Você está na página 1de 4

António necessitava de comprar vinho.

Certo dia, visitou, na Régua, a


adega de Joaquim e ficou entusiasmado com a qualidade do vinho da
colheita de 2018.
Logo ali encetaram negociações e Joaquim disse ao António que lhe
venderia 5.000 litros por 10.000€ e lho entregaria daí a um mês, uma
vez que tinha ainda que o separar para lho entregar. Ficou acordado
que António enviaria um e-mail a confirmar se aceitava comprar o
vinho naquelas condições.
Chegado ao Porto falou com Manuel, seu amigo, e pediu-lhe
emprestado
10.000,00€, para comprar o vinho. Manuel anuiu e, de imediato,
entregou-lhe
aquela quantia, que deveria ser devolvida em 20 prestações mensais
iguais e
sucessivas. Cinco dias depois, António enviou um e-mail a Joaquim a
dizer que aceitava comprar o vinho.
Responda às seguintes questões:

1. Pressuponha que duas noites antes do dia da entrega, em virtude


de um acto de vandalismo, todo o vinho ficou destruído, com
excepção dos 5000 litros destinados a António. Sendo que, na
madrugada do dia da entrega, a camioneta de Joaquim, já carregada
com o vinho para o António, foi roubada, aparecendo uns dias depois
com as garrafas todas partidas. Determine as consequências destes
factos na
relação contratual.
- Processo de formação do contrato de compra e venda, através de
proposta e aceitação (224º e ss);
- Efeitos do contrato de compra e venda, com especial relevância para
os efeitos reais e o desvio à regra do 408º 1/, bem como ao
facto de gerar uma obrigação genérica (539º);
- Explicar o que é uma obrigação genérica e as consequências em
termos de regime;
- Referir que a separação dos 5000 litros foi irrelevante para a relação
jurídica obrigacional;
- O acto de vandalismo levou a que o género se extinguisse de forma
a restar apenas os 5000 litros com que Joaquim tinha que cumprir, o
que poderia consubstanciar a concentração da obrigação antes do
cumprimento, nos termos do 541º (a propósito, abordar a
discussão doutrinal entre o Professor Antunes Varela e o Professor
Almeida Costa);
- A posterior destruição das garrafas que continham os 5000 litros, tem
por consequência uma impossibilidade de cumprimento não imputável
(799º) objectiva (790º), que leva à extinção da obrigação de entrega,
sem qualquer consequência para o devedor;
- Quanto à obrigação de pagamento do preço, haveria que determinar
se a obrigação naquele momento já era especifica ou se ainda se
mantinha genérica, de forma a eventual aplicação do 796º ou
795º.

2. Face à falta de pagamento da 5ª prestação do empréstimo, Manuel


interpelou António exigindo-lhe o pagamento de toda a dívida. Quid
iuris?

- Contrato de mútuo (1142º);


- Determinar os efeitos do contrato e quanto aos efeitos obrigacionais
explicar que estamos face a uma prestação fraccionada;
- Explicar o mecanismo do 781º, ou seja, o benefício do prazo e a
perda do mesmo;
- Consequentemente, Manuel podia utilizar a faculdade que lhe é dada pelo 781º
e interpelar António para proceder à restituição da totalidade da quantia ainda
em dívida.

No dia 15.04.2020, António vendeu um quadro a Berta, por


€25.000,00. Ficou convencionado que o preço seria pago até ao dia
20.05.2020, tendo sido reservada a propriedade até integral
pagamento do preço.
No dia 2.05.2020, Berta prometeu vender aquele mesmo quadro a
Carlos, que o prometeu comprar, pelo preço de €45.000,00.
Ficou convencionado que o contrato definitivo realizar-se-ia no dia
22.05.2020, tendo Carlos entregue a Berta a quantia de €5.000,00.
Pressuponha que, até ao dia de hoje, o preço do quadro não foi pago
por Berta e que esta não compareceu para realizar o contrato de
compra e venda com Carlos.
O que poderá António fazer?

Qualificação do contrato e referência aos efeitos;


Explicar a cláusula de reserva de propriedade e as consequências da mesma neste
caso concreto;
Qualificar o incumprimento de Berta;
Hipótese da acção creditória;
Hipótese da resolução do contrato, após a interpelação admonitória;

Carlos poderá propor amanhã uma acção de execução específica?

Qualificação do contrato e referência aos efeitos;


Discutir a validade do contrato perante o facto de o quadro não pertencer à
promitente vendedora;
Explicar a execução específica;
Neste caso a acção seria improcedente uma vez que conduziria a um resultado
contrário à lei, ou seja, a uma venda de bens alheios

E poderá reagir de outra forma?

Abordar a aplicação do regime do sinal e o caminho a trilhar para aplicação do


442º 2/ (neste caso sinal em dobro);
Discutir o tipo de incumprimento de Berta;

Você também pode gostar