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Ter ça­feira, 08/03/2011

OPINIÃO DO DIA 1  

Tiririca e outras pragas
Publicado em 28/09/2010 |  ADRIANO CODATO

Fale conosco

O incômodo maior diante da pantomima encenada por Tiririca é que sabemos que ele está 
representando, ao contrário dos outros, cuja produção profissional dos discursos tende a apagar o 
caráter dissimulado da representação

A esta altura do campeonato, acho que ningu ém ignora mais a candidatura do palha ço Tiririca a 


deputado federal pelo indescritível PR de São Paulo. A sequ ência de suas inser ções no hor ário 
eleitoral, editadas no YouTube, já foram acessadas mais de 4 milhões de vezes, se o contador est á 
correto. Tiririca tornou­se o nome mais lembrado na pesquisa espontânea para deputado federal e 
as proje ções s ão que ele seja o mais ou um dos mais votados em 3 de outubro.

Bastou isso, somado  às declara ções que Tiririca faz nos spots de menos de 30 segundos, para 


provocar a ira dos bem­pensantes e o esc ândalo dos que acham que s ó os bachar éis têm o direito 
legítimo à política. Para quem gostaria de imaginar o mundo político como a extens ão de um clube 
aristocrático de especialistas em leis, nada mais insolente. Mesmo o Minist ério Público entrou no 
picadeiro: processou o comediante por falsidade ideol ógica.

Apresentar ­se fantasiado de palha ço de circo tem o efeito grotesco e constrangedor das piadas 


sem graça. É, dizem, uma extravagância que uma democracia compenetrada não pode aturar. E 
suas frases s ão, de fato, desconcertantes. “Por isso que eu quero ser deputado federal: para 
ajudar os mais necessitado (sic), inclusive a minha família”. “O que é que faz um deputado 
federal?... Na realidade, eu n ão sei. Mas vote em mim, que eu te conto ”. 

A opção eleitoral por Tiririca deve repetir o fen ômeno usual do voto contra a política institucional e 
contra os pol íticos profissionais. Essa seria, paradoxalmente, a op ção mais politizada: contra a 
degenera ção da política, voto conscientemente na figura exemplar do pol ítico degenerado. H á 
também a opção debochada pela antipol ítica: a política institucional chegou a um ponto que s ó 
fazendo gra ça dela. 

Penso, entretanto, que esse caso merece ser lido em outro registro. Por que Francisco Everardo 
Oliveira Silva não poderia apresentar ­se aos eleitores? Em nome de que critérios requintados eu 
posso ter mais direito que qualquer um? A pretensão de Tiririca é legítima como qualquer outra. 
Insistir nesse ponto  é chover no molhado. Sua candidatura exemplifica, pelo lado mais caricatural e 
grosseiro, um fenômeno corrente e considerável: a crescente popularização da classe pol ítica 
brasileira. “Nunca antes na hist ória deste pa ís” o recrutamento político foi tão aberto, em que pese 
o custo indecoroso das campanhas eleitorais. Hoje mais do que nunca  é usual verificar a presen ça, 
nos legislativos, de professores de ensino m édio, sindicalistas, líderes de associa ções populares 
etc. Isso não é nem bom nem mau em si mesmo. Mas  é um índice de mudan ças importantes na 
estrutura de oportunidades pol íticas no Brasil e da consolida ção de uma democracia de massas 
onde capital herdado conta, mas n ão mais como antes.

Isso posto, sugiro que se olhe para o fen ômeno Tiririca de outro modo. Sua encenação como 
político profissional é mais útil e mais didática do que parece  à primeira vista. Ela tem a vantagem 
de revelar, para aqueles que est ão fora do jogo (nós), as regras implícitas do jogo, que n ão podem 
ser ditas, sob pena de colocar a legitimidade do jogo em risco e a credibilidade dos jogadores (os 
profissionais da pol ítica) em xeque. Isso s ó é poss ível de ser feito por algu ém que não est á (ainda) 
comprometido com a santidade das t écnicas de ação e express ão do campo político. 

Esse  é o efeito prático e indesejável da candidatura de Tiririca. N ão o seu objetivo. Sua inscrição no 


PR obedece  à velha tática do gênero: uma figura popularesca que, gra ças à sua notoriedade, traga 
votos para a legenda e/ou para a coliga ção puxando para cima os outros candidatos da lista. A 
receita básica da explora ção oportunista das oportunidades que a legisla ção faculta. Ora, é 
precisamente como puxador de votos que esse arremedo de candidato pode revelar uma das leis 
menos explícitas e mais rocambolescas do sistema eleitoral nacional. 

Dizer com todas as letras que uma das utilidades pr áticas do cargo de deputado federal  é ajudar a 


si e à própria família não é o cúmulo da cara de pau e da sinceridade fingida? Um trambiqueiro 
processado protestando contra o trambique da pol ítica não é uma ironia imperdível diante daqueles 
profissionais que fazem, a sério, exatamente o mesmo? Mas talvez o momento mais sensacional 
votos para a legenda e/ou para a coliga ção puxando para cima os outros candidatos da lista. A 
receita básica da explora ção oportunista das oportunidades que a legisla ção faculta. Ora, é 
precisamente como puxador de votos que esse arremedo de candidato pode revelar uma das leis 
menos explícitas e mais rocambolescas do sistema eleitoral nacional. 

Dizer com todas as letras que uma das utilidades pr áticas do cargo de deputado federal  é ajudar a 


si e à própria família não é o cúmulo da cara de pau e da sinceridade fingida? Um trambiqueiro 
processado protestando contra o trambique da pol ítica não é uma ironia imperdível diante daqueles 
profissionais que fazem, a sério, exatamente o mesmo? Mas talvez o momento mais sensacional 
desses spots seja aquele em que Tiririca come ça uma daquelas arengas enfeitadas sobre  “o Brasil” 
para terminar num tatibitate incompreensível e sem sentido. Fazer troça da complexidade da 
linguagem dos políticos denunciando o car áter fátuo desses discursos n ão vale como crítica 
involuntária ao palavr ório douto daqueles que gostariam que os v íssemos como mais s érios e mais 
sinceros do que de fato s ão? O incômodo maior diante da pantomima encenada por Tiririca  é que 
sabemos que ele est á representando, ao contr ário dos outros, cuja produção profissional dos 
discursos tende a apagar o car áter dissimulado (e por isso mesmo mais eficaz) da representa ção. 
Quanto mais mequetrefe o teatro, menos crível ele é.

Votar em Tiririca não é um protesto.  É uma demissão voluntária das próprias responsabilidades. 
Escandalizar ­se com o fato dele poder apresentar­se ao eleitor  é, além de uma mania elitista, falta 
de percep ção sobre o que, mesmo de maneira impensada, pode estar em jogo.

Adriano Codato é professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná. E­mail: 
adriano@ufpr.br 

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