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Oficina do Otimismo

A Amendoeira Triste

Claudine Bernardes

Material de apoio para o conto interativo:

Conheça o livro aqui

Joinville, 2019
Educar a mente sem educar o coração não é educação.
(Aristóteles)

Fico feliz em compartilhar com você este material que poderá ser utilizado tanto na
educação como na terapia de crianças, adolescentes, adultos ou idosos, em grupo ou individu-
almente.
Nas seguintes páginas você encontrará informação sobre:

1 A importância dos contos na educação e terapia 5

2 Contoexpressão 7

3 Oficina da resiliência “A Amendoeira Triste” 9

4 Sobre a autora 21

5 Referências Bibliográficas 23

6 Anexos 25
1 - Modelos de Crachá com desenhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2 - Modelo de Crachá sem desenhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3 - Agenda da Gratidão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4 - Modelo de frases otimistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5 - Amendoeira para colorir 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
6 - Amendoeira para colorir 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Então, vamos lá?

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1 A importância dos contos na educação e terapia
“A alma humana tem a necessidade inextinguı́vel de que a substância dos contos flua
através de suas veias; assim como o corpo necessita ter substâncias nutritivas que circulam
através dele.” (Rudolf Steiner)

Quando escutamos falar sobre contos, imediatamente os associamos à infância e nos


traz lembranças felizes. É verdade! Os contos são elementos essenciais durante a infância,
porém sua importância não deveria diminuir durante a adolescência ou na vida adulta. Os
contos carregam a essência humana, nossa estrutura vital: um princı́pio, um processo de
desenvolvimento e um fim.
Os contos, através de suas metáforas e simbolismos, alcançam nosso inconsciente,
já que conseguem esquivar as barreiras criadas pela razão. E uma vez ali, despertam o
conhecimento ou plantam sementes para o futuro. Dotar a mente de simbolismo é altamente
importante, já que 80% das nossas decisões são tomadas pelo inconsciente. Por este motivo,
os contos servem como instrumento perfeito para educar as emoções, ensinar valores, animar,
fortalecer a resiliência, a autoestima, a assertividade, etc.
É importante esclarecer que utilizamos o termo “conto”, como forma geral para o gênero
narrativo que engloba: contos de fadas, contos modernos, fábulas, mitos, parábolas, lendas,
etc.
A pessoa (como leitor ou ouvinte) encontra significados nos contos, pois eles transmitem
importantes mensagens à mente consciente e inconsciente. Essas histórias encorajam o seu
desenvolvimento, ao mesmo tempo que aliviam pressões conscientes e inconscientes. Na
medida em que as histórias se desenrolam, dão espaço à consciência, mostrando caminhos
para satisfazer as necessidades e desejos, de acordo com as exigências do ego e superego.
Ocorre uma transformação interior que acaba afetando toda a vida do indivı́duo.
A psicanálise foi a primeira disciplina a admitir as complicações decorrentes da divisão
do sujeito: o consciente e o inconsciente. Porém, dentro do mundo literário, sabemos que isto
é um fato consumado, já que a literatura cria personagens contraditórias, onde nem sempre
se produz uma sı́ntese.
Bruno Bettelheim, psicólogo e psicanalista que dedicou grande parte de sua pesquisa
cientı́fica à utilização de contos no desenvolvimento da criança, explica que as histórias
contribuem com mensagens importantes para o consciente, o pré-consciente e inconsciente
infantil. Ao referir-se aos problemas humanos universais, especialmente aqueles que preocu-
pam a mente da criança, essas histórias se comunicam com seu pequeno “ego” em formação,
estimulando o seu desenvolvimento. À medida que as histórias são decifradas, elas dão
crédito consciente e corpo às pulsões do id e mostram os diferentes modos de satisfazê-los, de
acordo com as exigências do ego e do superego (Bettelheim, p. 12).
A linguagem simbólica é um valioso recurso que se esconde por trás da simplicidade
das histórias e que é usada para explicar problemas, etapas ou fatos por meio de sı́mbolos
ou imagens direcionadas ao inconsciente humano, sugerindo possibilidades e alternativas.
Graças a essa linguagem especı́fica, as crianças veem suas preocupações e desejos expressos.
Atualmente, usamos essa linguagem para representar coisas que não estão ao alcance do
entendimento humano, isto é, coisas que não podemos explicar com fatos.
“Usamos termos simbólicos constantemente para representar conceitos que não podemos
definir ou compreender de forma alguma. Esta é uma das razões pelas quais todas as
religiões usam linguagem ou imagens simbólicas. Mas esse uso consciente de sı́mbolos
é apenas um aspecto de um fato psicológico de grande importância: o homem também
produz sı́mbolos inconsciente e espontaneamente na forma de sonhos.” (Carl G. Jung,
1995.)

A linguagem simbólica transporta-nos para o nosso interior pela força do seu sentido, do
seu apelo emotivo e afetivo, sem nos persuadir ou convencer com argumentos e provas.

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Segundo Bruno Bettelheim (2013), o conto tem um efeito terapêutico, pois a criança
encontra uma solução para as suas incertezas através da contemplação do que a história
parece implicar acerca dos seus conflitos pessoais atuais. O conto de fadas não informa sobre
as questões do mundo exterior, mas sim, sobre processos internos que ocorrem no cerne do
sentimento e do pensamento.
Os contos garantem à criança que as dificuldades, os perigos, as fatalidades, podem
ser vencidas por todos os que pretendem vencer na vida. E a criança que é desprotegida
por natureza, sente que também ela pode ser capaz de superar os seus medos, angústias e
desconhecimentos. Portanto, ela poderá aceitar com otimismo as decepções e desilusões que
vai encontrando, pois sabe que, tal como acontece nos contos, os esforços por vencer darão a
recompensa desejada.

“É exatamente esta a mensagem que os contos de fadas trazem à criança, por múltiplas
formas: que a luta contra graves dificuldades na vida é inevitável, faz parte intrı́nseca da
existência humana – mas que se o homem não se furtar a ela, e com coragem e determinação
enfrentar dificuldades, muitas vezes inesperadas e injustas, acabará por dominar todos os
obstáculos e sair vitorioso.” (Bettelheim, 2013, p.16).

Sendo assim, os contos possuem ao menos cinco funções ou utilidades que influenciam a
vida do ser humano:
1. Mágica: Estimular a imaginação e a fantasia;
2. Lúdica: entreter e divertir;
3. Ética: transmitir ensinamentos morais e identificar valores;
4. Espiritual: Compreensão de verdades metafı́sicas e filosóficas;
5. Terapêutica: encontrar nas personagens e situações, referências para a nossa vida.
Encontrar também orientação para compreender nosso mundo interior e nossos conflitos.
O presente material, juntamente com o meu conto “A Amendoeira Triste” (Publicado em
Português pela Editora Grafar), atuarão nestas cinco importantes esferas.

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2 Contoexpressão
Agora falaremos um pouco sobre a metodologia que serviu de norte para a criação da
oficina que você encontrará neste material, esta metodologia se chama contoexpressão.
Antes de explicar o que é a contoexpressão, gostaria de compartilhar com você como
e porque criei esta metodologia. Como mãe de uma criança com TDAH (Transtorno ...)
encontrei-me em uma situação muito complicada, já que diante do grande desafio de educar
o meu filho, percebi que não possuı́a as ferramentas necessárias para ajudá-lo. Ao mesmo
tempo percebi que era necessário investir na sua educação emocional. Na minha necessidade
de encontrar uma maneira de comunicar-me com ele, observei que ao utilizar contos a nossa
comunicação era mais fluida, além disso ele entendia melhor o que eu queria ensinar-lhe.
Por essa razão, resolvi estudar profundamente tanto educação emocional, como os contos
terapêuticos. Ao fazer um mestrado nessa área, e vários estudos posteriores, percebi o poder
dos contos na educação emocional, porém, me deparei com a falta de ferramentas práticas
que ajudassem a alcançar resultados palpáveis.
Dediquei-me, então, a partir de tudo o que eu havia estudado, a construir uma me-
todologia prática, formada por 4 ferramentas, para aplicação dos contos na educação e
terapia.
Esta metodologia foi abraçada pela EpsiHum (Escuela de Terapia Psicoexpresiva Hu-
manista del Instituto IASE), onde leciono e para a qual desenvolvi o Mestrado em Contoex-
pressão: contos, mitos e fábulas terapêuticas como ferramentas psicoeducativas.

O que é contoexpressão?
Contoexpressão é a arte de compartilhar, provocar e despertar conhecimento de forma
sensorial e simbólica através de contos. É uma técnica que busca produzir mudanças de
pensamento, que culminarão em mudanças de conduta auxiliando o ser humano no árduo
processo de buscar uma melhor versão de si.
A contoexpressão é considerada uma arte, já que partimos do ponto de vista de que o
educador (dentro desse conceito integramos todos aqueles que de alguma forma compartilham
conhecimento) é um artista. A educação é a arte de inspirar no outro o desejo de aprender e
transcender, é a arte de comunicar e despertar conhecimento de forma consciente e respeitosa.
Você poderá observar (na estrutura da oficina), que utilizamos esta técnica não com o ob-
jetivo de impor conhecimento, mas sim, de compartilhar, despertar e provocar conhecimento
através do uso dos sı́mbolos existentes no conto. Será uma experiência sensorial, utilizando a
experimentação corporal desses sı́mbolos que serão transportados do mundo das ideias e do
inconsciente, ao mundo material. Os participantes expressarão os seus sı́mbolos internos de
forma material, podendo observá-los e comunicar-se com eles, interpretando-os para poder
conhecer-se melhor.
Tudo isso será feito utilizando quatro ferramentas contoexpressivas, que estarão inseri-
das na oficina, ou seja:

1. Conexão emocional. Os participantes se conectarão com os sı́mbolos existentes no


conto, ajudando-os a compreendê-los. No caso especı́fico desta oficina, será a conexão
com os sı́mbolos da tristeza.

2. Metáforas e sı́mbolos existentes nos contos. No presente caso, utilizaremos vários


sı́mbolos presentes no “inconsciente coletivo”, que serão de fácil compreensão para os
participantes como, por exemplo, a árvore (sı́mbolo da pessoa); a Grande Montanha
(sı́mbolo de um ser superior ou um mestre que ensina e guia). Além disso, utilizaremos
uma potente metáfora sensorial, para explicar de forma clara o que é a resiliência.

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3. Método Socrático. Mayêutica era o método utilizado pelo filósofo Sócrates e difundido
por Platão, no qual o professor deveria guiar o aluno, ajudando-o a parir determinado
conhecimento através de perguntas. Você verá que utilizaremos muitas perguntas.

4. Atividade didática. Teremos diversas atividades didáticas que servirão para fortale-
cer o conhecimento que desejamos compartilhar ou despertar.

Como você pode observar, estamos diante de uma metodologia que respeita os processos
internos de cada pessoa, despertando o conhecimento sobre alguma circunstância especı́fica
que esteja “madura para a colheita”.
Recomendamos que a oficina que compõem o presente material seja aplicada de forma
consciente e respeitosa, sempre objetivando o crescimento pessoal de cada participante.
Você também pode aprender a desenvolver oficinas de contoexpressão e aprender mais
sobre o uso dos contos na educação e terapia. Basta participar do meu curso online; informe-se
sobre os cursos disponı́veis, escrevendo para: claudinebernardes@acaixadeimaginacao.
com

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3 Oficina da resiliência “A Amendoeira Triste”

A arte de crescer apesar das adversidades

Uma alma triste pode matar mais rapidamente que uma bactéria
(John Steinbeck)

Quando lancei o meu primeiro livro “Carlota não quer falar”, juntamente com o “Projeto
de Educação Emocional com Carlota” recebi diversas mensagens perguntando porque não
havia introduzido a tristeza entre as emoções trabalhadas no citado material. Não o fiz
porque desejava trabalhar a tristeza de forma mais profunda, e aqui estou para cumprir esse
propósito.
Como disse o escritor John Steinbeck, na frase que abre este material, a tristeza é uma
emoção que tem um grande impacto nas nossas vidas. Por essa razão é muito importante
saber compreendê-la e administrá-la. Existem diversas pesquisas cientı́ficas em curso, tanto
na área da psicologia como da neurociência, que objetivam avaliar como aparece este estado
emocional e o que pode ser feito para que ele não afete tão negativamente a nossa qualidade
de vida. Porém, não podemos negar o fato de que, apesar de não ser uma emoção muito
agradável, ela é necessária para o nosso desenvolvimento integral.
Khalil Gibran disse que “A tristeza não é mais que um muro entre dois jardins”. Para
mim, a tristeza é um tempo de recolhimento, de repor forças, de fazer uma autoavaliação e
também aprender a confiar na ajuda de outros.
Assim como cada estação do ano é importante e cumpre a sua função no ciclo vital,
ajudando no crescimento das plantas, cada emoção também cumpre a sua função, auxiliando
no desenvolvimento integral do ser humano. A tristeza é o inverno na alma, como vemos no
Mito de Perséfone1 . Viver num constante inverno é inviável para a vida, como também viver
constantemente triste. É necessário que o inverno dê lugar à primavera, que floresça a vida
na alma.
Esta oficina utiliza como instrumento principal o conto “A amendoeira triste” escrito por
Claudine Bernardes e publicado no Brasil pela Editora Grafar (Edição original em espanhol
pela Editorial Sar Alejandrı́a).

Conheça o livro - clique aqui


1
Segundo o Mito de Perséfone, esta era filha de Zeus e de Deméter (deusa da Agricultura). Hades, deus do
submundo e dos mortos se apaixonou por Perséfone e a sequestrou. Sua mãe vagou pelo mundo, imersa numa
grande tristeza que produziu um terrı́vel inverno sobre toda a terra, impedindo que as plantas crescessem.
Temendo um inverno eterno (sı́mbolo da depressão vivida por Perséfone pela perda da filha), Zeus ordenou ao
seu irmão Hades que devolvesse Perséfone à sua mãe. Porém, como Perséfone havia comido do fruto da romã,
oferecido por Hades, não poderia regressar ao Olimpo totalmente, motivo pelo qual se realizou um acordo, no
qual se determinava que Perséfone passaria 6 meses no Olimpo com sua mãe Deméter e 6 meses no submundo
com Hades.

9
Objetivo
Através do conto “A amendoeira triste”, junto a diversas atividades, esta oficina tem
como objetivo apresentar a tristeza como um degrau na escada da vida. Os sı́mbolos e
metáforas utilizadas ajudarão os participantes a compreender a tristeza, como ela atua e a
importância de que ela siga o seu curso natural, para que possa surgir a primavera interior,
com o florescimento da alma.
Os participantes refletirão sobre os métodos de gestão da tristeza, compreenderão o que
é resiliência e como utilizá-la para ser uma pessoa mais otimista e automotivada.

Público
Esta oficina pode ser aplicada a todos os grupos etários: crianças, adolescentes e adultos.
Pode ser aplicada em grupos terapêuticos de dependentes quı́micos; associação de pais e
filhos, em crianças com TDAH, pode aplicar-se em grupos terapêuticos, grupos religiosos, em
terapia grupal ou individual, na sala de aula, sala de recursos, etc. A presente oficina foi
aplicada e testada em muitas ocasiões com diversos grupos de idades diferentes.
Tempo de duração: 1h30 minutos (podendo ser dividida em duas sessões de 45 minutos,
conforme se explicará mais adiante).

Estrutura da Oficina e instruções de aplicação


A oficina está dividida em 6 partes:

1. ABERTURA: a abertura da oficina será realizada através de uma atividade de quebra


gelo, onde cada participante fará o seu crachá pessoal. Esta atividade tem como objetivo
conectar emocionalmente os participantes à temática da oficina e com os sı́mbolos
tratados no conto.

2. CONTAÇÃO: O Facilitador contará o conto “A amendoeira triste” e gerará uma reflexão


grupal através de perguntas.

3. METÁFORA SENSORIAL: os participantes compreenderão o que é resiliência através


de uma metáfora, utilizando três elementos: Vidro; Pedra e Borracha.

4. ATIVIDADE DIDÁTICA 1: a atividade didática será a construção do “Mural Oti-


mista”, que lhes ajudará a manter uma perspectiva mais otimista da vida.

5. ATIVIDADE DIDÁTICA 2: Dividir os participantes em grupos de 3 ou 4 pes-


soas para jogar o “JOGO DO OTIMISMO” que acompanha o livro.

6. FINALIZAÇÃO: A oficina será finalizada com os participantes dizendo frases que


expressem alento, otimismo ou resiliência.

Embora esta oficina tenha sido criada para ser aplicada com uma duração de
1h30 – 2h, compreende-se que em ocasiões não dispomos desse tempo. Para resolver este
problema, podemos dividi-la em duas sessões de 45 minutos. Primeira sessão: Partes 1, 2, 3
e 5. Segunda sessão: Partes 2, 4 e 6.
Agora passaremos as instruções de como aplicar cada parte da oficina.

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Parte 1 - Abertura
A primeira atividade é a recepção do grupo. É possı́vel que o facilitador conheça o grupo,
porém, mesmo assim esta parte deve acontecer porque o objetivo é conectar cada pessoa
com os sı́mbolos trabalhados durante a oficina. Isso ajudará na compreensão e introjeção do
significado da tristeza. Além disso, caso o facilitador e grupo não se conheçam, ela servirá de
quebra gelo.
Prepararemos previamente os crachás que conterão diferentes desenhos que expressam
tristeza. Haverá também crachás sem ilustração, para que o participante que não se
identifique com os crachás ilustrados, possa fazer o seu próprio desenho, conforme se observa
na fotografia abaixo:

Material necessário:
• Diversos crachás (Você encontrará Modelos de Crachás no Anexo 1 e no Anexo 2);
• cordas ou lã colorida;
• lápis de cores ou giz de cera.

Siga as seguintes recomendações:


1. Coloque os crachás em uma mesa, organizados por grupos de distintas ilustrações.
Tenha também cordas de cores distintas (pode ser de lã de várias cores) para que
possam montar o crachá que deverão posteriormente pendurar no pescoço. Diga ao
grupo que cada um deve escolher uma ilustração que expresse tristeza, ou escolher o
crachá em branco para fazer um desenho que expresse tristeza. Depois devem colorir o
crachá como quiserem.
2. Enquanto o grupo faz a atividade, o facilitador caminhará entre eles fazendo diversas
perguntas aos participantes, exemplo: Por que você escolheu essa imagem? Por que
escolheu essa cor? O que essa imagem lhe transmite? Você já se sentiu triste? O que
lhe faz sentir-se triste?, etc. A ideia é aproveitar o tempo em que os participantes
estão criando o crachá para conectá-los com os sı́mbolos e conteúdos tratados durante a
atividade.
3. Após todos terminarem de fazer o crachá, o facilitador utiliza o seu crachá para
apresentar-se, depois todos se apresentam também. Aproveite para fazer pergun-
tas como: O que é a tristeza? O que lhe produz tristeza? O que você faz quando está
triste? O que você faz para que a tristeza desapareça? Esta primeira parte não deve
ultrapassar 15 minutos.

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Parte 2 - Contação “A amendoeira triste”
Material utilizado: Livro “A amendoeira triste”.

“À beira de uma montanha,


ao lado de um caminho,
vivia uma amendoeira triste
que passava reclamando
o dia inteiro.”

Assim começa este conto que escrevi para ensinar sobre a tristeza, a importância de
compreendê-la e aceitar que se trata de uma emoção natural que deve seguir o seu curso,
dando passo ao florescimento da árvore. Trata-se de um conto em verso, escrito a partir
da minha experiência pessoal como mãe num momento de dificuldade, mas que iniciou um
grande despertar de consciência e crescimento pessoal. A princı́pio não tinha pensado em
publicar este conto, porém, como eu o utilizava nos diversos cursos e oficinas que ministrava,
pude observar o impacto que tinha sobre aqueles que o escutavam.
Cada pessoa se conectava à sua maneira com os sı́mbolos e metáforas existentes no
conto, porém, de forma geral todos se sentiam mais leves depois de tê-lo escutado; como
se pudessem acolher os seus próprios sentimentos de dor e tristeza, abraçá-los e depois
despedir-se desses sentimentos que faziam pesar os seus corações. Também compreendiam
que a sua tristeza e amargura influenciava aqueles que estavam ao seu redor, principalmente
os seus filhos.

“Sou apenas uma amendoeira triste,


cercada de ervas daninhas,
que vive em solidão.”

Este conto é uma metáfora da vida de cada pessoa, porque todos temos nossas próprias
dificuldades, sendo que às vezes nos deixamos dominar pela tristeza e a insegurança, como
se somente nós passássemos por dificuldades. Assim, quem vive como a Amendoeira Triste
deixa de ver as coisas belas da vida e se centra em todas as coisas desagradáveis do dia a dia,
aumentando de forma exponencial o seu poder.

“Vês aquela casa


ao outro lado do caminho?
Ali vive uma menina
que te observa o dia inteiro.”

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Muitas vezes esquecemos que também nós somos um exemplo para aqueles que estão
sob nosso cuidado ou, simplesmente, dentro do nosso cı́rculo social como filhos, amigos,
alunos, etc. A verdade é que a conduta de outros influencia a nossa vida, incidindo sobre
a construção da nossa personalidade, e também é verdade que a nossa conduta influencia
outras pessoas.
Todas as personagens deste conto (Amendoeira, Montanha e a menina), como cada
situação (tristeza, pesar, egoı́smo, os conselhos e a mudança de pensamento), ajudarão a
compreender um pouco melhor a tristeza, os seus efeitos e como a tristeza deve seguir o seu
processo. É importante que, ao aplicar a oficina, você NÃO EXPLIQUE O CONTO. O conto
deve ser contado e as perguntas feitas, para que o processo de despertar do conhecimento
seja respeitoso, sem que o facilitador imponha a sua interpretação. Cada participante
compreenderá e receberá a mensagem que está pronto para receber, dentro de sua capacidade
pessoal e circunstâncias próprias. Assim, cada ouvinte receberá a mensagem que necessita
receber para o momento que está vivendo.
Conte o conto olhando os ouvintes nos olhos, com as pausas necessárias de forma que
eles sintam que você realmente compreende o que está dizendo.

Depois da contação, o facilitador deverá fazer algumas perguntas para provocar o


processo interior de conhecimento. Perguntas sugeridas:

• O que vocês entenderam sobre o conto?

• Por que a Amendoeira estava triste?

• Se você fosse uma personagem, qual seria?

• A Montanha foi importante para a amendoeira?

• Como a Amendoeira voltou a florescer?

Não há respostas certas ou erradas, por isso não julgue as respostas recebidas. Porém, se
você observar que deve ampliar o conhecimento do grupo, conduza-o à compreensão através
de mais perguntas.

Parte 3 - Metáfora sensorial


Material utilizado:
• 1 Caixa (que deve ser utilizada para colocar os demais elementos);

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• 1 Pedra um pouco maior (10 cm) e pesada;
• 1 Bola de borracha (tamanho de uma bola de tênis);
• 1 Objeto de vidro.

Depois das perguntas utilizaremos uma metáfora muito poderosa para ensinar sobre
o que é a resiliência. Se você seguir as indicações, garanto que a resposta do grupo será
incrı́vel. Sabemos que a resiliência é a capacidade de voltar ao estado natural depois de
enfrentar uma situação crı́tica. Como estaremos ensinando ao grupo a criar ferramentas
para gerir a tristeza, é muito importante que eles compreendam o que é resiliência e como é
importante desenvolver essa capacidade.
Primeiro pergunte ao grupo se alguém sabe o que é resiliência. Deixe que eles se
expressem. Depois diga que você irá explicar o que é resiliência utilizando três materiais,
sendo que alguns são mais resilientes que outros. Diga que estes três materiais estão dentro
da caixa.

1. Vidro: Mostre o vidro e pergunte se o vidro é um material resiliente. Depois diga:


“Resiliência é a capacidade de suportar os golpes que a vida nos dá, sofrendo o menor
dano possı́vel. Vocês acham que esse objeto de vidro pode suportar golpes?” (faça de
conta que golpeará o objeto sobre uma mesa).

2. Pedra: Mostre a pedra, peça que alguns toquem a pedra e sintam como é dura e pesada.
Pergunte se a pedra é feita de um material resiliente. Muitos dirão que sim, então

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você pode dizer: “É verdade, resiliência é a capacidade de suportar golpes, e essa pedra
pode suportar golpes. Porém, um material resiliente também deve suportar a pressão
externa e adaptar-se se for necessário. Agora imaginem, se eu deixar cair esta pedra
de uma grande altura e ela cair sobre o asfalto. O que vocês acham que vai acontecer?
Exatamente, ou ela quebra o asfalto ou o asfalto a quebra. A pedra não possui o poder
de adaptar-se, e ela possivelmente não poderia suportar a pressão de um grande golpe.

3. Bola de borracha: Mostre e deixe que os participantes toquem a bola de borracha e


pergunte se eles acreditam que ela é feita de um material resiliente. Essa bola é feita
de um material altamente resiliente (jogue a bola contra o chão e pegue-a outra vez
na mão), porque ela suporta ser jogada contra outras superfı́cies. Ela também pode
suportar ser golpeada (pegue a pedra e bata na bola), além disso, ela pode modificar
temporariamente a sua forma, para adaptar-se.

Na foto abaixo você pode observar que também utilizo um cubo, no qual introduzo a bola
para mostrar que a resiliência é a capacidade de se adaptar a situações crı́ticas, inclusive
mudando temporariamente de forma (a bola, para entrar no cubo deve adaptar-se à forma
deste, deixando de ser redonda). Porém, ao ser retirada do cubo ela regressa à sua forma
original e nunca perde a sua essência, porque, mesmo dentro do cubo, ela continua sendo de
borracha. Caso não tenha um cubo, pode excluir esta parte.

Assim também será uma pessoa resiliente: ela não será dura como uma pedra, nem
frágil como o vidro. Ela buscará uma oportunidade para sobreviver, até mudando de forma
temporariamente se for necessário, mas sem perder a sua essência. Uma pessoa resiliente é
como esta bola, ela sabe que chocar-se contra o chão é a melhor forma de conseguir impulso
para novamente subir.
Eu termino esta parte perguntando: O que vocês preferem ser? Uma pessoa cristal, que
se quebra diante de qualquer dificuldade? Uma pessoa pedra, que é dura, que pode fazer
dano a outros e que não se adapta às dificuldades? E se somos como a bola de borracha, que
suporta as pressões, adapta-se e que quando cai no chão quica, buscando voltar para o alto?
Finalmente todos juntos gritamos: “Somos bola”. Pergunto: O que somos? “Somos bolas”
e repetimos algumas vezes. É uma atividade gostosa e liberadora, onde nos movimentamos e
gritamos juntos, interiorizando a mensagem que acabamos de aprender.

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Parte 4 - Atividade didática 1
Mural do otimismo

O mural do otimismo será uma “lembrancinha” que os participantes levarão para


casa, para pendurar na parede do quarto (ou outro lugar da casa) para recordá-los do que
aprenderam.
Objetivo: Fomentar o otimismo, trazendo à consciência lembranças felizes, pessoas que
nos podem ajudar em momentos difı́ceis e sonhos que podem nos dar uma razão para seguir
adiante, quando o pessimismo nos ataca. Além disso, também fomentaremos a gratidão,
sentimento que ajuda no desenvolvimento da resiliência.

Material necessário:

• Agenda da gratidão ( Anexo 3 - para imprimir em papel A4);

• Folhas de papel sulfite tamanho A4);

• Flores de amendoeira em 3 cores distintas;

• Recortes do tronco da amendoeira (levar vários previamente cortados em papel de


presente);

• Cola;

• Canetinhas;

• Frases otimistas recortadas em tiras Anexo 4.

Siga as instruções:

1. Distribua três flores de Amendoeiras por participante (uma de cada cor), os quais devem
montá-las e escrever em cada flor a resposta de uma das seguintes perguntas:

• Quem é a pessoa que te faz feliz? Pense em alguém com a qual te sentes bem, que
pelo simples fato de existir te faz sorrir; escreva o nome dela numa das flores.

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• Existe algum acontecimento na tua vida que tenha sido especial e importante?
Pense num acontecimento que tenha sido muito especial: uma viagem; ter co-
nhecido alguém; uma pessoa que entrou na sua vida; um sonho que realizou
etc.
• Que sonhos desejas realizar? Pensa em algo que desejas muito conseguir, um sonho
por alcançar: uma viagem; uma atividade muito interessante; profissão; conseguir
algo, etc.

2. Agora chegou o momento de montar o Mural. Para isso, entregue uma folha sulfite
em branco para cada participante. Peça-lhes que escolham um tronco (os quais você
já trouxe cortados e dispôs previamente num lugar determinado). Eles devem colar o
tronco no centro da folha, que deve estar na posição horizontal. Depois, sobre o tronco
devem colar as suas flores de amendoeira.

3. Unir a Agenda da Gratidão com a colagem da amendoeira (para unir utilize durex,
grampeador ou cola). Depois cada participante deve escolher uma frase entre as que
estão nos cartazes que o facilitador previamente colocou na parede (sugestão de frases
no Anexo 4). Em um dos cartazes coloque papéis em branco, para que os participantes
tenham a opção de escrever uma frase distinta das sugeridas; você pode colocar no

17
cartaz a seguinte frase: “Escreva a sua própria frase otimista no papel abaixo”. Colar a
frase debaixo da amendoeira ou onde considerar melhor.

4. O resultado será o belo Mural do Otimismo. Instrução ao grupo: explique aos partici-
pantes que eles devem levar o mural para casa, colocá-lo em um lugar visı́vel e, durante
cada dia do mês, devem anotar na Agenda da Gratidão algo pelo qual estão agradecidos.
Insista nisso! Esta atividade continuará ressoando na vida deles durante bastante
tempo, produzindo uma visão mais grata e otimista da vida.

Como você pode observar na foto, na atividade original que preparei para Espanha, ao
invés da Agenda da Gratidão coloquei um Calendário. Porém, posteriormente pensei que a
agenda seria mais útil e o resultado mais positivo. Você também pode utilizar um calendário
se quiser, basta buscar um calendário anual na internet e imprimir.

Parte 5 - Atividade didática 2


Jogo “A amendoeira otimista”

O livro “A amendoeira triste” vem com um jogo de tabuleiro. Este jogo utiliza 30 cartas
que contêm frases que fomentam o otimismo e a resiliência. Você encontrará o material

18
necessário para esta atividade no livro “A amendoeira triste”, o qual também contém as
regras do jogo.

Parte 6 - Finalização
Para terminar a oficina peça aos participantes que digam frases que contenham uma
mensagem otimista e resiliente. Não é necessário que todos digam uma frase, basta propor ao
grupo e os que quiserem dirão uma frase, os que não se sentem à vontade para se manifestar,
devem ser respeitados.

19
4 Sobre a autora
Claudine Bernardes é escritora e Especialista em Contos e Fábulas Terapêuticas. Autora
dos livros “Carlota não quer falar”, “A amendoeira triste” e “Contos que Curam: Oficinas de
Educação Emocional por meio de contos”, com publicação tanto na Europa como no Brasil.
Professora de Técnicas Narrativas e Contoexpressão na EpsiHum (Escuela de Terapia
Psicoexpresiva Humanista del Instituto IASE) com sede em Valência, Espanha, paı́s onde
vive há 15 anos. Também é Diretora da Coleção Infantil do Grupo Editorial Sar Alejandrı́a
(Selos: Sanguina Ediciones e Editorial Sar Alejandrı́a).
Seu Blog “A Caixa de Imaginação” é uma referência nacional, sendo o primeiro blog a
distribuir, gratuitamente, material psicopedagógico para o desenvolvimento de habilidades
emocionais por meio de contos.
Além disso, Claudine Bernardes é a criadora da metodologia denominada contoexpressão,
realizando cursos (online e presencial) e palestras para ensinar e difundir esta metodologia.
Conheça mais sobre o seu trabalho e cursos no site www.acaixadeimaginacao.com
E-mail: claudinebernardes@acaixadeimaginacao.com
Instagram: @claudine.bernardes

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5 Referências Bibliográficas
BETTELHEIM, Bruno. Psicanálise dos Contos de Fadas. Lisboa: Bertrand Editora, 2013.

GRIMM, Jacob e Wilhelm. Contos de Grimm. Trad. David Jardim Jr. Belo Horizonte / Rio
de Janeiro: Villa Rica, 1994 (Grandes Obras da Cultura Universal, 16).

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes,
2000.

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6 Anexos

Anexo 1 - Modelos de crachá com desenhos

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Anexo 2 - Modelo de crachá sem desenhos

27
Anexo 3 - Agenda da Gratidão

29
Anexo 4 - Modelo de frases otimistas

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Anexo 5 - Amendoeira para colorir 1

33
Anexo 6 - Amendoeira para colorir 2

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