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3.Poderia Luís, nos oito dias seguintes à celebração do contrato, invocar o art. 10º do
Decreto-Lei nº 24/2014? 2
TÓPICOS DE SOLUÇÃO
I–
1. A regra será a de que não se pode opor à invocação da nulidade. O contrato que não
observe um requisito de forma ad substantiam é nulo (art. 220.º), podendo a nulidade
ser invocada por qualquer interessado, havendo eventualmente responsabilidade pré-
contratual se uma das partes tiver violado deveres impostos pela boa-fé, maxime deveres
de informação ou de fidelidade/lealdade, na fase de formação do contrato. Como o
contrato nulo foi executado durante 16 anos, deve equacionar-se a possibilidade de
atribuir a Bernardo a indemnização dos danos positivos.
2. Há que discutir se estamos ou não perante um contrato celebrado por adesão. Em caso
afirmativo, prevendo-se expressamente a aplicação da LCCG a contratos individualizados
concluídos por adesão a clausulados pré-elaborados por uma das partes (art. 1.º, n.º2, da
LCCG) possibilidade de Bernardo invocar a nulidade da cláusula (art. 12.º do LCCG) por no
contrato se permitir a denúncia com pré-aviso insuficiente, sem compensação adequada,
quando este exigiu à contraparte investimentos avultados (art. 19.º, al. f) da LCCG).
constitui uma violação desse dever que dará origem a responsabilidade pós-contratual.
A natureza da responsabilidade pós-contratual ainda não foi lecionada.
II-
1. Segundo os critérios principais, Luís está vinculado a uma prestação de facto/coisa
material, presente, simultaneamente positiva e negativa, duradoura fracionada
(consumo durante 60 meses de 100 Kg mensais). A “Grão de Café” ficou vinculada a
uma prestação de facto/coisa material, presente, positiva, infungível e duradoura
fracionada (fornecimento durante 60 meses dos 6.000kg).
3. Não havendo dados que nos levem a pensar tratar-se de um contrato celebrado à
distância ou fora do estabelecimento comercial (ver as definições do art. 3º do Decreto-
Lei nº 24/2014), contratos esses a que se aplica o diploma em causa, não é possível
outorgar a Luís o direito previsto no art. 10º. Mas mesmo que se tratasse, por ex., de um
contrato celebrado fora do estabelecimento comercial do fornecedor, há que constatar que
Luís não pode ser considerado consumidor.