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Prólogo

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Tradução:Ellie Holt
Revisão: Ane Holder
SOBRE DEEP
Fique ligado a noite toda com os roqueiros sexys da Stage Dive, a série
de romance rockstar épico da Autora Kylie Scott, New York Times
bestselling, autora de Lick, Play e Lead.

Na cidade do pecado, você tem que ir com tudo ou voltar para casa...

Ben Nicholson é o único homem que alguma vez a garota comum Lizzy
Rollins se sentir completamente segura e louca de desejo ao mesmo
tempo. O problema é, Ben é o baixista irresistivelmente sexy da Stage
Dive, e, não importa o quanto Lizzy deseje de outra forma, ele só está
interessado em se divertir. Além disso, Lizzy nunca teve chance – a
menos que ela possa fazê-lo ver além do fato de ela ser a irmãzinha do
seu parceiro de banda.

Quando Lizzy se encontra em problemas em Las Vegas, Ben está lá


para ajuda-la. Mas depois de um grande erro, os dois rapidamente
aprendem que o que acontece em Vegas nem sempre fica em Vegas.
Agora Lizzy e Ben estão conectados da forma mais profunda possível...
mas isso vai levar a alguma outra coisa?
Como sempre, para Hugh
AGRADECIMENTOS
Obrigada a todos os leitores, avaliadores, bloggers, parceiros, leitores
beta, amigos, família, editores, assistentes de edição, formatadores,
artistas, modelos, fotógrafos, promotores, recepcionistas, assistentes
de venda, livrarias e qualquer bicho de estimação que qualquer um de
vocês tenham, por me acompanhar na jornada da Stage Dive. Eu não
poderia ter feito isso sem vocês.
Vocês arrasam.
PRÓLOGO
Positivo.
Eu reli as instruções, fiz o meu melhor para alisar os vincos da
folha de papel com uma mão. Duas linhas quer dizer positivo.
Apareceram duas linhas no teste. Não, não é possível. Meu olhar foi
para uma e outra linha, desejando que uma delas mudasse. Eu sacudi o
teste e o virei para cima e para baixo. Eu encarei e encarei, mas assim
como o primeiro que estava abandonado ao lado da pia, a resposta
permaneceu a mesma.
Positivo.
Eu estava grávida.
“Porra.”
A palavra ecoou pelo pequeno banheiro, batendo nas paredes
brancas e voltando para a minha cabeça. Essa merda não deveria estar
acontecendo. Eu não infringi as leis ou usei drogas. Não desde aquele
incidente depois que o papai foi embora. Eu estava estudando muito
para o meu grau de psicologia e eu me comportei. Na maior parte do
tempo. Mas aquelas duas linhas definidas estavam ali realçadas e
orgulhosas na janelinha do teste de gravidez, me provocando, a
evidência irrefutável mesmo quando eu pisco ou desvio o olhar.
“Porra.”
Eu mãe de alguém. Não.
O que diabos eu ia fazer?
Eu sentei na borda da banheira com a minha calcinha preta, com
estampa de ganso. Do lado de fora, um galho sem folhas entrava e saia
da vista, balançado pelo vento. Além disso o infinito céu cinzento de
uma Portland em Fevereiro. Que tudo isso se foda. Todos os meus
sonhos e planos, minha vida inteira, mudados pelo que dizia um
estúpido pedaço de plástico. Eu só tenho vinte e um anos, pelo amor de
Deus, nem ao menos estou em um relacionamento.
Ben.
Ah, cara. Nós mal nos falamos em meses, e quanto a eu fazer o
meu melhor para evitar qualquer situação onde ele poderia estar
presente? As coisas têm sido um pouco estranhas desde que eu o
expulsei do meu quarto de hotel em Vegas sem as calças.
Eu tinha acabado com ele. Terminado. Destruído.
Meu útero aparentemente não concordava.
Nós fizemos sexo uma vez. Uma vez. Um segredo que há muito
tempo eu decidi levar para o túmulo. Ele nunca dizer a ninguém era um
fato. Mas ainda assim, seu pênis entrou na minha vagina apenas uma
vez, e eu o vi colocando a camisinha, maldição. Eu deitada esparramada
na cama king-size, tremendo de excitação, e ele estava meio que
sorrindo. Tinha um calor nos seus olhos, uma suavidade. Dada a tensão
óbvia correndo pelo seu corpo grande, isso tinha parecido tão estranho
e ainda assim maravilhoso. Ninguém nunca tinha olhado para mim
daquele jeito, como se eu significasse tudo.
Um calor indesejado preencheu meu peito com a lembrança.
Fazia tanto tempo desde que eu pensei nele como qualquer outra coisa
que ugh.
De qualquer forma, aparentemente alguém tinha estragado
alguma coisa no seu turno na fábrica de preservativos e aqui estamos
nós.
Grávida. Eu olhava sem ver o meu jeans skinny, descartado no
chão. Claro, elas ainda serviam. Bem, o fecho subia até a metade e o
botão estava fora de cogitação. A pressão que ele fazia na minha
barriga definitivamente era um não vai fechar. As coisas estavam
mudando tão rápido. Eu estava mudando.
Normalmente, eu ganhava mais peso na parte de trás do que na
frente. Mas pela primeira vez na minha vida, eu tinha atributos. Não o
bastante para conseguir um emprego no Hooters ou algo do tipo, mas
ainda assim. E por mais que eu queira acreditar que Deus finalmente
atendeu as minhas preces de adolescente, quando você soma todas as
evidências, não era bem assim. Eu tinha uma pessoa crescendo dentro
de mim. Um pequeno bebê com o formato de um feijão feito de partes
iguais minhas e dele.
Muito louco.
O que vestir essa noite, entretanto, era a última das minhas
preocupações. Se ao menos eu pudesse me esquivar de ir. Ele vai estar
lá, em todos os seus 1,94 metros de estrela do rock. Só o fato de vê-lo
me virava do avesso, me deixando nervosa. Meu estômago afundou, a
náusea correu por mim. O vômito correu, enchendo a minha garganta e
me dando ânsia. Eu simplesmente despejei no vaso bem na hora e
perdia o pouco que eu tinha almoçado. Dois Oreos e meia banana,
saindo, saindo... saindo em um jato quente.
Eca.
Eu gemi alto e limpei a boca com as costas da minha mão, dei
descarga e cambaleei em direção a pia.
Whoa. A garota no espelho parecia lamentável, o rosto muito
pálido e o cabelo louro longo caindo em mechas molhadas. Que
bagunça. Eu nem ao menos podia me obrigar a olhar os meus próprios
olhos.
Eu não reparei que eu tinha deixado o teste de gravidez cair até
que eu estava de pé em cima dele. Meu calcanhar o pressionou, fazendo
sua própria música. O plástico estalou e se partiu, o barulho foi
estranhamente bom.
Eu apenas continuei pisando, de novo e de novo, estraçalhando o
filho da puta, arrastando-o pelo chão de madeira. Deus sim, as boas
vibrações fluíram. O primeiro teste irá ter o mesmo destino em breve.
Eu não parei até eu estar ofegante e restarem apenas destroços no
chão. Eu me sentia muito melhor.
Então eu fui fecundada por uma estrela do rock.
Grande coisa.
Respire fundo. Okay.
Eu vou lidar com isso como uma adulta, me recompor e ir falar
com Ben. Nós fomos amigos uma vez. Ou algo assim. Eu poderia
continuar falando com ele sobre as coisas. Especificamente, coisas
relacionadas à nossa prole chegando em, oh... sete meses mais ou
menos.
Sim, eu poderia, eu iria.
Assim que o meu ataque de raiva passasse.

***
“Você está atrasada. Venha aqui,” minha irmã, Anne, disse,
agarrando a minha mão e me arrastando através da porta. Não que eu
estivesse espiando lá de fora, me escondendo e hesitando. Muito.
“Desculpa.”
“Eu pensei que você ia me abandonar. De novo.” Ela me deu um
apertão rápido e carinhoso, então tirou o casaco dos meus ombros. Ele
foi jogado em uma cadeira próxima que já estava carregada com outros
casacos. “Todo mundo já está aqui.”
“Ótimo,” eu murmurei.
Verdade seja dita, já tinha bastante barulho lá dentro do loft
multimilionário no Pearl District.
Anne e eu não tínhamos dinheiro. Muito pelo contrário. Se não
fosse por ela me encorajando a procurar bolsas de estudos e me
apoiando financeiramente pagando pelos meus livros, etcetera, eu
nunca teria entrado na faculdade. No ano passado, porém, minha irmã
normalmente sensível e moderada se viu de alguma forma amigada
com a realeza do rock ‘n’ roll.
Eu sei, certo? Como tudo isso aconteceu ainda me confunde, de
alguma forma. Entre nós duas, eu sempre fui a que desempenhou o
papel de animada. Sempre que Anne ficava para baixo, eu a colocava
para cima de novo, preenchia o espaço com conversas e continuava
sorrindo mesmo debaixo da chuva. E agora aqui estava ela, bem na
vida e completamente apaixonada, feliz de verdade pela primeira vez
desde sempre. Isso era maravilhoso.
Detalhes sobre o romance selvagem deles variavam de vagos
para nenhum. Mas um pouco antes do natal, ela e Malcolm Ericson, o
baterista da Stage Dive (só a mais famosa banda de rock de todos os
tempos), tinham juntado as escovas de dentes. Eu agora era contada
como parte da numerosa comitiva da banda. Para ser justa, eles me
acolheram de braços abertos desde o início. Eles eram boas pessoas.
Era apenas o pensamento de vê-lo que me reduzia a uma pilha de
nervos com a super habilidade de vomitar.
“Você nunca vai adivinhar o que aconteceu.” Anne passou o braço
pelo meu, me levando em direção a mesa de jantar.
Em direção a minha destruição.
Um grupo de sete pessoas estavam sentadas com bebidas nas
mãos, rindo e conversando. Eu acho que era The National que estava
tocando baixinho no sistema de som. As velas brilhavam com luzes
pequenas e cintilantes acima da cabeça das pessoas. Minha boca
salivou apesar do meu estômago enjoado, com o cheiro de toda a
deliciosa comida que preenchia o ar. Uau, Anne e Mal foram mesmo
com tudo com a comemoração do aniversário de dois meses de
casamento.
De repente a minha calça preta justa e a túnica azul claro (um
modelo de linha solto que de forma alguma abraçaria ou marcaria a
cintura) parecia insuficiente. Apesar de que era difícil ficar glamorosa
com uma sacola plástica no bolso apenas no caso de você precisar
descarregar.
“O que aconteceu?” eu perguntei, arrastando os meus pés cada
vez mais lento.
Ela se inclinou e sussurrou teatralmente, “Ben trouxe uma
pessoa.”
Tudo parou. E eu quis dizer tudo. Meus pulmões, meus pés…
tudo.”
Uma careta passou pelo rosto de Anne. “Liz?”
Eu pisquei, voltando lentamente a vida. “Sim?”
“Você está bem?”
“Claro. Então, um, Ben trouxe alguém?”
“Você pode acreditar nisso?”
“Não.” Eu realmente não podia. Meu cérebro tinha parado, assim
como todo o resto. Não tinham outras pessoas no meu plano de falar
com Ben essa noite.
“Eu sei. Tem uma primeira vez para tudo. Eu acho. Todo mundo
está pirando um pouco, pensando que ela é boa o bastante.”
“Mas Ben não tem encontros,” eu disse, minha voz soando meio
vazia, como se fosse um eco vindo de algum lugar distante. “Ele nem ao
menos acredita em relacionamentos.”
Anne inclinou a cabeça, sorrindo ligeiramente. “Lizzie, você não
está mais apaixonadinha por ele, não é?”
“Não.” Eu deixei sair uma risada. Como se fosse possível. Ele me
desiludiu desses pensamentos idiotas, em Vegas. “Tanto é que a minha
taça está cheia e o não está pingando no chão”
“Bom.” Ela suspirou feliz.
“Lizzy!” Uma voz profunda soou.
“Hey, Mal.”
“Diga oi para a sua tia Elizabeth, filho.” Meu novo cunhado jogou
um filhote preto e branco direto para mim. Uma linguinha molhada
passou pelos meus lábios, e um hálito quente de filhote, com cheiro de
biscoito canino, foi em direção ao meu rosto.
Nada bom.
“Whoa.” Eu me inclinei para trás, tentando respirar através da
urgência de vomitar novamente. Gravidez era ótimo.
“Oi, Killer.”
“Passe-o para mim,” Anne disse. “Nem todo mundo quer beijar
um cachorro de língua, Mal.”
O homem louro e muito tatuado sorriu, entregando a bolinha de
pelos. “Mas ele é um ótimo beijoqueiro. Eu mesmo o ensinei.”
“Infelizmente, isso é verdade.” Anne colocou o filhote debaixo de
um braço, fazendo carinho na cabeça dele. “Como você está? Você disse
que estava se sentindo mal, no outro dia no telefone.”
“Tudo bem,” eu menti. Ou menti parcialmente. Depois de tudo, eu
definitivamente não estava doente.
“Você foi ao médico?”
“Não foi necessário.”
“Por que eu não marco uma consulta para amanhã, só para
garantir?”
“Não é necessário.”
“Mas –”
“Anne, relaxa. Eu estou te dizendo, eu não estou doente.” Eu dei o
meu sorriso mais brilhante. “Eu prometo, estou bem.”
“Tudo bem.” Ela colocou o filhote no chão e puxou uma cadeira
no meio da mesa. “Eu guardei um lugar para você perto de mim.”
“Obrigada.”
Então foi (comigo tentando não vomitar enquanto limpava saliva
canina do meu rosto) quando eu o vi. Ben, sentado do outro lado,
olhando direto para mim. Aqueles olhos escuros... e imediatamente
olhei para baixo. Ele não me afeta. Ele não me afeta. Eu apenas não
estava pronta para encarar isso. Essa situação entre eu e ele e aquele
quarto em Vegas e as consequências que estavam crescendo na minha
barriga.
Eu não podia fazer isso, não ainda.
“Hey, Liz,” ele disse, a voz profunda calma e casual.
“Hey.”
Sim. Eu o tinha superado. A coisa do encontro tinha me
balançado, mas agora eu tinha voltado aos trilhos. Eu apenas teria que
reprimir qualquer sentimento de infelicidade sorrateiro, e os esquecer.
Eu me aproximei, arriscando uma espiada apenas para encontra-
lo olhando para mim cautelosamente. Ele tomou um pouco de cerveja e
abaixou a garrafa, passando o polegar pela boca para limpar uma gota
perdida. Em Vegas, ele tinha gosto de cerveja, luxúria e necessidade. A
mistura mais vertiginosa. Ele tinha lábios lindos, rodeados
perfeitamente por sua barba macia. Seu cabelo tinha crescido nas
laterais raspadas e estava mais longo em cima em um corte hipster, e
honestamente, ele parecia meio desgrenhado, selvagem.
E grande, ele sempre parecia grande.
Um piercing prateado na lateral do nariz e ele estava usando uma
camisa xadrez verde, o botão de cima aberto para mostrar o pescoço
grosso e a borda da tatuagem de rosa negra. Jeans caros e botas pretas
acompanhavam. Tirando o casamento em Vegas, e mais tarde aquela
noite no meu quarto, eu nunca o tinha visto sem jeans.
Eu te garanto, não tem nada de mal nesse homem nu. Tudo era
como tinha que ser e mais ainda. De fato, ele parece bastante com um
sonho virando realidade.
Meu sonho.
Eu engoli, ignorando meus mamilos rígidos enquanto eu afastava
a memória e a mandava para onde ela tinha que ficar. Junto com as
canções da Hannah Montana, as histórias dos personagens de Vampire
Diaries, e outras coisas inúteis e informações potencialmente perigosas
que eu reuni ao longo do tempo. Nada disso importava mais. A sala
ficou quieta. Que estranho.
Ben puxou o colarinho da blusa, e se moveu no seu assento.
Por que diabos ele estava olhando para mim?
Talvez porque eu ainda estava olhando para ele. Merda. Meus
joelhos desistiram e eu caí na cadeira com um baque surdo. Eu mantive
os meus olhos baixos porque olhar para baixo era seguro. Contanto que
eu não olhasse para ele ou para o seu encontro, eu me manteria fina e
elegante. O jantar não poderia durar mais de três ou quatro horas. Sem
preocupações.
Eu meio que levantei a mão em cumprimento. “Oi, pessoal.”
Oi e olás e suas variações foram ditos.
“Como você está, Liz?” Ev perguntou, de um lugar mais abaixo na
mesa. Ela estava sentada ao lado do seu marido, David Ferris, o
guitarrista e compositor da Stage Dive.
“Ótima.” Merda. “E você?”
“Bem.”
Eu respire fundo e sorri.
“Excelente.”
“Você tem estado ocupada com a faculdade?” Ela pegou um
prendedor e amarrou o cabelo louro em um rabo de cavalo. Deus
abençoe a garota. Ao menos não era só eu mantendo isso casual. “Nós
não te vemos desde o natal.”
“Sim, ocupada.” Vomitando e dormindo na maior parte do tempo.
Gestando. “Aulas e essas coisas, você sabe.”
Normalmente eu tinha uma história interessante a contar sobre
os meus estudos em psicologia.
Hoje, nada.
“Certo.” Seu marido passou um braço em volta dos ombros dela e
ela se virou e sorriu para ele, olhos amorosos e nossa conversa
esquecida.
O que era ótimo para mim.
Eu passava a ponta da minha bota para lá e para cá no chão,
olhando para a direita e para a esquerda e para qualquer lugar que não
para frente. Eu brinquei com a bainha da minha túnica, enrolando um
fio perdido no meu dedo até ele ficar roxo. Então eu o soltava. Isso
provavelmente não era bom para o grão de feijão. Amanhã eu
precisaria começar a aprender coisas sobre bebês. Ir a fundo, porque
me livrar do grão de feijão... não era para mim.
A acompanhante riu de alguma coisa que ele disse e eu senti uma
dor aguda dentro de mim. Provavelmente gases.
“Aqui.” Anne encheu a taça na minha frente com vinho branco.
“Oh. Obrigada.”
“Experimente,” ela disse com um sorriso. “É doce e meio que
tonificante. Eu acho que você vai gostar.”
Meu estômago virou do avesso só com o pensamento. “Talvez
mais tarde. Eu bebi um pouco de água bem antes de eu chegar. Então...
eu não estou com muita sede agora.”
“Tudo bem.” Seus olhos se estreitaram enquanto ela me dava
aquele-sorriso-estranho. O qual muito logo se transformou em uma
linha infeliz. “Você parece um pouco pálida. Você está bem?”
“Com certeza!” Eu assenti, sorrindo, e me virando para a mulher
que estava do meu outro lado antes que Anne me arrastasse ainda
mais no assunto. “Oi, Lena.”
“Lizzy. Como você está?” A morena curvilínea segurava a mão do
seu parceiro, Jimmy Ferris, o vocalista principal da Stage Dive. Ele
sentou na cabeceira da mesa, resplandecendo em um terno que sem
dúvida foi feito a mão. Quando ele me viu ele me deu um daqueles
cumprimentos de queixo que os garotos pareciam ser especializados.
Isso dizia tudo. Ou ao menos dizia tudo quando tudo que eles queriam
dizer era Hey.
Eu devolvi o cumprimento. E todo esse tempo eu podia sentir
Anne pairando ao meu lado, a garrafa de vinho ainda na mão e a
preocupação de irmã mais velha crescendo, arranhando o chão e se
preparando para atacar. Eu estava muito ferrada. Anne tinha me criado
desde os catorze anos, quando nosso pai deixou a nossa mãe cuidando
da gente – que um dia apenas foi para a cama e não se levantou de
novo. Desde então a necessidade de educar de Anne saiu um pouco do
controle. O que quer que ela diga sobre o grão de feijão eu não quero
nem pensar. Não vai ser bonito.
Mas um problema de cada vez.
“Tudo bem, Lena,” eu disse. “E você?”
Lena abriu a boca. O que quer que ela estava prestes a dizer,
entretanto, foi perdido com o repentino soar de uma bateria e uma
guitarra insanamente alta. Pareceu como se o inferno estivesse
explodido ao nosso redor. O Armageddon tinha chegado.
“Baby,” Anne gritou para o seu marido. “Nada de metal durante o
jantar! Nós conversamos sobre isso.”
O dito “baby”, Malcolm Ericson, parou de mover a cabeça na
cabeceira da mesa. “Mas, Pumpkin –”
“Por favor.”
O baterista revirou os olhos e, com um estalar de dedos, silenciou
a tempestade que saia do sistema de som. Meus ouvidos ficaram em
silêncio.
“Cristo,” Jimmy murmurou. “Tem hora e lugar para uma merda
dessas. Tipo nunca quando eu estiver por perto, tá?”
Mal olhou por sobre o nariz para o homem elegante. “Não seja
tão rígido, Jim. Hemorrhaging Otter faria uma maravilhosa
apresentação de abertura.”
“Você está falando sério, porra? Esse é o nome deles?” David
perguntou.
“Deliciosamente inventivo, não?”
“Só tem uma forma de dizer isso,” David disse, com o nariz
enrugado de desgosto. “E Ben já escolheu um ótimo número de
abertura.”
“Eu nem ao menos votei.” Mal resmungou.
“Cara.” Ben lançou uma mão irritada no ar. “Tudo o que vocês
querem é ficar com as suas mulheres. Eu vou precisar de algumas
pessoas depois do show para eu conversar e beber uma cerveja, então
eu fui em frente e escolhi. Aguente.”
Resmungo amargo de Mal.
Ev apenas sacudiu a cabeça. “Uau. Hemorrhaging Otter. Isso
realmente é único.”
“O que você acha, babe?” Jimmy virou para Lena.
“Isso é nojento. Eu acho que eu vou vomitar.” A mulher engoliu
forte, seu rosto ficando cinza. “Eu quero dizer, eu acho que realmente
vou.”
Huh. E então, ugh, eu conhecia aquele sentimento.
“Merda.” Jimmy começou a esfregar as costas dela com
movimentos frenéticos.
Sem uma palavra, eu coloquei a minha sacola plástica de vômito
sobressalente na mão dela. Solidariedade entre amigas, etcetera.
“Obrigada,” ela disse, muito feliz para se preocupar em perguntar
porque eu tinha uma delas no meu bolso em primeiro lugar.
“Ela teve um problema estomacal antes do natal.” Com a mão
livre, Jimmy encheu o copo de Lena com água e deu para ela. “Continua
bagunçando com ela.”
Eu congelei.
“Eu pensei que tivesse passado,” Lena disse.
“Você terá que ir ao médico. Basta de desculpas, nós não estamos
tão ocupados assim.” Jimmy deu um beijo suave na lateral do rosto
dela. “Amanhã, tá?”
“Okay.”
“Parece sábio,” Annie disse, batendo no meu ombro.
Puta merda.
“Você tem estado doente também, Lizzy?” Lena perguntou.
“Vocês deveriam experimentar chá verde com gengibre,” uma
voz disse do outro lado da mesa.
Uma voz feminina.
Maldição, era ela. A acompanhante.
“Gengibre gera calor e ajuda a acalmar um estômago irritado.
Que outros sintomas vocês têm?” ela perguntou, me fazendo afundar
imediatamente no meu assento.
Ben pigarreou. “Sasha é naturopata.”
“Eu pensei que você tinha dito que ela era dançarina,” Anne
disse, seu rosto se contorcendo ligeiramente.
“Uma performer burlesca,” a mulher corrigiu. “Eu faço ambas as
coisas.”
Yeah, eu não tinha nada.
Uma cadeira raspou o chão, e então Sasha estava de pé, olhando
para mim. Qualquer esperança de evitar e/ou ignorar a presença dela
me escapou. Cabelo de Bettie Page pintado em um azul vibrante, muito
legal. Cristo, ela tinha que agir como se realmente soubesse? Eu
poderia lidar com uma cabeça de vento, mas não com isso. A mulher
era linda e inteligente, e eu era apenas uma garota estúpida que foi lá e
engravidou. Que peninha.
Eu sorri sombriamente. “Oi.”
“Algum outro sintoma?” ela repetiu, o olhar indo de mim para
Lena.
“Ela tem estado muito cansada,” Jimmy disse. “Toda vez desmaia
assistindo TV.”
“Verdade.” Lena franziu o cenho.
“Lizzy, você disse que perdeu algumas aulas, não foi?” Anne
perguntou.
“Algumas,” eu admiti, não gostando da direção que esse assunto
estava tomando. Hora de um movimento suave. “De qualquer forma,
como estão os planos para a turnê? Vocês devem estar excitados. Eu
estou excitada. Vocês já começaram a fazer as malas, Anne?”
Minha irmã só piscou para mim.
“Não?” Talvez uma explosão súbita de diarreia verbal não fosse a
resposta.
“Espere. Você tem estado doente, Liz?” Ben perguntou, sua voz
profunda suavizando levemente. Talvez fosse só a minha imaginação.
“Um...”
“Talvez você tenha o mesmo problema estomacal da Lena,” ele
disse. “Quantas aulas você perdeu?”
Minha garganta fechou. Eu não poderia fazer isso. Não aqui e
agora na frente de todo mundo. Eu deveria ter fugido para Yukon em
vez de ter vindo aqui essa noite. Eu não estava pronta para isso.
“Liz?”
“Não, eu estou bem,” eu arquejei. “Tudo bem.”
“Um, olá,” Anne disse. “Você disse que estava enjoada as últimas
semanas. Se eu não estivesse longe eu teria te arrastado para o
médico.” E graças a Deus ela estava em sua segunda lua de mel com
Malcolm no Havaí.
Descobrir sobre o grão de feijão com Anne do meu lado teria sido
como assistir o quarto cavaleiro do apocalipse entrando na cidade.
Terror, lágrimas, caos – todas essas coisas e mais. Definitivamente não
era a minha melhor ideia de paz.
A acompanhante, Sasha, fixou seu olhar inquisidor para uma
Lena ainda engasgada.
“Mais alguém teve isso?” ela perguntou.
“Eu acho que não.” Anne olhou a mesa de cima a baixo, vendo
várias cabeças balançando. “Apenas Lena e Lizzy.”
“Nós estamos bem,” Ev disse.
“Estranho,” Anne disse. “Liz e Lena não se encontraram desde o
casamento. Já faz dois meses agora.”
Murmúrios de concordância.
Meu coração começou a correr. O meu e o do grão de feijão.
“Bem, eu acho que ambas deveriam fazer um teste de gravidez,”
Sasha anunciou, voltando para o seu assento.
Um momento de silêncio atordoado.
“O quê?” Eu balbuciei, o pânico me atravessando. Não aqui, não
agora, e com certeza não desse jeito, porra. A bile subiu pela minha
garganta, mas eu a engoli de volta, procurando pela segunda sacola de
vômito.
A sobrancelha de Ben franziu e tosses e engasgos começaram dos
outros. Mas antes que alguém pudesse comentar, um barulho estranho
e estridente saiu de Lena.
“Não,” ela chorou, a voz muito alta e determinada. “Não, eu não
estou. Você retire isso.”
O esfregamento de costas de Jimmy ficou enlouquecido. “Baby,
acalme-se.”
Ela não se acalmou. Em vez disso, ela apontou um dedo tremente
para a estranha indesejável a nossa volta. “Você não tem ideia do que
você está falando, porra. Eu não sei, talvez você foi atingida na cabeça
por um desses grandes fãs de danças chiques ultimamente ou algo do
tipo. Tanto faz. Mas você... você não poderia estar mais errada.”
“Okay, vamos nos acalmar um pouco.” Ben levantou as mãos em
protesto.
Sasha ficou quieta.
“Lizzy?” O dedo da minha irmã foi de encontro ao meu ombro,
muito firme. “Não tem nenhuma chance, certo? Eu quero dizer, você é
mais esperta que isso. Você não seria tão estúpida.”
Minha boca abriu, mas não saiu nada.
De repente, Lena agarrou a sua barriga.
“Jimmy, no seu carro do lado de fora do casamento da minha
irmã. Nós não usamos nada.”
“Eu sei,” ele disse baixinho, o rosto perfeito branco como a neve.
“A vez que fodemos contra a porta, uma noite antes de você ir embora.
A gente esqueceu também.”
“Sim.”
“Seus peitos estão bastante sensíveis.” Com uma mão, Jimmy
esfregou a boca. “E você estava reclamando que o seu vestido não
estava servindo no outro dia.”
“Eu pensei que fosse apenas as tortas.”
Eles olharam um para o outro enquanto todo mundo olhava para
eles. Eu tinha certeza absoluta que eles tinham esquecido há muito
tempo que eles tinham plateia para todos esses detalhes íntimos. Como
um jantar comemorativo, esse se tornou em um inferno de um drama,
e oh Deus, o horror disso. Minha cabeça começou a girar.
“Lizzy?” Anne perguntou de novo.
Okay, isso não era bom. Eu realmente não deveria ter vindo. Mas
como diabos eu iria saber que Ben traria uma vidente ginecológica? Os
cantos da minha visão começaram a borrar, meus pulmões
trabalhando em excesso. Eu não podia ter ar o bastante. Não querendo
soar paranoica, mas eu aposto que a vaca daquela Sasha tinha roubado
tudo. Não importa. A coisa mais importante era não entrar em pânico.
Talvez eu pudesse pular pela janela.
“Liz,” uma voz disse. Uma diferente dessa vez, profunda e forte.
Por mais que eu tenha imaginado eu e Ben tendo essa conversa,
não foi dessa forma. Não essa noite, antes de eu processar isso tudo
sozinha. Hora de ir.
“Lizzy?”
Também, uau, se esse era o resultado de ter um sexo
maravilhoso eu nunca mais faria isso de novo. Nem mesmo sexo
medíocre. Nada. Eu poderia até mesmo descartar a masturbação, só no
caso. Você não poderia ser cuidadosa demais. Um ataque aleatório de
esperma poderia estar em qualquer lugar, apenas esperando para
colocar uma garota em problemas.
Eu fiquei de pé, as mãos suadas na mesa para me ajudar. “Eu
tenho que ir.”
“Hey.” Uma mão grande pegou o meu queixo. Linhas apareceram
entre as sobrancelhas de Ben, ao lado da sua boca. Mas você apenas
poderia ter um vislumbre delas através da sua barba, a insinuação. O
homem não estava feliz, e era muito justo. “Está tudo bem, Liz. Nós
vamos resolver isso –”
“Eu estou gravida.”
Uma pausa. “O quê?”
“Eu estou grávida, Ben.”
O silêncio que seguiu ecoou nas minhas orelhas, um barulho
triste sem fim como algo saído de um filme de terror.
Ben estava curvado sobre a mesa, respirando com dificuldade. Eu
acho que eu olhei para ele procurando por força, mas agora ele parecia
tão mal quanto eu.
“Você está grávida?” A voz de Anne cortou o silêncio. “Lizzy, olhe
para mim.”
Eu olhei, apesar de não ser fácil. Meu queixo não parecia
inclinado a ir na direção desejada, e quem poderia culpa-lo?
“Sim,” eu disse. “Eu estou.”
Ela ficou terrivelmente parada.
“Eu sinto muito.”
“Como você pôde? Oh Deus.” Por um momento ela fechou os
olhos com força, depois os abriu de novo. “E por que você está dizendo
a ele?”
“Boa pergunta.” Cada vez mais lentamente, Mal levantou do seu
assento e começou a andar para o outro lado da mesa.
“Por que ela contou a você, Benny?”
“Liz e eu precisamos conversar.” O olhar de Ben foi para Mal, sua
mão caiu do meu rosto. “Cara.”
“Você não,” Mal disse, sua voz baixa e letal enquanto a tensão na
sala virou para uma coisa bem pior.
“Acalme-se.”
“Eu te disse para ficar longe dela. Não disse? Ela é a irmã da
minha garota pelo amor de Cristo.”
Ben se ergueu. “Eu posso explicar.”
“Merda,” David murmurou.
“Não. Não, você não pode, Benny. Eu te pedi para deixa-la em paz,
porra. Você me prometeu que ela estava fora dos limites.”
Atrás de Ben, David Ferris ficou de pé, assim como Jimmy no final
da mesa. Tudo isso aconteceu muito rápido.
A acompanhante de Ben, Sasha, a dançarina burlesca de cabelo
azul, pareceu entender finalmente a tempestade de merda que ela
anunciou. Talvez ela não fosse tão vidente assim. “Nós deveríamos ir.
Ben?”
Ele nem ao menos olhou para ela, seu olhar estava colado em
Mal.
“Você é como um irmão para mim, Benny. Um dos meus amigos
mais próximos. Mas agora ela é minha irmãzinha. Me diga que você não
fez isso.”
“Mal, cara –”
“Não depois de você ter me dado a sua palavra. Você não faria
isso, não comigo.”
“Parceiro, acalme-se,” David disse, se movendo para tentar ficar
entre os dois. “Vamos falar sobre isso.”
Ben era quase uma cabeça mais alto que Mal, definitivamente
maior, mais forte. Isso não importava. Com um grito de batalha, Mal se
lançou em direção ao homem. Eles caíram juntos no chão, rolando e
lutando, punhos voando. Foi uma bagunça. Eu fiquei de pé, a boca
aberta. Alguém gritou, uma mulher. O cheiro acobreado de sangue
pairou no ar e a urgência de vomitar foi quase demais, mas não tinha
tempo para isso.
“Não!” eu gritei. “Não, por favor.”
Eu fiz isso, então eu teria que consertar isso. Eu coloquei um
joelho na mesa antes de mãos prenderem os meus braços, me
segurando não importando o quanto eu lutasse.
“Mal, não!”
David e Jimmy tiraram Mal de cima de Ben, arrastando o homem
lutando para o outro lado da sala.
“Eu vou te matar, porra,” Mal gritou, seu rosto uma mistura de
vermelhos de fúria e sangue. “Me soltem!”
Mais sangue caia do nariz de Ben, traçando uma trilha para o seu
queixo. Mas ele não fez nada para para-lo. Lentamente, o homem
grande ficou de pé, e o olhar em seu rosto me partiu em duas.
“Você disse que não iria atrás dela.”
“Ele não foi,” eu atirei, ainda de pé com um joelho na mesa e as
mãos de Anne nos meus braços. “Ele não queria nada comigo. Eu o
persegui. Foi tudo eu. Eu sinto muito.”
O silêncio caiu e eu estava rodeada por rostos perplexos. E um
par de ensanguentados.
“Eu praticamente o persegui. Ele nunca teve uma chance.”
“O quê?” Mal fez uma careta, uma pálpebra inchando a um ritmo
alarmante.
“É minha culpa, não de Ben. Fui eu que fiz isso.”
“Liz.” Com um suspiro pesado, Ben baixou a cabeça.
Os dedos nos meus braços deram um pequeno puxão. Eu me virei
para olhar a minha irmã.
“Me explique isso.”
CAPÍTULO UM
QUATRO MESES ATRÁS

Boas garotas não se apaixonam por estrelas do rock. Elas não


fazem isso.
“Pumpkin! PUUUMP-KIN!”
“Oh Deus.” Minha irmã, a Pumpkin supracitada, riu. Eu fiquei
boquiaberta. Esse parecia ter sido o meu visual do dia.
O Senhor sabe, eu o vesti desde que eu entrei no apartamento de
Anne essa manhã. Porque eu vivia no campus, nós começamos a sair
para um brunch todo domingo de manhã desde que nos mudamos para
Portland uns anos atrás. Era a nossa coisa de irmãs. Mas em vez de
estar pronta para servir os ovos e o bacon essa manhã, eu tinha
encontrado Anne dormindo em cima de um garanhão tatuado no sofá.
Os dois estavam vestidos, graças a Deus.
Mas, uau, que revelação. Quer dizer, eu nem sabia que Anne tinha
encontros. Eu tinha pensado que arrasta-la para as festas no campus
era toda a soma da vida social dela.
“Bora, mulher,” Mal disse, seu namorado-novinho-em-folha. “Nós
não podemos nos atrasar para o ensaio ou David vai tirar as calças pela
cabeça. Você não tem noção do quanto os guitarristas podem ser
rainhas do drama. Eu juro, semana passada ele teve um chilique só
porque ele errou uma sequência de acordes. Começou a gritar e a atirar
coisas nas pessoas. Verdade verdadeira.”
“Isso não é verdade,” Anne o repreendeu, sacudindo a cabeça.
“David é um cara muito legal. Pare de tentar assustar a Lizzy.”
“Não-o-o.” Mal fez aqueles olhos grandes e inocentes de
filhotinho para ela, chegando ao ponto de bater o cílios. “Você acha que
eu iria mentir para Lizzy, minha doce futura cunhadinha?”
Anne só sacudiu a cabeça. “Nós vamos ou o que?”
“Não acredito que você duvidou de mim, Pumpkin.”
Nós seguimos o baterista louro maníaco para dentro de um
prédio grande e velho margeando o rio. Um lugar tão bom para uma
banda de rock barulhenta ensaiar como qualquer outro. Os únicos
vizinhos eram construções industriais, abandonados pelo fim de
semana. Do lado de dentro não estava mais quente, mas ao menos
estávamos fora do vento de sacudir os ossos em Outubro. Eu enfiei as
minhas mãos nos bolsos do meu casaco de lã cinza, nervosa agora que
nós já estávamos aqui para conhecê-los. Minha única interação com os
ricos e famosos começou essa manhã com o Mal. Se o resto da banda
fosse como ele, eu nunca voltaria.
“Como se alguém pudesse duvidar de mim. Isso machuca,” ele
disse. “Se desculpe.”
“Desculpa.”
Mal deu um beijo barulhento na bochecha dela. “Você será
perdoada. Mais tarde.”
Alongando seus dedos e girando os pulsos, o homem foi em
direção ao palco montado em uma extremidade. Instrumentos,
amplificadores, e outros equipamentos sonoros cobriam toda a área ao
redor, com roadies e técnicos de som ocupados em meio a tudo isso.
Era fascinante, isso, ele, e toda a minha maldita manhã. Mal e
Anne pareciam muito ligados um no outro. Talvez Anne e eu tenhamos
um toque apressado demais em nossa rejeição pelo amor romântico e
afeto. Isso não tinha dado muito certo para os nossos pais. Inferno,
aqueles dois eram uma piada no que dizia respeito a
comprometimento e casamento. Mal e Anne talvez sejam um estudo de
caso bem melhor.
Fascinante.
“Ele é quase louco, a propósito,” eu disse baixinho. “Tão
maníaco.”
“É. Ele não é ótimo?” ela sorriu.
Eu assenti, porque qualquer um que a fizesse sorrir assim
certamente era.
A luz de esperança em seus olhos, a felicidade, isso era lindo.
E o homem em questão? Nada menos que Malcolm Ericson,
baterista da renomada banda de rock mundialmente famosa Stage
Dive, tinha de alguma forma sacudido a minha irmã. Minha irmã
calada, calma e certinha. Anne estava sendo vaga sobre os detalhes,
mas os fatos ainda eram os mesmos. Seu novo namorado me
surpreendeu. Talvez alguém tenha colocado alguma coisa no meu café
lá no campus. Isso certamente explicaria toda essa loucura.
“Não posso acreditar que você contou a ele sobre a minha queda
por ele quando eu era adolescente.”
Sempre tão gentil, Anne me acotovelou nas costelas.
Eu gemi de dor.
“Obrigada por isso,” ela disse.
“De nada. Para que mais servem as irmãs?”
Nós fomos em direção as mulheres sentadas nas caixas no fundo
da parede. Muito legal, assistir o ensaio da banda. Anne tinha sido uma
fã maluca, cobrindo as paredes do seu quarto com pôsteres do Stage
Dive. Em sua maioria do Mal, fazendo a descoberta de hoje ainda mais
do caralho. Mas se alguém merecia algo incrível, tão bom de virar a
cabeça, era a minha irmã. Eu nem posso começar a dizer tudo o que ela
desistiu para nos trazer até aqui.
A mulher loura sorriu em reconhecimento quando nos
aproximamos, mas a morena curvilínea continuou brincando com o
celular.
“Olá, companheiras groupies do Stage Dive e companhia. Como
está a sua manhã de domingo?” a loura perguntou.
“Boa,” Anne disse. “Como você está se sentindo, sra. Ferris?”
“Eu estou me sentindo muito, muito casada, obrigada por
perguntar. Como você e Mal estão se saindo?”
“Ah, bem. Tudo bem.” Anne se juntou a elas, se sentando em uma
das caixas. “Essa é a minha irmã, Lizzy. Ela é aluna da PSU. Lizzy essa é
a Ev, a esposa do David, e Lena… Ela é…”
“Assistente do Jimmy. Oi.” Lena me deu um pequeno sorriso e um
levantar de queixo.
“Oi.” Eu acenei.
“Prazer em conhece-la,” Ev disse. “Anne, rápido antes que eles
comecem a tocar. Me conte a sua história com Malcolm. Eu ainda não
ouvi sobre como vocês ficaram juntos, exatamente. Mas Lauren
mencionou que ele basicamente invadiu o seu apartamento.”
Lá no apartamento, eu tinha ouvido uma briga estranha entre ela
e Mal. Alguma coisa sobre eles terem um “acordo.” Quando eu
perguntei ela basicamente disse para eu não me meter, do seu jeito
todo doce. Eu apenas poderia confiar na sua palavra que tudo estava
bem, e tentar não me preocupar. Ainda assim, a pergunta e a reação de
Anne a isso me interessou muito. Eu sutilmente me aproximei um
pouco mais. O branco dos olhos de Anne brilharam.
“Ah, bem, nos conhecemos na sua casa naquela noite.”
“É só isso?” Ev perguntou.
“Sim, é bem isso.” O sorriso de Anne vacilou ligeiramente. “O que
é isso, Ev, um interrogatório?”
“Sim, é um interrogatório. Me dê mais informação, por favor?”
“Ele é realmente ótimo e sim, ele meio que está morando comigo.
Mas eu amo tê-lo ali. Ele é maravilhoso, sabe?”
Então elas não teriam nada mais dela do que eu tinha. Nenhuma
surpresa. Anne tendia a ter os lábios fechados, uma pessoa reservada.
As garotas continuaram a falar.
Lá no palco só restaram os membros da banda, o resto foi para o
lado para lidar com vários tipos de equipamento. Eles estavam
reunidos ao redor de Mal e de sua bateria, absortos na conversa. Então
essa tinha que ser a banda.
Jeans e camisetas pareciam ser o visual, e penteados
desalinhados e muitas tatuagens.
Um deles era pelo menos meia cabeça mais alto que os outros, e
os outros não eram pequenos. Esse cara devia ser um gigante. E isso
parece louco, mas tinha alguma coisa no jeito que ele se levantou, a
solidez. Montanhas nunca pareceram tão fortes e imponentes. Grandes
botas afastadas vários centímetros e uma mão agarrando o pescoço do
baixo como se ele fosse sacudi-la a qualquer momento e subjugar
algum urso perdido. A largura dos seus ombros e a tinta nos seus
braços musculosos fez os meus dedos coçarem com a necessidade de
explorar.
Isso não deveria ser saudável, mas eu tenho certeza que o meu
coração pulou uma batida. Cada centímetro de mim vibrou com alguma
tensão sexual louca só com a presença dele. Nunca só em olhar para
um homem eu fiquei tão ligada.
Eu não podia afastar os olhos.
A reunião acabou e ele deu vários passos para trás. Alguém
contou e boom! As primeiras notas profundas do baixo bateram em
mim, vibrando em meus ossos. Não deixou nenhum canto de mim
incólume. A canção que ele tocava era como um feitiço, afundando, me
levando. Minha crença no amor ou na luxúria ou que quer que seja esse
sentimento foi subitamente assegurada. A sensação de conexão foi tão
real. Eu nunca tive nada definitivo na minha vida. Mas ele, nós, o que
quer que isso seja, era único. Tinha que ser.
Finalmente, ele se virou em minha direção, seu olhar no
instrumento, uma barba curta escondendo metade do seu rosto. Me
pergunto se ele estaria disposto a tira-la? Ele usava uma camiseta
vermelha desbotada e jeans escuros, de acordo com o uniforme da
banda. Enquanto ele tocava, batia o calcanhar, balançava a cabeça ou
sorria para o vocalista, guitarrista, ou quem quer que seja.
E eu estou certa de que cada um deles se apresenta como as
estrelas de rock que eles são. Nenhum deles importa, apesar disso.
Apenas ele.
Claro, eu sabia quem ele era. Bem Nicholson, o baixista do Stage
Dive. Mas a presença dele nos clipes ou na extensa coleção de pôsteres
de Anne nunca tinha me afetado assim. Estar aqui, vendo ele em carne
e osso, foi uma experiência completamente diferente. Meu sangue
correu quente e a minha mente ficou vazia. Embora o meu corpo – era
como se ele estivesse em alerta vermelho, ligado em cada pequeno
movimento que ele fazia.
O homem era mágico. Ele me fazia sentir.
Talvez amor, casamento e comprometimento não fossem todos
uma estrutura social arcaica feita para dar aos jovens a melhor chance
de sobrevivência.
Talvez seja mais que isso. Eu não sei. O que quer que essa
emoção seja, eu o quero mais que qualquer coisa que eu já quis na vida.
A música continuou e continuou, e eu fiquei encarando, perdida.

***

Horas mais tarde eles finalmente pararam de tocar. Rodies


inundaram o palco, pegando o instrumento dos rapazes, dando
tapinhas nas costas deles e conversando. Todo mundo conhecia o seu
trabalho a perfeição e era fascinante assistir isso. Em seguida os quatro
homens se aproximaram de nós, parecendo completamente suados e
despenteados. Suor escorria do cabelo deles correndo por seus rostos
cansados e sorridentes. Minha fantasia masculina andante tinha um
energético preso aos seus lábios, o líquido da garrafa desaparecendo a
velocidade da luz enquanto ele o engolia.
Quanto mais ele se aproximava mais eu via, mais meu corpo
queria. O jeito que a camiseta colava nele, escura com o suor, me fez
começar a arquejar. O aroma salgado de suor vindo do seu corpo me
deixou chapada. Eu honestamente amaria explorar qualquer coisa que
ele gostasse de fazer que envolvesse ficar superaquecido.
Inferno, eu me inscreveria para uma coisa dessas.
Dessa distância, eu podia ver o começo das pequenas linhas nos
cantos dos seus olhos escuros. Então ele era um pouco mais velho que
eu. Ele não poderia ter muito mais que trinta anos, com certeza, e o que
eram dez anos entre caras metade? E sim, eu sabia que eu estava um
pouco superexcitada. Eu apenas não podia parar, o jeito que ele me fez
sentir não vinha em partes. Não havia moderação.
Eu não me liguei na conversa, apenas nele.
O resto do mundo poderia desaparecer. Eu ficaria feliz em ficar
aqui encarando Ben Nicholson por horas. Dias. Semanas.
Uma daquelas mãos grandes correram pelo cabelo curto e eu
juro que o meu sexo lamentou de gratidão com a vista. Eu estava
descontrolada. Se ele acariciasse a barba eu poderia desmaiar.
“Eu estou morrendo de fome,” ele disse, sua voz profunda era
uma coisa perfeita, maravilhosa. “Nós procuramos algum lugar para
comer e beber?”
“Sim.”
Olhos escuros viraram na minha direção, olhando para baixo, me
notando pela primeira vez. Oh Deus, foi como uma epifania, ficar presa
em seu olhar. Era como a luz das estrelas e do luar e todas essas
ridículas coisas fantasiosas que eu passei os últimos sete anos
debochando no relacionamento dos meus pais. A existência desse
homem jogou tudo na minha cara – esperança, amor, coisas assim. Ele
me converteu.
Então ele me deu uma olhada lenta. Eu fiquei parada, sorrindo,
esperando, e incentivando a sua revista. O justo era justo, eu o comi
com os olhos por horas. E enquanto eu não estivesse tirando o trabalho
de qualquer supermodelo (altura média, não tão bem dotada na frente,
mas cheia de curvas na parte de trás – assim como a minha irmã), ele
dificilmente poderia conseguir uma garota que me superasse pelo
entusiasmo escrachado e feroz. Eu devo chegar só ao ombro dele, mas
porra eu ia fazer o abaixar valer a pena.
Lentamente, um sorriso surgiu nos lábios dele, fazendo meu
coração pulsar de alegria. O homem me reduziu ao estado de uma
adolescente lunática. Sim para cada coisa que possa possivelmente
cruzar a mente dele.
“Bem, okay então,” ele disse.
“Você não tem que voltar para a faculdade, Liz?” Alguém
perguntou. Anne. Certo. Tanto faz.
Cara, ele era divino. Talvez Deus existisse depois de tudo. Talvez
tenha alguns tópicos além do amor que eu tenha que reavaliar. Esse foi
um dia de revelações.
“Não, estou bem.”
“Eu achei que você tinha um exercício para fazer?” A voz da
minha irmã ficou tensa de um jeito que normalmente faria as luzes
vermelhas gritarem em mim. Mas por mais que ela tentasse, eu não iria
cair nessa.
“Não.”
“Lizzy,” ela ralhou.
“Senhoras, senhoras,” Mal disse. “Nós temos um problema aqui?”
Não havia problemas em lugar algum.
Não enquanto o olhar de Ben ficasse fixado em mim, fazendo
meu mundo girar. Meu sorriso foi ficando trêmulo enquanto nosso
concurso de encarar com luxúria continuava. Então o homem sorriu
brincalhão e as borboletas ficaram frenéticas no meu estômago.
Maldito, eu não podia afastar o olhar. Eu podia e ia ganhar.
Mas de repente houve uma perturbação na felicidade. Alguma
mulher estava perto de Mal, rindo e arrulhando e se jogando. E o
problema era que, a mulher não era a minha irmã. Em vez disso, Anne
ficou assistindo a cena com o rosto pálido e com um sorriso grudado na
boca, uma linha resignada.
Puta merda.
Todos os pensamentos sobre Ben sumiram da minha mente
como se eu estivesse acordando de um sonho. Os deveres de irmã
chamaram alto e claro.
“Hey, Mal,” eu disse, tentando soar alegre e provavelmente
falhando miseravelmente. “Nós deveríamos convidar o Reece, amigo da
Anne, para comer? Ele geralmente faz alguma coisa com a gente aos
domingos.”
Reece era o chefe dela e a paixonite da vez. Ao menos até Mal
aparecer.
Eu certamente não estava usando o ciúme mesquinho para
ganhar a causa.
As sobrancelhas de Anne franziram. “Eu acho que Reece disse
que estaria ocupado.”
Eu dei a ela o meu melhor olhar mais sincero.
“Não. Sério? Por que você não liga para ele e confirma, Anne?”
“Talvez outra –”
“Porra nenhuma, Lizzy, quer dizer, eu não acho que vai ter lugar.”
A estrela do rock idiota olhou em volta, finalmente notando os rostos
embaraçados (dos seus amigos) e a cara de assassina (minha) para a
audiência.
A vaca bateu os cílios para ele.
“Alguma coisa está errada?”
“Está tudo bem,” Anne disse. “Por que você não vai tomar uma
bebida com a sua amiga e coloca o papo em dia?”
“Eu pensei que a gente fosse fazer alguma coisa.” E Mal poderia
ser muito lindo, mas certo como o inferno, ele não era a baqueta mais
inteligente.
“Sim, mas...”
“Me desculpe, vocês iam?” a vaca perguntou em sua voz alta de
garotinha.
Ev pigarreou e anunciou de forma despreocupada, “Ainslie, essa
é a nova namorada do Mal, Anne. Anne, esta é a Ainslie.”
“Namorada?” Ainslie gargalhou, e eu com muita certeza queria
sem sombra de dúvida mata-la agora. Lentamente. Dolorosamente.
Você entendeu a essência.
“Eu apenas estava dizendo oi para uma amiga,” Mal disse,
continuando com a falta de bom senso masculina. “Qual é o problema?”
“Não tem um. Está tudo bem.”
“Sim, claro que tem um ou você não estaria olhando para mim
assim.”
“Você não deveria falar comigo com esse tom de voz,” Anne
atirou. “Especialmente não na frente de outras pessoas. Saia com a sua
amiga, divirta-se. Nós podemos falar sobre isso mais tarde.”
“Nós podemos, huh?”
“Sim.”
Sua boca se curvou em um sorriso falso. “Foda-se.”
Todo mundo meio que olhou para todo mundo, mas Anne apenas
ficou ali. Seus dedos abrindo e fechando na lateral do seu corpo, assim
como os meus. Maldição, isso não poderia estar acontecendo, não com
a Anne, não agora. Apenas por uma vez deixe o mundo ser justo.
Logo o som de tambores raivosos preencheram as paredes.
Tinha acabado. Deixe o animal entrar na sua pele. Parecia que ninguém
mais tinha alguma coisa a dizer.
Quase.
“Droga, eu esqueci!” Meio dramaticamente, Ev segurou a sua
cabeça. “Nós mulheres temos que nos encontrar com a Lauren. Noite
das garotas.”
Seu marido, o guitarrista, apenas deu um olhar vazio para ela.
“Você tem?”
“Sim. Nós vamos começar cedo.”
E aleluia.
Qualquer coisa para tirar Anne dessa situação horrível com um
pouco do seu orgulho intacto parecia bom para mim. Eu ignorei
qualquer conflito interno. Sim, o pensamento de desistir da minha
chance com Ben doeu. Eu tenho certeza que o meu coração e a minha
vagina nunca me perdoariam. Mas Anne parecia devastada, suas mãos
tremiam. Eu agarrei o seu braço e a guiei em direção a porta. Um cara
forte todo de preto saiu, deveria ser o segurança, nos encontrou do
lado de fora em um Escalade brilhante. Todas subimos nele com o
mínimo de conversa.
O lado de dentro era todo de couro.
Sério, o carro era bacana. Mas não bacana o bastante para tirar o
gosto amargo da deserção de Mal da minha boca.
“Eu não entendo,” eu virei o meu rosto para Anne, sentada de
forma estranha no banco de trás. Cada centímetro dela estava tenso e
contido, seus ombros curvados e as mãos entrelaçadas no seu colo. Era
como se ela estivesse esperando por um outro ataque, para mais dor.
Eu odiava isso. Se Mal Ericson tivesse chutado um cachorro eu não
estaria tão puta.
“Isso,” eu disse, acenando para ela. “Ele te faz mais feliz do que eu
já vi alguma vez. É como se você fosse uma pessoa diferente. Ele olha
para você como se você tivesse inventado o chantilly. E agora isso. Eu
não entendo.”
Ela deu de ombros. “Romance relâmpago. Vem fácil, vai fácil.”
Minha boca abriu para falar que isso era bobagem, mas eu não
consegui. Eu conhecia Anne bem demais. Nós olhamos uma para a
outra por muito tempo até o carro luxuoso começar a andar. Os
últimos sete anos nos deixaram ainda mais unidas. Mais unidas do que
qualquer uma de nós teria gostado, verdade seja dita. Amor e
esperança doíam igual. Eles te fodiam completamente e te deixavam
louca e seca.
Estupidez acreditar em outra coisa. Essa era a verdade da nossa
vida e nós aprendemos isso do jeito mais difícil quando nosso pai se
levantou e saiu. O amor era um saco, e os homens... bem, parece que
eles são tão confiáveis como sempre foram.
Ainda assim, eu não poderia tirar a imagem de Ben da minha
cabeça. O jeito que os seus olhos castanho escuros se fixaram nos meus
e nunca vacilaram. Com toda honestidade, isso poderia ser nada.
Nada, ou tudo, ou alguma coisa.
Eu não sabia.

***

“Eu não preciso dele,” Anne anunciou em cima da mesa de café,


seu Martini de chocolate levantado bem alto.
Uma rodada de aplausos de Lauren.
“Eu não preciso mesmo!”
“Isso aí, irmã. Amém.”
“Na verdade, eu não preciso de homem nenhum! Eu sou uma... eu
sou uma...” ela estalou os dedos impaciente, o rosto profundamente
concentrado. “Qual é a palavra mesmo?”
“Você é uma mulher moderna.”
“Sim-m-m,” minha irmã assobiou. “Obrigada. Eu sou uma mulher
moderna. E pênis são estranhos. Sério, quem diabos já pensou nessa
merda?”
No chão, Lauren começou a rir tanto que ela apertou a barriga.
Eu, nem tanto. Por que Anne não podia dar seu discurso com os
pés no chão estava além de mim.
“Não, sério. Pense nisso. Eles são bons quando estão duros, mas
quando estão moles...” Com a testa franzida, minha irmã envergou o
dedo mindinho e o mexeu. “Tão enrugado e estranho. Vaginas fazem
muito mais sentido.”
“Oh Deus.” Eu fechei meus olhos por um instante.
Nós finalmente chegamos ao apartamento da minha irmã tarde,
já que Ev precisava fazer umas paradas. Primeiro em uma loja de
bebidas. Depois na Voodoo Doughnuts. E por último mas não menos
importante, uma pizzaria no Pearl. O segurança grandalhão que estava
nos levando fez tudo do seu jeito. Ele carregou várias sacolas, caixas, e
garrafas necessárias até o pequeno apartamento de dois quartos de
Anne. Quando isso se tornou uma festa improvisada de ódio aos
homens, Evelyn Ferris já tinha todas as bases cobertas.
Minha raiva dirigida ao baterista em questão, Malcolm Ericson,
tinha saltado de fervente para sísmica. O jeito que Anne estava
balançando em seu assento me preocupou ainda mais.
“Por favor não caia da mesa e não quebre nada.”
“AimeuDeusdocéu.” Um líquido escuro escorreu pela borda da
taça, se espalhando pelo chão de madeira, passando por um fio do
rosto vermelho de Lauren. “Pare de ser tão madura, Lizzy. Eu sou a
mais velha aqui. Você é a mais nova. Aja de acordo.”
Eu abri a boca para dizer a ela o que eu pensava dessa ideia
maravilhosa, mas uma mão cobriu os meus lábios.
“Não comece,” Ev sussurrou na minha orelha, seu braço caiu
sobre os meus ombros e a sua palma me silenciou. “Ela está bebendo
por causa daquele babaca e discutir com ela não vai te levar a lugar
nenhum.” A mão saiu, mas o braço continuou no lugar.
“Era isso o que eu temia,” eu disse.
Deveria ter sido estranho, ser tão amigável com ela no sofá de
veludo impressionantemente macio de Anne. Eu acabei de conhecer
Ev. Mas tinha alguma coisa nela. Nela e em Lauren (Eu tinha
encontrado com Lauren uma vez, brevemente). Você tinha que admirar
mulheres que exalavam um ar de bom senso. O que quer que tenha
acontecido com o imbecil do Mal, eu esperava que elas ficassem com
Anne. Ela precisava de amigos, não de dinheiro -, tempo -, e sugadores
de energia que ela tinha atraído ao longo dos anos com o seu jeito de
mamãe-ursa.
“Me diga se eu estou errada, mas eu acho que a sua irmã não se
permite explodir com muita frequência. Talvez ela apenas precise
disso.”
Eu franzi o cenho. “Talvez.”
Em cima da mesa, Anne cantarolava com a música que tocava
baixinho. Perdida no seu mundinho. Ao menos a cara triste tinha
passado. Eu vi o bastante disso para uma vida inteira. Só isso, eu fiz
uma nota mental para bater em Mal Ericson até ele sangrar se eu
alguma vez o vir de novo. Deve ter sido o bilionésimo pensamento
desse tipo que eu tive hoje.
“Você gostou de vê-los ensaiando antes que tudo fosse por água
abaixo?” Ev perguntou.
“Sim. Eu gostei de verdade.” Eu a olhei discretamente de lado. “O
baixista... qual é o nome dele?”
“Ben?”
“Hmm.” Eu assenti, tomando mais cuidado ainda com a conversa.
“Ele parecia interessante. Pena que não pudemos sair para comer.”
“Foi uma pena. Não pude deixar de notar você o notando durante
o ensaio,” Ev disse, acabando com qualquer sutileza. Ótimo.
“Relaxa. Eu não vou dizer nada para a sua irmã.” A mulher
suspirou. “Ben, Ben, Ben, como descrevê-lo? Ele é um cara ótimo, muito
tranquilo.”
Eu não disse nada.
“Mas tome cuidado, ele não é conhecido por ter encontros.”
Eu a olhei de lado. Ela me deu um pequeno sorriso. “Claro, nem
David era até que nos casamos. Mas... Ben. O quanto você está
interessada nele?”
“Você está perguntando sobre as minhas intenções?”
Uma risada assustada saiu dela. “Huh. Sim, eu acho que sim. Eu
tenho um homem agora, então eu tenho que me meter e brincar de
casamenteira. Aparentemente é o que as mulheres fazem. Mas sério,
não é com ele se magoando que eu estou preocupada.”
“Você vai me dizer que eu sou muito nova para ele?”
“Isso seria hipócrita da minha parte, considerando que eu me
casei aos vinte e um anos. E você tem o que?”
“Quase vinte e um.” Eu mexi em meu assento.
“Bem ele tem quase vinte e nove, só para você saber.”
Oito anos. Não é tão ruim.
Eu olhei para o resto do meu Martini como se eu fosse achar
alguma resposta lá. Você precisa de folhas de chá para prever o futuro.
Vodka, creme de leite e licor de chocolate não servia para isso.
“Eu provavelmente não vou vê-lo novamente, então...”
“Você vai desistir assim tão fácil?” ela perguntou. “O jeito que
você olhava para ele, eu pensei que você fosse mais determinada que
isso.”
“Ele é um astro do rock. Você está dizendo que eu deveria
persegui-lo?”
Ela deu de ombros. “Astros do rock também são gente. Mas eu
não acho que ficar do lado de fora do hotel dele na chuva seja
divertido.”
“Não. provavelmente não.” Eu poderia me ver fazendo isso, triste,
mas é verdade.
A ideia não era totalmente estúpida. Talvez funcionasse. Ele
definitivamente tinha ficado interessado. Ao menos, eu tinha certeza
que ele tinha ficado, aquela encarada e o sorriso vago...
Sim, okay, eu precisava descobrir.
“Qual hotel, apenas por curiosidade?”
Um certo brilho surgiu nos olhos de Ev.
“Yo,” uma voz gritou. Levou quase um ano, mas com movimentos
dolorosamente lentos e deliberados, Lauren ficou de pé. “Deixe eu
pegar outra bebida para você, garota.”
“Eu estou b-” Meu copo foi tirado da minha mão e o bartender
auto-intitulado da noite foi tropeçando para a cozinha.
“É melhor eu ajuda-la com isso ou você terá vodka pura.” Ev se
levantou, retirando o celular do bolso de trás. Seus dedos se movendo
pela tela, então ela o jogou no assento ao lado dela, me dando um olhar
significativo. “Eu vou deixar isso aqui. Eu tenho certeza que eu posso
confiar que você não vai procurar pelo número de um baixista
enquanto eu estou na cozinha, certo?”
“Com certeza. Eu não tenho nenhuma intenção de procurar N de
Nicholson na sua lista de contatos.
“Tente B de Ben, em vez disso.” Ela piscou para mim.
“Obrigada,” eu disse baixinho.
“Sem problemas. Eu já vi esse olhar louco de olhos arregalados
de seduzida-por-uma-estrela-do-rock antes.” Ela ficou de pé. “No meu
próprio rosto nada menos. Use o número com sabedoria.”
“Oh, pode acreditar. Eu vou.”
CAPÍTULO DOIS
Lizzy: Oi, é a Lizzy. Irmã da Anne. Nos conhecemos no ensaio da banda no
outro dia, lembra?
Ben: Oi. Eu lembro. Como vc tá?
Lizzy: Bem. Vc?
Ben: Bem. Como vc conseguiu o meu número?
Lizzy: Amigos em comum.
Ben: Sua irmã e Mal não querem que sejamos amigos.
Lizzie: Você já me jogou para a friendzone? Ai. Eu nem ao menos fiz um
movimento inapropriado para cima de vc.
Ben: Ha. Vc sabe o que eu quis dizer. Não sabia que vc só tinha 20 anos e
era relacionada com Mal. Nos falarmos não é boa ideia.
Lizzy: Que bom que estamos só trocando sms.
Ben: Tchau Liz.

Ben: Vc acabou de me enviar uma foto do seu almoço?


Lizzie: Não. É uma representação artística expressa com fritas e ketchup
da minha imensa tristeza por vc ignorar as minhas mensagens. Viu a
cara no meio?
Ben: O que é a coisa verde?
Lizzy: São lágrimas de picles. Roubei do hambúrguer de um amigo.
Ben: Fofo.
Lizzy: Vc ficou mexido?
Ben: Com certeza.
Lizzy: Vc vai falar comigo agora?
Lizzy: Haha. Você está almoçando pizza?
Ben: Parece triste ou feliz?
Lizzy: Parece lascivo. Como você se atreve a enviar um peperoni tão
explícito. Eu não sou esse tipo de garota.
Ben: Ha. Tenho que trabalhar. Até mais, docinho.

Ben: Não tem ninguém para fazer um som e o cenário musical da sua
cidade é uma merda nas segundas.
Lizzy: Nunca. Tente o The Pigeon. Um amigo vai para as suas sessões
livres.
Ben: Eu estou lá. :)

Lizzy: Como foi na noite passada?


Ben: Bem. Obrigado pela informação. Não é Nashville mas não é ruim.
Talvez eu vá para Seattle uns dias. Amigos tocando lá. De qualquer
forma, OBG.
Lizzy: De nada. Dia cheio?
Ben: Mal chegou. Não posso falar.
Lizzy: Ok. Até + tarde.
Ben: Tem merda rolando com ele.
Lizzy: Nos falamos mais tarde.

Lizzy: Oi! Como está o seu dia?


Ben: Ocupado agora.
Lizzy: Ok.
Lizzy: Eu vou assumir pelo silêncio na linha que você não está confortável
com a gente sendo camaradas de sms. Não quis te colocar em uma
situação ruim com Mal. Eu vou apagar o seu número.
Ben: Não.
Lizzy: ?
Ben: Eu quero que vc saiba que se precisar de alguma coisa vc pode
me ligar.
Lizzy: Obrigada. Mas eu não quero complicar as coisas para vc.
Ben: O problema é que eu gosto de falar com vc. Talvez se nós
diminuirmos o ritmo?
Lizzy: Ok. Eu gosto disso.
Ben: Eu também.

Ben: A foto em anexo é de um pôr-do-sol no Red Rock.


Lizzy: Incrível. O que você está fazendo lá?
Ben: Substituindo o tecladista para um amigo. O cara quebrou a mão.
Lizzy: Droga. Não sabia que você tocava piano.
Ben: Minha avó me ensinou. Mas Dave queria um baixista então eu
aprendi.
Lizzy: Uau. Toca para mim um dia desses?
Ben: Que tal agora?
Lizzy: Pelo telefone? Isso vai ser incrível.
Ben: Ligando.

Ben: No estúdio em LA por um tempo. Como vc tá?


Lizzy: Estudando para uma prova. Me deseje sorte.
Ben: Você consegue, docinho. Não quero te distrair. Até mais.
Lizzy: :) Até mais.
Lizzy: Rosas são vermelhas, violetas são azuis, eu gosto de vc Ben, vc gosta
de mim também?
Ben: Vc é uma poetisa horrível.
Lizzy: Verdade. Eu acho que vou ter que continuar na psicologia. Como
está indo o seu dia?
Ben: Lento. Tive uma reunião de negócios. Chata como o inferno.
Lizzy: Vc só quer fazer música?
Ben: Me pegou nessa. Como vc está?
Lizzy: Tive uma aula incrível. Saí para trabalhar na livraria em seguida. E
depois tive que fazer um trabalho.
Ben: Fez todo o trabalho?
Lizzy: Bem isso. Mas eu me diverti. Te enviar mensagens fez o meu
dia.
Ben: Porra vc é doce. Me diga uma coisa ruim sobre vc. Faz ser mais fácil
para mim, ficar longe.
Lizzy: Não vejo nenhum benefício para mim fazendo isso...
Ben: Vamos lá. Estou esperando.
Lizzy: Eu sou péssima com esportes e sou bagunceira.
Ben: Não posso te imaginar bagunceira.
Lizzy: Meu apartamento parece uma zona de guerra. Anne sempre
arrumava. Me deixou com maus hábitos. E vc?
Ben: Eu estou flertando com uma garota que eu não deveria. Tirando isso
eu sou perfeito.
Lizzy: Toda essa fama e fortuna e nenhum ego a vista.
Ben: Exatamente.
Lizzy: :)
Ben: Tenho que ir, Jim está esperando. Até mais docinho.
Lizzy: Até mais Ben.

Ben: O que diabos é essa foto?


Lizzy: Me diz vc.
Ben: Uma mistura de um leão, uma cerveja, e os olhos de uma garota
(seus?)
Lizzy: Acertou todas!
Ben: O que isso significa?
Lizzy: Estou usando meus estudos em psicologia para bagunçar a sua
mente. Estudos mostram que associações com o medo encorajam os
pensamentos românticos.
Ben: Espertinha. Vc descobriu o meu medo de cerveja?
Lizzy: Haha. O medo é o leão.
Ben: Ok. Então o que é a cerveja?
Lizzy: Você conhece o fenômeno do olhar de cerveja?
Ben: As garotas ficam gostosas quando você está bêbado?
Lizzy: Isso. Mas acontece que a pessoa com o olhar de cerveja não precisa
estar bêbado. É apenas uma associação com a cerveja. Até mesmo uma
fotografia.
Ben: Eu olhar para a foto de uma cerveja vai fazer vc parecer mais
gostosa?
Lizzy: Você não pode argumentar com a ciência. Pobre homem infeliz.
Você nunca teve uma chance.
Ben: Liz, eu te acho maravilhosa. Guarde as fotos de cerveja para alguém
que precise delas.
Lizzy: Maldição vc é bom.
Ben: Vc gostou disso?
Lizzy: Muito.
Ben: Bom. Pobre mulher infeliz. Vc nunca teve uma chance.
Lizzy: :)

Ben: O que você acha?


Lizzy: Eu acho que essa é a foto de um banjo. Seu?
Ben: Deering Black Diamond. Estou pensando em compra-lo.
Lizzy: Vc tb toca banjo? Uau.
Ben: Quero aprender.
Lizzy: E eu quero te ouvir tocar. Você é um virtuoso da música. Você
canta?
Ben: Ha. Vc não quer me ouvir cantar. Acredite em mim. Acha que eu devo
compra-lo?
Lizzy: Compre. :)
Ben: Feito :)

Lizzy: ===V=^=={@}
Ben: Outro teste psicológico?
Lizzy: Não. É uma rosa. Eu trabalhei nela a manhã inteira.
Lizzy: Bem... por uns minutos entre as aulas.
Ben: Linda.
Lizzy: :) Por que nós não tomamos um café?

Lizzy: A falta de resposta é um não ou vc está assustado?


Ben: Assustado com o Mal atirando em mim. É melhor ficarmos só
no sms.
Lizzy: Justo.

Ben: Pensando em vc. Fale comigo.


Lizzy: Eu adoraria. Ligando.

Ben: Vc está bem? Não ouvi sobre vc ultimamente.


Lizzy: Eu não queria parecer tão óbvia. O livro do perseguidor diz
para pegar leve.
Ben: Vc não é uma perseguidora. Vc é perigosa de um jeito diferente.
Lizzy: Eu amo que vc tenha dito isso.

Lizzy: Então vc realmente tem perseguidores de verdade?


Lizzy: Exceto eu, quero dizer.
Ben: Vc não é uma perseguidora de verdade. Eles acampam do outro lado
da rua com binóculos.
Lizzy: Isso é louco. Vc tem uma resolução mt melhor com um
telescópio.
Ben: Você é uma pateta.
Lizzy: Sua honestidade é linda.
Lizzy: Psicologicamente falando, muitos relacionamentos falham por causa
da falta de críticas. Obviamente fomos feitos um para o outro.
Ben: Você é uma pateta completa. Sério.
Lizzy: Viu o que eu quis dizer?
Lizzy: Mas nós estávamos falando sobre perseguidores.
Ben: Eu não tenho muitos. Sou sortudo. Os outros caras não podem andar
pela rua sem ser incomodados. Eu estou menos nos holofotes. Não tão
reconhecível.
Lizzy: Vc tá de sacanagem? Vc tem o corpo de um King Kong.
Ben: Há. Jimmy tem perseguidores assustadores. Um invadiu a casa dele
uns anos atrás e roubou algumas coisas.
Ben: Mal teve um que acabou com uma ordem de restrição.
Lizzy: Uau. O que o perseguidor fez?
Ben: Não, o perseguidor teve uma ordem de restrição contra o Mal. Ele
continuou aparecendo no lugar que o cara trabalhava, tentando
abraça-lo e deixando mensagens estranhas no telefone etc.
Lizzy: Lol.
Ben: Tenho que ir. Ensaio rolando.

Lizzy: Eu fiz um pão de milho com queijo de matar.


Ben: Sério?
Lizzy: Eu fiz. E só aconteceu de eu fazer isso agora. Meus planos para noite
são pão de milho com queijo e filmes ruins de zumbi. Tentado?
Ben: Vc não acreditaria.
Lizzy: Mas vc está ocupado com os rapazes?
Ben: Não. Os caras estão com as namoradas. Eu estou ocupado
matando pessoas.
Lizzy: Online?
Ben: Ha. Sim.
Lizzy: Melhor eu deixar vcs então.
Ben: Eu posso atirar e falar com vc. Como foi o seu dia?
Lizzy: Nada mal. Muitas aulas. E vc?
Ben: Gravando. Frustrante pra caralho. Jim está de mau humor. Isso é só
entre nós, né?
Lizzy: Absolutamente.
Ben: Bom. Noite chata. Portland não é LA.
Lizzy: Vem pra cá. Nós podemos jogar pão de milho nos não mortos na tv.
Eu vou julgar a sua pontaria.
Ben: Porra eu queria poder.
Lizzy: Eu tb
Ben: Um dia

Lizzy: Tá acordado? Não consigo dormir.


Ben: Conte carneirinhos como uma boa garota.
Lizzy: Não posso. Muito ocupada pensando em vc.
Ben: Porra, Liz. Não.
Lizzy: Não, o quê?
Ben: Não me diga que vc está na cama às 2 da manhã pensando em mim.
OK? Vc não pode me dizer isso. É tentador pra caralho.
Ben: O quê vc está vestindo?
Lizzy: Vc quer mesmo que eu responda isso?
Ben: Sim.
Ben: Não.
Ben: Merda. Você está me matando. Você sabe disso, né?
Lizzy: Você diz as coisas mais legais. Boa noite, Ben.
Ben: Boa noite, docinho.

Lizzy: Desculpa eu perdi a sua ligação mais cedo. Boa sorte com o seu
encontro com a Lena essa noite.
Lizzy: Na verdade, isso é mentira. Eu não quis dizer nada disso.
Lizzy: Sobre o seu encontro. Não sobre ter perdido a sua ligação.
Lizzy: Agora eu estou me sentindo culpada porque a Lena é legal pra
cacete. Eu vou parar de agir feito louca e ir encontrar um amigo no
Steel. É isso.

Ben: O bar de mergulho no centro? É a porra de um mercado de


carne.
Lizzy: Acabei de chegar. Acho que vou ver por mim mesma.
Ben: Esse lugar é podre. Coloque sua bunda em um táxi e vá para casa. Vc
não é velha o bastante para beber.
Lizzy: Eu tenho identidade falsa. Não se preocupe. Vou ficar bem.
Ben: Eu estou falando sério, porra. Vc não vai lá. Cheio de pessoas
bizarras, caralho.
Lizzy: Tenha uma boa noite com Lena. Vc merece alguém legal como
ela. Sério.

***

Nenhuma resposta de Ben para a minha última mensagem. Uma


música indie emo gemia nos alto falantes, enquanto Christy, minha ex-
colega de quarto, batia o melhor que ela podia no lugar ao meu lado.
“Lugar maneiro, huh?” ela gritou.
“É. Ótimo.”
O lugar era um saco. Quero dizer literalmente – meus sapatos
grudaram no chão. (NT. Trocadilho, no inglês suck - sugar, chupar). O
bar sofria séria carência de higiene. Também estava superlotado e
cheirava a décadas de bebidas derramadas, pegações questionáveis, e
corações partidos. Bem nessa ordem. Minhas roupas iam feder por
dias. E se mais alguma pessoa pisasse nos meus dedos,
cuidadosamente expostos nos meus sapatos de salto estilo anos 50, eu
vou gritar. Quando eu escolhi eu precisava me animar, eu queria me
sentir bonita. Mas agora a nossa volta as pessoas estavam
imprensadas. O suor escorria pela minha coluna, encharcando as
costas da minha camiseta e o cós da minha calça jeans.
Eca.
Eu queria muito ligar para uma daquelas equipes de perigo
tóxico para me desinfetar, me descontaminar desse poço de cerveja e
desespero. Ben talvez tivesse razão sobre esse lugar ser uma merda.
Mas maldição, eu nunca iria admitir isso para ele. Não mesmo, eu ia me
divertir mesmo que isso me matasse. Eu tirei o celular do bolso apenas
para diversão, dando uma olhada na tela verde brilhante. Nada. Que
surpresa. Hora de selar o velho cavalo da desesperança e seguir em
frente.
“Ele já respondeu?” Christy perguntou, se inclinando e gritando
para ser ouvida por sobre a música.
Eu sacudi a cabeça.
Minha antiga colega de quarto engoliu um pouco de cerveja.
“Fode com ele.”
“Eu estou tentando.”
“O quê?”
“Sim,” eu me virei, dando um sorriso corajoso. “Ele que se foda.”
“Você consegue melhor.” Pequenas linhas apareceram entre as
suas sobrancelhas. “Você consegue.”
“Obrigada.” Eu duvidava muito disso.
Mas foi legal da parte dela dizer isso. Eu bebi um bom gole do
meu terceiro Moscow Mule. Vodka era o único jeito de eu passar por
isso. Meus sentimentos por Ben eram um estranho transtorno
obsessivo-compulsivo. Ou não, um stress pós-traumático por ter
conhecido o maníaco do Mal. Eu inadvertidamente direcionei meus
sentimos para o primeiro homem solteiro, gostoso e barbado na sala.
Uma análise completamente plausível. Freud e a sua cara barbada
ficariam impressionados.
Não que eu iria transcrever essa análise nas minhas provas
finais.
Na verdade, meus livros de psicologia têm sido menos que úteis
para descobrir o que era essa coisa do amor. Para ser justa, eu não
aprendi nada divertido. Acontece que um rato menino e um rato
menina, ambos virgens, se encontram pela primeira vez, podem
fornicar imediatamente de um jeito bem eficiente. Sem bagunça,
apenas trabalhando a mecânica, eles apenas estão nisso. Mas não é tão
fácil com os primatas superiores como os macacos.
Eles se atrapalham nas primeiras tentativas, investindo no
relacionamento. Então era um alívio saber que não era só eu. Ou só os
humanos. Macacos também fodiam nos primeiros encontros. E eles
nem ao menos têm camisinhas ou alças de soutien para lidar.
De qualquer forma, o ponto é, os livros eram bem extensos sobre
os animais fazendo isso mas curtos nas particularidades no que diz
respeito ao tipo de amor ou luxúria a primeira vista e eu estava
assolando cada momento que eu tinha acordada – e uma boa parte dos
que eu não estava acordada também.
A nova colega de quarto de Christy, Imelda, olhou para mim por
sobre a borda da sua bebida azul brilhante. Deus sabe o que tinha lá
dentro para quilo ficar daquela cor. Eu me mudei para o apartamento
de Anne há apenas duas semanas. Aparentemente, essas duas já
estavam ligadas ao ponto de uma possessão esquisita.
O bar tinha sido escolha de Imelda.
“Chris disse que você conhece os caras da Stage Dive,” ela disse.
Minha ex-colega de quarto mexeu nervosamente. Eu apenas dei
de ombros. Fotos de Anne e Mal juntos tinham corrido pela internet
algumas vezes. Era meio que um segredo aberto em Portland por esses
dias. Mas eu falando sobre as coisas da minha irmã não ia rolar. Nunca.
E Christy estava ciente daquela política.
“Eu acho que é mentira,” a garota continuou, estando tão perto
que a respiração dela bateu na minha orelha.
Eu resisti a vontade de recuar. “Pense o que você quiser.”
Seus olhos se estreitaram.
“Por que nós não vamos dançar?” Christy sugeriu, soando tão
falsamente animada como poderia. “Rápido, bebidas para cima!”
Nós fizemos como falado. Então, de repente, as mãos de Imelda
estavam para cima acenando sem nenhum cuidado.
Ela segurou a mão de Christy e começou a puxa-la pela multidão.
Christy, por sua vez, agarrou o meu pulso, me puxando junto. Tudo
bem então. Nosso progresso pela multidão não foi suave. Cotovelos e
outras partes de corpos batiam em mim, me fazendo cambalear. Uma
mão agarrou a minha bunda.
“Hey!” eu rugi, girando.
No mar negro de pessoas ao redor de nós poderia ter sido
qualquer um. “Babaca.”
Quando eu me virei, Christy e a sua nova melhor amiga tinham
desaparecido. As luzes estroboscópicas me cegaram. Eu mal podia
enxergar. Multidões me deixavam nervosa, e esse lugar estava lotado.
Não era uma fobia, exatamente, apenas uma antipatia distinta que eu
estava trabalhando duro para superar.
Claro que Christy iria perceber que me perdeu e iria voltar. Com
certeza. Esperei. E esperei. Alguma garota pisou com força no meu pé,
trazendo lágrimas aos meus olhos. Eu tentei ficar em um pé para
esfregar o outro e quase caí de bunda com a tentativa. Sim, Christy não
iria voltar. Além disso, eu meio que nunca amei multidões, mas nesse
momento eu estava odiando.
Deus, que se dane.
Era ridículo. Eu estava a um suspiro de ter vinte e um anos e já
tinha superado toda essa coisa de sair.
Acho que eu vou voltar para o meu apartamento de garota
solitária. Por mais que fosse legal ter mais espaço, eu nunca tinha
morado sozinha antes. Não era solitário, exatamente, era apenas a falta
de outra pessoa.
Aposto que Ben e Lena estavam se pegando com tudo. Como eles
não estariam, com Lena sendo toda divertida e maravilhosa e Ben
sendo Ben.
Outro corpo na escuridão bateu em mim, me enviando para as
laterais. Desde quando você precisava usar armadura completa para
estar em um bar? Talvez eu devesse voltar para o bar, para onde nós
estávamos antes. Mas com certeza era melhor eu ficar aqui, onde
Christy me viu pela última vez. Eu olhei decidida para os dois lados.
Nenhuma opção me atraiu. Inferno, sair daqui foi o que me atraiu.
Eu pisquei furiosa. Não chore, apenas... você sabe, meu dedo está
doendo muito. Talvez seja hora de pegar um táxi. Eu tenho certeza que
em casa eu tenho todos os ingredientes necessários para um nacho de
levantar o humor. O bônus era não ter que dividir com ninguém.
Me chame de gananciosa, eu não me importo, e traga o queijo
derretido, baby.
De repente, duas mãos enormes desceram pelos meus ombros e
eu fui forçada a me virar. Algum tipo de montanha estava parado na
minha frente. Um homem montanha.
“Ben!” eu chorei de felicidade, me jogando nele (o que
obviamente não o moveu um centímetro). Seu corpo quente era divino,
celestial. Eu envolvi os braços com força em volta da sua cintura e
apertei cada vez mais. “Eu estou tão feliz em ver você.”
Suas mãos ficaram tensas nos meus ombros, os dedos
esfregando. “Eu disse para você não vir aqui.”
“Eu sei.” Eu funguei, depois coloquei o meu queixo em seu peito e
olhei para ele com adoração. “Mas você deve ter notado que eu tomo as
minhas próprias decisões como um adulto de verdade?”
“Não me diga?” ele me deu um olhar severo e colocou uma mecha
de cabelo atrás da minha orelha. Um gesto tão simples e doce, e isso fez
muito por mim. Claro, qualquer coisa envolvendo ele me tocando faria
isso.
“Como foi o seu encontro com Lena?”
Sem resposta.
“Foi bom assim, huh? Bom.”
“Eu posso ver a sua verdadeira intenção nisso,” ele disse com um
sorriso.
“Sim. A dor é profunda. É muito bom ver você.”
Ele me olhou por muito tempo.
“Sim, você também. Mas mesmo assim, eu estou meio puto com
você por vir aqui.”
Que coisa ridícula. Eu levantei as duas sobrancelhas para ele e
dei um olhar de Sério para ele. Começando como se quisesse dizer vá
em frente e tudo mais. Porque não teria jeito que eu iria dizer ao
homem onde eu fui e o que eu fiz. Confiança e respeito, etcetera.
Ele deu de ombros, nada impressionado. “Você não gostou que
eu saísse com a Lena. Eu não gostei que você tenha vindo aqui.”
“As duas coisas são verdade,” eu disse, cedendo só um pouco.
“Mas o que vamos fazer com elas? Essa é a questão.”
“Hmm.” Ele segurou a minha mão, dando um aperto. “Vamos lá,
eu vou te levar para casa.”
“Eu gosto disso.”
Sem outra palavra, ele me conduziu através da multidão, abrindo
caminhos com o seu corpo. Com seu jeans e camisa xadrez, ninguém
parecia reconhecê-lo. Em Portland, ele era apenas mais um cara de
barba e tatuado no meio de vários outros. Estando com Ben, ninguém
mexeu comigo. Eu não estava sendo apalpada ou empurrada, graças a
Deus.
Ah, a união. Que coisa mais rara e bonita. Não me admira Anne
ter ficado tão louca por Mal se era assim que ele a fazia sentir. Andar ao
lado de Ben, fazia o meu coração tão leve e a minha cabeça bater no
teto.
“Até mais tarde,” o segurança cheio de piercing disse, abrindo a
porta para nos deixar passar.
“Obrigado, Marc.”
Do lado de fora, o ar era fresco, decididamente frio. Eu me
embrulhei no meu casaco. Ben não parecia ter trazido um. Ele apenas
enfiou as mãos nos bolsos e encolheu os ombros. Uma caminhonete
Chev detonada, na melhor das hipóteses dos anos 80, estava
estacionada na esquina. Há muito tempo ela deve ter sido azul claro.
Com toda a ferrugem e desbotamento, era difícil dizer.
“É isso o que você dirige?” eu perguntei, surpresa.
Em vez de responder, Ben abriu a porta do passageiro, e a
segurou. “Huh.”
Eu entrei, sentando cuidadosamente no assento de vinil frio e
rasgado. Fitas K-7 estavam espalhadas do lado de fora do porta-luvas.
K-7 de verdade. “Atordoada” meio que descrevia a situação. O cara
tinha dinheiro, muito dinheiro.
Ele bateu a porta, então deu a volta até o lado do motorista. Em
instantes o motor roncava com o mínimo de barulho. Era óbvio que o
carro era mantido em boas condições.
“Esperava um Porsche?” ele perguntou.
“Não. Apenas alguma coisa bem menos velha que eu.”
Ele bufou.
Nós fomos para a rua, o murmúrio baixo de alguma velha canção
do Pearl Jam soava. Fitas K-7. Cristo.
“Era do meu avô,” ele disse. “Ele me ensinou como consertar, e
me deu as chaves quando eu tirei a carteira.”
“Legal.”
Ele me olhou de lado.
“Eu quis dizer isso, Ben. Eu não tive muito da família. Então eu
acho que isso é legal.”
Um leve sorriso. “Sim. Nós não tínhamos muito dinheiro então...
eu pensava assim.”
As sombras no seu rosto eram fascinantes embaixo das luzes da
rua, os brilhos repentinos dos carros na outra direção, tudo. Ele tinha
maçãs do rosto perfeitas. Você quase podia não vê-las embaixo da
barba, mas as linhas do seu rosto eram nítidas e lindas. Seus lábios, por
sua vez. Eu poderia olha-los por horas.
“Você vai me contar sobre o seu lar?” Eu perguntei.
“Não tem muito a dizer,” ele disse, eventualmente. “Minha mãe e
meu pai tinham um negócio de limpeza então eles ficavam fora muito
tempo. Eles trabalhavam duro. O negócio era tudo para eles. Meus avós
viviam ao lado e eles nos alimentavam e mantinham um olho nas
coisas.”
“Deve ter sido maravilhoso tê-los por perto. Uma influência
estável como essa pode fazer toda a diferença para uma criança.”
“Você está me diagnosticando ou algo do tipo, senhorita
estudante de psicologia?”
“Não. Desculpa.” Eu murmurei. “Por favor continue. Você disse
‘nós’?”
“Eu e minha irmã.”
“Você tem uma irmã? Como ela é?”
Ele apertou os olhos, pequenas linhas apareceram ao redor deles.
“Martha... Martha. Ela está morando em Nova Iorque ultimamente,
curtindo as festas.”
“Isso é muito longe.” Eu não poderia imaginar estar do outro lado
do país, longe de Anne, vivendo sem o último pedaço de uma família
por perto. “Você deve sentir saudade dela.”
“É provavelmente o melhor,” ele disse. “Ela fez alguma merda um
tempo atrás. Eu não ajudei muito de qualquer forma.”
Eu fiquei em silêncio, esperando que ele seguisse falando. As
pessoas normalmente são compelidas a preencher o silêncio, você só
tem que ser paciente.
“Martha e David namoravam no ensino médio, e depois, quando
a banda começou a decolar. Então ela fez uma coisa idiota.” Ele sacudiu
a cabeça. “Idiota pra caralho.”
“O que ela fez?”
Ele levantou uma sobrancelha. “Você não sabe?”
“Não.”
“Huh. Pensei que Ev tivesse falado sobre isso.”
“Eu só a encontrei algumas vezes.”
“Sim, eu imaginei.” Seus dedos começaram a bater no volante.
“Martha não gostava de Dave estar distante. Nós estávamos
trabalhando muito, em turnê quando não estávamos gravando. Pensei
que ela entendia...” Um caminhão dos bombeiros passou com as sirenes
soando, nos distraindo por um momento. “Nós finalmente estávamos
chegando em algum lugar, de verdade, tocando para grandes
multidões, e tendo alguma publicidade.” Ele exalou pesadamente.
“Enfim, ela deve ter pensado que ele estando na estrada todo o tempo
que ele a estaria traindo. Ela ficou puta uma noite e o traiu.”
“Oh.”
“O cara não poderia estar mais apaixonado por ela, mesmo que
ele tentasse. Eu nunca o vi com outra mulher. Eles estavam juntos há
anos. Eu tentei falar com ela, mas ela tinha essa ideia estúpida na
cabeça, e... bem.” Sua risada baixa era amarga, horrível de se ouvir. “Ela
fez uma grande merda. Tudo foi para o inferno depois disso.”
“Eu sinto muito.”
“Eu também. Eu pensei que eles conseguiriam, se casariam,
teriam filhos e tudo o mais. Viveriam o sonho. Ela trabalhou como
assistente da banda por um tempo, mas quando Dave e Ev se casaram
ela não aceitou muito bem.”
“Foi quando ela se mudou?”
“Foi quando ela se mudou.” Ele não disse nada por um momento.
“Tentou mais uma vez voltar para ele, e eu fui idiota o bastante para
ajudar. E isso não acabou muito bem. As coisas ficaram tensas entre eu
e Dave por um tempo, e isso não foi bom para a banda.”
“Eu sinto muito.” Eu respirei fundo, escolhendo as minhas
palavras cuidadosamente. Isso obviamente o tinha machucado. Estava
no tom de sua voz, nas sombras no seu rosto. E também, eu não queria
trata-lo como um paciente ou um estudo. Ele importava muito para
mim.
“Parecia que vocês eram mais irmãos que amigos, mesmo que ele
e sua irmã não tenham ficado juntos,” eu disse. “Mas eu sinto muito que
você tenha ficado no meio disso. Deve ter sido difícil.”
“Sim. Eu não sei por que estou te contando tudo isso.” Ele me
olhou pelo canto do olho. “É muito fácil falar com você, sabia?”
Eu sorri. “Com você também.”
“Você não me contou nada ainda.”
“Ah, certo.” Eu esfreguei as mãos nos meus jeans, as aquecendo.
O que dizer a ele? Sua honestidade e abertura significava que eu não
poderia dar menos a ele. É só deixar sair.
“Meus pais se divorciaram quando eu tinha catorze anos. Isso
mexeu comigo por um tempo. Mas Anne me colocou nos trilhos, me
ajudou a terminar os estudos e entrar na faculdade.”
“Uma irmã muito boa.”
“Ela é uma irmã incrível.”
Seus olhos trocavam entre eu e a estrada. “Mas você também
trabalhou duro.”
“Sim. Mas a faculdade é cara e ela sacrificou muito para eu ficar
lá, então ela merece grande parte do crédito.”
“Parece que vocês ralaram para sair de uma situação ruim.”
“Hmm.” Eu descansei minha cabeça no assento do carro. Era fácil
demais falar com o homem. Eu gostava disso. “Isso é verdade. Eu
trabalhava meio período na mesma livraria que Anne.”
Ele deu um meio sorriso, e até isso me deixou tonta. Deus, ele era
lindo. Eu nunca quis tanto que essa carona não acabasse. Nós
poderíamos dirigir até o Wisconsin pelo que me importava. Apenas
seguir em frente até ficarmos sem gasolina.
“Mexeu contigo de que jeito?” ele perguntou.
Isso parou a felicidade. “Não é um assunto que eu queira falar.”
Ele só esperou, me puxando, jogando comigo o meu próprio jogo.
Sorrateiro. “Eu comecei a sair com uns fracassados. Bebia, usava
drogas. Anfetaminas e maconha, nada muito pesado. Eu larguei a
escola e fiz coisas que não deveria. Coisas perigosas. Saí com o cara
errado por um tempo.” Minhas unhas cravaram em mim através do
jeans. Todas essas lembranças eram ruins. Eu era tão nova e idiota.
“Então eu fui pega por roubar. O cara que era dono da loja ficava
dizendo que ia chamar a polícia, mas Anne conseguiu fazê-lo mudar de
ideia. Isso me assustou muito. Mais ainda, ver Anne chateada foi o pior
de tudo. Finalmente eu percebi que eu não fui a única magoada. Eu
parei de escapar a noite e de fazer merda, e comecei a ir para a escola
novamente. Eu estava tão brava que eles não podiam superar os
problemas e serem pais normais.”
“Eu aposto.”
“Mas pense o que é normal? Parece que os pais de todo mundo
são divorciados hoje em dia.”
“Sim. É isso.”
“Não serve muito como exemplo, né?”
Ele fez um barulho concordando.
“Então esse é o motivo de eu fazer psicologia. Uma dia eu espero
estar apta a ajudar outras crianças problemáticas.”
Ele sorriu.
“Bem, já basta de mim e da minha angústia adolescente.” Eu
cruzei as pernas, virando em direção a ele no assento. “Quando você
começou a tocar baixo.”
“Catorze mais ou menos. Dave sempre foi louco por guitarras, e
aí a mãe do Mal comprou uma bateria para ele. Jimmy já tinha decidido
que seria o cantor. Eu tinha um tio que tinha um baixo velho. Meu avô
pediu para ele dá-lo para mim.”
“O mesmo avô que te deu a caminhonete? Ele parece incrível.”
“Ele era, Lizzy. Ele era mesmo.”
Nós paramos do lado de fora do meu prédio. Engraçado, eu
nunca odiei tanto vê-lo como agora, eu não queria que a carona
acabasse. Ficar sozinha com Ben, conversando, era especial. Eu cruzei
as minhas mãos no meu colo, estudando as linhas do seu rosto. Um
momento mais tarde, ele desligou o carro.
“Obrigada por me trazer em casa,” eu disse.
“A qualquer hora. Sério.” Ele descansou uma mão no volante, se
mexendo levemente para olhar para mim.
Um sentimento muito louco de felicidade agitou dentro de mim.
Coisas loucas e luxuriosas me diziam para pular nele, subir em cima
dele e encher seu rosto de beijos. Esfregar a minha mandíbula pela sua
barba e ver se ela era ou não macia. Deixa-lo ver o quanto ele me
afetava, o quanto ele seria adorado.
“Me mata quando você me olha desse jeito,” ele murmurou.
Eu só sorri. Minha língua estava muito enrolada para qualquer
tentativa de sagacidade. A coisa era, eu não poderia não olhar para ele
desse jeito. Só não estava em mim agir de outra forma, não com ele.
Ele exalou forte, olhando para o para-brisa. “Eu vou àquele clube
algumas vezes na semana para pegar garotas. Lugares como aquele? É
fácil pra caramba. Tenho certeza que as pessoas só vão lá para ficar
bêbadas e transar.”
“Entendo.”
“Estou falando sério.”
“Okay, Ben. Você não é virgem. Devidamente anotado. Eu
também não sou, a propósito.”
Olhos escuros e sonhadores me prenderam no lugar, me
ganhando. Ele lambeu os lábios. Toda vez que ele fazia isso os meus
hormônios explodiam de alegria, uma orquestra completa
acompanhada por um coro de anjos. A coisa toda. Era ridículo.
“Porra, você é linda,” ele suspirou. “Me faz desejar coisas que eu
não deveria.”
“Quem disse que você não deveria?” eu perguntei, me
aproximando.
“Mal. Sua irmã.”
“Isso não é sobre eles. É sobre você e eu.”
“Docinho. Liz...” A forma profunda e suja que ele disse o meu
nome, puta merda. Sua voz vibrou através de mim, acendendo
fogueiras e causando o caos por onde ela passava. Eu nunca mais seria
a mesma.
“Sim?” Eu cheguei mais perto, e então mais perto, o coração
trovejando e os lábios a postos. Nunca na minha vida beijar uma
pessoa foi tão importante. Eu precisava da boca dele na minha. Seu
fôlego e o seu corpo, ele todo.
Nada mais importava.
Eu me virei, colocando um joelho debaixo de mim para me ajudar
com a diferença de altura.
Hesitante mas com um sorriso esperançoso no rosto, eu coloquei
a mão no ombro dele, chegando mais perto. Eu não ia esperar por ele
fazer o primeiro movimento. Era hora de ir atrás do que eu queria.
“Liz.”
“Oi?”
Foi quando eu registrei. A linguagem corporal de Ben estava
errada. O homem não estava se movendo para mim, me querendo. Eu
estava sozinha nisso.
“Você não...” As palavras ficaram presas na minha garganta, me
sufocando. Eu baixei a minha mão.
“Eu não posso.”
“O quê?”
Ele olhou para frente. “Você deveria entrar.”
Qualquer expressão que eu tivesse, não era feliz. “Você quer que
eu vá?”
“É melhor.”
“É melhor,” eu o imitei, parecendo perplexa com o ar obstinado
no rosto dele.
“Eu não posso fazer isso, Liz. Eu não posso fazer isso com a
banda.”
“E você pergunta para a banda com quem você pode sair?”
“Nós não estamos saindo.”
Eu pigarrei. “Não, nós não estamos. Mas Deus, nós passamos
horas falando um com o outro e trocando mensagens.”
O olhar que ele me deu era torturado.
“Me desculpe, mas eu não posso.”
“Certo.” Toda a emoção dentro de mim parecia enorme,
avassaladora. Ainda assim a minha mente funcionava, pegando todas
as evidências, tentando descobrir quando eu me perdi. Como eu vim
parar na porra da floresta. “Eu acho que você estava um pouco
entediado, talvez um pouco solitário, então você brincou comigo.”
Com uma careta, ele se virou.
“Me diz que eu estou errada.”
Nada.
Pelo menos agora eu sabia onde a gente estava. Como se isso
fosse de algum consolo. Eu abri a porta do passageiro, e desci.
“Liz –”
Eu bati a porta da caminhonete, o metal frio picando a minha
mão. Estou farta disso. Eu estou tão farta disso. O ar amargo da noite
bateu na minha cara, me acordando. Que porra embaraçosa. Eu sentia
tanto e estava tão certa. Serve para mostrar o quanto eu sabia.
Nada.
Nenhuma porra de nada.
Era hora de colocar meu coração e esperança de volta no gelo.
CAPÍTULO TRÊS
Ben: Hey, como você tá?
Ben: Está tudo bem? Tudo bem nos estudos e em tudo o mais?
Ben: Vamos lá, Liz. Fala comigo. Eu ainda sou seu amigo.
Ben: Então eu presumo que você vai estar no casamento?

***

“Ele não vai vestir um desses macacões de cetim do Elvis, não é


mesmo?”
Minha irmã deu de ombros. “O que o fizer feliz.”
“É, mas esse é o seu casamento.”
“Nosso casamento,” ela corrigiu, aplicando uma última camada de
batom e então tirando o excesso cuidadosamente com um lenço.
“Deus, Anne. Você está incrível.”
Ela estava mesmo. O vestido de renda vintage era divino. Com o
seu cabelo vermelho brilhante puxado artisticamente para trás, ela
parecia tão elegante. Eu tive que piscar uma vez ou duas, meus olhos
estavam um pouco enevoados. Considerando o tempo que o maquiador
levou no meu rosto, eu não me atreveria a bagunçar o trabalho dele.
“Obrigada.” Ela se inclinou, apertando a minha mão. “Você
também está muito linda, aniversariante.”
Na verdade, o meu aniversário foi ontem. Anne tinha insistido até
eu ter idade suficiente para entrar legalmente em um casamento em
Vegas.
Era um prazer inesperado, desde que me tratar como uma
completa adulta não era coisa dela.
Ev, Lena, Ane e eu passamos o meu aniversário na
hidromassagem do Bellagio, comendo coisas deliciosas e bebericando
coquetéis. Porque é claro a suíte vinha com um mordomo particular.
Oh, e a lareira do lado de fora estava acesa porque as noites eram frias
no deserto em Dezembro. E por último, mas não menos importante,
nós tivemos cake pops, porque nada poderia ser melhor que bolo em
um palito coberto com doces.
Essa merda ganhou a minha alma.
Eu alisei a saia do meu próprio vestido vintage, um Dior azul
caneta na altura do joelho que eu encontrei em uma feira umas
semanas atrás. Ele era lindo. Feminino e sem frescura. Meu cabelo
também tinha sido puxado para trás em um estilo simples e clássico.
Imagino o que Ben pensaria.
Não que isso importasse. Eu me sentia bem com a minha
aparência e era isso o que importava. Meu mundo não parava e girava
com base na aprovação dele ou de qualquer outro homem.
Até os meus sentimentos por Ben diminuírem um pouco, eu vou
continuar evitando-o. Até mesmo um coração teimoso como o meu
tinha que desistir eventualmente. A escola e o trabalho tinham me
mantido ocupada. Com Anne ocupada com os detalhes do casamento,
Rhys me deu horas extras na livraria, então muitas coisas me deixaram
ocupada. Ben Nicholson tinha sido pouco mais que um pensamento
vago. Na maior parte. Seria legal mais tarde essa noite sair e deixar o
meu cabelo solto. Ver como era Vegas.
Sam chegou, me dando um aceno. Estava na hora. Qualquer
pensamento aleatório sobre aquele homem me deixava alegremente
excitada. Uma conversa baixinha podia ser ouvida vindo da sala, o som
fraco da música.
“Okay, futura senhora Ericson. Todo mundo chegou então –”
“Pumpkin!” uma voz familiar demais pranteou. “Pumpkin, cadê
você?”
O retrato da perfeita calma, Anne virou o rosto para a porta e
gritou de volta, “Aqui dentro.”
As portas se abriram e Mal apareceu, arrasando em um terno
preto liso realmente incrível com All Star combinando. Que visão. Seu
cabelo louro brilhava, caindo sobre os ombros. Deixado solto por um
pedido da noiva. Mas até mesmo eu tinha que admitir, o homem estava
com tudo em cima.
“Você não deveria me ver antes da cerimônia,” Anne disse.
“Eu não gosto de regras.”
“Eu notei.”
Ele caminhou até Anne com um sorriso ligeiro em seus olhos.
“Sabe, eu estou bonito pra caralho. Mas, Pumpkin, você está muito
melhor.”
Minha irmã sorriu para ele. “Obrigada.”
“Quer casar comigo?”
“Pode apostar que sim.”
Ele enterrou o rosto no pescoço dela. Um momento depois Anne
gritou e bateu nas costas dele. “Não me dê um chupão antes do
casamento, Mal, ou eu vou matar você.”
Uma risada maníaca preencheu o quarto.
“Eu estou falando sério!”
“Eu amo você. Vamos nos casar.” Como alguma coisa saindo de
um filme, ele a pegou no colo e a carregou, parando brevemente na
porta. “Você também não está mal, Lizzy. Vamos lá, vamos fazer isso.”
Eu peguei o meu bouquet e o de Anne e os segui com um sorriso.
Isso ia ser demais.
Lá fora na sala de jantar super chique, a mobília foi posta de lado,
abrindo espaço para a cerimônia. E o Papai Noel Elvis celebrando. O
cara grande de peruca usava um cinto cheio de muitas pedras brilhosas
que me fazia imaginar como as calças ficavam no lugar. Aquela coisa
devia pesar uma tonelada. Vasos cheios de rosas vermelhas cobriam
cada superfície disponível, o cheiro inebriante enchia o ar. Uma lareira
crepitava no canto. Era perfeito, lindo e tinha tanta felicidade, rostos
familiares estavam em volta, esperando para compartilhar o momento.
Anne finalmente tinha a família que ela merecia.
No canto, um quarteto de cordas começou a tocar, e o Elvis Papai
Noel abriu a boca. A interpretação de “Love Me Tender” foi
maravilhosa. Ou então me falaram mais tarde.
Ben ficou no canto com Jimmy e David, todos eles vestidos com
ternos parecidos. Apenas Ben tinha abandonado o paletó e a gravata.
Ele tinha enrolado as mangas da camisa branca, deixando as tatuagens
em seus braços grossos expostas. Deus, ele era glorioso. Tão…
masculino, por não ter uma palavra melhor. O resto das pessoas
estavam nos fundos. Ele parecia tão bem. Doía, e com raiva ou sem
raiva eu tinha que dizer a ele o quanto, assim que eu achasse a minha
língua.
Ele olhou para cima e me viu encarando. Não havia censura em
seus olhos. Apenas o de sempre, a vergonha tentou me afogar,
deixando o meu rosto vermelho. Mas ele parou e me encarou também.
Se nossas respirações e o nossos corações estivessem batendo no
mesmo ritmo, eu não ficaria surpresa. Era loucura. Eu já deveria ter me
tocado a essa altura.
Era só eu e ele.
Coisas foram ditas e eu ouvi a gargalhada da minha irmã.
Seus olhos deslizaram pelo meu vestido e subiram novamente.
Pequenas linhas apareceram nas laterais de seus olhos, seu rosto
estava tenso. Enquanto para mim, minha mandíbula doía pelas coisas
que eu estava segurando, todas as palavras não ditas. Ou talvez fosse
só mais do mesmo, a urgência de convencê-lo que tinha alguma coisa
verdadeira entre nós dois que valia o risco. Algum amontoado sobre
sexo e amizade e não sei mais o que. A trágica conexão. Com toda a
probabilidade, ele não iria querer ouvir isso. O homem fazia a minha
cabeça e o meu coração doerem.
“Não, você não está fazendo isso certo.” O anúncio dispersou o
meu foco, meu olhar foi para a frente da sala.
Alguma coisa estava errada no reino do casamento.
“Eu vou fazer isso,” Mal disse ao Elvis Papai Noel.
O Rei só assentiu. Sabendo que ele ia receber de qualquer forma.
“Claro que você, Anne, me aceita, Mal,” ele continuou, minha irmã
ainda presa em seus braços. “Você é a minha Pumpkin, todo o meu
maldito mundo. Você aguenta a minha música e toda a minha
esquisitice, e você acha que eu sou divertido enquanto as outras
pessoas só sacodem as cabeças imaginando que porra eu estou
fazendo. Eu acho fofo quando você tem esses seus pequenos ataques de
raiva, mas se você precisar que eu ouça e leve a merda a sério, eu
prometo que eu vou. Nós temos bons e ruins, você vai estar comigo e
eu vou estar com você. Não importa o que, nós sempre vamos resolver
as coisas juntos, okay?”
“Okay,” a minha irmã disse, levantando uma mão para secar uma
lágrima.
“Você é a única mulher que eu quero ou preciso, e de jeito
nenhum você vai entrar na onda de um outro cara, porque você tem a
mim e eu sou demais. Estamos acertados?”
“Estamos acertados.”
“Certo,” Mal disse. “Estamos casados.”
“Eles estão casados!” o Elvis Papai Noel gritou, dando um giro
apenas por diversão.
A música começou de novo e o quarto foi preenchido com o som
de palmas e de felicitações. As bocas de Mal e Anne estavam grudadas.
Eu queria aquilo, o que eles tinham juntos, e sem dúvida valeria a pena
esperar por isso. Depois de sete anos acreditando que o amor não era
nada mais que uma bobagem, eu não poderia desistir disso de novo.
Essa era a verdade. Algum dia eu encontraria alguém que me fizesse
sentir o que Ben me faz sentir.
Eu só tenho que esperar.
O Elvis Papai Noel começou a cantar “Viva Las Vegas” enquanto a
audiência enlouquecia. Todo mundo exceto eu e Ben.
Merda. Com certeza eu perdi toda a cerimônia. Graças a Deus, o
pai de Mal parecia ter gravado. A pior irmã do mundo. Eu comecei a
aplaudir, como todo mundo, depois lembrei que o ramo de flores ainda
estava nas minhas mãos. Whoops, melhor não.
Muitos rostos felizes e sorridentes – exceto um. Oh ótimo, minha
mãe estava aqui. Do outro lado da sala, sua boca franziu e as
sobrancelhas se levantaram. Parecia que a minha falta de atenção para
com a noiva e o noivo não escapou sem ninguém notar. Seu olhar se
prendeu em Ben e eu, ela franziu o cenho. Talvez seja melhor eu evitar
a querida mamãe o resto da noite.
Talvez pela próxima década também, apenas para garantir. A
última coisa que eu precisava era de Jan decidir começar a enfiar o
nariz de novo na minha vida.
Não, obrigada.
“Irmãzinha,” Mal gritou, se inclinando para mim com os braços
completamente abertos.
Ele obviamente tinha posto Anne no chão, porque ela estava
ocupada sendo cumprimentada por David e Ev. Meu novo cunhado
basicamente me abraçou, me pegando pela cintura e me apertando
incrivelmente forte. Respirar... para quê?
“Isso vai ser ótimo. Eu sempre quis uma irmãzinha,” ele disse.
“Irmãs mais velhas são boas, quer dizer, não me entenda errado. Mas
irmãs mais novas sempre são mais divertidas, certo?”
Eu meio que chiei.
“E você espere para ver o que eu comprei para você de presente
de aniversário. Melhor. Presente. De. Todos. Os. Tempos.”
“Cara, coloque-a para baixo antes de você quebra-la porra,” Ben
disse com um pouco de urgência.
“O quê?” Mal me colocou de volta sobre os meus pés. Graças a
Deus.
Eu esfreguei as minhas costelas machucadas, dando várias
respirações profundas. “Tinha um pouco de amor demais naquele
abraço.”
“Oops. Desculpa, maninha.”
“Tudo bem.” Eu sorri, ainda recuperando o fôlego. “Parabéns.”
“É. Parabéns, cara,” Ben disse.
Eles sacudiram as mãos vigorosamente, seguido por alguns
tapinhas nos ombros.
“Obrigado, cara.”
Sem perder uma batida, o baterista foi em direção a próxima
vítima do abraço amoroso.
O que deixou eu e Ben olhando um para o outro novamente.
Nada estranho.
“Você está ótima, Lizzy.”
“Você também.” Eu não podia mais encontrar os seus olhos
escuros, então em vez disso eu estudei os seus sapatos. Era um alvo
fácil. As botas pretas grandes faziam um contraste dramático com o
chão de mármore creme.
Ele não disse nada.
E sim, okay, eu tinha acabado. “Tenha uma noite agradável.”
“Liz, espera –”
“Tenho que me misturar.”
Sua mão prendeu o meu braço. “Espera. Eu quero falar com
você.”
“Eu não acho que seja uma boa ideia.” Eu livrei o meu cotovelo.
“Por favor.”
Essas únicas palavras conseguiram, me fizeram hesitar. A
estupidez me amaciou. “Okay. Talvez mais tarde.”
“Mais tarde.”
Era bom querer coisas na vida. Não significava que você fosse
consegui-las. Mas, o pensamento de ouvir o que quer que ele tenha a
dizer fez a ansiedade correr solta.
Damas de honra eram pessoas ocupadas, eu tinha coisas a fazer.
Ben Nicholson poderia esperar.
Essa noite não era sobre eu e ele ou a bagunça persistente entre
nós. Nem um pouco. Tinham mais ou menos vinte e cinco pessoas
presentes, excluindo o Elvis Papai Noel e o quarteto de cordas. A
família de Mal, seu pai e suas irmãs, maridos e filhos. Minha mãe de
Anne (também conhecida como Aquela Que Deve Ser Evitada). Os
membros da Stage Dive e suas parceiras, mais Lauren e Nate, claro.
Muitas pessoas para encontrar e cumprimentar e se misturar.
Mas primeiro eu queria abraçar a minha irmã. Segura-la forte e
saber que coisas boas aconteciam com pessoas boas, e que ela seja tão
feliz como ela sempre mereceu.
Então foi isso que eu fiz.

***

Depois de eu passar quase cinco horas conversando e sendo a


melhor dama de honra possível, a recepção do casamento finalmente
chegou ao fim. Graças a Deus, eu mais que merecia minha noite na
cidade. Eu ignorei o Ben e a minha mãe nunca ficando parada por
muito tempo. Minha tentativa de manter os sobrinhos e sobrinhas de
Mal sob controle ajudaram bastante.
Nota mental para nunca, jamais, ter filhos. Trabalhar com eles
seria legal, mas eu queria poder sair no final do dia, muito obrigada.
Eles podem ser fofos, mas eles também podem ser completamente
maníacos. Eu tinha certeza absoluta que Mal teria que pagar por pelo
menos uma peça de reposição de uma poltrona com estampa de onça.
Eu tentei evitar a arte de pintar com patê, mas com pouco sucesso. O
autor desse crime em particular permaneceu escondido debaixo de
uma mesa no corredor.
Os casais tinham começado a ficar excessivamente amorosos, o
que com o adiantado da hora, a comida chique e a bebida cara. Para
mim, eu estava pronta para fes-te-jar!
“Nós estamos prestes a escapar,” Anne anunciou, segurando meu
cotovelo com uma mão. Seu outro braço estava ocupada descansando
em volta do pescoço do marido.
“Acho que sim.” Eu assenti. “O cara agarrado ao lado da sua
cabeça meio que deixou isso claro.”
Mal nem se importou em afastar para pegar um pouco de ar. Em
vez disso, ele continuou a mordiscar a orelha de Anne. Mas ele disse
alguma coisa. Alguma sequência de palavras murmuradas que eu não
tinha nenhuma esperança de entender.
“O que ele disse?” eu perguntei.
“Ele disse que nós devemos ir consumar nosso casamento,” Anne
disse.
“Claro que sim. Divirtam-se.”
“Nós iremos.”
Mais murmúrios incoerentes do cara agarrado a orelha dela.
“Eu pensei que era para ser uma surpresa para quando ela
voltasse?” Anne perguntou.
Mal finalmente veio a tona. “Mas é tão legal. Eu sou tão legal. Eu
acho que ela merece saber disso.”
“O presente é seu, é com você. Diga a ela se você quiser.” Anne
riu.
O sorriso que Mal me deu era super brilhante, cegador. “Eu te
comprei um Mustang 1967 azul de presente de aniversário.”
“Você comprou?” eu gritei de alegria.
“Exatamente. Eu não sou o melhor? OhmeuDeus eu sou
maravilhoso pra caralho! Minha própria cabeça está explodindo por
mim. Bate aqui, maninha.” Ele levantou a mão para um high five.
Eu bati a mão com ele com muito entusiasmo. “Isso é demais,
Mal!”
“Eu sei, não é?”
“Muito obrigada.”
“Não foi nada.” Uma mão despreocupada acenou a minha
gratidão para longe. “Sheesh.” Só Anne não parecia entusiasmada.
“Você comprou para Liz um carro possante? Você me deu um Prius.”
Com os lábios carnudos, Mal segurou o rosto dela com as mãos.
“Porque você é a minha Princesa Pumpkin de Prius. Garotas como você
não dirigem carros potentes.”
“Garotas como eu?”
“Lindas, inteligentes, boas garotas com um respeito muito grande
pelos sinais de trânsito e outras merdas. Além disso, você tem a mim.
Você não precisa de mais nenhuma potência na sua vida.”
Eu não diria que Anne pareceu apaziguada, exatamente. Mas ela
deixou o assunto de lado depois de outro beijo persistente.
“O quê você vai fazer essa noite?” ela me perguntou
eventualmente.
“Eu pensei em ir dançar ou algo do tipo,” eu disse, batendo os
meus saltos de excitação. Vegas, aqui vou eu. “Dar um bom uso à minha
identidade verdadeira.”
O sorriso de Anne vacilou. “Sim, certo. Olha, Sam estava
pensando em ir a alguns clubes também. Você se importaria se ele
fosse junto?”
Uh oh. “Sam o segurança?”
“Sim.” Seu olhar vagou pela sala por um minuto, evitando o meu.
“Ele não vai ficar no caminho, eu prometo. Ele é um cara muito
legal e sair sozinha em Vegas não é a ideia mais inteligente. Você não se
importa não é? Eu prometo que ele não vai se intrometer nem nada do
tipo.”
“Não, eu acho que não.”
“Bom.” Ela relaxou visivelmente, se apoiando em Mal. “Eu acho
que eles já levaram as suas coisas para a suíte presidencial, a
propósito. Você tem a chave, certo?”
“Sim. Tudo certo.”
“E se você for a qualquer lugar sozinha, não se perca no hotel.
Esse lugar é enorme.”
“Eu vou ficar bem. Vá comemorar com o seu marido.” Eu dei um
beijo suave em sua bochecha. “Parabéns. Foi uma noite maravilhosa.
Você estava linda.”
“E eu?” Veio de Mal.
“Muito lindo.” Eu dei a ele um tapinha na cabeça. “Até mais
tarde!”
Eu tenho um homem para esquecer e uma cidade para explorar.
CAPÍTULO QUATRO
“Qual você disse que era o seu nome?”
“Liz.”
“Lisa?”
“Quase isso.” Eu dei um sorriso para o bêbado louro e dei outro
gole na minha margarita. Ele podia ser fofo, mas fofura não compensa
estupidez extrema ou a alta taxa de álcool no sangue, como se ele
tivesse que ter. Ele me deu a sua versão de um sorriso de derreter
calcinhas e eu não tinha dúvida que funcionaria se o cara tivesse
sóbrio. Ou quando o seu objeto de afeição luxuriosa estivesse
igualmente bêbado.
Infelizmente, meu zumbido alegre de duas margaritas e meia
ainda não tinha batido. Nós dançamos por mais ou menos uma hora,
nos divertindo. Não teve nenhum toque ou esfregação ou qualquer
coisa que o encorajasse.
Porque eu tinha limites, não tinha? Sim eu tinha.
O hotel tinha uma ampla variedade de bares e boates. Para não
mencionar as pencas que tem nos hotéis próximos. Nós começamos do
outro lado da rua antes de voltar para perto de casa. Boa música, muita
dança, e alguns drinques. Eu encontrei a minha diversão, meu cabelo
estava solto.
De qualquer forma, era uma pena que ele tivesse que ir em frente
e quebrar a corrente tentando transar. Sobre o meu ombro, Sam o
segurança (que definitivamente não dançava) mantinha a mesma
posição que ele teve nas últimas três horas, rondando o bar com um
copo de whisky na mão. Ele queria ir em algumas boates o meu rabo. O
homem tinha sido colocado para me seguir sem dúvida. Não pela
primeira vez nessa noite, ele estreitou seus olhos para o meu parceiro
de dança e sacudiu a cabeça em descrença. Eu apenas sorri de volta
para ele. Essa noite não era sobre ser séria. Era sobre rir, dançar, beber
um pouco, e comemorar o fato de ser jovem e solteira.
Meu companheiro bêbado escorregou um braço pela minha
cintura, lambendo os lábios.
“Então, Lila.”
“Sim, Mike?”
Ele franziu o cenho. “Mark. Meu nome é Mark.”
“Oh, Deus, desculpa. Mark. Erro meu.”
“Sem problemas, babe.” Um sorriso nebuloso cruzou o seu rosto
mais uma vez enquanto ele se inclinava, se movendo para o abate.
Eu acho que não.
Eu virei o meu rosto e dei um passo apressado para o lado,
escapando da sua tentativa de boca-na-boca. Uma vez que metade da
minha tequila salgada e celestialmente gelada acabou, eu dei o fora
dali.
Sam e eu poderíamos achar algum outro lugar para ir. Se isso não
garantisse que a minha cabeça ficasse leve eu iria embora.
“Bem, isso tem sido ótimo.”
“A festa apenas começou,” ele arrastou. O que sem dúvida era
para ser um movimento suave, o idiota grudou em mim, batendo as
minhas costas no bar. Pior ainda, minha maldita bebida caiu toda no
chão. Essas coisas não eram baratas, e eu tenho certeza absoluta que
eu não permiti que Mark pagasse alguma. Ele já tinha começado a ter
muitas ideias.
Idiota.
“Merda.” Eu empurrei o bêbado pelo peito, tentando tira-lo de
cima de mim. “Sai.”
Como se as minhas palavras tivessem criado superpoderes, o
idiota voou em direção a multidão, caindo de bunda há vários metros
de distância.
Uau. É isso aí. Eu olhei com franca surpresa. Então, no amplo
espaço aberto na minha frente surgiu Ben.
Merda.
“Hey,” eu disse, colocando o meu copo agora vazio no bar. “Oi.”
Sua testa estava franzida, sua boca era uma linha severa e sem
expressão. Deus, ele parecia bravo. Entre a barba e a expressão do seu
rosto, ele parecia completamente bárbaro. Ele poderia estar vestido em
peles e carregando um tacape, me presenteando com o javali que ele
caçou para o jantar. Ah, o bom e velho romance da Idade da Pedra.
“Como você está?” eu perguntei.
Ele ainda não disse nada.
“Você quer alguma bebida? Eu estava prestes a ir para outra
boate, mas se você quiser ficar aqui um pouco, está tudo bem pra mim.”
Ele colocou uma mão em cada lado meu, me prendendo contra o
bar. Huh.
“Está tendo uma boa noite?” eu perguntei.
“Não realmente. Estava procurando por você.”
“Isso é fofo. Mas você não precisava fazer isso.”
“Você sabia que eu queria falar com você.”
“Sim, eu sabia.”
“Você disse que conversaríamos mais tarde.”
“Eu sei. Mas então: talvez eu não quisesse falar contigo de forma
alguma, Ben. Talvez eu só quisesse esquecer o que aconteceu e seguir
em frente.”
Atrás dele, dois dos enormes caras da segurança do bar
gentilmente escoltaram meu antigo parceiro de dança embriagado
para fora das instalações.
“Tchau, Mike.” Eu acenei com o dedo.
“E que porra você estava fazendo com aquele cara?” ele grunhiu.
“Dançando, até ele ficar um pouco inebriado demais. Minha
segurança não é o problema aqui. Eu tenho o meu amigo Sam comigo,
eu não poderia me meter em nenhum problema.” Eu acenei para o
lugar onde o homem estava de pé no bar.
Se alguma coisa, a presença dele pareceu deixar Ben ainda mais
mal humorado. “Então por que ele não estava fazendo alguma coisa
com aquele idiota subindo em você?”
“Provavelmente porque ele sabia que eu daria conta.”
Ele inclinou a cabeça. “Você daria conta?”
“Sim.”
“Engraçado, docinho. Porque eu poderia jurar que eu entrei aqui
e encontrei algum idiota bêbado tentando te agarrar.” O homem,
fulminava, as bochechas estavam ficando vermelhas e seus olhos
ardentes. Isso era meio que impressionante.
“Eu penso que parecia ruim, mas eu tinha tudo sob controle.”
“Você tinha, huh?” Sua risada, não soava muito divertida. “Cristo.
Você acabou aqui.”
“Ah, não. Na verdade não. Agora veja, é aqui que temos um
problema.” Eu cruzei os meus braços. Depois descruzei porque eu não
ia parecer estar na defensiva. Era ele que estava errado, não eu.
“Você não está preparado para levar a mim, ou os meus
sentimentos, a sério. O que você quer está muito distante da terra do
Sr. Legal Demais para Compromisso e apenas brinca com a minha
afeição quando lhe convém. Okay, eu aceitei isso. Mas nada disso
significa que está tudo bem para você vir aqui e agir como se fosse o
meu dono. Nada disso.”
“Isso é tudo?” ele perguntou, se abaixando para ficarmos quase
nariz a nariz.
“Isso é tudo, baby.” Eu brinquei de soca-lo no ombro, o que teria
sido notado, eu mal comecei. Okay, talvez o álcool ou um estômago
bem vazio me fez meio/muito corajosa/boba. “Então porque você não
leva o seu mantra de homenzinho das cavernas ciumento para outro
lugar. Veja, eu faço essa coisa engraçada que eu gosto de chamar de
qualquer porra que eu queira. Entendeu?”
Ele apenas encarou.
“E tanto quanto você seja lindo com a sua barba e os seus
músculos, você é difícil demais e... complicado e uma merda para mim.”
“Eu sou?”
“Sim, você é. Você finalmente está vendo o meu ponto aqui?”
“Pode apostar.”
“Excelente. Então leve a sua gostosura para outro lugar, bom
senhor. Eu não quero nada disso!” Huh. Eu tinha dito a ele. Bravata
bêbada era tudo de bom.
Ele assentiu uma vez, não tanto para as minhas palavras mas
como se ele tivesse decidido alguma coisa. Não me levou muito tempo
para descobrir o que foi.
O homem me agarrou pelos quadris com força e se curvou,
colocando seu ombro na minha barriga.
“Não –”
E eu fui para cima. Depois a minha metade de cima foi para baixo.
Baixada em seus ombros em um abraço de bombeiro.
“Ben, me coloque para baixo.”
Seus braços envolveram os meus joelhos, uma mão segurando
atrás das minhas coxas. Não em uma altura muito legal. Embora
nenhuma coisinha sobre isso era legal. Então o chão começou a se
mover abaixo de nós.
“Ben!”
Ele nem ao menos desacelerou.
“Eu presumo que você esteja encerrando a noite, senhorita
Rollins,” Sam perguntou.
“Faça-o me colocar para baixo,” eu guinchei.
“Temo que eu não possa interferir. Você sabe, o senhor Nicholson
também contribui com o meu salário.”
“Você tá brincando comigo.”
“Me coloca em uma situação meio difícil. Você entende.”
Eu não tinha nada.
“Para ser justo, ele me enviou um sms me perguntando onde
você estava, horas atrás,” Sam disse. “Eu não disse a ele.”
“Oh sim, você é um delator.”
Sam sorriu. Idiota.
“Eu cuido disso,” o idiota pré-histórico me carregando
resmungou.
“Certo,” disso o segurança incrivelmente inútil. “Talvez eu vá
perder algum dinheiro em um jogo de cartas, então. Boa noite.”
Ben apenas grunhiu.
Então eu o estapeei na bunda.
“Você está sendo completamente ridículo. Me coloca para baixo.”
“Não.”
“Você tem alguma ideia do quão insano isso deve parecer?”
“Eu não me importo.”
“Eu me importo. Deus, Ben. Você está me deixando louca.” Outro
grunhido. Que original.
Minha risada saiu um pouco alta demais, descontrolada demais.
Que noite. Tão tentador perder a linha, mas não. Resolução de
conflitos. Eu era uma profissional nisso ao menos. “Ben, porque você
não me abaixa e nós podemos conversar o que quer que você queira
com uma bebida. Você obviamente tem a minha atenção agora.”
“Eu acho que não.”
“Olha, eu sinto muito não ter levado o seu pedido de conversa a
sério antes. Deixe-me corrigir isso com você.”
Ele me ignorou.
Pena que as pessoas a nossa volta não. Eles riam e apontavam e
acompanhavam como se nós fossemos um maldito número de
comédia. Mas alguém pensou em tentar me ajudar? Não. Pessoas.
“Eu estou tentando ser razoável aqui!”
“Eu sei.”
“O que é muito maduro da minha parte, dado que eu estou de
cabeça para baixo falando com a sua bunda, Ben!” eu grunhi em
frustração, estapeando o seu traseiro mais uma vez só por diversão.
Algum homem alguma vez tinha nascido com a cabeça tão dura e um
traseiro tão firme? Eu acho que não.
“Continue com isso, que eu vou começar a te devolver,” ele
avisou. “E as minhas mãos são muito maiores que as suas, Liz.”
“Você é um grande idiota.”
“Sabe, você age toda fofa, mas você tem uma boca suja quando
fica irritada.”
“Vá para o inferno.”
“Está tarde, Lizzy. É hora das garotas más irem para a cama,” ele
disse.
“Ouhn, Ben. Se você estava tendo problemas para transar, era só
você ter dito. Nós poderíamos ter feito alguma coisa.”
Sua risada era baixa e suja. “Isso é muito amável da sua parte,
docinho.”
“Não se preocupe. Eu acho que é uma vergonha uma estrela do
rock grande, forte e peluda como você tenha que sequestrar mulheres
dos bares para conseguir transar.”
Ar fresco bateu nas minhas coxas enquanto a saia do meu vestido
era levantada. Dentes passavam pela minha pele macia como um aviso,
sua respiração perigosamente perto de áreas pertinentes. Ou talvez
isso fosse só a minha imaginação. De qualquer forma, hora de pirar
agora mesmo.
“Não se atreva, porra,” eu gritei, me contorcendo.
Braços se estreitaram a minha volta e os dentes afiados foram
substituídos pelos lábios.
“Pare de gritar.”
“Pare de ser um grande babaca e me coloque no chão.”
“Você disse para eu te morder.” O idiota provocou. (NT. O vá para
o inferno anterior no original é bite me, a tradução literal é me morda,
mas como gíria é vá para o inferno... outro trocadilho.)
Tanto faz. Pessoas simples frequentemente são fáceis de distrair.
Inferno eu estava há muito tempo para baixo. Era um pouco
assustador. Nós seguimos por um corredor chique, o som de máquinas
caça-níqueis e o fedor fraco de cigarro indicavam que a enorme sala de
apostas estava perto. Em seguida, um elevador brilhante com o
anúncio de algum show, começou a repetir. O homem idiota tinha
deixado a carteira no bolso de trás. Ao menos, algum entretenimento.
Por que não, já que eu tinha saído para um passeio?”
“Quem é Meli? E...” eu segurei o próximo pedaço de papel
amassado perto do meu rosto. “Merda. Eu acho que é Karen. Eu não
acho que você deva ligar para a Karen por um bom tempo. A pobre
garota mal pode soletrar o próprio nome. Hey, se importa se eu roubar
o seu cartão de crédito?”
O Neandertal se abaixou e meus pés se encontraram com o chão.
Ele segurou o meu cotovelo com uma mão forte. Uma coisa boa, uau,
minha cabeça girava e girava como se o mundo lentamente se ajeitasse.
“Me dê isso,” ele grunhiu, tomando a carteira das minhas mãos e
colocando-a de volta no bolso. “Pare de agir como uma pirralha.”
“Eu estou agindo como uma pirralha? Você tá falando sério?”
“Dizendo que você falaria comigo mais tarde, depois
desaparecendo.”
Eu bufei. “Porque ouvir mais das suas desculpas parecia muito
divertido.”
“Não é dessa forma.”
“Besteira,” eu disse, com as mãos nos quadris. “Vá procurar
alguém que queira jogar os seus joguinhos, Ben.”
“Porra.” Ele se virou, a boca franzida. “Eu queria me desculpar,
okay?”
Eu olhei e esperei.
“Eu sinto sua falta, Liz. Eu não quis te machucar.” Ele pareceu
sincero, os olhos torturados. “Me desculpe.”
“Okay. Mas eu ainda não posso fazer isso.”
Seu olhar percorreu o meu rosto. “Você não pode o que?”
“Ser sua amiga.”
Ele não disse nada.
“Eu sinto muito. Eu sei que você está sozinho e sente falta de L.A,
mas eu não posso. Eu tenho sentimentos por você e eu não posso
deixa-los de lado porque você não está preparado para ir lá.”
Ele pressionou os lábios, forte o bastante para deixa-los brancos.
Então ele virou as costas para mim.
“Ben?”
Silêncio.
“Pelo que isso vale, eu também senti a sua falta.”
O elevador apitou e as portas deslocaram lentamente.
“Obrigada pela carona.” Eu imaginei que se eu pescasse a chave
do quarto no meu soutien seria muito sutil. Ele estava certo. Era
provavelmente melhor encerrar a noite. Pelo menos eu dancei um
pouco e bebi um ou dois drinques. Eu vi um pouco de Vegas por conta
própria e Anne e Mal estavam casados e felizes. Apesar de tudo, foi
uma viagem bem sucedida. Então porque parecia que eu estava sendo
partida ao meio por causa dele mais uma vez?
Ben se arrastou atrás de mim, sem dizer nada. Ele podia fazer o
que quisesse. Obviamente. Era por volta de meia noite, pegar ou largar.
O dia hoje foi longo, com toda a preparação do casamento, com a
comemoração do meu aniversário. O fato era, que a cama soava como
uma ideia muito boa na verdade.
Eu abri a porta da minha suíte presidencial e entrei. Era tudo
mármore, e espelhos, e pompa. As cortinas estavam abertas exibindo a
Strip toda acesa. Uma coisa linda.
“Uau.”
O homem da montanha mal humorado encostou o traseiro na
mesa, as pernas abertas e os braços musculosos cruzados sobre o
peito. O que ele fazia comigo. Eu nunca tive uma chance. Meu coração
fez um boom e o meu corpo acordou no mesmo instante. A tentação de
subir nele, tocar e provar, era forte demais. Ele tinha que ir embora.
“Você não deveria estar abatendo a Karen ou Meli ou quem quer
que seja que tenha te dado o número de telefone?” Eu perguntei.
“Está com ciúmes?”
Eu tentei sorrir. Mas tenho certeza que falhei. “Qual seria o
ponto?”
Ele apenas olhou para mim, seu rosto em branco era um
mistério. Inferno, ele todo era um mistério. Um que eu nunca
resolveria.
“Você já pode ir,” eu disse. “Eu não vou sair novamente.”
O homem se espalhou no sofá.
“Me dê um tempo. Eu tenho seguido o seu rastro pela cidade
inteira nas últimas horas.”
De novo e de novo. Tanto faz.
Além da sala de estar e da de jantar tinha um quarto. Com uma
cama enorme. Você teria que levar comida para a viagem se você
quisesse tentar atravessar a coisa. Mais arranjos de flores e mobília
chique. O banheiro era igualmente enorme e majestoso. Duas
banheiras, por alguma razão. Bárbaro. Eu fui em direção a uma das
pias, olhando a garota no espelho. Nada mal. Bonita o bastante, se não
linda. Esperamos que a maior parte do tempo ela tenha metade de um
cérebro na cabeça e um futuro promissor pela frente.
Mas, entretanto, tinha um coque com o qual precisava lidar.
Então eu poderia começar a tirar toda a maquiagem do meu rosto.
Talvez eu até experimentasse uma das banheiras.
Ben apareceu na porta com uma cerveja aberta na mão. Outro
botão da sua camisa branca tinha sido desfeito. É um pescoço de touro.
Não tinha uma maldita ideia porque isso me afetava tanto.
“Eu acho que você decidiu ficar?” eu me afastei, procurando pela
primeira coisa que poderia ser sem dúvidas um monte de grampos.
“Você se importa?”
“Não, eu desisti. Mas o que Mal diria?”
“Eu fico no sofá,” ele disse, ignorando minha pergunta
totalmente.
Eu continuei prendendo o cabelo.
“Me deixe ajudar.” Ele se aproximou, baixando a cerveja. As
sobrancelhas escuras ficaram de um jeito como se estivem dando uma
boa olhada no meu cabelo. Então, com dedos cuidadosos, ele
gentilmente puxou o primeiro grampo e o jogou no balcão.
“Obrigada.”
Sem falar nada, ele continuou o trabalho enquanto eu observava.
Estranho. Eu mal chegava ao ombro do cara, mesmo de salto alto. O
tamanho dele me fazia ser uma anã. Eu não era particularmente
pequena, eu estava na média. Mas com ele parado atrás de mim eu
parecia uma coisinha minúscula. O cara poderia me partir só com uma
mão. Inferno, ele já tinha feito de longe um bom trabalho com o meu
coração.
“Eu não sei por que você fez isso tudo,” ele disse. “Ele parece
muito bom solto.”
Minhas sobrancelhas se levantaram. “Eu não sabia que você tinha
notado.”
Nada.
Eu roubei um gole da sua cerveja. Uma alemã chique em uma
grande garrafa verde brilhante. Hoppy. Bacana.
“Não precisa de toda essa merda no rosto também.” Ele tomou a
cerveja de mim e deu outro gole antes de voltar ao meu cabelo. Nossos
olhares se encontraram brevemente no espelho, então ele afastou o
olhar. Ele respirou fundo, se ocupando.
“Obrigada. Eu acho.”
Um dar de ombros.
Meus dedos começaram a brincar com a beirada do balcão, as
unhas indo para lá e para cá. Um hábito nervoso. Ele se mexeu
levemente, se aproximando mais um pouco. Eu podia sentir o calor
dele nas minhas costas, a sua solidez.
“Talvez eu deva fazer isso sozinha,” eu disse.
“Você vai ficar aqui a porra da noite toda se tentar fazer sozinha.
Quantos grampos eles colocaram nessa coisa?”
“Eu perdi a conta depois da primeira dúzia mais ou menos.”
Ele trabalhou em silêncio por um tempo. Sim. Maravilhoso. Nem
um pouco estranho.
“Feliz aniversário atrasado,” ele murmurou com a voz baixa e
rouca. Mais grampos foram jogados no balcão.
“Obrigada.”
Cuidadosamente, ele começou a libertar as mechas do meu
cabelo, deixando-as cair nas minhas costas. O olhar atento, o foco
absoluto que ele tinha, estava quase me matando. O que diabos estava
acontecendo aqui?
Fale sobre sinais confusos. Talvez eu precise de um banho frio,
gelo, a coisa toda. Porque estava faltando muito pouco para as minhas
calças pegarem fogo.
“Feliz aniversário de vinte e nove anos pouco antes do Natal,” eu
disse, a voz falhando. “Eu, um... eu sei que eu estava lá no jantar, mas...”
“Mas você estava me evitando.” Os cantos de sua boca
levantaram em um sorriso. Pareceu auto depreciador de alguma forma.
Definitivamente não era divertido.
“É.”
Ele olhou para mim pelo espelho. E então ele olhou mais um
pouco. Deus, eu queria poder lê-lo. Ao menos por um instante. Eu
queria poder toca-lo um pouco mais.
“Engraçado,” ele disse. “Nós estávamos apenas trocando
mensagens, mas eu me acostumei com isso.”
“Eu também.”
“O que você quer de aniversário?” ele perguntou, mudando de
assunto abruptamente.
“Ah, nada. Você não precisa me dar alguma coisa.”
“Eu quero te dar alguma coisa. Então o que você quer? O que
você precisa?”
Ele e ele com o seu coração em uma bandeja. “A alça da minha
mochila se partiu outro dia. Acho que eu gostaria de uma nova, se você
quiser me dar alguma coisa. Mas Ben, não precisa, de verdade.”
“Uma mochila. Okay. O que mais?”
“Nada mais. Obrigada. Só uma mochila nova está ótimo.”
Ele sacudiu a cabeça. “A maioria das mulheres estaria pedindo
diamantes.”
“Ben, eu não gosto de você porque você tem dinheiro. Eu gosto
de você porque você é você.”
Seu polegar esfregou o meu pescoço, mas ele se afastou no
mesmo instante. Talvez tenha sido um acidente. “Obrigado.”
Eu puxei um grampo do meu cabelo, assumindo o trabalho.
“Melhor acabar com isso. Está tarde.”
“Eu faço isso,” ele disse, focando no meu cabelo mais uma vez.
“Okay.” Deus ele era lindo. Por que eu tenho que pirar toda vez
que ele se aproxima? Seria legal se apenas uma vez eu não fizesse
papel de trouxa quando tinha a ver com esse homem. “Eu acho que
você deveria ir. Eu acho eu preciso que você vá.”
Dedos grossos removeram outro grampo, como se eu não tivesse
dito uma palavra.
“Por que você está aqui?” eu alcancei atrás da minha cabeça e
agarrei os seus pulsos, o parando. “Ben?”
“Porque aparentemente eu sou uma merda em ficar longe de
você.”
“Então eu acho que nós temos um problema.” Nossos dedos se
envolveram, segurando firme.
“Isso é para dizer a porra do mínimo.”
Minhas pálpebras começaram a piscar com loucura por algum
motivo. “Eu te avisei para não flertar comigo de novo a menos que você
quisesse isso.”
Ele não respondeu, apenas soltou os meus dedos e se afastou
para brincar com os meus cabelos, passando-o pelas costas da mão,
colocando-o sobre o meu ombro. Um olhar tão severo no rosto, a
carranca engolia as suas feições. Minhas mãos caíram nas laterais do
meu corpo.
E me chame de completa idiota, mas lá vou eu de novo.
Aparentemente eu não aprendia nunca. Com metade do cabelo para
cima, metade para baixo, e o zumbido das margaritas desaparecendo
muito rápido para ajudar como combustível de coragem. Maldição. Eu
parecia louca – e inferno, eu provavelmente era. Quem estávamos
enganando?
“Hey.” Eu me virei, colocando as mãos nas suas bochechas. A
textura da sua barba era incrível, meio macia mas não muito. O que era
mais incrível, ele não estava me parando ou se afastando.
“Fale comigo,” eu repeti.
“Eu odiei ver aquele cara em cima de você.”
“O quê? No bar?”
Uma projeção do queixo e ele voltou a examinar o meu cabelo,
extraindo cuidadosamente outro grampo.
Minhas mãos escorregaram, os dedos indo em direção às laterais
do seu pescoço quente. A pele era tão macia e suave. “Se isso faz você
se sentir melhor, eu quero muito arrancar os olhos de Karen e Meli
com as minhas mãos. Mas isso não muda a nossa situação agora.”
Os cantos da sua boca foram para baixo. Porra. Eu fui para frente,
chegando perto, me apoiando no seu peito largo.
Não.
Não.
Aparentemente o cara realmente gostava do meu cabelo. Porque
alguma coisa nas suas calças estava definitivamente se mostrando
contra o meu estômago. O fogo nas minhas calças se transformou em
um inferno escaldante. Eu estou surpresa por nós não termos sido
incinerados. Tudo abaixo de mim ficou tenso, minhas pernas ficaram
fracas e tensas ao mesmo tempo. Então era assim que era ficar ligada
tipo me-fode-agora-ou-eu-vou-morrer. E ainda assim, apoiada em seu
calor e força, eu também me sentia perfeitamente segura.
Apenas não com a rejeição.
“Ben?”
“Hmm?”
“O que é isso? Você sabe o que está fazendo?”
“O que eu não deveria estar fazendo.”
Ele deslizou as mãos pelas minhas costas, me segurando firme
contra a sua ereção. Oh sim. Eu enterrei as minhas unhas em seu
pescoço, segurando firme. Se ele tentasse me afastar agora, eu o
mataria. Sério. Morte por grampos. Faria uma bagunça mas seria
altamente necessário.
Sorte dele, que não se afastou.
“Eu quero isso,” ele disse, a voz devastadoramente baixa, porém
certa. Tão linda e perfeitamente certa.
“Okay.”
Ele cobriu as minhas mãos com as dele, segurando-as na sua
pele. A pequena aceitação dele em me deixar tocá-lo me acendeu de um
jeito que era quase como o calor do seu corpo. Eu me joguei nele, me
esfregando na sua ereção.
O homem parecia uma tempestade. “Caralho, Lizzy.”
“Que boa ideia.” Minha cabeça pesada pendeu para o lado e a sua
boca quente estava lá, chupando, lambendo e mordendo. Meu sangue
correu quente, passando por mim a velocidade da luz. Seus dentes
arranharam um pouco a minha pele, me fazendo gemer. Então as suas
mãos deslizaram, prendendo a minha bunda através do meu vestido de
seda, cravando os dedos.
E isso tudo era bom, muito bom. Mas eu queria muito beija-lo.
“Me deixa...” eu me estiquei, envolvendo meus braços em volta do
seu pescoço, puxando a sua boca para a minha. Uma vez, duas vezes,
ele tocou os meus lábios com os dele. Provocador do caralho. E eu não
tinha nenhum controle sobre ele porque, “Você é alto demais!”
Ele riu profundo e sujo, as mãos escorregando pela minha bunda
para me levantar. Genial. O homem era um baixista lindo pra caralho,
barbado e um gênio de grandes dimensões.
Minhas pernas envolveram a sua cintura e o sorriso em seu rosto
– merda. Era um sorriso total. Apenas dessa vez, ele poderia ter isso, e
apenas para lembrar, ficava bem pra caralho.
“Melhor?” ele perguntou.
“Sim.” Eu colei os lábios com os dele e coloquei a minha língua na
sua boca e beijei o homem idiota. Bem do jeito que eu estava morrendo
para fazer por muito tempo.
Ele gemeu, uma mão pegando a minha bunda, a outra
acariciando o meu pescoço. Me encorajando ou me segurando, eu não
sei. De qualquer forma, era sublime. O que estava acontecendo entre as
minhas pernas, enquanto isso, o cumprimento duro do seu pau
esfregando, estava quase me deixando louca. Quando o sexo ficou tão
bom? Minha abstinência de seis anos ou mais tinha muito a responder
por isso, e mesmo assim eu estou feliz por ter esperado.
Eu o beijei profundamente, provando e explorando. A sensação
da sua barba esfregando o meu rosto, o toque suave do seu cabelo nas
minhas mãos. Em vez de transar de verdade, eu tinha passado muito
tempo dando uns amassos ao longo dos anos. Mas ninguém beijava
como Ben. Apesar de eu ter começado no comando do boca-a-boca, a
batalha estava mais empatada agora. Sua língua deslizou dentro da
minha boca, me provocando e tentando, me acendendo ainda mais.
Eu nem tinha percebido que estávamos nos movendo até que as
minhas costas bateram na parede. A parede do banheiro. Nós não
iriamos transar no quarto dessa vez, e estava tudo bem, muito justo.
Sua mão saiu do meu pescoço para se atrapalhar com o zíper, as juntas
esfregando a minha virilha molhada. Elevando o meu excitamento a um
ponto que era quase demais. Então o seu dedo enganchou as laterais da
minha calcinha de cetim e o seu pau estava me esfregando bem ali.
Bem ali porra.
Sim, sim, sim.
“Ben.”
“Lizzy. Porra. Fica parada.”
“Eu estou tentando.”
Ele se pressionou dentro de mim, os lábios da minha buceta
abrindo para toma-lo. E tinha bastante dele. Seus quadris flexionaram
e eu gritei de surpresa. Mas não demorou muito para nós começarmos
a gemer, de um jeito bom e mau ao mesmo tempo. A cabeça grossa do
seu pau estava dentro de mim, mas não foi muito longe. Não sem uma
dor forte, ao menos da minha parte. O quão grosso era esse cara?
Ben descansou a sua testa suada contra a minha, arquejando.
“Isso não vai funcionar.”
“Eu não sou virgem, só que já faz um tempo. Isso deveria caber!”
Eu me agarrei a ele mais forte, escondendo o meu rosto no seu
pescoço. Eu não iria chorar de jeito nenhum, apesar da incerteza da
presente situação com os meus dutos lacrimais, preenchidos com dor e
necessidade. Isso era ridículo. Uma mão esfregou as minhas costas em
círculos grandes e suaves.
“Não precisamos ter pressa,” ele disse.
Eu funguei.
“Calma,” ele saiu de mim, e até isso não parecia bom. “Está tudo
bem.”
“Eu quero muito isso.” Eu confessei em seu pescoço. “Você.”
“E você vai me ter. Shh.”
Nos movemos novamente, dessa vez para dentro do quarto.
“E de qualquer forma, eu não tenho a intenção de entrar em você
sem proteção.”
“Estava bom. Até ficar ruim.”
“Eu sei.”
Uma mão buscou o zíper na parte de trás do meu vestido,
puxando-o. O ar condicionado bateu na minha pele, enviando um
arrepio através da minha espinha. Ou talvez tenha sido apenas a forma
que ele olhou para mim, agressivo e suave tudo de uma vez. Eu estava
deitada no colchão, Ben muito ocupado me deixando nua.
“Nós não vamos parar mesmo?” eu perguntei, a luxúria
queimando mais uma vez.
Não que ela alguma vez tivesse desaparecido. Como poderia, com
ele por perto? Minhas partes de menina eram tristemente previsíveis a
esse ponto.
“De jeito nenhum, porra.”
Eu sorri, me balançando e rolando para lá e pra cá, tentando ser
o mais útil quanto fosse possível. Sem hesitação. Meu soutien caiu, os
saltos de bico fino e as meias-calças, então ele pairou sobre a minha
calcinha chique de seda.
“O que?” eu perguntei, corando um pouco.
Dedos esfregaram a curva dos meus quadris, minhas coxas. O
homem estava acostumado com modelos e vedetes, mulheres que não
eram normais. De todas as horas para ter um ataque de nervos. Eu
cruzei os meus braços recatadamente em cima dos meus seios nus,
mordendo o lado de dentro da minha bochecha.
“Ben, qual é o problema?”
“Nenhum problema.” Seu olhar encontrou o meu. Então ele notou
os braços cruzados cobrindo o meu peito. “Não.”
Minhas mãos tremularam, incertas do que fazer.
Ele segurou os meus pulsos, curvando sobre mim para
pressiona-los na cama, acima da minha cabeça.
“Mantenha-os aí,” ele disse, a voz rouca, entrecortada, e os olhos
muito sérios. “Tá?”
“Okay.”
Suas mãos trilharam pelos meus braços, sobre as minhas axilas,
depois se abaixaram para as laterais. A tensão dentro de mim parecia
insuportável. Minha mente estava girando, confusa e excitada. O que
ele vai fazer?
Polegares engancharam nos lados da minha única peça de roupa
e lentamente as puxaram pelas minhas pernas. Enquanto o seu queixo
barbado trilhava para baixo sobre o meu esterno, entre os meus seios,
e sobre a minha barriga. Suavemente, ele colocou um beijo sobre o meu
umbigo, então jogou a minha calcinha no chão.
“Tudo bem?” ele perguntou.
“S-sim.”
O homem ficou de joelhos na lateral da cama, as palmas das mãos
acariciando as minhas coxas. “Deus.”
Sem mais preâmbulos, ele segurou os meus quadris, me puxando
para a borda do colchão para encontrar a sua boca. E sim, minhas
pernas estavam espalhadas, completamente abertas. Com a sua cabeça
no caminho, ele tinha muitas poucas opções. A sensação da sua boca
quente e ansiosa na minha buceta... não tinham palavras. Ou ao menos,
nenhuma o suficiente para expressar isso.
“Porra. Ben.”
Minhas costas arquearam, a cabeça empurrando contra o
colchão. O prazer era mais do que o meu corpo podia suportar. Toda
grama da minha consciência estava focada no zumbido crescente entre
as minhas pernas. Meus calcanhares pressionaram as suas costas
através do fino tecido da sua camisa chique. Ele envolveu os braços nas
minhas coxas, me segurando. Como se eu quisesse me afastar. Sua
língua arrastava pelo meu sexo, os lábios chupando e os dentes quase
mordendo. Todo o lugar que ele ia seus pelos faciais seguiam, fazendo
as minhas terminações nervosas formigarem e a minha barriga se
apertar. Era demais e ainda não era o bastante e eu queria mais. Toda
hora ele me dava um beliscão de aviso em algum lugar, como na
sensível junção das coxas com o tronco, como se eu precisasse de um
lembrete sobre quem estava no poder. Quem estava fazendo o que com
quem.
Ele apertou o rosto em mim, me comendo, perdendo o controle, e
isso era maravilhoso pra caralho. De virar a cabeça, de tirar o ar. Tudo.
Eu entendi agora. As barbas eram a melhor coisa. Sua língua era como
uma trilha de calor, seus lábios suaves e tão fortes. Aquela barba,
entretanto. Puta merda. Sensações demais, era muito, e tudo o que eu
podia fazer era aceitar. O homem era habilidoso pra caralho, mas eu
não queria pensar sobre com quantas mulheres ele tinha praticado.
Esquece isso. Só importa o agora.
Eu estava molhada pra caralho. Ele deslizou dois dedos grossos
em mim, dentro e fora. Todo o meu corpo se tencionou
inacreditavelmente mais, até parecer que talvez eu fosse quase
quebrar. Apenas explodindo em uma confusão de amor e caos. Depois
ele agitou a língua para baixo e para cima no meu clitóris, parando para
chupa-lo toda hora, lábios encarcerando o meu sexo completamente
inchado e super excitado.
Eu não poderia aguentar mais tempo. Meu corpo todo iria
explodir.
Eu gozei com um grito, os olhos abertos mas sem ver. Ele coloriu
o meu mundo com luzes brilhantes. Pequenos raios múltiplos
preenchiam a minha mente e me acendiam. Eu apenas flutuava,
perdida na sensação química gostosa que ele causou. O sexo medíocre
para ruim que eu tive na minha fase selvagem e idiota quando eu era
mais nova nem começava a se comparar. Nada em comum com o jeito
que Ben trabalhou no meu corpo. O prazer que ele me deu. Maldição,
ele era bom no oral. Assustadoramente bom.
Quando a neblima de luzes começou a ceder, ele estava ocupado
puxando a camisa pela cabeça. Aparentemente desfazer os botões
levaria muito tempo. Ele enxugou a boca, o olhar escuro colado em
mim o tempo todo. Em seguida ele tirou as botas e arrancou as calças –
cinto, botão e zíper. Cueca boxer preta delineava uma monstruosa
ereção. Não me surpreende não ter cabido. E pelo jeito que ele me
olhava, como se ele não estivesse certo se queria arrancar um pedaço
meu ou algo do tipo. Eu não sei. Mas o seu olhar deslizou por mim tão
aquecido, desmentindo a fome nos seus olhos. Então as boxers saíram
e ele estava subindo em mim, enganchando um braço na minha cintura
para me puxar para o meio da cama.
“Nós vamos –”
“Sim,” ele disse, então abriu uma camisinha com os dentes. Com
uma mão ele a desenrolou, e o látex escorregadio e macio esfregou
entre as minhas coxas.
“Bom... Isso é... Isso é bom.”
Seus lábios úmidos cobriram os meus, me beijando com força.
“Confie em mim,” ele disse, posicionando a larga cabeça do seu
pau contra a minha abertura.
Eu assenti.
“Pernas e braços em volta de mim.”
“Sim,” eu fiz como mandado, o envolvendo com força.
“É isso mesmo, docinho,” ele murmurou, flexionando os quadris.
Seus lábios brincavam com os meus, a língua lambia a minha
mandíbula, o meu pescoço, enquanto ele enfiava o pau dentro de mim.
Os braços rodeavam a minha cabeça e o seu rosto bonito estava muito
perto, a bochecha áspera descansando contra a minha, os dentes
mordiscando a minha orelha. Agora que eu estava completamente
molhada, as coisas foram mais fáceis. Mas ainda assim, ele não era um
homem pequeno. A sensação dele era boa, mas... considerável. Espessa.
Talvez fosse levar um tempo para eu me acostumar com ele. E não há
palavras suficientes para explicar o quanto eu queria me acostumar
com ele, de todos os jeitos.
“Espera.” Eu me contorci debaixo dele, levantando os meus
quadris para leva-lo mais fundo. “Oh Deus, sim. Desse jeito.”
“Aqui?” ele avançou, me preenchendo, seus quadris me
pressionando profundamente no colchão. Eu suspirei e ele gemeu, a
sua pélvis se movendo sem descanso contra mim.
“É.”
“Porra você é gostosa,” ele disse, o rosto afundando no meu
cabelo. “Gostosa pra caralho.” Eu flexionei os músculos das minhas
coxas, estreitando ainda mais meu aperto nele. Se me desse a metade
de uma chance, eu nunca o deixaria se afastar. Em resposta, ele gemeu,
se afastando para investir novamente, lento e suave. O movimento
calmo e preciso. Ben me fodia com tanta doçura, entrando dentro de
mim com estocadas firmes e profundas. Me acostumando com a sua
presença. Seu corpo tremia com o esforço, o suor escorria pelas suas
sobrancelhas. Eu nunca experimentei nada mais perfeito do que estar
na cama com ele. Sendo o foco da sua atenção.
Era como se nós fossemos o mundo do outro. Nada mais existia
além da cama.
Sua boca se prendeu a minha, sua mão escorregando entre nós
para explorar o lugar onde nos juntávamos. Dedos acariciavam os
lábios esticados do meu sexo, bem acima do meu clitóris sensível. Eu
engasguei e ele sorriu, ajustando-se levemente para que ele pudesse
esfrega-lo. Então ele me fodeu com mais força, me empurrando para
cima e para cima em direção ao clímax mais uma vez.
“Ben,” eu ofegava.
Seus braços se estreitaram, me enjaulando, me mantendo segura.
Uma mão deslizou para a minha bunda e depois viajou pela minha
perna, deslizando sobre a minha pele suada. Ele agarrou a minha coxa,
forte, os dedos cravando-a. A maravilhosa tensão familiar se espalhou
através de mim, me completando. Isso estava saindo do controle. Tudo
sobre o sexo com Ben estava saindo do controle. O jeito que o seu peito
duro esfregava contra os meus seios e a obstinação no jeito que ele me
observava, avaliando cada resposta. Seu corpo enorme me cobria, seu
pau me preenchia. Prazer era a única resposta possível.
Eu gozei, tremendo, mordendo o seu ombro. Eu sacudi e sacudi, e
ele me segurou ainda mais firme. Ele investiu ainda mais profundo e
gozou, uma mão no meu cabelo e a outra ainda atada ao redor da
minha coxa.
Nada poderia se comparar a isso.
Ben desabou ao meu lado. Ele bateu com tanta força no colchão
que eu saltei para o seu lado e fiquei ali, enrolada nele.
Levou um tempo para o mundo parar de girar, para
recuperarmos o fôlego. Minhas entranhas zuniam. Inferno, todo o meu
corpo zunia. Eu escondi o meu rosto na sua pele, rindo feito uma boba.
Que incrível para mim e para ele estar na mesma cama fazendo a coisa
da alegria pós-coito. Eu estava muito feliz, se eu tenho certeza de
alguma coisa, como nunca antes na minha vida. Isso não seria fácil, mas
iria valer a pena. Mal e Anne iriam se acostumar, porque oito anos
eram nada, na verdade.
Eu virei de lado e me aconcheguei nele. O cara tinha calor o
suficiente no corpo para aquecer nós dois no frio do ar condicionado.
Então, de algum lugar próximo, veio um zumbido. Ben se esticou,
abaixando para pegar o celular no bolso do seu jeans antes de joga-lo
para o lado. Quando ele viu o nome na tela todo o seu corpo ficou
tenso. O zumbido continuou. Seu polegar deslizou pela tela e ele levou
o telefone para a orelha.
“Hey.”
Uma voz fraca vinha do telefone.
“Não, não. Eu a deixei no quarto.”
A pessoa falou mais alguma coisa.
“Mas que caralho, cara. Quando você vai enfiar na sua cabeça que
nada está acontecendo? A garota não é o meu tipo.”
Meu coração pulou uma batida. Isso dói.
“Ha-ha. Sim, cai fora. Volte para a sua esposa. Eu estou indo para
um bar na cidade. Shilly está tocando. Eu disse que eu iria passar por
lá.”
Mais conversa.
“Sim, eu vou dizer que você mandou um oi. Até mais tarde.”
Acima de mim, o teto começou a ficar embaçado, minha visão
vacilou. Como eu sou boba, sempre tão surpreendida. Quando eu vou
aprender?
“Você vai ao menos dizer a ele?” eu perguntei baixinho.
“O quê?” Ben sentou do lado da cama, a cabeça nas mãos. Ele
estava dando um tempo, o sexo tinha sido intenso e essas coisas. Todos
nós processamos momentos emocionais do nosso próprio jeito. “Você
quer uma bebida ou alguma coisa?”
“Não. Eu quero a verdade.” Estranhamente calma, eu me sentei,
levando o lençol comigo. De repente ficar nua não me pareceu uma boa
ideia. “Você ao menos planejou contar a Mal sobre nós?”
“Nós só acabamos de transar. O cara está em lua-de-mel. É a sua
noite de núpcias. Você realmente quer que eu o envolva nisso bem
agora?”
“Não. O que eu perguntei foi se você está pensando em envolvê-
lo nisso algum dia.”
Ben olhou para longe, secando o rosto com uma mão. “É
complicado.”
“Sim. Mas eu não tenho certeza que você mentir para ele ajuda.”
“E eu não tenho certeza que dizer a ele que eu acabei de trepar
com a sua cunhadinha ajudaria também,” ele retrucou. “Merda. Liz, eu
não quis que fosse assim.”
“Eu sei. É complicado.” Minha voz parecia tão baixa.
Ele olhou para mim por sobre o ombro, o rosto em guarda.
“Espera...”
“Foi um acidente. Você ficou com ciúmes quando viu um cara
comigo no bar, e explodiu. Eu entendo.”
“Eu não quis dizer –”
“Você nunca quis dizer.” Sem mais delongas eu rolei da cama,
levando o lençol comigo. “Eu gostaria que você fosse embora.”
“Lizzy.” Estava bem lá no seu rosto e em seus olhos. O jeito que
os seus ombros estavam, e os dedos curvados apenas reforçaram tudo.
Remorso.
“Vá embora, por favor. Você sabe que você quer ir.”
O jeans estava abandonado dentro do banheiro. Eu meio que o
chutei para o lado, e me tranquei lá dentro.
“Docinho.” Uma ou duas batidas tímidas. “Vamos lá, abra a
porta.”
Com as costas para a porta, eu deslizei, não parando até o
mármore duro gelar o meu traseiro. Algodão egípcio não tinha
propriedades termais tão boas, aparentemente. As lágrimas caíram,
mas eu as ignorei. Que assim seja.
“Me deixe explicar.”
Eu acho que não.
“Eu só... eu fiquei em pânico quando vi que era ele. Porra, Lizzy.”
Uma batida nervosa na porta. “Você não sabe o quanto isso é duro. Eu
gosto de você, mas...”
Mas. Sem mas. Caralho.
“Eu não estou dizendo que eu não teria contado a ele na hora.”
Huh. Nem estava dizendo que teria.
“Cristo, posso ao menos pegar as minhas calças?” ele murmurou.
Na verdade, não. Ele não poderia. De mim, ele não teria mais
nenhuma coisa. Eu já tinha dado tudo o que eu poderia.
Mais lágrimas caíram. Meu corpo ainda zunia mas o meu coração
estava estilhaçado. Que confuso. Tanta coisa boa e tanta coisa ruim.
Isso era complicado demais.
Tudo ficou quieto lá fora; ele não disse mais nada. Eu acho, que
no final do dia, eu não era o tipo de garota que “complicado”
funcionava. Eu não estava procurando drama. Eu não ficava feliz
quando chovia. Então em vez disso eu sentei no chão gelado do
banheiro e chorei e chorei.
Eventualmente, vagamente, eu ouvi a porta da frente bater.
Pronto, acabou.
CAPÍTULO CINCO
AGORA

“Não.”
“O que você quer dizer com não?” Anne perguntou, o rosto
incrédulo.
“Não. Eu não vou explicar o que aconteceu entre eu e Ben para
você.” Ela apenas piscou.
“É pessoal.” Eu fiquei erguida, apesar de me sentir a cinco
centímetros do chão. “Eu só quero que você saiba que eu o persegui,
não o contrário. Eu tinha sentimentos por ele e eu agi com base neles.
Fim da história.”
Então eu acho que eu explicaria o que aconteceu entre nós. Ao
menos um lado da triste história. Esperemos que o suficiente para
salvar a banda. Bom Deus, o meu orgulho estava em frangalhos, lá no
chão.
Mal não me olhava nos olhos, e o nariz de Ben ainda estava
sangrando. Incrível. Que bagunça. Todo o jantar tinha degenerado para
uma bagunça de sangue espalhado, briga do rock’n’roll, múltiplo-
anúncio-de-bebês. Minha culpa. Eu deveria ter lidado com isso de outra
forma. Não que eu tivesse alguma ideia de como eu faria isso, mas
mesmo assim. Sem dúvida alguma ideia genial iria bater às duas da
manhã. Todos os meus novos amigos e família se reuniram para
assistir a explosão.
Merda.
“Eu sinto muito,” eu disse e segui para a porta. Eu peguei o meu
casaco e saí.

***

Um barulho de batida.
Eu abri uma pálpebra. Na escuridão o alarme marcava 3:18 da
manhã em um verde brilhante. O que diabos? A batida continuou,
seguido pelo som de vozes abafadas.
Uma era alta e agressiva, a outra muito mais calma. Eu me
levantei e acendi a luz da sala, tropeçando para a porta da sala. Quem
quer que fosse apenas teria que me ver de meias, moletom velho e uma
camiseta muito grande. Longe do calor da cama, arrepios cobriam os
meus braços.
“Liz?” uma voz familiarmente áspera ordenou. “Abra a porta.”
Eu fiz como o ordenado, bocejando e esfregando os meus olhos
ao mesmo tempo.
“Uau. Você está uma bagunça.”
“É,” Ben disse, oscilando ligeiramente.
Ele ficou de pé na maior parte por causa da ajuda de David, um
braço grande jogado sobre os ombros do outro homem. O cabelo caía
pelo seu rosto, combinado com a barba meio que parecia uma cruza do
pé grande com o Primo It. Através das mechas escuras, olhos
vermelhos olhavam para mim. Oh, e antes que eu esqueça, ele também
fedia como se ele tivesse tomado banho em um barril de cerveja,
usando um sabonete com essência de Whisky. Adorável.
“Desculpe por isso,” o guitarrista disse, meio que arrastando Ben
pelo apartamento. “Ele insistiu em vir aqui.”
“Tudo bem.”
“No sofá?” David Perguntou, o rosto enrugado pelo esforço.
“Ah, tem que ser na cama, por favor. Ele é grande demais para o
sofá.”
“Seria bom se o seu estúpido rabo acordasse no chão.” David
suspirou.
“Deixa eu ajudar.” Eu escorreguei sob o outro braço de Ben,
tentando levar um pouco do seu peso. Cristo, o homem poderia
envergonhar um urso no departamento de massa muscular.
“Hey, docinho,” o gigante bêbado disso.
“Oi, Ben.” Eu agarrei a sua mão, segurando firme. “Como está se
sentindo?”
“Ótimo.” Ele riu.
“Eu vou primeiro,” David disse, guiando nós três de lado para que
pudéssemos passar pela porta do meu quarto.
“Okay. Vá devagar.”
“Tá.”
Operação Arrastar o Filhinho de Papai Bêbado para a Cama foi
um sucesso. Exceto quando Ben meio que tropeçou na metade do
caminho. Ele foi para frente, sua testa batendo no umbral. Eu juro que
eu senti a estrutura sacudir. Definitivamente tinha um amassado na
moldura de madeira.
“Ai,” ele disse, meio que contemplativamente.
David só riu.
“Merda. Você está bem?” eu perguntei, tentando puxar o cabelo
de sobre o seu rosto para ver, enquanto tentava mantê-lo para cima e
esperançosamente a salvo de qualquer dano. “Ben?”
“Ele está bem. O cara tem a cabeça mais dura que eu já vi. Uma
vez quando éramos crianças nós fomos apedrejados em cima do
telhado da minha casa. Ben caminhou direto pela borda. Nós
estávamos todos pirando, mas na hora que chegamos lá embaixo ele já
tinha subido na bicicleta e ido para casa. O grande idiota é basicamente
indestrutível.”
David nos direcionou para a lateral da cama. “Okay, pode solta-
lo.”
Eu soltei, e o pai do meu filho ainda não nascido foi de cara no
colchão. Ao menos foi um pouso macio. Ainda assim, ele ficou deitado
completamente imóvel, sem contar o movimento das molas. Deus, eu
espero que não o tenhamos matado acidentalmente. Se nós tivéssemos,
ao menos a negligência não tinha sido intencional.
Eu agarrei um dos seus tênis e o sacudi. “Ben, você ainda está
respirando?”
Um resmungo do homem na cama. Nada mal, valia como sinal de
vida.
“Não se preocupe,” David disse. “Ele está bem. Apenas o deixe
dormir.”
Eu assenti, e ao mesmo tempo franzindo o cenho.
“Você está bem com isso?” David perguntou, as mãos nos
quadris. “Eu posso enviar Sam aqui se você quiser. Ele está acabando
de cuidar de Mal pelo que eu ouvi.”
“Não precisa, obrigada. Ele está bem? Mal?”
Seu olhar amaciou. “Desmaiou como esse aqui, aparentemente.”
Sério, que bagunça. Anne e Mal provavelmente nunca mais
falarão comigo novamente. Bem, Anne iria, mas ela era minha irmã,
então ela teria que me perdoar, eventualmente. Mal era uma situação
completamente diferente. O pensamento de perder sua boa opinião e a
sua afeição fácil doeu profundamente. Consequências eram uma vaca.
Realisticamente, entretanto, eu não poderia me imaginar fazendo
qualquer coisa diferente mesmo sabendo que Mal e Anne ficariam
putos. Quer dizer, eu já sabia disso e nem por isso eu parei. Poucos
amantes azarados e mais adultos deveriam ser permitidos a sair com
quem eles quisessem. Talvez se eu soubesse que a noite iria resultar no
grão de feijão... eu não sei. Só tinha uma coisa que eu tinha certeza:
sexo nada mais era que caos e confusão. Era oficial.
Eu esfreguei os meus olhos. “Você deve me odiar.”
Dave franziu o cenho. “O quê? Por quê?”
“Por causar de todo esse problema.” A vontade de mexer os
braços em derrota foi enorme, mas eu resisti. Por agora. Em vez disso,
eu me ocupei tirando os sapatos de Ben dos seus pés. De jeito nenhum
eles entrariam em contato com os meus lençóis.
“Eu presumo que você não precisou apontar uma arma para a
cabeça de Ben para que ele transasse com você?” O cara me observou
sem piscar, o rosto incrivelmente sério.
“Um, não.”
David deu de ombros. “Aí está.”
“Isso não é ter uma visão um pouco simples demais da situação?”
Ele sorriu. “Na minha experiência, essas merdas são muito mais
simples quando você aceita. E quando isso tem a ver com o coração,
você decide o que é importante e você fica bem. Simples. Ben quis estar
aqui. Não pense que eu não tentei faze-lo mudar de ideia. O filho da
mãe insistiu.”
Talvez. “Imagino o que a nova namorada dele iria achar da sua
teoria.”
“É.” Ele estremeceu, sua boca aberta em uma dor imaginária. “Eu
vou deixar isso para vocês dois resolverem. Mas tente não se estressar.
Pode não ser bom para o Ben Junior.”
“Certo.” Eu revirei os olhos e joguei o tênis de Ben no chão. “Mas
como isso vai afetar a banda, com os dois brigando?”
Levou um tempão para ele responder. “Eu sinceramente não sei.”
Porra.
“Boa noite. Eu vou trancar a porta quando sair.” Ele levantou
uma mão em saudação. “Ligue para Ev se você precisar de alguma
coisa.”
“Obrigada, David.”
A porta da frente se fechou atrás dele, me deixando sozinha com
Ben. Ele estava desmaiado ao longo da minha cama queen size. Ben
estava na minha cama de verdade.
Puta merda. Eu ainda não sabia o que fazer com essa informação.
Uma pena que não tinha nada além de caixas e bagunça no quarto
extra. Não que eu não o quisesse perto. Meu coração não era tão
sensível. Já era tempo de eu começar a tomar decisões seguras quando
tinha a ver com ele. Mesmo no passado.
“Hey,” eu me deitei no colchão sacudindo a perna dele. “Role para
lá.”
Um grunhido.
“Vamos lá, garotão. Se mova. Você está ocupando a cama toda.”
Murmuro incoerente.
Isso não estava funcionando, e de jeito nenhum eu iria dormir no
sofá. Eu tirei uma meia e dei um puxão no seu dedão.
“Ben. Acorda.”
Em câmera lenta, ele se agitou, levantando a cabeça desgrenhada
e olhando em volta.
“Role para lá.”
“O qu –” ele se virou, se mexendo como foi solicitado. Ele piscou e
sorriu e pareceu descontente com o mundo. Uma linha vermelha
irregular dividia a sua testa. Tanto faz o que David tenha dito, aquilo
tinha que estar doendo. “Lizzy?”
“Acertou de primeira.”
“Como eu cheguei aqui?”
“David acabou de te trazer, lembra?”
Ele coçou a barba. “Uh. Okay.”
“Você precisa se mover, você está ocupando todo o quarto.”
Confuso, ele se apoiou nos cotovelos e olhou em volta. “Essa é a
sua cama?”
“Sim.”
“Nós fizemos…” ele levantou uma sobrancelha sugestivamente.
“Não, eu já aprendi a minha lição, muito obrigada.”
“Tem certeza?” ele me deu um sorriso vacilante. “Poderia ser
divertido.”
“É, parece que você teve diversão o suficiente para nós dois essa
noite, parceiro.”
“Talvez.” Ele contemplou o algodão fino da minha camisa por um
bom tempo, um canto da sua boca se movendo para cima.
“Hey, você não está usando soutien.”
“Cala a boca e se mova, Ben.”
Um grunhido. “Tudo bem.”
Levou o que pareceu uma eternidade para ele torcer o corpo e
rolar e finalmente colocar a sua cabeça enorme no travesseiro. No meu
lado favorito, maldição. Tanto faz. Eu deitei de costas ao lado dele,
mantendo uma distância legal, divertida e celibatária entre nossos
corpos só no caso de ele decidir tentar e conseguir. Dormir mais seria
muito bom.
Para cultivar o grão de feijão, eu precisava descansar de verdade.
Minhas pernas estavam pesadas, letárgicas, minha cabeça cheia de
merda.
“Nós poderíamos nos abraçar,” ele sugeriu, as palavras se
arrastando e borrando na ideia bêbada idiota. Cara, se ele estivesse
mais um pouquinho sóbrio eu estaria em cima dele. Um abraço agora,
me deixando saber que tudo ficaria bem, parecia sublime. Um desejo
bobo e infantil, eu sei. As coisas já eram complicadas o bastante. “Eu
não tentaria nada, juro.”
“Boa dupla negativa. Não, Ben.”
Um gemido de frustração.
“Vai dormir.”
O mundo parecia parado, quase perfeitamente quente. Um carro
passou do lado de fora e o vento soprava pelo prédio. Todo mundo
deveria estar adormecido a essa hora. Eu estudei a marca de água no
teto, as sombras lançadas pelo velho abajur no meu criado mudo. Por
alguma razão, estar sozinha com ele na escuridão parecia perigoso
demais. A luz poderia ficar acesa.
“Eu vou ser pai,” ele disse, os olhos fechados.
Todo o meu corpo ficou tenso instantaneamente. “Foi o que eu
ouvi.”
“Não tinha planejado ter filhos.”
“Você não tinha?”
“Não.”
Bêbado ou não, ele soava tão preciso, tão certo. Foi como uma
adaga no meu coração, a dor era esmagadora. Doía respirar. “Nem
mesmo quando você fosse um pouco mais velho?”
Um balançar forte da cabeça em negativa.
Bem.
Eu não sabia o que dizer. Minha garganta se fechou e os meus
olhos arderam. Ele tinha menos escolha em se tornar um pai do que eu.
Nós dois fomos jogados nisso, e tinham outros planos além dois meus
sendo interrompidos. Ainda assim, não era o corpo dele que estava
sendo implodido, para todos os efeitos. Não que eu não tivesse a opção
de acabar com a gravidez. Eu podia fazer isso, mas eu não queria. Meu
coração tinha decidido e não tinha volta. Ainda assim, era difícil não
ficar amargurada e se sentir traída com o anúncio dele. Eu nem ao
menos tinha o luxo de estar apta a ficar cega pela bebida. E acredite em
mim, lidar com tudo isso sóbria era um saco. Minha parte racional
cuspiu tantas desculpas plausíveis e razoáveis para ele – ele estava
surpreso, ele estava bêbado, dê uma chance a ele de pensar nas coisas,
bla bla bla.
Mas que tudo isso se foda. Que ele se foda.
Eu meio que já esperava o pior, estar nessa sozinha. Agora eu
sabia. Ele já tinha me desapontado duas vezes, isso não era uma
surpresa. Nada tinha mudado, nada mesmo. Eu deslizei a mão na
minha barriga, espalhando os meus dedos sobre o monte suave que
estava ali. Deve ter sido só a minha imaginação, mas eu podia senti-la
se formando lá, crescendo. Nós ficaríamos bem. Nós iríamos lidar com
isso.
“Eu não queria casar,” ele continuou. “E crianças, elas precisam
de estabilidade e essas merdas. Tempo, energia, todas essas coisas.”
“Verdade.” Minha voz soou vazia, um eco sem emoção.
Ao menos eu tinha o apartamento pago por um futuro próximo.
Reece poderia sem dúvida me usar mais na loja. Eu tinha sorte.
Provavelmente seria melhor se eu saísse da faculdade e começasse a
economizar. Dado o número de dias que eu tinha perdido aula por
causa do enjoo matinal, minhas notas não iriam subir de qualquer
forma. Eu engoli em seco.
“Eu gosto da minha vida do jeito que ela é,” ele disse, a voz se
enrolava.
“É, eu também.” Eu dei um tapinha na minha barriga. “Me
desculpe, Bean.” (NT. Na verdade, a Lizzy chama o feto de Bean, traduzi
como grão de feijão anteriormente, mas já que virou um apelido,
manterei Bean (Feijão)
“Gosto da minha liberdade. Poder pular em um avião e ir fazer
música com um amigo ou tocar no seu novo álbum. As coisas eram
perfeitas do jeito que estavam.”
“Hmm.”
“Eu não poderia ficar longe de você.”
“Por que não?” eu perguntei, honestamente curiosa.
“Eu não sei. Você só... você ficava na minha cabeça.”
“E outras mulher não ficavam?”
“Não como você.”
“Não?” Possivelmente o menino bêbado estava de volta querendo
sexo. Já que o meu coração ficava estúpido no minuto que ele aparecia,
era difícil de dizer.
Ele expirou forte. “Eu queria você, mas... você era minha amiga
também. Quer dizer, minha amiga de verdade. Você não queria nada
além de mim. Falar comigo, passar tempo...”
Silêncio.
“Eu sabia que você queria mais, mas você não insistia. Eu senti
sua falta quando você se foi e eu não podia falar merda com você, falar
com você sobre as coisas.”
Minha vez de suspirar.
“Liz?”
“Sim?”
“O que nós vamos fazer?” ele pareceu quase com medo.
Eu desisti e rolei para o lado, tudo para vê-lo melhor. Se ao
menos o perfil dele fosse mais feio. Em vez disso, o nariz dominante e
os lábios macios pareciam quase majestosos de alguma forma. Filho da
mãe. Eu me aproximei, o estudando. Pálpebras fechadas, os lábios
selados. A sua testa tinha suavizado com o repouso, a curva
pronunciada das suas maçãs do rosto. Eu nunca tinha realmente me
cansado de olhar para ele. Todos os velhos sentimentos passaram por
mim, só que agora tinha mais. Muito mais. Um pedacinho dele e meu
estava crescendo dentro do meu corpo, criando uma conexão
permanente entre nós. Isso era meio que aterrorizante. Eu imaginava
se teria seus olhos ou a sua boca.
O quarto permaneceu em silêncio.
“Ben?”
Eu esperei, mas ele não disse mais nada, sua respiração caiu num
ritmo padrão e profundo. Então o ronco começou. Eu recuei de
surpresa. Puta que pariu. Ele tem que estar de sacanagem. Eu cobri a
minha cabeça com o travesseiro, resistindo a tentação de sufoca-lo com
ele. Uma motosserra duelando até a morte seria mais silencioso que a
comoção que estava saindo pela sua região nasal.
“Ben,” eu gritei no travesseiro, dando um grito ou dois de
frustração, e mais algumas lágrimas.
Esse cara e eu, nós estávamos condenados desde o início.

***

“Hora de acordar.” Eu sempre tão gentil chutei a cama.


O homem espalhado nela nem se moveu. Que triste pra ele, o
tempo do Belo Adormecido tinha acabado.
“Ben!”
Sua cabeça levantou, os olhos atordoados e confusos. “Huh?”
“Acorda. São quase onze horas.”
Eu coloquei o seu café na mesa de cabeceira, depois fui para o
outro lado do quarto para beber o meu. Também para abrir as cortinas,
porque eu sou má quando tenho os sonhos desfeitos e sono limitado.
Ele piscou, bocejou, e se protegeu da luz do dia como um
vampiro. O cara definitivamente não brilhava. Nem cheirava
particularmente bem.
Apesar de todas as fantasias que eu tive com ele, ele acordando
no meu quarto parecendo ter sido atropelado não fazia parte delas.
Ainda assim, mesmo com as suas roupas e cabelo tortos, e o fedor de
suor e cerveja, tinha alguma coisa nele. Alguma coisa magnética, me
fazendo querer chegar mais perto, e ficar mais perto.
Estúpida. Provavelmente sejam os hormônios ou algo do tipo.
“Lizzy?”
“Sim?”
“Ah, merda,” ele resmungou. “Davie me deu ouvidos. Ele deveria
ter apenas me despejado no hotel.”
Sem comentários. “O café está aí do seu lado.”
“Obrigado.” Lentamente, ele se sentou, esfregando a cabeça.
Então ele olhou em volta do quarto, absorvendo tudo como se fosse a
primeira vez. O que provavelmente era. Seus olhos percorreram as
xilogravuras japonesas baratas que eu tinha escolhido nas feiras, e
minha estante cheia de livros. A pilha de roupas sujas esperando por
um dia que eu não estivesse ocupada faziam eu me sentir prestes a
começar a vomitar as minhas entranhas de novo. Sem dúvida a cena
era uma dramédia comparado com o que ele estava acostumado. Eu
tinha imaginado lustres, mármore, muito esplendor. Modelos
glamorosas no lugar de uma garota com o rosto pálido de cabelo
molhado e jeans velho e um suéter igualmente gasto que tinha
encolhido na lavagem.
Tanto faz.
“Nós precisamos conversar,” eu disse.
Ele congelou, e era justo. Honestamente, aquelas três palavras
eram as mais detestadas entre as pessoas em todos os tempos. Elas
eram basicamente uma sentença de morte, seguidas de perto pelo nós
ainda podemos ser amigos.
Exceto que eu e ele nunca tínhamos chegado tão longe.
“Sim, nós precisamos.” Ele tomou um pouco do café, me
observando por sobre a borda da sua caneca o tempo todo. “Por que
você se escondeu lá? Ficou assustada que eu ficasse agressivo ou algo
do tipo?”
“Não.” eu sentei na beirada da cama.
“Só quis me manter fora do seu caminho no caso de você sentir a
necessidade de fugir novamente.”
Ele tossiu com uma gargalhada. “Ai.”
Eu dei de ombros. Depois me senti culpada. Depois me lembrei
do ronco e me mantive erguida mais uma vez.
“Olha,” ele disse, virando a cabeça na minha direção. “O que quer
que você precise de mim, okay?”
Minha boca aberta se fechou. “Obrigada.”
Seus dedos flexionaram em volta da caneca de café. “Você quer
mantê-lo, certo?”
“Sim.”
Um aceno de cabeça.
Eu respirei fundo, procurando dentro de mim por alguma força.
Hora de seguir com o assunto de deixa-lo fora da minha vida. Sem
lágrimas ou mágoas. Nós estávamos além disso agora. “Eu sei que você
não queria ter filhos, Ben. Que você gosta da sua vida do jeito que ela é.
Então se você –”
“Eu nunca disse isso,” ele atirou.
“Sim, você disse. Na noite passada.”
“Lizzy.” Os olhos escuros me prenderam no lugar. “Alto lá. O que
eu disse quando estava bêbado não conta, certo?”
Dado o número de coisas interessantes que ele disse, eu não
estava muito certa sobre isso.
“Certo.”
“Não use isso contra mim.” Suas narinas inflamaram quando ele
respirou fundo. “Na noite passada... você meio que me pegou
desprevenido.”
“Isso me pegou meio desprevenida também,” eu disse, lutando
para deixar a minha voz menos aguda. “Eu não queria te contar sob
aquelas circunstâncias, Ben. Apenas aconteceu. Você pode agradecer a
sua nova namorado por ser tão discreta.”
Ele estremeceu. Golpe direto, dez pontos.
“Olha, o que eu estou tentando dizer é que ter esse bebê é uma
decisão minha. E se você decidir que não nos quer impactando a sua
vida, então eu entendo.” Eu curvei um braço em volta da minha barriga,
me curvando. “Isso é tudo.”
Lentamente, Ben ficou de pé, deixando a caneca de lado. “Você
acha que eu faria isso com você?”
“Nessa situação, eu sinceramente não faço ideia de como você vai
reagir.”
“Você só está esperando o pior.”
“Na noite passada –”
Sua mão cortou o ar. “Não repita o que eu disse na noite
passada.”
Eu não disse nada.
Depois ele deve ter percebido o quão ruim isso tudo pareceu e
soou. A raiva nos seus olhos amainou, sua postura relaxou. “Merda. Me
desculpa. Eu não queria levantar a voz.”
“O que você quer que eu faça, Ben?” eu joguei as mãos para cima.
“Me dê uma dica. Eu estou grávida. Nenhum de nós planejou isso. Nós
mal nos falamos aquela noite em Vegas, e agora você está saindo com
alguém. O que eu faço?”
“Me dê uma chance para acertar as coisas.”
Eu apenas olhei para ele, tentando ficar calma. Precisam de dois
para dançar o tango.
“Eu estou falando sério.” Seus ombros foram para cima e para
baixo. “Apenas me dê uma chance para acertar as coisas e eu prometo,
Lizzy, eu vou te ajudar.”
Isso pareceu tão promissor. Honesto de verdade. “E quanto a sua
namorada?”
“Ela não tem nada a ver com isso.” Ele nem ao menos hesitou.
“Isso é entre eu e você.”
“Certo.” Qualquer problema que eu tivesse com a mulher e o seu
lugar na vida dele, era meu. Era uma merda ser eu. “Okay.”
Ele pegou o seu café, seu pomo de Adão balançando enquanto ele
o bebia. “Eu vou, ah, ter os advogados começando a trabalhar em
alguns papéis.”
“Advogados?”
Um aceno cortante.
“Você vai precisar de dinheiro – despesas com moradia, essas
coisas. Eles vão ter tudo isso resolvido. Tenha certeza que você está
sendo cuidada.”
“Oh.” Eu olhei para a cama desarrumada, minha mente em um
turbilhão.
“Está bem?”
“Eu acho que eu esperava que mantivéssemos isso entre você e
eu. Mas você está certo. Você precisa se proteger.”
“Lizzy, eu não quis dizer que eu acho que você vai tentar me
enganar ou algo do tipo.”
“Eu espero que não, considerando que eu não te pedi uma única
coisa.”
Uau. Falando sobre se sentir desconfortável. Sua língua correu
pelo lado de dentro da sua bochecha enquanto ele olhava pela janela
do meu quarto. Acho que a árvore lá fora tinha entendido errado.
“O aluguel desse lugar está pago e eu tenho um emprego, então
eu estou bem por agora. Mas você pode ter os seus advogados fazendo
o que você quiser.” Eu esfreguei a dor súbita entre os meus olhos. Essa
conversa era o suficiente para dar uma dor de cabeça em qualquer um.
“Acho que é melhor eu conseguir um também.”
Ele enfiou as mãos nos bolsos de trás do seu jeans. Então ele
mudou de ideia, sentou, e começou a bater os pés. “É melhor a gente
ter todas essas coisas legais resolvidas primeiro, sabe?”
Não, com toda honestidade, eu não sabia. Ele só estava
claramente demonstrando o quanto. Meu estômago deu uma
cambalhota nauseante e eu engoli em seco, lutando contra a vontade
de vomitar. Gah. Eu precisava de um cream cracker. Um cream cracker
resolveria tudo. Com toda a pressa, eu empurrei a minha bunda para a
cozinha minúscula e me ocupei em me alimentar. Isso pelo menos era o
que eu tinha sob controle. Eu não poderia fazer nada sobre Ben e seus
advogados e essas coisas. Mas comer um cream cracker? Isso estava
sob meu comando.
Bean e eu ficaríamos bem.
Foda-se o mundo e todo o resto.
“Eu tenho que ir,” ele disse, agora evitando os meus olhos da sua
posição na sala de estar. Maravilhoso. Assim que ele sair, ele vai ter que
encontrar um novo hobby. Talvez ele pudesse trabalhar em esquecer o
meu nome ou algo do tipo. “Tem um ensaio que eu preciso ir. A turnê
está chegando, então as coisas estão meio corridas agora. Obrigado por
ter sido legal sobre eu ficar aqui. Não acontecerá de novo.”
“Claro.” Eu disse.
“E não se preocupe com o dinheiro ou ter que trabalhar mais
horas. Eu vou cuidar disso tudo.”
“Ótimo.” E isso era ótimo, mas isso também era frio e impessoal.
“Obrigada.”
Ele murmurou alguma outra coisa, mas eu meio que desliguei.
Não era nada que eu quisesse ouvir. O quão depressivo esse dia ficou.
Eu odiava tudo e todo mundo e em tudo mais que eu pudesse
possivelmente pensar. Exceto Bean. Ela era a inocente no meio de toda
essa bagunça. Deus, sexo era um saco.
Eu nunca, jamais faria isso de novo. Nem mesmo um pouco.
Também, infelizmente faltava bolo nessa festa de auto piedade.
Basta. Eu preciso sacudir essa merda. Recuperar a minha magia. Eu
tenho certeza que uma mulher grávida brilha ou algo assim. Eu só
preciso achar a minha luz. Talvez eu saia para dirigir, pegar um pouco
de ar fresco. Um lugar seguro. Agora mesmo, estar tão longe daqui
quanto for possível parecia delicioso, e o meu carro era uma coisa
especial. Ele estava esperando por mim no aeroporto na nossa volta de
Vegas. Mal tinha, como prometido, me dado um Mustang GT 1967 azul
bebê de presente de aniversário. O melhor presente de todos os
tempos. Era o carro mais bonito no estacionamento. Ben parecia
vagamente em pânico cada vez que ele colocava os olhos no veículo.
Mas é, meu carro era incrível.
Uma pena que ele não serviria para transportar um bebê por aí,
tendo apenas duas portas. Eu tinha que exibir a minha beleza enquanto
eu podia.
Já que eu tinha um dia inteiro para mim, isso significava que eu
iria dirigir pela costa.
“Até mais, Liz.”
“Até mais.” Eu levantei um cream cracker em saudação, mas ele
já tinha ido. E, por uma vez, meu coração não podia se obrigar a se
importar.
CAPÍTULO SEIS
As vozes me alcançaram assim que eu cheguei na porta do
prédio. Vozes altas, várias delas. Estranho. Lauren não tinha dito nada
sobre dar uma festa essa noite. Espera. Erro meu. Essas não eram
vozes festeiras. Não, essas estavam putas da vida de um jeito não-
alcoólico.
Eu corri pelas escadas, desabotoando o meu casaco. Para um
carro que era mais velho que eu, o Mustang funcionou
espetacularmente bem. Seu aquecimento pode ser um pouquinho
duvidoso, no entanto, especialmente se você gostar de abrir a janela
uma hora ou outra para sentir o vento frio no seu rosto. Besteira, eu
sei. Foi apenas alguma coisa que eu senti a necessidade de fazer de vez
em quando.
O corredor estava mais iluminado que o habitual, uma luz
brilhando no segundo andar. Eu apressei o passo.
Puta merda. Minha porta havia sido arrombada.
“...esperar que uma menina de vinte e um anos cuide de um bebê
–” Essa era a voz da minha irmã.
“Como eu disse antes, ela não vai fazer isso sozinha.” E essa foi a
de Ben.
“Porque você vai juntar as suas merdas e casar com ela. Certo,
papaizinho?” Droga. Esse foi Mal, e ele parecia com mais raiva do que
ele estava na noite anterior. “Você vai fazer a coisa certa e desistir
desse estilo de vida de solteiro que tem uma mulher diferente cada
noite, não vai? Porque você é conhecido pra caralho por deixar as
porras das coisas rolarem.”
“Cara, a gente já falou sobre isso –”
“Sim. E você ainda não está dizendo as coisas certas. Você
entendeu?”
A sala de estar estava bem cheia, isso era certo. “Ben, Anne e Mal
estavam se encarando no meio. Claramente, dois contra um. Enquanto
Sam, o segurança, e Lauren assistiam dos cantos, por alguma razão.
“Pessoal,” eu disse.
Eles continuaram discutindo.
“Pessoal!”
Nada ainda.
Finalmente, eu coloquei dois dedos na boca e deu um assovio
ensurdecedor. Um talento que eu tinha aperfeiçoado na juventude. Útil
para aborrecer muito a minha irmã, se nada mais. O barulho abalou até
a minha própria cabeça.
Nada além do silêncio.
“Oi. Como estão todos vocês?” eu estava de pé no que sobrava do
umbral. “Eu gostaria muito de saber o que aconteceu com a minha
porta.”
“Lizzy,” Ben disse, exalando com força. “Obrigado porra. Ficamos
mortos de preocupação com você.”
“Onde você estava?” Minha irmã se adiantou, me envolvendo em
um abraço apertado. “Eu tentei ligar para você o dia inteiro. Nós
procuramos por toda parte e não conseguíamos te encontrar.”
“Desculpa. Eu só precisava ficar um pouco sozinha.” Eu apertei as
suas costas, incapaz de parar de sorrir. O pensamento de Anne virando
as costas para mim tinha me assustado mais do que eu queria admitir.
“Bem, eu entendo você querer isso.” Ela deu um passo para trás.
“Mas você poderia ter avisado alguém.”
“Você não pode simplesmente desaparecer desse jeito.” E Ben
manteve a testa franzida. “Merda, Liz, você está grávida.”
“Não a aborreça,” Anne atirou.
Ben a ignorou. “Eu não sei o que diabos está passando pela sua
cabeça. Mas você precisa me deixar saber onde você está.”
Minhas sobrancelhas subiram e minha boca se abriu, pronta para
respondê-lo.
“Ela não se reporta a você. Ela vai te deixar saber se e quando ela
decidir deixar você saber,” Mal disse, estabelecendo a lei para o seu
colega de banda antes de se virar em minha direção. “Você vai enviar
uma mensagem de texto para a sua irmã na próxima vez que você
decidir passear um dia inteiro, entendeu?”
Minha boca, ainda estava aberta.
“Cristo, cara.” De novo e de novo, as mãos de Ben se fecharam em
punhos antes de abri-las novamente. “Você pode parar com essa merda
e sair de cima de mim pela porra de um minuto?”
“Não diga essas coisas para ele.” Minha irmã normalmente calma
e sensível colocou o dedo bem no meio do peito largo de Ben. “Foi você
quem causou essa bagunça, muito obrigada. Ela pode ser uma
jovenzinha ingênua, mas você definitivamente é velho o bastante para
saber das coisas.”
“Está certo.” De pé tão alto quanto um arranha céu, apesar de só
chegar até o nariz de Ben, Mal o olhou de cima. Ou para cima. Tanto faz.
“Isso é assunto de família. Você pode ir, obrigado.”
A batalha pelo controle estava no rosto de Ben. Ele forçou a sair,
entre dentes, “Eu posso ir?”
“Sim.”
Isso era insano.
Alguém tinha que dar um passo a frente e ser a voz da razão.
Infelizmente, essa pessoa era eu. “Okay. Espera aí, vocês todos. Por que
nós não nos acalmamos só por um minuto.”
Com toda a habilidade e velocidade de um stripper experiente,
Mal virou em seus calcanhares. “E você, mocinha! Você está de castigo
até segundo aviso.”
“Eu estou de castigo?”
“Baby.” Anne estremeceu. “Isso não vai rolar.”
“E nunca mais vai falar com o Ben. Ele é claramente uma
influência ruim para você.” O baterista continuou, absorto, zombando
do seu ex-amigo. “Está entendido, Elizabeth?”
Lauren riu.
“Sim. Certo,” eu disse.
“Bom.”
“Saiam,” eu disse, minha voz bastante fria, bastante calma. Um
pouco cansada, mas hey, esse está sendo um dia longo.
“O quê?” Anne perguntou.
“Eu amo muito vocês,” eu disse. “Mas eu quero que vocês dois
saiam agora, por favor.”
Seu rosto caiu e ela deu um passo a frente. “Você não tem que
lidar com isso sozinha. Eu sei que as coisas ficaram fora de controle na
noite passada, mas precisamos falar sobre isso. Estou preocupada com
você.”
“Eu sei, e nós iremos.”
Um suspiro pesado. “Você vai me ligar amanhã para podermos
conversar?”
“Sim.”
Anne me deu um lento aceno com a cabeça. “Okay.”
Com um leve sorriso, Sam se levantou do sofá e se espremeu
passando por mim, através da porta. Ou o que restou da porta. Eu
ainda precisava de um o que diabos por aquilo.
“Alguém vira consertar a porta em breve, Miss Rollins,” Sam
disse.
“Obrigada.”
“Grite se precisar de alguma coisa.” Lauren também saiu.
“Obrigada.”
“Mas eu não quero ir embora,” Mal silvou. Sussurros aquecidos
continuaram entre ele e a minha irmã. Ele até tirou a mão dela dos seus
braços tensos e cruzados. “Ela não sabe o que é melhor para ela. Não
como nós. Eu em particular.”
Mais sussurros.
“Bem, Ben tem que ir também? Eu não vou embora a não ser que
ele vá também.”
“Mal,” eu lamentei. “Por favor? Se eu prometer conversar com
vocês dois amanhã sobre tudo isso, por favor, você iria embora agora?”
Seu nariz e sua boca se estreitaram.
“Por favorzinho?”
“Tudo bem.” Ele passou um braço em volta do pescoço de Anne,
puxando-a para o seu corpo. “Nós sabemos quando não somos bem
vindos. Não sabemos, Pumpkin?”
“Sim, eventualmente.” Minha irmã me deu um pequeno sorriso.
“Obrigada,” eu disse, dando um leve aperto em sua mão livre e
me virando para Mal. “E eu preciso saber se eu não destruí a banda.”
Mal fez uma careta e rosnou.
Ações tinham consequências. Eu tinha aprendido muito bem a
lição. “Por favor.”
“Tudo bem. Mas só porque você perguntou tão gentilmente. Fora
do que tenha a ver com a banda, ele está morto para mim,” Mal disse
para Ben, passando um dedo pela sua garganta.
“Cara.” Ben suspirou.
“Eu quis dizer isso. Eu estou muito puto com você, mano. Você
engravidou a minha nova cunhadinha. Isso é muito pior do que a vez
que você quebrou a minha bicicleta tentando dar aquele salto. E aquilo
foi ruim.” Os recém-casados seguiram para a porta. “Te vejo amanhã no
ensaio.”
“Tá,” Ben disse, se jogando na poltrona. Sua cabeça foi para trás
contra a parede e ele me olhou cansado. “Você vai me jogar para fora
também?”
“Provavelmente deveria. Foi você o que aconteceu com a minha
porta?”
Ele passou uma mão pelo rosto.
“Sim. Me desculpe por isso.”
“Eu não pude deixar de notar que ela meio que não está mais no
lugar.”
“Eu meio que a quebrei.”
“Certo.” Eu vagueei e plantei a bunda em uma poltrona de couro
preto em frente a ele. Mal e Anne me deixaram umas mobílias muito
legais quando eles liberaram o apartamento. “Por que, posso
perguntar?”
“Anne ligou, dizendo que não podia te encontrar e você não
estava atendendo o telefone.” Ele cruzou as pernas, seu tênis
balançando pelo movimento constante. “Eu fiquei preocupado de você
estar aqui sozinha, pirando ou algo do tipo depois de hoje de manhã e
se recusava a falar comigo.”
“Ah.”
“Eu exagerei.” Ele usava seu jeans e camiseta habituais. Maldição,
ficava bem nele. você tinha pensado que por eu estar grávida os meus
hormônios sossegariam um pouco. Mas essas coisinhas bobas
continuavam a queimar em uma dança feliz toda vez que ele se
aproximava. Era ridículo. Eu precisava prender o meu púbis, comprar
um cinto de castidade ou algo assim.
Em vez disso eu enfiei as mãos entre as minhas pernas,
apertando as minhas coxas juntas.
“Nós temos um problema,” ele disse.
“É.”
“Não, eu quero dizer um novo.”
“O quê?”
Ele se sentou, colocando os dois pés no chão. “Sasha não aceitou
muito bem eu terminar com ela. Ameaçou contar a imprensa sobre
você.”
“Você terminou com ela?” Meu coração acelerou.
Ele pausou. “Bem, sim.”
“Por quê?” Oh, inferno. Minha boca. Eu deixei sair a pergunta sem
nem ao menos pensar. “Quer dizer. Okay, não é da minha conta. Eu não
quero saber.”
Isso não era a esperança se acendendo na minha barriga. Sem
chance que eu seria tão estúpida. De novo. Tinha que ser alguma outra
coisa. Talvez fosse Bean fazendo exercícios hidro-aeróbicos ou algo do
tipo.
Ben meio que me encarou, ficando parado por um longe tempo.
“De qualquer forma.”
“Sim?”
“Você ficar aqui sozinha não é uma boa ideia. Especialmente
agora que a porta precisa ser consertada.”
“Verdade.”
“A segurança aqui é bem ruim de qualquer forma. Então, eu
estava pensando que talvez fosse melhor se...”
“Se?” eu me empoleirei na beirada do assento, literalmente
esperando com a respiração suspensa.
Ele não estava prestes a me pedir para morar com ele. No seu
próprio espaço pessoal. Ninguém nunca foi ao seu quarto de hotel ou
onde quer que ele esteja morando. Eu tenho que confessar que eu
estava curiosa. E mais, o pensamento de morar com ele me fazia
começar a suar frio. “Se o que?”
“Se você fosse morar com Lena e Jim até nós sairmos em turnê.”
Seus olhos escuros nunca deixaram o meu rosto. “Quer dizer, eu só
estou supondo que você irá com a turnê agora. Você pode não querer
ir.”
“Você me quer na turnê?” Mas ele não me queria na sua casa. Isso
é muito confuso e desapontador. Ou talvez ele me quisesse na turnê
para ficar de olho em mim, o velho padrão Lizzy-boba-e-jovem-não-
podia-cuidar-de-si-mesma. Cristo, isso me abalou. Eu ia ser mãe.
Aparentemente, eu ia ser mãe solteira, não importa os barulhos
calmantes que ele estava fazendo. Aconteça o que acontecer, eu só
poderia depender de mim mesma.
“Imaginei que com Anne querendo ir, e Lena estando grávida
também, que você talvez fosse,” ele disse. “As pessoas vão empacotar
para você, e tudo o que vai ter que fazer é entrar e sair do jatinho
alguns dias e depois relaxar. Esses lugares têm massagistas e tudo o
mais. Terão médicos disponíveis para te examinarem. Eu vou ter
certeza que estarão cuidando de você.”
“Eu não sei...”
Ficar para trás com Anne e as outras garotas indo não me faria
feliz. Eu acho que fazer amigos não era o meu forte. Depois do meu
período adolescente problemática, eu meio que me mantive para mim
mesma. Anne e eu tínhamos aperfeiçoado a arte de colocar uma
exterior normal. Qualquer um que olhasse além veria que não era bom,
porque obviamente minha mãe não atuava como o adulto responsável.
Quando Anne saísse de turnê, eu ficaria basicamente sozinha. Mais
havia mais do que eu e o meu jeito de garota solitária para considerar.
Haviam tantas histórias dúbias sobre o que acontecia em uma turnê.
Ele e outra mulher. Eu não precisava ver isso. Nem nesse ano ou no
próximo. A coisa com a Sasha tinha machucado o suficiente. Imagino
por que ele terminou com ela?
“Eu não quero ficar no seu caminho,” eu disse, as mãos se
contorcendo no meu colo. “Seria estranho se nós ficássemos frente a
frente todos os dias.”
Eu ganhei um grunhido de homem das cavernas. Pareceu sério,
do tipo que acompanha pensamentos profundos. Mas não me deu
nenhuma dica.
“O que você acha?” eu perguntei.
O rosto que ele me deu era complicado, as sobrancelhas juntas,
os lábios ligeiramente afastados. Parecia como se ele estivesse prestes
a dizer alguma coisa.
Esperei.
“Desembucha, Ben.”
Ele ficou tenso. “Eu quero que você vá.”
“Por quê?”
“Para ter certeza que você vai ficar bem, pra eu poder manter um
olho em você, pra você não precisar ficar aqui lidando com tudo isso
sozinha. Muitas razões.”
Como razões, elas não eram ruins. Mas como Mal apontou, Ben
tinha problemas com seguir em frete. A história dizia que ele poderia
eventualmente mudar de ideia e me deixar sozinha e triste. Que tipo de
pai ele seria? Deus o ajudasse se alguma vez ele jogasse essa merda
para o meu filho. Não importa o tamanho dele, a minha raiva seria
épica.
“Vamos lá,” ele disse, a voz firme. “Nós precisamos começar a
resolver isso juntos. Como ir adiante e ser pais e tudo o mais. Eu não
quero ser o cara que Mal me acusou de ser. Me dê uma chance, Liz.”
“Eu realmente não sei o que é melhor.” Ele agarrou a cabeça.
“Olha, se você quer ficar aqui, terminar a faculdade esse semestre, eu
vou organizar uma segurança para você. Cuidar de tudo. A escolha é
sua. Eu não quero te obrigar a nada.”
“Segurança?”
“Sim.”
“Uau.” Eu acariciei a minha barriga, meu sorriso não estava mais
no lugar. “Eu continuo esquecendo que eu estou carregando o bebê de
uma pessoa importante. A próxima geração da Stage Dive.”
Ele estendeu as mãos, um olhar indefeso no rosto. Ao menos ele
estava tentando.
Agora era comigo. “Tudo bem, eu vou. Eu estava pensando em
largar a faculdade. Eu perdi muitas aulas com o enjoo matinal, e os dias
ainda podem ser um sucesso ou um fracasso. Eu não gosto das minhas
chances de me recuperar com tudo o que está acontecendo.”
Um aceno e um sorriso. Seus ombros largos caíram como se ele
estivesse acabado de lutar em uma guerra.
“Você quer que eu fique com Lena e Jimmy?”
“Eu quero que você e o bebê estejam seguros e cuidados. Não que
eu não queira ser o que vai olhar por você. É que é –”
“Tudo bem. É complicado com a gente não sendo um casal de
verdade e tudo o mais. Eu entendo.” Eu me inclinei no meu assento,
tudo dentro da minha cabeça girando. “Não que eu não aprecie a
oferta.”
Seu olhar sério revelava nada. “Liz...”
“Mm?”
Eu esperei, mas ele não continuou.
Graças a Deus Bean seria uma menina. (Eu podia sentir isso.
Intuição materna, etcetera.) Os homens era muito misteriosos. Não que
eu queira desvenda-lo agora. A vida já estava ocupada demais. Ao
menos dessa vez não houve a menção de advogados. Passinhos de bebê
– trocadilho pretendido.
“Eu vou resolver as coisas sozinha. Eu vou para a casa de Mal e
Anne,” eu disse. “Não falta muito para a turnê começar. Ele não vai
conseguir me enlouquecer assim tão rápido.”
Ele franziu o cenho. “Você tem certeza?”
“Sim.” Eu assenti.
“Okay. Mas você vai deixar eu te ajudar financeiramente, certo?”
“Olha, eu passei algumas coisas pela cabeça hoje. Dado que o
aluguel desse lugar está pago, e com o meu trabalho na –”
“Onde quer que você vá com isso, a resposta é não.” O homem me
colocou no lugar com um olhar. Ou tentou.
“Me desculpe?”
“Não, você não vai passar por isso sozinha. E o mais importante,
você não precisa. Você tem a mim.”
“Mas eu não tenho você, Ben. Esse é o ponto.” Eu me sentei para
frente, desejando que ele entendesse. Ele abriu a boca, mas eu fui mais
rápida.
“Por favor, apenas ouça. Eu vou ter um bebê, e isso é uma coisa
muito grande. É tão grande, que quando eu tento pensar sobre isso eu
sinto como se a minha cabeça fosse explodir. Mas eu vou lidar com
tudo isso porque eu tenho que lidar, porque esse bebê está dentro de
mim. O que eu não consigo pensar ou lidar é com você – você e a sua
vida e como tudo isso o afeta. Porque eu sei, não importa o que você
diga, ter esse bebê nunca teria sido a sua primeira escolha. Então eu
senti culpa, e então eu fiquei com raiva porque eu me senti culpada, e
depois isso só era uma bagunça horrorosa com a qual eu não queria
lidar.”
“Liz.” Ele esfregou o rosto com as mãos. “Merda. Essa não teria
sido a minha primeira escolha. Ter esse bebê agora também não estava
nos seus planos –”
“Mas –”
“Não,” ele disse, as mãos segurando forte as suas coxas. “Minha
vez de falar. Sua vez de ouvir. Por favor.”
Eu parei, então assenti porque era justo.
“Okay.” Seus ombros largos subiram e desceram com a
respiração profunda. “É o nosso bebê. Você e eu, nós o fizemos juntos,
mesmo que tenhamos querido ou não. Esses são os fatos. Não importa
o quanto eu goste de como a minha vida é, isso está acontecendo. De
jeito nenhum eu vou ser um pai ausente babaca não vendo o meu filho
crescer ou deixar outro homem cria-lo.”
“Ou filha.”
“Ou filha.” Ele me deu um olhar significativo. “Sim.”
Eu fingi fechar os lábios.
“Obrigado.” Sim, seu tom não era nenhum pouco sarcástico. “E eu
não vou deixar você fazer isso sozinha. Não importa o que Anne e Mal
pensem de mim agora, eu vou ficar com você sempre que eu puder.
Nós não estamos juntos, mas vamos dar um jeito. O único jeito que eu
posso te ajudar agora é ter certeza que você não precise se preocupar
com dinheiro.”
Eu respirei fundo, isso tudo girando na minha cabeça. O cara
tinha um ponto. Seria legal riscar as preocupações monetárias da lista.
As correntes e complicações que viriam com os fundos era o que me
preocupava. Mas ele era o pai de Bean. Se ele quisesse estar presente,
como declarado, então eu tenho que aceitar e até mesmo abraçar isso.
Dar a ele a chance solicitada.
“Fiquei preocupado com você hoje, não sabendo onde você
estava ou o que estava se passando... isso me fez pensar. Isso está
fodendo com a sua vida muito mais do que com a minha. Nós não
precisamos adicionar os advogados a mistura, dada a sua conexão com
Mal e tudo o mais. Nós podemos manter isso simples.”
“Hmm.”
“Pare de franzir o cenho.” Ele franziu o cenho.
“Eu estou pensando.”
“Não tem nada a pensar. Já está tudo resolvido.”
“O quê?”
Ele coçou a barba.
“Transferi dinheiro para a sua conta hoje. Está tudo certo.”
“Como você conseguiu o número da minha conta?”
“Anne deu para mim. Eu acho que ela pensou nisso como um
desafio.”
Meus olhos se arregalaram tanto quanto eles puderam.
“Quanto dinheiro?”
“O bastante para você não se preocupar por um tempo.”
“Por quanto tempo?”
Ele só olhou para mim.
Oh, uau. Alguma coisa me dizia que a versão de uma estrela do
rock milionária de por um tempo era muito diferente da minha. O
pensamento me fez entrar em pânico, meus dedos se contorceram no
meu colo. Documentos legais eram assustadores, mas pensar nele me
dando grandes quantias de dinheiro parecia pior ainda. “Mas e quanto
aos advogados, contratos e essas coisas. O que você falou hoje de
manhã.”
“Nós vamos deixar isso entre nós, como você queria.” Ele parecia
tão calmo, enquanto eu não estava nenhum um pouco. “Vai ficar tudo
bem, Liz.”
“É muita confiança que você está depositando em mim.”
“Nós vamos ter um filho. Temos que começar por algum lugar,
certo?”
Tinham marcas nas minhas botas favoritas. Várias delas. Ao
menos elas não ficariam pequenas. Minha roupas, por outro lado,
provavelmente precisariam ser substituídas logo. Muitas das minhas
coisas estavam bem usadas ou foram compradas de segunda mão. Não
que eu fosse pedir a Mal ou Anne uma ajuda monetária para renovar
meu guarda-roupas materno. Eles já fizeram muito por mim. Seria
bizarro não precisar me preocupar com dinheiro. Nós não tínhamos
crescido com muito. Eu não poderia lembrar de quando o dinheiro não
tinha sido um problema.
“Certo,” eu meditei.
“Não é grande coisa.”
Eu não tinha muita certeza quanto a isso.
“Eu agradeço por você estar nos ajudando financeiramente. Isso
vai fazer uma grande diferença.” Eu falei para o chão, porque olhar
para ele parecia muito difícil. “Tira muito peso das minhas costas.”
“Ouça,” ele disse, “Eu sinto muito pela noite passada. E por essa
manhã. Eu só... eu estava fazendo o melhor que eu podia.”
“Claro.” Eu sorri tão brilhante quanto foi possível. “Nós seremos
amigos pelo bem de Bean.”
“Bean?”
Meu sorriso foi genuíno. “Nos estágios iniciais eles meio que
parecem com um grão de feijão.”
“Oh. Certo.” Seus dedos se cruzaram, sacudindo um pouco. Por
um segundo, seu olhar vagou pela minha barriga antes de se afastar.
“Me dê uma chance para juntar tudo isso, me acostumar com a ideia.
Então nós falaremos um pouco mais.”
“Okay.”
“E claro nós seremos amigos,” ele disse. “Nós somos amigos.”
“Claro.”
Ele sorriu de volta para mim. Mas eu não acho que nenhum de
nós estava sentindo alguma coisa além de medo.
CAPÍTULO SETE
Enquanto os garotos estavam no Chateau Marmont em L.A.
sendo entrevistados pela revista Rolling Stone, aqui em Portland uma
completa estranha estava checando os batimentos da minha menina. O
diploma médico que estava pendurado na parede em uma moldura
chique não fez nada para diminuir a esquesitice de onde ela colocou os
dedos das suas luvas.
É, ir ao Ginecologista/Obstetra não era a coisa mais legal.
Tudo estava bem com Bean, pelo jeito. E ouvir seu batimento
cardíaco pela primeira vez abalou o meu mundo. Ela era real. Isso era
real. Eu ia ser uma mãe. Incrível.
Com a turnê da banda e Ben banido do apartamento de Mal e
Anne (também, eu tenho certeza absoluta de que ele está me evitando,
apesar de todas as suas palavras gentis), foram quatro semanas cheias
depois que ele preencheu a minha modesta conta bancária para
queimar antes que colocássemos os olhos um no outro novamente.
Tomou todo esse tempo para eu parar de vomitar constantemente e
dar um adiante com a viagem.
Já que eu tinha a minha cabeça em um sanitário, eu tinha perdido
Vancouver, Seattle, Portland, San Francisco e L.A. Anne e eu nos
encontramos com a banda em Phoenix. Nós chegamos quase no final
do show, já que fomos atrasadas por uma tempestade.
Sam nos encontrou e nos levou para os bastidores para assistir a
apresentação. Foi legal ver a Stage Dive tocando ao vivo de novo. Eu
estava sentada em uma caixa vazia atrás de uma tela enorme que
projetava o que estava acontecendo com o público. Eu não podia ver as
pessoas, mas eu podia ouvi-las. Roadies, construtores de cenários e
outros estavam conversando, esperando.
No minuto que o show acabou, Mal atacou Anne. O homem
estava em cima dela como uma assadura, esfregando seu ser suado
nela e basicamente transando em público. Ela parecia não se importar.
Nós não iriamos sair, todo mundo iria direto para o hotel.
Aparentemente qualquer entrevista ou sessão de autógrafos era feita
antes do show.
Eu tive um aceno de queixo de boas vindas de Ben, então era isso.
A fila de Lexus pretos e luxuosos parou enquanto nos
aproximávamos da entrada do hotel pretencioso. Mãos batiam nas
janelas, pessoas lutavam para se aproximarem o bastante para
pressionar os rostos no vidro escuro. Era assustador.
Dave e Ev já estavam do lado de dentro, já que estavam no
primeiro veículo. Ben, Lena e Jimmy pularam do carro que estava na
nossa frente. Imediatamente, Lena e Jimmy correram pelo corredor
feito pelos seguranças, indo para dentro da segurança do hotel. Mas
Ben ficou para trás, dando autógrafos e apertando mãos.
Tinham tantas pessoas lá fora. Um verdadeiro mar de mulheres e
homens, chorando, gritando e pirando. Eu sei o quanto os caras eram
conhecidos, mas saber e ver são duas coisas completamente diferentes.
Tinha até mesmo equipes de TV na multidão, câmeras gravando tudo.
“Merda,” Eu sussurrei, me curvando.
“Alguém não sabe guardar segredo,” Anne disse, sentada entre
Mal e eu no banco de trás.
Mal deu de ombros. “Onde quer que estejamos isso sempre
acontece. É a lei. Acostumem-se senhoras.”
Um segurança vestido de preto abriu a porta e o tumulto me
bateu. Era assombroso. Uma parede de chuvisco estúpido, no volume
máximo. Suor escorria pelas minhas costas mas a minha boca secou do
nada. Anne me cutucou gentilmente, acenando com a cabeça para a
porta e a loucura da multidão adiante. Eu engoli em seco e assenti.
Gostando ou não (não!), nós iríamos para lá. Geralmente, agorafobia
não era um problema (ou enoclofobia, se você prefere um nome mais
técnico - NT: Fobia de multidões). Isso não me impedia de fazer
qualquer coisa. Mas me leve para qualquer lugar perto de uma
multidão de pessoas gritando, e eu não vou ficar muito bem.
Eu saí do carro com cuidado, sentindo o concreto sob meus pés.
O flash das câmeras estava ofuscando os meus olhos.
Merda.
A multidão avançou, chegando mais perto, e a linha de
seguranças lutou para mantê-los afastados. As pessoas estavam
gritando merdas, nada que eu pudesse ouvir acima do batimento
cardíaco nas minhas orelhas. Eles estavam entoando um nome, e pela
forma dos seus lábios eu tinha certeza que era o do Mal.
Eu fiquei congelada, boquiaberta, completamente imóvel. Porra.
Não. Eu não podia fazer isso. E se de alguma forma eu tropeçasse ou
pisasse em falso ou escorregasse e acidentalmente machucasse Bean?
Antes que eu pudesse me virar e voltar para o carro um homem
forte me envolveu, puxando o meu corpo para a segurança do dele.
“Eu te peguei,” ele disse, sua respiração aquecendo a minha
orelha.
Eu não podia falar.
Ben me conduziu rapidamente pelo corredor apertado formado
pelos seguranças em direção ao prédio. Seus dois braços estavam em
volta de mim, me segurando firme até que ele teve que afastar um para
pressionar o botão do elevador. O ar fresco esfriou o meu rosto quente
enquanto eu me concentrava em recuperar o fôlego. Deus, eu era uma
idiota, pirando por uma coisa dessas. Que ótima mãe ou psicóloga eu
iria ser.
Atrás de nós, Mal e Anne ainda estavam lá fora, mal visíveis
através da multidão.
“Vamos.” A mão de Ben deslizou até a minha, a envolvendo e me
arrastando para o elevador.
“Eles não vão vir? O quê eles estão fazendo?”
As portas do elevador fecharam.
“Com Mal, poderia ser qualquer coisa. Não se preocupe, eles
ficarão bem.”
Estiquei o meu pescoço, era necessário para olha-lo de tão perto.
Seu cabelo estava um pouco mais longo, amarrado para trás em um
pequeno coque masculino, sua barba bem aparada. Ainda lindo,
maldição. Sua camiseta, completamente preta com um postal do
Arizona estampado na frente, vestia bem, não era nem muito grande
nem muito pequena. O aroma de suor salgado envolvia o ar em volta
dele. Eu queria enterrar meu rosto em seu peito e respirar fundo, de
novo e de novo, apesar do cheiro de bebida. Eu só queria chegar tão
perto dele quanto fosse fisicamente possível. Algum dia esses
sentimentos iriam diminuir. Espero que em um dia próximo.
Ele olhou para mim com um sorriso apertado, ainda segurando a
minha mão. O sorriso definitivamente não alcançou os seus olhos. Se
tivesse que arriscar, eu diria que o homem parecia nervoso.
“Desculpa pela loucura,” ele disse.
Com um som digital baixo, as portas se abriram.
“Não se preocupe com isso,” ele disse, e largou a minha mão, em
vez disso aplicou uma pressão gentil na parte baixa das minhas costas
para me guiar para frente. Seus movimentos eram seguros, seus passos
firmes. Tanto quanto ele tenha bebido, ele estava claramente coerente.
“Vamos.”
O carpete creme abafou nossos passos, pequenos lustres
iluminavam nosso caminho. Não era muito diferente de Vegas, com a
mesma aparência luxuosa e cara.
Outro par de seguranças rondava por aqui, mantendo um olho
nas coisas.
“Não incomoda os outros hóspedes?” eu perguntei, acenando
com a cabeça em direção a eles.
“Esse andar é da banda. Você está duas portas abaixo na suíte do
Mal e da Anne.”
Ben ergueu o cartão para a coisa de deslizar. A luzinha ficou
verde e ele abriu a porta. “Acho que você pode entrar por um minuto.”
“Okay.” Não era exatamente uma recepção calorosa. Cara, isso
era odiosamente estranho.
Do lado de dentro, sua suíte era grande, com uma boa vista e
vários sofás em variados tons de bege que pareciam confortáveis. Uma
boa coleção de garradas de bebida cobriam uma mesa lateral, o único
sinal visível do estilo de vida do rock’n’roll na sala intocada.
Não era da minha conta o que ele tinha feito na noite anterior.
Nenhum pouco.
“Você está bem?” ele perguntou.
“Sim.” Nós nos sentamos em lados opostos. “O enjoo matinal deu
uma melhorada.”
“Ótimo.”
“É.”
Um aceno de cabeça.
“Obrigada pelos sms,” eu disse. “Foi muito bom da sua parte.”
“Não foi grande coisa.”
Toda manhã e noite, ele me mandava a mesma pergunta breve e
impessoal: Vc tá ok? E eu respondia: Bem! Ótima! Maravilhosa! Uma
carinha sorridente antes e depois. Não era como se eu pudesse dizer a
ele que eu passei a manhã vomitando, me sentindo como morta, com as
minhas emoções descontroladas, meus peitos doendo, e meu cérebro
virando lentamente uma conserva de hormônios.
As coisas estavam muito estranhas entre nós para ser tão
brutalmente sincera. Além disso, ele estava com a cabeça cheia, com os
shows e tudo mais.
Então em vez disso eu reclamava com Anne, e ela era boa o
bastante para não me dizer que era tudo minha culpa. Estava lá em
seus olhos, mas eu podia ignorar. Para cima e avante – ou pra fora
como era o caso com o meu estômago.
Minha mão acariciava meu minúsculo bebezinho, mal visível
através da minha camiseta azul, e o olhar de Ben acompanhou. Ele
esfregou a lateral da mão nos lábios, os olhos sérios. O olhar que ele
lançou para a minha barriga foi um de grande medo. Eu não poderia
suportar isso.
“Você tem suco?” eu perguntei.
“Claro.” O homem pulou do seu assento, obviamente ansioso para
sair. Ele se moveu para o armário de canto onde estava o frigobar. O
quarto estava muito silencioso. Quando ele abriu a pequena garrafa de
suco, o barulho do ar sendo liberado me fez pular.
“Talvez eu devesse ir,” eu disse, me levantando. “Deixar você
sozinho.”
“Mas o seu suco...”
De repente, a porta da frente se abriu e a festa entrou. Não podia
haver outra descrição.
Risadas, cerveja, homens e mulheres, todos eles entraram na
suíte cara até o quarto estar próximo a sua capacidade total.
“Show épico,” um cara magro de cabelo preto comprido e uma
mulher agarrada aos lábios gritou.
Ele e Ben bateram as mãos. “Foi bom.”
Sua conversa foi engolida pelo som do Metallica. Um cara alto
coberto de tatuagens tirou uma cerveja do seu pack e enfiou na minha
mão. Eu a peguei por puro instinto, a lata molhada esfriou a minha
pele.
“Hey,” ele disse, me dando um sorriso. O cabelo vermelho claro
espetado, e você poderia confessar, ele tinha um rosto agradável. “Eu
sou o Vaughan.”
“Lizzy. Oi.”
“Eu não te vi aqui na noite passada. Eu definitivamente me
lembraria de você.” Que cantada. Deve ser os peitos. Eu me saía bem no
passado, mas eu não poderia me chamar de imã de homens.
Especialmente em um quarto onde metade das mulheres pareciam e se
vestiam como modelos de lingerie.
“Ah, não,” eu disse. “Eu cheguei essa tarde.”
Vaughan abriu uma cerveja para ele, colocando o pack na
mesinha. “Uma fã, ou está ligada a alguém da banda?”
“Ambos, eu acho.”
“Ambos?” Seus olhos acenderam com o interesse. “Bem, você está
no quarto do Ben, então eu presumo que você é amiga dele.”
Eu só sorri. “E você? Onde você se encaixa aqui?”
“Eu toco baixo na banda de abertura, Down Fourth.”
“Hey, uau! Eu ouvi vocês. Vocês são ótimos,” eu disse, batendo as
mãos entusiasmada. Você diria que eu nunca tinha encontrado um
músico famoso antes.
Seu sorriso ficou mais amplo. Hora de me acalmar.
“Eu realmente amo aquela música de vocês... Merda...”
Ele riu enquanto o meu rosto começava a queimar lentamente.
“Não, eu sei o nome.” Que embaraçoso e frustrante. “Eu sei. Eu a
tinha na repetição outro dia.”
“Tudo bem.”
“Não me diga.” Eu fechei meus olhos, procurando a informação
dentro da minha cabeça. Ter o meu próprio corpo se rebelando contra
mim, me fazendo virar uma grande máquina de fazer bebês idiota. Isso
não era justo. “Só me dá um minuto.”
Ele riu de mim um pouco mais.
“Gah. Hormônios de gravidez estúpidos.” Eu parei de tentar.
O branco dos olhos de Vaughan pareceram enormes e brilhantes.
Mais uma vez eu enfrentei o temor masculino. Eu não sei por que. Não
tinha nenhuma chance de ser o filho dele que eu carregava. Eu não
perdi a ironia de que o cara que tocava metal pesado ficou assustado
com uma menina grávida.
Que maneira de manter um segredo. No minuto que eu disse isso,
eu quis me estapear. Ou isso ou me comprar uma focinheira. Minha
gravidez esta sendo mantida fora do radar da população em geral, e eu
realmente queria manter isso desse jeito.
“Eu prefiro que essa informação não seja repetida,” eu disse,
abaixando a minha voz e me aproximando do cara. “Só está no início, e
–”
“Vaughan.” Ben apertou a mão dele com uma força excessiva.
“Como você está?”
“É, bem, Ben.”
“Vejo que você conheceu a Liz.” Ele empurrou a garrafa de suco
na minha mão livre, tirando a cerveja da outra. Então ele a abriu e deu
um grande gole.
“Sim, nós estávamos apenas conversando,” Vaughan disse, o
medo de bebês felizmente tinha sumido do seu rosto, sendo
substituído mais uma vez pelo seu sorriso amigável. Graças a Deus.
Talvez ele não vá dizer nada. “Descobri que ela é uma fã.”
“Ela é?”
“Eu sou,” eu confirmei. “Eu tinha ‘Stop’ no modo de repetição na
semana passada.”
Acertei em cheio.
“Que interessante.” O sorriso de Ben pareceu tão natural e
confortável como uma calça de poliéster em Junho. O que quer que ele
estava prestes a fazer, não era bom. Então, apenas para confirmar os
meus pensamentos, ele deslizou o braço em volta do meu pescoço, me
puxando para perto. Só que não como se eu fosse uma namorada ou
amante. Não, nada desse tipo. “Liz é a nova cunhada de Mal. Não é,
docinho?”
“É.” Engraçado, eu sempre amava quando ele me chamava assim.
Mas dessa vez, foi diferente. Eu tomei um gole do suco de maçã para
tentar me acalmar.
Sobrancelhas cerradas, Vaughan olhou para lá e para cá entre
nós dois, obviamente confuso. “Não percebi.”
“É. Desculpe por usar o medo de Mal contra você, mas ela está
fora dos limites. Okay, cara?” Ben deu um beijo no topo da minha
cabeça, então deu um passo para longe e na verdade bagunçou o meu
cabelo como se eu fosse uma criança catarrenta. “Posso falar com você
no quarto, Liz?”
“Claro que sim, Ben,” eu disse entre dentes.
Ele me conduziu através da multidão, com uma mão na parte
baixa das minhas costas mais uma vez. A porta para o quarto principal
estava fechada – provavelmente a única razão para não estar cheio de
gente.
Eu não disse uma palavra até estarmos fechados lá dentro. E
mesmo assim eu ainda não disse uma palavra. Em vez disse, eu joguei a
minha bebida no rosto dele.
“Mas que porra?!” ele rugiu, limpando o suco de maçã dos olhos.
“Como você se atreve a esfregar o meu cabelo como se eu fosse
sua irmãzinha ou algo do tipo.” Eu joguei meu copo vazio no carpete.
“Como você se atreve?”
“Eu estava te fazendo um favor.”
“O diabo que você estava.”
O homem colocou a cerveja para o lado e deu um passo a frente,
elevando-se sobre mim.
“O cara é a porra de um galinha, Liz. Quase toda noite ele tem
uma mulher diferente.”
“Que porcaria.”
“Eu não estou mentindo para você. Ele estava flertando com
você, tentando entrar nas suas calças. É isso o que ele faz.”
“Eu não estava falando sobre ele.”
Ben piscou.
“Você e eu, nós não estamos juntos, lembra? Se eu quero flertar
com um cara, eu vou. Isso não é da sua conta.”
“Você está grávida do meu filho.”
A raiva em seus olhos – uma mulher mais esperta se afastaria.
Dane-se. Eu fui nariz a nariz com ele. Bem, o mais próximo que eu
podia chegar a isso, com a diferença de altura. Da próxima vez que
brigássemos eu traria uma escada.
“Está certo, Ben, eu estou carregando nosso filho,” eu disse,
respirando fundo. “E eu estou nessa turnê para nos ajudar a descobrir
como vamos nos dar bem e como ser pais. Algo que envolve respeito
mútuo.”
“Eu te respeito, Liz. O que eu não consigo é ter a habilidade de
ficar parado enquanto algum galinha tenta te pegar.”
“Ah é? Me diga que você não tem feito sexo com uma dessas
senhoras que mal estão vestidas e são maravilhosamente liberais que
estão lá fora. Me deixe saber se isso não é só alguma bobagem de dupla
partida que você está tentando jogar para cima de mim.”
Ele não poderia fazer isso. Seus lábios ficaram fechados e ele se
mexeu, se afastando, colocando o quarto entre nós. Isso não deveria
doer, mas doeu. Os corações eram estúpidos desse jeito. Ao menos ele
não está tentando dar desculpas.
“Não?” eu perguntei.
Ainda nada.
“Nós não estamos juntos. Você não tem o direito de tentar afastar
um cara de mim. E me tratar do jeito que você me tratou – como uma
criança, bagunçando o meu cabelo, me chamando de ‘docinho’ daquele
jeito...” Meus olhos estavam coçando, virando líquido. Que inferno.
“Como você se atreve, porra?”
Eu deveria ter saído. Eu queria ter saído. Mas o pensamento de
me perder na frente de uma festa lotada, me parou. Tinha que haver
uma alternativa. Só alguns minutos e eu poderia me recompor, e ir
procurar o meu quarto. “Eu preciso usar o banheiro.”
Minha dignidade estava pequena, mais ou menos do mesmo
tamanho da minha bexiga desde que Bean foi feito. Eu tinha que fazer
xixi o tempo todo, então isso não era uma mentira completa, apesar do
aumento repentino da umidade nos meus olhos. Hormônios idiotas.
Homens idiotas e seus malditos espermas. Eu entrei no grandioso
banheiro e bati a porta. Uma lágrima caía pela minha bochecha,
seguida de perto por outra. E a garota no espelho, ela ainda não
brilhava. Que injustiça do caralho.
Eu fui e resolvi as coisas no sanitário, lavei a minha mão e meu
rosto. Todas as emoções dentro de mim pareciam transbordar,
ameaçando a se romperem novamente. A situação com Ben não estava
fazendo bem para a minha cabeça. Então eu fiz o que qualquer
universitária de vinte e um anos grávida e sensível faria e entrei na
enorme banheira de hidromassagem para me refrescar e reavaliar a
minha vida. Não era muito confortável. Eu poderia ouvir a festa cheia
de conversa e música. Você pensaria que um hotel sofisticado como
esse teria paredes mais grossas.
Por uns bons cinco ou dez minutos eu sentei ali, me acalmando,
confrontando a situação. Talvez Ben e eu não devêssemos nos falar por
um tempo. Nós não precisamos ser amigos para criar um filho juntos,
se de fato era isso que iria acontecer. Ele mudar de ideia sobre se
envolver não surpreenderia ninguém. Duro, mas verdadeiro. Tanto faz.
O que viesse eu iria lidar.
“Cadê a Lizzy?” Uma voz abafada perguntou no quarto, masculina
e abrupta. Jimmy Ferris. Por que ele estava interessado em mim eu não
tinha ideia.
“No banheiro,” Ben disse. “O que você quer com ela?”
“Já que Mal e Anne estão ocupados recuperando o tempo
perdido. Lena pensou que ela talvez quisesse ficar com ela.”
“Nós estamos no meio de uma coisa agora. Eu vou perguntar a
ela daqui a pouco.”
Jimmy bufou. “Vocês estão tendo uma boa conversa, huh? É por
isso que você está pingando e tem um copo vazio no chão? Tente
novamente, Ben.”
“Nada que seja da porra da sua conta.”
“Você está certo sobre isso. Não é. Mas bem...”
Por um momento não houve nada, durante o qual eu me ergui
para ouvir alguma coisa, qualquer coisa.
“Cara, você está fodendo as cosias com ela,” Jimmy disse,
quebrando o silêncio. “De um jeito ou de outro, essa garota vai estar na
sua vida de agora em diante. E o jeito que você está lidando com isso,
não é um jeito bom.”
“O que você sabe sobre isso?” Ben resmungou.
“O que eu sei sobre foder as coisas com garotas? Você tá falando
sério?”
Sem resposta.
“Quantas vezes você falou com a Lizzy no mês passado?”
“Nós nos falamos.”
“Não cara-a-cara ou eu teria ouvido sobre isso através de Mal.
Outra porra de bagunça que você não conseguiu arrumar.”
“Eu estou trabalhando nisso,” Ben disse, sua voz cheia de raiva.
“Vou amaciar as coisas com ele.”
“Vou acreditar quando acontecer.”
“Não me dê um sermão sobre bagunçar com a banda. Onde
diabos você estava no último ensaio antes de Seattle, huh?”
Jimmy zombou. “Levando Lena ao obstetra. Você ao menos sabe
o que diabos é isso?”
“Claro que eu sei porra.”
“É? Você levou Liz para as consultas? Cuidou dela? Claro que não.
Porque se você tivesse, cada membro dessa banda teria um grande
respeito por você muito mais do que agora.”
“Nós estamos em turnê,” Ben disse.
“Algumas coisas são mais importantes, cara. Tomar conta da
mulher carregando o seu filho, por exemplo.”
“Jim –”
“Quantas vezes você ao menos ligou para a garota desde que
começamos a turnê?”
“Mas que porra? Você é um conselheiro de relacionamento
agora?”
Jimmy riu. “Minha mulher não está jogando bebidas no meu
rosto, tanto quanto você sabe, eu poderia ser.”
“Ela não é minha mulher.”
“Ela é a garota em quem você colocou um bebê, idiota. E se ela
está passando pela metade da merda que Lena está lidando, então você
é o zé buceta mais baixo que eu já encontrei na vida por deixa-la
sozinha.”
Acho que Ben não teve resposta para isso. Tenho que admitir, eu
me senti mal por ele. Ele ama esses caras como irmãos, e eu estava me
saindo bem sozinha, dando ou recebendo. E sim, eu me sentia um
pouco culpada por ouvir a conversa. Mas já que eu era o tópico...
“O bebê deixa o humor dela oscilando o tempo todo. Um minuto
ela está deprimida como o inferno, temendo sobre como lidaremos
com isso, certa de que as coisas iriam a merda e eu a deixaria. Como se
isso fosse acontecer. Então em seguida, tudo está bem e ela está feliz
que vai ser mãe.”
Uma pausa.
“É difícil para ela, cara, todas as mudanças. E é assustador pra
caralho encarar, eu sei.”
“Jim –”
“Não. Apenas cala a boca e ouve. Eu estou quase terminando.”
Jimmy exalou forte. “Nenhum de nós planejou isso. Mas você tem que
parar de concorrer ao prêmio de babaca do ano e se resolver antes que
seja tarde demais.”
“Okay. Eu vou falar com ela.”
“Pensa, Ben. Só pensa. Como diabos você vai explicar isso para o
seu filho daqui a cinco ou dez anos, humm? Que a sua mamãe não fala
com você porque você passou toda a gestação escondido atrás de uma
garrafa e sendo chupado por groupies?”
Meu estômago se contraiu de uma maneira cortante.
Aqui vamos nós. Eu sabia que ele tinha estado com outras
mulheres, é claro. Mas isso ainda doía.
“Não é assim,” Ben gritou.
“É bem assim. Me dê um tempo porra. Só porque eu não venho
para as suas recepções noturnas não significa que eu não saiba o que
acontece aqui. Inferno, todo mundo pode ver.”
Ben ficou em silêncio de novo.
“Eu não sei se você a quer ou não. Mas eu estou te falando agora,
você vai perde-la, e você vai perder o seu filho, e qualquer resto de
auto-respeito que você possa ter com eles. Seus pais foram inúteis,
assim como os meus, então você sabe como é isso. Se recomponha
porra.”
A porta do quarto se abriu, o barulho da festa ficou mais claro.
“Se Lizzy quiser ficar com Lena, apenas leve-a. Ela será bem-
vinda a qualquer hora.”
Ben não respondeu.
O barulho da festa diminuiu de volume mais uma vez quando a
porta do quarto foi fechada. Então veio um boom.
Uma vez, duas vezes, três vezes. Eu olhei para a porta do
banheiro surpresa, apenas com um pouco de medo. Isso estava alto pra
caralho. Talvez fosse hora de eu ir embora.
“Liz, eu posso entrar?”
“Não está trancada,” eu disse para a porta.
Muito lentamente a maçaneta se virou. Então Ben enfiou a cabeça
como se ele esperasse mais projéteis, líquidos ou algo do tipo, sendo
arremessados em sua direção.
“Está seguro,” eu disse.
“Hey.”
“Oi.”
Ele não disse mais nada, em vez disso se virou para a pia e lavou
o rosto e o pescoço. Acho que eu fiz um bom trabalho enchendo-o de
suco, porque ele tirou a camiseta do Arizona e a atirou para o lado. Em
seguida, ele passou algum tempo lavando as mãos.
Só então ele se aproximou. “Se importa se eu me juntar a você?”
Com um suspiro, ele entrou e sentou do outro lado da banheira.
Eu encolhi as pernas, assegurando que ele tinha espaço o bastante para
não ter que nos tocar. Ele esticou as longas pernas em cada lado de
mim, o olhar grudado no meu rosto. Que visão devemos fazer, eu
completamente vestida em uma banheira vazia e ele de jeans e grandes
botas prestas. Cara, ele tinha um peito bonito. Eu fiz o meu melhor para
não notar, mas algumas coisas estavam além do meu controle. Um Ben
meio vestido era quase definitivamente uma delas. Mas a briga com Jim
me preocupava. Assim como as pequenas juntas rosadas na sua mão
direita.
Esses caras obviamente gostavam de bater nas paredes quando
eles ficavam irritados. Eu podia lembrar de Mal fazendo isso uma vez.
Homens. Tão violentos.
Porque é claro eu não tinha jogado nada em ninguém
ultimamente.
“Presumo que você ouviu Jim e eu brigando,” ele disse.
“Foi difícil não ouvir.”
Eu assenti.
“Ele estava certo sobre uma coisa: já faz um tempo que nos
falamos. Quer dizer realmente nos falamos.”
“É.”
Ninguém falou por um tempo. Eu tenho certeza absoluta de que
eu não seria a primeira. Bem agora, eu não estava assim tão corajosa.
“Eu, um... as coisas estão bagunçadas com a turnê.” Ele esticou os
braços em volta da borda da banheira, obviamente ficando tão
confortável quanto a cerâmica dura e a situação permitiam. Uma
pequena linha de sangue descia pela sua mão direita, ignorei. “Semanas
lidando com isso, Adrian nos fez falar com cada maldito repórter do
país. Foi insano.”
“Oh.”
“Os produtores acham que a música se faz sozinha. Uma vez que
Dave escreveu as canções, eles acham que é só uma volta ou duas pelo
estúdio e acabamos. Mas isso é besteira. Leva horas, às vezes dias, para
fazer certo.” O fervor brilhou em seus olhos, além da bebida e o que
mais for. Sua paixão pela música. “Dave costumava ser perfeccionista
sobre isso também, mas todos os caras estão distraídos agora, com os
olhos no relógio, querendo chegar em casa para as suas mulheres. E
sou eu quem fica lá sentado com Dean e Tyler até a porra das quatro da
manhã, deixando tudo perfeito.”
“Parece um monte de trabalho.”
“E é. Jimmy e Mal ficam no palco e Dave ainda é o poeta
escrevendo as músicas. Na banda, é tudo feito por mim agora, trabalhar
com a música.” Ele coçou o queixo. “Sabe isso me faz parecer um artista
geek se auto-parabenizando, mas isso é importante, sabe? Qualquer
coisa que nós colocamos lá, eu preciso saber dentro de mim que aquilo
é o melhor que a gente é capaz.”
“Eu posso entender isso.”
“Eu não estava evitando você, Liz, mas eu não estava fazendo
nenhum esforço para vê-la, também. Você deve ter notado.”
“Certo.”
“Pensei que eu estava deixando as coisas com Mal e Anne se
acalmarem. Mas isso é só outra desculpa.” Olhos escuros ficaram em
mim, como se ele pudesse ver a minha alma. Quem sabe, talvez ele
pudesse. Eu sempre me sentia aberta demais, exposta demais, quando
estava perto dele. Ele me deixava uma bagunça com todas essas
vontades e necessidades. Eu não sabia se o que eu sentia por ele era
amor ou luxúria. Mas o que quer que seja, era um saco.
“Eu sinto muito, Liz,” ele disse, sua voz profunda e suave
preenchendo o quarto. “Eu disse que cuidaria de você e não fiz isso. Eu
desapareci outra vez, e dessa vez você estava passando por muita
merda. Uma merda muito séria.”
Huh.
“Jimmy estava certo. Você não deveria passar por isso sozinha.”
“Não é tão ruim assim.” Eu me virei. Um monte de emoção por
um dia. “Eu tinha Anne.”
“É, mas esse é o nosso bebê, e Anne não sou eu.”
Eu inspirei pelo nariz e expirei pela boca, bem devagar, tentando
acalmar meu coração disparado. Era verdade. Sua ausência deixou um
machucado, e nenhuma quantidade de palestras "você-consegue-
garota" no espelho do banheiro poderia alterar isso.
“Ela é?” ele perguntou.
“Não, Ben, ela não é.”
Ele assentiu lentamente, como se tivesse decidido alguma coisa.
“Então o quê?” eu perguntei.
“Converse comigo.” Os dedos da sua mão esquerda estavam
brincando com a borda da banheira. Nervos ou o que for, eu não fazia
ideia. Ao menos o sangue escorrendo das juntas da mão direita
estancou.
“Sobre o quê?”
“Todas as coisas que eu deveria ter ouvido no último mês.” O
homem estava sério. Muito sério. “Nada mais dessas mensagens
inúteis, Liz. Fale comigo. Agora, cara-a-cara. Me ajude a provar que Jim
está errado.”
Dê outra chance a ele.
Eu olhei para ele, perdida, meu cérebro procurando pelas
palavras. Alguma informação facilmente recuperada que tinha falta
tanto de dignidade quanto de força. Ah cara. Eu poderia confiar a ele as
minhas fraquezas e problemas? Essa era a questão.
“Vamos lá. Como você tem passado, de verdade? O que está
acontecendo com você?” ele insistiu. Eu franzi o cenho para ele e ele
franziu o cenho para mim. “Liz, por favor.”
Eu gemi em derrota. “Tudo bem, eu estou um saco.”
“Por que você está um saco?”
“Tantas razões.” Eu puxei o cabelo para trás do meu rosto – nada
mais de fugir. “A gravidez é um saco. É natural o meu rabo. Eu
finalmente parei de vomitar, mas eu estou cansada o tempo todo.
Desistir do café foi horrendo. Nenhuma das minhas roupas me servem
por causa desses seios estúpidos, e eles doem o tempo todo. Eu tenho
que fazer xixi a cada trinta segundos, e no topo de tudo isso, eu choro
toda a vez que o comercial do Healthy Hound passa. Isso é ridículo.”
Pequenas rugas apareceram em cada canto do seu nariz. “Você
chora por causa de um comercial de comida de cachorro?”
“Sim. Os filhotes pulam em cima dos outros para chegar até a sua
mãe e isso é tão lindo, as suas caldas pequenas e fofas balançando e
tudo o mais.”
Ele só olhou para mim.
“Eu sei que é louco, Ben. Acredite em mim, eu também estou
preocupada com isso.”
“Hey, está tudo bem.” Ele escondeu o sorriso com a mão. Tarde
demais, filho da mãe.
“Você está tentando lidar com todos esses hormônios de
merpadape. Droga. Merpedapa.”
“Merpedapa?” (NT. Então, as palavras são apeshit e apeshoot,
apeshit se traduz como enlouquecedor, mas apeshoot não existe, eu
procurei, não tem em nenhum dicionário, como ela explica mais abaixo,
usei a língua do p para a palavra desconhecida.)
“Eu estou tentando não xingar,” eu expliquei. “Você quer que a
primeira palavra que o nosso filho vai falar seja uma coisa ruim?”
“Não. Saquei.” O homem era incrivelmente ruim em esconder o
sorriso. “Sem xingamentos.”
Imbecil. Eu estreitei os olhos para ele, segurando o meu próprio
sorriso.
“Eu estou te levando a sério. Estou mesmo.” Ele mentiu na cara
dura. Embora fosse ser mais que legal vê-lo sorrir e ouvir a sua risada.
Ao menos o mau humor foi embora.
“E os meus tornozelos estão completamente gordos e inchados,”
eu disse. “É ridículo.”
“O quê? Me mostra.” Uma mão gigante agarrou minha perna,
colocando-a no seu colo. Sem preâmbulos ele empurrou a perna do
meu jeans e desatou a minha sandália, deixando-a cair no chão. “Parece
bom. Não tem nada de errado com ele.”
“Eu estou retendo líquido. É nojento.”
Com uma mão, ele puxou para trás sua franja longa e escura, me
lançando um olhar bastante duvidoso.
“Solte o meu pé, por favor. Eu não quero que você o veja.”
Ele sacudiu a cabeça lentamente. “Era assim que você estava no
mês passado? Falando merda para si mesma e chorando com comercial
de comida de cachorro?”
“Meu tornozelo está claramente mais grosso, Ben. E eu te
expliquei sobre o comercial. Me devolve o meu pé.”
“Não.” Ele passou uma perna por baixo da outra e descansou o
meu pé em cima antes de começar a esfregar os meus dedos. Maldição,
isso era bom. O homem tinha dedos incrivelmente fortes. Deve ser
resultado de todo o tempo tocando baixo. Os dedos cravaram fundo no
arco do meu pé e minha coluna basicamente derreteu. Paraíso, nirvana
– eu tinha tudo ao meu alcance contanto que ele continuasse a fazer
essa coisa.
“Deus, isso é muito bom,” Eu suspirei feliz, me afundando na
banheira.
Ele fez um barulho áspero. Era quase como se fosse a palavra
bom.
“Está tudo bem com a sua mão?” eu finalmente perguntei.
Ele olhou para mim por baixo das sobrancelhas escuras, os lábios
fechados. Seus dedos mágicos pararam por um momento, então
continuaram a massagem. “Talvez eu tenha feito um buraco ou dois na
parede depois que Jim saiu.”
“Oh.”
“Ele estava certo. Você tem lidado com isso sozinha desde o
início e tudo o que eu fiz foi jogar dinheiro em cima do problema,
esperando que isso passasse.” Ele moveu para baixo para esfregar o
meu calcanhar. “Eu não queria saber, Liz. Foi por isso que eu mantive
distância. Eu só queria continuar como sempre, fingindo que nada
disso estava acontecendo.”
“Eu também. Mas meu corpo continua a bagunçar as coisas para
mim.” Eu ri, apesar de o tópico ser absolutamente sem graça. “Nós não
somos diferentes, Ben. Essa situação nos pegou de surpresa, isso para
dizer o mínimo.”
“Não invente desculpas para mim,” ele resmungou.
“Tudo bem, você é um cuzão e me colocou para baixo. Mais uma
vez. Se sente melhor?”
O sorriso foi muito maior dessa vez.
“Pensar que nós não iríamos xingar.”
“Oops.” Era incrível o que uma massagem no pé não fazia pelo
meu humor. Bem agora, eu estava amando o mundo inteiro. A raiva
estava além do meu alcance. Ele agarrou o meu outro pé, colocando o
jeans para cima novamente, e jogando a sandália para o lado. Eu não
iria lutar com ele – não senhor, não mesmo.
“Posso te fazer uma pergunta?” eu disse.
“Manda.”
“Por que você nunca quis ter filhos?”
“Porque isso sou eu, Liz. O que você vê é o que é. Eu gosto das
coisas fáceis e tranquilas. Mas você e eu, nunca fomos fáceis. No minuto
que eu vi você, isso ficou complicado. Primeiro com Mal, e você sendo
um pouco mais nova, mais séria, e agora com a gravidez.” Ele sacudiu a
cabeça. “Algumas mulheres não dão a mínima se eu vou ou se eu fico. E
está tudo bem. Mas com você e o bebê, você precisa mais de mim que
isso. E você merece mais.”
“Nós estamos bagunçando o seu estilo de vida.”
Ele olhou para mim por baixo das sobrancelhas cerradas. “É mais
que isso. Merda. Nunca tentei explicar isso para alguém antes. Quando
você era criança, você alguma vez teve algum jogo que jogasse e que
abalasse o seu mundo? E você acordava de manhã e percebia que hoje
era o dia que você não faria nada além de jogar o dia inteiro, e era
como se a vida não pudesse ficar melhor? É assim que a minha vida é.
Todo dia eu acordo e faço música, eu consigo criar alguma coisa.”
Eu assenti triste, finalmente entendendo. Ben era um homem
vivendo o seu sonho. Como se ninguém pudesse competir com isso.
Talvez ele gostasse da ideia de mim. A realidade, entretanto, é que
nunca tinha tido espaço para mim na vida dele.
“Quando os caras estão ocupados, eu posso subir em um avião e
ir tocar com outra banda,” ele continuou. “Preencher um lugar ou ser
um convidado no álbum. Até mesmo tocar com estranhos em algum
bar de merda onde ninguém sabe quem eu sou. Essa é a minha vida,
todos os dias. Eu tenho que fazer alguma coisa nova, aprender alguma
coisa. E isso é incrível pra caralho. Não tem nada como isso.”
“Parece ótimo.”
“E é,” ele disse. “E é por isso que eu nunca pensei sobre crianças.
Até mesmo uma namorada parecia uma grande distração. Não me
entenda errado, eu gosto de mulheres. Mas era sempre mais fácil
encontrar alguém por uma noite do que me comprometer com alguma
coisa que iria me impedir de ser quem eu sou, de fazer o que eu amo.”
Eu assenti. O que eu podia falar? Entrar em um relacionamento
esperando que a pessoa mude é estupidez. Ben e eu tínhamos acabado
antes de começar, eu apenas não tinha sabido, não tinha entendido, até
agora. Sem dúvida que ele gostava de mim um pouco, mas não o
bastante.
“Mas não significa que eu não vou estar lá para você e para o
nosso filho. Você disse que poderíamos ser amigos,” ele disse. “A oferta
ainda está de pé?”
Ser amigos era a coisa certa a se fazer. Eu afastei o meu
desapontamento e coloquei um sorriso no rosto. “Claro.”
“Eu gosto disso.”
Era só eu e Bean e Bean e eu. Aconteça o que acontecer, eu teria a
minha menininha de volta. Seu pai poderia fazer o que fosse. E a
verdade era que se ele continuasse massageando os meus pés desse
jeito, eu seria a sua maldita melhor amiga, apesar do meu coração
partido.
Ele manteve o rosto abaixado, sua concentração em terminar a
tarefa.
No geral meus pés não eram tão fascinantes. Talvez ele tivesse
tara por pés. Dedos traçavam círculos suaves sobre o meu tornozelo
antes de voltar para o arco do meu pé. Felicidade total e completa. Eu
poderia sentir meus hormônios loucos rolando e oferecendo a
barriguinha fofa para ele, ganindo e o chamando de papai, coisinhas
sujas.
O que as mãos desse homem podiam fazer comigo. Cada parte de
mim se sentiu leve e maravilhosa. Até mesmo com calafrios. Espere aí.
Droga, eu estava excitada.
Um coração machucado aparentemente não era competição para
uma vagina ansiosa. A urgência por esperma não fazia sentido. Eu já
tinha um bebê a caminho. Meus mamilos assanhados se ergueram
orgulhosos sob a minha blusa, apenas implorando pelos lábios dele. A
situação entre as minhas pernas não era muito melhor. Desde quando
meus pés eram uma zona erógena? Suas mãos hábeis fizeram amor
com os meus dedos, e meus músculos viraram geleia. Minhas pernas se
abriram em convite.
Estava além do meu controle, eu juro. Isso tudo era tão
impossivelmente bom. Puta merda. Ninguém tinha me alertado de que
a gravidez causava tanto calor.
Apesar do êxtase, eu não podia me impedir de notar que havia
apenas sete... dez centímetros entre a ponta do meu pé e o volume
atrás do fecho do seu jeans. Não daria muito trabalho para tocar. Por
que, um pouco mais que uma mexida seria mais que o suficiente. Eu
poderia apenas escovar os dedos contra a pobre virilha do homem e
então arfar, fingindo ter sido um ridículo (maravilhoso) acidente. Oops,
que desajeitada, acariciando a inocente e confiante genitália masculina
com o meu pé. Que embaraçoso – apesar de que isso poderia acontecer
com qualquer um.
Não.
E na verdade isso é parte do por que, na minha experiência,
amigos não massageiam os pés dos amigos a menos que esteja rolando
mais alguma coisa. Eu já estava confusa o suficiente sobre o cara, não
precisava deixar isso pior.
Um pequeno gemido escapou dos meus lábios, ecoando no
espaço azulejado.
“Você está bem? Ele perguntou.
“Estou.”
“Você fez um barulho.”
“Não, eu não fiz.”
Uma pequena linha apareceu acima do seu nariz. “Okay.”
“Isso é ótimo,” eu disse, puxando as minhas pernas safadas para
o lado seguro da banheira. “Obrigada. Foi muito bom da sua parte. Eu
acho que seremos ótimos amigos.”
Ele me olhou por algum tempo. “A qualquer hora. Se você
precisar de alguma coisa, eu quero que você me diga. Essa é a única
forma de isso funcionar.”
“Okay.” Eu preciso do seu corpo nu a minha disposição. Agora.
“Eu quero honestidade total da sua parte, okay?”
“Honestidade total.” Então me ajuda, eu montaria nele todo o
caminho até em casa e voltaria.
“De agora em diante, nós conversaremos,” ele disse. “Toda a
porra do tempo. Bla, bla, bla. Somos nós.”
“Entendido.”
“Ótimo.” O jeito que os seus lábios e a sua língua brincaram com
essa simples palavra, significou muito, muito mais do que ele
pretendeu. E pode ter sido a minha imaginação, mas eu tenho certeza
absoluta que suas pupilas estão duas vezes maiores que o normal. Elas
são como piscinas gêmeas de sexualidade e desejo apenas me
convidando para saltar e ficar molhada e selvagem e desenfreada. De
repente, respirar pareceu ser um problema para mim. O mesmo com
pensar, é claro. Eu não sei o que o cara tinha para me deixar toda
poética. Mas isso precisava parar.
“É melhor eu ir,” eu disse.
“Que loucura...” ele murmurou.
“O quê?”
“Você.”
Eu gemi de vergonha. “Vamos lá, me dê um tempo. Eu expliquei
sobre o comercial. E hey, eu te contei isso em segredo. Não se atreva a
repetir.”
“Não falar sobre isso,” ele disse, a leve curva no canto da sua boca
estava fazendo coisas terríveis comigo.
“E então?” eu perguntei, querendo e com medo de saber.
Ele hesitou, escondendo outro sorriso atrás da mão machucada.
“Honestidade total. Vamos lá.”
“Tenho certeza que você não quer me ouvir falando sobre o meu
pau.”
“Seu, um, seu pau?”
“É.”
“Huh. O quanto você bebeu?”
“Nem perto o bastante para isso.” O sorriso que ele me deu, eu
quase gozei bem ali. O fato de que ele veio enquadrado em sua barba
elegante quase me fez isso. Eu sabia exatamente como os seus pelos
faciais eram contra mim. Tão estimulante.
Nunca eu tinha querido esfregar a minha bochecha e outras
partes pertinentes contra o rosto de alguém mais que agora. Quando
tinha a ver com aquela noite em Vegas, minha memória era boa até
demais.
“Você perguntou se eu fiz sexo desde que eu descobri sobre o
bebê,” ele disse. “A resposta é não.”
“É, certo.” Eu ri.
“Estou falando sério. Nada desde aquela noite. Nem ao menos
cheguei perto.”
Uau. “Por quê?”
“Eu não sei. Acho que perdi a libido.” Ele coçou o queixo. “Nem ao
menos estava interessado. Só... nada.”
“Você não consegue levanta-lo?” eu perguntei, meio horrorizada,
e muito curiosa. Ben sempre pareceu tão viril.
“Eu não quero que ele levante,” ele disse. “Tem uma diferença.”
“Huh. Mas Jimmy disse –”
“Jimmy não sabe de tudo.” Ele estalou o pescoço, o olhar irritado.
“Queria que você não tivesse ouvido isso tudo.”
Eu não poderia dizer o mesmo. A conversa deles foi bastante
reveladora.
“Eu não podia ficar interessado em foder com alguém porque eu
estava preocupado com você e o bebê,” ele disse. “Lidar com isso tudo
foi uma coisa grande, sabe?”
“É. Sexo tendo consequências é meio que uma chateação.” Eu
sorri. “Eu acho que eu já fui muito protegida, de verdade. Anne sempre
lidou com as coisas sérias. Mas dessa vez ela não pode. É tudo comigo.”
“E comigo.”
“Sim.” O tempo vai dizer.
“De qualquer forma,” ele disse. “Só pensei que você acharia isso
divertido.”
“Que você está sofrendo de disfunção erétil? Ben, não tem jeito
de eu achar isso divertido.”
“Não é disfunção erétil, Liz,” ele disse com um olhar ferido. “Não
diga isso.”
“Okay, okay. Desculpa.”
“Eu só estou indiferente. Perdi o interesse em sexo por um
tempo.”
“Certo. Indiferente.”
“De qualquer forma,” ele disse, ainda com o cenho franzido. Ego
masculino. Que tocante. “Assim que eu fico perto de você, meu pau
decide sair da hibernação. Excelente. Estava preocupado que eu teria
que esperar até você ter o bebê para tê-lo funcionando.”
“É. Que aborrecido.” Eu pensei na informação por um tempo. Não
que tenham sido boas notícias – para mim, ao menos. As outras
mulheres do mundo provavelmente se beneficiaram muito com isso.
“Bem, nós falamos sobre os nossos problemas, então é completamente
natural que você esteja se sentindo melhor com a situação, eu acho.”
Ele fez uma careta.
“Docinho, eu não estou falando sobre nós sermos amigos, apesar
disso ser legal e tal. Eu estou falando sobre o fato de você me deixar
ligado. Desde o minuto que eu te conheci. Fisicamente, você me tem.”
“Eu tenho?”
“É, você tem. Eu apenas vou direcionar esse interesse para outro
lugar.”
Minha boca abriu, embora nada saiu dela por um tempo. Eu o
tenho. Deus, se ao menos ele soubesse o quanto ele ainda me tem. Mas
a esperança estava fora das apostas. Eu não podia me dar ao luxo de
uma coisa física com ele. Minhas emoções já estavam envolvidas
demais, e estava claro que o homem só estava querendo se divertir.
Sem um pingo de dúvida, eu sabia disso agora.
“Ben, tem certeza que isso não é algum bloqueio mental,” eu
perguntei. “Toda a preocupação com a gravidez e como isso vai afetar
as coisas, ao contrário de mim fisicamente?”
Ele levantou a sobrancelha.
“Hey, eu vi algumas das mulheres lá fora,” eu disse. “Elas são
maravilhosas. E se elas estão pairando a sua volta noite após noite,
então parece improvável que eu com a minha barriguinha de começo
de gravidez e os meus tornozelos inchados de repente te trazemos a
vida.”
Sua língua brincou atrás da sua bochecha e ele não disse nada.
Mas havia riso em seus olhos.
“Eu só estou tentando ser racional,” eu adicionei.
“O problema é, racionalidade não funciona nesse caso.”
O homem tinha razão. Paus obviamente não tinham emoções,
coisinhas irritantes.
“O ponto que eu baguncei aqui, Liz, é que você está certa. Eu
estou com ciúmes. Eu quero você. Eu não vou fazer nada quanto a isso
porque as coisas já estão complicadas o bastante e nós estamos nos
esforçando para sermos amigos. Isso é o que é melhor para o bebê.”
“Certo.” O que ele disse era nada além da verdade. Ainda assim,
minha vagina ficou em depressão profunda. Meu coração não estava
muito feliz com isso, também.
“Os negócios são um inferno nos relacionamentos – todas as
separações e tudo mais. Casais não duram. Vejo isso de novo e de novo.
Eu não quero colocar o nosso filho nessa bagunça e nem a você.”
“O quê?” eu inclinei a cabeça. “Você realmente acha isso. Mas e
quanto a David e Ev?”
“O tempo vai dizer.”
Meus olhos se arregalaram. “Eu acho isso triste, Ben.”
“Acredite em mim, Liz. O melhor para o nosso filho agora é você e
eu trabalhando em uma relação a longo prazo com a qual ambos
poderemos viver. Isso significa nós sendo amigos e descobrindo como
sermos pais juntos, certo?”
“Certo. Eu acho.”
“Eu sei que eu não sou o estudante de psicologia aqui, mas eu
também acho que realmente ajudaria se você não ficasse com nenhum
dos meus amigos ou pessoas com as quais eu trabalho. Nunca. Eu acho
que isso iria, ah, complicar as coisas.”
“Sim. Muito justo.”
“E eu também não quero me envolver com nenhuma das suas
amigas. Nunca.”
“Obrigada.”
Ele inclinou o queixo em reconhecimento.
“Uau, nós nos saímos bem de verdade, estabelecendo os limites
da amizade,” eu disse.
Um sorriso.
“Isso deve funcionar perfeitamente.” Só é de quebrar o coração.
“Eu espero que sim,” ele disse.
“Talvez seja melhor que não falemos sobre o seu pênis e sexo
entre nós novamente no futuro. Talvez seja melhor revogar essa coisa
de honestidade total um pouco.”
Ele estremeceu. “Você está certa. Minha culpa. Não preciso
confundir as coisas.”
“Sem problemas.”
Ele estendeu sua mão direita para mim, as juntas rosadas e os
dedos grossos e calejados. “Amigos?”
“Pode apostar. Sermos amigos será maravilhoso.”
CAPÍTULO OITO
Ser amigos era um saco.
Isso diz tudo, são trinta e cinco paradas na turnê – dezessete na
primeira parte, antes de seguirmos pela Europa, então voltamos com a
turnê pelos estados do norte. A banda tocava em uma cidade nova a
cada duas noites sem uma pausa. Mas Ben estava certo, tudo o que
poderia ser feito por mim foi feito. Tudo o que eu precisava me
preocupar era com entrar e sair dos jatinhos e carregar o bebê
enquanto o serviço de quarto atendia todos os meus desejos.
A rotina era dura desse jeito.
Nós chegávamos em um novo lugar e nos instalávamos no hotel
enquanto fãs gritavam e desmaiavam lá na frente. Às vezes os rapazes
tiravam folga o resto do dia, normalmente passando tempo com os
entes queridos. Ou, no caso de Ben, tocando com a banda de abertura,
Down Fouth, e uma ou duas caixas de cerveja.
Não preciso dizer que os rapazes não saíam juntos.
Mas parecia que alguns casais no seu primeiro ano juntos
passavam grande parte do tempo transando. Com muito barulho. Jim e
Ben iam para a academia com frequência, e eles todos se reuniam para
um jantar ocasional cedo ou tarde da noite. Já que Mal ainda se
recusava a falar com Ben o que não fosse relacionado com a banda, os
jantares eram difíceis, para falar o mínimo.
O grosso do tempo deles era gasto com publicidade. Programas
de TV, estações de rádio, repórteres – você aponta, eles falam com eles.
E então têm as passagens de som e ensaios e reuniões. Stage Dive deve
ter saído em turnê pelo país uma vez ou duas, mas o tanto do país que
eles realmente conseguiam ver era muito pouco.
Quando não era sobre sexo, parecia ser só negócios, o tempo
todo.
Isso me deu várias oportunidades de recuperar as minhas
leituras e dar uma adiantada nas aulas do próximo ano, quando eu não
estava com Ben, tentando descobrir como ele e eu poderíamos ser
amigos. Não ajudava muito que a mera visão dele enviava os meus
hormônios a loucura. As horas que eu passava me entretendo com a
minha mão depois de uma das suas visitas eram simplesmente tristes.
Gravidez era uma loucura.
Em Albuquerque nós tomamos uma bebida juntos em uma
manhã. Chá de ervas para mim e mais ou menos três litros de café
preto para ele. A conversa foi estranha, em grande parte porque Ben só
tinha tido três horas de sono.
Não, eu não perguntei pelos detalhes.
Em Oklahoma nós almoçamos no quarto dele. O problema foi que
um fã muito dedicado conseguiu entrar no nosso andar e se algemou a
porta da saída de emergência, em frente ao quarto de Ben. Entre a sua
gritaria e o alarme de incêndio, ele conseguiu estragar tudo, o almoço
foi cancelado e o prédio temporariamente evacuado.
Em Wichita nós tentamos sair para uma caminhada, mas Ben
logo foi reconhecido e nós tivemos que voltar correndo para o hotel.
Ele pode não ficar muito em casa em Portland, mas nas outras cidades,
ao avistar a Stage Dive, nós não tínhamos sorte.
Eu odeio admitir isso, mas em Atlanta eu acho que nós
estávamos começando a desistir. Não fizemos planos. E mais, eu estava
espirrando.
Em Charlotte o meu resfriado decidiu ficar mais sério e um
médico foi chamado, sem dúvida foi uma grande despesa. Eu poderia
ter me dito para descansar e continuar tomando as vitaminas pré-
natais por muito menos.
Meu nariz estava vermelho e escorria como um rio. Era lindo.
Anne era a única que podia me ver. Ninguém mais podia se dar ao luxo
de compartilhar os meus germes. Ela tendo o Mal enfiando a língua na
sua boca a cada chance que ele tinha não parecia importar. Adrian, o
empresário da banda, imediatamente me colocou em quarentena. Não
era permitido eu colocar a cabeça para fora do quarto.
Idiota. Como se eu fosse.
Ben: Você está bem? Lena disse que você não podia receber
visitas.
Lizzy: Tudo bem. É só um resfriado.
Ben: Que merda. O quão ruim? Você viu o médico?
Lizzy: Sim. O enjoo matinal e carregar Bean me deixou para
baixo. Tenho que beber mais suco, etc. Manter as vitaminas pré-natais.
O sistema imunológico está cuidando mais dela do que de mim
aparentemente.
Ben: Ok. Precisa de alguma coisa?
Lizzy: Não obrigada. Ouvi o coração dela de novo. Batia tão forte.
Ben: Vc já pode ouvir o coração dela? Porra. Que incrível.
Lizzy: Não é?
Ben: Pode ser ele.
Lizzy: Não tire onda com o instinto materno.
Ben: Não me atreveria.
Lizzy: Eu nunca percebi que existiam tantos tipos de suco.
Obrigada.
Ben: Pense em qualquer coisa que você precisar e me diga.
Lizzy: Eu vou. Obrigada mais uma vez.

Lizzy: Obrigada pelas flores.


Ben: Não foi nada. Se sentindo melhor?
Lizzy: Não. Todos saúdam a Rainha do Catarro. Eles me
receitaram antibióticos. Devo melhorar logo.
Ben: Bom. Posso fazer algo por você?
Lizzy: Não obrigada. Tenha um bom show. Merda pra você ou
algo do tipo.
Ben: Relaxa. Descanse.

Lizzy: Mal te falou que eu vou ficar aqui?


Ben: Você não virá para Nashville?
Lizzy: Não. Eles não me querem no voo. Mal não te contou?
Ben: Não.
Lizzy: Droga. Desculpa.
Ben: Não se preocupe. Vc ainda está doente? O quão doente?
Lizzy: Nada sério. Eles só estão sendo cuidadosos. E mais, vcs
rapazes não podem ficar doentes.
Ben: Ligando.
Lizzy: Perdendo a voz. Dói para falar.
Ben: Merda. Vc tem certeza?
Ben: O que o médico disse exatamente?
Lizzy: É um resfriado comum. Dores de cabeça e nariz entupido.
Sem febres altas o que poderia ser perigoso. Tudo normal.
Ben: Talvez nós devêssemos ter uma segunda opinião.
Lizzy: Não se preocupe. Anne vai ficar cmg. Vj vc em Memphis.
Ben: Me mantenha atualizado. Precisa de alguma coisa?
Lizzy: Eu vou. Apenas dormir. Até mais.

Ben: Como vc está hj?


Lizzy: O nariz está soltando menos coisas verdes.
Ben: Bom. Fiquei preocupado com você.
Lizzy: Eu estou melhorando. Dormindo e passando muito tempo
vendo tv.
Ben: Ótimo. Pega leve.
Lizzy: Com Anne no modo Enfermeira Ratched eu não tenho
outra escolha. (NT: Enfermeira Mildred Ratched é a
principal antagonista do livro de Ken Kesey e no filme de Miloš
Forman "Um Estranho no Ninho". Uma sociopata, tirana, cruel e sádica
mulher que controlava seus pacientes com punho de ferro.)
Ben: Haha. Família.
Lizzy: Exatamente.
Ben: Posso fazer alguma coisa por você?
Lizzy: Eu estou bem.

Ben: Desculpa perdi a sua ligação. O que houve?


Lizzy: Só quis te desejar boa sorte no show. Como está Memphis?
Alguma pista do Rei?
Ben: Ainda não. Mas ele está aqui em algum lugar. Como vc tá?
Lizzy. Bem melhor. Entediada. Quero sair da cama. O médico
disse mais um ou dois dias. A pressão está um pouco baixa, me deixa
tonta. Mas não é grande coisa.
Ben: Você desmaiou? O que aconteceu?
Lizzy: Não, apenas me senti estranha. Está tudo bem. Tomando
mais ferro.
Ben: Cristo, vc tem certeza?
Lizzy: Sim. Por favor não se preocupe. Está tudo funcionando
bem.
Ben: Merda. Ok. Fique boa para eu ver você.
Lizzy: Você também. Estou cansada de estar doente. Me encontra
em St Louis?
Ben: Feito.

Lizzy: Anne disse que vc ligou para ela. Corajoso.


Ben: Quis ter certeza que vc estava bem.
Lizzy: Eu sei. Mas eu estou te contando tudo.
Ben: Sim. Apenas preocupado.
Lizzy: O médico é bom. Se alguma coisa mudar eu vou te deixar
saber em seguida. Te vejo em breve.

Lizzy: Eu sou agora a orgulhosa dona de uma grande variedade


de pijamas super confortáveis e a coleção de filmes de zumbi mais
extensa do mundo.
Ben: :)
Lizzy: Você arrasa.
Ben: Os pijamas foram ideia da Lena. Os zumbis, minha.
Lizzy: Gostei de ambos. Obrigada.
Ben: Que filme vc tá assistindo?
Lizzy: Madrugada dos mortos.
Ben: Original ou remake?
Lizzy: Remake. Amo os atores desse.
Ben: Legal. Nunca o assisti.
Lizzy: Não é Romero, mas é divertido.
Ben: Me mostre um dia desses.
Ben: Claro.

Lizzy: Cheguei. Indo dormir.


Ben: Ok?
Lizzy: Sim. Só cansada. Tenha um bom show.
Ben: Obrigado. Vejo vc de manhã.

***

Sim, o triste fato era, Ben e eu provavelmente éramos melhores


trocando mensagens do que nos comunicando cara-a-cara. Exceto
naquela noite em Vegas. Oh, e aquela vez na sua caminhonete. E na
banheira do seu quarto de hotel depois da briga com Jimmy, acho que
ele tinha estado sob alguma influência aquela noite.
De qualquer forma, o voo me derrubou. Eu fui direto para a cama
quando eu e Anne chegamos a Saint Louis. Mas eu não consegui dormi
muito na verdade.
“Porra, cara!” foi o que me acordou. “Você não vai entrar aqui.”
“Sai da minha frente,” alguém disse em uma voz distintamente
profunda e muito puta.
“Calma.” Outra voz masculina. Uma diferente dessa vez.
“Ben, seja razoável. Ela ainda está dormindo.” Essa foi Anne, sua
voz apaziguadora.
“É uma da tarde. Ela disse que estava melhor, por que ela ainda
está dormindo porra?”
Eu tinha certeza absoluta que eu não estava mais.
“Anne, ele tem razão. Alguém deu uma olhada nela?” Eu acho que
era Lena, mas o que ela estava fazendo aqui, eu não tinha ideia.
“Alguma coisa está errada. Eu quero um médico aqui agora,” Ben
disse.
“Só um minuto. Todos estamos preocupados com ela.” Ev, talvez?
Inferno, parecia como se todo mundo tivesse vindo me visitar.
“Eu te falei, cara,” Mal disse. “Você não vai entrar nos meus
quartos. Eu tenho que trabalhar com você. Mas eu não tenho porra
nenhuma a ver com você fora de lá.”
“Pelo amor de Deus...”
“Você fodeu com a minha confiança.”
“Eu sei,” Ben suspirou. “E eu sinto muito. Mas agora eu preciso
saber se ela está bem.”
“Eu estou bem,” eu disse, saindo do meu quarto. “Hey, vocês
todos estão aqui.”
E eu quis dizer todo mundo mesmo. David e Ev, Lena e Jimmy, e
claro minha irmã e Mal, com quem eu estava dividindo a suíte. Graças a
Deus que eu estava usando calças de pijamas novas e um top
combinando, a pequena barriga apontando.
“Liz.” Ben correu para mim, me envolvendo em seus braços
grandes e fortes.
“Oi.” Eu resmunguei em sua camiseta. Sim, eu estava meio fria.
Geralmente, nós não fazíamos isso, mas também isso pareceu
bom demais. Meu pobre corpo cansado ficou arrepiado de um jeito
bom. O homem só estava me pedindo para transar com a perna dele ou
algo do tipo. O desespero realmente não era bonito.
“Você está bem?” ele perguntou, estudando o meu rosto.
“Eu estou bem. Só dormi demais. Desculpa ter preocupado todo
mundo.”
Ele franziu o cenho, as mãos grandes segurando o meu rosto,
gentilmente o virando para lá e para cá para inspeção. “Você não
parece bem. Parece cansada.”
“Eu não pude dormir noite passada. Eu estou me recuperando
muito bem do resfriado. Nada mais de Rainha do Catarro e essas
coisas.”
“Você tem certeza?” ele me deu um olhar duvidoso.
“Vá se danar, cara. Eu estou brilhando.”
O grande idiota me deu um olhar tímido. “Desculpa. Só fiquei
preocupado com você.”
“Aparentemente meus níveis de ferro estão um pouco baixos. Eu
estou tomando suplementos agora, comendo mais. Eu vou voltar ao
normal daqui a pouco. E eu me sinto bem, de verdade. Eu estou ótima!
Estar de pé por aí é incrível.”
“Por que você não conseguiu dormir?”
Minha boca estava funcionando bem, mas na verdade meu
cérebro estava ainda dormindo para eu inventar uma mentira
plausível. Pior, meu rosto começou a pegar fogo. Droga. De todas as
perguntas do mundo, eu não queria responder a essa particularmente.
Nenhum pouquinho.
“Por quê?”
“Eu não sei, eu só não pude.”
“Liz.”
“Ben.”
“Me diga por que,” ele rosnou.
“Porque as paredes aqui são finas, okay. Estava fazendo muito
barulho. Agora chega de perguntas. Eu estou com fome.”
“Ha,” Mal gritou com triunfo, as mãos nos quadris. “Sua noite de
diversão infantil a manteve acordada.”
“Eu estou do outro lado da porra do prédio,” Ben disse. “Como
diabos eu poderia tê-la mantido acordada?”
“Mas então, se não foi você...” As sobrancelhas de Anne subiram
lentamente e ela cobriu a boca com a mão. “Oh querida. Desculpa, Liz.”
Eu assenti, incapaz de olhar para ela.
“O que,” Mal perguntou, os olhos cheios de confusão. “Do que
vocês duas estão falando?”
Jimmy bufou. Um momento mais tarde, seu irmão fez o mesmo.
Ao menos Ev e Lena conseguiram manter suas reações para elas. Elas
eram boas garotas.
Eu nunca precisaria saber que a minha irmã era uma gritadora.
Nunca. Que Mal fosse um gritador também meio que me confundiu. Se
você ao menos pudesse apagar as lembranças do seu cérebro. Isso
seria uma coisa extraordinária.
“Pumpkin? Explique.”
Anne puxou Mal para perto e sussurrou em seu ouvido. Então
Mal começou a rir em silêncio.
“Não é engraçado,” Anne disse.
“Meio que é.”
Ela sacudiu a cabeça, os braços cruzados sobre o peito.
“Deus do Sexo pontua novamente!”
“Cale a boca.”
Com um sorriso enorme no lugar, Mal a beijou nos lábios.
“Então você conseguiu dormir bem?” Ben perguntou, ignorando
a audiência.
“Sim. Obrigada.”
“É melhor conseguirmos um pouco de café da manhã para você.
Está com vontade de que?”
“Hmm.” Minha barriga roncou audivelmente. Eu não me
importei. “Eu quero o maior omelete conhecido pela humanidade.”
“Você vai ter.”
Seus olhos baixaram para a minha cintura, então sua mão fez o
mesmo, tentativamente cobrindo a minha barriguinha. Ainda eram
dias novos no mundo de Bean. A barriga deve ter sido causada por má
postura ou algo do tipo. Mas eu sabia que ela estava ali, crescendo e
fazendo as suas coisas. Mágico.
“Você se importa se eu...” ele perguntou.
“Está tudo bem.”
A palma da sua mão aqueceu a minha pele, seus dedos calejados
passavam lentamente sobre mim, fazendo um pouco de cócegas (e me
dando tesão, é claro. Gah.) A lateral do seu polegar ia para lá e para cá,
os calos me dando arrepios. Na verdade, eu estou muito certa de que
foi ele quem me deu os arrepios. Parecia não fazer diferença se as mãos
dele estavam ali. E eu tive o pior sentimento de que eu tinha sentido
falta dele semana passada. Sua voz, sua presença, ele todo. Eu olhei
para o seu rosto, encantada. Isso veio tão natural quanto respirar,
sentir por Ben. O que quer que ele tenha feito enquanto eu estava longe
parecia não importar agora. O quão idiota era o meu coração?
Enquanto isso, o silêncio estava começando a me deixar nervosa.
“Quinze semanas,” eu disse.
“Uau.” Ele sorriu e eu sorri de volta para ele, perdida. O mesmo
de sempre.
“Acho que eu deveria me vestir.”
“Nah,” ele disse. “Não se preocupe. Venha para o meu quarto e
nós vamos pedir o seu omelete. Você pode me contar tudo depois do
seu café da manhã.”
“Okay. Eu gosto disso.”
Nos viramos para encarar a audiência. Todos os olhos estavam
na gente – aparentemente a nossa pequena conversa os tinha
entretido. Eu meio que esqueci que a gente tinha público, pega no
momento.
“Cara,” David disse, sua mão segurando o ombro de Mal. “Vamos
lá.”
“O quê?” Mal fez uma careta.
“Isso está sendo resolvido,” Jimmy anunciou. “Agora. É hora de se
beijaram e fazerem as pazes, os dois idiotas.”
“Vai se foder, Jimbo.”
Ben soltou a minha mão, deu um passo para frente. “Eles estão
certos. O que custa?”
Com o ar de muito ferido, Mal virou para Anne. Ela assentiu,
dando um pequeno sorriso para ele.
“O que eu fiz foi errado. Eu te dei a minha palavra e eu não pude
manter.” Com as mãos do lado do corpo, Ben encarou Mal.
“Nós somos amigos desde criança. Nunca deveria ter te dado
uma razão para duvidar de mim. Eu sinto muito.”
“E você a engravidou,” Mal atirou.
“É. Mas eu não estou me desculpando por isso. Nunca vou dar ao
meu filho razão para ele duvidar que ele não é querido.”
Os olhos de Mal estreitaram enquanto ele avaliava Ben de novo.
“Isso não é bom para Liz,” Ben disse, “ser pega nessa merda entre
nós. Ela não precisa desse estresse.” Com uma respiração profunda,
Ben levantou o queixo.
“O que vai custar?”
“Três,” Mal disse.
“Não no rosto.” David se moveu para mais perto da dupla.
“Certo?”
“Tem que mantê-lo bonito para as fotos,” Jimmy disse.
“Tudo bem.” Mal flexionou os pulsos, curvando a mão direita em
um punho. “Não quero danificar essas mãos preciosas de qualquer
forma.”
“Espera!” Eu corri, compreendendo que fim aquilo ia levar.
“Vocês não estão falando sobre bater nele. Só por cima do meu
cadáver.”
As outras mulheres pareciam resignadas, preocupadas, tudo
combinado. Mas nenhuma delas iria interferir. Estava lá nos olhos
delas. Que se fodam.
Ben se virou, agarrando o meu braço e me colocando um passo
para trás. “Fique aí. Só para garantir.”
“Ben. Não.”
“Nós precisamos acabar com isso.”
“Você não vai deixa-lo bater em você.”
“Liz –”
“Eu estou falando sério!”
“Docinho, está tudo bem,” ele disse, os olhos gentis, mas o rosto
composto. “Se acalme. Nós somos amigos há muito tempo. Você tem
que deixar a gente resolver isso do nosso jeito.”
Como se fosse possível. “Anne, me ajuda!”
Minha irmã só fez uma careta. “Talvez ele esteja certo. Talvez nós
precisemos ficar fora disso.”
“Se fosse Mal, você iria ficar fora disso?” O pensamento de Ben
sendo ferido, de Mal o ferindo, e eu ser o motivo... eu basicamente
queria vomitar.
“Mal, você encosta um dedo nele e eu juro que eu nunca mais falo
com você de novo.”
O idiota apenas revirou os olhos.
“Por favor. Eu vi o jeito embasbacado que você olha para ele. Ele
vai falar com você de novo.”
Então, antes de Ben estar pronto, Mal esmagou seu punho na
barriga do cara. A respiração saiu de Ben com rapidez e eu estremeci.
Ele foi para frente, se protegendo instintivamente.
Sem uma pausa, Mal deu o segundo soco, um jab na lateral do
corpo. Ben gemeu, indo para trás, e Mal o socou mais uma vez na
barriga. Minha própria barriga se contraiu em empatia. Ele fez isso, Mal
realmente tinha feito isso.
O silêncio que se seguiu foi colossal. A respiração difícil de Ben
encheu o quarto enquanto Mal erguia a mão para um aperto. Estava
tudo acabado.
Eu tinha visto algumas brigas na minha vida. Uma
particularmente suja em uma rua deserta na minha fase selvagem.
Então, claro, na noite que a minha gravidez foi anunciada. Ao menos o
cheiro de sangue não fez aparição dessa vez. Violência nunca
consertava nada. Mal não esperar Ben estar preparado, batendo nele
antes que ele tivesse a chance de esperar pelo golpe, machucando o
meu homem que eu gostava (demais)... A emoção me pegou, me
virando do avesso. Eu não sabia se eu começava a chorar
descontroladamente ou se começava a atirar coisas.
Hormônios estúpidos. Garotos estúpidos.
“Tudo bem?” Mal perguntou.
“Sim. Aquele golpe de abertura foi uma boa.” Ben se ergueu
lentamente, a dor passando pelo seu rosto. Então ele apertou a mão do
companheiro de banda. Os garotos bateram nas costas um do outro e
as mulheres deram sorrisos de alívio. Essas pessoas eram insanas pra
caralho.
“Voe como uma borboleta, pique como uma abelha.” Com os
pulsos para cima, Mal pulou em volta. “Lizzy, baby, vamos lá. É coisa de
homem. Você não entenderia, criança. Você apenas tem que aceitar.”
“Você…” eu procurei na minha cabeça mas não tinha uma palavra
forte o bastante, um insulto ruim o bastante. Isso era violência. Eu
queria tirar aquele sorriso do rosto dele a tapas. O lábio superior
levantado em um grunhido, eu fui em direção a ele, minha mão pronta
para estapeá-lo. Infelizmente, Ben estava a postos também.
“Não, você não vai.” Ele me segurou em seus braços, me puxando
contra ele. “Acabou.”
“Me solta.”
“Hora do café da manhã, lembra? Vamos.”
Eu xinguei aos sete ventos, toda a linguagem de baixo calão há
muito esquecida. O que eu podia dizer? Foi o calor do momento.
“Whoa,” Mal disse, os olhos arregalados de surpresa. “Ela é um
bicho feroz.”
Do outro lado do quarto, Ev abriu a porta e nós passamos direto
por ela. Involuntariamente da minha parte. “Não. Ben –”
“O quê você quer no seu omelete?”
“Me solta.”
“E quanto ao suco? Você vai querer suco também?”
“Não seja condescendente comigo. Eu não sou uma criança.”
“Acredite em mim, docinho, eu sei. Apesar da birra que você está
fazendo agora.”
“Isso não é birra! Essa sou eu ficando ultrajada por Mal bater em
você.”
A porta se fechou atrás de nós e nós ficamos em pé no longo
corretor do hotel. Dessa vez o carpete era vermelho, com espelhos
estilo arte decó alinhados na parede. As pernas longas de Ben nos
levaram para longe da suíte de Mal e Anne tão rápido quanto elas
puderam. Do lado de fora de outra porta ele parou, me abaixou
cuidadosamente enquanto mantinha um braço em volta da minha
cintura – se por acaso eu tentar escapar, sem dúvida.
Do lado de dentro, ele fechou a porta, e caiu contra ela. Então ele
só meio que me encarou.
“O que?” Eu resmunguei, cruzando os meus braços.
O canto da sua boca subiu.
“Não é engraçado. Eu não consigo acreditar que você o deixou lhe
machucar.”
Com um olhar aquecido, Ben levantou os braços, enlaçando os
dedos em cima da sua cabeça. Ainda encarando.
“Isso não deveria ter acontecido,” eu disse. “E isso é culpa minha.
Você foi ferido por um dos seus amigos mais antigos por causa de
mim.”
Ele piscou, o traço de um sorriso desaparecendo. “Não. Eu deixe
Mal me dar alguns socos porque ele é um dos meus amigos mais
antigos. Merda, ele é mais que isso. Ele é meu irmão. Quando as coisas
ficaram ruins entre Dave e eu no ano passado, foi ele que falou com
Dave, suavizando as coisas. Agora, eu dei a Mal a minha palavra sobre
você, e eu voltei atrás. Eu mereci ele ficando puto comigo, e meio que
resolvemos tudo entre nós. Fim da história.”
“Eu não gosto disso.”
“Você não tem que gostar disso. Isso é entre eu e Mal.”
“Então o que eu penso não interessa?”
“Não, sobre isso, não,” ele disse, me olhando direto nos olhos.
Idiotas. Eu virei as costas para ele por um minuto, me
recompondo. Tudo dentro de mim estava correndo, uma bagunça
louca.
“Nunca tive uma mulher tentando me proteger dessa forma,” ele
disse suavemente. “Mal estava certo, você é feroz.”
Eu levantei o meu queixo, me virando para encara-lo.
“Teimosa, leal.”
Eu dei de ombros. “Faminta.”
Ele riu, empurrando a porta com um pé, vindo na minha direção.
Mais uma vez ele beijou o topo da minha cabeça. Sem pensar eu
me inclinei contra ele. Ben de alguma forma começou a representar
calor e segurança. Meio que um lar para Bean e eu, apesar dos meus
melhores esforços para manter uma distância segura entre nós. Mas
talvez lar não fosse sobre o coração, exatamente, mas sobre alguma
coisa mais profunda. Nós fizemos uma criança juntos, faz sentido ter
uma conexão. Não tem necessidade de eu me afastar.
Eu não sei.
Meus sentimentos por ele não me faziam exatamente mais sábia.
Eles constantemente me empurram e me puxam em direções confusas
e diferentes. Eu não sabia se alguma vez eu iria resolver isso.
Entretanto o que eu sentia por ele e o que eu sentia por Bean, era
extraordinariamente grande. Eu nunca soube que tinha lugar em mim
para tanta emoção. Se eu pudesse apenas me agarrar a ele, seria
maravilhoso. Talvez ele precise de uma lapa de estimação. Ha! (NT
Lapa é um desses crustáceos que ficam grudados nas rochas) Isso tudo
provavelmente é outra coisa hormonal estranha e em cinco minutos eu
vou estar indiferente a ele. Uma garota pode ter esperança.
“Você está bem?” ele perguntou com um sorriso.
“Tudo bem.”
“Me faz um favor?”
“O quê?”
“Fique fora de brigas. Mantenha o nosso bebê seguro.”
“Bom ponto,” eu resmunguei. “Eu meio que perdi isso lá atrás.”
“É, você meio que fez isso.”
“Desculpa.”
“Eu sou um garoto crescido, Liz. Você pode confiar que eu sei
cuidar de mim, okay? Eu não vou deixar ninguém mais dar um soco em
mim. Eu vou a academia todos os dias com Jim. Eu não sou uma flor
delicada que precisa de proteção.”
“Okay.”
Ele colocou as mãos nos meus ombros e olhou para baixo. “E eu
entendo. Mesmo. Essa merda é complicada, mas se alguém colocar um
dedo em você, eu vou perder a cabeça também. Mas você vai ter que
superar isso e perdoar Mal. Eu quis dizer isso. Isso não é bom. Sem
mais brigas com a nossa família. Eu quero acabar com isso.”
Eu dei um aceno de cabeça. “Eu vou trabalhar nisso. Mas de jeito
nenhum eu vou continuar vivendo com eles. Por várias razões. É hora
de eu ter o meu próprio quarto.”
“Liz, você acabou de ficar tão doente que teve que ficar de
repouso por uma semana. Anne disse que a sua pressão ainda será um
problema por um tempo. Eu não acho que seja hora de você ficar
sozinha. E se acontecer alguma coisa?”
“Qual é a minha alternativa? Jimmy e Lena precisam de um
tempo sozinhos agora. Eu não vou me impor a eles.”
Respiração profunda. “É, você está certa. É melhor você ficar
comigo.”
“Com você?” Eu perguntei, surpresa.
“Bem, é.” Ele abriu os braços. “Eu tenho uma suíte com dois
quartos porque eu gosto do meu espaço. Há muito espaço para você.”
“E quanto às suas festas? Eu não quero ser uma estraga prazeres,
mas…”
“Eles irão para algum outro lugar. Porra, Vaughan e a Down
Fourth podem fazer as festas no quarto deles. Não é um problema.”
Eu me afundei com o alívio. E isso também funcionou para
disfarçar bem o raio de excitamento que passou em mim. Eu e Ben
vivendo juntos. Uau. Que mudança. “Parece ótimo!”
“Legal.” Ele juntou as mãos, as esfregando. “Isso vai funcionar
muito bem. Nós estaremos convivendo, trabalhando em ser amigos e
tudo. E mais, eu não vou ter que me preocupar com você ficando
sozinha.”
“Amigos. Que demais.”
Essa palavra. Eu a tenho que traduzir como felicidade na minha
mente. Fazer funcionar. Ben e eu seríamos amigos. Amigos amigos
amigos.
Ele levantou sua mão enorme. “Bate aqui, amiga.”
E eu bati, bati a minha mão contra a dele com um enorme estalo.
Puta merda, isso doeu.
CAPÍTULO NOVE
Depois de Saint Louis veio Washington DC, seguido por Filadélfia.
Levou isso tudo para eu largar o meu rancor e perdoar Mal. Bem, a
começar a perdoar Mal. Por mais que todo mundo tente diminuir isso,
a lembrança dele enviando o seu punho nas vísceras de Ben ainda
estava muito fresca. Minha mão começava a contorcer toda vez que ele
se aproximava. Eu não poderia impedir.
Ben e eu vivermos juntos não tinha sido o passo astronômico em
direção a um futuro brilhante e lindamente romântico que eu tinha
meio que secreta e idiotamente esperado. Mas isso era problema meu,
não dele.
Definitivamente não houve mais abraços. Como colega de quarto,
ele era muito educado – e frequentemente ausente. Sim, Ben era um
garoto ocupado. Ele saia do quarto maravilhoso e com a cara amassada
às nove da manhã e tomávamos café juntos, o que era legal. Por mais
ou menos uma hora nós conversávamos comendo panquecas ou ovos
Benedict ou qualquer outra coisa. A conversa normalmente girava
sobre a minha saúde e o filme que eu assisti na noite anterior. Então
ele desaparecia para “fazer as merdas da banda.” Eu não sabia
exatamente o que ele fazia, mas aparentemente isso tomava o dia
inteiro e boa parte da noite. Então eu me sentava na frente da TV,
esperando encontra-lo quando ele chegasse qualquer hora que fosse.
Mas em vez disso, eu acordava na minha cama, e já era de manhã.
Tudo muito amigável. Eu só precisava me ajustar. Ainda. E
maldição, essa noite eu iria. Essa noite, minha paixonite por ele iria
acabar. Precisava. O homem infernizava o meu coração e genitália.
“Me recorde novamente porque nós estamos aqui,” Anne disse,
deslizando os braços em volta dos meus ombros.
“Para festejar.”
“Nós estamos aqui para festejar?”
“Como você pode duvidar disso?” eu afofei a minha camiseta
preta solta na minha barriga.
“Contanto que nós não estejamos aqui para espionar Ben.”
Eu zombei. “Como se eu fosse fazer isso.”
“Porque você está muito em cima dele.”
“Grande coisa. Realmente. Nós somos amigos.”
Anne fez um barulho com o nariz.
“Amigos não deixam amigos perseguirem os seus amigos.”
“Você e eu não somos amigas, somos irmãs. Totalmente
diferente.” Minha mandíbula se deslocou em um enorme bocejo. Ugh.
Esse negócio de carregar um bebê realmente te suga. “Você tem que
engolir e me apoiar não importa que besteira eu faça.”
“Vocês dois ainda estão dividindo a suíte mas não o quarto, huh?”
“Você realmente quer saber?” Eu perguntei, curiosa.
Ela suspirou. “Você está grávida dele. Eu desisto. De todos os
homens que eu teria escolhido para você, ele nem remotamente estaria
na lista. Mas no final do dia, a escolha é sua, não minha.”
Eu assenti, agradecida.
“Eu só quero que você saiba que você tem opções.” Igual quando
éramos crianças, Anne enrolou um cacho do meu cabelo em volta do
dedo e deu um puxão. Eu dei um tapa na mão dela, como eu sempre
fazia. Ela agarrou os meus dedos e os segurou.
“Mal e eu temos conversado. O que quer que você queira fazer
com isso, nós estaremos felizes em te apoiar. Seja indo morar com a
gente ou qualquer outra coisa.”
“Eu agradeço isso.”
“E se por um acaso você e Ben não conseguirem resolver as
coisas, você não precisa se preocupar com dinheiro.”
“Ben não me deixaria na mão desse jeito, Anne.”
“Eu só estou dizendo –”
“Eu sei. Mas acredite em mim, eu não preciso me preocupar com
dinheiro.”
“Não. Você não precisa.”
“É, eu realmente não preciso,” eu disse, me virando para encara-
la. “Ele colocou seis dígitos na minha conta antes da turnê começar.”
“Huh.” O branco dos olhos de Anne ficaram brilhantes. “Bom. Isso
me faz ter uma opinião melhor sobre a maravilha barbuda.”
“Mm.” Isso foi um passo para frente já que ela o chama pelo
menos de Esperminador. Sentamos amontoadas em uma única
poltrona, observando a festa pós-show rolar. Quando eu me mudei
para a suíte de dois quartos de Ben, a festa se moveu para o quarto do
vocalista do Down Forth. Ele compartilhava a suíte menor com a sua
namorada, a baterista da banda. Ela foi mais que acolhedora, se não um
pouco surpresa, quando nós batemos a porta. E eu tive o pior
pressentimento de que Anne estava certa e eu não deveria ter vindo.
Nem para esse quarto, ou para a turnê, nem nada disso.
Também, aparentemente, meu humor geralmente estava em um
nível de merda.
Instável. Não, isso não servia. Uma droga.
Sim, uma droga servia como um substituto aceitável.
“Eu odeio ter que ser vigiada, como se de repente eu não fosse
mais eu, mas uma condição, uma máquina de fazer bebê.” Eu inclinei
minha cabeça contra Anne com um suspiro de pobre de mim. “Deveria
ter ficado em Portland e trabalhado na livraria. Eu não pertenço a esse
lugar.”
“Claro que você encaixa aqui. Não seja besta.”
Eu dei um meio sorriso a ela. “Eu pareço patética. Rápido, me
bata com um peixe fresco ou algo do tipo.”
“Se ao menos eu tivesse um ao meu alcance. Esse bebê faz você
uma pessoa interessante para se ter por perto. Eu nunca sei qual
humor eu vou ter que encarar.”
“Você não faz ideia. Eu preciso tanto transar... meus sonhos são
só um fluxo interminável de pornografia.”
“Oh-kay. Então vá em frente, me fale sobre ele. Eu vou tentar
manter a mente aberta.”
“Não tem muito a dizer.”
“Vocês dois pareceram bastante confortáveis juntos quando ele
invadiu o castelo para te resgatar da sua irmã malvada e do seu
cunhado.”
Eu levantei as sobrancelhas.
“Desculpa,” ela disse. “Quando ele forçou a entrada porque estava
preocupado com você – felicitações por ele se importar – pareceu que
vocês estavam se dando muito bem. Eu vou tomar que esse não é o
caso, já que você está obviamente infeliz e nós estamos aqui a espreita,
esperando-o aparecer.”
“Nós fomos muito civilizados. Sempre trocando mensagens, ele
me checava sempre, e se eu precisasse dele ali, ele estaria ali. Mas... eu
não sei. Não é como se a gente realmente dissesse alguma coisa. Nós
compartilhamos o mesmo espaço mas vivemos distantes. Ele faz as
coisas dele, eu faço as minhas. Ele levanta e sai, volta tarde da noite
depois de beber aqui com esses caras.”
Ela franziu o cenho.
Como vou explicar isso? Era tudo uma bagunça. “A coisa é, eu não
posso esquecê-lo se ficar vivendo com ele. A proximidade não funciona.
Ela me transforma em uma louca pervertida, cheia de hormônios de
gravidez, cheirando a sua roupa suja.”
“Você cheira a roupa suja dele?”
Anne me deu um olhar julgador.
“Foi só uma camisa.”
Ela pigarreou. “Certo. Okay.”
“De qualquer forma, isso não parece certo, do jeito que as coisas
estão. Eu invadi seu espaço pessoal, aceitando a oferta de me mudar.
Isso foi um movimento errado. Então eu estava pensando que ou eu
vou para casa ou eu consigo um quarto só pra mim.”
“Não vá embora. Volte a viver comigo e com o Mal. Eu prometo
que manteremos o barulho de sexo sob controle.”
“De jeito nenhum. Eu ainda tenho esses terríveis flashbacks
daquela noite e acordo chorando, apavorada que algum macaco tarado
vai me atacar.”
O riso silencioso – eu não poderia contê-lo mesmo se eu tentasse.
Então eu nem tentei.
“Engraçado,” ela disse com secura.
“Obrigada. Eu me diverti.”
“Eu odeio o pensamento de você ficar sozinha.”
“Eu sei. Mas eu vou ser mão solteira, Anne. Eu estou por conta
própria, é um fato da vida. É hora de eu me acostumar.” Eu dei de
ombros. “Eu sei que você e Mal querem fazer o que podem, e eu
agradeço. Sério. Bean é sortuda. Ela vai ter uma família postiça
maravilhosa com todos vocês.”
“Ela é sim.”
Eu dei um aperto amigável no joelho de Anne. “Eu fico feliz por
podermos falar sobre isso. Eu senti falta de falar com você.”
“Me desculpa, eu fui tão julgadora. Isso foi muito difícil, com
todos os seus planos de estudo e tudo mais.”
“É, eu sei.”
Nós estávamos quase sentando no colo uma da outra de tão
perto que estávamos. Depois dos últimos meses, eu acho que a gente
precisava disso.
“Eu continuo dizendo para mim mesma que ele e eu só seremos
amigos,” eu disse, deixando sair, despejando toda a história triste em
cima dela. “Tem uma parte idiota de mim lá no fundo que ainda guarda
esperanças, entretanto, eu não acredito nisso. Eu não posso ficar
sentada em seu quarto de hotel esperando por ele chegar para nós
termos um momento mágico juntos que vai consertar tudo e fazer isso
ser certo. Ele e eu nunca seremos desse jeito. Eu só tenho que aceitar
isso.”
Minha irmã só me encarou. “Você tem sentimentos de verdade
por ele, não tem?”
Eu bufei. Eu não sei, só parece ridículo que ela ainda esteja em
negação depois de tudo isso.
“Desculpa. Eu acho que eu sempre pensei que isso era uma
paixonite que você ia superar,” ela disse. “Mas não é.”
“Não. Mas já está mais do que na hora de eu seguir em frente.
Você está certa. Portanto estamos aqui, esperando por ele fazer sua
aparição. Eu vou vê-lo em ação, cantando mulheres sexys, e vou
esperar perceber a profundidade da minha idiotice. Então eu vou dizer
a ele que é hora de eu crescer e ter meu próprio quarto ou ir para
casa.” Eu peguei meu copo de limonada de cima da mesa de café e
tomei um gole.
Anne inclinou a cabeça, me estudando.
“Você está apaixonada por ele?”
Boa pergunta.
“Eu só pensei... talvez vê-lo em ação não seja o que você precisa,”
ela disse. “Talvez tomar uma posição funcione melhor.”
“Exigir que ele me ame? Eu não acho que isso vá funcionar.”
“Hmm. Mas voltando a pergunta original. Você o ama?”
“Eu não tenho certeza se eu ao menos sei o que é o amor.”
“Isso dói?”
O ar estava aparentemente escasso. Eu olhei para a minha irmã,
confusa com a pergunta e ao mesmo tempo entendendo
completamente. E aquela pergunta – eu não queria responder. Eu
precisava me concentrar nas minhas certezas. Bean. Ser mãe. Coisas
como essa.
“Bem?” ela perguntou.
“Sim.” E Deus eu odiei isso. A verdade era um saco.
Anne assentiu lentamente, nenhum sorriso em seu rosto. “Eu
sinto muito.”
“De qualquer forma.” Meu sorriso era incrivelmente falso. Foi
uma maravilha meu rosto não quebrar. “Quando ele chegar aqui, eu
vou falar com ele. Nesse meio tempo, eu vou curtir a festa. E eu tenho o
pressentimento que essa vai ser uma noite longa.”
“É quase meia-noite. Eu estou impressionada que você conseguiu
ficar acordada esse tempo todo.”
“Você só está dizendo isso porque eu tenho caído no sono às oito
todas as noites dessa semana.”
Ela sorriu.
“Espere. Mais tarde nós estaremos completamente loucas e
tomando shots de leite quente. Vai ser incrível.”
“Vivendo no limite.”
“Eu sei, certo?” eu me virei para olhar por sobre o meu ombro
para a minha nova e sempre presente sombra. “Você pode fazer as
honras e servir, Sam.”
“Estou ansioso por isso, Miss Rollins.” O segurança me deu um
aceno de cabeça austero, nunca tirando os olhos da sala. Maldição. Ele
sorri e faz piadas com os membros da banda. Eu testemunhei isso com
os meus próprios olhos. Eventualmente eu vou cansá-lo.
Do outro lado do corredor veio o grito inconfundível de Who
Shall Not Be Named. A Stage Dive finalmente tinha chegado. Ou alguns
deles. Mal explodiu no quarto, procurando por sua parceira, enquanto
Ben estava com um passo mais calmo, conversando com um cara que
eu não conhecia. O cabelo de Ben estava puxado para trás, sua barba
bem aparada. Eu acho que ele trocou de camisa depois do show,
porque essa era uma de botões pretos, com alguns abertos em cima.
Ele parecia adorável. Inferno, ele parecia como o amor. Arpas,
anjos, tudo isso. Deus, eu era fraca. Eu realmente tinha que colocar isso
sob controle, para o próprio bem da minha sanidade se nada mais.
A multidão de repente pareceu aumentar. Eu acho que várias
pessoas tinham ficado no bar do hotel, esperando as pessoas
importantes chegarem.
O baterista maluco ficou em um joelho na frente de Anne,
estendendo uma mão. Com um sorriso, ela colocou os dedos nos dele.
“Quem é essa sobrenatural criatura que eu vejo em minha
frente?” ele perguntou. “Você ofusca os meus olhos, estranha
misteriosa. Eu preciso saber quem é você imediatamente.”
“Eu sou sua esposa.”
“Pensei que você parecia familiar.” Ele beijou as costas da mão
dela, se virando para descansar a coluna contra a parte debaixo da
poltrona, entre as pernas dela. “Porra essa noite foi longa. Adrian
marcou uma entrevista depois do show. Da próxima vez que aquele
cara de doninha fazer isso, me lembre de mata-lo.”
“Certo.”
“Massageie os meus ombros, por favor, Pumpkin,” ele perguntou,
estalando o pescoço. “Eu estou com dor.”
Anne começou a esfrega-lo.
“Agendo uma massagem para você amanhã?”
“Você é a melhor.” Ele me deu um apertão no joelho. “Lizzy, você
está falando comigo hoje?”
“Eu ainda não decidi,” eu disse.
“Não vai levar mais muito tempo, mamãezinha. Melhor aceitar
isso.” Ele sorriu.
“Benny-boy sabe que você está aqui?”
“Eu não tenho que me reportar a ele,” eu falei precipitadamente.
Mal riu. “Não? Isso vai ser interessante.”
“Diga a ele, Sam.” Eu engoli a minha limonada.
“Miss Rollins é uma adulta completamente crescida e
independente,” o segurança reportou obedientemente.
“Por favo-or,” Mal disse. “Cinco pratas que ele vai puxar o rabo
dela daqui nos próximos cinco minutos.”
“Feito.” Sam sacudiu a mão dele. Danem-se os dois. Se eu tivesse
que escolher, Sam seria o vencedor. Sem nenhuma graciosidade, mas
cheia de propósito eu me contorci e me levantei, tentando sair da
poltrona. “Eu vou ao banheiro.”
“Ah, vamos lá. Você não pode se esconder dele,” Mal reclamou.
“Isso não é justo.”
Eu apenas sorri.
“Benny-boy, olha quem está aqui! Por que, é a doce pequena Liz,
e já passou da sua hora de dormir. Você não acha que deveria fazer
alguma coisa sobre isso?”
O imbecil. Amaldiçoando, eu calei Mal. De jeito nenhum ele iria
ganhar a aposta. Eu iria falar com Ben quando eu estivesse bem e
pronta. Com tudo esclarecido, eu abaixei a cabeça e fui para o banheiro.
A ótima coisa sobre a gravidez era que você basicamente sempre
queria fazer xixi. Isso era um hobby maravilhoso. Sam ficou de guarda
do lado de fora enquanto eu abria a porta e passava por ela, a fechando
e trancando.
E uau, sobre isso. O banheiro estava ocupado.
“Oi.” Eu levantei uma mão.
“Liz, hey.” Vaughan riu, uma mão baixando para cobrir suas
partes abundantes. “Acho que eu esqueci de trancar a porta.”
Meu rosto estava pegando fogo. “Acho que sim. Desculpa
interromper.”
“Minha culpa. Mas é bom ver você.”
“É bom ver você também.” E por ver tanto dele. Eu encarei,
atordoada.
Whoa, o homem era sólido. O que isso fez com os meus
hormônios necessitados e sobrecarregados foi preocupante.
“É. Ha.”
“Venho querendo falar com você. Como você está?” Ele
perguntou, correndo a outra mão pelo cabelo molhado, todo relaxado.
“Bem.”
“Ouvi dizer que você estava doente,” ele disse.
“Foi só um resfriado. Eu estou bem agora. Me sentindo ótima.” E
com tesão. Com muito tesão. O garoto não entendia o quão próximo ele
estava de ser atacado.
“Isso é um saco. Espero que você fique melhor.”
“Obrigada.” Contanto que os meus olhos ficassem em seu rosto
eu estaria bem. É que já faz um tempo que eu tive alguma ação lá
embaixo. Sem necessidade de as minhas bochechas ficarem
termonucleares. Não seria muito legal ficar distraída. Claramente o
próprio homem não sentia muita hesitação sobre ficar nu. “Como está
sendo a turnê?”
“Ótima. Realmente boa.”
“Excelente.” Eu estudei o chão.
“É. Eu deveria ir?”
“Não, fique. Vai saber quando nós teremos outra chance de nos
falar sozinhos.”
“Ah, okay, claro. Talvez você queira atar uma toalha em volta da
sua cintura ou colocar as calças?”
“Em um minuto. Eu quero te fazer uma pergunta primeiro,” ele
disse, uma covinha aparecendo em sua bochecha. O homem era muito
fofo. Também, era legal saber que ele era ruivo natural. Eu não planejei
olhar, apenas aconteceu. Um olhar puro e não intencional quando eu
entrei. Um homem de verdade nu sorrindo para mim de forma
convidativa – meu corpo gostou muito da ideia. Hormônios
enlouquecedores.
“Manda,” eu disse, meu rosto pegando fogo novamente com o
pensamento da sua virilha. Puta merda.
“Você está mesmo grávida?”
“Sim, eu estou.” Eu afofei novamente a camisa sobre a minha
barriga. Daqui a pouco não teria nenhuma chance de eu esconde-la.
“Maldição. E eu acho que o pai é o Ben, huh?”
Minha boca ficou fechada.
“Não é muito difícil descobrir.” Ele foi pegar uma toalha na
prateleira, atando uma toalha em volta dos quadris estreitos. “Tinha
uma tensão entre ele e Mal, mas ninguém dizia o porquê. Então você se
juntou a turnê.”
Eu dei de ombros. Não era da minha conta falar qualquer coisa
sobre o comportamento de Ben. Era só por culpa da minha boca grande
que Vaughan sabia que alguma coisa estava se passando. Eu acho que
devo ser realmente bocuda.
“O cara definitivamente não gostou que tenhamos nos falado
aquela vez,” ele disse.
“Verdade.” Mas como eu poderia explicar o porquê de Ben dizer e
fazer as coisas que ele fazia quando tinha a ver comigo? Eu duvidava
muito que até mesmo ele soubesse.
“Então as festas se moveram para cá porque você está dividindo
o quarto com ele, tudo de repente. Até mesmo eu pude perceber isso, e
eu aparentemente não sou o mais perceptivo.”
Eu estreitei os olhos, ultrajada por ele. “Quem disse isso? Eu acho
que você é ótimo.”
“Obrigado.” Ele sorriu, as mãos nos quadris.
Deve ter sido a minha imaginação, mas eu tenho certeza absoluta
que a sua toalha escorregou um pouco. Cara, se eu só pudesse parar de
olhar. Eu e minha mão precisávamos de um tempo sozinhas. De novo.
“Eu te acho ótima também,” Vaughan disse, seus olhos se
suavizando enquanto ele olhava para mim. “É um saco a situação ser
desse jeito.”
“É.” Não é? Com que frequência eu recebo uma cantada de um
homem atraente com atributos tão invejáveis? “Quer dizer, eu e ele não
estamos juntos juntos. Eu estou solteira. Mas é, definitivamente
grávida.”
Nós dois pulamos com a batida súbita. Então a voz profunda de
Ben veio do outro lado da porta, “Liz, você está aí?”
Vaughan e eu nos olhamos, alguma coisa inquietante movendo
dentro de mim. Deus, era culpa? Eu não tinha razão para sentir culpa.
Nenhuma mesmo. Entretanto a ideia para explicar como que
acidentalmente eu fui em direção com um Vaughan nu e molhado
poderia ficar para depois. Para sempre também serve.
“Vou sair em um minuto,” eu falei.
“Tá.”
“Ele está te tratando bem?” Vaughan perguntou, a voz baixando
de volume.
“Eu acho que ele será um bom pai.”
“Não é isso que eu estou perguntando.” Ele deu um passo a
frente, estudando o meu rosto.
Do lado de fora, a música deu um salto dramático no volume.
Ótimo timing.
Eu não sabia o que dizer. Ou o que pensar.
“Eu, um, eu agradeço você não ter contado nada sobre o bebê
para ninguém ainda.”
“Claro.”
“É melhor eu ir.”
“Claro,” ele disse. “Ben está esperando.”
“Certo. É. Estou indo.” Eu me atrapalhei com a maçaneta da
porta, dando a ele um sorriso levemente atordoado.
Vaughan deu um passo para o lado, fora do campo de visão. Que
encontro surpreendente. Acho que eu finalmente comecei a brilhar.
Claro, devem ser os peitos. Depois de eu ter o bebê talvez eu coloque
silicone, se esse for o tipo de atenção que eles conseguem para mim.
Ha. Brincadeirinha. Na maior parte.
No minuto que eu pus o pé para fora, Ben estava parado lá,
esperando, agigantando-se. Imediatamente meu corpo ficou em alerta
total. Eu vasculhei o seu rosto para saber o seu humor, li a sua
linguagem corporal (meio impaciente com um traço de não cutuque o
urso).
Não havia dúvidas de que Vaughan era bem construído e bonito.
Você deveria estar morto há uns dois dias para não ficar excitado com
a visão de seu corpo nu. Mas mesmo assim, Vaughan não tinha me
afetado tanto. No momento que eu entrava na órbita de Ben Nicholson
eu estava indefesa, sem força para resistir ao seu magnetismo. Coração
e vagina imbecis. O cérebro era mais esperto, mas ninguém o escutava.
As pessoas agora enchiam a sala e a música estava explodindo no
estéreo. Ben se abaixou, colocando a boca perto da minha orelha.
“Anne disse que você queria conversar. Vamos para o quarto,
ok?”
Eu assenti.
“Está tudo bem?” Ele perguntou. E cara, ele me fez essa pergunta
tantas vezes de jeitos tão diferentes. Eu estava cansada de fazer uma
cara sorridente.
“Vamos nos falar lá em cima.”
Ele colocou o braço em volta de mim, me guiando com segurança
através da sala lotada. As pessoas estavam dançando, bebendo, e quem
sabe mais o que. Era uma festa rock’n’roll comum. Nós ficamos calados,
esperando pelo elevador. Quando ele chegou, estava vazio.
“Teve uma boa noite?” Eu perguntei, entrando no elevador.
“Me explique uma coisa,” ele disse, me encostando na parede
mais próxima.
“Ah, o quê?”
Com os braços musculosos apoiados a cima da minha cabeça, ele
estreitou os olhos para mim. “Eu ouvi outra voz naquele banheiro. Uma
voz de homem.”
Eu não iria mentir para ele. Eu não tinha razão. “Sim, eu estava
conversando com Vaughan.”
“Você estava conversando com Vaughan no banheiro?” Sua
cabeça abaixou, o nariz quase tocando a ponta do meu. O homem tinha
um olhar furioso nos seus olhos escuros, não estou brincando. Um
ciúme de verdade, queimando vivo.
“Você está falando sério?” Eu perguntei, profundamente confusa
porque eu não podia me dar ao luxo de me exaltar. A qualquer minuto
ele iria fazer o de costume e fugiria. Do mesmo jeito que na sua
caminhonete aquela noite. Do mesmo jeito que em Vegas. Eu não acho
que eu poderia lidar com isso novamente. Não agora. Minha vida já
parecia precária o suficiente do jeito que estava, tão suscetível às
mudanças bruscas.
“Muito,” ele disse, claramente mal humorado. “Eu já o alertei
sobre você.”
“Mas você e eu somos só amigos, lembra?”
Ele piscou, o ultraje momentaneamente esquecido por causa da
surpresa.
“Nós já tivemos essa conversa e foi isso que você disse que
queria,” eu disse. “E agora parece que você gostaria de mijar no meu
sapato para marcar o seu território.” Eu sacudi a cabeça. “O que está
acontecendo aqui?”
“Nós precisamos conversar.”
“É, boa ideia.”
“Ele te cantou?”
“Não sobre isso,” eu resmunguei. “Ben, eu quero o meu próprio
quarto. Você faz as suas coisas e tem o seu espaço, e eu vou fazer o
mesmo. Eu acho que dessa maneira vamos conviver muito melhor a
longo prazo. Foi o que a gente decidiu, certo? Então é isso que vai
acontecer. Decisão tomada.”
“Por causa do Vaughan?” ele perguntou, apertando os dentes.
“Vaughan não tem nada a ver com isso. É porque nós vamos ter
um bebê. É por causa de você e eu e esse ciclo de merda onde eu tenho
as minhas esperanças confirmadas e então você foge e se esconde atrás
da coisa de amigos. Isso fez completamente a minha cabeça. Não é
saudável.” Eu coloquei as minhas mãos em seu peito e o empurrei a um
passo de distância. “Você sabe, você finge ser esse tipo de cara
despreocupado, fácil de lidar. Nada de laços ou comprometimento,
apenas vivendo o estilo de vida no limite que o rock’n’roll proporciona
e tudo mais. E hey, isso é incrível, Ben. Bom para você. Mas se for dessa
forma que você quer ser, então não estabeleça um conjunto de regras
separado para mim. Porque isso é uma hipocrisia do caralho.”
Whoops. Outro dólar para a jarra de palavrões.
Sua mandíbula se deslocou de raiva. Ou a sua barba. Enfim.
“Boa noite.” As portas do elevador se abriram e eu saí, andando
tão rápido que eu estava quase correndo. Hora de embalar as minhas
coisas. Se não tiver um quarto disponível, eu vou dividir com a Anne e
com o Mal por essa noite, e fazer outros arranjos pela manhã. Cara, eu
estava tão cansada. Poderia jurar que as minhas pernas estavam
pesando mais que uma montanha. Se eu estava brilhando, eu tenho
certeza absoluta que eu não estava me sentindo dessa forma a essa
hora da noite.
“Eu nunca quis estar em um relacionamento,” ele gritou através
do corredor do hotel.
“Parabéns. Você não está.” Eu mostrei o dedo do meio para ele,
porque mostrar o dedo não era o mesmo que xingar.
“Lizzy! Porra. Espera.”
Eu deslizei a minha chave pela fechadura e arrastei o meu
traseiro para dentro. Não o trancando para fora, apesar de que isso era
tentador. Mas inferno, um de nós dois precisava ser o adulto. Eu passei
pela sala de estar e fui para o meu quarto, pegando uma mala no closet.
Ela já estava meio cheia. Quando você só fica duas noites por vez, não
faz muito sentido desfaze-la. Alguns itens estavam pendurados – um
casaco e alguns vestidos. O resto tinha ido para a lavanderia. Havia
apenas a minha maquiagem e outras besteiras, alguns sapatos jogados
no chão, e eu estava pronta para ir. Desocupando as instalações, ahoy!
“Você está indo embora,” ele disse, de pé na porta do quarto.
“Sim.”
“Liz...”
“Hmm?” Eu me virei, esperando por qualquer besteira que ele
planejava jogar para cima de mim. O homem grande só ficou ali, o rosto
em linhas firmes.
E ele não tinha nada.
“Provavelmente seja melhor,” eu disse. “Eu não tenho certeza se
tem alguma coisa que qualquer um de nós possa dizer agora que fosse
ajudar. Vamos tirar um tempo para nos acalmar e nós conversaremos
amanhã, okay?” Yeah.
Escova de dentes, escova de cabelo, e toda essa porcaria foi
jogada dentro da minha nécessaire, a qual foi jogada no canto da mala.
Em seguida foi o meu All Star, Birks, e umas sandálias de salto chiques.
E então tudo o que estava nos cabides. “Sabe, eu acho que se cada um
de nós tiver o seu próprio espaço nós poderemos dar uma chance de
verdade a esse negócio de sermos amigos.”
Sem comentários.
Coloquei tudo por cima na mala e comecei a fechá-la. Melhor
ligar para alguém me ajudar a carrega-la, já que eu duvidava que Ben
estava no clima de ser útil. Como se eu precisasse ser avisada mais uma
vez que eu não deveria levantar objetos pesados “na minha condição”,
como já havia sido alertada umas mil vezes. Eu iria até a recepção e –
as mãos de Ben escorregaram para agarrar a minha mandíbula, seus
lábios pressionando os meus com força. Minha boca já estava
parcialmente aberta; não levou muito para ele deslizar a língua e a
esfregar na minha. Ele me beijou com determinação, me arrebatando.
Cristo, eu podia sentir isso nos dedos dos meus pés. Eles se
enrolaram, assim como as minhas entranhas. As bordas da sua barba
escovavam o meu rosto e a sua outra mão agarrava a minha bunda, me
puxando contra ele. O homem já estava endurecendo. Isso pareceu tão
superlativa e inacreditavelmente bom. Tudo isso.
E errado.
“O quê você está fazendo?”
Sua resposta foi a trilha da sua língua quente e molhada no meu
pescoço. Cada terminação nervosa próxima pegou fogo, enquanto eu
ficava na ponta dos pés, me inclinando para ele, chegando mais perto.
Não. Malvada. Não era para estarmos fazendo isso de jeito nenhum.
“Oh Deus. Talvez devêssemos conversar agora.”
As mãos do cara, elas eram tão espertas. Por baixo da saia da
minha malha e para cima na parte de trás da minha calcinha antes de
eu ter ao menos a chance de saber onde ele estava indo. Dedos fortes
envolveram a minha bunda enquanto seus dentes cravavam na parte
de baixo do meu pescoço. Ele gemeu enquanto a minha respiração
ficava irregular, meus pulmões contraíam dolorosamente.
“Eu acho que eu devo ir.”
Se eu pudesse manter as minhas pernas fechadas talvez eu ainda
ganhe essa batalha. Parecia uma tarefa intransponível dada a
variedade do seu arsenal. O tamanho da sua artilharia. Uma mão
mergulhou ainda mais, esfregando entre as minhas pernas, enquanto a
outra segurava a parte de trás da minha cabeça. Eu estava indefesa, a
batalha perdida. Deus, eu era patética. Certo, então eu estava muito
ligada para pensar direito e meus hormônios estavam em franca
rebelião. Qualquer tentativa de um pensamento racional e coerente foi
jogado sem nenhuma misericórdia no altar da minha luxúria. Maldição.
“B-Ben.”
Em um movimento que provava que ele realmente era um dos
grandes do rock’n’roll, ele chutou a minha mala para longe da minha
cama queen com uma bota grande e preta enquanto me mergulhava
em seus braços, enquanto movia sua mão pela frente da minha
calcinha para aplicar pressão no meu clitóris do jeito mais incrível.
Puta merda. As estrelas dançavam na frente dos meus olhos, eu estava
pronta para explodir para ele. Vegas não foi nada.
Mas alguém realmente deveria dar a ele um prêmio. Alguma
coisa do tipo multitarefas e movimentos sexuais quentes e essa
merdas.
Porra.
Minhas costas bateram no colchão e ele subiu em cima de mim,
se colocando entre as minhas pernas. Porra ele era maravilhoso. As
linhas fortes e limpas das suas maçãs do rosto e a escuridão
temperamental do tipo preciso-transar nos seus olhos. Eu não
conseguia respirar, mas isso não importava. Meus seios se tencionaram
contra o seu peito era a sua própria recompensa. Era perfeitamente
possível eu ter os mamilos mais duros e felizes de toda a criação. Eles
estavam tão sensíveis.
Quem disse que a gravidez não era divertida? Ele cobriu a minha
boca com a dele, me beijando estupidamente mais uma vez. Cara. Ele
tinha um gosto bom. O tempo todo ele manteve seu peso nos cotovelos,
não colocando pressão na minha barriga. As coisas que ele fazia com a
sua mão livre eram deliciosas – correndo para cima e para baixo na
minha coxa, indo para cima, por baixo da minha blusa para traçar as
minhas costelas. Mas espera... eu não poderia desistir assim tão fácil.
Era vergonhoso. Eu estava no meio de fazer um ponto e tudo mais.
“Eu estava indo embora. Eu estava.”
Nenhuma resposta dele. Em vez disso, seu pau duro esfregava
entre as minhas pernas, fazendo as minhas costas arquearem. Uma
calça jeans e uma calcinha a mais. Esse era o problema aqui.
Eu engasguei. “Eu não acho que amigos que são só amigos devam
fazer isso.”
Sem comentar, ele sentou, pegando as costas da sua camisa de
botão e a puxando pela cabeça. Seu peito era tão bonito. Tão duro e
grande e tudo isso, ele fazia o meu QI cair ao tamanho do meu sapato.
Tudo que dizia respeito a ele fazia isso. A máquina de sexo barbada me
reduzia a uma idiota. Triste, mas era verdade.
“Ben, eu não posso abrir as pernas para você no minuto que você
decide que quer um pouco.” Sentando em seus calcanhares, ele agarrou
as minhas pernas, as segurando para cima contra ele. Os meus sapatos
saíram, seguidos rapidamente da minha calcinha.
“Espera.”
Ele não esperou.
“Talvez eu não esteja interessada em fazer sexo com você.” Uma
mentira descarada. Mas eu estava desesperada por algum tipo de
comunicação com ele que não fosse do tipo físico. “Você pensou nisso?”
Seu olhar no meu, ele levou a minha calcinha para o nariz.
“Oh meu Deus, não cheire minha calcinha. Ben!”
Um sorriso lento se espalhou pelo seu rosto.
“Isso é terrível. Você não me vê por aí fazendo coisas como essa,
você vê? Não.” Já que eu não estava usando nenhuma calça, elas não
poderiam pegar fogo. Sortuda. (NT. Liar liar pants on fire é um ditado
Americano, traduzido ao pé da letra: mentiroso mentiroso calças
pegando fogo)
Ele jogou o material inocente e encharcado para o lado.
“De qualquer forma, minha vagina está descontrolada. Isso não
prova nada.”
Ele deu um beijo suave nos meus tornozelos inchados, dando
uma boa olhada neles.
“E não olhe para os meus tornozelos. Você sabe como eu me sinto
sobre eles.” Eu tentei encolher as minhas pernas, mas ele as segurou
firme, envolvendo os dois braços nelas, as segurando no seu peito
quente. “Por que você está fazendo isso?”
Lentamente, ele começou a massagear meus dedos com uma
mão. Bom, mas não era esse o ponto.
“Diga alguma coisa.”
“Você disse que não havia nada que eu poderia dizer que iria
consertar as coisas,” ele murmurou, sua boca quente e molhada beijou
a lateral do meu pé, sua barba fazia cócegas do jeito certo. “Eu imaginei
que eu deveria te mostrar por que você deveria ficar.”
“Sexo?”
“Parece ser o que você precisa agora.”
Eu bufei. “Você que começou.”
O filho da mãe sorriu. “Me diga mais sobre a sua buceta estar
descontrolada. Isso me interessou.”
“Não.” Eu e minha boca idiota. “Nada a dizer.”
A combinação letal dos seus lábios quentes e suaves e a barba
áspera estava fazendo eu me perder. O calor e a força do seu corpo.
Toda vez que ele me tocava, eu poderia jurar que tinham luzes sob a
minha pele. Pequenas luzinhas me queimando do jeito mais gostoso.
Como diabos uma garota poderia competir com isso? O homem tinha
superpoderes sexuais e eu era eu, disfuncional nos melhores tempos.
“Por que você quer que eu fique?” Eu perguntei, a voz
ligeiramente suplicante. E eu nem ao menos sabia pelo quê. Dedos
envolveram os meus tornozelos, esfregando-os gentilmente. “Por causa
do bebê?”
“Não,” ele disse. “Por causa de tudo.”
“E tudo é...”
Sua testa ficou toda enrugada. “Eu não sei. Eu quis dizer o que eu
disse. Eu nunca quis estar em um relacionamento. Mas então você
nunca quis ter um bebê tão nova. Acho que nós dois só vamos
descobrir a medida que avançamos.”
“Um, não.” eu fechei meus olhos com força. “Ben, nós já
estivemos aqui. Você acha que quer alguma coisa comigo mas então
tudo é demais e você corre. E está tudo bem. Está ok para você só se
concentrar na sua música e viver livre e solto e não querer um
relacionamento permanente. O que não está ok é você me dar
esperanças de novo, porque honestamente a recaída é uma porcaria de
verdade.”
E essa foi a minha opinião profissional de estudante de
psicologia, na mosca.
“Liz.”
“Não. Eu não posso fazer isso de novo.”
Ele ficou em silêncio.
Emoções demais corriam através de mim, meu corpo em
desacordo com as minhas sensibilidades. Maldição, isso era difícil. Eu
me afastei dele e comecei a sair da cama. Um bom choro e um banho
quente, era tudo o que eu precisava. Mais sair daqui. Esse hotel tem
uma ducha excelente e eu estaria fazendo tudo isso. E talvez um pouco
de sorvete. Isso realmente era um excelente remédio para um coração
partido.
“Espera.” Um braço forte me parou, me puxando de volta para o
seu corpo. Eu apenas fui. O homem tinha força para me colocar onde
ele quisesse – ele já tinha demonstrado isso em várias ocasiões. Eu
gostar de estar nos seus braços apenas seria ignorado.
“Por que?” eu chorei. “Vamos lá Ben. Me dê uma razão legítima.
Por que eu deveria ficar?”
“Por causa disso.” Uma mão enorme espalhou sobre a minha
barriga, sua pele bronzeada em contraste com a minha. “Por causa da
gente. Nós fizemos um bebê, Liz. Você e eu.”
“Ben…”
“Sh… relaxa. Me dê um minuto aqui.”
Fácil para ele dizer, ele não estava tendo uma crise emocional
agora. Hormônios malditos. Eu o querer tanto não ajudava nenhum
pouco. A frustração sexual parecia me possuir. Mas o risco de dano
emocional era alto pra cacete.
“Não tinha percebido que você estava tão grande.” Seus dedos
esfregaram gentilmente a minha barriga. “Só faz uma semana.”
“É,” eu funguei. “Eu meio que explodi.”
Seu nariz cheirou o meu pescoço, os lábios dando beijos gentis.
“Você alguma vez já viu uma coisa mais incrível na sua vida? Nosso
bebê crescendo dentro de você.”
Eu assenti, cobrindo a sua mão com a minha. “Eu sei.”
“Então compartilhe isso comigo. Eu quero te ver todo dia. Eu
quero saber como vocês dois estão, e ser parte das coisas.” Apesar de
suas palavras suaves, eu não pude me impedir de ficar tensa em seus
braços. “Você está linda. Relaxa.”
“Tente você relaxar com uma enorme ereção esfregando as suas
costas. Eu estou tentando terminar com você – não que nós estivemos
juntos – e o seu pênis não está ajudando.”
Em seguida veio uma risada suave, mas ele não fez nenhum
movimento para remover a dita ereção da área que rodeava as minhas
nádegas.
“Você vai ter que superar o seu ciúme,” eu disse. “Eventualmente
eu vou conhecer alguém. Você não pode virar um homem das cavernas
toda vez que um cara fala comigo. Com bebê ou não, você não tem o
direito, Ben.”
“Então me dê o direito.”
“Para que você fique com medo e fuja? Não.”
“Merda. Olha, eu não posso te superar, Liz. Esse é o problema.”
Ele descansou o queixo no meu ombro. “Você é a única garota que eu
quero.”
Eu congelei. Bem, exceto pelo franzido na testa.
“Isso é sobre o seu problema erétil? Porque não parece que você
está tendo muitos problemas agora.”
“Eu não tenho um problema erétil. Eu tenho um problema
chamado você. Meu pau pensa que você é dona dele, aparentemente.
Mas há mais do que isso...”
“Paus não pensam. Nós já estivemos aí.”
“Nós estávamos errados.”
“Huh. Então eu tenho um pênis de estimação. Okay, continue
falando.” A curiosidade definitivamente tirou vantagem de mim. “O que
mais?”
O calor flutuou pelo lado do meu pescoço quando ele pressionou
o rosto ali. “Eu não posso aguentar a porra do pensamento de outra
pessoa te tocando.”
Eu revirei meus olhos. Que neandertal. E mesmo que ambos
fossem pontos interessantes, nenhum deles constituíam um motivo
real para mudarmos nosso status de amigos.
“Não é só sobre o bebê,” ele grunhiu.
“Eu não estou certa sobre isso,” eu disse, descansando a minha
cabeça contra ele. Boba de mim, mas isso era bom, confortável. Além
disso, ele me agarrou primeiro.
“É a verdade.”
“Prove.”
“Provar? Como eu vou fazer uma porra dessas?”
“Eu não sei.”
“Cristo. Certo. Eu só usei Sasha…” o resto era uma bagunça
resmungada. Sua boca quente pressionada contra o meu pescoço,
sufocava as palavras.
“O que você disse?”
Mais murmúrios.
“Ben, fale claramente.”
Com um gemido, ele levantou a cabeça, se afastando para olhar
nos meus olhos. “Eu só usei Sasha para esquecer você. Eu sabia que
você não podia ser só uma coisa casual, e Mal continuou perguntando o
que tinha acontecido em Vegas, se eu tinha saído com você ou o quê.
Então ele começou a dizer que você estava saindo com outra pessoa e
ele pensou que você iria leva-lo para a festa.”
“O quê?” eu perguntei, franzindo o nariz.
“É.”
“Por que diabos ele faria isso?”
“Por que você acha?”
“Deus, aquele homem é um agitador de merda.” Outra moeda
para a jarra de palavrões. Ia ser os fundos de Bean para a faculdade e
sua primeira casa pelo jeito. Um ano pela Europa, talvez.
“Sempre foi, sempre será. Então eu convidei Sasha para o jantar
para tira-lo de cima de mim. E eu estava sentindo a sua falta, e você não
falava comigo, e eu pensei que você estava levando outra pessoa.”
Eu só sacudi a minha cabeça.
“Eu não sei se isso foi só eu tentando te fazer ciúmes ou se em
parte era eu tentando seguir em frente ou o quê. Ela era uma mulher
legal.”
Meu queixo se ergueu. “Você a achava legal?”
“Você não?”
“Eu não acho que ela é tão legal,” eu disse em uma voz sem um
traço de esnobismo. Nem ao menos o mínimo.
“Não?”
“Eu só estou dizendo, eu achei que ela era um pouquinho sabe-
tudo, na verdade. Arrogante. E o cabelo dela era idiota. Tão… azul.”
O cabelo dela era muito legal, mas de jeito nenhum eu iria
admitir isso.
O silêncio atrás de mim foi ensurdecedor.
“O quê?”
“Nada,” ele disse em uma voz que implicava nada mais.
“Oh por favor.” Eu suspirei. “Tudo bem, ele era meio legal.” Em
algum momento eu comecei a brincar com os dedos dele, envolvendo-
os com os meus, tocando e brincando com eles. Esse era o problema
com Ben. Para mim, ficar a vontade com ele era fácil demais.
“De qualquer forma,” ele disse. “Isso tudo foi antes de eu saber
sobre o bebê.”
“Isso foi uma coisa profundamente idiota e imatura para fazer
com ela.”
“É,” ele disse solenemente.
“Não me surpreendo por ela ter ficado brava.”
Um aceno de cabeça.
Dedos acariciaram a lateral da minha cabeça com ternura.
“Eu teria atacado friamente as suas partes de menino, se eu fosse
ela,” eu disse.
Suas sobrancelhas desceram em um olhar feroz.
Eu apenas dei de ombros. Você colhe o que planta, baby.
“Eu tive que paga-la para manter silêncio sobre você. Adrian e os
advogados resolveram isso.”
“Não! Que cadela.”
“Hmm.”
Eu deixei escapar um suspiro. “Então estabelecemos que nós nos
comportamos como se estivéssemos de volta ao ginásio. O que isso
prova?”
“Que nós precisamos descobrir o que é essa coisa entre nós.”
“Eu acho que é isso que estamos tentando fazer.”
Uma mão segurou a minha mandíbula. “Eu não quis dizer brigar.
Eu estou cansado de brigar. Eu quis dizer ir devagar e descobrir o que é
essa coisa.”
Minha testa era uma massa de rugas, eu podia sentir. Eu duvido
que meu coração estivesse muito melhor.
“Docinho?”
“Eu não confio em você, Ben. Eu sinto muito. Eu queria poder me
sentir de outro jeito. Mas eu continuo tentando fazer isso com você, e
pensar que você também quer isso, e...”
“E eu continuar fodendo com tudo.”
“Sim.”
Eu pensei que ele iria me soltar, correr de volta para festa para
lamber os machucados – ou talvez outra pessoa. Mas ele não fez isso.
Em vez disso ele se sentou na cama com as costas na cabeceira, me
levando com ele, me colocando em seu colo. Eu não lutei com ele.
“Você está bravo?” Eu perguntei, iludida.
“Como eles dizem...” ele fez um barulho baixo que era puro sexo
com cordas vocais, estou te dizendo. “Lizzy, quando você diz que não
confia em mim isso faz eu me sentir como se eu quisesse rasgar a
merda toda e tacar fogo.”
“Isso é uma reação entendível e meio violenta.”
“Mas com a nossa história, essa merda é complicada,” ele disse,
esfregando a boca e a barba áspera contra o meu pescoço, enviando
arrepios pela minha coluna.
Oh uau. Eu precisava usar meu cabelo para cima mais vezes. Isso
era divino.
“E como você disse, nós vamos ter um bebê,” ele disse.
“Verdade.”
“Mas eu não vou fugir dessa vez. Diga o que quiser. Me rasgue. Eu
vou ficar.”
“Você vai?”
“Sim.” Mãos habilidosas separaram as minhas pernas, pele
quente percorrendo as minhas coxas. Cristo, eu amo quando ele me
toca. Pra cacete.
“O quê você está fazendo?” eu perguntei, meio ofegante.
“Nada.”
As costas dos seus dedos correram pela parte interna das minhas
coxas, traçando um caminho com as suas juntas. Eu quase chorei
quando ele parou perto da minha buceta e começou a voltar.
“Eu não acredito em você.”
Em seguida, ele dobrou a minha saia, exibindo tudo. Um som de
puro sexo vibrou em seu peito, viajando pela minha coluna. “Porra, Liz.
Olhe para você. Eu amo a sua buceta. Esquece isso.”
“Mm.” Meus ombros ficaram tensos, subindo mais. “Ben...”
“Está tudo bem.”
“Isso parece perigoso.”
“Não. Isso parece certo,” ele murmurou, os dentes mordiscando a
minha orelha. “Você tem o meu pau em uma coleira. Acho justo ter o
resto de mim.”
“O que isso significa?”
“Significa que eu estou desistindo de te superar e estou focando
em ter você.”
“Nenhum desses pronunciamentos estão me deixando segura,
Ben.” Eu inclinei minha cabeça para trás, virando-a para o lado para eu
poder ver o seu rosto. Parecia sincero. Mas eu já tinha cometido esse
erro uma ou duas vezes antes.
“Explique em um discurso não rock’n’roll por favor.”
“E você disse que a Sasha teve uma atitude.” O canto da sua boca
se contorceu. “Significa que eu vou fazer você voltar a confiar em mim.”
Eu? Eu não tinha nada.
Olhando para mim o tempo todo, ele enfiou dois dedos na boca
para molha-los. Então lentamente ele os levou para lá e para cá sobre
os meus lábios vaginais, me fazendo engasgar. Tudo lá embaixo teve
espasmos de alegria. Deus me ajude. Se o cara alguma vez soubesse o
quanto ele já me tinha, eu estaria condenada.
“Porra, docinho. Você realmente está fora de controle. Eu mal
toquei em você.”
“São os hormônios. Eles são loucos.”
Ele sorriu. Aquele sorriso – eu não confiava nele. Mas puta
merda, era lindo. Meu coração e púbis explodiram. Um raio de calor e
emoção quebrou através de mim. Era inteiramente possível que eu
estava apaixonada pelo idiota barbado, Deus me ajude.
“Você realmente quer que eu confie em você?” eu perguntei.
Ele traçou círculos lentos em volta do meu clitóris antes de
escorregar a ponta de um dedo para dentro e para fora de mim. Pura
tortura maravilhosa.
“Sim,” ele disse. “Eu quero de verdade.”
“Você está falando sério sobre isso? Sobre nós?”
“Eu estou.” Ainda sem quebrar o contato visual, ele deslizou um
dedo dentro de mim. “Você está bem molhada.”
“É. Você sabe, é meio difícil focar em uma conversa sobre
relacionamento quando você está me dedilhando.”
“Nós podemos falar sobre tudo o que você quiser mais tarde. Eu
prometo.”
“Okay.” Eu fiz um ruído de lamento na minha garganta, meus
músculos se apertando no seu dedo grosso. Minhas mãos eram garras,
enfiadas em suas coxas grossas e cobertas por jeans.
“Quer dizer, você ficou quente para mim lá em Vegas. Mas isso...
Docinho, Cristo, isso é maravilhoso pra caralho.”
“Eu me masturbo. Bastante.”
“Não mais,” ele retumbou.
“Cuidar de você é o meu trabalho. Confie em mim, Lizzy. Eu não
vou te deixar para baixo de novo.”
Os dedos dentro de mim tocaram em um lugar maravilhoso e
começou a massageá-lo com perícia. Simples assim, ele me virou do
avesso. Foi um milagre os meus mamilos não furarem o tecido da
minha camisa. Eles pareciam duros o bastante para isso. Meus ombros
empurraram seu peito sólido enquanto a lateral do seu polegar
escovava o meu clitóris. Relâmpagos e estrelas cadentes e todas essas
coisas. O mundo inteiro ficou branco.
Eu estrangulei o grito na minha garganta. Ou ao menos parte
dele. Cara, maldição. Eu fiquei flácida em seu colo, minha pela
supersensível, suor escorrendo pela testa e pelas costas. Que perfeição.
Ele gentilmente segurou a minha buceta com as mãos. “Eu ainda posso
sentir você latejar.” Eu me estiquei e bocejei, lentamente voltando a
terra. Toda a felicidade era minha.
“Você realmente precisava disso.”
“É.” Eu me virei, me aconchegando em seu peito. Se eu ficasse
meio que de lado, o contato seria bastante feliz. E que homem grande,
bom e confortável ele era. Especialmente útil quando tinha a ver com
orgasmos também. Seus dedos eram muito melhores que os meus, eu
tinha que dizer.
“Você vai dormir em cima de mim agora?” ele perguntou,
incrédulo.
Eu assenti, fechando meus olhos. Maldição, ele cheirava bem. Ele
poderia engarrafar o seu suor. Eu compraria uma grande quantidade.
Enquanto isso a sua ereção continuava a pressionar os meus quadris.
Que azar, camarada. Eu estava fechada para negócios. Nada a se fazer
quanto a isso.
“Você queria ir devagar,” eu disse.
Um estrondo desapontado veio de debaixo de mim.
“Você realmente quer ser meu namorado?” eu perguntei, meio
abrindo um olho.
Uma mão alisou o tecido da minha saia e ele nos deslizou para
baixo um pouco, ficando confortável.
“Namorado? Huh.” Sua voz profunda e áspera me transpassou,
me embalando. “Nunca fui o namorado de alguém antes.”
“Não?”
“Não.”
Braços me circularam, a aspereza da sua barba esfregando a
minha testa enquanto ele se apoiava nos travesseiros.
“Seu namorado,” ele meditou.
“É uma grande decisão. Você deveria tirar um tempo, pensar
sobre isso. Me deixe saber quando você estiver pronto para falar sobre
isso novamente.”
Sua testa enrugou. “Com certeza você está levando isso na
brincadeira.”
E por um tempo, francamente. Deus sabe, correr atrás desse cara
não me levou a lugar algum. Uma garota só podia bater sua cabeça
contra uma parede de tijolos por algum tempo antes de ser hora de
repensar as coisas.
Eu dei de ombros e escorreguei a minha mão para a lateral de
seu corpo, ficando mais próxima. Sua pele era tão suave, os pelos do
seu peito eram uma delícia de se tocar. Na verdade, tudo nele era
delicioso. Em toda a sua gostosura, até mesmo as unhas dos seus pés
poderiam me dar tesão. Mas isso não significa que eu vou facilitar as
coisas para ele.
“Liz?”
“Hmm?”
“Essa posição de namorado… vem com regalias?”
“Talvez.”
“Eu vou poder dormir e tomar banho com você?”
“Sim.”
Ele fez um barulho de felicidade. “E quanto a tocar? Eu vou poder
te tocar quando eu quiser?”
“Dentro do razoável.”
“Tenho que dizer, docinho, o seu corpo sempre foi lindo. Mas ele
está lindo pra caralho agora.
“Sério?” eu perguntei, levantando a cabeça para lançar um olhar
curioso para ele. “Na maior parte eu me sinto inchada e estranha.”
Uma mão grande segurou a minha bunda, esfregando. “Porra,
não. Você é toda cheia de curvas suaves e você está carregando o meu
bebê. Nunca pensei que isso seria uma grande fonte de tesão – nunca
pensei nisso de qualquer forma. Mas, docinho, é assim.”
“Huh.”
“Mais o que está envolvido nessa coisa de namorado?” Ele
perguntou, sua voz retumbando através do seu peito e para dentro da
minha orelha.
“Essa coisa de namorado? Sério?”
“Desculpa. Você sabe o que eu quis dizer.” Ele me deu um
apertão. “O que mais? Vamos lá.”
“Tudo bem. Me deixa pensar.” Eu passei os meus dedos pela sua
barba, deslizando-os para lá e para cá através dos pelos macios. Eu
poderia deitar em cima dele a noite inteira, feliz, ouvindo o seu coração
bater forte e rápido em seu peito. Sentir as suas costelas subirem e
descerem a cada respiração. Deitar ali e saber que esse cara especial
estava vivo e escolheu estar comigo, aqui, agora. Isso parecia o paraíso.
“Sabe, eu não tenho certeza,” eu disse baixinho. “Eu nunca tive
um namorado de verdade antes. Mas nós temos que estar ali um para o
outro, e nós temos que conversar. Eu não posso ver isso dando certo de
outro jeito.”
“Hmm.”
“E obviamente, sermos exclusivos.”
Um grunhido.
“Se você decidir que é isso o que você quer, então nós levaremos
isso devagar e descobriremos ao longo do caminho, eu acho.”
“Sim.” Ele esfregou a palma da mão gentilmente para cima e para
baixo nas minhas costas, suavizando a tensão.
“Ben, eu não quero tomar a sua liberdade. Eu só quero um lugar
no seu mundo. Um importante.”
Ele inclinou o pescoço, segurando o meu queixo para me fazer
olhar para ele ao mesmo tempo. “Docinho, você tem sido importante
desde o primeiro dia. A única garota para a qual eu continuava
voltando. Não importa o quão longe eu fui, eu não podia te tirar da
cabeça. Nunca fiquei desse jeito por outra mulher.”
“Não?”
“Não.”
Dedos esfregaram o meu pescoço, trabalhando nos nós. O
silêncio caiu sobre nós por um tempo.
“Eu quero ser o seu namorado, Liz.”
Eu não poderia ter segurado o sorriso mesmo se eu tentasse. “Eu
gosto disso.”
Ele tirou o cabelo do meu rosto, olhando para mim. “Okay.”
“Okay.”
CAPÍTULO DEZ
Eu dormi bem aquela noite. Um homem tatuado, barbado e que
toca baixo facilmente superava os travesseiros do hotel em termos de
conforto. Nós dormimos com nossas roupas de baixo por causa de toda
a coisa de levar as coisas devagar. Eu nunca tinha passado a noite
inteira com um homem, sexualmente ativo ou não. Mas o que poderia
ter sido estranho, Ben fez ser certo. Ele se encaixou na minha vida
como se ele pertencesse a ela.
Meus sonhos eram adequadamente pervertidos, mas isso não é
nenhuma novidade. Acordar com a cabeça de um homem entre as
minhas coxas, no entanto, foi uma mudança dramática e ao mesmo
tempo bem-vinda. Uma língua quente e molhada arrastando pelos
lábios do meu sexo, me assustou como o inferno. Meus quadris
recuaram, e os olhos se arregalaram de repente.
“Ben. O que você está fazendo?” Eu engasguei, o cérebro ainda
meio adormecido.
“Chupando a buceta da minha namorada,” ele disse. “Privilégios,
lembra?”
Mãos seguraram as minhas pernas abertas, dedos cravando na
carne das minhas coxas. Então ele fez isso de novo, a coisa de lamber.
Eu gemi e me contorci, tentando me afastar, mas não de verdade,
porque puta merda. Nirvana.
“Vá em frente,” eu suspirei feliz.
O sentimento da barba de um homem escovando as suas partes
privadas não pode ser adequadamente explicada com palavras. É um
prazer tátil. Suave e delicado e incrível em todas as formas. Meus
músculos ficaram tensos, os calcanhares cravando no colchão. Para
onde a minha calcinha foi, eu não faço ideia. Nem um interesse. O que o
meu namorado estava fazendo, entretanto, me preocupava
profundamente. Sua língua ia para trás e para frente sobre o meu
clitóris, então seus lábios sugavam os lábios. As habilidades orais do
cara eram fora do comum. Tanta atenção aos detalhes. E o entusiasmo
– o cara estava faminto e eu era a refeição. Eu esfreguei a buceta na
cara dele, precisando e tomando tudo o que ele estava me dando. Mas a
energia crua entre os meus quadris, abaixo da minha coluna – não
havia muito em mim para conter isso. A sensação gloriosa aumentava e
aumentava, carregando todo meu ser, acendendo as minhas pernas. Eu
gozei forte, chamando o seu nome. O prazer me partiu em duas, minha
mente girando alto. Eu era tudo e nada. Apenas flutuando por aí,
curtindo a altura.
Mas ele não tinha acabado.
Ele subiu pelo meu corpo, tirando suas boxers com uma mão.
Uma vez, duas vezes, três vezes, ele bombeou o seu pau duro, lançando
seu gozo quente nos meus peitos e na minha barriga. Sua testa
pressionou contra a minha, o hálito quente nos meus lábios.
“Hey,” eu murmurei, ainda tentando recuperar o fôlego.
Ele me beijou, os lábios cobrindo os meus, a língua mergulhando.
O sabor rico preencheu a minha boca enquanto seus dedos esfregavam
a minha barriga, espalhando sua porra pela minha pele.
“Bom dia,” ele sussurrou, ainda suspenso sobre mim em cima de
um cotovelo.
Aquela mandíbula perfeita, as curvas molhadas dos seus lábios,
chamando pelos meus dedos. Eu poderia tocá-lo, feliz, o dia inteiro.
“Ben.”
“Hmm?” Outro beijo, esse mais suave, mais doce.
Eu deitei debaixo dele, dizimada. Tantas coisas que eu poderia
dizer, que eu queria dizer. Mas devagar era a palavra chave aqui. O que
ele fazia com o meu coração e com a minha cabeça não podia ser
descrito.
O jeito que ele preenchia o meu coração até transbordar me
assustava pra caralho. “Bom dia.”
“Não se toque,” ele pediu em uma voz baixa e áspera. “Cuidar de
você é o meu trabalho agora. Se precisar de mim, liga. Chego até você o
mais rápido possível, okay?”
“Uh-huh.”
Ele me beijou mais um pouco, fazendo a minha cabeça girar. “As
coisas estão indo devagar o bastante para você?”
“Claro.”
Ele sorriu, e bom Deus, tudo o que eu pude fazer foi olhar. Já
houve algum homem mais lindo em toda a criação? Eu acho que não.
Seu foco em mim era completo, me fazendo sentir inebriada. Os olhos
escuros nunca desviaram do meu rosto, como se ele estivesse me
memorizando.
“Nós estamos indo bem, Liz.” Sua mão cobriu a minha barriga, os
lábios passando sobre a minha bochecha.
“É.” Eu não tinha palavras. Não quando ele estava assim.
Os cantos dos seus lábios subiram um pouco.
“Vamos lá. Hora do banho.”

***
Eu ainda estava no banheiro, arrumando o meu cabelo e
aplicando um pouco de corretivo e rímel para melhorar aquela coisa de
brilho, quando eu ouvi Ben e Sam conversando na sala. Não que eu
quisesse ouvir. Só meio que aconteceu.
“Com Mal do jeito que ele é, a banda já está em xeque,” Ben disse.
“Eu só não tenho certeza se deveríamos adiciona-la a mistura.”
Espera, eles estavam falando sobre mim?
Mas eu basicamente já estava vivendo e viajando com todo
mundo. Isso não fazia sentido.
“Eu amo a Martha, mas todos sabemos como ela é,” Ben
continuou.
“As coisas estão mais estáveis agora. Talvez seja bom para ela,”
Sam disse. “Além disso, ela não vai conseguir se recompor lá por conta
própria, agindo como a rainha das festas de Nova Iorque e queimando
tanto dinheiro.”
“Eu não sei.”
Sam fez um som de humph. “Ela ainda cuida dos papéis de vez em
quando. Da perspectiva de segurança, seria mais fácil ter todo mundo
na mesma órbita, se não debaixo de um teto. As notícias sobre a
gravidez irão sair eventualmente. Seria bom manter todo mundo perto.
Esse é o meu único ponto.”
“Tem certeza que a sua preocupação com Martha não é mais
pessoal que isso?”
“Não sei sobre o que você está falando sr. Nicholson.”
Eu vaguei naquela direção, curiosa, interrompendo uma
competição de encarar muito masculina. “Oi, meninos. Problemas?”
Ben sacudiu a cabeça. “Para que servem as irmãs se não para
foder com a sua vida de vez em quando, não é?”
“Apenas pense nisso.” Sam deu um tapinha no ombro dele, indo
em direção a porta. “Até mais tarde, senhorita Rollins.”
“Tchau.” Eu me virei para o meu namorado, dei um puxão
carinhoso em sua camisa, e o puxei para perto para um beijo.
“Alguma coisa que precisemos conversar?”
“Não.” Ele me deu um sorriso suave e um beijo ainda mais suave.
Seguido por uma batida calorosa na bunda. “Vá fazer as suas coisas de
menina. Eu vou encontrar Jim para uma corrida.”
Eu tentei um movimento na sua bunda, mas perdi por quase uma
milha. “É, é melhor você correr, camarada.”
Ele riu todo o caminho para a porta. Eu segurei o sorriso besta no
meu rosto pelo mesmo tempo.

***

“Eu acho que vocês estão imaginando porque eu chamei todas


aqui hoje,” Lena começou, uma garrafa de água mineral equilibrada em
sua barriga. Bom truque.
Era por volta de meio dia. Nós quatro, Lena, Evelyn, Anne e eu,
nos reunimos na luxuosa suíte de Lena e Jimmy, apenas batendo papo.
Uma variedade de sanduíches, doces, frutas e queijos estavam postos
na mesa de café a nossa frente. Nada de cake pops, mas haviam
macaroons e madeleines, o que você tem que admitir são tão bons
quanto.
Ev limpou uma migalha de pão do canto da sua boca. “Eu pensei
que nós só estávamos almoçando.”
“Ela não teria feito esse anúncio se só estivéssemos almoçando,”
Anne disse, colocando mais açúcar no seu chá.
“Verdade.”
Lena estava sentada em uma chaise longue, nos espiando através
dos seus óculos de armação grossa. A mulher estava um bom mês a
frente das minhas dezesseis semanas. Deus me ajude quando eu ficar
grande daquele jeito. Ben poderá apenas me rolar para os lugares.
Gravidez. Tão anti-natural.
“Não, não estamos aqui apenas para comer,” ela continuou.
“Embora nós iremos comer, e depois mais um pouco. O que nós iremos
fazer aqui é nos intrometer na vida de Lizzy, porque nós a amamos e
nos importamos com ela. Também, porque estar em turnê fica chato
depois de um tempo então eu imaginei por que não.”
“Oh bem.” Eu tomei um gole do meu café com leite descafeinado.
“Você notou que ela tem um chupão no ombro?” Ev perguntou,
movendo as sobrancelhas.
“Não há nada para ver aqui.” Eu puxei o colarinho da minha
camisa. “Siga a diante, por favor.”
“Ela parece especialmente brilhante essa manhã.” Incrível. Até
mesmo a minha própria irmã estava entrando no jogo. Nenhuma
lealdade.
“Eu notei.” Lenna puxou um fio da bainha da sua camiseta de
gestante da Stage Dive. Ela tinha que ser pirata, já que estava
orgulhosamente exclamando em letras extravagantes, JIMMY FERRIS,
EU APROVEI. Eu não poderia ao menos imaginar o cara concordando
com o design nesta vida. “E percebi. Quando Ben passou para pegar Jim
para ir malhar mais cedo, o cara barbado era um garoto feliz, feliz.”
Minhas sobrancelhas desceram. “Sem comentários.”
“Sobre isso,” Ev suspirou. “Ele tem estado mal humorado pra
cacete ultimamente.”
“Não mais. Ela tem aquele garoto andando nas nuvens.”
“Acha que ela usou magia de xoxota nele?” Ev perguntou, me
olhando de um jeito terrivelmente indecente.
“É o meu palpite.”
“Vocês não são engraçadas,” eu disse, quase sem sorrir. “Anne,
faça-as parar.”
Minha irmã colocou seu cabelo vermelho brilhantes atrás das
orelhas e sacudiu a cabeça tristemente. “Ah, hon. Não posso fazer isso.
Você é parte da família Stage Dive agora. Círculo interno e tudo mais.
Melhor se acostumar.”
“Ben e eu não estamos casados. Nós nem ao menos estamos
juntos, exatamente.”
“Exponha o ‘exatamente’,” Anne disse, se inclinando em seu
assento. “Eu não ouvi o que aconteceu na noite passada depois que
vocês dois saíram da festa para conversar.”
“Nós conversamos. Nada mais a contar.”
Nada mais que eu estava preparada para contar. As muitas
mudanças ainda estavam muito frescas. Eu ainda não repassei todas as
informações vezes o bastante na minha cabeça para elas fazerem
sentido. Assumindo que eu de fato conseguiria fazê-las ter sentido.
Eu estava duvidando.
Minhas palavras se encontraram com um coro de vaias e um
pouco de assobios. Uma pessoa que permanecerá não mencionada
(Lena) foi longe o bastante para jogar um Danish na minha cabeça.
Doces como projéteis... eu nunca. Com sorte eu o peguei antes que ele
fizesse contato. Cereja, nhami.
“Okay, okay! Acalmem-se.” Deus, essas senhoras. E eu usei o
termo senhoras livremente. “A verdade é que eu não sei o que está se
passando entre nós.”
“Bem, o que você acha que está acontecendo com vocês dois?”
Anne perguntou, roubando metade da minha sobremesa. A garota
tinha sorte por eu ama-la.
“Boa pergunta. Do jeito que eu vejo, existem muitas opções.” Eu
parei para uma mordidela. Oh que delícia amanteigada crocante dos
diabos – o meu terceiro do dia. Parece que o meu auto-controle
enfraqueceu em todas as áreas pertinentes. É melhor eu vigiar ou o
meu traseiro vai ficar duas vezes o tamanho da minha barriga. Por
outro lado, essa delícia amanteigada crocante dos diabos me faz tão-o-
o feliz, e sério, a vida não é sobre a felicidade? Aposto que eles ficam
ótimos com bacon por cima.
“Continue,” Ev disse, juntando as mãos de uma forma majestosa.
“Nos conte tudo.”
“Tudo bem. Um, eu posso estar usando-o para sexo,” eu
confessei, um pronunciamento que foi seguido de vários oohs e ahhs, e
vários sorrisos maliciosos. “Eu não consigo evitar. Os hormônios me
transformaram em algum tipo de ninfomaníaca e ele é tão lindo e
gostoso e eu gostaria de apontar que foi ele que começou isso. Eu não
fui atrás dele dessa vez. E honestamente, vocês não fazem ideia do
quão boa aquela barba é. A sensação daquele pelo sedoso e áspero
esfregando contra as suas coxas e –”
“Whoa!” Anne cobriu as orelhas.
“Para.”
“Desculpa.”
“Cara. Gostaria que toda essa coisa de ninfomaníaca tivesse
acontecido comigo,” Lena disse. “Eu só fiquei ainda mais obcecada com
tortas. Isso é tão injusto.”
“Hmm.”
“Sorte o Jim ser um homem que gosta de seios. Ele parece uma
criança no Natal, brincando com esses melões. Não consegue manter as
mãos longe deles.”
“Eles estão bastante impressionantes,” eu disse, limpando a
minha mão em um guardanapo. “Os meus estão me irritando
profundamente. Eu nem ao menos costumava me importar com
soutien, agora de repente eu tenho essas coisas do tamanho de uma
maçã. Isso não é legal.”
“Qual é a opção dois nessa história sua-e-de-Ben?” Ev perguntou.
“Oh. Bem, dois, nós deveríamos ir devagar e tentar namorar, mas
eu não sei. Ele tem o péssimo hábito de mudar de ideia quando tem a
ver comigo.” Eu olhei o nada, contemplando muito, mas alcançando
muito pouca resolução. “Três, no final do dia nós seremos pais, e isso é
o principal, aconteça o que acontecer. Então obviamente, colocando
isso como o número três, eu listei as coisas em ordem crescente ou
algo assim. De qualquer forma, se ele quebrar meu coração em pedaços
novamente, nós teremos um problema. Até lá, minha resposta – já que
todas vocês insistiram em chegar até esse ponto – eu deveria ao menos
tentar alguma coisa além de amizade com esse homem?”
“Ele quebrou seu coração em pedacinhos?” Os olhos de Ev
ficaram brilhantes. “Isso é terrível.”
“Eu tinha... eu tenho muitos sentimentos por ele. Cada vez que ele
escolhe não levar as coisas mais longe comigo, dói.” Eu caí na minha
cadeira, relaxando, dando a minha barriga a chance de continuar a
digestão. “Ugh, garotos são um saco. Assim como a vida. O que
podemos fazer?”
“Falou como uma verdadeira estudante de psicologia,” Ev disse
com um sorriso.
“Obrigada.”
A loura deu um puxão no seu rabo de cavalo. Um hábito nervoso
fofo. “Eu sinto muito por você ter se machucado. Eu provavelmente
nunca deveria ter dado o número dele para você. Eu sabia que ele não
tinha encontros.”
“Não,” Eu a repreendi. “Eu estava um pouco obcecada por ele,
verdade seja dita. De um jeito ou de outro eu teria o encontrado de
novo. Ele mexe comigo. Eu nem ao menos pensava que eu tinha um
tipo, mas de alguma forma é ele, da cabeça aos pés.”
“Ele ainda tinha que ter pensado no que ele queria, muito antes
de chegar perto de você com o esperma dele.” Os olhos de Anne se
estreitaram de um jeito mortalmente familiar.
“Você o ama?” Lena perguntou, inclinando a cabeça para o lado.
Eu olhei para o teto, minha mente girando. “Ah, como eu disse, eu
tenho sentimentos por ele.”
“E esses sentimentos são amor?”
“Eu não quero responder essa pergunta.”
“Não?” Ev colocou o copo de volta na mesa, colocando os
cotovelos nos joelhos. Eu estava perdida. Rodeada por amigas bem-
intencionadas. Agora eu entendi, porque Anne é tão apegada a essas
garotas. Elas eram autênticas, boas e divertidas. E enquanto era legal,
saber que as suas perguntas vinham porque elas estavam preocupadas,
eu me contorci no meu assento com o pensamento de expor a minha
roupa suja e a de Ben. Eu quase não toquei na situação entre nós na
minha cabeça, e por “quase” eu quis dizer não.
“Porque eu não estou pronta,” eu falei para o lustre de cristal
acima das nossas cabeças. A luz do sol refletia nas paredes, refletindo a
luz branca em forma de vários arco-íris. Lindo.
“Não precisa se apressar,” Anne disse, segurando a minha mão.
“Vá com calma.”
“Ir com calma,” eu concordei.
A porta da suíte se abriu e Jimmy e Ben entraram, pingando de
suor. Os shorts de basquete estavam pendurados nos quadris de Ben.
Ele tirou a camisa e a estava usando para secar o rosto.
“Oi, baby.” Lena levantou a mão e Jimmy a segurou, virando a
cadeira para beijar a bochecha dela.
“Camisa fofa. Como as minhas meninas estão?” Ele perguntou,
escorregando a mão para cobrir a sua barriga.
“Nós estamos bem. Pegando leve, do jeito que o médico
recomendou.”
“Meninas?” Os olhos de Ev se acenderam como duas luas cheias.
“Oops. O segredo escapou,” Lena riu.
“Uma menina! Isso é tão excitante!”
Nenhuma resposta de Lena, já que ela estava ocupada trocando
cuspe com Jim.
Whoa, eles estavam realmente empolgados. Eu não estava tão
certa de que a obsessão dela com tortas era a única aprimorada pelos
hormônios.
“Hey.” Ben ajoelhou do lado da minha cadeira, a camisa suada
jogada sobre um ombro. Seu sorriso era todo para mim. Isso derreteu o
meu interior, me fazendo virar geleia. Que poder terrível ele tinha
sobre mim. O homem deveria se envergonhar.
“Oi.” Eu sorri. “Boa malhação?”
“É, até Dave apareceu. Foi divertido.”
Como se um sino para o jantar tivesse soado, Ev pulou para os
seus pés. Cães Pavlov não teriam sido mais bem treinados.
“O que significa que o meu marido gostoso está no chuveiro. Até
mais pessoas.”
E ela foi embora.
“Um, é. Reunião interrompida,” Lena disse entre beijos.
Com uma última olhada do mal para o meu novo namorado,
Anne também ficou de pé. “Eu deveria ir ver o que o meu está fazendo.
Deixa-lo sozinho por muito tempo pode ser desastroso. Vejo vocês no
voo para Nova Iorque.”
“Até mais tarde.” Eu acenei.
“Eu vou ter que deixar a sua irmã me socar também?” Ben
murmurou em uma voz rouca.
“Ela vai superar.”
“Pensei que deixando Mal me acertar tudo seria resolvido.”
“Ela se preocupa comigo.” Eu coloquei a sua longa franja para o
lado, deleitando-me com a liberdade para toca-lo como eu queria.
Suado ou não, eu faria isso e mais um pouco. “Dê tempo.”
Uma carranca.
“O que? Não.” Jimmy latiu laconicamente do outro lado da
cadeira.
“Só uma pequenininha,” Lena disse, acariciando o seu rosto.
“Eu não vou deixar a porra da barba crescer. Coça.”
“Mas –”
“De qualquer forma, de onde diabos veio isso?” Jimmy me olhou
mal humorado. “Você andou falando sobre barbas ou algo do tipo?”
Eu dei a ele o meu olhar mais inocente.
O vocalista mal humorado sacudiu a cabeça. “Vocês meninas não
deveriam estar falando sobre sexo, pelo amor de Deus. Nós estamos
vivendo um em cima do outro.”
“Liz apenas mencionou o aumento dos benefícios no oral,” Lena
disse, seu rosto o retrato da serenidade. “Você quer que eu seja feliz,
não quer?”
“Eu te mantenho muito feliz,” Jim disse, esfregando a nuca.
“Claro que sim, baby. Eu só pensei que talvez você fosse pensar
sobre deixar a barba crescer. Você sabe, apenas para tentar alguma
coisa diferente.”
Com o sorriso no lugar, Ben se agarrou a causa. Ou tentou.
“Precisa de um homem de verdade para deixar a barba crescer. Você
apenas não chegou lá ainda, Jim. Não se sinta mal.”
“Vá se foder, raio de sol.” Jimmy escondeu um sorriso. “Vocês
dois, para fora. Aparentemente eu tenho que provar minhas proezas
orais para a minha garota, de novo.”
“Desculpa. Minha culpa,” Lena disse, não parecendo nenhum
pouco arrependida.
Ben riu, ficando de pé, me puxando pela mão ao mesmo tempo.
Ficar de mãos dadas era legal. O que era mais legal ainda era como ele
não a soltava. Uma vez que saímos, a porta da suíte fechou atrás de nós
com um barulho alto.
“O que você andou dizendo?” ele perguntou, indo em direção ao
nosso quarto. “Pensava que essa coisa de sexo era privada.”
“Desculpa. Conversa de meninas. Eu só fui levada.”
“Hmm.” Suas sobrancelhas viraram uma linha infeliz.
“Você está mesmo chateado?” Eu perguntei, mais do que um
pouco preocupada.
Relacionamentos eram tão complicados. Eu e minha boca
precisamos tomar cuidado para não expor a ele ou seus pelos faciais.
“Não. Valeu a pena por ver o olhar irritado na cara de Jim.” Ele
riu.
“Oh bem.”
“Nós temos duas horas antes do voo,” ele disse, os olhos escuros
olhando para mim. “Tempo o suficiente para ir muito devagar.”
Meu pulso tomou lugar entre as minhas pernas. O homem tinha o
número da minha buceta e o usava sem nenhuma hesitação. Namorado
sábio ele estava todo afim de sexo, e eu tinha que dizer, eu realmente o
respeitava por isso.
“Pensei que nós temos que nos conhecer melhor,” ele disse.
“Você pensou, huh?”
Ele passou a chave pela fechadura, abrindo a porta. “Eu bati uma
siririca para você ontem à noite e minha boca essa manhã. Se devagar
significa sem penetração por um tempo, então docinho, eu preciso que
você tenha misericórdia de mim. Eu estou com uma necessidade
desesperada do seu punho envolvido no meu pau.”
“Eu gosto disso.”
“Acredite em mim, eu tenho pensado nisso o dia inteiro. Você
sentada nua no meu colo, me punhetando enquanto eu brinco com
seus seios maravilhosos e sensíveis. Aposto que eu posso te fazer gozar
só com isso. O que você acha de a gente experimentar um pouco e
descobrir?”
Meu corpo zumbiu, minha respiração acelerou. Eu juro, eu quase
gozei só de ouvi-lo falar sujo comigo. O cara tinha talentos escondidos.
“Okay.”
“Essa é a minha garota. Quem sabe, talvez você até possa
escrever um artigo sobre isso.”
Eu caí na gargalhada. “Eu não sei.”
Ele sorriu para mim, já passando a minha camiseta enorme pela
minha cabeça.
“Suas calças não estão servindo?” Ele perguntou, inspecionando
o cós da minha calça virado na altura do botão. O único jeito de eu
poder usa-las, já que o zíper estava completamente aberto. E essas
eram de cintura baixa.
“Nada mais serve desde que eu explodi.”
“Você precisa de algumas roupas de gestante assim como Lena.
Jim disse que ela achou umas paradas bem legais,” ele disse. “Trocar de
soutien também. Não que eu não goste de como eles ficam, mas isso
pode não ser bom.”
“Você e Jim falam sobre roupas de garotas?”
Ele me deu um olhar severo. “Jim estava apenas me dando umas
dicas, já que Lena está mais adiantada que você e essas coisas.”
“As roupas não são um problema. Eu posso fazê-las durar mais
um tempo.”
“Você não precisa ‘fazê-las durar mais tempo’. Eu quero que você
fique confortável.”
“Nós não íamos fazer sexo?” Eu perguntei, cruzando meus braços
sobre meus peitos generosos e olhando o quarto. Por alguma razão eu
não conseguia olhar para ele agora.
“Você tocou o dinheiro que eu coloquei na sua conta?”
“Ainda não. Eu não precisei.”
“Claramente você está precisando.” Ele cruzou os braços
também. Não era justo – os dele eram muito maiores que os meus. O
fato de que eles eram musculosos e cobertos de tatuagem me agradava
muito. Para ser justa, Ben não parecia muito feliz. “O que está
acontecendo aqui, Liz?”
“Nada. Esse é o problema. Eu acho que nós estamos enrolando.”
Ele só olhou para mim.
“O quê?” Eu perguntei.
Um longo suspiro sofrido. Então seus dedos lidaram com o cós da
minha calça em menos de dois segundos, o jeans caindo aos meus pés.
“Sai,” ele mandou, me levantando do chão.
Por fim, sexo. Eu enrolei as pernas e os braços em volta dele,
reencontrando a felicidade. “Você estava mesmo pensando em mim o
dia todo?”
“Sim, eu estava. E você com certeza está na minha cabeça agora.”
Linhas cobriam a sua testa. “Então me diga, o que é essa besteira sobre
você não tocar no dinheiro? É seu para comprar o que você precisa, e
claramente você precisa de coisas.”
“É para Bean.”
“É para vocês.”
“Eu não gosto de pegar o seu dinheiro.”
Um grunhido de desaprovação. “Você não o pegou, eu dei para
você.”
“Parece a mesma coisa.”
“Tudo bem. Okay.” Suas mãos seguraram a minha bunda, os
dedos massageando. “Eu não quero que você se sinta estranha com
isso. E relacionamentos são sobre compromisso, certo?”
“Ce-er-to.” Suspeita era o meu nome do meio.
“Amanhã nós vamos às compras e passaremos toda a merda que
você precisa no meu cartão.”
“Isso não é comprometimento!”
“Você não gosta de tocar aquele dinheiro que eu coloquei na sua
conta, então não faça isso. De fato, você não precisa tocar nada do meu
dinheiro de forma alguma. Eu vou lidar com isso.”
“Ben.”
“Liz. O fato é, você provavelmente nunca vai ter o tipo de
dinheiro que eu tenho. Desde que a banda começou a faturar, tudo o
que eu fiz foi investi-lo. Eu não sou como Jim e seus ternos chamativos
ou Mal com a enorme casa na praia e as festas. Eu não preciso de
muito, vivo de forma bem simples. Dirijo a mesma caminhonete. Eu
tenho uma despesa, mas está sob controle.” Os olhos escuros foram
para mim. “Você tomou a sua posição. Não tem nada em mim me
fazendo pensar que você está comigo pelo meu dinheiro, okay? Agora,
eu não vou ter essa discussão sempre que você precisar de alguma
coisa. Você e Bean são minhas, e eu cuido do que é meu.”
Eu respirei fundo.
“Estamos entendidos?” Ele perguntou.
“Eu vou tentar.”
“Faça mais que tentar. Confie em mim. É para isso que eu estou
aqui.”
“Isso foi uma coisa muito doce a se dizer.” Meus olhos
umedeceram. Hormônios loucos. “Eu acho que por eu não ter crescido
com muito eu só... parece estranho até mesmo ter isso lá sem ter
trabalhado por ele. Como se eu tivesse roubado ou algo do tipo.”
“Docinho, você não roubou o dinheiro. Você me roubou. O
dinheiro vem comigo. Okay?”
“Okay.” Uma lágrima correu pela minha bochecha. “Eu gosto de
você de verdade, Ben. Pra caralho.”
“Cristo, por que você está chorando? Vem cá, me dê essa boca.”
Eu fiz como mandado. Depois disso, veio mais coisas do que
chorar aquele dia.
CAPÍTULO ONZE
Ben mais uma vez já tinha saído quando eu acordei na manhã
seguinte, em Nova Iorque. Dado aos três shows agendados, nós
ficaremos na cidade por quase uma semana. A coisa sobre estar em
turnê eram as intermináveis possibilidades de acordar tarde. Eu vou
estar preguiçosa quando voltar para casa.
Teve um jantar da banda na noite passada, apesar da reclamação
de Jimmy sobre todo mundo vivendo em cima de todo mundo. Eu acho
que o seu eterno mau humor secretamente esconde um lado muito
suave. E sim, essa era a minha opinião profissional. Eu o peguei
coçando o queixo enquanto ele dava a Lena um olhar significativo, mais
do que uma vez. Não me surpreenderia se tivéssemos outra barba a
bordo em um futuro próximo.
Com meu lado preguiçoso em mente, eu fui encontrar Anne na
academia e nós fizemos alguns exercícios na bicicleta por meia hora. O
último ginecologista que eu vi uns dias atrás tinha dito que exercícios
leves eram bons e necessários. Apesar do desejo ocasional por comidas
estranhas, e a festa de confeitaria de Lena ontem, eu não tenho me
entregado muito. Muita salada e vegetais e uma viagem ocasional ao
lado negro das sobremesas decadentes. Negação total não servia para
mim. No final do dia, uma Bean saudável e feliz era mais importante do
que o tamanho da minha bunda. Os homens da família tinham ido fazer
uma passagem de som, seguida por várias aparições na TV antes de
eles irem para o palco.
As compras de maternidade seriam deixadas de lado por um
tempo, nada demais. Uma repórter de alguma revista de música
renomada iria ficar junto com a banda, acrescentando mais ocupação.
Aparentemente aprofundando o artigo Stage Dive on Tour: A História
Real Por Trás da Fachada Pública que estava sendo feito. Ben tinha
parecido singularmente não impressionado com a coisa toda. Mas
então, pouco mudou nele. Ele tendia a assumir a maior parte das
coisas.
O que era ótimo.
Eu podia, eu sei, ficar um pouco tensa às vezes. Pensar um pouco
demais nas coisas. Apesar da carga genética que eu e Anne recebemos,
é provavelmente uma maravilha não termos virado a louca dos gatos
aos dezoito anos ou algo do tipo. Não que eu estivesse inventando
desculpas ou sugerindo pôr a culpa no comportamento de uma pessoa.
Mas para mim, eu acho que a aura calma e direta de Ben era uma coisa
boa. Pessoas com baixa autoestima temiam o amor. (Sim. O curso de
psicologia subindo à cabeça novamente.) Elas duvidam da capacidade
de outras pessoas gostarem delas, porque eles não acham que valem a
pena. Eu sabia que eu merecia coisas boas. Ou ao menos, eu não iria
aceitar nada menos que bom.
Nas minhas calças de ioga, camiseta um pouco pequena demais
para conter os peitos e a barriga, e um rabo de cavalo suado, eu voltei
para a nossa suíte. Cinza-chumbo com características de ardósia dessa
vez. Uma bela vista de Manhattan. Muito bom. O que estava esperando
lá dentro por mim, nem tanto.
“Você tá de sacanagem comigo, porra,” a estranha rosnou,
olhando para a minha barriga de grávida.
Eu pus uma mão no meu meio, protegendo do frio.
A mulher era alta, morena, magra além da imaginação. Por volta
dos trinta. Era difícil dizer, dada a maneira com a qual seu rosto de
modelo e seus lábios de cereja se deformaram com o desdém. Acho que
ela era o rolo de Ben em Nova Iorque, ou algo do tipo. Que estranho.
Também, como diabos ela chegou aqui?
“E você é?” Eu perguntei, com a minha voz no limite.
“Se você acha que você vai tirar a porra de um centavo dele sem
um teste de paternidade você está sonhando. E mesmo assim, ele vai
brigar pela custódia.”
Interessante. Ela parecia acreditar saber um monte de coisas
sobre o meu namorado sem realmente saber alguma coisa.
“Seu nome, por favor?” Eu perguntei.
“Você não é a primeira putinha a tentar essa merda com um
deles, e com certeza não vai ser a última.” A mulher, também conhecida
como “a vaca,” olhou para mim dos seus Stilettos. “Por que Adrian não
me deixou saber eu não faço ideia.”
Ela era amiga de Adrian? Não era um bom sinal. Tudo que eu vi e
ouvi sobre o empresário da banda me levou a crer que ele era um dos
maiores cretinos de todos os tempos.
“Ben está esperando você?” Com certeza ele não mencionou
nenhum visitante para mim.
“Eu sou bem-vinda aqui.”
“É? Como você entrou, só por interesse?”
“Os seguranças me conhecem.” Uma jogada desafiante do cabelo.
Cristo, a mulher era exatamente como cada garota malvada que eu já
tinha encontrado no colégio. Incrível como algumas pessoas param de
se desenvolver depois de uma certa idade e ficam entaladas.
Por fora eu fiz o meu melhor para parecer calma e relaxada, mas
por dentro eu era um soldado irritado e infeliz. O que diabos ela estava
fazendo no nosso quarto? Eu acho que Ben não teve a chance de
terminar com essa garota. Ótimo. “Você aceita um suco? Eu estou
morrendo por um suco.”
“Me deixe adivinhar: você é alguma vagabunda caçadora de
fortuna que vive em um lixo de um trailer que pensou que ficando nos
bastidores e chupando o pau de um dos caras iria te levar em algum
lugar.”
Acho que ela não queria uma bebida. Mas também, “Você não fica
grávida por chupar pau. Eu não sou graduada em biologia nem nada do
tipo, mas eu tenho certeza absoluta sobre isso.”
A vaca apenas olhou para mim. Okay, então isso realmente não
estava indo bem.
“Eu sinto muito,” eu disse. Não sentia. “Não quis interromper o
seu honrado discurso. Por favor, continue. Sinceramente, eu não posso
esperar para ouvir o que você vai dizer.”
O rosto bonito se contorceu em uma careta, a mulher realmente
teve a audácia de vir para cima de mim, com as mãos em punhos. A
garota tinha perdido a porra da cabeça. Meu coração acelerou, cada
instinto de proteção aumentou com o alarme. Ser violenta comigo ou
com a minha Bean? Eu acho que não. Felizmente, o bar tinha uma
variedade de armas a postos. A minha favorita era uma garrafa de
Chivas. Eu avaliei o peso passando de uma mão a outra. Três quartos
cheia. Era pesado o bastante. De jeito nenhum eu ia pegar leve com
essa merdinha.
“Martha,” Sam, o segurança, gritou, salvando o dia. Não soube
quando ele entrou, mas eu estava muito feliz em vê-lo. Se eu tiver meia
chance, eu vou cobrir o seu rosto de beijos. “Encoste a porra de uma
mão nela e o seu irmão nunca vai te perdoar. Eu te garanto isso.” A
vaca congelou.
“Hey, Sam. Quer um pouco de Chivas?” Eu perguntei, oferecendo
a garrafa ao homem musculoso de terno preto.
“Perfeito. Eu vou pegar isso, posso, Srta. Rollins?” Ele colocou a
garrafa de volta ao lugar cheio de uma fina seleção de bebidas.
“Então você é a irmã de Ben,” eu disse, bebendo o meu suco de
maçã mais uma vez. “Interessante.”
Sam levou o celular à orelha, os olhos pareciam um pouco
preocupados. O enorme guarda-costas nunca tinha demonstrado o
mínimo traço de medo antes. Que virada para o bizarro que o meu dia
deu. E que grandessíssima cadela a irmã de Ben era. Eu fiz uma rápida
oração para que esses genes em particular pulassem uma geração ou
três. Não me admira Dave ter preferido a Ev. Caramba.
“De jeito nenhum ele está engolindo as merdas que ela falou para
ele,” Martha cuspiu.
“Sr. Nicholson,” Sam disse no celular. “Sua irmã veio fazer uma
visita.”
“Me deixe falar com ele.” Martha estendeu a mão.
O olhar que Sam deu a ela. Whoa. Até mesmo fez Martha parar de
novo. Qualquer que seja a história aqui, eu aposto que era uma
excelente.
“Sim, Srta. Rollins e ela se encontraram,” Sam reportou no
telefone. “Eu apenas as interrompi trocando palavras. A situação está
meio volátil.”
Ele ficou quieto, ouvindo o que quer que Ben estivesse dizendo.
Então ele virou para mim.
“Senhorita Rollins, ele quer saber se você está bem.”
“Melhor de saúde, Sam. Tudo bem.” Eu sorri. Já faz uns bons seis
anos ou mais desde que eu entrei em uma briga. A maior parte de nós
cresce e acaba com essas bobagens. Se Martha estava inclinada a
conhecer meus instintos maternais, então, que seja.
Ben e Sam falaram. A maior parte da conversa do lado de Sam
consistia em sim, senhor e em breve. “Senhor,” Sam disse
eventualmente, “Eu imagino se talvez ajudasse a resolver a situação se
eu tivesse uma conversa tranquila com a sua irmã?” E um último “Sim,
senhor” e ele desligou o telefone.
“Senhorita Rollins, você poderia dar a Martha e a mim um
momento em particular?”
“Claro, Sam.” Eu fui para o meu quarto, com o suco na mão.
Minha orelha estava pressionada contra a porta fechada em dois
centésimos de segundo. Ouvir a conversa dos outros é uma falha
horrível, eu sei. Mas de jeito nenhum eu perderia isso.
“O que diabos está errado com você?” Sam começou, sua voz
baixa e mortal. “Eu vi você foder as coisas com o seu irmão e Dave por
anos. Até o ponto de você ter que ser mandada para o outro lado do
país para você parar de causar problemas.”
“Quem é ela?”
“Ela é a garota que o seu irmão pensa ser a porra do mundo, e ela
está carregando o filho dele. Ele estava planejando te apresentar a ela
amanhã, depois de te atualizar sobre a situação,” Sam disse. “Ele estava
esperando que você a ajudasse a comprar algumas roupas de gestante,
já que você conhece a cidade.”
A vaca escarneceu. “Você tá de sacanagem.”
“Não. Agora vê que coisa triste. Seu irmão realmente acredita em
você, acha que você só cometeu alguns erros, mas que você teria
aprendido com eles e teria crescido. Ele não sabe a vaca amarga e
egoísta que você é.”
Aparentemente ele não tinha nada a dizer quanto a isso.
“Mas então, o amor fode a forma com a qual as pessoas veem as
coisas. E o seu irmão, ele amava você, apesar de toda a merda que você
causou esses anos.”
“Eu só quero protege-lo,” ela disse, a voz tremendo de fúria. “Ela
o está enganando, ela tem que estar. Ben nunca foi do tipo que sossega,
você sabe disso tão bem quanto eu. Ele é basicamente um preguiçoso
profissional milionário. Ele mal pode ver através do próximo som e da
garrafa de cerveja.”
“As pessoas mudam.”
“Bem, se ele está tão na dela então ele não está pensando
claramente. Ele é suave, Sam. Ele não é como nós. Nós vemos o mundo
como ele realmente é. As pessoas estão por aí apenas querendo usar os
caras, elas sempre estiveram. E essa garota não é diferente, eu posso
dizer só de olhar para ela.”
No inferno que ela poderia.
Sam xingou com fervor. “Você está certa sobre nós vermos as
coisas como elas são. Do que você realmente está com medo, Martha?
Está preocupada que se o seu irmão entrar em um relacionamento por
uma vez, ter uma mulher e uma criança para cuidar, ele não estará
mais inclinado a manter seu estilo de vida caro?”
Silêncio.
“Você que o está usando, Martha. Você sempre usou.”
“Vá se foder. Ele é meu irmão.”
“É, seu irmão, não o seu banco. Talvez um dia você aprenda a
diferença entre os dois.”
De jeito nenhum. Puta merda. Então essa era a despesa da qual
Ben falou na noite passada – manter a sua irmã com o estilo de vida
que aparentemente ela tinha se acostumado enquanto vivia com a
banda. A única família de verdade que ele tinha estava tirando o
sangue dele. Que vaca. Não importa o que ele diga, eu duvido muito que
qualquer coisa que envolva essa sanguessuga chupadora de dinheiro
estivesse sob controle. Cara, eu queria tanto outra chance de jogar um
objeto duro em seu lindo crânio. Mas era o dinheiro dele e a família
dele, não a minha. Além disso, nada disso era da minha conta
realmente. Não que eu tivesse parado de escutar ou de sonhar com as
formas de fazer essa mulher desaparecer. Estranho, cuidar de Bean e
de Ben realmente trazia o meu lado violento à tona. Eu juro que eu
normalmente sou pacifista.
“Aquela garota –”
“Ama o seu irmão. E ele a ama. Eu nunca o vi desse jeito com
outra pessoa, e ela é boa para ele. Ele está passando menos tempo
sozinho, falando mais, interagindo. Ele está feliz, Martha.”
“Por favor. O que diabos você saberia? Você é só a ajuda
contratada.”
“Não seja idiota. Se você realmente fosse tão estúpida nós não
estaríamos tendo essa conversa.”
“Ele não pode estar assim tão na dela. Eu não vi um anel em seu
dedo.”
“Isso vai acontecer. Eles só estão muito envolvidos pelo bebê
para fazer a coisa oficial,” Sam disse, o martelar do meu coração quase
o fez saltar para fora. “Você faça uma única coisa para causar
problemas a eles e eu vou ter certeza que você nunca mais será aceita
de volta na banda. Sua exclusão será permanente.”
“Eles são a minha família,” ela disse em um tom horrível.
“Então comece a agir de acordo. Pare de tirar dinheiro do seu
irmão e fique por conta própria. Trate Lizzy e todas as outras mulheres
com algum respeito.”
Nenhuma resposta.
“Você nunca vai ter Dave de volta. Esses dias passaram. Aceite
isso. Se você não quer perder o seu irmão também, você vai seguir o
meu conselho.”
Um momento depois a porta da frente bateu.
Em seguida a batida na porta do meu quarto soou em minha
cabeça. Ai. Xeretar era um passatempo perigoso.
“Você pode sair agora, senhorita Rollins.”
Eu saí, bebendo o último gole do meu suco, fazendo meu melhor
para parecer blasé sobre todo esse drama.
A diversão brilhou nos olhos de Sam.
“É feio ouvir a conversa das outras pessoas.”
“Eu não sei sobre o que você está falando,” eu disse, meu nariz
para cima.
“Claro que não.”
Eu baixei o meu nariz para onde ele pertencia antes de eu dar um
jeito no pescoço.
“Você acha de verdade que eu o faço feliz?” O cara de terno preto
sorriu. Foi a menor das coisas. Estava lá e desapareceu em um instante.
“Você é a estudante de psicologia. Pense sobre isso. Cada um dos
caras interpreta um papel na banda. Não apenas um instrumento, mas
uma peça de quebra-cabeças que os faz funcionar. Dave é o poeta
sensível, Mal o palhaço barulhento, e Jimmy é o corrompido. Mas Ben,
ele só continua com o trabalho, fazendo as coisas dele. Ele é o único
que eu não tenho que vigiar quando sai em público. Não se interesse
em ser o centro das atenções. O cara só se mistura, sabe?”
“É. Eu acho que sim.”
“Os outros caras compraram mansões e outras merdas, mas ele
não. Ele apenas se muda, vive em hotéis, toca sua música.” Sam olhou
para mim por baixo do seu nariz quebrado. Deus sabe quantas vezes
ele foi quebrado. “Você está dando a ele um lugar ao qual pertencer,
coisas a planejar, uma vida fora de tudo isso. O idiota nem ao menos
percebe que ele precisava disso, mas ele precisa. Você está fazendo-o
crescer. Ninguém deu isso a ele por muito tempo.
“Você é meio um filósofo, Sam.”
“Não.” Outro sorriso de milissegundo. “Eu apenas uso os meus
olhos. É o que eu sou pago para fazer.”
Eu sorri para ele. O meu durou mais tempo.
“Se Martha voltar, me liga. Eu não acho que ela vá causar mais
algum problema, mas com ela...”
“Pode deixar.”

***

Alguma coisa me acordou por volta de uma da manhã. A luz de


um e-reader, bastante estranho.
“Ben?” Eu bocejei, rolando para atingir a pele quente e firme.
“Hey. Quando você chegou?”
“Não faz muito tempo.” Ele tirou o cabelo do meu rosto,
continuando para esfregar o meu pescoço. “Não quis acordar você.
Quer que eu vá ler lá na sala?”
“Não.” Eu enfiei o meu rosto nas suas costelas, inalando o homem
gostoso. Divino. Até mesmo o pelo macio das suas axilas servia para
mim. Assim como o caminho da felicidade que seguia pelo seu umbigo
até as suas boxers... paraíso.
Impossível manter meus dedos longe de lá.
“Você é uma abraçadora.” Ele riu.
“Isso é um problema?” O pensamento dos meus membros
agarrados a ele ser aborrecedor não passou pela minha cabeça.
“Não. Eu gosto de te ter por perto. Significa que eu posso te
manter longe de problemas.”
Eu coloquei o meu queixo em seu peito. “E o que isso significa?”
“Ouvi sobre o seu confronto com Martha hoje. Você realmente ia
atingi-la com uma garrafa de um whisky de vinte e cinco anos?”
“Se ela chegasse mais perto de mim e de Bean com a mão
levantada, pode apostar. Aparentemente eu estou um pouco violenta
esses dias, o que é uma preocupação. Mas eu não estou inclinada a ficar
parada enquanto eu ou a minha filha possamos nos machucar.”
“Hmm.”
“Eu não comecei isso, Ben.”
“Eu sei.” Os cantos dos seus lindos lábios abaixaram. “Eu sinto
pra caralho por isso ter acontecido, docinho. Não tinha ideia que ela
reagiria dessa forma. Quer dizer... eu sei que ela iria pensar o pior. Ela
viu gente suficiente tentando conseguir alguma coisa com a banda
através dos anos. Apenas pensei que eu estaria aqui para controlar
essa merda.”
Eu escondi meu rosto do seu lado. Não haviam muitas maneiras
educadas de dizer a alguém que a sua única família era uma idiota da
pior espécie.
“Estava esperando que você e ela pudessem ser amigas,” ele
adicionou.
Não é nada provável.
“O que você está lendo?” Eu perguntei, tomando o caminho
seguro.
“Jim deu para mim. Lotado de livros de bebê.”
“Ele fez isso?”
“Sim.” Ben sorriu e levantou o e-reader de volta para o rosto.
“Você sabia que as contrações são como as ondas no mar profundo,
liberando energia pura e natural através de você? Você tem que se
abraçar a ela e se abrir como uma flor ao sol da manhã para que o seu
filho possa nascer.”
“Isso parece uma bobagem fantástica.”
“É, eu não sei se esse livro vale a pena. Melhor tentar outro.”
“Eu não fiz muita pesquisa ainda sobre o sistema de entrega. Mas
na maior parte eu imagino dor, drogas, e gritos aleatórios com
qualquer um que esteja perto.”
Um bufo. “Também, bebês precisam de coisas pra cacete,” ele foi
em frente. “É melhor focarmos nisso. Jim contratou um especialista
para ele e Lena, que vai trabalhar com eles para decorar o berçário e
conseguindo tudo o que eles precisarem.”
“Uau.”
“É. Talvez valha a pena pensar sobre isso, já que vamos ficar em
turnê por um tempo.”
Eu esfreguei meu queixo no seu peitoral, pensando
profundamente. “Isso tudo parece ótimo, mas nós apenas decidimos
tentar a coisa de namorado e namorada. Nós não fazemos ideia se
vamos morar no meu apartamento ou em outro lugar.”
“Verdade.” Ele jogou o e-reader para o lado e apoiou a mão nos
meus quadris.
“Eu estava pensando, alguns livros diziam que yoga era ótimo
para passar pela gestação e para preparar para dar à luz e essas coisas.
Eu me lembro de você dizer que gostaria de fazer isso, mas que não
tinha muito tempo ou dinheiro quando estava estudando. Então – e não
fique aborrecida comigo, porque você não precisa fazer isso se não
quiser – mas eu pensei que talvez fosse legal se você e Lena tivesse um
instrutor especialista por perto, para trabalhar com vocês quando
quisessem.”
Minha boca se abriu. “Você fez isso?”
“Jim disse que Lena toparia, e eu pensei que talvez você gostasse.
Mas a decisão é sua,” ele continuou. “Oh, e Jim disse que era para eu
especificar que de jeito nenhum eu estou assustado pelo tamanho do
seu traseiro ou algo assim, porque ele não está grande. Eu acho que a
sua bunda é ótima. Se ela ficar maior, só vai significar que terá mais
dela para eu brincar. Eu só quis fazer alguma coisa boa por você, e eu
sei que estar em turnê fica um pouco chato às vezes. E eu pensei –”
Eu aliviei as suas preocupações sentando em cima do cara e o
beijando com força. E então eu o beijei com força mais um pouco
porque ele tinha pensado em mim. Não importa se ele estava fora
fazendo as suas coisas, totalmente não relacionadas comigo. Em algum
momento do dia eu estava em sua mente. Eu importava para ele. Prova
que isso era a coisa mais doce de todos os tempos. Respirando com
dificuldade, meu namorado me deu um sorriso lento. “Você gostou da
ideia.”
“Eu amei a ideia. Obrigada.”
“Amanhã eu vou te levar às compras, okay? Prometo.”
“Okay.” Meu peito encheu até transbordar com o calor e
sentimentos difusos. Toda emoção inspirada por ele. Nós iriamos fazer
isso. Nós iríamos. Ele, eu e Bean seríamos a melhor família de todos os
tempos. Nossa garotinha nunca duvidaria que ela era amada e cuidada.
“Eu sinto muito de verdade pela minha irmã hoje, docinho,” ele
disse. “De jeito nenhum você deveria ter lidado com essa porra.”
“Eu não quero falar sobre ela agora,” eu disse, escalando o seu
longo corpo.
“Não?”
“Não. Eu estou com fome.” Eu enterrei o meu rosto em seu
pescoço, respirando a sua essência.
Deus me ajude, Sam estava certo, eu estava apaixonada por esse
cara. Eu poderia evitar de dizer as palavras ou negar isso tudo. A
verdade, entretanto, não iria a lugar nenhum. Devagar. Se nós apenas
levarmos isso devagar, isso poderia realmente funcionar.
“Você está com vontade de que? Eu vou pedir pelo serviço de
quarto.”
“Você”
“Eu?” Sua voz baixou pelo menos uma oitava.
Primeiro eu beijei um mamilo, depois o outro, revezando
passando a minha língua por cada um. “Mm-hm.”
Com a ajuda do meu pé, eu afastei o lençol, me arrastando
lentamente mais para baixo e mais para baixo. As linhas de cada
costela e a curva de cada músculo. O seu umbigo e aquelas linhas
laterais que saiam dos seus quadris. Logo eu estava cara-a-cara com a
sua ereção, a qual estava forçando o algodão preto das suas boxers, eu
juro que os olhos do cara estavam pegando fogo, observando os meus
movimentos.
Nada foi dito. Mas também, nada precisava ser dito.
Uma enorme tatuagem de caveira de doces decorava seu lado
esquerdo, os detalhes e as cores eram incríveis. Frases de uma antiga
música do Led Zep cobriam o seu lado direito. O cara era uma peça de
arte ambulante.
Ele sempre tão útil levantou os quadris para eu poder deslizar a
sua cueca até a metade das suas coxas musculosas. Eu nunca tinha
realmente parado para pensar e refletir, na verdade eu estava muito
próxima e íntima do seu pau. Uma puta vergonha. Ele era grosso e
longo e coberto com veias, a cabeça larga clamando pela minha língua.
Mas por agora, eu corri o meu polegar pela pele sedosa, sentindo o
cume e indo para o lugar mais doce.
Ben inspirou fundo quando eu o massageei, suas costelas
subindo. Cara, ele era lindo. Seus olhos vibrantes e as linhas das suas
maçãs do rosto. Sua boca perfeita e aquela barba. Whoa, aquela barba.
As coisas que ela podia fazer. Se o cara alguma vez a tirasse, eu não iria
liberar até ela crescer de novo.
“Sobre o que você está pensando?” Ele perguntou, a voz um
pouco mais que um rumor.
Eu apertei mais o pau dele, aproveitando a sensação da sua pele
suave e quente contra a minha palma. Eu o bombeei uma vez, duas
vezes. “Nada.”
“Sabe, você se comporta bem, mas você tem uma garota má aí
dentro. Eu gosto disso.”
“Eu não sei sobre o que você está falando.” Bem devagar eu me
inclinei e passei a minha língua pela cabeça do seu pau. Mm, pré-gozo
salgado. Nhami-nhami.
“Brincar comigo desse jeito, para começar.”
“Você não gosta disso?” Eu tracei a minha língua ao longo do seu
pau antes de afunda-lo na minha boca. A cabeça cabia muito bem na
minha boca – tudo de melhor para chupa-lo.
“Porra,” ele sussurrou, os quadris investindo, forçando o
caminho.
Eu desci nele com força, comendo-o. Não havia mentira no que
eu disse, eu realmente estava com fome. E agradar o meu namorado
era o número um do meu menu. Eu o levei o mais fundo que eu
conseguia, tentando deixar a minha mandíbula solta. Isso requeria
muita prática, dado o seu tamanho. De alguma forma, eu duvidava que
ele se importava.
Com meus quadris acima dele, usando apenas uma camiseta fina
e calcinha, eu dei tudo de mim. Se a minha técnica era bagunçada ou se
de alguma forma falhava tecnicamente, Ben nunca mencionou. Eu
arrastava a minha língua para frente e para trás em todo o seu
comprimento, traçando a veias e provocando a cabeça. Então eu abri
completamente e o levei o mais fundo que conseguia. Provavelmente
não foi muito, mas o que eu pude eu dei conta. Essa definitivamente era
uma daquelas ocasiões em que chupar igualava o amor. Muito amor. O
gosto salgado na minha língua e o seu gemido e as palavras de prazer
que preenchiam os meus ouvidos confirmaram isso.
Pagar boquete para o Ben era ótimo.
O homem grande e peludo estava completamente a minha
disposição. Seus quadris começaram a se agitar, obviamente incapaz de
segurar mais tempo, e eu caí nele forte. Ele gritou, as mãos emboladas
no meu cabelo, puxando o tanto certo só para despertar o meu couro
cabeludo. Aquele puxão suave funcionou para mim, muito. Ele me
segurou no lugar para pegar toda a sua porra. Eu engoli o mais rápido
que eu pude, limpando o resto com a língua e os dedos. Ele era meu, e
cuidar dele definitivamente era uma recompensa.
Com as bochechas coradas e o tórax trabalhando duro, ele me
encarou em êxtase. Eu não sei se o que eu fiz foi tão notável, mas era
legal ser apreciada. O homem certamente despertou a minha vontade
de agradar. Ele parecia fofo depois de gozar. Todo atordoado e confuso,
seu rosto relaxado, em paz.
Eu subi por ele, deitando de lado no seu peito. Imediatamente os
seus braços me envolveram, me segurando firme.
“Desculpa por puxar o seu cabelo, e te segurar,” ele disse, ainda
respirando pesado. “Nunca fiz isso antes.”
“Está tudo bem.”
“Nunca mais vai acontecer. Eu não sei que porra me deu.”
“Hey,” eu disse, me levantando em um cotovelo para olhar o seu
rosto. Havia pânico de verdade naqueles olhos. “Ben, eu gostei. Eu
gostei que você estivesse tão envolvido, que eu podia fazer isso com
você, te fazer perder um pouco do controle.”
Ele apenas encarou.
Eu dei um sorriso e rolei cuidadosamente. “Eu vou beber água.
Você quer um pouco?”
Um aceno de cabeça. “Você realmente não se importou?”
“Eu gosto de ser suave com você. Eu gosto. Mas eu acho que ir um
pouco mais áspero com você de vez em quando é divertido também. Eu
sei que nós estamos meio limitados sobre o que podemos fazer com o
bebê a caminho. Eu afaguei a minha barriga. “Mas depois?”
Outro aceno de cabeça, esse mais entusiasmado, ao ponto de eu
achar que ele daria um jeito. Parecia que o meu homem gostava de
brincar de verdade.
“Ótimo,” eu disse.
Depois de tudo, qual era o ponto de ter um namorado lindo e
grande se eu não fosse capaz de brincar com ele?
Era tudo outra forma saudável de exploração dos limites do
nosso relacionamento. Nós na cama me deu um bom pressentimento.
Me deu esperança.
“Eu vou esperar ansiosa por isso.” Eu dei uma piscadinha para
ele.
Eu já tinha dominado essa coisa de namorada.
Ponto para mim.
CAPÍTULO DOZE
“Lizzy!” Mal pulou para mim, puxando Anne pela mão.
“Oi, vocês dois.” Eu sentei, batendo os meus pés no café do hotel.
Meu chocolate gelado coberto com sorvete e calda já tinha
desaparecido do copo a minha frente. Não que eu estivesse mal
humorada por ter ficado esperando. Tudo bem. Ele não me esqueceu,
ele só ficou preso com alguma coisa. Eu confiava nele.
“O que você está fazendo aqui sozinha?” Anne perguntou.
“Ben vai me levar para comprar roupas de gestante.”
“Quando?”
Eu dei um meio sorriso a ela. “Em breve.”
“Você não deveria ter Sam ou um dos seus capangas com você?”
Mal perguntou, colocando seu cabelo louro comprido atrás da orelha.
“Não precisa. Ben estará aqui em breve.”
“Quando?”
“Em breve.”
“Você continua dizendo isso.” Mal franziu o cenho. “Especifique-
se.”
Meu telefone vibrou na minha bolsa. “Deve ser ele.”
Mas não era. Estranhamente, o nome da minha ex-colega de
quarto Christy apareceu na tela. Nós não nos falamos desde a coisa do
abandono na boate.
“Alô?”
“Eu sinto muito. Isso é verdade?” Veio para mim em uma
corrente de palavras.
“O que é verdade?” Eu perguntei.
“Que você está grávida?” Ela disse. “Eu não planejei dar a foto a
eles, mas então Imelda disse que estava tudo bem. Que todo mundo
merecia seus quinze minutos de fama. Eles disseram que estavam
fazendo um artigo sobre a vida no campus. Eu não pensei que você se
importaria. Eu não tinha ideia que eles iriam usar dessa forma.”
“Quem são ‘eles’?” Eu perguntei, meu interior revirando com um
pavor cada vez maior.
“Um repórter do The Daily.”
“Olhe o The Dayle”, eu disse para Anne.
Ela pegou o celular e se ocupou.
“Christy, que foto você deu a eles?”
Ela parou, engolindo. “Bem, eles só perguntaram se poderiam
usar as fotos do meu Facebook. Eu não tinha pensado muito sobre o
que havia lá. Eu estava meio que esperando que eles usariam aquela de
nós duas no Crater Lake. Você lembra, eu sempre amei aquela foto. Mas
eles acabaram usando aquela do luau havaiano do ano passado.
Quando você estava falando com aqueles caras de Economia. Eu sinto
muito.”
Eu conhecia a foto. Todas as garotas estavam de biquíni e saias
de sapê ou sarongues. Eu tinha usado jeans cortados, cobrindo mais
que a maioria porque era assim que eu me sentia confortável. Cada um
por si. Todo mundo estava bebendo em copos vermelhos de cerveja,
decorados com aquelas sombrinhas bobas e pedaços de abacaxi. Um
gosto interessante. Um membro do time de futebol americano tinha
usado uma sunga amarela brilhante em um desafio. Tinha sido hilário.
Boa música. Uma noite gostosa. Então eu tinha bebido um pouco em
uma festa e conversado com uns caras, um deles tinha passado o braço
por mim para a foto. Todos nós estávamos sorrindo, curtindo a festa.
Por que diabos isso iria excitar um repórter?
As sobrancelhas de Anne subiram e ela me mostrou o telefone.

Universitária grávida do bebê Stage Dive. Alegando que curtia a


vida com seus amigos homens. Mostrava preocupação pela saúde do
feto. Uma guerra sobre a custódia antecipada. Pedidos por milhares de
dólares em pensão alimentícia esperada. Uma pessoa próxima da
banda disse estar apavorada. Ben Nicholson se recusava a comentar o
assunto.

Com os dedos insensíveis eu continuei ouvindo uma Christy


balbuciando.
Alegando. Antecipada. Esperada.
Foi tudo tão brutalmente redigido que interferia da pior forma
possível a perfeição da foto. Imbecis. Eles não tinham ideia de quem eu
era. Pior, eles nem se importavam. Qualquer mentira iria vender.
Graças a Deus que eu não tinha uma ocorrência juvenil grave para eles
cutucarem, aberta ou fechada.
Ainda assim, se eles perguntassem para certas pessoas sobre o
que eu estava fazendo durante aquele ano desperdiçado da minha
juventude... pensamentos assustadores invadiram a minha mente. Se
Ben e eu nos separássemos, se alguma coisa acontecesse e as coisas
ficassem ruins, seria o bastante para ele pedir custódia total de Bean?
Cristo.
E quando eu fosse trabalhar? Quem diabos iria confiar seus filhos
a uma psicóloga com um passado como o meu?
As pessoas estavam falando, mas eu não podia entender as
palavras. Era como estar debaixo d’água, os sons distantes e cortados.
As bolhas nas minhas orelhas faziam ouvir ser uma coisa impossível.
Mãos seguraram o meu rosto, o erguendo.
Então ele estava olhando para mim, os olhos escuros intensos.
“Docinho?”
As bolhas se romperam, a realidade invadindo, empurrando o
choque para o lado. “Ben?”
“Vamos para a suíte.”
“Sim,” Eu disse, pegando a mão de Ben e deixando-o me guiar, me
protegendo com o seu corpo.
Tinha gritaria atrás de nós. Um tumulto repentino e o clique das
câmeras. A segurança interviu. Tudo aconteceu tão rápido. Eu acho que
os paparazzi estavam seguindo Ben, pensando que ele os levariam a
mim – a garota festeira grávida, a puta gananciosa extraordinária em
um biquíni.
Mal e Anne seguiram atrás, entrando no elevador. Uma flauta
suave enchia o ar. Ninguém disse nada. Ainda pior, ninguém ao menos
parecia surpreso. Exceto eu, é claro.
O branco dos meus olhos e o rosto pálido estavam perfeitamente
refletidos nas portas brilhantes. Elas se abriram e Anne segurou o meu
braço.
“Me deixe falar com ela.”
“Mais tarde,” Ben disse. “Agora ela precisa deitar e se acalmar
antes que ela desmaie.”
“Eu não vou desmaiar.” Mas eu segurei firme na sua mão só no
caso. “Eu estou bem.”
Anne me soltou sem mais um comentário. Muito bom. Eu não
poderia derramar tudo isso nela. Ela ainda estava no modo noiva
resplandecente e recém-casada. De jeito nenhum eu iria bagunçar isso.
Ultimamente ela tinha cuidado de mais de uma de suas
obrigações de irmã mais velha, me levando as consultas médicas,
ficando para trás comigo em Portland.
A suíte parecia estranhamente quieta depois da comoção lá
embaixo. Todo o barulho e pensamentos continuavam girando na
minha cabeça. Atrás das janelas do chão ao teto a cidade se erguia.
Cristo, isso estava mesmo acontecendo.
“Venha e se sente.” Ele me levou para o sofá.
Eu desatei a mão da dele, sacudindo com alguma emoção. Eu não
tinha certeza de qual, por enquanto. “Não. Eu... Eu não quero me
sentar.”
Ben se jogou no sofá, cruzando as pernas. Seus braços
espalhados ao longo das costas do sofá, me observando andar para lá e
para cá. Muitas palavras estavam presas dentro de mim, lutando para
sair. Se eu ao menos pudesse pensar com clareza. Não havia motivo
para levar isso para o lado pessoal, os jornalistas e os fotógrafos
estavam apenas fazendo o trabalho deles. O que não os fazia menos
que um bando de fofoqueiros, mas aqui vamos nós.
“Eu me sinto tão... impotente.”
“Eu sei,” ele disse.
“Eles basicamente me fizeram sair como se eu fosse alguma
alcoólatra que fazia orgias todas as noites da semana que terminavam
em A e O.” Eu esfreguei as mãos nas laterais do meu jeans. Ainda no
lugar por causa de um elástico de cabelo. Apesar de que calças não
eram um problema na escala de coisas que estavam acontecendo
agora.
“Você não é,” ele disse, tão certo.
“Meus numerosos amigos do sexo masculino,” eu zombei.
“Isso é bobagem.”
“Por que sempre tem a ver com sexo quando as mulheres saem
na mídia? Com quantas pessoas você já dormiu?” eu perguntei, as mãos
nos quadris. “Bem?”
Sua língua brincava atrás da sua bochecha.
“Eu, ah, eu realmente não mantenho uma contagem.”
“Eles não se importam se você for algum tipo de piranhudo, e
você provavelmente dormir com dúzias de pessoas a mais que eu.”
Ele assentiu cuidadosamente.
“Centenas?” eu arrisquei.
Ele pigarreou, se virando para coçar a barba.
“Certo. Isso não importa. E ainda assim eu sou a piranha porque
eu sou a mulher. Como fosse da porra da conta deles com quantas
pessoas cada um de nós dormiu ou se eu me divertia saindo para beber
ocasionalmente. Eu não estava atrás de um volante dirigindo bêbada.
Eu estava tomando algumas bebidas com amigos em uma festa e
organizando para chegar em casa em segurança. E se eu estivesse
levando alguém para casa, isso não é da conta deles. Esses filhos da
puta hipócritas, me condenando por essas coisas. O que adultos
conscientes fazem em privado não deveria ser entretenimento para o
mundo inteiro. Nem isso é de forma alguma um jeito viável de julgar o
caráter de uma pessoa.”
“Liz.”
“Filhos-de-uma-puta.” Eu dei um afago de desculpas na minha
barriga. “Me desculpa, bebê.”
“Liz.”
“Esse duplo padrão para homens e mulheres me deixa louca.”
“É, eu entendi isso,” um lado da sua boca subiu. “Você quer que
eu os processe por difamação? Eu posso ter os advogados trabalhando
nisso agora, se você quiser. Ver o que podemos fazer. Mas
provavelmente eles não possam fazer muita coisa. A imprensa teve um
dia de campo com Jimmy, e nós não pudemos ter uma retratação em
uma mínima coisa da qual eles escreveram. Mas se você quiser isso...”
Com um suspiro, eu voltei a andar.
“Já está lá fora. Não importa o que façamos, já está correndo.”
Um aceno lento. “É, docinho. Já está.”
“Eu só... eu nunca pensei que isso pudesse impactar nosso futuro
desse jeito. Eu sei que os estudos ficarão de lado por uns anos por
causa da maternidade.” Eu puxei o meu cabelo louro do meu rosto,
dando um puxão forte. “Eu sei que Bean deveria vir primeiro, essa é a
realidade. Mas eu pensei que um dia...”
“Você vai terminar seus estudos e praticar psicologia. Não se
atreva a desistir dessa merda.” Ben se inclinou, os cotovelos nos
joelhos. “Sempre vai ter algum filho da puta lá fora dizendo alguma
coisa, tentando te por para baixo só para ganhar uns trocados ou
porque eles podem. Porque as suas próprias vidas são uma merda.
Você não pode deixa-los ganhar.”
“Eles estão dizendo isso para um público potencial de bilhões de
pessoas na internet, Ben.”
“Eu não me importo,” ele disse, os olhos brilhando de raiva.
“Você não vai deixar esses merdinhas ganharem. Você é melhor que
isso. Mais forte.”
Eu olhei para ele, maravilhada. “Você realmente acredita nisso?”
“Eu sei disso. Do minuto que você contou que estava grávida,
você não procurou alguém para culpar. Você estava se recompondo,
planejando as coisas para o nosso bebê.”
Eu fiquei mais alta só de olhar para ele. Foi como se eu ficasse
mais forte só porque ele acreditava nisso.
“Bem?” ele perguntou.
“Para ser honesta, eu fiquei meio chateada com o seu pênis e com
os testes por um tempo. Eu posso ter xingado o seu esperma de uns
nomes bem ruins.”
Ele riu. “É? Como você se sente sobre o meu órgão reprodutor
agora?”
Uma súbita urgência de apagar a energia de pânico correndo
através de mim. “Eu acho que eu gosto muito de fazer com você.”
Mais uma vez ele se apoiou no encosto do sofá, os braços abertos.
Um sorriso lento e cheio no seu rosto lindo.
“Só aconteceu, eu gosto muito de ser feito por você.”
“Conversa suja apropriada para crianças. Tem alguma coisa
muito errada com isso.” Eu pairei sobre ele, chutando os meus sapatos.
Depois saiu o prendedor de cabelo da cintura então eu tirei as calças.
Minha blusa e soutien desapareceram como um raio, deixando a minha
calcinha por último.
E todo esse tempo Ben ficou sentado lá, me olhando, a boca meio
aberta em apreciação. “Porra, você é linda. E eu amo quando você
começa as coisas toda nervosa e honesta.”
“Meu belo barbado.”
Ele riu, as mãos alcançando os meus quadris. “Ao seu dispor,
docinho.”
“Vou te cobrar isso.” Eu montei em seu colo, o traseiro nu e
perfeitamente contente por estar assim. Isso era verdade, vou me dar
toda pra ele, sem deixar nada para trás. “Sem mais ir devagar.”
Suas narinas inflaram quando ele inspirou fundo. “O que você
quiser.”
“Você. Só você.”
Nossas bocas se encontraram, beijos duros e suaves, doces e
ávidos. Tudo de uma vez. Perfeito. Eu deslizei as minhas mãos debaixo
da sua camiseta, puxando-a por sobre a cabeça. Que aborrecido ter que
deixar a sua boca mesmo que por um instante. Mas para o pele a pele,
esses sacrifícios têm que ser feitos. E puta merda, a pele de Ben. Toda a
arte das suas tatuagens e os músculos fortes. Suas mãos cobriram os
meus seios, massageando suavemente.
“Mais ou menos?” Ele perguntou.
“Um pouco mais.” Dedos brincaram com os meus mamilos, me
deixando muito ligada.
“É isso.”
Eu esfreguei a minha buceta contra a rigidez no seu jeans. Quem
inventou as roupas? Que idiota. Meus hormônios corriam soltos, minha
pele viva com a sensação.
Dedos calejados escorregaram para rodear a minha barriga,
espalhando-se sobre ela.
“Você está linda pra caralho, carregando o nosso bebê.”
“Fico feliz por ouvir isso.”
“Ah, docinho. Você não faz ideia. Você estava me deixando louco
pra caralho.”
Uma mão se emaranhou no meu cabelo, me segurando para a sua
boca. Ele me beijou até a minha cabeça girar. Sua língua explorando a
minha boca, me provocando e tentando. Eu o beijaria, feliz, para
sempre. Se ao menos as minhas partes não se sentissem tão vazias e
necessitadas. Um polegar brincou com o meu clitóris, escorregando
para lá e para cá através da umidade, elevando a minha consciência
sobre o quanto eu estava ligada. Como se eu precisasse lembrar. Ele em
mim agora era a única coisa correndo pelo meu cérebro. O esfregar
abrasivo da sua calça parecia... interessantemente bom. Com certeza eu
deixei um lugar bem molhado atestando isso. Mas eu precisava muito
chegar no que estava por baixo, e eu precisava disso agora.
Eu me levantei tanto quanto eu pude nos meus joelhos, as mãos
agarrando o seu cinto.
“Fora!”
“Onde estão as maneiras, docinho? Que tipo de exemplo você
dará, hmm?”
Eu grunhi. “Por favor, Ben, você tiraria as suas calças para mim?
É meio que importante.”
“Claro que sim, Liz. Obrigado por perguntar tão bem.” Ele se
contorceu um pouco, lidando com o seu cinto e botão e zíper muito
mais eficiente que alguma vez eu poderia ser. A cabeça grossa do seu
pau cutucou a minha abertura molhada. “Calma. Já faz um tempo que
nós fizemos isso.”
“Eu não acho que iremos ter algum problema dessa vez.”
Molhada como eu estava, meu único medo era molhar o sofá de suede.
Mas de jeito nenhum eu ia parar. A mobilha cara que se danasse.
Lentamente, eu me abaixei nele. Os lábios molhados da minha
buceta se abrindo, meu corpo se abrindo, deixando o comprimento
grosso dele se aprofundar onde ele pertencia.
“Oh Deus, isso é bom,” eu gemi.
“É.”
Dentes cravaram no meu pescoço, mordiscando, enviando um
arrepio pela minha coluna. Finalmente, eu sentei nas suas coxas nuas, o
cós e o zíper do seu jeans levemente roçando a minha bunda. Da
próxima vez faremos isso no quarto. Ficar completamente nus e ir em
frente. Da próxima vez. Porque vão ter outras e eu preciso que seja em
breve.
Eu enfiei a mão pelo cabelo longo do alto da sua cabeça, que se
foda o seu penteado de estrela do rock, o puxando um pouco. Ele abriu
mais a sua boca, mordiscando os meus lábios, sorrindo. Dois poderiam
provocar.
“Você quer brincar, Liz?”
“Com você? Sempre.”
“Você está me matando.”
Apesar do meu desafio, ele chupou meu lábio inferior. Então as
mãos fortes debaixo da minha bunda tomaram a liderança, me
levantando suavemente, antes de me deslizar para baixo. Nós dois
gememos. Puta merda, tudo era tão bom. O pau dele era uma coisa de
pura mágica masculina. Não me entenda mal, somente este homem
poderia fazer a mágica. Ele fez cada pedaço meu acender com a
sensação, amando isso. Amando a ele.
Não importa sua provocação com a sua força, ele era tão
cuidadoso comigo. Até mesmo delicado. Ninguém nunca tinha feito
isso, me fazer sentir preciosa. Apenas ele.
Eu entrei em ação, me levantando e abaixando com a sua ajuda,
montando ele mais forte. Com cuidado era bom e legal, mas uma garota
sabe do que ela precisa. Eu precisava dele. Ele preenchia o meu corpo
de todos os jeitos, me dando o que eu preciso de um jeito que os meus
próprios dedos ágeis nunca conseguiram. Também, emocionalmente,
ele deixou a minha mão para trás. De jeito nenhum eu poderia me
envolver me aquecendo e protegendo dessa forma. Os dedos cravaram
na minha bunda, seu pau grosso investindo no meu corpo. Eu envolvi
meus braços no seu pescoço, segurando firme. Sua barba roçava a
minha bochecha, então a sua boca pressionava o canto dos meus lábios.
“Você está perto pra caralho, eu posso sentir,” ele disse, a
respiração quente na minha pele.
“Ben,” eu ofegava. Eu deveria ficar envergonhada por ser tão fácil
de agradar, mas os hormônios psicóticos, etcetera. Eu precisava tanto
disso com ele, sem desculpas. “Eu preciso gozar.”
“Vá em frente, docinho. Me mostre como se faz.”
Ele escorregou para baixo, me dando mais espaço para subir e
descer no seu colo, me movendo para uma posição melhor sem por
pressão na minha barriga. Com uma mão no seu ombro e a outra entre
as minhas pernas, eu fiquei ocupada. As coxas trabalhando duro,
mantendo esse maravilhoso pedaço dele entrar e sair de mim.
“Puta que pariu,” ele murmurou. “A coisa mais gostosa do
mundo.”
Sua linguagem era realmente terrível durante o sexo. Mais tarde,
depois que eu gozar, eu definitivamente vou trocar umas palavras com
ele sobre isso. Nesse meio tempo...
“Mais forte,” eu pedi/implorei. Um ou outro. Com todo o arquejo
era um pouco difícil dizer.
Só o sorriso nos lábios de Ben já era uma recompensa. “Essa é a
minha garota má.”
As mãos nos meus quadris me bateram de encontro ao seu pau.
Eu concentrei meus esforços em volta do meu clitóris. Perto. Perto pra
cacete. Parecia que o meu corpo estava prestes a bang. A energia
correu da base da minha coluna por todos os lugares onde estávamos
conectados. Eu queria tanto esse pico como se eu nunca quisesse que
isso terminasse. Então o seu pau moveu alguma coisa maravilhosa
dentro de mim e eu engasguei. Uma luz clara me cegou, todo o meu
corpo ficou tenso antes de relaxar completamente. Minha cabeça caiu
para frente em seu ombro, todo o meu corpo tremia e estremecia.
Ben me segurou firme para baixo, seus quadris batendo, se
enterrando tão fundo quanto ele conseguia. Incrível.
Então, eu meio que morri. Ou fiz uma representação muito boa
da morte, desmoronando em cima dele, totalmente flácida. Talvez eu
apenas tire uma soneca ali, com ele ainda dentro de mim. Não tinha
nenhuma inclinação a me mover. Espero que não tenha havido
nenhum vazamento de fluidos corporais. Mas eu tenho que admitir, eu
realmente não me importava.
Mãos passavam pelas minhas costas, traçando cada nó da minha
coluna, massageando a minha bunda, esfregando as minhas coxas. E
continuou e continuou. Ele só tocando cada parte de mim que ele
pudesse alcançar. Me acalmando ou me atiçando, eu não sei. Mas eu
amava. O cheiro de nós dois pairando no ar, nossos corpos suados
grudados juntos. Se eu ficasse meio que do meu lado teria muito
espaço para a volta da minha barriga.
“Confortável?” ele perguntou. “Aquecida o bastante?”
Eu assenti.
“Eu sinto muito por eles terem vindo dessa forma para cima de
você, dizendo essas merdas.”
“Está tudo bem.” Eu suspirei. “Você vale a pena.”
“Docinho.” Ele beijou o topo da minha cabeça, o lado do meu
rosto.
Nada precisava ser dito, não agora. Em breve, eu diria a ele. Mas
se ele não pudesse sentir isso, comigo basicamente tentando entrar na
sua pele, para chegar o mais perto que eu pudesse... então, o cara era
um imbecil. Meus sentimentos por Ben Nicholson eram enormes.
Épicos. Tanto quanto ele podia estar preocupado, com as mãos
passeando sobre mim, me valorizando, eles tinham que ser bons e
reais. Eles tinham que ser.
Daqui a pouco nós seríamos uma família. Nós já éramos o lar um
do outro.
Acabou que Ben teve que pagar pela limpeza do sofá de suede. O
cara jurou que tinha valido cada centavo, Deus o abençoe.
CAPÍTULO TREZE
“O inferno de uma coincidência,” Jim disse, adicionando mais
salmão assado e brócolis no prato de Lena.
“Obrigada, baby.” Ela mergulhou direto no prato.
Era lindo, o jeito que ele prestava tanta atenção nela. A mulher
claramente era o mundo dele. Lena em momento algum tinha olhado
para uma coisa que não ele a servindo. Ela se mexeu no assento e ele
correu para pegar mais almofadas. Uma rainha não seria tratada
melhor. O amor nos olhos dela e os sorrisos suaves toda hora que ela
olhava para ele fazia o meu coração doer. Era um amor intenso, tão
aberto e honesto. Todo amor, todo relacionamento, era diferente. E de
jeito nenhum alguém que não estava ao lado entenderia como aquele
casal funcionava. Deixe as pessoas julgarem. Elas não sabiam de nada.
Merda. De qualquer forma eu não precisava ser o centro do mundo de
Ben. Mas eu me conhecia. Eu precisava estar lá em cima, competindo
pelo topo com a sua música, tendo a sua confiança. Um dia Ben e eu
chegaríamos lá. Sem dúvida.
Cada um dos casais da Stage Dive eram uma variação do mesmo.
Talvez fosse o jeito que os músicos e os artistas amavam, como eles se
comprometiam. Tudo ou nada. Eles estavam em contato com as suas
paixões, então aquelas paixões corriam pelas suas vidas.
Todos nós fomos ao show na noite passada para ouvir a primeira
performance de uma das novas músicas da banda. Não uma balada
romântica lenta, apesar de ter um monte de amor lá. Era mais um
rock’n’roll quente e cru, daquele tipo fazendo-a-minha-garota-me-
fazer-feliz-pra-cacete. Um pouco estranho quando você conhece o cara
e a garota em questão. David gostava de escrever músicas sobre a sua
esposa, e maldição, ele fazia isso bem. A multidão foi a loucura.
Ontem nós tivemos o dia de folga. Já que os jornais deram a
notícia do meu esquema vulgar de fazer dinheiro apenas no dia
anterior, Ben e eu ficamos no hotel. Foi legal. Nós dormimos até às dez
e tomamos café na cama. Eu até mesmo lidei corajosamente com as
chamadas perdidas da minha mãe. Teve um pouco de gritos e lágrimas
da parte dela. Um monte de o que os vizinhos vão pensar. A coisa era,
minha mãe tinha aberto mão da minha vida há muito tempo atrás, para
Anne e para mim mesma. Eu ter permitido ela voltar foi meio que um
milagre. A opinião dela na minha vida não era solicitada. Eu a deixei
continuar por exatos cinco minutos e então eu disse a ela que eu tinha
que ir e desliguei. Minha vida já tinha drama o bastante sem ter ela
envolvida. Eu não queria magoa-la, mas não permitiria que eu fosse
magoada por ela. Fim da história.
Ben e eu assistimos filmes e fizemos um pouco de sexo. A tarde
uma variedade de caixa e sacolas de lugares como A Pea in the Pod,
Neiman Marcus e uma butique chamada Veronique chegaram. Todas
roupas de gestante e mais alguma coisa. Eu não me atrevi a perguntar
quanto custou tudo isso. Ben me deu o Olhar. O que agora estando num
relacionamento e ter meu próprio Olhar, significava uma linha a qual
não poderia ser cruzada, eu respeitava sua necessidade de ajudar Bean
e eu e sabiamente deixei para lá. Às dezessete semanas, eu parecia
muito bem naquela noite em meu jeans de gestante e bata preta,
ambos me serviam de verdade para variar.
Mas voltando a conversa do jantar.
“Marty definitivamente pode ficar raivosa quando ela coloca isso
em mente,” Mal disse, seu braços em volta das costas da cadeira de
Anne. “Não teria pensado que ela colocaria a imprensa atrás de alguém,
mas como Jim disse, é o inferno de uma coincidência, bem
cronometrada, para a história sair um dia após a sua visita.”
Nós estávamos sentados em volta de uma enorme mesa de
mogno na suíte de David e Ev, compartilhando um jantar extravagante.
Os chefs desse lugar sabiam das coisas. Uma abundância de orgasmos
gastronômicos.
“Eu não acreditei nisso.” David se encostou, os dedos tocando os
lábios. “Ela sabia que só iriam leva-los para cima de Ben. Apesar de
todos os seus defeitos, ela ama o irmão. De jeito nenhum ela faria
alguma coisa que iria foder com ele diretamente.”
“Ela não fez isso.” Ben permaneceu inflexível. E um pouco
irritado, se os sulcos na sua testa e os lábios franzidos indicavam
alguma coisa.
Eu coloquei a minha mão na perna dele, dando a ele um pequeno
sorriso. Francamente, eu não colocaria nenhuma esperança nessa vaca
louca. Mas agora, Ben precisava que eu ficasse do lado dele. Com
nenhum evidência, eu seria cautelosa, mas eu não iria condena-la
ainda. Nem a deixaria se aproximar de mim.
“O que importa quem fez isso? Já está feito.”
Minha irmã me deu um olhar longo e avaliativo.
“Estava prestes a vir a luz mais cedo ou mais tarde,
especialmente com a gente em turnê,” Anne disse, ficando do meu lado.
“Deus sabe quantas pessoas diferentes a viram entrar e sair da suíte de
Ben, ou apenas os viram juntos. E ela está mostrando agora. Não
demoraria muito para por dois e dois juntos. Teria muito dinheiro por
aí para agarrar uma história como essa. Especialmente uma vez que
eles tivessem a foto certa para vender.”
“Exatamente. Eu duvido que a garota vai me dar um chá de bebê
em breve. Mas não vamos assumir o pior até sabermos mais.”
Ben deu um aperto de agradecimento a minha mão.
“Pumpkin está certa. Estava prestes a acontecer. O fato é,
provavelmente nunca iremos saber quem foi o imbecil que ajudou a
quem delatou a Lizzy.” Mal girou um copo de vinho tinto antes de dar
um gole. “Vamos apenas aproveitar a nossa noite de folga.”
Vários acenos de cabeça e murmúrios de acordo. Graças a Deus.
“Ouvi dizer que o Down Fourth vai se separar depois da turnê,”
Ben disse, uma mão segurando a minha e a outra segurando a cerveja.
“Não brinca?” Jim estava dando uma cereja coberta de chocolate
na boca de Lena.
“Continue com isso e eu vou ficar tão grande quanto uma casa,”
ela disse depois de engolir.
“Fazer bebês toma muita energia.”
“Foi oferecido ao vocalista um contrato solo e a baterista vai
mudar para a Ninety-Nine,” Ben continuou.
“Que péssimo para Vaughan e Conn,” David disse.
“Natureza do negócio. Algumas bandas são apenas uma parada
no caminho para outras coisas. Mas é surpreendente. Eles estão juntos
há muito tempo.” Mal estava batucando na mesa com o polegar e o
indicador. “Na verdade Vaughan é um ótimo guitarrista com uma voz
não tão ruim. Eu o ouvi outra noite. Acho que ele só ficou empacado
tocando baixo para eles. Talvez seja uma chance para ele crescer.”
“Nada errado com o baixo,” Ben disse, dando ao baterista uma
olhada feia.
“Seja justo, Benny-boy. Também não tem nada certo com ele.”
Mal sorriu. “É verdade que os baixistas não podem contar além de
quatro?”
“Disse o idiota que mal pode segurar dois paus.”
“Basta,” David disse, levantando o queixo. “As garotas querem
um bom jantar, sem brigas para variar.”
“Um sonho nobre,” Mal riu.
“Mas sério, bandas separando acontece o tempo todo. Toma
muita energia estar com as mesmas pessoas dia sim dia não.”
“Essa é a sua forma de dizer que está fora?” Jim perguntou, o
sorriso no lugar.
“Maldição, cara,” Ben disse com o rosto sério. “Nós vamos sentir
sua falta.”
“Espera, qual é o seu nome de novo?” David perguntou, coçando
a cabeça.
Mal deu a todos eles o dedo do meio. “Ha-ha. Seus fodidos
inúteis. Vocês estarão perdidos sem mim.”
David jogou um pão na cabeça do baterista.
“Não,” Ev gritou. “Sem guerra de comida. Nós nos
comportaremos como adultos para variar. Parem com isso.”
“Que maneira de ser a patrulha da diversão, esposa criança,” Mal
repreendeu, colocando o profiterole de volta no prato.
Um garçom em um terno chique entrou na sala, carregando uma
bandeja de prata com um único cupcake com cobertura branca. Ele
parou ao lado de Lena e com grande pompa e ostentação ofereceu a ela
a sobremesa.
“O que é isso?” ela perguntou para Jimmy, apontando para o bolo
como se ele fosse tóxico.
“Nós falamos sobre isso.”
“É, e eu discordei.”
“Você não conseguiu discordar.” Uma linha distinta apareceu
sobre o nariz dela. “Você perguntou, eu disse não. Fim da discussão.”
Os olhos azuis claros não admirados, o cara recuou em seu
assento, colocando o tornozelos sobre o joelho. “Claro que eu discordei.
Ponha o anel, Lena.”
Droga, ele estava certo. Eu não sei como eu perdi isso. Mas tinha
uma pedra impressionante no topo da cobertura do cupcake. Puta
merda, isso teria feito Liz Taylor chorar de inveja.
Lena estreitou os olhos para o cara.
“Eu disse não. Eu ainda estou dizendo não.”
“Não se preocupe, baby. Você não quer se casar, nós não iremos
nos casar. Mas você ainda vai usar o anel.”
“Por quê? Por que isso é tão importante para você?” ela
perguntou, a boca contorcida em frustração. Ou talvez ela também
estivesse um pouco impressionada pelo tamanho da pedra. E eu pensei
que os anéis de Anne e Ev fossem enormes. Esse beirava o ridículo de
tão grande.
“Porque você é minha, e eu sou seu. E eu quero deixar isso claro
para todo mundo.” Jimmy foi para frente, olhando para ela. “Eu te amo,
Lena. Ponha a porra do anel.”
“Ponha a porra do anel,” ela murmurou, imitando o homem. Em
um discreto show de emoção, a morena muito grávida fungou.
“Francamente. Você nem ao menos disse ‘por favor.’”
Jimmy revirou os olhos. “Por favor.”
“Tudo bem,” ela resmungou, tirando a pedra do bolo e limpando
a cobertura. Então ela deslizou o diamante enorme no dedo anelar. “Eu
vou usar essa coisa estúpida. Mas nós não vamos nos casar. Eu não me
importo com o que você diga. Nós mal nos conhecemos há meio ano.”
“O que você quiser, Lena.”
Ela bufou. “É certo.”
Teve uma espécie de silêncio atordoado em volta da mesa
enquanto Jimmy bebia um pouco de água mineral e Lena continuava a
comer o bolinho. Como se nada tivesse acontecido.
Finalmente, David Ferris pigarreou. “Você dois acabaram de ficar
noivos?”
Lena deu de ombros.
“É. Quase,” Jimmy disse.
Mal segurando uma risada, Ben levantou sua cerveja. “Parabéns,
pessoas.”
Eu, David, Mal e Anne também levantamos nossos copos em
saudação. Com um suspiro, Ev levou as mãos para a boca, os olhos
brilhando de emoção.
“Não faça disso uma grande coisa,” Lena disse. “É só um anel. Do
jeito que eu estou retendo líquido, ele nem ao menos vai servir semana
que vem.”
Jimmy rolou os punhos da sua camisa branca sob medida. “Não
se preocupe. Eu comprei um cordão combinando para você usar.”
“Você pensou em tudo.”
“Qualquer coisa por você, Lena.”
Ela deu a ele um olhar sexo.
“E quanto a vocês dois?” Mal perguntou, levantando sua taça
recém-preenchida com vinho na minha direção e na de Ben.
“Só falta vocês agora,” David disse, seu olhar divertido em Ben.
Meu namorado se contorceu no assento, largando a minha mão.
Ele lambeu os lábios e se mexeu um pouco mais, claramente
desconfortável com toda a atenção. Muito justo. Nós estamos
namorando por duas das dezessete semanas da gravidez. Nós nos
conhecemos apenas uns meses antes da concepção miraculosa. Agora
definitivamente não era a hora de pressionar e correr para o
casamento.
“Eu não sei se eu realmente sou do tipo que se casa,” ele disse
com uma risada profunda e não tão humorada.
Merda.
Todos os olhos no lugar exceto os dele, viraram para mim,
esperando a minha reação. De todas as coisas que ele poderia ter dito,
dos cento e um jeitos de ele responder a pergunta. Deus, rir sozinho
teria sido melhor. Eu mantive meus olhos para baixo, me concentrando
no meu prato quase vazio.
Meu estômago se apertou, uma estranha sensação de náusea se
agitou vagamente. Enquanto isso, você não poderia achar um silêncio
mais profundo em uma igreja.
O toque do celular de Ben quebrou o silêncio. Ele atendeu com
um grunhido masculino. Eu ao menos queria casar com alguém que
atendia o telefone com um grunhido? Eu não sei. E aparentemente eu
nunca precisarei decidir. Ele não era do tipo que casava. De repente
toda a segurança que eu sentia com ele pareceu precária. O abismo que
o nosso relacionamento estava começou a ruir debaixo dos meus pés.
“É... claro, mande-a entrar.” Ele se virou para mim, parecendo
aliviado pela mudança de assunto. “Ah, Martha está aqui. Ela quer se
desculpar com você pelo outro dia.”
Eu apenas olhei para ele.
“Está tudo bem, não está?” ele perguntou, obviamente se
referindo à sua irmã. Infelizmente, eu ainda estava empacada no seu
maravilhoso pronunciamento.
A porta se abriu e a mulher entrou, a cabeça alta e um grande
bolsa de couro jogada sobre o ombro. Um breve raio de dor cruzou o
seu rosto quando ele viu David, seu nariz enrugou para Ev.
Ben empurrou a cadeira e ficou de pé, indo para o lado dela.
“Faça isso direito,” ele pediu em uma voz baixa.
Como se houvesse qualquer interesse bom ou ruim de se
desculpar da parte dessa mulher.
As palavras de Ben giravam e giravam dentro da minha cabeça.
Nós nunca ao menos falamos de casamento, não realmente. Eu acho
que os contos de fada estiveram brincando no fundo da minha mente,
as fantasias normais de tule, seda e amor eterno. Uma pomba ou duas.
Bolo.
É. Não era muito, aparentemente. Eu precisava sair daqui agora.
Ficar sozinha por um tempo até eu ter as coisas resolvidas de novo,
agora que o meu futuro brilhante tinha ido pelo ralo.
Martha tirou alguns papéis da sua bolsa e os jogou na minha
direção. “Você quer que eu acredite que você não está usando o meu
irmão e essa criança para conseguir um pouco de dinheiro? Me prove.
Assine isso.”
Os olhos de Ben se arregalaram. “Martha –”
“O que é isso?” eu perguntei, o som da minha voz vindo de muito,
muito longe.
“É o contrato que ele elaborou, cobrindo a custódia
compartilhada e uma pensão mais que justa – mais um teste de
paternidade, é claro,” ela respondeu.
“Claro.”
“Não vai ser uma grande coisa para você assinar.” Ela deu outro
passo para frente, ainda segurando os papéis. “Sua própria irmã
assinou um acordo pré-nupcial. Você sabia disso?”
“Era o que Anne queria. E isso não é da sua conta, Marty.” Mal
lentamente ficou de pé, uma mão no ombro da minha irmã. “E eu estou
muito descontente com Adrian por ele ter discutido essa merda com
você.”
“Ele não fez isso.” A cobra zombou. “Mas a sua nova secretária é
bem falante. Mas não é muito brilhante infelizmente.”
“Dê o fora daqui,” David disse. “Agora, Martha.”
“Isso não é da sua conta,” ela disse sem olhar para ele. Ainda
olhando para mim, ela continuou, “Você quer provar para mim que
você ama o meu irmão? Que você tem os melhores interesses no seu
coração? Assine isso.”
Eu só olhei para os papéis, perplexa.
“Martha!” David chutou a cadeira dele.
“Quando?” eu perguntei para Ben, fazendo o meu melhor para
encontrar os seus olhos, mas não estava conseguindo. Eu olhei por
cima do seu ombro para as luzes da cidade. Era tudo muito cru, muito
doloroso. “Você concordou que iríamos lidar com isso entre nós nem
vinte e quatro horas depois que você descobriu que eu estava grávida.
Então quando exatamente você pediu para esse contrato ser redigido?”
Ele olhou para mim, sem se mover.
“Me deixe adivinhar. Você o mandou redigir ‘só no caso’?”
“Lizzy.” Seu pomo de Adão balançou.
“Você achou que eu não entenderia sua necessidade de se
proteger?”
“Você não gostou da ideia quando eu trouxe isso à tona da
primeira vez.”
“Eu mal tive a chance de me acostumar com a ideia,” eu gritei.
“Cristo, Ben. A maioria das pessoas ficaria um pouco cautelosa à
menção de ter advogados as cercando, você não acha?”
“O que isso importa?” ele perguntou, sua mandíbula deslocando
com raiva. “Eu não pedi para você assinar isso.”
“Não banque o estúpido com ela, Ben,” Martha zombou. “Adrian
te mandou uma cópia semanas atrás. Sua secretariazinha disse que ele
perguntou para ela checar duas vezes se você ainda o tinha semana
passada. Ele estava imaginando o que o estava prendendo.”
Ben olhou furiosamente para Martha, mas ele não podia negar.
“Só no caso.” Eu passei os braços em volta de mim, apertando
firme. “Por que nós ao menos estamos fazendo isso? Eu quero dizer
sério. Você mentiu para mim, Ben. Você só estava esperando isso ruir,
não é? Você não é do tipo que se casa? Francamente, eu nem ao menos
sei se você é do tipo que se relaciona. De várias formas você evitou se
comprometer a cada passo. Eu só era estúpida demais para ver isso.
“Confira isso, Ben,” Martha disse, em uma voz baixa e hipnótica.
“Isso é o que acontece quando você lida com dinheiro. As garras saem e
você percebe que elas estavam ali há muito tempo.” Ela se virou para
mim. “Então vá em frente. Ponha para fora e se defenda o quanto
quiser – mas todo mundo aqui viu você pelo que você realmente é
agora.”
“Deus, você...” Não tinham palavras ruins o bastante para esse
tipo de cadela. Eu arranquei o contrato das mãos dela, batendo-o
contra a mesa. Era impressionantemente fino, mais ou menos três
paginas. “Caneta!”
Martha cavou a bolsa a procura de uma.
“Não,” Ben disse, empurrando as palavras por entre os dentes.
Eu agarrei a caneta que Martha estava oferecendo. Engraçado,
não havia mais nenhum triunfo ou veneno no seu rosto agora. Se
alguma coisa, seu olhar parecia confuso e cauteloso. Como se eu me
importasse. Isso não tinha nada mais a ver com ela. Eu movi o meu
prato para o lado e passei as páginas, achando o preço grande e
suculento que deveria me comprar. Porra, ele já tinha posto meio
milhão na minha conta bancária. Que ridículo. Sem hesitar eu risquei o
número e escrevi um grande zero. Então eu li, dando uma olhada na
custódia e outros detalhes. Como prometido, Bean seria partilhada
igualmente entre nós dois. Qualquer disputa correria na vara de
família, no caso de uma mediação falhar. Bom. Parecia tudo padrão.
Aqui. Feito e assinado.
Se eles precisassem de mais alguma coisa eles poderiam pegar
comigo mais tarde. Em uma hora mutuamente benéfica quando eu não
estivesse prestes a ter uma crise emocional, que possivelmente
envolvia vomitar as minhas entranhas.
A irmã dele pegou o contrato, examinando-o rapidamente.
“Eu agradeceria se você me desse uma hora para remover os
meus pertences do quarto antes de voltar,” eu disse a Ben, nem ao
menos me incomodando em fingir olhar para ele dessa vez.
“Nós precisamos conversar,” ele disse. “Liz.”
“Você assinou,” Martha disse. “Você até mesmo riscou o
dinheiro.” O olhar no rosto da cadela teria sido hilário se eu não
estivesse no meio da quebra do meu coração. Talvez suas sobrancelhas
nunca voltassem ao normal, elas se levantaram muito alto na sua testa
perfeita.
“Eu não me importo com a porra do contrato,” Ben rosnou,
segurando o meu braço.
“Se você não se importasse com a porra do contrato, então ele
não existiria.” Eu puxei o meu braço do seu aperto. “E certo como o
inferno que você não estaria carregando uma cópia por aí com você.”
“Docinho –”
“Não. Nunca mais. Eu nunca... jamais… vou passar por isso de
novo com você.” Eu respirei fundo. “Não se sinta tão mal sobre isso,
Ben. Você me avisou, depois de tudo. Eu só era estúpida o suficiente
para acreditar que talvez eu pudesse significar para você o quanto você
significa para mim. Minha culpa.”
Parada, Martha olhava para os papéis, chocada.
“Você importa para mim,” ele disse, respirando com dificuldade.
“Mas não o bastante. Não o bastante para ser honesto comigo.
Não o bastante para falar comigo sobre isso, sobre os seus medos...
Deus, você realmente pensou que eu seria como ela?” eu apontei o
polegar para a sua irmã abominável. “Que eu iria trair? Mentir? Te usar
para dinheiro e bagunçar com a sua vida?”
“Eu amo o meu irmão,” Martha gritou.
“Cale a sua maldita boca!”
As lágrimas corriam pelo meu rosto. Eu estava além de me
importar, realmente. Com tudo. Eu descansei a minha mão na minha
barriga, sentindo aquela estranha sensação se agitar dentro dela
novamente. Bean aparentemente não sei importou em chutar. Eu
abaixei a minha voz em conformidade. “Eu vou lidar com você quando
eu estiver bem e pronta.”
Martha se calou, o rosto ainda chocado.
“Eu nunca tentaria mudar você,” eu disse, achando minha última
gota de bravura e olhei para o rosto de Ben. “Eu só queria um pouco do
seu tempo, sua atenção. Eu queria ser parte do que você amava.”
Os olhos escuros não me deram nada além de tristeza.
“Você tem mais outras seis semanas ou mais de turnê. Eu não
quero ouvir sobre você durante esse tempo,” eu disse, me virando. “Eu
vou ter certeza que qualquer novidade médica seja enviada para você.
Caso contrário... eu só... preciso de um tempo. Disso tudo.”
“Você vai voltar para Portland?” Ele perguntou, obviamente
infeliz. Seus sentimentos de homem devem ter sido feridos. Que chato.
“Sim.”
Como esperado, Anne abriu a boca, se levantando. Ela estava do
meu lado, claro que estava. Mas eu a parei com uma mão. “Mais tarde.”
Ela assentiu.
Eu me virei para Martha, contendo a necessidade de bater nela
com um objeto sólido. “Eu não tenho muita família, e infelizmente, seu
irmão parece disposto a tolerar seu distúrbio borderline. (NT:
Síndrome de Borderline, ou transtorno de personalidade Limítrofe, é
uma grave doença psicológica. Os indivíduos com a síndrome de
Borderline vivem no limite entre a normalidade e os surtos psicóticos.)
Mas eu nunca vou tratar o meu filho de um jeito que não seja com amor
e suporte. Isso está entendido?”
Entorpecida, ele assentiu.
“Ótimo.”
Anne pegou a minha mão. Solidariedade entre irmãs, etcetera, e
graças a Deus por isso. Eu realmente precisava dela agora.
Juntas, com Mal atrás de nós, nós fomos embora.
CAPÍTULO CATORZE
“Você tem certeza?” Minha irmã perguntou, não pela primeira
vez. Nem ao menos a centésima, pelo que importa.
“Eu tenho certeza.”
“Eu não gosto de você tendo certeza.”
“Eu entendi isso.” Eu sentei na cama no quarto extra da sua suíte,
observando enquanto ela meticulosamente fazia a minha mala. Minha
roupa de baixo tinha sido praticamente alfabetizada. “E eu te amo por
isso.”
Ela suspirou, rearrumando as minhas blusas de gestante pela
terceira vez. “Eu também te amo. Eu só sinto muito por isso ter
terminado dessa forma. Ele parecia tão na sua. Eu realmente pensei
que ele estava agindo em conjunto.”
“Eu acho que algumas pessoas são apenas almas errantes. Elas
realmente são melhores sozinhas. Eles precisam da sua liberdade mais
do que eles precisam de amor e companheirismo. Melhor descobrir
agora do que continuar perseverando em um relacionamento fadado
ao fracasso porque ele é incapaz de confiar e se comprometer.” Eu dei a
ela o mesmo sorriso corajoso de o-que-se-pode-fazer que eu estava
usando nas últimas vinte e quatro horas. Minhas bochechas estavam
doendo. Muito mais e eu tinha que congelar o rosto.
“Você é tão cheia de merda,” ela suspirou.
Eu sorri um pouco mais.
“Pare de tentar parecer tão calma sobre isso. Eu sei que o idiota
arrancou o seu coração batendo do peito e o esmagou com as suas
enormes botas pretas.”
“Belo visual.”
“Eu o odeio. Da próxima vez que tivermos um jantar da banda, eu
vou espetá-lo com um garfo.”
“Você não vai espetá-lo com um garfo,” eu disse, afagando a mão
dela. “Você vai ser perfeitamente educada e continuar com o negócio
como sempre.”
Os olhos estreitaram, ela me deu um olhar teimoso.
“Pelo bem de Mal,” eu disse. “Eu vou para casa e decorar o
berçário. Vai ficar tudo bem, Anne. De verdade.”
“Deixa eu ir com você.”
“Não.” Eu sacudi a cabeça determinadamente. “Absolutamente
não. Você nunca esteve na Europa. Você estava esperando por essa
viagem há meses. São só seis semanas. Eu vou dar conta. Além disso,
honestamente, eu preciso de espaço nesse momento.”
Seus ombros caíram em derrota.
“Você promete que vai me ligar se precisar de mim.”
Eu levantei a minha mão. “Eu juro solenemente.”
“Hmm.”
“Killer e eu vamos apenas passear por aí, pegando leve.”
“Ele definitivamente estará aliviado de sair do hotel canino. Essa
é uma fresta de esperança pelo menos. Das últimas vezes que eu liguei,
ele se recusou a falar comigo.”
“Ele é um cachorro, Anne. Ele não pode falar.”
Mais carranca. “Mas ele costumava fazer esses barulhinhos e latir
para mim. Você sabe o que eu quero dizer. Eu estou preocupada que
isso cause problemas de abandono a ele. Ele é um animal muito
sensível. Ele é como Mal, lá no fundo, de certa forma.”
“Ele é um maluco que persegue a própria cauda até cair,” eu
disse. “Na verdade, ele meio que é como Mal, você está certa.”
“Verdade.” Anne assentiu com um olhar agradecido.
“Bem, eu prometo aplicar todas as minhas habilidades
psicológicas nele para resolver seus problemas antes de você voltar.”
Na minha experiência a felicidade de Killer pode ser comprada com um
pacote de bacon canadense e a destruição de um dos All Star’s do Mal.
Eu já tinha roubado um sapato razoavelmente novo do closet de
Mal só para esse propósito. O cão iria voltar rapidamente para o seu
frequente perseguir de caudas feliz e louco.
Meus próprios problemas de abandono talvez levassem um
pouco mais de tempo para se resolver.
Amanhã a Stage Dive vai para Montreal, e depois para a Europa.
Um pouco depois, em segredo, eu voltaria para o Oregon. Todo mundo
iria para o show essa noite para a primeira apresentação de outra
canção. Eu acho que é uma nova tradição ter todo mundo lá. Bacana.
Parece que David está em franca produção esses dias – a turnê
concordava com ele. Enquanto eles estiverem lá, eu vou fazer a minha
saída silenciosa. Anne não sabia, ela pensava que eu iria pela manhã.
Mas ela entenderia. Já teve drama o bastante. Um adeus grande e
emocional não iria ajudar ninguém. Certamente não a mim. Estar na
mesma cidade que Ben, até mesmo pelas últimas vinte e quatro horas,
estava acabando comigo. Eu doía para ter todo o seu mundo atrás de
mim. Eu não estava sendo ingênua e fingindo que a minha tristeza não
estaria embarcando comigo naquele avião. Era mais como um
sentimento que eu nem ao menos podia começar a trabalhar até que eu
não pudesse mais ver essa cidade diminuir a nada através da pequena
janela do avião. Esse vai ser todo o encerramento que eu vou ter.
Além disso, a cidade de Seaside na costa do Oregon era linda
nessa época do ano. E também era onde a imprensa não esperava que
eu fosse. Eu vou dirigir até lá no Mustang e pegar um quarto, alguma
coisa com vista para o mar. Uma vista bonita me ajudaria a me
recompor, a superar o meu desapontamento e colocar a minha cabeça
no lugar para ser uma mãe solteira. Eu e Bean ficaremos bem. Killer
também, pelo que importa.
“Você só vai ir dormir?” Anne perguntou, fechando a minha mala
e a tirando da cama.
“É. Eu vou tomar um banho e depois descansar. Obrigada por me
ajudar a fazer a mala,” eu disse. “É melhor você ir. Os caras vão entrar
no palco em breve. E você sabe como é o trânsito em Nova Iorque.”
Ela deu um beijo na minha cabeça. Depois enlouqueceu com
ambas as mãos, bagunçando o meu cabelo como quando eu tinha
catorze anos.
“Deus, você poderia crescer?” Eu resmunguei, puxando os meus
cachos longos do meu rosto.
“Boa noite.” Ela sorriu. Casar com Mal aparentemente deu a ela a
infância que ela perdeu com o egoísmo dos nossos pais. Isso era legal,
embora de vez em quando fosse irritante. Eu realmente precisava me
lembrar de dar um calcinhão nela em retribuição da próxima vez que
eu vê-la.
“Boa noite.”
Ela saiu com um último aceno.
Eu me sentei perfeitamente parada, esperando pelo barulho da
porta de fora se fechando. Então, só para ter certeza, eu esperei mais
dez minutos. E... sim. A Operação Fuga estava em curso.
Eu coloquei as minhas sapatilhas e coloquei o meu cabelo dentro
de um boné, pegando a alça da minha mala. Feito. Minha passagem de
volta para casa foi agendada mais cedo, durante uma ida
particularmente longa ao banheiro. Parecia o único lugar que alguma
alma preocupada não me interromperia a cada dois minutos. Eu estava
com fome? Não. “E quanto a uma bebida?” Não. Que tal repassar
aqueles eventos estranhos de ontem à noite, seguido por um bom
choro nos ombros das almas preocupadas, com um excesso de abraços
no meio? De jeito nenhum. Mas obrigada por perguntar.
Eu amava as meninas. Sério, eu amava. Mas nesse momento eu
precisava de distância de todo mundo.
Eu coloquei a cabeça para fora. Nada. Nem o sinal de um
segurança à vista. Era esperado já que eu prometi ficar no meu quarto
e você só poderia ter acesso ao andar com uma chave especial. Eu desci
no elevador brilhante. Através do térreo cheio e iluminado eu meio que
corri, puxando a minha mala. Meu voo saía em pouco menos de duas
horas. Mesmo com o trânsito infernal de Nova Iorque, seria tempo o
bastante para chegar ao aeroporto e passar pela segurança.
Do lado de fora, o ar noturno estava quente, vivo com as luzes e
cores. Nova Iorque realmente era a cidade que nunca dormia.
“Posso te ajudar, senhorita?” Um porteiro gentil me perguntou,
levando uma mão enluvada à minha mala.
“Sim, obrigada. Eu gostaria de um taxi para o JFK, por favor.”
“Claro, senhorita.” Ele levantou uma mão, conseguindo um taxi
como mágica. Rapidamente a minha mala estava no porta-malas e eu
estava presa e segura no banco de trás. Foi quando as coisas meio que
deram errado.
A porta do carro se abriu e um homem grande e fedorento
sentou ao meu lado. Era uma realidade que esse tipo de homem não
muito discutida. Do mesmo jeito que os cowboys fediam a cavalo e
bosta de vaca, depois de um show, estrelas do rock fediam a suor –
muito suor. Meio que quebra a corrente, não? Mas o fedor só reduziu a
identidade do estranho ladrão de táxi.
“Oi, Liz.”
“Vaughan?”
“Como você está?”
Eu pisquei. E então eu pisquei novamente, porque ele ainda
estava ali, bagunçando com o meu plano de fuga, maldição. “O que você
está fazendo aqui?”
Sem mais que um por favor, ele dirigiu o motorista do taxi para o
estádio onde o Stage Dive estava tocando. A nota de cem dólares que
ele passou com as instruções significou que ele recebeu a atenção do
motorista. Nenhum pouco ultrapassado.
“Alguma razão em particular para você estar sequestrando o
meu táxi?” Eu perguntei.
“Ele era para ser de Conn, mas você não o conhece. Nós
pensamos que você se assustaria menos se fosse eu.”
“Certo... certo.” Eu assenti. “Mas não respondeu a minha
pergunta.”
“Bem, todos os outros caras estão ocupados tocando, então tinha
que ser um de nós.” Ele colocou o cabelo suado para trás com uma mão
e me lançou um sorriso.
“Preciso que você veja uma coisa.”
“O quê?”
“Você vai ver.” Ele sorriu.
Eu sorri com ele. “Uau. É. Eu realmente vou sentir a sua falta
depois que eu te matar e jogar o seu corpo da ponte do Brooklyn.”
“Vamos lá, não seja assim. Se não gostar do que vir, eu vou ter
certeza que você ainda vai chegar ao aeroporto com tempo o bastante
para o seu voo.”
“Como você sabe sobre isso?” Eu apoiei um cotovelo na janela,
tentando me acalmar. Não sendo bem-sucedida. Do lado de fora as
luzes da cidade passavam.
“Do mesmo jeito que eu esperei por sua fuga,” ele disse. “Sam.”
“Ah.” Confie que o segurança superespião estará um passo à sua
frente. Idiota.
“De qualquer forma, eles acharam que eu teria uma chance de te
convencer a vir.”
“São eles agora?” Eu mostrei os dentes para ele. Isso poderia ser
interpretado como um sorriso, mas como notado previamente,
Vaughan não era idiota.
“Liz, por favor. Se eu não pensasse que isso iria valer a pena, sem
chance que eu os deixaria me meter nisso. Eu não tenho nenhum
desejo de que você me odeie.”
Eu suspirei determinadamente. “Olha,” eu disse, dando a minha
melhor voz baixa, “tudo o que eu quero agora é deixar tudo isso para
trás o mais rápido possível. Eu estou cansada de estar aqui, cansada da
banda, e do rock’n’roll, e mais que tudo cansada de sorrir para isso
tudo. Eu acho que você é doce, e parabéns por estar tentando o que
quer que esteja tentando. Mas eu estou oficialmente fora disso. Eu
estou muito além.”
“Huh,” ele disse, se afundando no assento e sorrindo para a
janela e para as luzes de Manhattan. “Eu acho que eu sou o oposto, não
sou? Está tudo acabado para você e você não pode esperar para dar o
fora. Está tudo acabado para mim também, e eu só estou tentando
espremer mais alguns segundos dos meus quinze minutos de fama. Sua
estratégia parecia melhor. Acho que tem a ver com o seu curso de
psiquiatria e tudo mais.”
“Psicologia,” eu corrigi em abandono.
Eu tinha esquecido que eu não era a única que estava lidando
com rompimentos. “Eu ouvi que vocês estão se separando, mas
dificilmente está tudo acabado por você, não? Eu te vi no palco. Você
tinha tudo sob controle.”
Vaughan sorriu com tristeza. “Você nunca viu realmente a vida
do rock’n’roll, não é?” ele perguntou. “Você só saltou para a cobertura
sem sentir o gosto da indústria. Para cada Stage Dive tem centenas de
Down Fourths. Milhares. Nós temos uma ou duas chances. Nós abrimos
para uma banda maior. Se nós dermos conta disso conseguimos um
contrato maior, quem sabe? Talvez tudo isso pudesse ter acontecido.
Superestrelas do rock, discos de platina, a capa da Rolling Stone. Mas
nós não conseguimos ficar juntos. Muitos egos e pequenas brigas, ao
ponto de nós mal falarmos uns com os outros. Luke está fora para fazer
coisas maiores e melhores, claro. Mas o resto de nós está de volta ao
zero. No final do dia, os últimos dez anos não significaram porra
nenhuma. Eu estou cansado, Liz. Cansado de dormir em hotéis de
merda e sempre viajar e tocar, tentando fazer o bastante para pegar
um pouco mais de tempo no estúdio. Eu quero ir para casa e ver a
minha família, acordar e realmente saber em que cidade eu estou. Eu
quero ver que tem um jeito melhor de fazer isso que não custa a minha
sanidade e foda com a minha vida todos os dias da semana.”
“Você está certo, eu nunca pensei em nada disso.”
Ele esfregou o rosto com as mãos, me dando aquele sorriso triste
novamente. “Eu amo a música. Sempre amei, sempre amarei. Mas
talvez insistir constantemente para tocar em estádios grandes o
bastante não seja para mim.”
“Talvez não.”
“Talvez eu encontre uma garota como você que já não esteja
grávida e não se importe em me encontrar nu. Uma garota que nem ao
menos pense em me pedir para me cobrir.”
Eu ri, cobrindo o meu rosto com as mãos. “Eu realmente espero
que você a encontre, Vaughan. Você é um cara ótimo. Você merece o
melhor.”
“Obrigado. De qualquer forma, basta dessas merdas. Venha
comigo para o show,” ele disse, sua voz baixa. “Talvez essa seja a última
coisa maluca que eu faça com uma estrela do rock.” Ele sorriu, mas
seus olhos pareciam tristes.
Resignados.
Lentamente, também resignada, eu inspirei pelo nariz e expirei
pela boca. “É melhor eu não perder aquele voo, Vaughan.”
“Você vem comigo e se não gostar do que vir ou ouvir... no
minuto que você disser, eu vou te levar dali em uma limusine da Stage
Dive direto para o aeroporto. Feito?”
“Sabe, talvez seja melhor você dar o fora do rock’n’roll e fazer
psicologia,” eu resmunguei. “Feito.”

***
Os bastidores não tinham mudado muito. Várias pessoas
ocupadas e equipamentos. Sem rebuliço nós passamos pela segurança,
um dos homens de Sam aparecendo as minhas costas. Ninguém nos
questionou uma vez que ele estava lá. Vaughan se encarregou da minha
bagagem – mais no caso eu tentei pega-la mais para ser útil, eu acho.
Eu nunca imaginei estar nessa posição novamente – ter acesso a todas
as áreas, ser escoltada pelos corredores e pelas escadas para o lado do
palco. Eu não era mais uma namorada. Eu não era nada.
Então do que diabos isso se tratava? A banda estava tocando
“Last Back,” um hit do próximo álbum. Anne, Ev e Lena estavam do
outro lado do palco, muito estranho. Eu estava sozinha, exceto por uns
caras do som e Pam, a fotógrafa da turnê. Ela era uma mulher legal,
casada com Tyler, um dos engenheiros de som. Eles estão com a banda
há anos.
Quando Anne me viu, ela inclinou a cabeça com curiosidade, me
dando um aceno. Eu acenei de volt, mas fiquei parada. A música
começou com um crescente de explodir os ouvidos e terminou com um
staccato frenético. Um ruído alto me estremeceu dos tornozelos a
coluna. Os fãs foram a loucura.
“Senhoras e senhores,” Jimmy ronronou, no seu modo de líder, de
pé em frente e ao centro do palco. Vestido de calças pretas com uma
camisa de botões preta, os punhos estavam enrolados revelando um
pouco das suas tatuagens. “Temos uma coisa especial para vocês essa
noite.”
Vários gritos vieram do estádio. Eu cobri as minhas orelhas, mas
era muito tarde. Puta merda. Dentro da minha barriga, a sensação de
aperto voltou.
Huh.
“Benny-boy, o nosso baixista, tem uma coisinha que ele gostaria
de dizer.”
E eu estava tentando muito não olhar para ele. Meu rosto estava
frágil, meus olhos quentes e duros. Ele entregou o seu baixo favorito, o
Gibson Thunderbird, para um roadie. Seu olhar desviou de mim
enquanto ele ia para o microfone. Ele sabia que eu estava lá. Mesmo na
escuridão fora dos holofotes, ele me viu.
Jimmy deu um aperto em seu ombro e então um passo para trás.
Ben moveu a mão para cima para pegar o microfone, mas seus olhos
estavam nos meus, seu rosto de lado para o público. Eu não deveria ter
vindo. O suor escorria das minhas mãos, de dentro dos meus punhos
cerrados. Muito mais do que o ar da noite pudesse dar conta. Tudo
ficaria bem. Isso não é nada especial, com certeza. Somente uma
variação estranha de uma despedida de um astro do rock. Esses caras,
eles sempre fazem as coisas grandes. Talvez seja uma canção de me-
desculpa-que-tudo-foi-a-merda para mim. Que doce.
Ben usava as típicas botas pretas, jeans e a velha camisa cinza
com o nome de uma banda. Seu uniforme de sempre. Cara, se ele ao
menos parasse de me encarar. Era como se ele me mantivesse imóvel.
Eu não podia me mexer, não podia respirar.
“Hey,” ele disse, sua voz enchendo o ar da noite, no entanto
ampliada mais de mil vezes. Mais uma vez o público enlouqueceu.
Alguém começou a cantar o seu nome, gritando eu te amos e coisas
assim. Quem no inferno poderia competir com isso? Cambada de
aduladores. A adoração de um público dessa magnitude. Eu nunca tive
uma chance.
“Eu sei que tiveram um monte de merdas nos jornais
ultimamente, fofocas sobre eu virar pai.” O cabelo escuro longo do topo
da sua cabeça tinha escapado do estilo que ele sempre usava. E caia
pelo seu rosto, mechas agarrando na sua barba. “Eu queria acertar as
coisas essa noite.”
Mais entusiasmo do público. Confusão geral para mim. Isso tudo
poderia ser feito sem a minha presença. Facilmente. Inferno, ele
poderia ter uma coletiva com a imprensa amanhã, quando eu estivesse
do outro lado do país, lambendo as minhas feridas e reconstruindo a
minha vida. Por que isso? Minhas emoções já tinham sido moídas o
bastante. Eu me virei para sair, mas Vaughan segurou o meu braço, me
prendendo.
“Dê mais um minuto,” ele disse.
“Oh pelo amor de Deus porra.” Eu me virei, não segurando o meu
temperamento. Nem ao menos me desculpando por ter xingado. A
porra do Ben Nicholson. Ele não poderia apenas ir se foder, poderia?
Sim ele poderia caralho. Nenhuma única porra de outra palavra
poderia ser usada para englobar todo o processo.
Eu olhei para trás para encontra-lo olhando direto para mim, os
olhos escuros me queimando, apesar da distância. A porra de um
minuto, é tudo o que ele vai ter. E eu tenho a maldita certeza que pela
forma dos meus lábios ele sabia disso também.
“Eu te amo, Lizzy,” ele disse.
Tudo parou. Era como se o mundo estivesse segurando a
respiração. Eu sei que eu estava, atordoada.
“Eu fui a porra de um idiota por não te dizer antes.” Sua mão
apertou o microfone, as linhas de tensão estavam fundas em seu rosto.
“Merda estava tudo indo tão rápido e eu... eu fiquei assustado.”
Falando sobre fazer uma declaração pública. Puta merda. O
momento de silêncio se dissolveu, e a gritaria e os assovios do público
quase engoliram as suas palavras. Enquanto eu, eu mal podia acreditar
nos meus ouvidos.
“Você pode ter o meu tempo, e você pode ter a minha atenção,”
ele disse, as palavras lentas e deliberadas. “Docinho, você pode ter
qualquer porra que quiser, eu prometo. O que você precisar. Nada mais
de segurar, nada mais de medo. E se você ainda sentir que você tem
que pegar aquele voo essa noite, então nós vamos fazer isso juntos.”
Eu respirei fundo, como se o meu corpo precisasse urgentemente
disso. Os pontos brancos recuaram e eu o vi claramente mais uma vez,
de pé em frente a mim, me oferecendo tudo. Eu balançava ligeiramente,
a sensação de aperto por dentro mais forte dessa vez, mais definitiva.
Vaughan e o cara da segurança cada um agarrou um braço, me
levantando.
Ben atravessou o palco como um raio na minha direção, me
agarrando cuidadosamente pela cintura e me colocando no palco, sob o
calor das luzes brilhantes. Eu podia ouvir o público gritar, mas eles
pareciam distantes, em outro mundo.
“O que está errado?” Ben perguntou, os olhos em pânico.
“Ela está mexendo,” eu disse, uma mão em seu ombro e a outra
na minha barriga. “Ela está mexendo, Ben. Eu a senti mexer. Nosso
bebê.”
Ele enterrou o rosto no meu cabelo, me mantendo perto,
segurando o meu peso. “Eu não sabia o que era isso antes, mas é ela.
Não é incrível?”
“É, isso é bárbaro.”
“Sua voz estava tão alta, ela deve ter ouvido e reconhecido.” Eu
sorri para ele com espanto.
Ele me tirou do chão, me segurando no alto e me levando em
direção ao centro do palco. “Isso é ótimo, Liz. De verdade. Mas,
docinho, eu preciso saber se você me ouviu também.”
Lentamente, eu assenti, colocando a palma da minha mão em seu
rosto, contra a aspereza da sua barba. “Eu ouvi você.”
“E o que você diz?”
Eu tirei um minuto, pensando sobre isso. Decisões grandes, de
mudar a vida merecem ao menos um segundo de contemplação. “Nós
não precisamos pegar aquele avião.”
“Okay,” ele expirou com força, sorrindo.
“E eu te amo também.”
Seu sorriso esticou sua barba.
“Eu sei que eu vou foder com as coisas de vez em quando, mas
apenas fique comigo, okay? Eu não quero fazer merda sem você. Eu
não quero estar nos lugares que você não está. Não é mais quem eu
sou.”
“Nós vamos trabalhar nisso.”
“É. Nós vamos.” Ele cobriu meus lábios com os dele, me beijando
com abandono.
“Todo mundo,” Ben disse no microfone, sua voz mais uma vez
enchendo o estádio. “Essa é a minha garota, Liz. Digam oi. Nós vamos
ter um bebê.”
E foi isso.
EPÍLOGO
“Tire! Isso! De! Mim!”
“Okay, docinho,” Ben disse, segurando a minha mão suada e
tensa. “Apenas respire.”
“Não me chame de docinho. Foi o seu pênis que fez isso.”
Dra. Peer, a obstetra, olhou para mim por cima da borda da sua
máscara facial, os olhos nada impressionados com o drama. Imbecil.
Não era ela que estava deitada na cama com as penas para cima nos
ganchos, com a vagina exposta para a porra do mundo todo ver, era?
Não. Não, ela não estava. Eu estava. E toda essa coisa de trabalho de
parto já estava rolando há vinte e uma horas agora, então alguma coisa
realmente precisava ser feita o quanto antes. Quando tinham feito
quinze horas, eu desisti e pedi por uma peridural. A melhor coisa de
todos os tempos. Mas agora o efeito estava desaparecendo. Minha
felicidade já tinha desaparecido há muito tempo.
“Você pode fazer isso, eu sei que pode,” disse a incrível
enfermeira da maternidade, Amy.
“Você já fez isso?” Eu rosnei.
“Bem... não.”
Eu deixei os meus olhos responderem.
A mulher deu um passo para trás.
“Calma,” Anne disse, bravamente segurando a minha outra mão.
“Liz, a cabeça do seu bebê parece estar alojada no canal,” a dra.
Peer disse. “Ela não está mostrando nenhum sinal de angústia ainda.
Então nós poderemos continuar como estamos fazendo, e esperar para
empurra-la do modo antigo, ou você pode nos deixar ajudar com uma
extração a vácuo.
“Eu li sobre isso.” Meus olhos ficaram no blip-blip-blip da tela
que monitorava os batimentos cardíacos do bebê.
“É perigoso?” Ben perguntou.
“Todo procedimento tem um risco, mas é mínimo. Geralmente a
cabeça da criança só vai ter um pequeno inchaço, alguma coisa como
uma bolsa de sangue, no topo da sua cabeça por uns dias. Nada mais.”
“O que você quer fazer, docinho? Quer continuar mais um
pouco?” Ele pegou um pano molhado e limpou o meu rosto encharcado
de suor.
“Eu estou tão cansada,” eu chorei. “Por que a sua cabeça é tão
grande? Se sua cabeça não fosse tão grande isso não estaria
acontecendo.”
“Desculpa,” ele murmurou. Pelas últimas catorze horas, Ben tinha
parado de tentar se defender. Provavelmente fosse melhor. Eu não
estava sendo razoável.
“Eu me sinto muito mal.” Eu chorei mais um pouco.
“Vai vir outra contração em breve,” Anne anunciou, olhando o
monitor.
“Srta. Rollins, por que nós não nos preparamos para a extração,
só no caso?” Perguntou a sempre tão calma Dra. Peer.
“Okay.” Mais um pouco de choro.
“Oh meu Deus do céu,” disse a voz da última pessoa na face da
terra que eu tinha o interesse em lidar nesse momento. “O quê está
acontecendo aqui? Você tem ideia do quanto isso é chato, ficar
esperando essa criança aparecer?”
“Martha, você não pode ficar aqui,” Ben disse entre dentes, dando
um olhar mortal para a sua irmã.
“Cai fora, cadela,” Anne disse, sempre tão eloquente.
A mulher vagou para o lado da minha cama, evitando a visão dos
batimentos da minha menina orgulhosamente na tela, com um olhar de
desgosto no rosto perfeito. “Liz. Cristo, você está uma bagunça.”
Ben apertou a sua mandíbula. “Martha –”
Ela colocou a mão no braço do irmão, olhando para ele. “Relaxa.
Eu tenho um papel importante aqui que todo mundo pode concordar
que eu estou apta a levar a cabo. Eu estou aqui para aguentar o abuso.
Acho que nesse momento você deve estar precisando de energia para
isso. E dado que eu podia ouvir os gritos dela da sala de espera...”
“Contração chegando,” Anne avisou novamente.
“Tira essa puta tensa do meu campo de visão,” eu disse.
“É o melhor que você consegue?” Martha bocejou tão
delicadamente. “Eu achei que você seria uma garotinha muito mal
humorada a essa altura.”
“Você é a pior pessoa para estar aqui.”
“Oh por favor, ela disse, sentando do meu lado e afagando o meu
ombro. “Você estava distribuindo xingamentos para Ben e Anne, e eles
são santos comparados a mim. Deixe sair.”
“Deus você é um saco.”
“Eu sei, eu estive sentada lá fora por horas, no meio das fraldas
fedorentas e do choro das anjinhas gêmeas de Jimmy. E se a sua filha
for um pouco como elas, pode me tirar da lista de babá.” Com as mãos
nos quadris, ela olhou me olhou de cima.
“Como se eu fosse permitir que a minha filha ficasse em qualquer
lugar perto de você sem supervisão,” eu rosnei.
“Mas os nomes são fofos. Lori e Jean. Muito mais legal do que o
que você escolheu. Eu realmente tenho pena dessa criança durante os
seus anos escolares.
“Porra, eu te odeio!” Eu gritei, e cada polegada minha se esticou,
caindo com as minhas últimas reservas de força, levando tudo de mim.
“Me diz alguma coisa que eu não saiba!”
“Você sabe a razão pela qual você pensou que eu nunca assinaria
aquele contrato?” Eu fiquei furiosa. “Porque você tem a miserável
condição de acreditar que o resto do mundo é interesseiro e egoísta
como você. Isso se chama projeção.”
“É mais do que isso,” ela disse. “Curta e grossa. Eu acho que você
vai dar uma boa psiquiatra afinal das contas.”
“Psicóloga!”
“Tanto faz,” ela deu de ombro. “Você pode pôr isso em qualquer
termo chique de faculdade que você quiser, mas você ainda não tem
nada pelo que eu ouvi dizer.”
“Sam está apaixonado por você, sua vaca idiota e indigna,” eu
grunhi.
Seu rosto ficou em branco. “O quê?”
“Se você fosse menos sem noção e auto-obcecada você teria
reparado há anos.”
“Empurra,” Anne disse, os dedos apertados na minha mão.
“Vamos lá, docinho,” Ben disse. “Você pode fazer isso.”
A Dra. Peer e Amy esperaram entre as minhas pernas abertas por
algum acontecimento. Todo mundo na porra da sala cantava na mesma
sintonia: empurra.
Mas foi Martha que fez o melhor para chegar no meu rosto, tendo
aparentemente se recobrado do choque. “Chega de moleza, Liz. Tire
essa criança de dentro de você. Agora.”
“Eu estou tentando!”
“Tente com mais força, sua preguiçosa! Empurra!” Ela gritou
atrás de mim. “Vamos lá!”
“Argh!” Minha pobre e inocente vulva se abriu terrível, horrível e
anormalmente. E então plop, o resto do corpo do meu bebê escorregou
para os braços da Dra. Peer. Um momento mais tarde, um choro muito
chateado encheu o ar, pequenos punhos de bebê batendo.
Meu bebê. Oh uau.
Eu deitei aliviada, apenas tentando recuperar o fôlego. Anne
estava chorando. Ben estava olhando para a nossa filha recém-nascida
maravilhado. Martha estava me dando um sorriso de satisfação. Vaca.
“Sabia que você só precisava de um pouco de motivação,” ela
disse, olhando as suas unhas perfeitas. “Raiva e ódio alimentados tem
sua utilidade, sabe?”
“Sem noção,” eu sussurrei para ela, tanto quanto a minha
completa falta de energia permitiam. Nós duas sorrimos. Eu realmente
não sei por quê.
O pediatra fez uma verificação rápida do nosso bebê enquanto o
pós-parto era executado. Oh uau é. Nunca mais. Nunca jamais.
Provavelmente.
“Senhoras, eu apresento a vocês Gibson Thunderbird Rollins-
Nicholson.” Ben carinhosamente colocou o meu bebê enrolado e
gritando nos meus braços.
“Hey, baby. Está tudo bem.” Oh meu Deus.
O calor dentro de mim, o amor puro me enchendo e entornando.
Ele se acalmou, o ruído estridente se transformando em um pequeno
eu-acabei-me-coloque-as-fraldas. Um pequeno nariz e uma pequena
boca, e dois olhos azuis puxados olhando para mim. Um pouquinho de
cabelo louro escuro. “Olhe para você. Você é maravilhoso.”
“Ele não é?” Ben disse, deixando Gibson envolver um dedo
minúsculo em volta de um dois seus muito maiores.
“Ele é um ele,” eu disse, um pouco assustada. “Uau.”
“Eu estava imaginando quando você ia entender isso.”
“E eu tinha tanta certeza que você seria uma menina.” Eu sacudi a
cabeça.
“Ele é perfeito.” Anne olhou para ele com absoluta adoração.
Estranho o bastante, Martha também. Eu nunca jamais imaginei
ver o seu rosto tão suave e afetado.
“Nós vamos dar a ele o nome do seu baixo favorito?” eu
perguntei.
“Se você não se importar.” Ben inclinou para frente, dando um
beijo na minha testa. “Bom trabalho, docinho. Você arrasou.”
“Desculpe eu estar tão infernal.”
Ele riu. “Não importa.”
“Gibson Thunderbird Rollins-Nicholson.” Eu acariciei com um
dedo a sua bochechinha suave e doce. “Você é amado.”
“Palavras mais verdadeiras nunca foram ditas,” Anne disse,
dando um apertão no meu ombro. “Nós vamos deixar vocês um pouco
sozinhos.”
“Certo. Até mais. Bebê legal.” Martha seguiu a minha irmã, as
sobrancelhas para baixo e um olhar pensativo no rosto. A boa médica e
a enfermeira tinham feito o mesmo. Obrigada Deus pelo silêncio. Para
pensar, depois de todos esses meses sendo cuidadosa com o meu
linguajar, tudo o que ele ouviu ao entrar no mundo foi profano. Oh
bem. Uns ganham, outros perdem.
“Eu amo você,” Ben disse, aninhando o meu rosto.
“Eu amo você também.” Eu me virei, beijando a ponta do seu
nariz. “Nós somos uma família agora.”
Ele sorriu. “Lizzy, você tem sido a minha família desde o dia que
eu te conheci. Minha melhor amiga. Minha amante. Você agora vai fazer
isso oficial e ser minha esposa também?”
Gibson começou a chorar, a pequena cabeça tentando virar e –
procurando alguma coisa para sugar, provavelmente. Deus, ele era
incrível. Tão lindo.
“Aqui.” Ben me ajudou a muda-lo de posição, abrindo o colarinho
da minha camisola para dar acesso aos meus seios. “Acho que eu vou
ter que compartilha-los por um tempo.”
“Um nobre sacrifício.”
Uma mão acariciando as costas do filho, e a outra amaciando a
bagunça do meu cabelo, Ben olhou para mim. “Você não respondeu a
minha pergunta. Você vai se casar comigo?
Eu sorri por entre lágrimas de felicidade. “Oh sim. Eu gostaria
muito disso.”

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