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PÓS-MODERNIDADE
AULA 3
Seria ilusão o mundo digital? Uma vida vivida pela internet? Pelas redes
sociais? Não, não está em discussão o que é virtual, o que é mediado pelas
novas comunicações – e sim que a vida foi “significada” em função da lógica do
consumo, em que o objeto (mercadoria) não tem uma utilidade concreta com
base na vida prática – o objeto passou a ter vida própria, não corresponde mais
a uma realidade concreta e não é mais um meio – e sim um fim. E claro, tudo
isso é potencializado e ampliado pelas novas tecnologias.
Sim, pode parecer um pouco complicada essa discussão, uma vez que o
autor que vamos estudar discute o significado, o simbólico, e a reflexão parece
ficar muito subjetiva.
Mas, ao pensar que estamos falando de práticas do cotidiano, das
relações que temos com o mundo, como os objetos, com a “visão de felicidade
e bem-estar”, ao buscar exemplos práticos para cada análise, podemos
vislumbrar e aplicar os conceitos do autor para observar a realidade que nos
cerca.
Trata-se, portanto, de um exercício de desnaturalização, que é próprio das
ciências sociais. Já conhecemos o conceito de ideologia em Marx, as discussões
feitas pela Escola de Frankfurt – o que é tarefa inicial para podermos identificar
os impactos da ideologia do capitalismo nas relações de produção e de
consumo; reflexões que se traduzem no que enxergamos no dia a dia nos filmes,
nas propagandas, visível também nas escolhas e atitudes de todos nós no dia a
dia, em que não é difícil constatar que as coisas, o status, “a ostentação de um
estilo de vida” parece ser mais importante do que a própria vida.
Lembre-se de que estamos discutindo questões do dia a dia! Vamos
conhecer as explicações teóricas, conceituais sobre fenômenos que muitas
vezes conseguimos perceber, e que Baudrillard dedicou uma vida de estudos
para analisar e explicar.
Considerado dos principais pensadores da “pós-modernidade”, o francês
Baudrillard (1929-2007), sociólogo, fotógrafo, filósofo, poeta – produziu mais de
50 obras e fez exposições pela Europa e todo o mundo. Amplamente conhecido
por seus conceitos de simulacro e hiper-realidade, o autor analisa a sociedade
do consumo e discute os meios de comunicação de massa, apontando que
vivemos numa realidade construída.
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Seus escritos inspiraram as irmãs Wachowski na produção da trilogia de
Matrix, filme em que o hacker Neo, interpretado por Keanu Reeves, guardava
seus programas no fundo falso do livro de Baudrillard Simulacros e simulações.
Ainda que Baudrillard tenha dito que o filme apresenta uma leitura ingênua da
relação entre ilusão e realidade, podemos utilizar como ilustração – uma vez que
tanto Matrix quanto Baudrillard – ainda que em perspectivas diferentes – indicam
que estamos vivendo numa “realidade paralela”. Interessa mencionar que, para
o autor, outros filmes, como Show de Truman, estão mais próximos da discussão
proposta por ele.
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1.2 Hiper-realidade
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Políticas essenciais para atingir pleno emprego, diminuir desemprego
e elevar renda média, favorecendo maior consumo e fortalecendo a
importância do consumo na economia.
f. Consolidação da democracia e políticas sociais: ampliação da
participação dos trabalhadores/sindicatos; ampliação do voto,
participação movimentos sociais. Fundamental para ampliação dos
direitos, ampliando a cidadania. Segurança com relação ao futuro –
favoreceu maior propensão ao consumo.
g. Transformações sociais e culturais: demográfica, especialmente
urbanização, cooperou para que houvesse uma ida coletiva mais
homogênea, com mais pessoas compartilhando os mesmos espaços,
tanto no trabalho, quanto no campus universitário e no lazer. Esse fato,
gerou outras transformações de ordem cultural, principalmente através
do que Edgar Morin chamou de “cultura de massas”, torando a vida
social mais individualizada e gerando a despersonalização nas
sociedades de massas”.
h. Nascimento da nova classe média: grande indústria erava novas
ocupações, principalmente administrativas e profissionais liberais,
surgindo uma nova classe média, que possuía maior renda, tornou o
consumo uma forma demonstrar o status que a sua ocupação possuía.
i. Maior crédito para o consumidor: trabalhador não precisa poupar para
adquirir bens duráveis. Segundo Baudrillard, o crédito é uma hipoteca
do trabalho, pois antes o indivíduo trabalhava para consumir e com o
crédito trabalha para pagar o que já consumiu.
j. Maior desenvolvimento dos meios de consumo: transformação
tecnológica; urbanização e maior consumo de televisores – influi para
a criação da sociedade de massas. Mais acesso a informação e
cultura, crescimento da publicidade – essenciais para que a produção
conseguisse um consumo em massa, “porque os ‘valores’ sociais
passaram a ser produzidos por intermédio da indústria cultural”
(Palmieri, 2012, p. 35-37).
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A mercadoria, para além da sua utilidade, tem função social, virou
linguagem, aproxima e afasta pessoas, não é mais um meio e sim um fim:
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“percebido”. Não há utilidade prática no consumo, os objetos não precisam servir
para alguma coisa, os objetos são signos que cumprem uma função social.
• Objetos não têm mais finalidade como instrumentos – são utilizados como
signos, cuja função primeira é significar – servindo como fator de
discriminação social e prestígio;
• Objetos sobreviviam a gerações, nos viam nascer e morrer. Atualmente,
diariamente assistimos ao “nascimento e morte” dos objetos;
• Objeto-símbolo tradicional, como utensílios, móveis – traziam consigo
uma história – mediando uma relação real vivida;
• Objeto de consumo: signo que tem sentido na relação com outros objetos.
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signo – a troca deixa de ser respaldada numa relação entre o sujeito e o objeto
e passa a ter um valor em si, o objeto se imediatiza e se reifica como signo. O
signo se impõe como código e rege a vida social e as trocas, ganhando sentido,
numa relação diferencial com outros signos e não entre pessoas. Sendo assim,
temos:
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• Mercadoria é um produto social, mas é percebida como uma coisa, que
se compra e se consome.
5.1 Publicidade
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A virtualização da comunicação, para Baudrillard (1991), é negativa – não
é real. O autor é crítico das cidades virtuais (como as lojas), pois desestimulam
o desenvolvimento de cidades concretas. Além disso, indica que a criação da
realidade artificial, por ser tão sofisticada, parece “mais real do que a realidade”.
Assim como outros autores que discutem a fase atual do capitalismo onde
é possível gerar lucro sem produzir mercadorias com base nos juros – Baudrillard
(1991) coloca a compra a crédito como um “milagre do sistema”, uma vez que é
possível adiantar os desejos – e conseguir comprar algo que o trabalhador
jamais imaginaria que seria possível com o salário que ganha.
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contraditória, pois, segundo ele, os direitos surgem quando um bem se torna um
privilégio de uma classe:
NA PRÁTICA
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
_____. Para uma crítica da economia política do signo. São Paulo: Martins
Fontes, 1995b.
WHAT did Baudrillard think about The Matrix? Cuck Philosophy, 10 set. 2019.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bf9J35yzM3E>. Acesso em:
20 dez. 2019.
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