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CRITÉRIOS DE CORRECÇÃO DO EXAME FINAL DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I, DE 3 DE JANEIRO

DE 2019 (ÉPOCA NORMAL)

I-
a) 1-Enquadramento do problema no âmbito da responsabilidade pré-
contratual.
2- Fundamentação legal e doutrinal do instituto. Análise do art.º 227 do
CC, destacando a importância que nele assume o princípio da boa-fé.
3- Referência às hipóteses típicas de culpa in contrahendo e
identificação, no caso em análise, de uma provável hipótese de rutura
abusiva de negociações. Justificação.
4- Danos indemnizáveis.
5- Referência ao problema da natureza da responsabilidade em questão.

b) 1- Reconhecimento da questão da pretensa eficácia externa das


obrigações. Enquadramento do problema: distinção entre direitos reais e
direitos de crédito. Diferenças, em especial, a relatividade.
2-Teoria da eficácia externa das obrigações. A Tipologia da violação por
terceiro do direito do credor. Sentido e argumentos favoráveis.
3- Críticas à teoria da eficácia externa.
4- Reflexão sobre a possibilidade de invocar o abuso de direito: indicação,
em abstrato, dos pressupostos da respetiva invocação, tal como a
necessidade de provar intenção de prejudicar ou a utilização de meios
censuráveis. Componentes do exercício abusivo. Exclusão, em concreto,
do recurso ao instituto como fundamento de uma eventual obrigação
indemnizar.

II- a) 1-Identificação do contrato celebrado entre A e B como promessa bilateral,


ou seja, como contrato promessa de compra e venda e do contrato celebrado
entre A e D como um pacto de preferência com eficácia real.
2-Distinção entre ambas as figuras, nomeadamente quanto à sua estrutura, ao
tipo e conteúdo da obrigação assumida, bem como às dimensões da liberdade
contratual que em cada caso se auto limitam por força de cada uma delas.

b) 1- Validade formal do contrato promessa: referência ao princípio da


equiparação e suas exceções. Referência ao carácter formal do contrato
prometido (art.875), necessária para a aplicação disposto no art.410º, n. º2.
Aplicação do regime do art.410.º n. º3. Impossibilidade de invocação da
invalidade pelo promitente vendedor. Qualificação da invalidade como
nulidade atípica.
2- Validade formal do pacto de preferência: Aplicação do regime do
art.410, n.º 2, por remissão do art.º 415.º do C.C. Tratando-se, porém, de
pacto com eficácia real, necessidade de observância dos requisitos de
forma estabelecidos no art.º 413, nº 2, por remissão do art.º 421, n.º 1.
c) Quanto aos direitos de B (promitente comprador):
1- Identificação do art.1048.º do C.C., como uma das normas do contrato
prometido que pela sua razão de ser não deve considerar-se extensiva
ao contrato promessa. Justificação. Afastamento, por isso, do
argumento da invalidade do contrato promessa invocado por A.
2- Violação do contrato-promessa: Recurso à ação de execução
específica: Análise do art.º 830.º. Nulidade da cláusula de renúncia à
possibilidade de execução específica, por força do art.830.º, n. º3.
Afastamento, porém, da possibilidade de execução específica tendo
em conta a aquisição pelo preferente legal C, comproprietário do
armazém, além de que para a alienação da totalidade da coisa era
necessária a sua intervenção como vendedor da sua quota, intervenção
essa que o tribunal não poderia substituir. Garantias indemnizatórias:
indemnização pelo dobro do sinal.

Quanto aos direitos de D (preferente convencional):


1- Violação da preferência e eventual possibilidade de recurso à ação de
preferência do art.º 1410.º, por remissão do art.º 421.º, n.º 2, do C.C.
Porém, existindo preferência legal concedida ao comproprietário
adquirente da quota (1409, n.º 1) estará comprometida tal ação, já que
nos termos do art.º 422, esta prevalece sobre todas as preferências
convencionais, ainda que de carácter real.
2- Eventual direito a indemnização: remissão para as regras gerais do não
cumprimento, nomeadamente no que toca ao cálculo da indemnização.
Tal direito estará dependente da verificação dos respetivos
pressupostos, onde se inclui a culpa do obrigado à preferência na
impossibilidade de cumprimento do pacto.

III- Valoriza-se o efetivo confronto entre os conceitos, não bastando debitar as


noções de forma isolada. Além da definição dos institutos, é necessário indicar
a fundamentação legal e destacar as respetivas ligações e a forma como se
relacionam.

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