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AULA DE QUÍMICA

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS – RAPIDEZ

Cálculos das Constantes de Equilíbrio Kc e Kp

Quando determinadas substâncias reagem entre si, elas o fazem sempre em quantidades
estequiométricas definidas, proporcionais aos coeficientes da equação química corretamente
balanceada.
Uma reação reversível ocorre quando apenas uma parte da quantidade inicial de reagentes se
transforma em certa quantidade de produtos. Essas quantidades permanecem constantes a partir do
momento em que o equilíbrio químico foi estabelecido à temperatura T.
A diferença entre a quantidade inicial de substâncias reagentes e a quantidade que efetivamente
se transformou em produtos é aquela que fica em equilíbrio, na temperatura T.
É importante observar que a quantidade de reagentes e a quantidade de produtos que
permanecem em equilíbrio geralmente não se encontram em proporção estequiométrica.
É a partir dessa quantidade de reagentes que restou em equilíbrio e da quantidade de produtos
formados que é feito o cálculo das constantes de equilíbrio Kp ou Kc na temperatura T.

Cálculos da constante de equilíbrio Kc concentração em mol/L

Considere a seguinte experiência:


A determinada temperatura T, foram colocados em um recipiente fechado, de capacidade igual a 5
litros, uma quantidade de matéria igual a 2 mol de gás nitrogênio, N2(g), e 4 mol de gás hidrogênio.
H2(g). Após certo tempo, verificou-se que a reação havia entrado em equilíbrio e que havia se
formado 1,5 mol de gás amônia, NH3(g).
Qual o valor da constante de equilíbrio Kc à temperatura T?
A primeira providência que devemos tomar é construir uma tabela relacionando os dados
fornecido problema com os coeficientes das substâncias na equação balanceada.

Quantidades envolvidas 1 N2(g) + 3 H2(g) ↔ 2NH3(g)


I. Quantidade de matéria no 2 mol 4 mol zero
início
II. Quantidade de matéria que 0,75 mol 2,25 mol 1,50 mol
reage e que é produzida
III. Quantidade de matéria que 2 – 0,75 = 1,25 mol 4 – 2,25 = 1,75 mol 1,50 mol
permanece em equilibro
IV. Concentração em quantidade 1,25/5 = 0,25 mol . L-1 1,75/5 = 0,35 mol . L-1 1,50/5 = 0,30 mol . L-1
de matéria no equilíbrio.

Analisando os dados esquematizados na tabela, percebemos o seguinte:

*A linha I considera a quantidade inicial de gás amônia, NH3, igual a zero, porque no enunciado
não foi mencionado que havia sido introduzida uma quantidade inicial desse gás no recipiente.
*A linha II foi obtida a partir do cálculo estequiométrico, considerando-se que as quantidades de
matéria de gás nitrogênio e de gás hidrogênio que reagiram devem ser proporcionais a 1,5 mol de
gás amônia que se formou, de acordo com os coeficientes da equação balanceada.
Como a reação ocorre na proporção de 1 N2(g) : 3 H2(g): 2 NH3(g) e como a quantidade de matéria de
amônia formada 1,5 mol – é proporcional ao coeficiente 2 do NH3(g) na equação balanceada,
concluímos que reagiram a metade de N2(g)-0.75 mol - e três vezes essa quantidade de H2(g)-2,25
mol.
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*Na linha III foi feito o cálculo da quantidade de matéria de cada substância que permanece em
equilíbrio. Observe que 0,75 mol de N2(g) e 2,25 mol de H2(g) converteram-se totalmente em 1,5 mol
de gás amônia e permanecerão assim enquanto a temperatura for mantida igual a T.
*Na linha IV foi feito o cálculo em termos de concentração em quantidade de matéria, dividindo-se
a quantidade de matéria de cada gás pelo volume do recipiente (o gás ocupa todo o volume do
recipiente que o contém). Desse modo, a constante de equilíbrio Kc terá o seguinte valor à
temperatura T:

[ NH 3 ]2 [ 0,3 ]2 −2
kc= 3
→ kc= 3
→ kc=8,40(mol / L)
[ N 2 ] .[ H 2] [ 0,25 ] .[0,35]

Acompanhe agora como proceder para calcular a constante de equilíbrio de uma reação em que
todos os participantes estão presentes desde o início.
Em um recipiente fechado de capacidade igual a 5 litros, colocam-se 2 mol de gás hidrogênio, 3
mol de gás iodo e 4 mol de iodeto de hidrogênio. A determinada temperatura T, a reação entra em
equilíbrio e verifica-se a presença de 1 mol de gás hidrogênio no recipiente, Calcular a constante de
equilíbrio Kc à temperatura T.

Quantidades envolvidas 1 H2(g) + 1 I2(g) ↔ 2 HI(g)


I. Quantidade de matéria no 2 mol 3 mol 4 mol
início
II. Quantidade de matéria que 1 mol 1 mol 2 mol
reage e que é produzida
III. Quantidade de matéria que 2 – 1 = 1 mol 3 – 1 = 2 mol 4 + 2 = 6 mol
permanece em equilibro
IV. Concentração em quantidade 1/5 = 0,2 mol . L-1 2/5 = 0,4 mol . L-1 6/5 = 1,2 mol . L-1
de matéria no equilíbrio.

Analisando os dados esquematizados na tabela, concluímos:


* A linha Il parte do seguinte princípio: se foi encontrado 1 mol de H2(g) no equilíbrio é porque dos
2 mol que havia no início apenas 1 reagiu.
A quantidade de matéria de I2(g) que reage e a de HI(g) que é formada são calculadas com base nos
coeficientes da equação balanceada.
* Na linha III faz-se o seguinte cálculo: os reagentes H2(g) e I2(g) foram consumidos: então parte da
quantidade inicial desapareceu.
A quantidade que resta em equilíbrio é a diferença entre o que havia no início e o que foi
consumido. O produto HI(g) foi formado. Sendo assim, a quantidade inicial aumentou. A quantidade
que resta em equilíbrio é a soma do que havia no início com o que se formou. Desse modo:
2
[ 1,2 ] 1,44
kc= → kc= → kc=18
[ 0,2 ] . [0,4 ] 0,08
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Cálculos da constante de equilíbrio Kp – pressão parcial

Considere agora a seguinte experiência:


Em um recipiente fechado, mantido à temperatura constante T, foram introduzidos gás
monóxido de carbono e gás oxigênio, cujas pressões parciais foram determinadas respectivamente
em 2,4 atm e 1.8 atm.
A reação se processou formando gás dióxido de carbono e, após certo tempo, quando o
equilíbrio químico foi atingido, verificou-se que a pressão parcial do gás oxigênio era de 0,75 atm.
Qual a constante de equilíbrio Kp à temperatura T?

Quantidades envolvidas 2 CO(g) + 1 O2(g) ↔ 2 CO2(g)


I. Pressão parcial no início 2,4 atm 1,8 atm zero
II. Pressão parcial dos gases que 2 . 1,05 = 2,1 atm 1,8 – 0,75 = 1,05 atm 2 . 1,05 = 2,1 atm
reagem e do que é produzido
III. Pressão parcial em equilibro 2,4 – 2,1 = 0,3 atm 0,75 atm 2,1 atm
Conforme a Lei de Dalton: a pressão parcial que um gás exerce em uma mistura gasosa é
proporcional à quantidade de matéria desse gás na mistura.

pA nA
Para um gás A: =
Ptotal ntotal
Assim, podemos fazer os cálculos em termos de pressão parcial da mesma forma que faríamos
da constante Kc. O valor de Kp, à temperatura T, será então:

( pCO 2)2 (2,1)2


kp= 2
→kp= 2
→ kp=65,3 atm−1
( pCO) .( pO 2) ( 0,3) .(0,75)

Relação entre as constantes de Equilíbrio Kc e Kp

Sejam as expressões Kc e Kp para a reação genérica, elementar e reversível, na qual todas as


substâncias participantes se encontram na fase gasosa:

aA + bB ↔ cC + dD

[ C ]c .[D]d [ pC ] c .[ pD ]d
kc= a e kp= a
[ A ] . [B]b [ pA ] .[ pB]b
Pela equação de Clapeyron, temos:

P.V=n.R.T
Sendo P= Pressão; V= Volume; n= Quantidade de substância; R= Constante de gases, T =
Temperatura

Da equação de Clapeyron, podemos concluir que P = [ ] . R . T, assim temos:

pC= [C] . R . T; pD= [D] . R . T; pA= [A] . R . T; pB= [B] . R . T


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Substituindo essas igualdades na equação de Kp teremos:

c
[ [C ]. R .T ] .[[ D]. R . T ] d
kp= a b
→ Kp= Kc .(R .T)(c+d) – (a+b)
[ [ A]. R . T ] .[[B]. R .T ]

Através dessa equação pode-se montar as equações de relação entre as constantes de equilíbrio Kc e
kp.

Kp= Kc .(R.T)Δn e Kc=Kp . 1/(R.T)Δn


Nesse caso, Δn envolve apenas os coeficientes das substâncias que participam da reação na fase
gasosa.

Exemplo:
2 CO(g) + 2 NO(g) ↔ 2 CO2(g) + 1 N2(g)

Embora a reação seja espontânea, é muito lenta. Para acelerar a reação, a mistura gasosa passa por
condutores de cerâmica impregnados de óxido de alumínio, Al2O3(s), e uma liga de paládio e ródio.
Dados R= 0,082 atm . L.mol-1 . K-1e K=ºC + 273.

a) Em um recipiente de 10 L a 27 ºC foram colocados, inicialmente, 5 mol de CO(g) e 2 mol de


NO(g). O equilíbrio foi estabelecido quando 1,8 mol de NO(g). (90%) reagiu. Qual a pressão parcial
de cada gás no sistema em equilíbrio químico?

Quantidades envolvidas 2 CO(g) + 2 NO(g) ↔ 2 CO2(g) + 1 N2(g)


I. Início (mol) 5 2 0 0
II. Reagem e forma 1,8 1,8 1,8 0,9
III. Equilibro (mol) 3,2 0,2 1,8 0,9

Cálculo da pressão parcial, p, de cada gás: p(gás) . V = n(gás) , R . T

CO → pCO . 10 = 3,2 . 0,082 . (27 + 273) → pCO=7,9 atm


NO → pNO . 10 = 0,2 . 0,082 . (27 + 273) → pNO =0,49 atm
CO2 → pCO2 . 10 = 1,8 . 0,082 . (27 + 273) → pCO2 =4,4 atm
N2 → pN2 . 10 = 3,2 . 0,082 . (27 + 273) → pN2 =2,2 atm

b) Calcule a constante de equilíbrio em função das pressões parciais.


2 2
[ pCO 2 ] .[ pN 2]1 [ 4,4 ] . [2,2]1
kp= 2 2
→ kp= 2 2
→ kp=2,84 atm−1
[ pCO ] . [ pNO ] [ 7,9 ] .[ 0,49]
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c) Calcule a constate de equilíbrio em função da concentração.

Δn
Kc=Kp .1/(R.T) → Kc= 2,84/(0,082.300)(2+1)-(2+2)→Kc=2,84/(24,6)-1 →
Kc=69,9 (mol/L)-1

Exercícios:

1. São colocados para reagir 6,0 mol de NO2(g) e 7 mol de SO2(g), em um recipiente de 1,0
litro, cuja reação é a seguinte:

1 NO2(g) + 1 SO2(g) ↔ 1 NO(g) + 1SO(g)


Quando o equilíbrio químico é estabelecido, 4,5 mol de NO(g) são formados. Qual o valor
da constante de equilíbrio Kc dessa reação?

2. Analise a equação, no equilíbrio valem respectivamente;0,8 atm, 0,2 atm e 1 atm. Qual o
valor de Kp?

N2(g) + O2(g) ↔ 2 NO(g)


3. A reação para a formação do NOCl(g), foi estudada a 25 ºC. Nessa temperatura, e a partir de
determinadas condições iniciais, as pressões encontradas no equilíbrio foram: pNOCl = 1,2
atm; pNO = 5,0 . 10-2 atm e pCl2 = 3,0 . 10-1.(dados: R= 0,082 atm. L.atm-1 . K-1e K=ºC +
273)

2 NO(g) + 1 Cl2(g) ↔ 2 NOCl(g)

a) Escreva a expressão Kp dessa reação.

b) Calcule o valor de Kp para essa reação a 25 ºC.

c) Com o resultado do item b, calcule o Kc para essa reação.

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