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Ao menos esse é o
aparente consenso. A ideia de que desde o advento da República, práticas e
diretrizes gerais estabelecidas pelo Barão do Rio Branco dão o tom seguido
pelos policy makers do país, e a de que ao menos desde o primeiro governo
Vargas em 1930, até finais do século XX, um eixo central pautou a Política
externa do Brasil - o nacional-desenvolvimentismo - são amplamente aceitas.
Portanto, não deveria causar estranheza constatar que governos
ideologicamente distintos, em períodos diferentes, seguiram linhas
semelhantes na condução da política externa. Foi exatamente isto que ocorreu
com as políticas levadas a cabo em um primeiro momento por Jânio Quadros,
e depois por João Goulart - e posteriormente com aquela executada por Geisel,
durante o regime militar - quando estes controlavam a Chancelaria. Apesar de
circunstâncias e contextos tão distintos, as semelhanças entre a Política
externa executada nos diferentes períodos são evidentes, ainda que houvesse
diferenças.
Uma terceira via também havia surgido. Desde Bandung, cada vez mais
o terceiro mundo se colocava como uma força política a ser reconhecida, agora
com a adesão de importantes países como a China, a índia e o Brasil. O Brasil
também já não era mais um país pobre e essencialmente agrário, mas uma
nação em desenvolvimento e industrializada, com bens manufaturados
entrando em um número cada vez maior de mercados ao redor do mundo. A
situação interna também era muito diferente. O papel da opinião pública na
formulação e execução das políticas externas, herança populista de governos
anteriores, havia sido substancialmente reduzido, pois o espaço de atuação da
oposição no parlamento e da mídia tinham sido significativamente tolhidos. O
regime militar, afinal, era uma ditadura com capacidade de cercear vozes
dissidentes.