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Tópicos Avançados em Eng Biomédica

Equipamentos de Imagem
Tomógrafo

Profª. Marilú Gomes


Introdução
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A tomografia computadorizada (CT), também denominada


"CAT scanning" (computed axial tomography), combina o uso
de um computador juntamente a um dispositivo de radiografia
giratório(gantry) para criar imagens de secções transversais
detalhadas ou "fatias”(slices) de diferentes órgãos e partes
do corpo como os pulmões, fígado, rins, pâncreas, pélvis,
extremidades, cérebro, coluna vertebral e vasos sanguíneos.
As principais vantagens dos sistemas de tomografia sobre a
radiologia convencional:
A capacidade de fornecer contraste em tecidos moles
Capacidade de gerar visões na direção de propagação do feixe
de raios-X.
Introdução
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“Tomos” é uma palavra grega que significa “corte” ou


“seção”. As primeiras imagens deste tipo foram obtidas por
meio da superposição de várias aquisições mantendo-se um
objeto de interesse em foco e todos os outros apareciam
desfocados (Planígrafo). Esta técnica ficou conhecida por:
estratigrafia, planigrafia, planeografia, laminografia ou
ainda tomografia convencional .
Introdução -Histórico
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Introdução -Histórico
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Hounsfield - 1967
Introdução -Histórico
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Hounsfield – 1971 – Foi realizada a primeira tomografia computadorizada de


crânio
Equipamento EMI Mark I – Duração do exame 2 horas e 30 min – Tempo para
reconstrução das imagens 9 dias
Gerações dos tomógrafos
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A subdivisão das diferentes tecnologias de equipamentos de


tomografia computadorizada introduzidas no mercado
costuma ser numerada através de gerações de equipamentos.
Estas gerações estão basicamente relacionadas à geometria
de detecção e à forma como os componentes do sistema (tubo
de Raios X, detectores e a maca onde é posicionado o
paciente) se movimentam durante a coleta de dados para a
produção das imagens.
A evolução dessas gerações busca, em geral, a redução do
tempo dos exames e a coleta de dados para a formação das
imagens, com o objetivo de viabilizar a reconstrução de
imagens de boa qualidade mesmo com a presença de
movimentos involuntários dos órgãos em estudo.
Gerações dos tomógrafos
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Primeira Geração
A geometria de aquisição de dados dos primeiros
equipamentos era baseada em um princípio de rotação-
translação, no qual um feixe de raios X altamente colimado
atravessava o paciente e era coletado por um ou dois
detectores. Este feixe de raios paralelos gerava um perfil de
projeção a cada varredura (translação).
Após uma translação, o tubo e o detector giravam um grau e
transladavam novamente para coletar informações de uma
direção diferente. Este processo era repetido até circunscrever
180º ao redor do paciente e esses equipamentos gastavam
seis minutos, em média, para executar todo este processo.
Gerações dos tomógrafos
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Gerações dos tomógrafos
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Segunda Geração
Nesta geração de tomógrafos, o número de detectores
aumentou, resultando em uma geometria de feixe em forma
de um pequeno leque com origem no tubo de Raios X. Após
uma varredura, o tubo e o conjunto de detectores realizavam
um movimento de rotação (6° a cada giro), completando um
ciclo.
Este processo era repetido até circunscrever 180º em torno do
paciente. Foi elaborado um arranjo composto por 30
detectores, que eram capazes de coletar todas as projeções
em torno de 20 segundos.
Gerações dos tomógrafos
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Gerações dos tomógrafos
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Terceira Geração
Equipamentos desta geração realizavam uma coleta completa dos
perfis das projeções em rotação de 360° do conjunto fonte-
detector. A geometria do feixe ainda possui formato de leque e
atingia o conjunto de detectores posicionados em arcos de 30º a
40º.
As limitações de aquisição estavam no sistema gerador, pois o tubo
de Raios X era alimentado por cabos de alta tensão, que ficavam
torcidos ao final de cada giro do gantry, era necessário então
rotacionar no sentido contrário para “desenrolar” os cabos e assim
possibilitar uma nova aquisição. Assim, sequências axiais, com
incremento da mesa eram realizadas em diversos exames.
Esses equipamentos realizavam a varredura em tempos menores
que 1 segundo.
Gerações dos tomógrafos
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Gerações dos tomógrafos
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Quarta Geração
O projeto dos tomógrafos de 4ª geração consistia de um conjunto
detector composto por um arco de 360° (contendo 4000 unidades,
em média) que se mantinha estacionário, enquanto o tubo de Raios
X rotacionava ao redor do paciente.
Uma vantagem dos equipamentos desta geração: grande
quantidade de fótons de Raios X no detector alta amostragem
das projeções minimização dos artefatos de descontinuidade.
Era possível também, calibrar e normalizar (equalizar) o sinal em
cada detector, isto evitou artefatos do tipo anel.
Desvantagens:
Como cada detector era atingido por fótons provenientes de feixes muito
largos, isto produzia muita radiação espalhada.
Alto custo do equipamento devido ao número de elementos detectores.
Gerações dos tomógrafos
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Gerações dos tomógrafos
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Quinta Geração - EBCT


Os tomógrafos desta geração foram construídos entre 1980 e 1984
com a finalidade de aplicação em exames cardíacos. Os
tomógrafos por feixe de elétrons (electron beam computer
tomography – EBCT) eram capazes de obter imagens do coração
praticamente sem movimento, pois conseguiam adquirir imagens em
50ms minimizando assim artefatos de movimento, inerentes às
imagens cardíacas.
Nestes equipamentos, a rotação da fonte era obtida por meio de
campos magnéticos, atingindo anéis de tungstênio, gerando
radiação X. Os fótons de Raios X atravessavam o paciente e eram
capturados por detectores que estavam posicionados em oposição
aos anéis de tungstênio. Neste sistema, tanto a fonte (anéis-alvo)
quanto os detectores eram estacionários.
Gerações dos tomógrafos
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Gerações dos tomógrafos
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Helicoidal
Pode-se dizer que esta é uma variação da 3ª geração de
equipamentos de tomografia. O que tornou a tomografia helicoidal
ou espiral possível foi o desenvolvimento de uma nova tecnologia
conhecida por slip ring (anéis deslizantes), que eliminou o problema
dos cabos de alta tensão que limitavam as aquisições na 3ª
geração.
Assim, tornou-se viável a aquisição das projeções enquanto a mesa
se movimentava, obtendo-se imagens volumétricas. Como resultado
do movimento combinado entre a rotação do sistema tubo-
detectores e do movimento da mesa, a fonte de Raios X se movia
como se formasse um padrão helicoidal ao redor do paciente.
Gerações dos tomógrafos
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Outro conceito importante criado neste período foi o fator de passo


(pitch), definido pelo movimento da mesa do paciente a cada 360°
de rotação do tubo de Raios X e pela largura do feixe de Raios X.
Gerações dos tomógrafos
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Multidetectores (multislices)
Apesar dos grandes avanços obtidos com a tomografia helicoidal,
algumas aplicações clínicas, como a angiografia por tomografia
exigia cobertura de volumes maiores, porém os equipamentos
helicoidais contendo uma fileira para aquisição não eram rápidos o
suficiente para obterem imagens de boa qualidade no pico de
concentração do material de contraste nas veias e artérias do
paciente.
Diante de necessidades como esta, os fabricantes desenvolveram os
equipamentos de múltiplos detectores. O primeiro equipamento com
esta tecnologia é de 1998 com a configuração de quatro fileiras
detectoras que faziam aquisições simultâneas, agilizando o processo
de obtenção das imagens.
Gerações dos tomógrafos
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Gerações dos tomógrafos
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Na tomografia de uma única fileira detectora (single slice), a


espessura de corte era determinada pela abertura do colimador, o
que era bom para aumentar a quantidade de fótons de raios X que
atingia o paciente.
Porém, a resolução espacial
piorava, pois a quantidade
de radiação espalhada
aumentava no paciente e,
consequentemente, esta
atingia os detectores
elevando o ruído, o que
comprometia a visualização
de estruturas importantes em
um exame.
Gerações dos tomógrafos
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Nos equipamentos de múltiplos


detectores, a colimação (n x d)
passou a ser determinada pela
combinação, entre o tamanho do
elemento detector (d) associado à
quantidade de fileiras de
detectores selecionadas (n); a
espessura de corte pode ser
escolhida entre as possibilidades
de cada colimação
Gerações dos tomógrafos
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Os fabricantes escolheram construir as fileiras detectoras de duas


maneiras:
homogêneas - todas as fileiras com o mesmo tamanho de detector
Híbridas - fileiras com tamanhos diferenciados
Atualmente, encontram-se equipamentos com 4, 8, 16, 32, 40, 64,
128 e 320 fileiras detectoras.

Homogêneos

Híbridos
Gerações dos tomógrafos
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Exemplo: um equipamento de 16 fileiras possui, em média, 750


detectores por fileira, chegando a um total de 12 mil detectores
individuais. Os arranjos entre as fileiras detectoras podem ser
exemplificados para um equipamento de 16 fileiras com espessura de
detector de 0,625 mm (colimação = 16 x 0,625 mm), é possível
selecionar espessuras de corte de 0,625, 1,25, 2,5 e 5,0 mm, gerando
16, 8, 4 e 2 imagens, respectivamente.
Equipamento
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A reconstrução tomográfica exige que sejam realizadas


exposições em vários ângulos para reconstruir a informação
de uma seção transaxial. Para tanto, o tubo de raios-X e o
sistema de detecção de radiação são montados em uma
estrutura circular móvel, que é denominado gantry.
Usualmente o gantry descreve a estrutura que abriga o tubo
de raios-X, o sistema de detecção de radiação, colimadores e
o circuito de rotação. Em certos casos, o gantry também
abriga um pequeno gerador de raios-X de alta frequência.
Equipamento
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Equipamento
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Gantry - Trata-se da estrutura principal do equipamento de


tomografia, pois em seu interior encontram-se:
tubo de raios X
sistemas elétricos que possibilitam a geração da radiação
conjunto de detectores
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Equipamento
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Na parte externa, localizam-se os comandos para movimentar


a mesa e inclinar o próprio gantry em aplicações específicas,
além do sistema laser para alinhamento do paciente, que
permite o correto posicionamento em relação ao isocentro do
equipamento no plano x-y (axial ou transversal), o plano x-z
(coronal) e o plano y-z (sagital).
Equipamento
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Painel de controle para ajuste da mesa e do Gantry.


Equipamento
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Gerador: baixa e alta frequência


Os primeiros equipamentos de
tomografia operavam com geradores
trifásicos de baixa frequência (60 Hz)
que se conectavam ao tubo de raios X
por meio de longos cabos de alta
tensão, pois ficavam localizados fora
do gantry. Esses cabos impediam que o
tubo girasse continuamente sem antes
retroceder e então executar a próxima
aquisição axial, que era realizada
fatia por fatia (sistemas não Equipamento de 3ª
helicoidais). geração
Equipamento
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Os circuitos atuais são de alta frequência (3kHz) e funcionam


transformando a baixa tensão de entrada da rede elétrica
em alta tensão que alimenta o tubo de raios X para produção
da radiação. Por serem pequenos, todos os circuitos que
compõem o gerador ficam dentro do gantry e giram ao redor
do paciente.
Rotação contínua do
conjunto fonte-detector

Helicoidal com tecnologia


de anéis deslizantes
Equipamento
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Tubos de raios-X - O funcionamento de um tubo de raios X


utilizado na tomografia computadorizada segue os mesmos
princípios de um tubo da radiologia convencional.
Devido às necessidades da tomografia helicoidal e de
multidectetores, que permitem a aquisição de imagem de
grandes extensões do corpo de forma contínua por tempos de
até 60s de irradiação com altas correntes, estes tubos
necessitam de uma capacidade térmica maior, tanto no
armazenamento, quanto na dispersão do calor produzido no
processo de geração dos raios X.
Equipamento
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Os tubos convencionais de vidro (borosilicato) deram lugar a tubos


com revestimento metálicos e isolantes cerâmicos entre o anodo e
catodo.
Os anodos ficaram mais espessos e maiores - diâmetro de 200 mm
comparados aos 120 mm dos convencionais. Melhorando a relação
de troca de calor.
São utilizados novos materiais para o anodo. A base foi substituída
por uma de grafite, que tem uma capacidade dez vezes maior que
o tungstênio para dissipar o calor e é mais leve, o ponto focal
permaneceu o mesmo.
A vida útil: tubo para tomo de 10 mil a 40 mil horas, dependendo
dos cuidados com sua utilização, enquanto os tubos convencionais
duram aproximadamente mil horas.
Equipamento
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Filtros – São utilizados com o mesmo propósito da radiologia


convencional, com formatos similares aos utilizados na
mamografia.
Os fabricantes utilizam um filtro com formato geométrico
semelhante a uma gravata borboleta (bow tie filter)
posicionado entre o tubo e o paciente. A geometria deste
filtro consiste em ser mais espesso nas extremidades que na
região central para poder compensar o formato elíptico o
corpo humano. Com isso, as regiões centrais do corpo, que são
mais espessas, recebem uma quantidade maior de radiação
que as regiões periféricas (mais finas) e o fluxo de radiação
que atingirá os detectores será mais uniforme.
Equipamento
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Equipamento
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Colimadores – Nos equipamentos de tomografia existem dois


tipos de colimadores:
Pré-paciente: fica posicionado entre o tubo de raios X e o paciente,
interceptando o feixe de raios X; tem a mesma função do colimador
da radiologia convencional, reduzir a dose no paciente e melhorar
a qualidade da imagem. Nos equipamentos com uma fileira
detectora têm, ainda, a função de definir a espessura do corte
tomográfico.
Pós-paciente (pré-detector): tem a finalidade de minimizar a
radiação espalhada pelo paciente.
Equipamento
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Detectores – Após interagir com o paciente, os fótons de


radiação sensibilizarão os detectores no equipamento de
tomografia e serão quantificados e processados por um
sistema eletrônico associado a estes detectores. Ao se escolher
um sistema de detecção busca-se:
Estabilidade: é a constância ou consistência com a qual um detector
responde;
Eficiência: é a capacidade que um sistema detector tem para
capturar, absorver e converter os fótons de raios X em sinais
elétricos;
Faixa dinâmica: descreve a razão entre o maior e o menor sinal
capaz de ser medido pelo sistema detector;
Tempo de resposta: refere-se à rapidez com a qual o detector
consegue diferenciar dois eventos de radiação distintos.
Equipamento
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São dois os tipos de detectores associados aos equipamentos de TC:


detectores à gás e detectores cintiladores. O primeiro tipo foi utilizado na
terceira geração dos equipamentos de tomografia, mas atualmente não
são mais encontrados.
Resumidamente, os detectores a gás convertem a radiação incidente
diretamente em sinais elétricos, enquanto que os cintiladores convertem a
radiação em luz e depois esta luz é convertida em sinal elétrico.
Equipamento
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Detectores cintiladores: a configuração de um sistema deste tipo


consiste em um material cintilador como o tungstato de cádmio
(CdWO4) coberto por um material refletor e acoplado a
fotodiodos.
Ao longo do tempo vários tipos de materiais foram testados para se
obter uma melhor eficiência e melhor qualidade de imagem.
Analisando a Eficiência Quântica Detectável (detective quantum
efficiency - DQE) dos detectores cintiladores encontram-se níveis
entre 98 % e 99,5 %.
Equipamento
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Controle automático de exposição (AEC): Pensando em prover


maneiras de diminuir a dose de radiação nos exames de
tomografia, os fabricantes desenvolveram um sistema capaz de
ajustar o valor da corrente (mA) dependendo do tamanho do
paciente, tipo de material e ângulo de irradiação.
topograma (scout)
Equipamento
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Equipamento
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Comando do Equipamento - O equipamento de tomografia é


controlado por um computador que contém os softwares e
hardwares necessários para selecionar todos os parâmetros
elétricos, permite a seleção de posicionamento do paciente, registro
do exame e envio das imagens adquiridas para posterior avaliação
dos radiologistas.
Equipamento
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Formação das Imagens
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Reconstrução das imagens


As imagens em tomografia computadorizada são provenientes
de projeções de vários ângulos.
Formação das Imagens
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Formação do sinograma - alinhamento de todas as projeções


ao longo de uma matriz.
Formação das Imagens
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O próximo passo é rearranjar estas informações distribuídas


na matriz do sinograma de forma que elas representem a
região anatômica sob estudo, a partir dos coeficientes de
atenuação dos tecidos irradiados.
Isto é feito por meio de uma operação matemática conhecida
como convolução, que consiste em executar operações entre
matrizes numéricas que contenham as informações
quantitativas das imagens.
A imagem é então visualizada em um campo de visão (field of
view – FOV), que é composto por linhas e colunas da matriz
de visualização.
Formação das Imagens
49

A técnica de reconstrução mais utilizada é a chamada de


convolução em retroprojeção, que pode ser do tipo simples ou
do tipo filtrada. Em uma retroprojeção simples, também
conhecida como método de soma ou da superposição linear,
cada valor de atenuação é adicionado em todos os pixels na
memória do computador ao longo de cada ângulo adquirido.
Formação das Imagens
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Para melhorar a aparência, cada projeção precisa passar por


um filtro de convolução (também chamado de kernel ou
algoritmo de reconstrução) antes da retroprojeção, que nada
mais é do que uma manipulação matemática dos dados de
atenuação de todas as projeções. Este algoritmo de
reconstrução é chamado de projeção retrofiltrada (Filtered
Back Projection – FBP) e é amplamente utilizada nas imagens
de tomografia. Utilizando as mesmas seis projeções, obtemos
um bom resultado de qualidade de imagem.
Dependendo do tipo de filtro aplicado, isso pode influenciar
características das imagens, podendo variar entre filtros de
suavização (smoothing), nitidez (sharp) ou reforço de borda
(edge enhancing).
Formação das Imagens
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Formação das Imagens
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Existem outros métodos para realizar essa filtragem, por


exemplo, utilizando a transformada de Fourier. Esses métodos
são mais suscetíveis aos efeitos de ruído e, normalmente, os
tempos de reconstrução são significativamente altos quando
comparados ao FBP.
Formação das Imagens
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Número CT e a escala Hounsfield


Na radiologia convencional, apenas os fótons transmitidos de
raios X, representados pelos padrões de cinza, são utilizados
para gerar a imagem diagnóstica. Na tomografia
computadorizada, essa intensidade também é importante.
Além disso, a intensidade primária, isto é, sem atenuação,
precisa ser medida para se calcular a atenuação ao longo de
cada fóton entre a fonte e o detector, seguindo a seguinte
relação matemática:
I – Intensidade atenuada por um objeto
I = I 0 e − µx Io – Intensidade não atenuada por um objeto
μ – Coeficiente de atenuação linear
x – Espessura de material
Formação das Imagens
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Considerando que os tecidos não são homogêneos e que o


feixe de raios-X são polienergéticos, assim, a intensidade de
radiação Io é fortemente dependente da energia, tornando o
coeficiente de atenuação linear μ também dependente dela.
Para a visualização direta dos μ, seria necessário realizar
uma comparação entre vários equipamentos em faixas de
energia e filtragem diferentes, o que é inviável.
Então, foi estabelecida uma equação relativa ao coeficiente
de atenuação entre um material de referência e os outros
órgãos e tecidos. Esses valores são conhecidos como “Números
CT”. Utiliza-se a água como referência por que seu número CT
é similar ao dos tecidos moles e também por ser de fácil
obtenção para calibrar os equipamentos.
Formação das Imagens
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Os números de CT variam de -1000 para o ar até +1000


para o osso, com valor zero para água, em unidades
“Hounsfield”.

µT − µ agua μT - coeficiente de atenuação linear do


Núm. CT = K tecido
µ agua μágua - coeficiente de atenuação linear da água
K - constante ou fator de contraste (= 1000)
Formação das Imagens
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Alguns tecidos acompanhados de seus respectivos números CT


e coeficientes de atenuação linear em 125 kVp.

Encontra-se disponível nos


equipamentos clínicos uma faixa entre
-1024 HU até +3071 HU, que
totaliza 4096 (212) tonalidades de
cinza, referente a 12 Bits de
profundidade.
Formação das Imagens
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Formação das Imagens
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Formação das Imagens
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O aumento do contraste nas imagens consegue-se com


introdução de contraste por via oral, retal ou endovenosa, a
depender da aplicação.
Endovenoso - Administrado para o realce das estruturas
vasculares e para aumentar o contraste entre estruturas
parenquimatosas, vascularizadas, hipovascularizadas,
avascularizadas. O contraste iodado não-iônico vem
progressivamente aumentando, devido a diminuição de
número de reações alérgicas adversas comparado ao iônico.
Formação das Imagens
60

As imagens transaxiais obtidas diretamente pelo tomógrafo


podem ser reformatadas através de processamento de
software nos planos sagital, coronal ou mesmo obliquo.
A maioria dos sistemas atuais gera imagens em orientações
não-ortogonais, de forma a proporcionar uma melhor
visualização de detalhes anatômicos. Alguns sistemas oferecem
a inclinação do próprio gantry, de forma a obter diretamente
fatias oblíquas.
Formação das Imagens
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Geralmente, os tomógrafos computadorizados são capazes de


realizar reconstrução tridimensional (CT 3D). Cirurgiões têm
utilizado as CT tridimensionais para simulação de cirurgias.
Alguns softwares permitem a livre rotação da imagem 3D
reconstruída, gerando uma grande
variedade de perspectivas. As aplicações
clínicas da reconstrução 3D incluem
planejamento de cirurgia crânio-facial,
avaliações de pós-operatório,
análise da pélvis, quadril e coluna vertebral.
Qualidade das Imagens
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Dentre os fatores que influenciam a qualidade da imagem em


sistemas de tomografia computadorizada, tem-se a dose de
radiação, o número de medidas de atenuação selecionadas, o
algoritmo de reconstrução (filtros digitais), o tamanho da
matriz de imagem digital e o controle de artefatos;
Aumentando a dose, reduz-se o ruído melhorando a relação
sinal/ruído da imagem (SNR). O incremento da dose costuma
ser mais eficiente no aumento da detectabilidade de baixo
contraste.
Programa de garantia da
63
qualidade em TC
Avaliação de dose no paciente
Índice de Dose para Tomografia Computadorizada (CTDI),
que é definida como a soma da dose absorvida ao longo da
direção axial para uma rotação de 360º do tubo de raios X,
dividido pela espessura irradiada.

1 2
CTDI w = CTDI C + CTDI P
3 3

CTDIc – CTDI medido na região central


CTDIp – média de quatro CTDI medidos na região
periférica
Programa de garantia da
64
qualidade em TC
Para se determinar quais são as doses aplicadas aos
pacientes adultos, utiliza-se um objeto simulador cilíndrico
composto de polimetilmetacrilato (PMMA). Para os exames de
corpo (abdome, coluna lombar, tórax, etc) é utilizado o cilindro
de 32 cm de diâmetro e para a região da cabeça (crânio,
seios da face, etc) emprega-se outro cilindro de 16 cm de
diâmetro.
Programa de garantia da
65
qualidade em TC
O detector de radiação apropriado para este tipo de
avaliação é uma câmara de ionização conhecida como “lápis”
para detecção dos feixes de radiação.
Programa de garantia da
66
qualidade em TC
Porém, os equipamentos atuais utilizados nos exames de
tomografia são helicoidais, além de possuírem o sistema com
múltiplos detectores (multislice). Nos sistemas helicoidais, as
aquisições são caracterizadas por um fator de passo (pitch)
que é definido como a distância percorrida pela mesa de
exames em uma rotação de 360º do tubo de raios X, dividido
pela largura de colimação do feixe de radiação.

p - pitch
I
p= I – distância percorrida pela mesa
nT n – número cortes para cada varredura
T – espessura nominal do corte
Programa de garantia da
67
qualidade em TC
Ainda pode-se medir mAs efetivo
mAs p - pitch
mAsefetivo = mAs – configurado no protocolo do exame
p
Programa de garantia da
68
qualidade em TC
Outra grandeza pode ser definida: o CTDI volumétrico (CTDIvol).
Esta grandeza representa a dose média em uma “fatia” adquirida
no modo helicoidal.
CTDI w CTDIw – CTDI ponderado
CTDI vol =
p p – pitch

CTDI não é a dose real no paciente, ainda não existe norma


regulamentada para esse cálculo real de dose em exame de
tomografia. Esse parâmetro é utilizado para comparação com
uma referência, em uma calibração por exemplo. Ainda pode
ser calculado O Produto Dose Comprimento (Dose Length
Product - DLP). L é o comprimento irradiado durante o exame.
DLP = CTDI vol L
Programa de garantia da
69
qualidade em TC
Avaliação da qualidade da imagem
Para avaliar a qualidade de imagens tomográficas da mesma
forma que em outros sistemas de aquisição de imagem, precisa-se
de um simulador do paciente (phantom).
Programa de garantia da
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qualidade em TC
Programa de garantia da
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qualidade em TC
Precisão do sistema laser (limite de alinhamento aceitável é ≤ 2,0 mm)
Espessura de corte
Incremento entre cortes
Exatidão e posicionamento da mesa
Linearidade espacial
Linearidade do número CT
Resolução de alto contraste
Resolução de baixo contraste
Ruído da imagem
Uniformidade do número CT
Calibração do número CT no Ar
Avaliação da inclinação do gantry(0º, 15º e -15º)
Avaliação de parâmetros elétricos e qualidade do feixe
Programa de garantia da
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qualidade em TC
Durante a implementação dos Programas de Garantia de
Qualidade (PGQ), o foco principal é o paciente. Assim atua-se
minimizando a dose, porém, sempre observando a qualidade
da imagem. Parâmetros que podem ser alterados que
contribuem com essa qualidade:
Tensão (kV)
Corrente e tempo de exposição (mAs)
Fator de passo (pitch)
Combinação de detectores
Filtros e reconstrução
Necessidades especiais de
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instalação
Diversos materiais são empregados no revestimento de salas,
portas e associados com vidro para promover a absorção de
radiação. A proteção necessária para cada fonte de
radiação depende da energia da radiação, a duração de
utilização e a distância que se encontra de área circundantes.
Espaço físico
74

Segundo as Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos


Assistenciais de Saúde do Ministério da Saúde, reservam-se os
seguintes recursos físicos para a implantação de uma unidade de
tomografia computadorizada.

Adicionalmente, o espaço físico deve ser checado quanto ao suporte


estrutural para o peso do equipamento. Necessidades de ar-
condicionado dedicado, são especificadas pelo fabricante.
Espaço físico
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Instalações elétricas
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Usualmente, o próprio fabricante dos equipamentos de tomografia


computadorizada fornece a planta baixa e elétrica necessária às
salas, incluindo a necessidade de pontos de força especiais para
alimentar os próprios equipamentos.
A potência destes equipamentos varia conforme o fabricante,
ficando, porém, na faixa de 50 a 150 kVA, alimentados em
220/380V. Também é comum que os fabricantes exijam a presença
de um estabilizador de tensão na rede, além de um condutor de
aterramento exclusivo para seus equipamentos.
É comum a prática de diminuir-se as luzes durante a execução do
exame. Assim, deve-se mesclar a iluminação fluorescente com
incandescente, controlada por dimmers (dispositivo para diminuir a
intensidade de corrente em uma carga).
Segurança elétrica
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Evitar todo o tipo de contato possível com os condutores


elétricos.
Esperar que pelo menos 10 minutos tenham se passado
desde a última varredura antes de desligar a Fonte de
energia principal. É um tempo suficiente para permitir o
resfriamento do tubo de raios X.
Demais Equipamentos por ambiente
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Segundo as normas de Dimensionamento de Equipamentos Médico


assistenciais do Ministério da Saúde, é recomendado os seguintes
equipamentos auxiliares:
Unidade de anestesia, com ventilador;
sistema de assistência respiratória de parede;
Sistema de monitoração
Carro de emergência
Negatoscópio, na sala de comandos e interpretação de exames
Cuidados especiais na operação
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NBR 6977: "Proteção radiologia - regras básicas de proteção contra raios-


X para fins médicos“.
As melhores imagens de tomografia computadorizada são obtidas
utilizando mesas firmemente seguras e reguladas, filmes de alto contraste e
selecionando a excursão e movimento adequados do tubo de raios-X.
Em alguns exames de tomografia multidirecional, a dose de radiação ao
paciente pode ser elevada, principalmente nos olhos. No caso de estudos
na região do ouvido médio, é recomendada a proteção dos olhos.
A escolha adequada da profundidade do corte e o uso de diafragmas ou
colimadores especializados podem ajudar a reduzir a dose de radiação
para estruturas de interesse.
Artefatos de movimento resultam em raias claras através da imagem
reconstruída, pois o algoritmo de retroprojeção filtrada exige que o objeto
permaneça estático.
Aspectos de Manutenção
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Problemas mecânicos e elétricos são associados às mesas de


exames de tomografia computadorizada: falta de sincronismo do
movimento da mesa com a varredura do gantry. Também são
referidos problemas relacionados a vibrações da mesa.
O condicionamento da rede elétrica é recomendado porque a
habilidade do sistema em produzir imagens livres de artefatos
depende diretamente da qualidade da rede de alimentação do
sistema;
A questão estrutural mais importante no que se refere à tomografia
computadorizada é a capacidade de dissipação de calor do tubo
de raios-X. O superaquecimento induz a deterioramento do tubo.
Quando o tubo de raios-X completa a quantidade de fatias para o
qual é recomendado, deve-se realizar a troca, pois poderá haver
fuga de corrente do tubo, além de degradação da imagem.
Aspectos de Manutenção
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Devido à alta complexidade do equipamento, a manutenção do


software é tão importante quanto a manutenção do próprio
equipamento físico;
É importante a disponibilidade de meios de backup das imagens
adquiridas.
O papel térmico das Dry Printers deve ser protegido do calor, luz e
químicos;
A utilização de filmes de alto contraste para as cópias impressas
dos exames garante a qualidade final do procedimento de
tomografia computadorizada;
Manutenção Preventiva
82

A frequência de manutenções preventivas é geralmente indicada


pelo fabricante. Na ausência de tal informação, recomenda-se
proceder com testes quantitativos mensais, trimestrais e semestrais
de constância de parâmetros de qualidade de imagem.
Instrumentos de teste:
Phantoms para TC
Medidor multiparamétrico (dosímetro, medidor de KVp, etc)
Manutenção Preventiva
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Testes mensais:
Ruído: a comparação do desvio padrão do CT number da ROI
central de um phantom uniforme não deve variar mais de ±10% ou
atingir o valor absoluto de 0,2 Hounsfield;
CT Number Médio: a comparação do valor médio do CT number da
ROI central um phantom uniforme não deve variar mais ±4
Hounsfield de seus valores padrões;
Uniformidade: A diferença entre a ROI central e ROI periféricas em
um phantom uniforme não pode variar mais de ±2 Hounsfield de
seus valores padrões;
Espessura da fatia: A espessura da fatia, dada pela largura meia
altura de um phantom de rampas metálicas não pode variar mais
de ±1 mm para fatias acima de 2 mm ou 50% da espessura da
fatia para fatias menores que 2mm.
Manutenção Preventiva
84

Posicionamento da mesa do paciente: São posicionados marcadores


na mesa do paciente de forma a medir seus deslocamentos. Os
deslocamentos programados de 30 cm para frente e para trás (com
carga equivalente ao peso de uma pessoa e passos de 8 mm) não
podem variar de mais de ±2 mm. Os retornos às posições iniciais
após estes mesmos deslocamentos também não podem variar de
mais de ±2 mm;
Manutenção Preventiva
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Testes Trimestrais:
Resolução Espacial: É calculada a modulação (M) de cada padrão
de barras de um phantom de pares-de-linha. A modulação é dada
pela razão do desvio padrão do CT number de cada par-de-linha
pela subtração do CT number médio do par-de-linha e do fundo da
imagem. O par-de-linha que oferecer modulação próxima de 0,2 é
tido como padrão. A modulação deste par-de-linha não pode
exceder mais de ±15% de seu valor padrão;
Manutenção Preventiva
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Testes Semestrais:
Dose: Um dosímetro é posto dentro um phantom constituído de um
cilindro de 32 cm de diâmetro. A superfície do detector do
dosímetro fica alinhada axialmente com o tomográfo a 1 cm da
superfície do phantom. A dose média durante a rotação do gantry
em uma fatia de 2 mm não deve variar mais de ±20% de seu valor
padrão;
Normas técnicas aplicáveis
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Específicas a TC:
NBR-IEC 60601-1-1: "Equipamento eletromédico. Parte 1-1:
Prescrições gerais para segurança", 1992;
NBR-IEC 60601-1-2: "Equipamento eletromédico. Parte 1-2:
Compatibilidade eletromagnética – Requisitos e testes", 1993;
NBR-IEC 61223-1: "Avaliação e testes de rotina em departamentos
de imagem médica. Parte 1: Aspectos Gerais", 1993;
NBR-IEC 61223-2-6: "Avaliação e testes de rotina em
departamentos de imagem médica. Parte 2-6: Testes de aceitação
– Performance de equipamentos de raios-X para tomografia
computadorizada", 1994;
Fabricantes
88

Alguns fabricantes de TC
Exercício
89

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