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Prova 12 Maio 2016, questões e respostas

Direito das Obrigações A/B/C/D (Universidade Catolica Portuguesa)

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

AVALIAÇÃO CONTÍNUA (2ª PROVA – 12 DE MAIO DE 2016)

DURAÇÂO: 75 MINUTOS (SEM TOLERÂNCIA)

RESPONDA COM LETRA LEGÍVEL E EM FOLHAS SEPARADAS AOS TRÊS


GRUPOS DE QUESTÕES

ELEMENTOS DE CONSULTA: CÓDIGO CIVIL E ANEXO DE LEGISLAÇÃO

I - A e B, casados, são proprietários de um prédio rústico que está onerado com uma
servidão de passagem constituída a favor do terreno confinante, propriedade de C.
Tendo decidido vender o seu terreno, C telefonou a A, perguntando sobre o seu
interesse em adquirir o terreno, ao que A respondeu não ter de momento desafogo
financeiro bastante para realizar essa compra. Dois meses mais tarde, C vendeu o
terreno a D pelo preço de 30 000€ (preço declarado na escritura), bastante inferior ao
valor real do prédio. Entretanto informado sobre a realização da venda, B pretende
haver para si o prédio pelo preço declarado na escritura. Seria procedente esta
pretensão de B? 6

II - Joaquim, revendedor de maquinaria agrícola, encomendou a um fabricante certa


máquina (vendida a Luís no dia em que este esteve no estabelecimento de Joaquim e a
viu em exposição), acordando com o fornecedor que a máquina seria reclamada por
Luís. Feita a entrega, o fabricante tomou conhecimento da invalidade da compra feita
por Luís e pretende a restituição da máquina. Quid juris? Quando é que Luís ficou
proprietário da máquina? 4+2

III - António prometeu €500,00 a quem encontrasse o cavalo de Maria, que fugiu
quando esta se encontrava internada no hospital. Dois dias depois, Carlos, amigo de
Maria, apesar de não ter conhecimento da promessa feita por António, encontrou o
cavalo e decidiu alimentá-lo até que Maria recuperasse. O cavalo destruiu um dos
estábulos de Carlos. Este decidiu inscrever-se num concurso hípico com o cavalo de
Maria e ganhou um prémio de €50.000. Na sequência do concurso, o cavalo ficou
lesionado em virtude da inexperiência de Carlos.

1. Poderá António recusar-se a pagar os €500,00, invocando que Carlos


desconhecia a promessa quando encontrou o cavalo? 2
2. Terá Carlos fundamento para exigir que Maria lhe devolva o dinheiro
despendido com a alimentação do cavalo e que o indemnize pelos danos
sofridos no estábulo? 2
3. Poderá Maria exigir a Carlos que lhe entregue os €50.000 ganhos no concurso
hípico e que a indemnize pelos danos sofridos pelo cavalo? 4

TÓPICOS DE CORREÇÃO

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I – Conforme previsto no art. 1555.º, n.º 1, CC, o proprietário do prédio onerado com
servidão legal de passagem tem direito de preferência no caso de venda do prédio
dominante. A e B são pois titulares de um direito legal de preferência. O obrigado à
preferência, C, teria de comunicar aos titulares do direito o projeto de venda e as
cláusulas do contrato (art. 416.º CC). Apesar de A ter dito que não poderia comprar o
imóvel, a verdade é que, além de ser discutível que uma renúncia antecipada deste teor
possa isentar o obrigado da comunicação do projeto de contrato, B seu cônjuge
manteria o respetivo direito, visto que nada é dito quanto a uma atuação em nome ou
por conta do cônjuge (art. 419.º CC e 1035.º CPC). B poderia pois haver para si o prédio,
devendo para o efeito intentar uma ação de preferência segundo previsto no art. 1410.º
CC. A simulação do preço é oponível ao titular do direito de preferência que teria de
depositar o preço real e não apenas o preço declarado na escritura.

II -Entre Joaquim e o fabricante foi celebrado, nos termos do art. 443º, um contrato a
favor de terceiro (Luís). O promitente (o fabricante) e o promissário (Joaquim) agem
com a intenção de outorgar a Luís o direito de exigir a entrega da máquina. Tendo
cumprido, e bem, o fornecedor não pode, contudo, invocar vícios da relação de valuta
(entre Joaquim e Luís) mas só da relação de cobertura (argumento retirado da
interpretação do art. 449º). Como, no momento da compra e venda entre Joaquim e
Luís a máquina ainda não existia, a propriedade transfere-se de acordo com o regime
respeitante aos bens futuros, ou seja, nos termos do nº 2 do art. 408º (eficácia real
diferida).

III – 1-Identificação da promessa pública como negócio unilateral, fonte convencional


obrigações. Em face do disposto no art. 459.º, n.º2, não existindo declaração em
contrário, António não pode recusar o cumprimento da promessa àqueles que tenham
praticado o facto na ignorância daquela.

2-Pressupostos da gestão de negócios e da utilidade inicial da gestão (art. 464.º).Não


tendo havido aprovação da gestão, Carlos terá de provar que a gestão foi exercida em
conformidade com o interesse e a vontade presumível do dono do negócio para ter
direito ao reembolso de despesas e à indemnização dos danos sofridos (art. 465, n.º1,
al.a) e 468.º,n.º1).

3-Identificação de um enriquecimento (sem causa) por intervenção e o problema da


restituição do lucro por intervenção. Posição de Pereira Coelho e de Antunes Varela.
Relativamente aos danos sofridos pelo cavalo, impossibilidade de aplicação do art.
466.º por em causa estar uma gestão imprópria de negócios (gestão de negócio alheio
no próprio interesse). Indemnização nos termos gerais (art. 483.º e ss.)

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