Lapiseira P207 1.000 Produzido
Lapiseira P207 1.000 Produzido
3 Mola Corpo externo 207 1.000 Produzido
3 Corpo do Miolo Corpo externo 207 1.000 Produzido
Presilha de bolso 1.000 Comprado
4 Plástico ABS Presilha de bolso 1.000 Comprado
4 Corante Preto Miolo 207 1.000 Produzido
Miolo 207 1.000 Produzido
3 Suporte da Garra Corpo da ponteira 1.000 Comprado
[...] Corpo da ponteira 1.000 Comprado
Guia da ponteira 1.000 Comprado
Guia da ponteira 1.000 Comprado
Fonte: Alvim (2009) Tampa 1.000 Produzido
Tampa 1.000 Produzido
Explosão de necessidades brutas de ma- Plástico ABS 7kg + 10kg Comprado
Plástico ABS 7kg + 10kg Comprado
teriais: Ambas as representações de estruturas de Corante azul 10g Comprado
Corante azul 10g Comprado
produtos auxiliam em duas questões logísticas Tira 0,1 mm 2 x 2kg Comprado
fundamentais que os sistemas de administração da Tira 0,1 mm 2 x 2kg Comprado
produção buscam responder: o que e quando (pois Borracha 1.000 Produzido
Borracha 1.000 Produzido
as estruturas trazem, univocamente, quais compo- Capa da borracha 1.000 Produzido
Capa da borracha 1.000 Produzido
nentes são necessários à produção e para obtenção
Miolo interno 207 1.000 Produzido
das informações de quantidades do produto final Miolo interno 207 1.000 Produzido
em relação ao todo que for usado para a construção Grafite 0,7 mm 4.000 Comprado
Grafite 0,7 mm 4.000 Comprado
do mesmo) produzir e comprar. A Tabela 1 revela Fio de borracha 20m Comprado
que, ao serem fabricadas 1.000 unidades de lapisei- Fio de borracha 20m Comprado
Mola 1.000 Comprado
ras P207, se torna necessário comprar 1.000 presi- Mola 1.000 Comprado
lhas de bolso e 4.000 unidades de grafite 0,7mm. Corpo do Miolo 1.000 Produzido
Corpo do Miolo 1.000 Produzido
(Corrêa et al, 2011). Suporte da Garra 1.000 Comprado
Os sistemas MRP auxiliaram os gerentes a Suporte da Garra 1.000 Comprado
Capa da Garra 1.000 Comprado
determinar a quantidade e o momento das compras Capa da Garra 1.000 Comprado
de materiais, preocupando-se, também, com a lista Garras 3.000 Comprado
Garras 3.000 Comprado
dos materiais comprados; o controle de estoque entre Corante preto 50g Comprado
outras características que resultam nos elementos de Corante preto 50g Comprado
um sistema MRP.
Martins e Laugeni (2000) mencionam algu- Fonte: Alvim (2009)
Fonte: Alvim (2009)
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Anais de Trabalhos Premiados
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quenos esforços adicionais, precisam ser capazes de Gestão de Demanda e MPS/RCCP) que é o respon-
calcular as necessidades de outros recursos e equipa- sável por “dirigir” a empresa e sua atuação no mer-
mentos, obtendo, então, uma vantagem na utilização cado;
deste equipamento, permitindo ver, com antecedên-
cia e com certo grau de precisão, problemas de falta 2. O Motor – composto pelo nível mais baixo
de capacidade. (ARNOLD, 1999) de planejamento (MRP/CRP), responsável por desa-
O sistema MRP II, sendo um aprimoramen- gregar as decisões tomadas no bloco de “comando”,
to do MRP, contempla a integração de todos os as- gerando decisões desagregadas nos níveis requeri-
pectos do processo de fabricação, incluindo a relação dos pela função, ou seja, o que, quanto e quando pro-
entre materiais, finanças e recursos humanos, Figura duzir e/ou comprar, além das decisões referentes à
3. O MRP II, sendo mais que o MRP com cálculo de gestão da capacidade de curto prazo;
capacidade, prevê uma sequência hierárquica de cál- 3. As rodas – compostas pelos módulos ou
culos, verificações e decisões, com o objetivo de ter funções de execução e controle (Compras e SFC), res-
um plano de produção viável, com uma boa capaci- ponsáveis por apoiar a execução detalhada daquilo
dade produtiva. que foi determinado pelo bloco anterior, assim como
O sistema é composto de uma série de pro- controlar o cumprimento do planejamento, reali-
cedimentos de planejamento agrupados em funções. mentando todo o processo. (Corrêa et al, 2011).
Estas funções estão normalmente associa-
das a módulos de pacotes de software co-
Figura 4 - Sistema MRP II
merciais, desenvolvidos para suportar esta
filosofia de planejamento. Alguns dos pro-
cedimentos são: Cadastro básico - que per-
mite garantir a eficácia do MRP II; MRP/
Capacity Requirem Entsplannig (CRP) - que
tem como objetivo gerar plano viável e
detalhado de produção e compras; Mas-
ter Production Schedule/Rough Cult Capacity
Planning (MPS/RCCP) - que é responsável
por elaborar o plano de produção de pro-
dutos finais, item a item, que é o dado de
entrada para o MRP; Gestão de Demanda
- que visa muito mais além de venda/ma-
rketing, observando o ambiente externo à
empresa; Shop Floor Control (SFC) e Com-
pras - que são responsáveis por garantir
que o plano de materiais detalhado seja
cumprido da forma mais fiel possível; Sales
and Operations Planning (S&OP) - o planeja-
mento de vendas e operações que envolve
a direção da empresa e diretoria. O S&OP
trata, principalmente, de decisões agrega-
das que requerem visão de longo prazo de
negócio. A estrutura do sistema MRP II,
que é o fluxo de informações e decisões que
caracterizam tal sistema, é identificado por
três blocos, figura 4.
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Anais de Trabalhos Premiados
O principio básico do sistema do MRP II é de ças, sendo algo de muita importância nas empresas e
que todos tentem cumprir os programas estabeleci- indústrias que o adotam, muito bom para ambientes
dos pelo sistema da forma mais fiel possível. O MRP competitivos em crescimento. Seu emprego se torna
II é um sistema considerado “passivo”, visto que eficiente quando, seguindo seus princípios de geren-
aceita, passivamente, seus parâmetros, como tempos ciamento, respeitando toda a série de procedimentos
de preparação de máquina, níveis de estoques de se- desde os “Cadastros básicos”, visando a melhorar
gurança, níveis de refugos, entre outros, porém, exis- sua eficiência, cada vez mais, até o S&OP, tratando,
tem algumas limitações para utilização deste sistema. principalmente, de decisões agregadas que requerem
Um ambiente que adote o MRP II é um ambiente to- visão de longo prazo de negócio.
talmente computadorizado com informações, forne- Com as pesquisas, a respeito do sistema MRP,
cido de forma sistemática com alta precisão. O MRP nota-se sua eficiência em inúmeras empresas que es-
II não permite outros tipos de controles paralelos, e tão se adequando a tal sistema, exercendo gerencia-
isso visa a que os envolvidos com o uso do sistema te- mento direto aos recursos de manufatura, setores de
nham um treinamento devido sobre procedimentos contabilidade, finanças, desenvolvimento em marke-
de entrada de dados. ting, vendas e compras. Com a melhora e o aperfeiço-
O MRP II possui, ainda, alguns requisitos im- amento de tais técnicas, chegamos ao ERP, estenden-
portantes a serem mencionados com respeito à im- do, ainda mais, a lógica de planejamento do MRP II,
plantação de seu sistema, tais como: tendo a pretensão de suportar todas as necessidades
de informação para a tomada de decisão gerencial de
. comprometimento da alta direção; um empreendimento como um todo nas organiza-
. educação e treinamento; ções de forma integrada. O ERP se torna um sistema
. escolha adequada de software e hardware; reconhecido como o estágio mais avançado do tão
. aperfeiçoamento dos dados de entrada; e elaborado MRP II.
. gerenciamento adequado da implantação.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
CORRÊA, H. L.; GIANESII. G. N.; CAON, M. Plane- CORRÊA, H., GIANESI, I. Just in time, MRP II e
jamento, Programação e Controle da Produção. 5. OPT: um enfoque estratégico. 2 ed. São Paulo: Atlas,
ed. São Paulo: Atlas, 2011 1996.
MARTINS, Petrônio G., LAUGENI, Fernando P. Ad- GENEROSO, Ruy A. MRP – Planejamento de Ne-
ministração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2000. cessidades dos Materiais. Disponivel em: <http://
ruyalexandre.zzl.org/arquivos/engpcpII04mrp.
ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais. pdf>. Acesso em: 13 Ago. 2012.
São Paulo: Atlas, 1999.
BARBOSA, Sérgio J. E. Os Sistemas de Planejamen- SLACK, Nigel; et al. Administração da Produção.
to e Controle da Produção das Indústrias de Con- Versão compacta. São Paulo: Atlas, 1999.
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