Você está na página 1de 48

exercícios de

(des)construção tipográfica
O que é?

A escola de Bauhaus foi, sem dúvida, uma das mais importantes escolas de
design da história, serviu ao mesmo tempo como quebra das convenções até
então estabelecidas no mundo artístico, com o surgimento e crescimento de
nomes excepcionais tanto no design, como na arquitetura, pintura, escultura,
tecelagem, entre outros, e pavimentou o caminho para uma nova forma de en-
sino e de visão do mundo. Esse projeto surgiu como uma homenagem às gran-
des conquistas dos participantes da Bauhaus que influenciam muitos até hoje.

Bauhaus 100: Exercícios de (Des)construção Tipográfica mostrou-se parado-


xal, trabalhando liberdade e restrição, idealizado de forma a fazer-nos pen-
sar fora da caixa, ser criativos e inusitados, sempre lembrando das limitações
que nos são propostas, na tentativa de fazer-nos encarnar os conceitos da
Bauhaus. O projeto consiste de três partes: Composição Editorial, Ilustração
Tipográfica e Alfabeto Gráfico e cada uma delas foi proposta como um exer-
cício com suas próprias regras, que são descritas antes de cada parte. As duas
últimas estão ligadas, sendo o exercício dois a base para a criação do terceiro.
Primeira Parte
Composição editorial

Hierarquia/Composição/Mancha Gráfica/Tratamento de Texto

Através da interpretação dos textos em anexo, componha três layout´s partindo


dos seguintes pressupostos para adaptar a cada um deles (apenas uma face):

a | Um tipo de letra, Um tamanho e Uma cor (preto)

b | Um tipo de letra, Dois tamanhos e Uma cor (preto)

c | Dois tipos de letra, Três tamanhos e Duas cores (preto/vermelho)


O casamento entre os vários personagens do design são parte da encena- Hoje o mundo é diferente. O mundo das coisas do nosso mundo não é
ção da noite de Natal, pelo menos da minha. Faz sentido, pelo menos para o mundo das coisas de há 100 anos. Se há um século o foco estava na
mim, iniciar este texto com os 100 anos do movimento Bauhaus. simplicidade da forma e da aparência, onde está o foco hoje? Será na tec-
nologia? Será na experiência? Se a Bauhaus foi uma das maiores e mais
Aprende-se nas escolas que este movimento oferece um paradoxo inte- importantes escolas que se afirmou no domínio do design de móveis, o
ressante. E talvez até controverso, se olharmos para ele de forma fria e mundo do design hoje é muito maior do que o design de peças de mobi-
distante. Com, só e apenas, 100 anos de distância. Don Norman, director liário. É verdade!
do Design Lab, na Universidade da Califórnia, diz num artigo recente que
o movimento é controverso porque na verdade a Escola da Bauhaus não Mas é também verdade que estes objectos também nos davam uma ou-
conseguiu produzir qualquer objecto que mudasse a vida das pes- tra dimensão que talvez os de hoje, mais frios e mais tecnológicos,

s. O desig
soas de forma fundamental. E eu pergunto: conseguiu? não nos dão: conforto. Conforto, regozijo e contentamen-

hau to. Contentamento visual e táctil. Alegria. Continua

n
Sei que são épocas diferentes, quotidianos a ser o mobiliário e o objecto táctil, visível e

u
diferentes, tecnologias diferentes. Mas a tangível que domina as nossas casas. Que

IMAGINE-SE! JÁ SÃO 100 ANOS.


verdade é que nenhum dos objectos são cúmplices por vezes, e noutras ape-
mudou factualmente o quotidiano. O nas testemunhas, das nossas alegrias.
b
que mudou, talvez, foi o modo de

na
Participam nos jantares com os ami-
pensar o design. Forma, função e gos, são espectadores da galhofa.
epois da

estilo, seriam talvez estas as pa- E claro, são figuras principais da


lavras de ordem que definiam galhofa em família das minhas

minha noite
o triângulo criativo para estes noites de Natal. O casamento
criadores. Os designers de- entre os vários personagens
senharam (ou limitaram-se do design são parte da ence-
a redesenhar?) os objectos nação da noite de Natal, pelo
simples das nossas vidas. menos da minha. Tudo tem
Jarras, taças e tacinhas, facas, que ser perfeito!
garfos e colherzinhas, ban-
cos, cadeiras e cadeirinhas. As cadeiras do Eames devida-
Por Carlos Rosa, Púb
d

Hoje, os designers saboreiam mente alinhadas com os dois


a oportunidade de inventar bancos altos de madeira dese-
formas inteiramente novas de nhados para o primeiro IADE da
s

trabalhar, de viver, de sentir. Ve- Rua do Alecrim. A mesa do Espi-


o

jam-se as inovações tecnológicas nho devidamente decorada com os


n

alavancadas por inteligência artificial vidros do Karim e com os talheres do


lico
de a
2018

como as ''home assistants'' da Apple ou Citterio. A mesa de apoio da linha cortez


da Amazon, onde a palavra de ordem, arris- do Daciano serve de balcão para o bolo-rei,
co eu, será o indivíduo. A pessoa! A pessoa, a
natal, 100 filhós e sonhos, estrategicamente colocada ao
experiência e a tecnologia. Eu diria que o triângulo lado das cadeiras Barcelona do Mies. Estas devida-
criativo que define, ou passará a definir o exercício do de- mente decoradas com almofadas de seda com reprodu-
sign, será composto por estes três elementos. ções em serigrafia do Paul Klee e da Maria Keil. Um perfeito casamen-
to explosivo entre design e gastronomia, claro!
Don Norman especula ainda, no mesmo artigo, que talvez a Bauhaus não
estivesse interessada nessas questões. Se bem que na época já existiam Quanto ao fim d'ano... os dois bancos corridos e a mesa maciça da adega
dispositivos electrónicos mais simples que equipavam o dia-a-dia, como do meu amigo Rui, metem inveja a qualquer designer. Seja ele da Bauhaus
fonogramas, rádios, telefones, máquinas de escrever, aspiradores e máqui- ou de outra escola qualquer.
nas de lavar roupas, por exemplo. E a Bauhaus repensou como transfor-
mar estes dispositivos verdadeiramente complicados em compreensíveis?
Conseguiu ir para além da forma?
Segunda Parte
Ilustração Tipográfica | 10 exemplos

O próprio tratamento da letra imprime significado à palavra através da sua


manipulação formal [significado/significante]. Com base nas letras (po-
dendo ser repetidas) de cada nome dos artistas/docentes que estiveram
ligados à Bauhaus, e utilizando apenas as cores primárias de acordo com
a classificação tradicional (Azul, Amarelo e Vermelho), transmita as carac-
terísticas/personalidades/ofícios de cada um deles numa composição ti-
pográfica podendo desconstruir as palavras, mas não deformar as letras.

Para tal escolha 10 personalidades dos exemplos seguintes:

Walter Gropius László Moholy-Nagy Hannes Meyer


Johannes Itten Paul Klee Ludwig Hilberseimer
Lyonel Feininger Wassily Kandinsky Fritz Winter
Gerhard Marcks Joseph Albers Max Bill
Georg Muche Marcel Breuer Walter Peterhans
Gertrud Grunow Herbert Bayer Lilly Reich
Lothar Schreyer Hinnerk Scheper Willi Baumeister
Adolf Meyer Gunta Stölzl Mies Van Der Rohe
Oskar Schlemmer Joost Schmidt
al
m
rh e

lc o
e
o s

kr

oa

l
a
h h

s
k s

o
h

m l
e

k
c
m

se
a

l
k
m

r
r h

l
s lr
l
so
l hs

e
o
ch h

a okr
l

k
h

oe

a
m

e
r

ae c
e
a

a
o r
cr

e
hl
la
m
k
m
s

c
s

hl
r h
h
s

o
e

h
c
ls
e

m
lk

r
a
l
o m
m
l
h

as
o
e e
c rc
s
a

l
m
s

ke

e
r
a l

l
k
l

h
hl

l
ke

e s

o
r

k l m
o

h
k
m
h

l
co
s

r
l
h

e
l k l
m

seh
r
a

a
l
k

a l
c
k

ro
e
h
s
l

e k
m

h
s
eeeeeeee r r r r sss
r r r r
oooooo r r bbbbbbbb sss
r r
fffff bbbb aaaaaa sss
fffff
eeee aaaa sss
ooo sss
fff sss
ff
eeeeeeee r r sss
r r
ff oooooo r r bbbb sss
ff r r
eee fffff bbbb aaa
fffff
oo eeeeeeee aaaar r
r r
ff oooooo r r bbbb
f r r
fffff bbbb aaa
fffff
aaaa
O
O

O
A MXBILLMAXBILLMAXBI
A X B I L LL
M L MAXBILL M
LBLILLLMAXBILLMAXBIL LMA XBIL L
I

M
M
AX
X

BIL
A
A

X
AB
X

X
BI

A
B
AM L
M
I LAXBIL
LL

M
M
L LB M
I
LX

ILL

L
L I LM

MA
BA
L

IL
M
LI M

X
I
B A LX AX AX
LA

BIL
MBIL BIL

L
XB

XB
X LL
AX LM
XM
I
BI

M
B

A
AA

A
X LBM AX LL
IL

L
A

M I B
L

XB
MXAB ILL
X

IL
LM A
M

L M

ILLM
L
L
ILM AX MA
B

IL
B
A

LL
IB BILL
MA
X
B MAX XB
IXL

X X ILL
B

BILL
I

MAA
L

M
BIL
L
L

MAX
L
L

IILL
L

BILL

B
M
M

XB
BILLMAXBIL
MAX
MA

IL
BILL
X

AAX
MA

MAX

MAXBIL
I

LM
L

BILL
X

XB LMAX
M
L
AXBI
L

AMX
L

MA
XBBI

ABIX

ILL MAXB
AXBILL MAX
LLB
ILLL

ILL
MILA
ML

LXM
A

BIL
BA

XB
ILLX
X

AX
MBA
ILXLB

LM
IM

MA AXBILLILM
MA

L MAXBILLM LLA

BIL
MX
X
ABX

ILL
MAX LM
A

IBLIL
LMM
MA

XB XBILLM MAXB
BILLM AX

AAX

L MA
ILL

BILLMAXBILL
XBB
XBIB

ILL MAXB
MAXBILLMAXBILLMA

ILILL
LL

MA
BXILBLMAXBIL

LMMA
BIL XBILL

AX
ILM

XLBIL
LM

AIL
XB
XB X
AA

MB

XBILL MAXB
MA

XBILLMA ILLMA
XBIL XB
LMAILL
XBILLMA
MAXBILLX
ILL
M MA MA
XBI
B I LL ILL
AX LL M
X X B
BI AXB
ILL M A A
LL
M M AXBIL L M
ILL
AX B
BI X
LLMAXBILL MAXBILLMA
herbertbayer
eerbertbayer
rrrbertbayer
bbbbertbayer
eeeeertbayer
rrrrrrtbayer
tttttttbayer
bbbbbbbbayer
aaaaaaaaayer
yyyyyyyyyyer
eeeeeeeeeeer
rrrrrrrrrrrr
Referências
Terceira Parte
Alfabeto gráfico | 26 letras

Com base no exercício anterior, e em cada uma das personalidades, crie um


alfabeto de 26 letras. Para tal deve encontrar uma solução eficaz para cada
uma delas, sem que para tal não se percam os conceitos linguístico asso-
ciado no exercício anterior. Pode partir de um autor ou fazer um apanhado
de vários utilizando apenas as cores desenvolvidas no exercício anterior.
“A mente é como uma
sombrinha, funciona melhor quando aberta”
Walter Gropius
Design 2018/2019
Iara Ximenes Souza - Ex. 15445
Docente: Tiago Navarro

Você também pode gostar