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PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DA

RECUPERAÇÃO ADMINISTRATIVA
DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS
Recuperação Administrativa de Crédito Tributário

AUTOR: PEDRO CAVALCANTI AMARANTE

Pedro Cavalcanti Amarante (OAB/PE nº 42.055): Pós-graduado em Direito Tributário pelo IBET, L.L.M. em Direito
Tributário pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER). Formado em Ciências Contábeis pela Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE). MBA em Contabilidade, Compliance & Direito Tributário pela BSSP Centro
Educacional em realização. MBA em Recuperação de Créditos tributários e previdenciários pela BSSP Centro
Educacional em realização. Professor da Intelligence Tax School. Sócio e coordenador dos cursos Lei Geral de
Proteção de Dados na prática e Recuperação de Créditos Tributários Administrativos pela Intelligence Tax
School. Sócio fundador do escritório de advocacia Amarante Advogados e da empresa de consultoria tributária
Realize Créditos Tributários.

“Este manual foi confeccionado visando situações práticas e exemplificativas, que ajudem na compreensão do
tema proposto por uma perspectiva menos teórica e mais operacional. Por essa razão, neste EBOOK, serão
expostas - em sua grande maioria – opiniões empíricas do Autor sobre os temas abordados no que tange à
aplicação da norma tributária”.

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Recuperação Administrativa de Crédito Tributário

1. RECUPERAÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO
1.1. Informações preliminares sobre a recuperação do crédito
tributário e sua base normativa
O pressuposto para a recuperação do crédito tributário, seja ele na via administrativa ou judicial, é o pagamento
indevido de quaisquer tributos. O pagamento indevido pode ocorrer por diferentes razões.

Adiante, destacam-se as principais razões do pagamento indevido do tributo tendo por base o Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU), imposto de competência municipal, que incide sobre a propriedade, o domínio útil ou a
posse de bem imóvel por natureza ou acessão física, geralmente, no dia de primeiro de janeiro de cada ano
(vide Códigos Tributários Municipais, como o de Recife/PE):

(i) pagamento de um Documento de Arrecadação Municipal avulso do IPTU por pessoa que não é proprietária,
que tenha o domínio útil ou a posse de qualquer bem imóvel por natureza ou acessão física ou responsável
(vício de natureza material e pessoal);

(ii) pagamento antes da ocorrência do fato gerador ou de um fato gerador que não ocorreu do ITPU (primeiro de
janeiro), por meio de emissão de Documento de Arrecadação Municipal avulso (vício de natureza temporal);

(iii) pagamento do IPTU para o Município diverso do que se encontra situado o imóvel ou mesmo pagamento do
IPTU, cujo imóvel está situado em zona rural (vício de natureza espacial);

(iv) pagamento do IPTU pela superavaliação do valor venal do imóvel (vício de natureza quantitativa de base de
cálculo que gera pagamento a maior);

(v) pagamento de IPTU pela aplicação da alíquota indevida (ex. em vez de 1% se aplicou 2%) (vício de natureza
quantitativa de alíquota que gera pagamento a maior de tributo);

(vi) pagamento do IPTU sobre determinada situação jurídica, bem, pessoa ou mesmo local que gozem de
previsão legal (isenção) ou constitucional (imunidade) para a não incidência tributária.

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(vii) quando o pagamento do IPTU foi reconhecido como indevido por decisão judicial transitada em julgada
(seja declaratória, anulatória ou constitutiva).

(viii) retenção dos tributos pelo responsável tributário em valor superior ao devido (caso em que não é muito
comum para o IPTU).

(ix) ou mesmo, por fim, situação em que é mais comum em outros tipos de tributos (como os impostos lançados
por homologação), quando não há a comprovação da ocorrência do fato gerador (fato jurídico tributário). No
caso do IPTU, por exemplo, pagamento do IPTU de um imóvel demolido no ano anterior à suposta ocorrência
do fato gerador.

A base normativa de tais hipóteses encontra-se delineada do art. 165 até o 167 do Código Tributário Nacional[1],
bem como nas legislações tributárias federal, estaduais e municipais, que serão oportunamente citadas ao longo
deste EBOOK.

O direito à recuperação do crédito tributário tem como prazo prescricional 5 anos[2], contados do pagamento
indevido (extinção do crédito tributário) ou mesmo da data definitiva administrativa ou judicial que o tenha
concedido.

Esse direito se materializa, na prática, principalmente (não excluindo as demais hipóteses possíveis:
ressarcimento, reembolso, dentre outros, mas que não serão aqui abordados), por dois tipos diferentes de
pedidos: (i) restituição; e (ii) compensação; que serão focos da abordagem deste EBOOK.

Embora essas situações sejam revertidas em favor do contribuinte e decorram do pagamento tributário indevido
do tributo, o pedido de restituição – grosso modo - visa primordialmente o retorno da quantia para o caixa ou
banco do contribuinte.

Já a compensação visa primordialmente a extinção do tributo vincendo (inciso II do art. 156 do CTN) pela
utilização do crédito existente originado do pagamento indevido ou a maior pretérito com a determinada
entidade fiscal (compensação do direito face à obrigação), desde que haja necessariamente previsão legal para
tanto[3].

No primeiro caso, contabilmente, há uma geração de ativo circulante (incremento do caixa ou banco – a débito)
em contrapartida de uma receita (acréscimo da conta de resultado – a crédito).

Já no segundo caso, contabilmente, há a redução de um passivo circulante (tributo a recolher – a débito), em


contrapartida de uma receita (acréscimo da conta de resultado – a crédito).

De maneira prática, exemplificam-se as duas situações:

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1) o contribuinte identificou o pagamento indevido, em decorrência de quaisquer das situações destacadas
anteriormente, que geram o pagamento indevido do IPTU, da seguinte forma: o valor venal do imóvel lançado
pela prefeitura (base de cálculo do IPTU) foi de R$ 100.000,00; enquanto o valor devido seria R$ 90.000,00.
Como o contribuinte não possui débitos constante com essa entidade fiscal municipal, só lhe cabia efetivar o
pedido de restituição administrativamente, o qual - na sua avaliação - era mais vantajoso para a satisfação do
seu crédito.

2) o contribuinte varejista optante do lucro presumido realizou pagamento indevido do PIS e da COFINS (por ser
optante daquele regime, em regra, arca com a cumulatividade desses tributos) decorrente da aplicação, na sua
EFD-Contribuições, das alíquotas que quando somadas chegam a 9,25%, típicas do regime da não-
cumulatividade (regime das empresas optantes pelo Lucro Real, com algumas exceções), enquanto deveria ter
aplicado na sua apuração as alíquotas que quando somadas chegam a 3,65%, típicas do regime cumulativo
(regime das empresas optantes do lucro presumido, com algumas exceções). Como esse contribuinte, além de
pagar mensalmente o PIS e a COFINS, paga outros tributos - que, como será visto adiante, podem ser
compensados com os créditos do PIS e da COFINS (vide art. 74 da Lei 9.430/96[4]) - preferiu efetivar o pedido
de compensação na Receita Federal do Brasil para abater o crédito identificado dos débitos tributários correntes
(passivos tributários – tributos a recolher).

1.2. A recuperação do crédito na via administrativa na prática


A recuperação do crédito tributário pode ocorrer, notadamente, na via administrativa ou judicial.

Na via administrativa, em regra, a recuperação de crédito ocorre em situações que, na maioria das vezes, não
há oposição por parte da entidade fiscal, pela pura e simples aplicação da norma tributária de maneira direta
(aplicação literal) ou mesmo indireta (quando a entidade fiscal interpreta o sistema legislativo de forma
semelhante ao contribuinte).

Logo, a identificação de um pagamento indevido decorre de situações – em regra – incontroversas, pacíficas e


até mesmo quando não há posicionamento claro por parte do poder público. É o caso, por exemplo, da empresa
que utilizou a alíquota equivocada na apuração de um determinado tributo.

A identificação de um suposto pagamento indevido administrativamente pode decorrer – por vezes – de


situações em que não foram abordadas abstratamente pela entidade fiscal (ocasião em que não há
posicionamento administrativo sobre determinado tema, aplicando-se a interpretação dada pelo contribuinte) ou
que – mesmo abordadas pelas autoridades fiscais de maneira contrária ao entendimento do contribuinte - ainda
não estão definidos nos tribunais administrativos (como o CARF, o TIT de São Paulo, o TATE de Pernambuco) .

É claro que em situações como essas, o grau de risco de uma eventual autuação fiscal é majorado e, caso
optado pelo contribuinte, deve ser exposto pelos profissionais de consultoria/advocacia/contabilidade.

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Exemplo desses casos, a título de planejamento tributário, são: 1) questões relativas ao ágio interno; 2)
recuperação de créditos previdenciários pela tributação dos valores eventualmente pagos a título de “stock
options”; 3) aproveitamento do juros sobre capital próprio de maneira retroativa; 4) desconsideração da
depreciação na apuração do ganho de capital quando da venda dos imóveis para as empresas optantes do
lucro presumido retroativamente; dentre diversas outras situações em que o contribuinte se planejou ou
recuperou os tributos preteritamente pagos, em que a discussão de fundo se tornou uma tese jurídica, discutida
amplamente nos tribunais administrativos.

Em quaisquer situações apontadas, sejam elas as menos ou as mais controvertidas, não se pede o provimento
jurisdicional – inicialmente - do poder judiciário.

Em outras palavras, não se bate nas portas do judiciário para se pleitear créditos deste jaez ou realizar esses
tipos de planejamento tributário quando de início, uma vez que podem ser pleiteados diretamente junto à
entidade fiscal competente ou implementados de imediato na contabilidade fiscal da empresa.

Via de regra, nessas situações controvertidas a discussão chegará ao judiciário pela opção do contribuinte,
quando é mais conservador/moderado, ou mesmo após esgotada a discussão na via administrativa
(posicionamento sumulado ou posicionamento da câmara superior, ex. a nível federal o CARF).

O que o contribuinte ganha com isso?

A principal vantagem da recuperação de crédito na via administrativa, sem dúvida, é a celeridade na análise do
pedido, bem como da satisfação do crédito pleiteado.

No âmbito federal, o prazo de análise do pedido de restituição (quando não há – de pronto – a imediata
compensação, o que será abordado adiante) é de, no máximo, 360 dias[5] (sob pena de violação do direito
líquido e certo do requerente), enquanto um processo judicial, em média, demora 4 anos e 4 meses, segundo
relatório do CNJ[6] (justiça em números).

Embora mais célere a recuperação do crédito na esfera administrativa, é imprescindível para a sua realização o
conhecimento que vai muito além do jurídico. Necessita-se do conhecimento contábil, fiscal e operacional.

De nada adianta o conhecimento das situações jurídicas (teses) que podem gerar a recuperação de crédito
administrativamente se não se consegue identificar as suas ocorrências nas demonstrações fiscais (obrigações
acessórias) dos contribuintes ou mesmo não se consegue efetivar o cálculo de quanto pode ser recuperado
(que depende da leitura das obrigações acessórias).

Igualmente, de nada adiante o conhecimento jurídico e das obrigações acessórias (fiscal) se não se sabe como
proceder operacionalmente com a recuperação do crédito administrativamente (ex. retificações sucedidas dos
pedidos de restituição/compensação).

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Na esfera Federal, para se recuperar créditos de PIS e da COFINS, por exemplo, dentre as obrigações
acessórias necessárias de retificação, encontra-se a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais
(DCTF)[7], obrigação em que o contribuinte além de declarar quanto deve a título de débito ao fisco (apurado,
via de regra, por meio de outra obrigação acessória, ex. EFD-IPI, EFD-Contribuições), também informa como vai
extingui-lo (adimpli-lo). Adiante demonstra-se exemplo da apresentação de uma DCTF originária e de uma
DCTF retificadora:

(i) DCTF Originária – informando o valor do débito originariamente apurado em janeiro de 2014 e lançado
originariamente até março de 2014. Valor: R$ 1.000.000,00. Tributo: COFINS não-cumulativa (suponha que
estivesse dentro do prazo de 5 anos para a retificação):

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(ii) DCTF Retificadora – informando o valor do débito apurado em janeiro de 2014 após a identificação do
recolhimento indevido administrativamente. A retificação pode ocorrer em até 5 anos, substituindo para efeitos
fiscais a DCTF originária. Novo valor declarado ao débito: R$ 500.000,00, gerando um direito de crédito a ser
requerido via restituição ou compensação por com o sucessivo Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento
ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP) naquele mês de R$ 500.000,00. Tributo: COFINS
não-cumulativa (suponha que estivesse dentro do prazo de 5 anos para a retificação):

Assim como a DCTF, as demais obrigações que forem atingidas devem ser retificadas, como – no caso da
COFINS – é o caso da Fiscal Digital-contribuições[8] (EFD-contribuições) do mês, Escrituração Contábil Digital
(ECD)[9] do ano (por lançamentos extemporâneos) e Escrituração Contábil Fiscal (ECF) [10].

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Por fim, o crédito será recuperado por meio do pedido de restituição, com ou sem compensação (via sistema
PER/DCOMP), exposto da seguinte forma:

Esse crédito poderá ser utilizado para abater débitos tributários vincendos de COFINS (compensação), como de
outros tributos (ex. PIS, CSLL, IRPJ...)[11], ocasião em que na DCTF apresentada na competência do débito
compensado (ex. jan de 2019 – 5 anos após o pagamento indevido) constará a informação da compensação,
devendo o contribuinte fazer também a declaração da compensação daquele débito da seguinte forma (se fosse
compensado apenas com o PIS e com a COFINS integralmente):

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Para as empresas optantes do Simples Nacional que realizaram pagamento a maior ou indevido no Documento
de Arrecadação do Simples Nacional (DASN), o pedido de restituição é formalizado no próprio portal do Simples
Nacional ou Ecac (sistema da Receita Federal do Brasil), acessado mediante certificado digital ou chave de
acesso do contribuinte.

Com relação aos Estados e Municípios, as formas de se restituir e compensar tributo estão previstas em cada
legislação.

Em muitos deles, se efetiva e formaliza processos administrativos próprios para a restituição (em muitos casos,
de maneira física ainda), havendo julgamento do pleito pelos tribunais administrativos e secretarias locais.

Por isso, além do domínio que se deve ter dos tributos (teses que geram possíveis situações de recuperação de
crédito), das obrigações acessórias e dos sistemas utilizados para a apuração do tributo pago indevidamente
(exemplo: sistemas de informação e excel), para se recuperar crédito tributário administrativamente tem-se que
ter domínio sobre as formas de restituição de cada ente federativo, onde se deseja pleitear a restituição ou a
compensação, essa quando prevista em Lei, e os sistemas operacionais para suas efetivações (ex. a nível
federal, o PER/DCOMP).

Para evidenciar situações jurídicas passíveis de recuperação de crédito na esfera administrativa (tese), para
ajudar no processo de identificação dessas situações jurídicas nas obrigações acessórias das empresas, para
ajudar na apuração dos créditos tributários administrativos e para ajudar no procedimento de recuperação do
crédito é que lançamos o presente EBOOK e o curso específico pela ITS Edu de recuperação de crédito na via
administrativa.

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Mais adiante, abordaremos algumas teses jurídicas que podem gerar créditos na via administrativa –
notadamente, duas que iremos abordar no curso da ITS EDU, que terão como expositores professores que
dominam a área – as quais, em regra, não serão necessárias proposituras de ações judiciais, mas apenas
pedidos de restituição administrativo a nível federal pelo sistema PER/DCOMP, após a devida leitura das
obrigações acessórias, recálculo por meio de sistemas como excel e suas retificações. Tudo isso que será
abordado no curso da ITS EDU.

1.3. A recuperação do crédito na via judicial e sua diferença


para a recuperação de crédito na via administrativa
Processualmente falando, um dos pressupostos de para a propositura de uma ação judicial é justamente o
interesse de agir (condição de uma ação judicial), subdividia de duas formas: a necessidade de se propor a
ação e a adequação da via judicial eleita.

De maneira prática, para que se proponha uma ação judicial tem que haver- em regra - a necessidade de sua
existência, sob pena do processo judicial não fazer sentido, sendo extinto.

Na prática, na parte que nos interessa, não há interesse na propositura de uma ação judicial requerendo a
recuperação do crédito administrativo em situações em que não são controvertidas pela entidade fiscal
requerida.

Exemplificativamente, se o PIS e a COFINS foram declarados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários


Federais (DCTF) em quantias superiores às apuradas por simples erro material da área fiscal, não há interesse
da empresa em propor uma ação judicial para a recuperação desses créditos.

Consequentemente, se se fosse proposta uma ação para tratar de tal tema, essa deve ser extinta pela falta de
interesse de agir, ausência do pressuposto da necessidade.

A recuperação do crédito tributário na via judicial deve ocorrer nas situações em que há uma resistência por
parte do ente fiscal para que seja feita na via administrativa – seja ela inicial (por solução de consulta) ou
mesmo plena (por precedentes dos tribunais administrativos contrários ao entendimento do contribuinte).

É daí que nascem as grandes teses judiciais, como (i) exclusão do ICMS das bases de cálculo do PIS e da
COFINS; (ii) exclusão das verbas indenizatórias das bases de cálculo dos tributos incidentes sobre a folha de
salários; dentre tantas outras.

Exemplificativamente, pode-se afirmar que, mesmo após 15 de março de 2017, quando o STF terminou no RE
574.706/PR, sendo favorável à exclusão do ICMS das bases de cálculos do PIS e da COFINS, a RFB por meio
de suas subdivisões regionais (DISIT) ainda continuou se posicionando de forma contrária à tese[12].

Logo, em situações como essa, cabe ao contribuinte – em regra - apenas e tão somente a propositura da ação
judicial para obter norma individual e concreta para efetivação do seu direito/entendimento.

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Nesse tipo de situação, eventual recuperação de crédito se realizada na via administrativa tratando de temas
controvertidos (ex. exclusão do ICMS das bases do PIS e da COFINS), por meio do processo de retificação das
DCTF’s, Escrituração Fiscal Digital-contribuições (EFD-contribuições), Escrituração Contábil Digital (ECD)
(lançamentos extemporâneos) e Escrituração Contábil Fiscal (ECF) dos últimos 5 anos, com o sucessivo Pedido
Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP)
(realizada a compensação), ensejaria decerto o não conhecimento da compensação (sequer seria hipótese de
não-homologação), com a aplicação de severas multas, que podem chegar até 225% da quantia do débito
compensada[13].

A sentença judicial de mérito transitada em julgado fornece ao contribuinte a segurança jurídica para a
recuperação do crédito tributário dos casos controvertidos – que não podem ser recuperados
administrativamente.

Isso porque uma decisão judicial em favor de um contribuinte concede a ele a possível imutabilidade da sua
interpretação vencedora (excepcionadas apenas algumas situações em que há a possibilidade de propositura
de ações rescisória e revisional).

Isso tudo em decorrência de a sentença de mérito fazer o que no direito denominamos de “coisa julgada
material” entre as partes.

Sem juridiquês, e com todo respeito à doutrina processualista, a coisa julgada é a capacidade de a norma
judicial fazer uma nova Lei – em regra, imutável (salvo situações excepcionais) - entre as partes, contrária ou a
favor da interpretação anteriormente aplicada por uma das partes, resolvendo o processo judicial para ambas.

A partir do momento em que um “contribuinte X” obtém uma sentença para excluir o ICMS das bases de cálculo
do PIS e da COFINS, essa é a nova norma aplicada na relação “contribuinte X” e Receita Federal do Brasil.

Nessa situação, as compensações não deverão ser glosadas, salvo sob o pretexto de outras discussões
subsidiárias (ex. qual ICMS excluir daqueles tributos, discussão atualmente existente após a SC 13 de 2018),
bem como regerá a forma que o contribuinte irá contabilizar, empresarial e fiscalmente, aqueles novos tributos.

O crédito tributário recuperado judicialmente pode ser evidenciado por meio de uma ação judicial de repetição
do indébito tributário (ação de rito ordinário) – onde há a existência de sucumbência, custas processuais e
honorários que incidem em face da parte derrotada; ou mesmo pela via do Mandado de Segurança – onde não
há a existência do ônus de sucumbência.

Se, por um lado, a ação de repetição do indébito pode gerar o ônus da sucumbência em face da parte
derrotada, por meio dela o contribuinte poderá satisfazer o crédito pela via da restituição, a originar um
precatório ou um requisitório de pequeno valor (RPV), como também a compensação, a ocorrer na via
administrativa após o trânsito em julgado (formalidade que será bem debatida adiante).

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Já pela via do mandado de segurança (MS), por não se ter efeitos pretéritos nesse remédio constitucional
(súmula 271 do STF [14]), só há a possibilidade de satisfação do crédito tributário pela via da compensação
(súmula 213 do STJ[15], REsp 1.111.164/BA e REsp 1.365.095/SP) ou, se impossível, pela propositura de uma
nova ação para transformar o título declaratório – típico do MS - em constitutivo e, ao fim e ao cabo, originar um
precatório/RPV, ordens de pagamento que serão abordadas adiante.

Logo, o Mandado de Segurança não é um meio útil para originar esse tipo de ordem de pagamento
diretamente, mas apenas indiretamente, se sucedido de uma nova ação repetitória, onde – decerto - não se
discutirá mais direito, porém apenas quantia, bem como buscará a recuperação do crédito tributário dos 5 anos
anteriores à impetração do Mandado de Segurança até a data do trânsito em julgado[16].

Com relação à compensação, tomaremos por base a legislação federal para falar sobre ela.

Em regra, a satisfação do crédito tributário recuperado judicialmente mediante compensação decorrente de


título judicial, na maioria dos casos, ainda que formalizada administrativamente, tem um rito diferente da
compensação pura e simples que é realizada na via administrativa por pagamento indevido do tributo que
prescinde ação judicial.

Se por um lado a recuperação de crédito tributário administrativo, mediante compensação e sem ação judicial,
exige que o contribuinte efetive as retificações das diversas obrigações acessórias pretéritas que apuraram e
lançaram o tributo em discussão (como se modificasse o filme gravado pelo contribuinte no passado, gerando,
apenas após isso, o seu direito de recuperar o que foi indevidamente pago), após o êxito em uma ação judicial
basta – em regra - que o contribuinte realize a apuração do crédito em decorrência do tema vencido,
sucessivamente realize a habilitação desse crédito junto à Receita Federal do Brasil (que analisará o pedido em
até 30 dias) e, de posse do despacho decisório favorável, efetive a DCOMP (declaração de compensação), rito
que se encontra bem esclarecido do art. 98 até o 105 da IN 1717 de 2017[17].

Chamamos a atenção para alguns pontos importantes nas normas transcritas:

1) O art. 105 da IN 1717 de 2017, que, em resumo, dispõe que o rito citado nas mencionadas normas não se
aplica aos créditos decorrentes de ação judicial cujo tema é: tributos incidentes sobre a folha. Nesse caso, após
a obtenção do êxito judicial, se exige por parte da RFB a retificação das obrigações acessórias (ex. GFIP,
ESOCIAL e, atualmente, DCTFWEB). É, justamente, em razão dessa norma que em 2018 a Coordenação-Geral
de Tributação (COSIT) – a quem cabe unificar a interpretação da norma tributária nacionalmente em âmbito
federal – publicou a SC 77 de 2018 (só pode ser afastada mediante uma nova ação judicial)[18].

2) O despacho que defere a habilitação do crédito tributário decorrente de ação judicial transitada em julgado
não implica na homologação dos cálculos feitos pelo contribuinte, que será feita em até 5 anos de maneira
expressa ou tacitamente.

Logo, no pedido de habilitação não se discutirá valores ou teses, mas apenas forma (aspectos formais, ex.
identificar se o contribuinte efetivamente venceu a ação judicial, dentre outros), cabendo a autoridade fiscal
validar os números posteriormente, de maneira expressa ou implícita (decorrido o período decadencial).

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O ponto curioso de tudo isso é que mesmo com o trânsito em julgado da ação judicial, caso o contribuinte opte
pelo rito da compensação, não haverá na esfera federal a plena segurança jurídica do numerário compensado
(diferentemente do que ocorre com a geração do precatório, onde há o aval da parte contrária e do judiciário).

Adiante se expõe um modelo de despacho de deferimento do pedido de habilitação do crédito decorrente da


ação judicial transitada em julgado, com a análise apenas da forma para melhor delineamento:

Sucessivamente à essa habilitação, ocorre a elaboração do PER/DCOMP, demonstrado adiante:

Na descrição do tipo de crédito, em vez de se colocar decorrente de “pagamento indevido ou a maior de tributo”,
o contribuinte destacará que o “crédito (é) decorrente de decisão judicial transitada em julgado”.

O crédito declarado na PER/DCOMP, após a efetivação da compensação (modelo demonstrado anteriormente),


tal ato deverá ser evidenciado também na DCTF (campo “créditos vinculados”), contendo os seguintes dados:

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Por fim, a recuperação do crédito tributário na via judicial poderá ser satisfeita também pela inscrição do crédito
em precatório ou Requisição de Pequeno Valor (RPV), situação em que – após o contribuinte obter êxito em
ação judicial declaratória de inexistência de débito tributário/repetitória e realizar o cumprimento de sentença em
face da fazenda pública, com a concordância ou a pacificação dos valores apurados – conseguirá sacar os
valores pagos pelo ente federado ou transferir para a sua conta bancária ou de terceiros por cessão de crédito,
o que – deveras – gera uma maior segurança do crédito decorrente da ação judicial. As bases normativas do
precatório e do RPV constam no art. 100 da Constituição Federal[19].

2. DUAS TESES QUE GERAM O DIREITO


DE RECUPERAÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO ADMINISTRATIVAMENTE
E SERÃO ABORDADAS NO CURSO DA
ITS EDU
2.1. Redução das bases de cálculo presumidas às clínicas
médicas:
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Para iniciarmos bem o processo de compreensão, imaginemos que uma determinada clínica hospitalar,
composta por dos sócios, optante do lucro presumido, tenha de receita bruta trimestral a quantia de R$
1.000.000,00.

Suponha agora que 100% dessa receita bruta seja decorrente dos serviços hospitalares de cirurgia
neurológicas. Para identificação do seu lucro tributável, a empresa aplicou o percentual de 32%, acreditando
que estava de acordo com a norma tributária por ser uma prestadora de serviços.

Isso resultou em um lucro presumido de R$ 320.000,00, sobre o qual se aplicou o percentual de 15% de IRPJ +
9% de CSLL + 10% de adicional do IRPJ[20] incidente sobre a parcela de lucro – nesse caso do lucro presumido
– que ultrapassa os R$ 60.000,00, por trimestre (R$ 20.000,00 por três meses, que é o período de apuração).

Como se sabe, nos termos do art. 15°[21] da Lei 9.249/95, a regra é que as pessoas jurídicas prestadoras de
serviços, optantes do lucro presumido, venham a presumir o percentual de 32% sobre o lucro da receita bruta.

Uma das exceções a essa regra, dada pela mesma norma mencionada, é para aquelas pessoas jurídicas que
prestam serviços hospitalares, que, em vez de presumir o lucro em 32% sobre a receita bruta, possuem, pela
mesma previsão legal já indicada, a permissão de presumir apenas 8% de lucro para fins de apuração do IRPJ
(e adicional) e 12% para fins de apuração da CSLL.

Nesse caso, desde que respeitadas as condições exigidas pela Receita Federal, a empresa tem o direito de
realizar a redução dos percentuais presuntivos, para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, sobre a receita
decorrente da prestação dos serviços hospitalares, seja para o futuro ou, na maioria dos casos, retroativamente.

Se em um passado distante a RFB adotava um comportamento restritivo - por interpretar subjetivamente a


matéria, quanto ao conceito de serviços hospitalares (vide ato declaratório interpretativo de n° 19 de 2007) -
após a decisão repetitiva do STJ, em 26 de outubro de 2009, proferida no Recurso Especial (Resp) 1116399/BA
(“a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser
interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a
lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde)”), o órgão passou a aceitar
situações de maneira mais pacífica.

Isso levou a Receita Federal do Brasil a editar a Instrução Normativa (IN) de n° 1.234/2012 (art. 30), adequando
o conceito de “serviços hospitalares” àquele firmado pelo STJ (conceito objetivo), nos seguintes termos:
“serviços hospitalares são aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde que desenvolvem
as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002”.

A Resolução RDC n° 50 de 21 de fevereiro de 2002 do Ministério da Saúde trata especificamente do


regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração, avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS). As atribuições contidas nos itens 1 a 4 da mencionada
Resolução, postas como requisito pela IN 1234/2012 para enquadramento da atividade como hospitalar, são:

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“ATRIBUIÇÃO 1: prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e
de hospital-dia;

ATRIBUIÇÃO 2: prestação de atendimento imediato de assistência à saúde;

ATRIBUIÇÃO 3: prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação;

ATRIBUIÇÃO 4: prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia”

Pacificando o tema, a Receita Federal do Brasil, por meio da COSIT, veio a publicar a Solução de Consulta de n°
de n° 36 de 19 de abril de 2016 – que vincula toda a Receita Federal do Brasil, em âmbito nacional, a qual
dispõe do seguinte teor:

Solução de Consulta COSIT de n° 36 de 19 de abril de 2016: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE


PESSOA JURÍDICA – IRPJ. EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. SERVIÇOS HOSPITALARES. PERCENTUAL DE
PRESUNÇÃO.

Para fins de aplicação do percentual de presunção de 8% (oito por cento), a ser aplicado sobre a receita bruta
auferida no período de apuração pela pessoa jurídica, com vistas à determinação da base de cálculo do
imposto, consideram-se serviços hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde
que desenvolvem as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de 2002.

Desse conceito estão excluídas as simples consultas médicas, que não se identificam com as atividades
prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos.

Para fazer jus ao percentual de presunção referido, a prestadora dos serviços hospitalares deve, ainda, estar
organizada, de fato e de direito, como sociedade empresária e atender às normas da Anvisa.

Caso contrário, a receita bruta advinda da prestação dos serviços, ainda que caracterizados como hospitalares,
estará sujeita ao percentual de presunção de 32% (trinta e dois por cento).

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e §§ 1º, III, “a” e 2º; IN RFB nº 1.234, de 2012, art.
30 (com redação dada pela IN RFB nº 1.540, de 2015); Nota Explicativa PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, Anexo,
item 52”

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Atualmente, dentre os principais requisitos exigidos pela RFB para gozo da redução da base em favor das
clínicas médicas, destacam-se: (i) haver uma sociedade empresária (mais de um sócio); (ii) desenvolver uma
das atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de 2002; (iii) ter o alvará da vigilância
sanitária; (iv) segregar as receitas com as consultas médicas das receitas decorrentes dos serviços hospitalares
(aquelas tributando a 32% e essas a 8%); dentre diversas outras condições que devem ser observadas nas
soluções de consulta para a realização da recuperação do crédito na via administrativa, que serão abordadas
em nosso curso, lançado pela ITS EDU.

Não preenchidas os requisitos mencionados, via de regra, o direito – caso existente - deve ser pleiteado
judicialmente.

Se, nessa hipótese, o contribuinte optar em efetivar a recuperação do crédito na via administrativa, certamente
incorrerá em risco de autuação fiscal, situação que, como já amplamente exposto, deve ser alinhada com o
cliente, com mensuração do risco da autuação e o da reversão posteriormente – caso haja aquela – no tribunal
administrativo.

Para aquela empresa que preenche todos os requisitos, a tributação da receita bruta decorrente da prestação
dos serviços hospitalares pelo percentual presuntivo equivocado, em desfavor de empresa que preenche todos
os requisitos mencionados, gera decerto um pagamento indevido de tributo, que poderá ser recuperado
mediante procedimento administrativo que será delineado neste subtópico.

Adiante, faz-se um comparativo sucinto dos dois cenários (1. A tributação com o percentual presuntivo de 32%;
e 2. A tributação pelo percentual presuntivo de 8% para a apuração do IRPJ e 12% para a apuração da CSLL):

O cenário 1 representa o que a empresa presumiu equivocadamente: presunção de 32% da sua receita bruta
com serviços hospitalares, que será o lucro para fins de incidência do IRPJ (e adicional) e CSLL.

O cenário 2 representa o que a empresa deveria ter feito corretamente no período de apuração: presunção de
8% sobre a receita bruta com prestação de serviços hospitalares, que será o lucro para a apuração do IRPJ (e
do adicional), e presunção de 12% sobre aquela receita, igualmente, que será o lucro para a apuração da CSLL.

Conforme se verifica, a redução da tributação sobre a receita bruta pelo IRPJ e pela CSLL, no caso
exemplificativo, foi de 93,75%. Em apenas um trimestre houve o pagamento indevido de tributo no valor de R$
372.000,00, no caso hipotético.

Diante da tese posta, questiona-se: você sabe identificar qual a base presumida vem sendo utilizada pela
empresa quando da apuração do IRPJ e da CSLL nesses casos?

Não há problemas para se identificar qual base presuntiva a empresa vem utilizando. De início, basta entrar
Programa Validador e Assinador (PVA) do SPED Escrituração Contábil Fiscal (ECF), importar e depois abrir o
arquivo da ECF em Texto requerido pelo consultor e, sucessivamente, enviado pela empresa.

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Após isso, basta ir ao campo P200, onde constará a apuração da base de cálculo do IRPJ lucro presumido e
verificar qual base presuntiva foi utilizada pela empresa sobre a sua receita bruta decorrente dos serviços
hospitalares verificados nas notas fiscais de serviços (hipoteticamente, os R$ 1.000.000,00).

Retomando o exemplo fornecido anteriormente, em que a empresa tributou equivocadamente a receita bruta so
bre os serviços hospitalares, no valor de R$ 1.000.000,00, pela aplicação do percentual presuntivo de 32% em
vez de 8%, a ECF da empresa, no campo P200, estaria da seguinte forma:

Essa seria uma típica situação em que será possível a recuperação do crédito tributário na via
administrativamente, de maneira retroativa, se a empresa fosse optante dos últimos 5 anos do lucro presumido
e assim tivesse contabilizado cada trimestre de apuração do IRPJ e da CSLL (verificável pelas obrigações
acessórias fiscais).

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Em situações como essa, desde que o entendimento do contribuinte esteja em consonância com o
entendimento do ente fiscal (no caso concreto, com a Receita Federal) ou do Tribunal Administrativo que julgará
o tema em segunda/terceira instância, no caso concreto: o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF
(nesse caso, levando em consideração o risco de autuação e a chance de reversão), há a possibilidade de se
buscar a recuperação do crédito na via administrativa.

A despeito da sua celeridade, para que seja efetivada a recuperação do crédito tributário na via administrativa,
na grande maioria das vezes, o ente fiscal exige, como já demonstrado, que antes de se efetivar o pedido de
restituição e/ou o pedido de compensação, haja a retificação das obrigações acessórias (dever instrumental do
contribuinte), que são utilizadas para apurar e lançar o tributo (constituir o débito tributário).

R$ 1.000.000,

R$ 1.000.000,

No caso exemplificado, o IRPJ e a CSLL são tributos declarados (lançados) em Declaração de Débitos e
Créditos Tributários Federais (DCTF) (mensal por estimativa e balancete de suspensão – às empresas que são
do lucro real; ou trimestral, às empresas que são optantes pelo lucro presumido ou mesmo pelo lucro real),
apresentada até o segundo mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador[22], momento em que há a
constituição do crédito tributário.

Além disso, passado o ano calendário, a quantia recolhida também é exposta nos lançamentos contábeis
evidenciados na Escrituração Contábil Digital (ECD), onde se escrituram os livros contábeis das empresas,
obrigação apresentada até o último dia útil de maio do ano subsequente ao que se refere a declaração[23], e
Escrituração Contábil Fiscal (ECF), onde se escritura a contabilidade fiscal da empresa, declarada até o último
dia útil do mês de julho do ano subsequente ao que se refere a declaração[24].

No âmbito Federal, para que se efetive a recuperação de crédito na via administrativa, se faz imprescindível –
sob o prisma legislativo - olhar para essas declarações do passado, modificando-as, com a finalidade de
transmitir as novas informações, contendo os números que deveriam ser escriturados à época do erro.

A não retificação das obrigações acessórias, quando exigida, é facilmente verificada pelos sistemas de
informação das entidades fiscais, notadamente pelas realizações dos cruzamentos de dados entre obrigações
acessórias distintas, fazendo com que eventual compensação seja glosada.

Após apresentadas as retificações das obrigações acessórias pelo contribuinte, chega o momento de se efetuar
o pedido de restituição e/ou de compensação ao ente fiscal. Na esfera Federal, esse pedido é realizado por
meio do sistema do Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação
(PER/DCOMP), nos moldes já delineados no capítulo anterior.

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Diante disso, algumas perguntas ainda ficam no ar acerca da referida recuperação de crédito em favor das
clínicas médicas: (i) quais são os demais requisitos que têm que ser preenchidos para a recuperação do crédito
para as clínicas médicas? (ii) como realizar a apuração do crédito de todos os períodos? (iii) quais documentos
fiscais solicitar para o cliente? (iv) como realizar as retificações nas mencionadas obrigações fiscais? (v) quais
hipóteses de receitas ainda são controvertidas pela RFB para fins de recuperação do crédito na via
administrativa, cabendo, por isso, a recuperação na via judicial? (vi) como fazer o PER/DOCMP?

São esses debates que iremos propor no nosso curso de recuperação de crédito administrativo da ITS Edu.

2.2. Exclusão do crédito presumido do ICMS das bases de


cálculo do IRPJ e da CSLL:
O benefício fiscal do ICMS, como, por exemplo, o crédito presumido do ICMS conferido aos aderentes do
PRODEPE (incentivo fiscal do Estado de Pernambuco que concede crédito presumido a ser aplicado sobre o
ICMS devido, reduzindo-o percentualmente), é, contabilmente, considerado uma receita.

Você sabe como se procede a escrituração desse incentivo fiscal, bem como identificar ele nas obrigações
acessórias fiscais do contribuinte? Pois bem, esse incentivo é escriturado na EFD-ICMS (obrigação acessória do
ICMS e do IPI, no qual há a apuração desses tributos, bem como os seus lanlamentos), no caso do Estado de
Pernambuco, no campo E111, e passaram a constar nos relatórios de apuração do ICMS, emitidos pelos
sistemas de apuração (ex. SPED) do respectivo mês da seguinte forma (relatório da época do SEF II de PE,
encontrado na EFD-ICMS):

Em resumo, nessa apuração, o total dos débitos do ICMS (ICMS-Faturado) foi R$ 98.949,38; o total dos créditos
do ICMS, decorrentes da não-cumulatividade, foi R$ 71.461,68. O abatimento do débito menos o crédito do
ICMS gera o ICMS devido, que no caso concreto se deu no valor de R$ 27.487,78. Sobre essa quantia, se
aplicou o crédito presumido do ICMS (incentivo fiscal) no percentual de 75%, totalizando uma receita de
incentivo fiscal no respectivo mês de R$ 20.628,52, a qual é abatida do ICMS devido, originando o ICMS a
recolher no valor de R$ 6.867,18, que será pago por meio de Documento de Arrecadação Estadual pelo
contribuinte, referente ao determinado mês de apuração.

20
Para um melhor detalhamento da referida tese que será abordada neste tópico, a receita com incentivo fiscal do
ICMS que poderá ser excluída das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, apurados pelo lucro real, será
justamente, no exemplo fornecido, a quantia de R$ 20.628,52.

Fiscalmente, ao final do período de apuração, a parcela do benefício fiscal do ICMS poderá ser alocada na
conta “reserva de lucros”, notadamente na subconta “reserva de incentivos fiscais”, situadas no Patrimônio
Líquido (PL) da Escrituração Contábil Fiscal (ECF) e, por sua vez, lançada contabilmente pela empresa também
no PL.

Consequentemente, o valor do incentivo fiscal do ICMS poderá ser excluído – como já antecipado - das bases
de cálculo real do IRPJ e da CSLL. Nesse sentido se encontra o §4° do art. 30 da Lei 12.973/14 (incluído pela
LC 160/16)[25].

Para o gozo do referido benefício, no entanto, a norma impõe uma série de requisitos, os quais se encontram
discriminados pelo próprio artigo 30 da Lei 12.973/14, quais sejam:

(i) ser optante pelo lucro real;

(ii) a parcela paga a título de incentivos fiscais do ICMS deverá, ao final do exercício de apuração, ser
“registrada em reserva de lucros (Patrimônio Líquido) a que se refere o art. 195-A da Lei no 6.404, de 15 de
dezembro de 1976”, notadamente na subconta reserva de incentivos fiscais, devendo ser excluída, contábil
(Pronunciamento contábil CPC n° 7) e fiscalmente (dispositivo mencionado), da Demonstração de Resultado de
Exercício;

(iii) a parcela paga a título de incentivos fiscais do ICMS não poderá ser distribuída aos sócios como dividendos
obrigatórios;

(iv) a parcela paga a título de incentivos fiscais do ICMS poderá ser utilizada para:

“I - absorção de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas as demais Reservas
de Lucros, com exceção da Reserva Legal”, desde que a pessoa jurídica recomponha essa reserva à medida
que forem apurados lucros nos períodos subsequentes;

“II - aumento do capital social, desde que não venha a ocorrer as seguintes hipóteses: 1ª) “capitalização do valor
e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a
base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou
subvenções governamentais para investimentos” ou 2ª) “restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante
redução do capital social, nos 5 (cinco) anos anteriores à data da doação ou da subvenção, com posterior
capitalização do valor da doação ou da subvenção, hipótese em que a base para a incidência será o valor
restituído, limitada ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou de subvenções governamentais para
investimentos”;

21
(v) na hipótese em que a empresa tiver prejuízo ou o lucro contábil em valor inferior ao da subvenção
governamental, essa deverá ser alocada na conta reserva de lucros (notadamente, na subconta reserva de
incentivo) à medida em que houver a apuração de lucros nos períodos subsequentes; dentre alguns outros
requisitos que serão abordados no curso da ITS Edu.

Diante de tais considerações, como poderia uma empresa de consultoria verificar – para fins de planejamento
tributário – se essa determinada empresa vem realizando a referida exclusão dos incentivos fiscais, por meio
das obrigações acessórias?

Como a apuração do IRPJ e da CSLL encontra-se fiscalmente bem delineada na ECF, é por meio dessa
obrigação – ou mesmo pela apuração interna feita pela empresa da LALUR (pelo sistema de informação
contábil/fiscal) - que o consultor tributário irá verificar se está havendo a referida exclusão dos incentivos fiscais
do ICMS das bases de cálculo daqueles tributos.

Assim como já retratado anteriormente, basta abrir a referida obrigação fiscal em arquivo texto no Programa
Validador e Assinador (PVA) da ECF ou mesmo, para quem tem uma maior familiaridade, no próprio Excel.

Pois bem, sendo o caso de analisar diretamente tal situação no IPVA, inicialmente, basta abrir o relatório da
demonstração de resultados de exercícios, para fins de identificação se de fato os incentivos fiscais foram
contabilizados como receitas (como dispõe a legislação fiscal e contábil, vide CPC 07[26]), a título de
contrapartida da conta contábil ICMS a recolher.

É o que se demonstra do relatório DRE, transcrito adiante, com o exemplo de só ter havido a receita de
incentivo fiscal apenas daquele mês exemplificado (R$ 20.628,52):

Sucessivamente, verificado que o incentivo fiscal foi efetivamente contabilizado empresarial e fiscalmente como
uma receita e que, por isso, afetou o lucro líquido contábil apurado antes da incidência do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica, deve o consultor tributário verificar se tal quantia foi excluída no mencionado período de
apuração pela contabilidade ou não.

Essa exclusão constará justamente no relatório da parte A do LALUR. Adiante, demonstra-se o exemplo em que
houve a exclusão de tal receita do lucro líquido, apurado antes do IRPJ (lucro contábil).

22
Diante desse exposto, analisando as obrigações da forma posta, concluir-se-ia que a empresa já faz a referida
exclusão da receita com incentivo fiscal das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, resultando no caso concreto
em um lucro real – caso não tenha mais ajustes na parte B do LALUR – no valor de R$ 9.371,48.

Por outro lado, se não houvesse no campo exclusão da parte A do LALUR (ou, excepcionalmente, no relatório
da parte B do LALUR) a retirada da mencionada receita com incentivo fiscal ou em valor inferior, por
decorrência, estaria claro que a empresa não aproveita da previsão contida no art. 30 da Lei 12.973/14, no
sentido de excluir o crédito presumido do ICMS das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, apurados pela base de
cálculo real, integralmente, como poderia ter sido feito.

Por fim, na hipótese de ter ocorrido lucro empresarial, bem como a exclusão da receita com o incentivo fiscal na
parte A do LALUR da ECF, o contribuinte deverá lançar contábil (CPC 07) e fiscalmente (art. 30 da Lei
12.973/14) o valor correspondente a tal receita na subconta reserva de incentivos fiscais, sob pena de faltar
conformidade fiscal às normas tributárias por parte da empresa.

O registro deverá constar da seguinte forma:

Diante dessas considerações, que elucidam bem como realizar planejamentos administrativos com a exclusão
do crédito presumido do ICMS das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, imagine a determinada situação: no
caso de uma determinada empresa gozar de incentivo fiscal do ICMS por mais de 5 anos e nunca ter realizado
as exclusões dessas receitas das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, seria possível a exclusão desse incentivo
fiscal retroativamente?

23
Se sim, por meio de qual procedimento? Você sabe quais são todos os requisitos que devem ser preenchidos
para tanto? Como ficaria a constituição da conta contábil e fiscal (ECF) da reserva dos incentivos fiscais no
Patrimônio Líquido?

E se nessa hipótese os sócios receberam distribuição de dividendos e não houver outras reservas para a
empresa, ocorrerá a devolução de tais quantias referentes aos períodos pretéritos?

Haverá a necessidade de retificar as DCTF’s ou basta apenas a ECF? Há alguma diferença da aplicação
retroativa desse cálculo para a empresa que é lucro real anual por estimativa, lucro real por balancete de
suspensão ou lucro real trimestralmente?

Há efetivamente a necessidade de haver a judicialização dessa tese para aplicação do precedente da 1ª seção
do STJ, firmado no EREsp 1517492/PR? Quais as vantagens e desvantagens dessas estratégias?

São esses debates que iremos propor no nosso curso de recuperação de crédito administrativo da
ITS Edu.

24
1. CTN: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual
for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:

I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da
natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

II - erro na edi cação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou
conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;

III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo nanceiro somente será
feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente
autorizado a recebê-la.

Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades
pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.

Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão de nitiva que a determinar. ↑

2. CTN: Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:

I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;

II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar de nitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão
judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. ↑

3. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade
administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito
passivo contra a Fazenda pública. ↑

4. Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição
administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de
débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ↑

25
5. Art. 24 da Lei 11.457/07: É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias
a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. ↑

6. https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/conteudo/arquivo/2019/08/justica_em_numeros20190919.pdf e
https://exame.com/brasil/quanto-tempo-a-justica-do-brasil-leva-para-julgar-um-processo/ ↑

7. IN 1599 de 2015: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante
apresentação de DCTF reti cadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração reti cada.

§ 1º A DCTF reti cadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos,
aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados.

§ 5º O direito do sujeito passivo de pleitear a reti cação da DCTF extingue-se em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º (primeiro) dia
do exercício seguinte àquele ao qual se refere a declaração.

§ 6º A pessoa jurídica que apresentar DCTF reti cadora alterando valores que tenham sido informados:

I - na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deverá apresentar, também, DIPJ reti cadora; e

II - no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), deverá apresentar, também, Dacon reti cador . ↑

26
8. IN 1252/2012: Art. 11. A EFD-Contribuições, entregue na forma desta Instrução Normativa, poderá ser substituída, mediante
transmissão de novo arquivo digital validado e assinado, para inclusão, alteração ou exclusão de documentos ou operações da
escrituração scal, ou para efetivação de alteração nos registros representativos de créditos e contribuições e outros valores
apurados.

§ 1º O direito de o contribuinte pleitear a reti cação da EFD-Contribuições extingue-se em 5 (cinco) anos contados do 1º (primeiro)
dia do exercício seguinte àquele a que se refere a escrituração substituída. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1387,
de 21 de agosto de 2013)

§ 2º O arquivo reti cador da EFD-Contribuições não produzirá efeitos quanto aos elementos da escrituração, quando tiver por objeto:

I - reduzir débitos de Contribuição:

a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da
União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos;

b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas
na escrituração reti cada, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou

c) cujos valores já tenham sido objeto de exame em procedimento de scalização;

II - alterar débitos de Contribuição em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento scal; e

III - alterar créditos de Contribuição objeto de exame em procedimento de scalização ou de reconhecimento de direito creditório de
valores objeto de Pedido de Ressarcimento ou de Declaração de Compensação.

§ 3º A pessoa jurídica poderá apresentar arquivo reti cador da escrituração, em atendimento a intimação scal e nos termos desta,
para sanar erro de fato:

I - na hipótese prevista no inciso II do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento scal, em valor superior ao
escriturado no arquivo original, desde que o débito tenha sido também declarado em DCTF; e

II - na hipótese prevista no inciso III do § 2º, decorrente da não escrituração de operações com direito a crédito, ou da escrituração de
operações geradoras de crédito em desconformidade com o leiaute e regras da EFD-Contribuições. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1387, de 21 de agosto de 2013)

27
9. § 4º A pessoa jurídica que transmitir arquivo reti cador da EFD-Contribuições, alterando valores que tenham sido informados na
Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF reti cadora, observadas as
disposições normativas quanto à reti cação desta. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1387, de 21 de agosto de 2013) ↑

10. IN 1442 de 2013: Art. 6º-A A reti cação da ECF anteriormente entregue dar-se-á mediante apresentação de nova ECF,
independentemente de autorização da autoridade administrativa.

§ 1º A ECF reti cadora terá a mesma natureza da ECF reti cada, substituindo-a integralmente para todos os ns e direitos, e passará
a ser a ativa na base de dados do Sped.

§ 2º Não será admitida reti cação de ECF que tenha por objetivo mudança do regime de tributação, salvo para ns de adoção do lucro
arbitrado, nos casos determinados pela legislação

§ 3º Caso a ECF reti cadora altere os saldos das contas da parte B do e-Lalur ou do e-Lacs, a pessoa jurídica deverá veri car a
necessidade de reti car as ECF dos anos-calendário posteriores. ↑

11. IN 1442 de 2013: Art. 6º-A A reti cação da ECF anteriormente entregue dar-se-á mediante apresentação de nova ECF,
independentemente de autorização da autoridade administrativa.

§ 1º A ECF reti cadora terá a mesma natureza da ECF reti cada, substituindo-a integralmente para todos os ns e direitos, e passará
a ser a ativa na base de dados do Sped.

§ 2º Não será admitida reti cação de ECF que tenha por objetivo mudança do regime de tributação, salvo para ns de adoção do lucro
arbitrado, nos casos determinados pela legislação

§ 3º Caso a ECF reti cadora altere os saldos das contas da parte B do e-Lalur ou do e-Lacs, a pessoa jurídica deverá veri car a
necessidade de reti car as ECF dos anos-calendário posteriores. ↑

12. Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou
contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na
compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.

§ 1 o  A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pela sujeito passivo, de declaração na qual constarão
informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.

§ 2o  A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior
homologação. (...)

§ 5o  O prazo para homologação da compensação declarada pela sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da
declaração de compensação.   ↑

13. Vide Solução de Consulta 6012 da DISIT/SRRF 06 ↑

28
14. IN 1717/17: Art. 75. É vedada e será considerada não declarada a compensação nas hipóteses em que o crédito:

(...)

IV - seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; (...)

VI - tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei, exceto nos casos em que a lei:

a) tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou em ação
declaratória de constitucionalidade;

b) tenha tido sua execução suspensa pelo Senado Federal;

c) tenha sido julgada inconstitucional em sentença judicial transitada em julgado a favor do contribuinte; ou

d) seja objeto de súmula vinculante aprovada pelo Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 103-A da Constituição Federal.

§ 1º Será exigida multa isolada sobre o valor total do débito cuja compensação for considerada não declarada nas hipóteses previstas
neste artigo, aplicando-se o percentual de:

I - 75% (setenta e cinco por cento); ou

II - 150% (cento e cinquenta por cento), quando car comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.

§ 2º As multas a que se referem os incisos I e II do § 1º passarão a ser de 112,5% (cento e doze inteiros e cinco décimos por cento) e
225% (duzentos e vinte e cinco por cento), respectivamente, nos casos de não atendimento, pelo sujeito passivo, no prazo marcado,
de intimação para prestar esclarecimentos ou para apresentar documentos ou arquivos magnéticos. ↑

15. “Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria” ↑

16. “O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária”. ↑

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17. Código Civil de 2002: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.

Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a
interromper.

Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-
devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.

§ 1 o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor
solidário envolve os demais e seus herdeiros.

§ 2 o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão
quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.

§ 3 o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o ador. ↑

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18. IN 1717/17: Art. 98. A compensação de créditos decorrentes de decisão judicial transitada em julgado dar-se-á na forma prevista
nesta Instrução Normativa, salvo se a decisão dispuser de forma diversa.

Art. 99. É vedada a compensação do crédito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, antes do
trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.

Parágrafo único. Não poderão ser objeto de compensação os créditos relativos a títulos judiciais já executados perante o Poder
Judiciário, com ou sem emissão de precatório.

Art. 100. Na hipótese de crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, a declaração de compensação será
recepcionada pela RFB somente depois de prévia habilitação do crédito pela Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) ou pela
Delegacia Especial da RFB com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo.

§ 1º A habilitação de que trata o caput será obtida mediante pedido do sujeito passivo, formalizado em processo administrativo
instruído com:

I - o formulário Pedido de Habilitação de Crédito Decorrente de Decisão Judicial Transitada em Julgado, constante do Anexo V desta
Instrução Normativa;

II - certidão de inteiro teor do processo, expedida pela Justiça Federal;

III - na hipótese em que o crédito esteja amparado em título judicial passível de execução, cópia da decisão que homologou a
desistência da execução do título judicial, pelo Poder Judiciário, e a assunção de todas as custas e honorários advocatícios referentes
ao processo de execução, ou cópia da declaração pessoal de inexecução do título judicial protocolada na Justiça Federal e certidão
judicial que a ateste;

IV - cópia do contrato social ou do estatuto da pessoa jurídica acompanhada, conforme o caso, da última alteração contratual em que
houve mudança da administração ou da ata da assembleia que elegeu a diretoria;

V - cópia dos atos correspondentes aos eventos de cisão, incorporação ou fusão, se for o caso;

VI - na hipótese de pedido de habilitação do crédito formulado por representante legal do sujeito passivo, cópia do documento
comprobatório da representação legal e do documento de identidade do representante; e

VII - na hipótese de pedido de habilitação formulado por mandatário do sujeito passivo, procuração conferida por instrumento público
ou particular e cópia do documento de identidade do outorgado.

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19. § 2º Constatada irregularidade ou insu ciência de informações necessárias à habilitação, o requerente será intimado a regularizar as
pendências no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da ciência da intimação.

§ 3º No prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da protocolização do pedido ou da regularização das pendências a que se refere o §
2º, será proferido despacho decisório sobre o pedido de habilitação do crédito.

Art. 101. O pedido de habilitação do crédito será deferido por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, mediante a con rmação de
que:

I - o sujeito passivo gura no polo ativo da ação;

II - a ação refere-se a tributo administrado pela RFB;

III - a decisão judicial transitou em julgado;

IV - o pedido foi formalizado no prazo de 5 (cinco) anos, contado da data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da
desistência da execução do título judicial; e

V - na hipótese em que o crédito esteja amparado em título judicial passível de execução, houve a homologação pelo Poder Judiciário
da desistência da execução do título judicial e a assunção de todas as custas e honorários advocatícios referentes ao processo de
execução, ou a apresentação de declaração pessoal de inexecução do título judicial na Justiça Federal e de certidão judicial que a
ateste;

Parágrafo único. O deferimento do pedido de habilitação do crédito não implica reconhecimento do direito creditório ou homologação
da compensação.

Art. 102. O pedido de habilitação do crédito será indeferido quando:

I - as pendências a que se refere o § 2º do art. 100 não forem regularizadas no prazo nele previsto; ou

II - não forem atendidos os requisitos constantes do art. 101.

Art. 103. A declaração de compensação de que trata o art. 100 poderá ser apresentada no prazo de 5 (cinco) anos, contado da data do
trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do título judicial.

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20. Parágrafo único. O prazo de que trata o caput ca suspenso no período compreendido entre o protocolo do pedido de habilitação do
crédito decorrente de ação judicial e a ciência do seu deferimento, observado o disposto no art. 5º do Decreto nº 20.910, de 1932.

Art. 104. O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil poderá exigir do sujeito passivo, como condição para a homologação da
compensação de crédito decorrente de decisão judicial, que lhe seja apresentada cópia do inteiro teor da decisão.

Art. 105. O procedimento de habilitação de crédito decorrente de ação judicial não se aplica à compensação de que trata a Seção VII
do Capítulo V. ↑

21. SC 77 de 2018: “Havendo decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a inexigibilidade de tributo previdenciário pago, exsurge
a faculdade do contribuinte em executar a sentença mediante compensação administrativa perante a RFB, no prazo de cinco anos,
contado da data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do título judicial, devendo, como
condição de procedibilidade da compensação, antes cumprir a obrigação acessória de correção da GFIP subjacente ao direito
creditório reconhecido judicialmente.

(...)

1. A obrigação acessória de correção de GFIP vinculada à execução administrativa, mediante compensação tributária, de direito
creditório previdenciário reconhecido por sentença judicial transitada em julgado goza da mesma atualidade do exercício do direito
creditório, vez que nasce com o exercício da nova relação jurídica imposta pela sentença condenatória em face da Fazenda Pública,
não havendo que se falar, portanto, em prescrição ou decadência do direito da RFB em exigir tais deveres instrumentais ou lançar os
créditos relativos à penalidades pecuniárias correspondentes, ainda que em relação à correção de GFIP apresentada há mais de cinco
anos da apresentação da declaração de compensação ou da protocolização da presente consulta.

3. A veri cação da não efetivação da obrigação acessória de correção de GFIP vinculada à execução administrativa, mediante
compensação tributária, con gura-se em ilícito tributário a ensejar a aplicação de penalidade pecuniária – conforme previsão do §3º
do art. 113 do CTN c/c art. 32-A da Lei 8212, de1991, e c/c art. 476 da IN RFB nº 476, de 2009 –, cujo crédito tributário sujeita-se a
lançamento de ofício, modalidade que se opera mediante auto de infração lavrado por Auditor- Fiscal da RFB, nos termos dos arts. 142
e 149 do CTN c/c arts. 33, §§ 1º e 3º, e 37 da Lei 8212, de 1991. Enseja, por outro lado, a não homologação da compensação, sendo
esta considerada indevida, devendo o sujeito passivo recolher o valor indevidamente compensado, acrescido dos juros e da multa de
mora devidos, sem prejuízo da multa isolada de ofício, nos termos dos arts. 73, 74 e 85 da IN RFB nº 1717, de 2017.

4. Não há impedimento técnico-operacional para reti car as GFIPs transmitidas anteriormente ou encaminhar GFIP referente a
competências anteriores, mesmo em relação a períodos que antecedam os últimos cinco anos” ↑

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22. Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária,
far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este m. (...) § 2º Os débitos de
natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores
de doença grave, ou pessoas com de ciência, assim de nidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais
débitos, até o valor equivalente ao triplo xado em lei para os ns do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para
essa nalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. (...) § 5º É obrigatória a
inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças
transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o nal do
exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.   ↑

23. § 1º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995: “§ 1º A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder o
valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pela número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-
se à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento” ↑

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24. Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento)
sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977,
deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34
e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico
carburante e gás natural;

II - dezesseis por cento:

a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput
deste artigo;

b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos
§§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei;

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa;

b) intermediação de negócios;

c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza;

d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação
de serviços (factoring).

e) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato
de concessão de serviço público. ↑

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25. IN 1599 de 2015: Art. 5º A DCTF deve ser apresentada até o 15º (décimo quinto) dia útil do 2º (segundo) mês subsequente ao de
ocorrência dos fatos geradores ↑

26. IN 1774 de 2017: Art. 5º A ECD deve ser transmitida ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituído pelo Decreto nº
6.022, de 22 de janeiro de 2007, até o último dia útil do mês de maio do ano seguinte ao ano-calendário a que se refere a
escrituração. ↑

27. Art. 3º da IN 1442 de 2013: Art. 3º A ECF será transmitida anualmente ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) até o último
dia útil do mês de julho do ano seguinte ao ano-calendário a que se re ra. ↑

28. Art. 30. As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à
implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações feitas pelo poder público não serão computadas na
determinação do lucro real, desde que seja registrada em reserva de lucros a que se refere o art. 195-A da Lei no 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, que somente poderá ser utilizada para: (...)

§ 4º os incentivos e os benefícios scais ou nanceiro- scais relativos ao imposto previsto no inciso II do caput do art. 155 da
Constituição Federal (ICMS), concedidos pelos Estados e pelo Distrito Federal, são considerados subvenções para investimento, vedada
a exigência de outros requisitos ou condições não previstos neste artigo. (grifos nosso) ↑

29. Vide <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/167_CPC_07_R1_rev%2012.pdf > extraído em 20.12.2020; ↑

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