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Curadoria MRP

Autor: Felipe Burlamaqui Andrade

O sistema MRP é uma metodologia de gestão de produção que tem como objetivo otimizar o
processo produtivo, minimizando custos e maximizando a eficiência. Ele foi desenvolvido por
Joseph Orlicky, que em sua obra Material Requirements Planning o descreveu como um método
de gerenciamento de inventário que utiliza a lógica de cálculo de necessidades líquidas para
determinar as quantidades de materiais necessárias para atender às demandas de produção.
Nessa perspectiva, existem uma série de inputs que são precisos para que esse cálculo seja feito
da forma mais precisa possível, e que seguem a lógica de backward sheduling.

Essa técnica parte dos produtos acabados informados no plano mestre de produção, sendo
depois feito um cálculo de trás para frente com o fim de determinar as datas em que as etapas
do processo de produção devem começar e terminar. Também é feita uma explosão da
estrutura de cada produto, que seriam as listas de materiais, para determinar as matérias-
primas, componentes e subprodutos necessários em cada etapa. Considerando os saldos de
estoque atualizados e os itens em processo, o MRP indica quais componentes são necessários
para suprir cada uma das etapas de produção de um determinado período, com as suas
respectivas quantidades e datas que deverão estar disponíveis. Dessa forma, outra definição
interessante de MRP que foca no estudo de materiais é a feita por F. David Simchi-Levi, no livro
Designing and Managing the Supply Chain, que o define como "O MRP é uma técnica de
planejamento de produção que se concentra em garantir que a quantidade certa de materiais
esteja disponível no momento certo para apoiar a produção planejada."" Assim, é uma
ferramenta fundamental para a gestão de produção, especialmente em empresas que
trabalham com produtos complexos e demandas flutuantes.

Existem diferentes desdobramentos do sistema MRP, como o MRP II. Este foi definido
novamente por Joseph Orlicky em sua obra Material Requirements Planning como “um sistema
integrado de gestão de produção que inclui planejamento de recursos empresariais,
planejamento de vendas e operações, planejamento mestre de produção, planejamento de
necessidades de materiais, planejamento de capacidade e programação de fábrica." Dessa
forma, expande a metodologia para além da gestão de materiais, incluindo também a gestão de
recursos humanos, financeiros e de equipamentos permitindo uma maior integração entre os
diferentes setores da empresa, otimizando ainda mais a produção.

Outro desdobramento do MRP é o ERP (Enterprise Resource Planning). De acordo com Carol A.
Ptak e Eli Schragenheim em seu livro ERP: Tools, Techniques, and Applications for Integrating
the Supply Chain, sua definição é “um sistema de informação integrado que abrange toda a
empresa, permitindo que todas as funções e processos sejam executados em um ambiente
compartilhado e baseado em um único banco de dados. Ele fornece suporte aos processos de
negócios, incluindo finanças, vendas, compras, estoque, produção, recursos humanos e
gerenciamento de projetos, integrando as informações de toda a organização e automatizando
a gestão de processos e atividades." Assim, o ERP oferece uma visão mais abrangente da
empresa sendo baseado em uma plataforma de software única que permite que as
informações sejam compartilhadas entre os diferentes departamentos da empresa, facilitando
a tomada de decisões e a gestão do negócio como um todo.

Pensando agora em casos práticos do uso do MRP, um dos referenciais encontrados foi do
Monden, Y. (2011). Em sua obra Toyota Production System: An Integrated Approach to Just-In-
Time, ele discute sobre a evolução do sistema de produção da Toyota, desde o desenvolvimento
do sistema Kanban até a implementação do sistema MRP. Além disso, o livro destaca como a
Toyota conseguiu integrar o MRP com outros sistemas, para criar um sistema de produção
altamente eficiente e flexível, tornando-se uma referência mundial em excelência operacional.

Por fim, outra referência que aborda exemplos do uso de MRP em diferentes indústrias é: MRP
II: Making It Happen: The Implementers' Guide to Success with Manufacturing Resource
Planning" de Thomas F. Wallace e Robert A. Stahl. Este livro já é um pouco mais generalista que
o de Monden, e discute diferentes casos de uso do MRP II incluindo setores como saúde,
manufatura e varejo.

Referências Bibliográficas:

TOTVS. Blog. Gestão industrial. MRP: o que é, etapas e exemplos de aplicação.


https://www.totvs.com/blog/gestao-industrial/mrp/

QS ERP Industrial. Blog. MRP- PLANEJAMENTO DE MATERIAIS O QUE É E COMO APLICAR NA SUA
INDÚSTRIA.
https://qserp.com.br/mrp-o-que-e-como-funciona-e-quais-os-beneficios-para-sua-industria/

Monden, Y. (2011). Toyota Production System: An Integrated Approach to Just-In-Time. CRC


Press.

Orlicky, J. (1984). Planejamento das necessidades de materiais (MRP): um novo conceito para o
planejamento e controle de produção. Atlas.

Simchi-Levi, D., Kaminsky, P., & Simchi-Levi, E. (2007). Designing and Managing the Supply Chain:
Concepts, Strategies and Case Studies. McGraw-Hill Education.

Ptak, C. A., & Schragenheim, E. (2003). ERP: Tools, Techniques, and Applications for Integrating
the Supply Chain (2nd ed.). St. Lucie Press.

Wallace, T. F., & Stahl, R. A. (1994). MRP II: Making It Happen: The Implementers' Guide to
Success with Manufacturing Resource Planning (2nd ed.). Oliver Wight Publications, Inc.

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