Cart Ilha Do Enc As Graves

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CARTILHA DOS DIREITOS DOS CONTRIBUINTES DEFICIENTES E PORTADORES DE DOENÇAS

GRAVES – ISENÇÕES ESPECIAIS.

U:\Tributário\4 - Projetos, Apuração de créditos\Cartilha do Deficiente\CARTILHA DIREITOS DO DEFICIENTE E DO PORTADOR DE DOENÇAS GRAVES - GARRASTAZU

2012

Travessa Francisco de Leonardo Truda, n° 40 – 10° a ndar – Centro Histórico


CARLOS HORÁCIO BONAMIGO FILHO
Porto Alegre, RS – CEP 90010-050 Fone/Fax: 3212.01.22 – www.garrastazu.com.br

2012
Introdução

A desinformação é a maior causa de pagamento indevido de tributos – é o que


diz nossa experiência na área. A questão é particularmente grave quando o lesado é pessoa
fragilizada por sua condição médica, que geralmente necessita de recursos para cuidar de
sua doença com dignidade e tem pouca capacidade de contribuir com as despesas do Estado.

Por este motivo, a Coordenadoria Tributária da Garrastazu Advogados elaborou


esta CARTILHA DOS DIREITOS DOS CONTRIBUINTES DEFICIENTES E PORTADORES DE
DOENÇAS GRAVES – ISENÇÕES ESPECIAIS.

Este projeto trata exclusivamente de questões tributárias. Assim, não são


abordadas as repercussões jurídicas da deficiência ou das doenças graves, por exemplo,
quanto à liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ou do PIS/PASEP, tampouco
questões previdenciárias, como a aposentadoria por invalidez, ou aposentadoria com
vencimentos integrais para o servidor público.

Tendo em vista o caráter informativo da CARTILHA, que é enriquecida pela nossa


experiência no trato da matéria, nos colocamos à disposição para responder dúvidas e
receber sugestões – com vistas a maximizar os resultados deste projeto.

Atenciosamente,

Carlos Horácio Bonamigo Filho


Sócio-Coordenador da Divisão Tributária
GARRASTAZU ADVOGADOS.

Travessa Francisco de Leonardo Truda, n° 40 – 10° a ndar – Centro Histórico


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Índice

Introdução, 1;
Sobre a Garrastazu Advogados, 4;
1. Conceitos preliminares, 5;
2. Isenção do Imposto de Renda a contribuintes portadores de moléstias graves, 7;
Alternativas Judiciais, 11;
3. Dedutibilidade das despesas de instrução do deficiente físico ou mental, 24;
4. Isenção Especial para aquisição de veículo por deficiente e pessoas com limitações
físicas, 26;
Alternativas Judiciais, 38;
5. Isenção Especial de IPVA a deficientes físicos, 42;
Alternativas Judiciais, 44;
6. Isenção especial de IPTU a deficientes, 48;
7. Imunidade de Contribuição Previdenciária a portadores de doença incapacitante, 49;
Alternativas Judiciais, 51;

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A Garrastazu Advogados

A Garrastazu Advogados abrange em seu escopo de atuação diversas áreas do Direito


Empresarial, conforme o contemporâneo conceito de escritório de advocacia full service,
contanto com cerca de 30 advogados com expertise nas áreas fiscal, societária, cível e
trabalhista, sob a responsabilidade de seu sócio fundador, o Dr. Artur Garrastazu Gomes
Ferreira.

Atualmente os integrantes do escritório são divididos em Coordenadorias, e atendem


diversas empresas no Brasil, destacando-se na consultoria tributária e em processos judiciais
em trâmite nas justiças estadual, federal e trabalhista.

Devido às suas raízes no direito do trabalho, consumidor e tributário, também presta


assessoria também a pessoas físicas – o que motivou a elaboração desta CARTILHA DOS
DIREITOS DOS CONTRIBUINTES DEFICIENTES E PORTADORES DE DOENÇAS GRAVES.

Sugerimos acesso ao site www.garrastazu.com.br para informações complementares.

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1. CONCEITOS PRELIMINARES

Evitando entrar no “juridiquês”, é importante ter o conhecimento de que a desoneração


tributária através de isenção depende de disposição de lei que seja expressa e que a
equidade, em princípio, não pode resultar em desoneração de tributo. Estas premissas são
importantes para a compreensão desta CARTILHA.

Embora seja possível a existência de decisões judiciais conflitantes com estes preceitos,
este é o entendimento dominante.

Naturalmente, a lei e, especialmente, a Administração Pública não estão livres para dispor
dos direitos do contribuinte. O Judiciário tem atuado de diversas formas para corrigir desvios
– o exemplo mais singelo é a exigência de laudo médico oficial para a concessão de isenção
ao portador de câncer, que o Judiciário quotidianamente afasta sob o argumento de que a
condição médica do paciente pode ser demonstrada de outras formas.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR.


FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. CONCESSÃO. LAUDO DE MÉDICO
PARTICULAR. PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. SUFICIÊNCIA.
1. Os laudos médicos expedidos por serviço médico particular são válidos e
suficientes para fins de isenção do imposto de renda e concessão de
aposentadoria. Precedentes: (REsp 1088379/DF, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
DJe 29/10/2008; REsp nº 749.100/PE, Rel.Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de
28.11.2005.; REsp 302.742/PR, 5ª T., Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI, DJ de
02/08/2004). [...]

(STJ, AgRg no Ag 1194807/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
17/06/2010, DJe 01/07/2010)

É importante a análise dos casos sob duas perspectivas, (i) a perspectiva da


Administração Fazendária e (ii) a perspectiva do Judiciário (da jurisprudência1). A assessoria

1
Jurisprudência. “O conjunto de acórdãos [decisões] de um tribunal forma a sua jurisprudência, que se diz
mansa e pacífica quando se verifica repetida e uniforme para os mesmos casos e iguais relações, submetidos a
seu veredicto.” De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. Atualizadores Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 28.
ed. Rio de Janeiro: Forense; GEN, 2010, p. 807.
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jurídica ideal busca o reconhecimento da vantagem legal pretendida na via administrativa
(sem ação judicial) sempre que possível. Contudo, se a Administração comete alguma
arbitrariedade, o Judiciário é uma alternativa, caso a vantagem pretendida pelo contribuinte
justifique o desgaste de uma ação judicial.

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2. ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA A CONTRIBUINTES PORTADORES DE MOLÉSTIAS
GRAVES

O Tributo

O imposto de renda da pessoa física incide sobre a renda e proventos de qualquer


natureza. Renda é entendida como o produto do capital, do trabalho, ou da combinação de
ambos. Proventos de qualquer natureza são entendidos como os acréscimos patrimoniais
não compreendidos como renda (pensões e aposentadoria, p.ex.). A alíquota do tributo é de
até 27,5%.

Beneficiários da isenção:

São isentos de imposto de renda em relação a proventos de aposentadoria os


portadores das doenças graves relacionadas no art. 6° da Lei n° 7.713/88 e alterações. Todo
o rendimento decorrente de pensão e aposentadoria é isento do Imposto de Renda da
Pessoa Física, desde que o rendimento seja auferido por portadores das moléstias a seguir
listadas.

• AIDS • Espondiloartrose anquilosante • Nefropatia grave


• Alienação mental • Estados avançados da doença • Neoplasia maligna (câncer)
• Cardiopatia grave de Paget (osteíte deformante) • Paralisia irreversível e
• Cegueira • Fibrose cística (Mucoviscidose) incapacitante
• Contaminação por radiação • Hanseníase • Tuberculose ativa
• Doença de Parkinson • Hepatopatia grave (a partir de
• Esclerose múltipla 2005)

Portanto, são condições para o gozo da isenção (i) ser o rendimento derivado de
aposentadoria ou pensão e (ii) ser a pessoa física portadora de alguma das doenças
relacionadas acima.

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Casos em que não há isenção

A isenção especial concedida a portadores de doenças graves não se estende a


rendimentos provenientes de atividade empregatícia ou autônoma (não decorrentes de
pensão ou aposentadoria). Também não se aplica a rendimentos como aluguéis, ainda que
recebidos concomitantemente com os de aposentadoria, reforma ou pensão – estes sim,
passíveis de isenção. Incide o tributo sobre os proventos de aposentadoria ou reforma de
portadores de moléstia grave recebidos pelo espólio ou por seus herdeiros,
independentemente da situação de isenta da pessoa falecida.

Procedimento

Para o reconhecimento da isenção sem necessidade de ação judicial é preciso laudo


médico oficial. Neste caso, o serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo
pericial, quanto às moléstias passíveis de controle. É possível que a Administração Fazendária
exija novos exames ao final do prazo estabelecido, caso em que será suprimida a isenção se a
doença não apresentar sintomas2.

Orientamos a solicitar ao serviço médico a indicação da data em que a enfermidade


foi contraída, visando a restituição do tributo pago entre a data em que a doença foi
contraída e a data da expedição do laudo. Não sendo possível determinar a data em que a
doença foi contraída, ou silenciando o laudo quanto ao tema, será considerada a data da
emissão do laudo como a data em que a doença foi contraída. A isenção, neste caso, valerá a
partir desta data para fins Administrativos – ponto que pode ser questionado judicialmente.

2
Questão que pode ser objeto de questionamento judicial. Ver item “c)” das Alternativas judiciais.
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Aconselhamos que seja procurado o serviço médico oficial da própria fonte pagadora
para a elaboração do laudo oficial, pois desta forma as retenções do imposto de renda na
fonte cessarão com mais rapidez. Se não for possível proceder ao exame junto à fonte
pagadora, o laudo oficial deverá ser apresentado à fonte pagadora que verificará se estão
presentes as condições para a concessão da isenção e deixará de realizar as retenções.

Rendimentos recebidos acumuladamente por portador de moléstia grave,


correspondentes a proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, ainda que decorrentes
de período anterior à data em que foi contraída a moléstia grave, gozam da isenção de que
trata este tópico, assim como a complementação de aposentadoria, reforma ou pensão.

Obrigatoriedade na entrega da Declaração do imposto de renda da pessoa física

A isenção do Imposto de Renda Pessoa Física não exclui, por si só, a obrigatoriedade
de o contribuinte apresentar a Declaração de ajuste anual.

Restituição do imposto pago após a doença ter sido contraída

Para buscar a restituição de tributo pago após a doença, sem a necessidade de ação
judicial, é preciso que o laudo médico oficial aponte a data em que a doença foi contraída.

Caso 1: O laudo pericial aponta que a doença grave foi contraída em mês do exercício
corrente (no ano corrente). O contribuinte poderá solicitar a restituição na Declaração de
Ajuste Anual apresentada no ano seguinte, bastando declarar os rendimentos como isentos à
partir do mês de concessão do benefício. Por exemplo: em novembro a fonte pagadora
reconhece o direito a partir de fevereiro – neste caso o contribuinte apenas declarará em
abril do ano seguinte o rendimento auferido a partir de fevereiro como isento ou não
tributável.
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Caso 2: O laudo pericial aponta que a doença grave foi contraída em mês de exercício
anterior (em ano anterior).

Caso 2.a: No ano-calendário correspondente ao início da isenção houve restituição


de imposto ou não houve saldo de imposto a pagar. Deverá ser apresentada
declaração de imposto de renda retificadora para estes exercícios. Na declaração
retificadora os rendimentos de pensão ou aposentadoria serão declarados como
isentos, a partir da data indicada no laudo pericial oficial. É preciso requerer
administrativamente em processo manual a restituição referente à parcela de 13.º
que foi sujeita a tributação exclusiva na fonte.
Caso 2.b: No ano-calendário correspondente ao início da isenção houve saldo de
imposto a pagar. Além dos procedimentos previstos no tópico “2.a”, anterior, é
preciso elaborar e transmitir Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso
(PER). Este é o procedimento previsto pela legislação para que o contribuinte
requeira administrativamente a restituição de tributo. Alertamos que este
procedimento costuma ser bastante demorado, podendo o contribuinte exigir
judicialmente que a administração decida o Pedido de Restituição, Ressarcimento ou
Reembolso (PER).

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ALTERNATIVAS JUDICIAIS

Segundo nossa experiência, a tendência de a Fazenda preservar os interesses do


Tesouro Público frequentemente resulta em condutas ilegais ou inconstitucionais, em
detrimento do contribuinte. Nestes casos é preciso o auxílio do advogado, que é
indispensável à administração da justiça.3

Os processos judiciais de interesse de portador de doença grave, têm prioridade de


tramitação, caso em que o processo recebe identificação diferenciada que evidencia o
regime de tramitação prioritária. A prioridade de tramitação não cessa com a morte do
beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge vivo (supérstite), companheiro ou
companheira em união estável.

Frisamos que o erro quanto à interpretação das disposições legais efetivamente


prejudicará o contribuinte em ação judicial oferecida de maneira não apropriada ao
Judiciário. Procure o advogado especialista em Direito Tributário.

a) Não necessidade de laudo oficial para a concessão da isenção ou


questionamento judicial do laudo oficial desfavorável.

Embora o laudo oficial seja exigência expressa da Lei n° 9.250/95, a jurisprudência


afasta esta necessidade – sob o argumento de que a o laudo mencionado na referida
disposição legal não vincula a decisão do juiz. O magistrado tem liberdade para apreciar as
provas do processo, sendo livre o seu convencimento. A disposição da Lei n° 9.250/95 obriga
apenas a Administração Fazendária.

3
Constituição Federal de 1988, Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável
por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA.
MOLÉSTIA GRAVE. LAUDO PERICIAL OFICIAL. PRESCINDIBILIDADE. PRECEDENTES.
- Conforme jurisprudência assente no STJ, o laudo pericial oficial pode ser
dispensado quando, pelas demais provas dos autos, ficar suficientemente
demonstrada a moléstia grave, ensejadora da isenção do imposto de renda.
Agravo regimental improvido.

(STJ, AgRg no REsp 1252825/MG, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/09/2011, DJe 30/09/2011)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE


RENDA. ISENÇÃO. CARDIOPATIA GRAVE. LIBERDADE DO JUIZ NA APRECIAÇÃO DAS
PROVAS.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que a
determinação do artigo 30 da Lei nº 9.250/95 destina-se à Fazenda Pública,
podendo o magistrado valer-se de outras provas produzidas (Código de Processo
Civil, artigos 131 e 436).
2. Não estando o magistrado adstrito aos laudos médicos oficiais, descabe
censura ao acórdão que, de acordo com outras provas dos autos e o livre
convencimento, julgou comprovada a existência de cardiopatia grave que isenta a
autora do imposto de renda.
3. Agravo regimental improvido.

(STJ, AgRg no REsp 1160742/PE, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 13/04/2010, DJe 29/04/2010)

TRIBUTÁRIO – IMPOSTO DE RENDA – ISENÇÃO AOS PORTADORES DE NEOPLASIA


MALIGNA – PROVA – LAUDO OFICIAL (LEI 9.250/95, ART. 30) – VIOLAÇÃO DO ART.
535 DO CPC.
[...] 2. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que, embora o art. 30
da Lei 9.250/95 imponha, como condição para a isenção do imposto de renda de
que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei 7.713/88, a emissão do laudo
pericial por meio de serviço médico oficial, esse comando legal "não vincula o
Juiz, que, nos termos dos arts. 131 e 436 do Código de Processo Civil, é livre na
apreciação das provas acostadas aos autos pelas partes litigantes" (REsp
673.741/PB, Rel. Min. João Otávio de Noronha, dentre outros).
3. Recurso especial improvido.

(STJ, REsp 907.158/PE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
26/08/2008, DJe 18/09/2008)

b) Restituição judicial de valores recolhidos antes da emissão de laudo oficial em


caso de inexistência do laudo ou de omissão da data em que a doença foi
contraída.

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Caso o laudo oficial aponte que a doença foi contraída em data posterior à data que
efetivamente o foi, o contribuinte tem a alternativa de buscar judicialmente declaração
sobre a data que a doença surgiu. O mesmo ocorre no caso de o laudo oficial ser omisso.

Naturalmente, a procedência da ação judicial depende da comprovação da condição


médica. A produção de provas pode ocorrer por perícia judicial, se o fato que se pretende
provar permitir. As decisões mencionadas no tópico anterior subsidiam o direito aqui
descrito.

c) Câncer - Não necessidade contemporaneidade de sintomas de câncer para a


obtenção de isenção ou para a manutenção da condição de isenta.

A Administração Fazendária muitas vezes exige que o laudo oficial contenha o prazo
de validade para os casos de moléstias passíveis de controle. Geralmente, é atribuída
validade de cinco anos ao laudo que diagnostica o câncer. Caso a doença não manifeste
sintomas ao final do prazo de validade é possível que o benefício fiscal seja suprimido pela
Administração. Isso é uma arbitrariedade.

Segundo a interpretação dos Tribunais, uma vez reconhecida a neoplasia maligna (por
qualquer meio convincente de prova), não se exige a demonstração da contemporaneidade
dos sintomas, nem a indicação de validade do laudo pericial, ou a comprovação de recidiva
do câncer para que o contribuinte faça jus à isenção.

Naturalmente, a procedência da ação judicial depende da comprovação da condição


médica. A produção de provas pode ocorrer por perícia judicial, se o fato que se pretende
provar permitir. Alertamos que erro quanto à interpretação das disposições legais
efetivamente prejudicará o contribuinte em ação judicial oferecida de maneira não
apropriada ao Judiciário. Procure o advogado especialista em Direito Tributário de sua
confiança.
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TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. ISENÇÃO. INCIDÊNCIA DO
ART. 6º, XIV, DA LEI 7.713/1988. NEOPLASIA MALIGNA. DEMONSTRAÇÃO DA
CONTEMPORANEIDADE DOS SINTOMAS. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES.
PRESCRIÇÃO. ARTIGO 3º DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO
RETROATIVA. DIREITO INTERTEMPORAL. FATOS GERADORES ANTERIORES À LC
118/2005. APLICAÇÃO DA TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". RECURSO ESPECIAL
REPETITIVO 1.002.932-SP (ART. 543-C DO CPC)
1. Hipótese em que se analisa, para os efeitos de isenção do imposto de renda
previsto no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, a necessidade ou não da
contemporaneidade dos sintomas de neoplasia maligna do autor, militar reformado
do Exército, que se submeteu à retirada da lesão cancerígena.
2. O Tribunal de origem, mantendo incólume a sentença, afastou o reconhecimento
do direito à isenção do imposto de renda, por estar o autor curado da neoplasia
maligna, por não necessitar de tratamento coadjuvante em razão da doença, e em
face da perspectiva de recidiva do tumor ser muito baixa.
3. O recorrente argumenta que o laudo emitido pela Junta de Inspeção Médica não
representa instrumento hábil a permitir a cassação da isenção de IR ao requerente,
e, portanto, não pode ser considerado, em face do art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88.
Quanto ao prazo prescricional, requer a prevalência da tese dos "cinco mais cinco".
4. "Reconhecida a neoplasia maligna, não se exige a demonstração da
contemporaneidade dos sintomas, nem a indicação de validade do laudo pericial,
ou a comprovação de recidiva da enfermidade, para que o contribuinte faça jus à
isenção de imposto de renda prevista no art.6º, XIV, da Lei 7.713/88. Precedentes
do STJ"(RMS 32.061/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 20.8.2010).
[...] 8. Recurso especial provido.

(STJ, REsp 1235131/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
22/03/2011, DJe 25/03/2011)

ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO - NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO - NÃO


OCORRÊNCIA - OBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL - IMPOSTO DE RENDA -
ART. 6º, XIV, DA LEI 7.713/1988 - NEOPLASIA MALIGNA - DEMONSTRAÇÃO DA
CONTEMPORANEIDADE DOS SINTOMAS - DESNECESSIDADE.
1. Inexistência de ofensa ao devido processo legal, considerando que a impetrante
foi devidamente cientificada da necessidade de realização de nova perícia.
Conquanto tenha justificado a sua ausência na data marcada pelo Departamento
Médico do Tribunal, não consta ter a impetrante feito o mínimo esforço para se
submeter à perícia em outra data, mesmo ciente dos efeitos que o seu não
comparecimento poderia implicar.
2. Reconhecida a neoplasia maligna, não se exige a demonstração da
contemporaneidade dos sintomas, nem a indicação de validade do laudo pericial,
ou a comprovação de recidiva da enfermidade, para que o contribuinte faça jus à
isenção de imposto de renda prevista no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88. Precedentes
do STJ.
3. Recurso ordinário em mandado de segurança provido.

(STJ, RMS 32.061/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/08/2010, DJe 20/08/2010)

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d) Contradição entre laudos oficiais emitidos por diferentes instituições

Eventualmente pode ser apurada contradição entre a interpretação da Receita


Federal e da fonte pagadora da pensão, especialmente quanto a servidores estaduais e
municipais da administração direta ou indireta. Ocorre que o tributo retido na fonte
pertence à Unidade Federada pagadora, sendo de interesse desta a não concessão de
isenção. É possível questionar judicialmente a interpretação diversa que prejudica o
contribuinte.

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO.


OMISSÃO E PREQUESTIONAMENTO. CONTRADIÇÃO. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. SÚMULA Nº 7/STJ. ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA.
CARDIOPATIA GRAVE. LAUDO MÉDICO OFICIAL FAVORÁVEL. LAUDO DO ÓRGÃO
EMPREGADOR DESFAVORÁVEL. MANUTENÇÃO DA SEGURANÇA.
[...] 3. Preenchidos os requisitos da lei fiscal para obtenção da isenção do imposto
de renda, por comprovado, por laudos particulares e oficiais de duas Juntas
Médicas Regionais do Ministério da Fazenda, ser o funcionário público aposentado
portador de cardiopatia grave, mantém-se a concessão da ordem, a despeito da
conclusão contrária da Junta Médica Oficial do Tribunal de Contas, que não tem
função revisora nem vinculativa em casos tais.
4. Agravo regimental improvido.

(STJ, AgRg no Ag 1272884/DF, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA,


julgado em 13/04/2010, DJe 30/04/2010)

e) Isenção ao portador de cegueira monocular/parcial ou paralisia irreversível e


incapacitante, ainda que parcial

Não é incomum a Administração Fazendária negar a isenção especial a portadores de


cegueira parcial, sob o argumento que a deficiência não é incapacitante. Neste caso a ação
judicial é uma alternativa, para fazer prevalecer a literalidade lei que concede isenção em
razão de cegueira, não diferenciando a cegueira parcial da total.

TRIBUTÁRIO. IRPF. ISENÇÃO. ART. 6º, XIV, DA LEI 7.713/1988. INTERPRETAÇÃO


LITERAL. CEGUEIRA. DEFINIÇÃO MÉDICA. PATOLOGIA QUE ABRANGE TANTO O

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COMPROMETIMENTO DA VISÃO NOS DOIS OLHOS COMO TAMBÉM EM APENAS
UM.
1. Hipótese em que o recorrido foi aposentado por invalidez permanente em razão
de cegueira irreversível no olho esquerdo e pleiteou, na via judicial, o
reconhecimento de isenção do Imposto de Renda em relação aos proventos
recebidos, nos termos do art. 6º, XIV, da Lei 7.713/1988.
2. As normas instituidoras de isenção devem ser interpretadas literalmente (art.
111 do Código Tributário Nacional). Sendo assim, não prevista, expressamente, a
hipótese de exclusão da incidência do Imposto de Renda, incabível que seja feita
por analogia.
3. De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde (CID-10), da Organização Mundial de Saúde, que é adotada
pelo SUS e estabelece as definições médicas das patologias, a cegueira não está
restrita à perda da visão nos dois olhos, podendo ser diagnosticada a partir do
comprometimento da visão em apenas um olho. Assim, mesmo que a pessoa
possua visão normal em um dos olhos, poderá ser diagnosticada como portadora
de cegueira.
4. A lei não distingue, para efeitos da isenção, quais espécies de cegueira estariam
beneficiadas ou se a patologia teria que comprometer toda a visão, não cabendo ao
intérprete fazê-lo.
5. Assim, numa interpretação literal, deve-se entender que a isenção prevista no
art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 favorece o portador de qualquer tipo de cegueira,
desde que assim caracterizada por definição médica.
6. Recurso Especial não provido.

(STJ, REsp 1196500/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
02/12/2010, DJe 04/02/2011)

MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO DE IRPF. PARALISIA IRREVERSÍVEL E INCAPACITANTE.


INCAPACIDADE TOTAL OU PARCIAL PARA A VIDA LABORATIVA. DEFERIMENTO DA
ISENÇÃO. O art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88, quando versa sobre a isenção do IRPF
sobre os proventos de aposentadoria em benefício de portador de paralisia
irreversível e incapacitante, não qualifica se a incapacidade deve ser total ou
parcial. Ora, se a lei não qualifica a incapacidade, não deve o intérprete fazê-lo,
notadamente no âmbito da isenção de tributária, quando vige o cânone da
interpretação literal, na forma do art. 111, II, do CTN.
Recurso provido.

(CARF, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Processo nº 10850.001091/200728


Recurso nº 179.233 Voluntário, Sessão de 17 de março de 2011)

f) Casos de alienação mental ou de moléstias que provoquem incapacidade civil –


Decisão de interdição como prova, tornando desnecessário o laudo médico
oficial.

Tendo em vista a força persuasiva da sentença judicial de interdição para fins de


declarar no mundo jurídico a incapacidade mental do interditado, é possível suprir o laudo
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oficial com a decisão de interdição transitada em julgado. Nestes casos, aconselha-se a
análise do tópico seguinte – vinculado ao prazo prescricional para a repetição de valores
indevidamente pagos por incapazes a título de imposto de renda sobre pensão.

PROVENTOS DE APOSENTADORIA. CONTRIBUINTE INTERDITADO JUDICIALMENTE


POR SER PORTADOR DE DOENÇA MENTAL. ISENÇÃO. Para fins de isenção do
Imposto de Renda, a interdição judicial baseada em laudo médico que atesta ser o
contribuinte portador de doença mental que o incapacita para o exercício dos
atos da vida civil e, ainda, o fato de receber pensão em decorrência de invalidez
provocada pela mesma doença, são suficientes para comprovar de que o
contribuinte é portador de alienação mental, conforme especificado em Lei.
Recurso provido.
4
(1º Conselho de Contribuintes ; Rec. 141173; Proc. 13701.000819/2001-19; Ac. 104-20634;
Quarta Câmara; Relª Maria Beatriz Andrade de Carvalho; Julg. 15/04/2005)

APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. SENTENÇA DE INTERDIÇÃO COMO PROVA


SUFICIENTE A DEMONSTRAR A SITUAÇÃO DE DOENÇA MENTAL. ISENÇÃO DO
IMPOSTO DE RENDA PREVISTO NO ART. 6º, XIV, DA LEI N. 7.713/1988. EXIGÊNCIA
DE LAUDO MÉDICO PERICIAL, PREVISTA NO ART. 30 DA LEI N. 9.250/1995, NÃO
VINCULA O JUIZ QUANDO DA ANÁLISE DAS PROVAS CARREADAS PARA O PROCESSO
JUDICIAL.
1. A regra legal prevista no art. 30 da Lei nº 9.250/1995, que exige a apresentação
de laudo médico oficial, direciona-se aos agentes fiscais para fins de análise do
pedido administrativo de isenção do imposto de renda. O juiz, no exame do caso,
encontra-se livre para a valoração das provas, à luz do princípio do livre
convencimento motivado (CPC, art. 131). A sentença proferida no âmbito da
Justiça Estadual, que decreta a interdição, pode servir como prova suficiente para
demonstrar que o interessado encontra-se acometido de doença mental.
Precedente citado: TRF2, AC 380339, Rel. Des. Fed. Alberto Nogueira, DJU de
18.04.2007.
2. A improcedência de um dos pedidos autorais induz à sucumbência recíproca, que
veda a condenação em verba honorária, nos termos do art. 21, caput, do CPC.
3. Apelo da União e remessa oficial parcialmente providos, para excluir a
condenação em honorários de sucumbência.

(TRF 2ª R.; AC 0507300-79.2003.4.02.5101; Terceira Turma Especializada; Rel. Juiz Fed. Conv.
Theophilo Miguel; DEJF 05/09/2011)

ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. CARDIOPATIA GRAVE E


ALIENAÇÃO MENTAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. AFASTAMENTA. TESE DO STJ DO
"CINCO MAIS CINCO". APLICAÇÃO. PRESCRIÇÃO DECENAL. EXISTÊNCIA DOENÇA.
RECONHECIMENTO DA ISENÇÃO. PRECEDENTES DESTA CORTE.

4
Conselho de Contribuintes é a antiga denominação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. É órgão
não integrante do Poder Judiciário com competência para decidir processos administrativos da Administração
Fiscal Federal.
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1. A hipótese é de Remessa Oficial e Apelações interpostas contra sentença que
declarou o direito do autor à isenção do imposto de renda incidente sobre os seus
proventos, nos termos do art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88, condenando a União a
restituir todos os valores pagos indevidamente, observada a prescrição decenal.
[...] 5. Diante da comprovação de que o autor é portador de cardiopatia grave e
alienação mental, é de se conceder o benefício da isenção tributária e de se
devolver os valores indevidamente recebidos.
6. O autor é interditado por sentença judicial desde agosto de 1991 e, no processo
de interdição, foi submetido a perícia médica judicial nos termos do artigo 1.183
do CPC, a qual substitui o laudo pericial a ser emitido por serviço médico oficial.
7. O demandante trouxe aos autos declarações médicas que atestam a
permanência das moléstias que lhe assegurariam a isenção pretendida. A
cardiopatia grave foi ainda atestada por outros documentos apresentados nos
autos.
[...] 9. Remessa oficial e apelação improvidas.

(TRF 5ª R.; APELREEX 14488; Proc. 0008050-19.2010.4.05.8300; PE; Segunda Turma; Rel. Des.
Fed. Barros Dias; DJETRF5 03/03/2011)

APELAÇÃO CÍVEL E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. CONCESSÃO DE ISENÇÃO DE


IMPOSTO DE RENDA DEFERIDA EM SEDE ADMINISTRATIVA. TERMO INICIAL PARA
RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
AO IPASGO. LAUDO MÉDICO E DOCUMENTOS INCONCLUSIVOS. MARCO INICIAL.
SENTENÇA DE INTERDIÇÃO.
1. Nos termos do que dispõe os artigos 131 e 436, do Código de Processo Civil, o
juiz é livre na apreciação das provas produzidas ou acostadas nos autos, nelas
formando o seu convencimento, mesmo que não sejam acordes com o laudo oficial
e demais documentos juntados pela parte.
2. Sendo o laudo pericial e demais documentos trazidos pela parte inconclusivos
quanto a data em que se manifestou a doença incapacitante (Alzheimer), acertada
é a decisão que toma como marco a data do ajuizamento da ação de interdição
aludida nos autos.
REMESSA E APELAÇÃO CONHECIDAS E IMPROVIDAS.

(TJGO; DGJ 249713-34.2007.8.09.0051; Goiânia; Rel. Des. Leobino Valente Chaves; DJGO
07/07/2011)

g) Casos de alienação mental ou de moléstias que provoquem incapacidade civil –


não ocorrência de prescrição.

Decretada a interdição de determinado pensionista, ainda que não exista laudo oficial
atestando a alienação mental, é alternativa o ajuizamento de ação visando o
reconhecimento – conforme o tópico “f)”, anterior. Nestes casos é muito comum que exista
longo período de tempo em que houve recolhimentos indevidos, caso em que é importante

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notar a não aplicação do prazo prescricional de cinco anos ao caso. Todo o valor recolhido
posteriormente à sentença de interdição pode ser objeto de restituição mediante ação
judicial.

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. BENEFÍCIO. LEI Nº 7.713/88. ART. 6º, XIV.


ISENÇÃO DO IR. PORTADOR ALIENAÇÃO MENTAL. TERMO INICIAL: DATA DO
DIAGNÓSTICO. LAUDO MÉDICO OFICIAL. APLICAÇÃO DO ART. 198, I, DO
CC/2002. CONDENAÇÃO EM HOORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO.
1- Trata-se de ação em que foi concedido o direito do autor, ora apelado, de
receber os valores indevidamente pagos a título de Imposto de Renda Retido na
Fonte (IRRF) relativos ao período de agosto de 1990 a dezembro de 2005, corrigidos
monetariamente.
2- Cumpre salientar que o argumento da apelante de inaplicabilidade das
disposições do Código Civil às relações jurídicas tributárias é inócuo, visto que na
ausência de disposição expressa da legislação tributária, deverá a autoridade
competente utilizar elementos de integração, assim como dos princípios gerais de
direito privado para dirimir a controvérsia suscitada, segundo os artigos 108 e 109
do próprio Código Tributário Nacional (CTN). Ademais, deve-se esclarecer que o que
se discute não é a capacidade jurídica do apelado de figurar no pólo passivo da
relação jurídica tributária, tampouco a ilegitimidade ad causam, mas sim se este
está sujeito, por sua qualidade descrita em Lei, que deve ser interpretada
literalmente, por força do art. 111 do CTN. ao instituto processual (prescrição) que
permite o reconhecimento do direito pretendido.
3- Com efeito, sendo o apelado portador de alienação mental, deve ser
considerado absolutamente incapaz para todos os atos da vida civil, não se
podendo falar, portanto, em decurso do prazo prescricional, em conformidade
com o que preceitua o art. 198, I, do Código Civil de 2002, in verbis: "Também não
corre a prescrição: I. contra os incapazes de que trata o art. 3 o; (...)".
4- Segundo consta dos autos, o autor está acometido de transtorno afetivo bipolar,
episódio atual, depressivo grave com sintomas psicóticos, F31.5. Cid. Revisão 1993,
estágio crônico irremissível (alienação mental). de acordo com laudo oficial do
Ministério da Defesa, à fl. 31, emitido em setembro de 2006 -, tendo como data do
início da doença agosto de 1990. Por conseguinte, não resta dúvida que o autor
tem direito à isenção do imposto. O entendimento do colendo Superior Tribunal de
Justiça é no sentido de que o termo inicial da isenção do imposto de renda é a data
da comprovação da doença mediante diagnóstico médico, e não da data da
emissão do laudo oficial. Portanto, o apelado tem direito de receber as
importâncias pagas a título de imposto de renda, a partir de agosto de 1990.
[...] 6- Remessa necessária e recurso de apelação improvidos.

(TRF 2ª R.; Rec. 2007.51.03.001345-1; RJ; Quarta Turma Especializada; Rel. Des. Fed. Luiz
Antonio Soares; DEJF2 01/03/2011)

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ISENÇÃO. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE.


DOENÇA COMPROVADA. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. ABSOLUTAMENTE
INCAPAZ. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. CABIMENTO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. A Lei nº 7.713/88 em seu art. 6º, XIV, assegura aos portadores de
moléstia grave a isenção ao imposto de renda. O autor demonstrou ser portador de
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alienação mental, motivo pelo qual foi reformado pelo Ministério da Aeronáutica
em 1971, e posteriormente, interditado judicialmente. Com razão a parte autora,
no que concerne à inocorrência de prescrição, uma vez que, conforme dispõe o
artigo 198, I do Código Civil, a prescrição não corre contra os incapazes, como é o
caso do autor, fazendo ele jus à restituição do imposto de renda desde o advento
da Lei nº 7.713/88 até março de 2002, quando cessaram os descontos do referido
tributo. Cabível a correção monetária, devendo-se aplicar o IPC de janeiro/89 a
janeiro/91 (o índice de janeiro/89 é de 42,72%), o INPC de fevereiro/91 a
dezembro/91, a UFIR nos moldes da Lei nº 8.383/91, e a partir de 01/01/96, a taxa
SELIC, desconsiderando-se a incidência de correção monetária a partir daquela
data, uma vez que a taxa SELIC compreende, também, a taxa de inflação do período
considerado. Juros de mora a serem aplicados, desde o pagamento indevido, no
percentual de 1% (um por cento) ao mês, visto que o mesmo tratamento
dispensado ao contribuinte deve naturalmente ser aplicado ao Fisco, sob pena de
se violar o princípio constitucional da isonomia. Honorários, mantidos em 10%
sobre o valor da condenação, a teor do art. 20, § 3º do CPC e conforme
entendimento pacificado tanto no Colendo Superior Tribunal de Justiça quanto
nesta Egrégia Turma. Custas ex lege.

(TRF 2ª R.; Ap-RN 2006.51.01.0031777; Quarta Turma Especializada; Rel. Des. Fed. Alberto
Nogueira; Julg. 10/02/2009; DJU 04/05/2009; Pág. 82)

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ISENÇÃO. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO.


INCAPACIDADE ABSOLUTA. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. 1.
Conforme preceituam os arts. 169, I, do Código Civil de 1996, 198, inciso I, e 208,
ambos do Código Civil de 2002, não há curso de prescrição e de decadência contra
os absolutamente incapazes, de modo que faz jus o autor, portador de quadro de
alienação mental irreversível, incontroverso nos autos, à restituição dos valores
descontados a título de imposto de renda sobre a pensão por morte por ele
percebida nos anos de 1989 a 1996.

(TRF 4ª R.; AC 2004.71.00.027349-0; RS; Segunda Turma; Rel. Des. Fed. Otávio Roberto
Pamplona; Julg. 20/11/2007; DEJF 12/12/2007; Pág. 59)

h) Prazo razoável para apreciação de pedido administrativo de restituição de


imposto de renda.

Quando laudo pericial oficial apontar que a doença grave foi contraída em mês de
exercício anterior ao corrente (em ano anterior) e no respectivo ano-calendário houve saldo
de imposto a pagar, é preciso requerer administrativamente a restituição. Neste caso,
alertamos que há posicionamento assentado no Judiciário de que a Fazenda tem até 360 dias
para a sua conclusão – se superado este prazo é possível o ajuizamento de ação visando
apressar a decisão administrativa.

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TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL FEDERAL. PEDIDO ADMINISTRATIVO DE
RESTITUIÇÃO. PRAZO PARA DECISÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. APLICAÇÃO DA
LEI 9.784/99. IMPOSSIBILIDADE. NORMA GERAL. LEI DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO FISCAL. DECRETO 70.235/72. ART. 24 DA LEI 11.457/07. NORMA
DE NATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC
NÃO CONFIGURADA.
1. A duração razoável dos processos foi erigida como cláusula pétrea e direito
fundamental pela Emenda Constitucional 45, de 2004, que acresceu ao art. 5º, o
inciso LXXVIII, in verbis: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade
de sua tramitação."
2. A conclusão de processo administrativo em prazo razoável é corolário dos
princípios da eficiência, da moralidade e da razoabilidade. (Precedentes: MS
13.584/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/2009,
DJe 26/06/2009; REsp 1091042/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA
TURMA, julgado em 06/08/2009, DJe 21/08/2009; MS 13.545/DF, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 29/10/2008, DJe
07/11/2008; REsp 690.819/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 22/02/2005, DJ 19/12/2005)
3. O processo administrativo tributário encontra-se regulado pelo Decreto
70.235/72 - Lei do Processo Administrativo Fiscal -, o que afasta a aplicação da Lei
9.784/99, ainda que ausente, na lei específica, mandamento legal relativo à fixação
de prazo razoável para a análise e decisão das petições, defesas e recursos
administrativos do contribuinte.
4. Ad argumentandum tantum, dadas as peculiaridades da seara fiscal, quiçá fosse
possível a aplicação analógica em matéria tributária, caberia incidir à espécie o
próprio Decreto 70.235/72, cujo art. 7º, § 2º, mais se aproxima do thema
judicandum, in verbis:
"Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de
2001)
I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente,
cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto;
II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros;
III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada.
§ 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em
relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos
demais envolvidos nas infrações verificadas.
§ 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II
valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual
período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos
trabalhos."
5. A Lei n.° 11.457/07, com o escopo de suprir a lacuna legislativa existente, em seu
art. 24, preceituou a obrigatoriedade de ser proferida decisão administrativa no
prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo dos
pedidos, litteris: "Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no
prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições,
defesas ou recursos administrativos do contribuinte."

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6. Deveras, ostentando o referido dispositivo legal natureza processual fiscal, há de
ser aplicado imediatamente aos pedidos, defesas ou recursos administrativos
pendentes.
7. Destarte, tanto para os requerimentos efetuados anteriormente à vigência da
Lei 11.457/07, quanto aos pedidos protocolados após o advento do referido
diploma legislativo, o prazo aplicável é de 360 dias a partir do protocolo dos
pedidos (art. 24 da Lei 11.457/07).
[...] 9. Recurso especial parcialmente provido, para determinar a obediência ao
prazo de 360 dias para conclusão do procedimento sub judice. Acórdão submetido
ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.

(REsp 1138206/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/08/2010, DJe
01/09/2010)

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PONDERAÇÕES FINAIS QUANTO ÀS ALTERNATIVAS JUDICIAIS RELACIONADAS AO IMPOSTO
DE RENDA

O imposto de renda é um tributo com sistemática particularmente complexa.


O seu regulamento tem 1.004 artigos divididos em quatro livros e sua interpretação exige a
compreensão do complexo e dinâmico Sistema Tributário Nacional. Alertamos que a ação
judicial mal elaborada provavelmente resultará em prejuízo ao contribuinte, em razão da
peculiaridade do tema – rico em detalhes importantes. Procure o advogado especialista em
Direito Tributário, para consulta sobre a conveniência de ajuizamento de ação e suas chances
de êxito.

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3. DEDUTIBILIDADE DAS DESPESAS DE INSTRUÇÃO DO DEFICIENTE FÍSICO OU MENTAL

Para o ano-calendário de 2011, as despesas empregadas na educação do titular ou


dos dependentes são dedutíveis até o limite anual individual de R$ 2.958,23. Os gastos que
ultrapassarem esse limite não podem ser aproveitados para dedução em relação a outros
dependentes ou em relação ao titular.

Com relação a deficientes físicos ou mentais, as despesas empregadas na sua


instrução podem ser deduzidas como despesas médicas, que não são limitadas pelo teto de
R$ 2.958,23. A dedução de despesas de instrução de deficientes como despesas médicas é
condicionada (i) à existência de laudo médico atestando o estado de deficiência e (ii) à
comprovação de que a despesa foi efetuada em entidade destinada a deficientes físicos ou
mentais (IN SRF nº 15 de 6 de fevereiro de 2001, art. 44).

A dedução dessas despesas é condicionada a que os pagamentos sejam informados


na Relação de Pagamentos e Doações Efetuados da Declaração de Ajuste Anual. A critério da
Fiscalização, estas despesas devem ser comprovadas quando mediante apresentação de
documentos originais que indiquem o nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem recebeu o
pagamento. Na falta de documentação, é admitida a comprovação mediante a indicação do
cheque nominativo com que foi efetuado o pagamento.

Assim, a juízo da autoridade fiscal, todas as deduções estarão sujeitas a comprovação


ou justificação, e, portanto, poderão ser exigidos outros elementos necessários à
comprovação da despesa médica.

Pode ser declarado como deficiente dependente, para efeito do imposto sobre a
renda, filho ou enteado, em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente
para o trabalho; irmão, neto ou bisneto, sem arrimo dos pais, de quem o declarante detenha
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a guarda judicial, em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o
trabalho; ou pessoa absolutamente incapaz, da qual o contribuinte seja tutor ou curador.

Caso em anos anteriores não tenham sido declaradas despesas de instrução como
despesas médicas e não tenha sido aproveitado o benefício fiscal, é possível realizar a
restituição do imposto recolhido a maior – desde que exista (i) laudo médico atestando o
estado de deficiência e (ii) comprovação de que a despesa foi efetuada em entidade
destinada a deficientes físicos ou mentais. Esta restituição, em princípio pode ocorrer
administrativamente, mediante a apresentação de Declarações Retificadoras. Caso a Fazenda
não defira o pedido, a perspectiva de êxito judicial é muito favorável.

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4. ISENÇÃO ESPECIAL PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO POR DEFICIENTE E PESSOAS COM
LIMITAÇÕES FÍSICAS.

Os Tributos objeto de desoneração

A legislação desonera a aquisição de veículos por pessoas com determinadas


dificuldades físicas através da isenção do IPI, IOF e ICMS. No que interessa, o Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) incide sobre o produto que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo e
está embutido no preço que o consumidor paga pelo produto – um veículo, por exemplo.

O imposto sobre operações financeiras (IOF) incide, dentre as diversas hipóteses,


sobre a operação financeira de financiamento de veículo. O Imposto sobre a circulação de
mercadorias e determinados serviços (ICMS), desprezando aspectos técnicos, incide sobre a
venda de mercadorias. Todos estes tributos incidem sobre a compra de veículo financiado e
a carga tributária conjunta pode chegar a 58% do valor do veículo financiado.

Beneficiários das isenções:

A concessão dos benefícios está vinculada à condição física do beneficiário. A


deficiência pode ser congênita ou decorrente de moléstia grave ou acidente, desde que seja
incapacitante ou dificulte a condução de automóvel.

O benefício fiscal de IPI que trata este tópico é destinado a pessoas portadoras de
deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas. Portadores de câncer
podem ser beneficiados em determinados casos. A legislação federal considera pessoa
portadora de deficiência física também o contribuinte que apresenta alteração completa ou
parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da
função física. São relacionadas as seguintes moléstias:
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• Paraplegia • Triparesia
• Paraparesia • Hemiplegia
• Monoplegia • Hemiparesia
• Monoparesia • Amputação ou ausência de membro
• Tetraplegia • Paralisia cerebral
• Tetraparesia • Membros com deformidade congênita ou
• Triplegia adquirida

Deformidades estéticas ou problemas físicos que não produzam dificuldades para o


desempenho de funções não conferem direito à isenção. É considerado portador de
deficiência visual aquele com acuidade visual igual ou menor que 20/200 (tabela de Snellen)
no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20°, ou ocorrência
simultânea de ambas as situações.

Em relação ao IOF, a legislação federal atribui o benefício fiscal a portadores de


deficiência física atestada pelo DETRAN competente, cujo laudo de perícia médica
especifique o tipo de defeito físico e a total incapacidade do requerente para dirigir
automóveis convencionais e a habilitação do requerente para dirigir veículo com adaptações
especiais, descritas no referido laudo. A isenção do IOF poderá ser utilizada apenas uma vez.

Quanto ao benefício fiscal relacionado ao ICMS, a legislação estadual gaúcha


considera deficiência física a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do
corpo humano, acarretando o comprometimento da função física. São relacionadas pela
legislação gaúcha (ref. ao ICMS), além das listadas pela legislação federal, a mastectomia e o
nanismo – contudo a isenção de ICMS está condicionada à isenção de IPI. A isenção de ICMS
deverá ser transferida ao adquirente do veículo pela concessionária do veículo, mediante
redução no seu preço.

A isenção de ICMS somente se aplica a veículo automotor novo cujo preço de venda
ao consumidor sugerido pelo fabricante, incluídos os tributos incidentes, não seja superior a
R$ 70.000,00 (setenta mil reais). A isenção não é concedida se o adquirente tiver débitos
para com a Fazenda Pública Estadual.
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Deficiência mental

Dispõe a legislação tributária, para fins de isenção de que trata este tópico, que a
condição de pessoa com deficiência mental severa ou profunda, ou autismo deve ser
atestada em conjunto por médico e psicólogo, seguindo os seguintes critérios diagnósticos.
Considera-se pessoa portadora de deficiência mental a que apresentar funcionamento
intelectual significativamente inferior à média, com manifestação anterior aos dezoito anos e
limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
• comunicação; • saúde e segurança;
• cuidado pessoal; • habilidades acadêmicas;
• habilidades sociais; • lazer;
• utilização da comunidade; • trabalho.

O preenchimento do laudo referente à deficiência mental deverá atender a definição


contida na Classificação Internacional de Doenças (CID), contemplando-se, única e
exclusivamente, os níveis severo/grave ou profundo da deficiência mental. É possível a
concessão da isenção, ainda que o veículo não seja adaptado, quando dirigido por terceiro.

AGRAVO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IPVA E ICMS. ISENÇÃO. DEFICIENTE MENTAL -


SÍNDROME DE DOWN. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO PARA TERCEIRO DIRIGIR. A isenção
legal de IPVA e ICMS é de ser reconhecida também aos veículos não adaptados
destinados a deficientes mentais, a ser dirigido por terceiro. Precedentes. RECURSO
DESPROVIDO.

(Agravo Nº 70045078474, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Denise Oliveira Cezar, Julgado em 27/10/2011)

Portadores de câncer

Portadores de câncer podem fazer jus aos benefícios fiscais, dependendo das
dificuldades físicas que o tratamento da doença provocar. Mulheres que sofreram
mastectomia total ou parcial, em princípio, podem pleitear o benefício. Isso porque a
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extração de glândulas dificulta a direção, bem como limita a possibilidade de realizar
esforços ao dirigir. O procedimento cirúrgico, em regra, deixa seqüelas decorrentes da
extração de gânglios da região axilar, responsáveis pela drenagem linfática do membro
superior – ainda que de apenas um dos braços.

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DE ICMS.


LEGITIMIDADE ATIVA. DEFICIÊNCIA FÍSICA POR CÂNCER DE MAMA. DIREÇÃO
HIDRÁULICA. INCIDÊNCIA DO PRIVILÉGIO LEGAL. CUSTAS PROCESSUAIS.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
O consumidor é parte legítima para postular o reconhecimento de isenção de ICMS
na aquisição de veículo especial, por lhe serem transferidos todos os encargos
econômicos do tributo. Nos termos da legislação vigente, é devido o
reconhecimento do benefício ao contribuinte que, por motivo de deficiência
física, possua comprovadamente restrições na condução de veículos automotores.
No caso, restou demonstrado, através de laudo emitido pela junta médica do
DETRAN/RS, que é imprescindível o uso de direção hidráulica. Descabido o
argumento de que não são necessárias adaptações no veículo, por se tratar de item
de fábrica. A lei busca tutelar as necessidades especiais daqueles que, por inaptidão
física, possuam restrições ao exercício do direito fundamental à locomoção. [...]
APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE EM REEXAME
NECESSÁRIO.

(Apelação Cível Nº 70043047497, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Almir Porto da Rocha Filho, Julgado em 10/08/2011)

Diabetes/AIDS

Os portadores de diabetes ou AIDS podem fazer jus aos benefícios fiscais,


dependendo das dificuldades físicas que o tratamento da doença provocar. Eventuais
amputações ou limitações físicas severas justificam o benefício fiscal.

Procedimento

Sugerimos ao contribuinte que pretende fazer jus às isenções de IPI, IOF e ICMS na
aquisição de veículos, no Rio Grande do Sul, o seguinte procedimento (passos são explicados
a seguir): (i) submeter-se a exame médico através das entidades associadas ao DETRAN, (ii)
proceder o requerimento administrativo federal, visando a isenção de IPI e IOF e, após o
deferimento, requerer administrativamente a isenção de ICMS à Fazenda Estadual. (iii) Após
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ambos os deferimentos, encaminhar a documentação à concessionária e adquirir o veículo.
(iv) Então, após a aquisição do automóvel, apresentar a documentação que formaliza a
compra do veículo junto à Receita Federal e à Fazenda Estadual.

Para habilitar-se à isenção, a pessoa portadora de deficiência física, visual, mental


severa ou profunda ou o autista, pessoalmente ou através de representante, deverá
apresentar requerimento à unidade RFB de sua jurisdição. Devem acompanhar o
requerimento os seguintes documentos:

• Laudo de Avaliação emitido por prestador de serviço público ou privado de saúde,


contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde (SUS). É aceito para
fins de comprovação da deficiência o laudo de avaliação obtido no Departamento de
Trânsito (DETRAN) ou de clínicas credenciadas. Laudos obtidos por intermédio de
Serviço Social Autônomo, sem fins lucrativos, criado por lei, fiscalizado por órgão dos
Poderes Executivo ou Legislativo da União também são aceitos.
• Declaração de Disponibilidade Financeira ou Patrimonial da pessoa portadora de
deficiência ou do autista, apresentada diretamente ou por intermédio de
representante legal. A disponibilidade financeira deve ser compatível com o valor do
veículo a ser adquirido.
• Cópia da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do beneficiário da isenção, caso seja
ele o condutor do veículo;
• Caso a pessoa portadora de deficiência ou o autista, beneficiário da isenção, não seja
o condutor do veículo, por qualquer motivo, o veículo deverá ser dirigido por
condutor autorizado pelo requerente, podendo ser indicados até três condutores
autorizados. É permitida a substituição dos condutores indicados. A indicação de
condutor não impede que o portador de deficiência conduza o veículo, desde que
esteja apto para tanto.

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• Declaração de credenciamento junto ao departamento de trânsito (DETRAN) ou
Declaração de serviço médico privado integrante do sistema único de saúde (SUS), se
for o caso.
• Comprovação da representação legal, se for o caso.
• Declaração de Regularidade de Situação do Contribuinte Individual (DRS-CI),
fornecida exclusivamente pelo INSS.
• Formulário de requerimento para isenção de IOF

No Rio Grande do Sul, o DETRAN realiza exames médicos e emite o respectivo laudo a
ser protocolizado conjuntamente a requerimento na Receita Federal.

Para fins de IPI, deferido o pedido administrativo junto à Receita Federal, são
entregues duas primeiras vias do despacho ao contribuinte, que deverá entregá-las ao
distribuidor do veículo (concessionária de veículos). A primeira via deve ser remetida pelo
distribuidor autorizado ao estabelecimento industrial ou equiparado a industrial que
industrializou o veículo e a segunda via permanecerá em poder do distribuidor do veículo
(concessionária).

O prazo de validade da autorização é de 180 dias. Poderá ser formalizado novo


pedido pelo interessado caso a autorização não seja utilizada no prazo.

Adquirido o veículo, o beneficiário da isenção deverá enviar à Receita Federal cópia


da Nota Fiscal relativa à aquisição do veículo até o último dia do mês seguinte ao da sua
emissão, ou as duas vias originais da autorização, no caso de não utilização das mesmas, no
prazo de 30 dias contados a partir do prazo de validade da autorização.

Para fins de IOF, são isentas do tributo as operações financeiras para aquisição de
automóveis de passageiros de fabricação nacional de até 127 HP de potência bruta para
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pessoas portadoras de deficiência física, atestada pelo DETRAN onde residirem em caráter
permanente, cujo laudo de perícia médica especifique o tipo de defeito físico e a total
incapacidade do requerente para dirigir automóveis convencionais e a habilitação do
requerente para dirigir veículo com adaptações especiais, descritas no referido laudo

Para habilitar-se à fruição da isenção de IOF, a pessoa portadora de deficiência física,


visual, mental severa ou profunda ou o autista deverá apresentar, diretamente ou por
intermédio de seu representante legal, requerimento acompanhado dos documentos a
seguir relacionados, à unidade RFB de sua jurisdição, dirigido ao Delegado da Delegacia da
Receita Federal do Brasil (DRF) ou ao Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil de
Administração Tributária (Derat):

• Laudo de Avaliação emitido por prestador de serviço público de saúde ou serviço


privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde
(SUS). Poderá ser considerado, para fins de comprovação da deficiência, laudo de
avaliação obtido no Departamento de Trânsito (Detran) ou em suas clínicas
credenciadas ou por intermédio de Serviço Social Autônomo, sem fins lucrativos,
criado por lei, fiscalizado por órgão dos Poderes Executivo ou Legislativo da União;
• Declaração de Disponibilidade Financeira ou Patrimonial da pessoa portadora de
deficiência ou do autista, apresentada diretamente ou por intermédio de seu
representante legal. A disponibilidade financeira deve ser compatível com o valor do
veículo a ser adquirido;
• Cópia da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do beneficiário da isenção, caso seja
ele o condutor do veículo;
• Caso a pessoa portadora de deficiência ou o autista, beneficiário da isenção, não seja
o condutor do veículo, por qualquer motivo, o veículo deverá ser dirigido por
condutor autorizado pelo requerente, podendo ser indicados até 3 (três) condutores
autorizados. É permitida a substituição dos condutores autorizados informando a
autoridade responsável pela análise do pedido de isenção. Neste caso deve ser

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apresentada cópia da CNH de todos os condutores autorizados. A indicação de
condutor(es) não impede que a pessoa portadora de deficiência conduza o veículo,
desde que esteja apto para tanto, observada a legislação específica.
• Documento que comprove a representação legal, se for o caso.
• Declaração de Regularidade de Situação do Contribuinte Individual (DRS-CI),
fornecida exclusivamente pelo INSS.
• Caso o interessado não seja contribuinte ou seja isento da contribuição
previdenciária, deverá apresentar declaração atestando esta condição.
• Formulário de Requerimento para isenção de IOF.

Deferido o pedido, os originais das duas primeiras vias serão entregues pelo
interessado ao distribuidor autorizado (concessionária de veículos), com a seguinte
destinação:

• A primeira via será remetida pelo distribuidor autorizado ao estabelecimento


industrial ou equiparado a industrial; e
• A segunda via permanecerá em poder do distribuidor.

O prazo de validade da autorização é de 180 (cento e oitenta) dias contados de sua


emissão. Na hipótese de não-utilização da autorização no prazo de 180 (cento e oitenta)
dias, poderá ser formalizado novo pedido pelo interessado.

Adquirido o veículo, o beneficiário da isenção deverá enviar à DRF ou à Derat cópia da


Nota Fiscal relativa à aquisição do veículo até o último dia do mês seguinte ao da sua
emissão, ou as duas vias originais da autorização, no caso de não utilização das mesmas, no
prazo de 30 (trinta) dias contados a partir do prazo de validade da autorização. A falta de
apresentação dos documentos mencionados, ensejará a aplicação da multa

A aquisição do veículo com o benefício fiscal, realizada por pessoa que não preencha
as condições exigidas, bem como a utilização do veículo por pessoa que não seja a
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beneficiária da isenção, salvo o condutor autorizado, sujeitará o adquirente ao pagamento
do tributo dispensado, acrescido de juros e multa de mora, sem prejuízo das sanções penais
cabíveis.

Para fins de ICMS, no Rio Grande do Sul, deverá ser apresentado requerimento na
repartição fiscal do domicílio do interessado. O requerimento deve ser acompanhado dos
seguintes documentos:

• Laudo de perícia médica fornecido pelo DETRAN do domicílio do interessado que


especifique o tipo de deficiência física e discrimine as características específicas
necessárias para que o motorista portador de deficiência física possa dirigir o veículo;
• Comprovação de disponibilidade financeira ou patrimonial, do portador de
deficiência, suficiente para fazer frente aos gastos com a aquisição e a manutenção
do veículo a ser adquirido, mediante apresentação da Declaração de Ajuste Anual do
Imposto de Renda relativa ao último exercício, acompanhada do Recibo de Entrega,
ou, na falta desta, de outro documento comprobatório indicado pela Fiscalização de
Tributos Estaduais;
• Cópia autenticada da Carteira Nacional de Habilitação, na qual constem as restrições
referentes ao condutor e as adaptações necessárias ao veículo;
• Cópia autenticada da autorização expedida pela Secretaria da Receita Federal para
aquisição do veículo com isenção do IPI;
• Comprovante de residência.

Quando o interessado necessitar do veículo com característica específica para obter a


Carteira Nacional de Habilitação, poderá adquiri-lo com isenção sem a apresentação da cópia
autenticada mencionada no terceiro item acima.

A Administração Fazendária gaúcha, de posse do requerimento e demais


documentos, deferirá o pedido se preenchidas as condições. Neste caso será emitida
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autorização para a compra do veículo com isenção do ICMS, em quatro vias, que terão a
seguinte destinação:

• A 1ª via deverá permanecer com o interessado;


• A 2ª via será entregue à concessionária, que deverá remetê-la ao fabricante;
• A 3ª via deverá ser arquivada pela concessionária que efetuou a venda ou
intermediou a sua realização;
• A 4ª via ficará em poder da Fiscalização de Tributos Estaduais.

Após a aquisição do veículo o adquirente deve apresentar à repartição fazendária do


seu domicílio, em até 180 dias, contados da data da aquisição constante no documento fiscal
de venda, os seguintes documentos:

• Cópia autenticada da Carteira Nacional de Habilitação, na hipótese de não ter sido


apresentada, por ocasião do reconhecimento do direito à isenção;
• Cópia autenticada do documento fiscal referente à colocação do acessório ou da
adaptação efetuada pela oficina especializada ou pela concessionária autorizada, na
hipótese de o veículo não ter saído de fábrica com as características específicas
discriminadas como necessárias no laudo médico emitido pelo DETRAN.

Repisamos nossa recomendação ao contribuinte que busca as isenções de IPI, IOF e


ICMS na aquisição de veículos, no Rio Grande do Sul, quanto ao seguinte procedimento: (i)
submeter-se a exame médico através das entidades associadas ao DETRAN, (ii) proceder o
requerimento administrativo federal, visando a isenção de IPI e IOF e, após o deferimento,
requerer administrativamente a isenção de ICMS à Fazenda Estadual. (ii) Após ambos os
deferimentos, encaminhar a documentação à concessionária e adquirir o veículo. (iv) Então,
apresentar a documentação que formaliza a compra do veículo junto à Receita Federal e à
Fazenda Estadual.

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Revenda do veículo

A alienação de veículo adquirido com isenção de IOF/IPI, efetuada antes de 2 (dois)


anos da sua aquisição, depende de autorização da Receita Federal e somente será concedida
se comprovado que a transferência será feita a pessoa que satisfaça os requisitos à isenção
ou que comprove o pagamento do IPI correspondente através da apresentação de
Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) junto da cópia da Nota Fiscal do
veículo.

Quanto à isenção de ICMS, o adquirente do veículo deverá recolher o imposto, nos


termos da legislação vigente e sem prejuízo das sanções penais cabíveis, na hipótese de
transmissão do veículo, a qualquer título, no prazo de 3 (três) anos da data da aquisição, a
pessoa que não faça jus ao mesmo tratamento fiscal. Também é necessário o pagamento do
tributo correspondente em caso de modificação das características do veículo, para lhe
retirar o caráter de especialmente adaptado, no caso de emprego do veículo em finalidade
que não seja a que justificou a isenção e na hipótese de não ser apresentada após a
aquisição, na repartição fiscal de seu domicílio, os documentos que formalizam a aquisição
do veículo.

Informações complementares

Quanto aos tributos federais (IPI/IOF), os automóveis serão adquiridos diretamente


pelas pessoas que tenham plena capacidade jurídica e, no caso dos interditos, pelos
curadores. Os curadores respondem solidariamente quanto ao imposto que deixar de ser
pago, em razão da isenção. A isenção do IPI não se aplica às operações de arrendamento
mercantil (leasing).

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A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI de que trata este tópico
pode ser utilizada a cada dois anos. O deficiente poderá ser menor de idade.

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ALTERNATIVAS JUDICIAIS

Segundo nossa experiência, a tendência de a Fazenda preservar os interesses do


Tesouro Público freqüentemente resulta em condutas ilegais ou inconstitucionais, em
detrimento do contribuinte. Nestes casos é preciso o auxílio do advogado, que é
indispensável à administração da justiça.5

Os processos judiciais de interesse de portador de doença grave, têm prioridade de


tramitação, caso em que o processo recebe identificação diferenciada que evidencia o
regime de tramitação prioritária. A prioridade de tramitação não cessa com a morte do
beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge vivo (supérstite), companheiro ou
companheira em união estável.

Frisamos que o erro quanto à interpretação das disposições legais efetivamente


prejudicará o contribuinte em ação judicial oferecida de maneira não apropriada ao
Judiciário. Procure o advogado especialista em Direito Tributário.

a) Concessão de isenção a portadora de câncer de mama sujeitada a mastectomia.

A alteração parcial de um segmento do corpo humano, acarretando o


comprometimento da função física, basta para a concessão da isenção especial objeto deste
tópico. As decisões que seguem tratam de casos em que houve tratamento do câncer
através de mastectomia e esvaziamento axilar.

TRIBUTÁRIO. IPI. AUTOMÓVEL. ISENÇÃO. DEFICIÊNCIA FÍSICA. LAUDO. LEI 8.989/95.


1. Demonstrado por meio de laudo pericial realizado por médico do juízo, que a
autora tem como deficiência a diminuição da força do membro superior direito,

5
Constituição Federal de 1988, Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável
por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
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impõe-se a concessão da isenção de IPI para aquisição de automóvel, conforme
previsto na Lei 8.989/95.
2. No caso, a deficiência da autora amolda-se à figura de alteração parcial de um
segmento do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física,
conforme exige o parágrafo 1º do artigo 1º da Lei 8.989/95.

(TRF4, AC 2008.71.15.000731-3, Primeira Turma, Relator Álvaro Eduardo Junqueira, D.E.


10/10/2011)

TRIBUTÁRIO. IPI. AUTOMÓVEL. ISENÇÃO. DEFICIÊNCIA FÍSICA. LAUDO. LEI 8.989/95.


Demonstrado por meio de laudo pericial realizado por médico do DETRAN, que a
Impetrante tem como deficiência a diminuição da força do membro superior
direito, acrescido da circunstância de que quatro anos antes, a mesma pessoa teve
deferido do benefício fiscal, quando apresentava exatamente a mesma deficiência
(constatada em laudo oficial) e submetida à mesma legislação, impõe-se a
concessão da isenção de IPI para aquisição de automóvel, conforme previsto na Lei
8.989/95. No caso, a deficiência da Impetrante amolda-se à figura de alteração
parcial de um segmento do corpo humano, acarretando o comprometimento da
função física, conforme exige o parágrafo 1º do artigo 1º da Lei 8.989/95. Apesar
de a própria Administração admitir não ter dúvida de que a Impetrante apresenta
diminuição de força do membro superior direito, entendeu por indeferir o benefício
fiscal. Mantida a sentença que determinou a concessão de isenção de IPI.

(TRF4, APELREEX 2008.72.05.002230-6, Primeira Turma, Relator Joel Ilan Paciornik, D.E.
12/01/2011)

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IPI E IOF. ISENÇÃO AQUISIÇÃO DE


VEÍCULO ADAPTADO. DEFICIENTE FÍSICO.
1. A Lei 8.989/95, com redação dada pela Lei nº 10.690/03, dispõe sobre a isenção
do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, na aquisição de automóveis por
pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou
autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal
2. Laudo Médico emitido por junta médica especial do DETRAN/RS no qual consta
expressamente que a impetrante possui completa incapacidade para dirigir
veículo comum é prova hábil à concessão da isenção.

(TRF4, APELREEX 2007.71.05.004830-1, Segunda Turma, Relatora Luciane Amaral Corrêa


Münch, D.E. 04/11/2009)

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DE ICMS.


LEGITIMIDADE ATIVA. DEFICIÊNCIA FÍSICA POR CÂNCER DE MAMA. DIREÇÃO
HIDRÁULICA. INCIDÊNCIA DO PRIVILÉGIO LEGAL. CUSTAS PROCESSUAIS.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
O consumidor é parte legítima para postular o reconhecimento de isenção de ICMS
na aquisição de veículo especial, por lhe serem transferidos todos os encargos
econômicos do tributo. Nos termos da legislação vigente, é devido o
reconhecimento do benefício ao contribuinte que, por motivo de deficiência
física, possua comprovadamente restrições na condução de veículos automotores.
No caso, restou demonstrado, através de laudo emitido pela junta médica do
DETRAN/RS, que é imprescindível o uso de direção hidráulica. Descabido o
argumento de que não são necessárias adaptações no veículo, por se tratar de item
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de fábrica. A lei busca tutelar as necessidades especiais daqueles que, por inaptidão
física, possuam restrições ao exercício do direito fundamental à locomoção. [...]
APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE EM REEXAME
NECESSÁRIO.

(Apelação Cível Nº 70043047497, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Almir Porto da Rocha Filho, Julgado em 10/08/2011)

b) Isenção quando a única alteração necessária do veículo é item de série.

Ainda quando a única modificação do veículo seja item de série, é aplicável a isenção.

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DE ICMS.


LEGITIMIDADE ATIVA. DEFICIÊNCIA FÍSICA POR CÂNCER DE MAMA. DIREÇÃO
HIDRÁULICA. INCIDÊNCIA DO PRIVILÉGIO LEGAL. CUSTAS PROCESSUAIS.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
O consumidor é parte legítima para postular o reconhecimento de isenção de ICMS
na aquisição de veículo especial, por lhe serem transferidos todos os encargos
econômicos do tributo. Nos termos da legislação vigente, é devido o
reconhecimento do benefício ao contribuinte que, por motivo de deficiência
física, possua comprovadamente restrições na condução de veículos
automotores. No caso, restou demonstrado, através de laudo emitido pela junta
médica do DETRAN/RS, que é imprescindível o uso de direção hidráulica.
Descabido o argumento de que não são necessárias adaptações no veículo, por se
tratar de item de fábrica. A lei busca tutelar as necessidades especiais daqueles
que, por inaptidão física, possuam restrições ao exercício do direito fundamental à
locomoção. [...] APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE
EM REEXAME NECESSÁRIO.

(Apelação Cível Nº 70043047497, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Almir Porto da Rocha Filho, Julgado em 10/08/2011)

c) Obtenção da isenção especial por meio de laudo não emitido por junta oficial.

Assim como quanto à isenção de imposto de renda concedida a portadores de


moléstias graves, o laudo médico proferido por junta oficial não é imprescindível, bem como
o seu resultado não obriga o Poder Judiciário. O juiz é livre na apreciação das provas, o que
pode resultar em conclusão diferente da emitida pela Administração Fazendária.

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TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DO IPI NA COMPRA DE AUTOMÓVEIS. PORTADORES DE
DEFICIÊNCIA MENTAL SEVERA OU PROFUNDA. COMPROVAÇÃO DA DEFICIÊNCIA
POR LAUDOS EMITIDOS POR PERITO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO ART.
2º DA LEI 10.690/2003 E AOS DISPOSITIVOS DO CTN QUE DISPÕEM SOBRE A
CONCESSÃO DE ISENÇÃO.
1. A Lei 8.989/95, em seu art. 1º, com a redação dada pela Lei 10.690/2003, assim
dispõe, na parte que interessa: "Art. 1º - Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos
Industrializados – IPI os automóveis de passageiros de fabricação nacional,
equipados com motor de cilindrada não superior a dois mil centímetros cúbicos, de
no mínimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a
combustíveis de origem renovável ou sistema reversível de combustão, quando
adquiridos por: (...) IV – pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental
severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu
representante legal; (...) § 4º - A Secretaria Especial dos Diretos Humanos da
Presidência da República, nos termos da legislação em vigor e o Ministério da Saúde
definirão em ato conjunto os conceitos de pessoas portadoras de deficiência
mental severa ou profunda, ou autistas, e estabelecerão as normas e requisitos
para emissão dos laudos de avaliação delas. (...)"
2. No caso, ao confirmar a sentença que, em relação ao pedido de isenção do IPI,
havia concedido o presente mandado de segurança, o Tribunal de origem decidiu
que – em relação à ausência dos laudos de avaliação em conformidade com os
conceitos de deficiência mental profunda ou severa estabelecidos em ato conjunto
da Secretaria Especial dos Diretos Humanos da Presidência da República e do
Ministério da Saúde – o referido requisito legal encontra-se suprido pelos laudos
periciais produzidos por perito judicial nas ações de interdição.
3. Em assim decidindo, o Tribunal de origem não contrariou o art. 2º da Lei
10.690/2003 e os artigos do Código Tributário Nacional que dispõem sobre a
concessão de isenção; muito pelo contrário, observou a jurisprudência dominante
desta Corte a respeito da interpretação dada a uma norma análoga, qual seja o
art. 30 da Lei 9.250/95. De fato, este Tribunal Superior firmou sua jurisprudência
no sentido de que o art. 30 da Lei 9.250/95 não vincula o magistrado na livre
apreciação das provas. O acórdão recorrido encontra-se em conformidade, ainda,
com os seguintes precedentes desta Corte relativos à isenção do IPI na compra de
automóveis, em se tratando de pessoas portadoras de deficiência: REsp
523.971/MG, 2ª Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, RSTJ, vol. 190, p. 235; REsp
567.873/MG, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, RSTJ, vol. 182, p. 134.
4. Recurso especial não provido.

(REsp 886.831/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,


julgado em 02/09/2010, DJe 04/10/2010)

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5. ISENÇÃO ESPECIAL DE IPVA A DEFICIENTES FÍSICOS

O tributo

O imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores é devido anualmente.


Segundo a legislação gaúcha, são contribuintes do imposto os proprietários de veículos
automotores sujeitos a registro e/ou licenciamento em órgão federal, estadual ou municipal.

A alíquota do imposto é de 3% (três por cento), sobre o valor médio de mercado, no


caso de propriedade de veículos automotores de tipo automóvel ou camioneta.

Beneficiários das isenções:

A legislação gaúcha isenta do IPVA deficientes físicos e os paraplégicos, em relação ao


veículo adaptado às necessidades de seu proprietário, em razão da deficiência física ou da
paraplegia.

Procedimento

A isenção objeto deste tópico é condicionada ao seu reconhecimento por Fiscal de


Tributos Estaduais e somente será reconhecidas após a apresentação de documentos que
comprovem a condição de proprietário. O veículo adaptado deve ser de uso exclusivo do
proprietário.

O proprietário deverá apresentar laudo de perícia médica fornecido exclusivamente


pelo Departamento Estadual de Trânsito, especificando o tipo de deficiência física e
atestando a total incapacidade do requerente para dirigir veículos automotores comuns,
bem como habilitação para conduzir veículo com as adaptações discriminadas no laudo.

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O veículo deverá possuir as adaptações e características especiais, tais como
transmissão automática e controles manuais, que tornem sua utilização adequada ao
proprietário. É preciso apresentar, na ocasião da solicitação do reconhecimento da isenção, o
veículo com as adaptações necessárias constantes no laudo.
O interessado deverá solicitar o benefício na Central de Atendimento ao Contribuinte
(CAC), quando for domiciliado em Porto Alegre, ou na repartição fazendária à qual se vincula
o seu domicílio, nos demais casos. Para o reconhecimento da isenção especial concedida ao
deficiente físico, deverá ser apresentado
• CRLV;
• Laudo de perícia medica, fornecido exclusivamente pelo DETRAN/RS, que especifique
o tipo de deficiência física e que ateste a total incapacidade do proprietário para
dirigir veiculo automotor comum; e
• Habilitação para dirigir veículo com as adaptações discriminadas no referido laudo, no
momento do pedido de reconhecimento da exoneração tributária ou no prazo de 180
(cento e oitenta) dias, contados da data da concessão dessa exoneração, se o
interessado necessitar do veículo adaptado para obter a referida habilitação;

O reconhecimento da exoneração tributária não gera direito adquirido, tornando-se


devido o imposto respectivo desde a data da aquisição, se apurado que o beneficiado
prestou prova falsa, ou quando for o caso, desde a data em que o beneficiado deixou de
utilizar o veículo automotor para os fins que lhe asseguraram o benefício.
A isenção objeto deste tópico tem validade pelo prazo em que o veículo estiver na
situação que der causa à exoneração do IPVA, extinguindo-se automaticamente seus efeitos
na hipótese de cessarem as condições segundo as quais foram

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ALTERNATIVAS JUDICIAIS

Quando a Fazenda nega a concessão de benefício fiscal a quem de direito, é preciso o


auxílio do advogado, indispensável à administração da justiça.6 Nas seguintes ponderações
são tratados pontos em que o direito do contribuinte é usualmente reconhecido pelo
Judiciário, mas não pela Fazenda.

Os processos judiciais de interesse de portador de doença grave, têm prioridade de


tramitação, caso em que os autos recebem identificação diferenciada que evidencia o
regime de tramitação prioritária. A prioridade de tramitação não cessa com a morte do
beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira
em união estável.

Frisamos que o erro quanto à interpretação das disposições legais efetivamente


prejudicará o contribuinte em ação judicial oferecida de maneira não apropriada ao
Judiciário. Procure o advogado especialista em Direito Tributário.

a) Concessão da isenção a deficiente físico, ainda que o proprietário não tenha


condições físicas para dirigir ou habilitação.

A legislação tributária gaúcha é clara ao atribuir a isenção do IPVA somente aos


deficientes físicos e os paraplégicos, proprietários de veículos automotores de uso terrestre,
em relação ao veículo adaptado às necessidades de seu proprietário, em razão da deficiência
física ou da paraplegia. Entende o Fisco que o benefício fiscal somente pode ser conferido
quando o veículo é adaptado e guiado pelo deficiente físico.

6
Constituição Federal de 1988, Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável
por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
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Contudo, a jurisprudência7 afirma ter o deficiente o direito à isenção também quando
o veículo é conduzido por terceiro – em razão da impossibilidade de o deficiente guiar o
automóvel.

TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO. IPVA. ICMS. INCAPACIDADE. CONDUZIR VEÍCULOS.


PROPRIETÁRIO. TERCEIROS. CUSTAS.
1. O proprietário de veículo portador de incapacidade que o impede de conduzir
veículos faz jus à isenção do IPVA e do ICMS. Inteligência dos inc. VI, art. 4º, da Lei
8.115/85 e inc. I, art. 55, c, da Lei 8.820/89. Adesão à jurisprudência do Décimo
Primeiro Grupo Cível.
[...]

(Apelação e Reexame Necessário Nº 70046440657, Vigésima Segunda Câmara Cível,


Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Isabel de Azevedo Souza, Julgado em
12/12/2011)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. IPVA E ICMS. ISENÇÃO.


VEÍCULO AUTOMOTOR. PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA.
Não constitui óbice à concessão de isenção de IPVA e ICMS na aquisição de
veículo automotor por deficiente físico, o fato de não possuir habilitação de
direção. Presença dos requisitos do risco da ineficácia da medida e relevante
fundamentação para a concessão de liminar. Entendimento desta Corte. Agravo
desprovido.

(Agravo de Instrumento Nº 70028451706, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal


de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado em 08/04/2009)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. DEFICIENTE VISUAL.


ISENÇÃO DO IPVA E DO ICMS. PRINCÍPIOS DA IGUALDADE E DA DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA.
Trata-se de ação ordinária ajuizada em face da negativa de concessão de isenção do
IPVA e do ICMS sob o argumento de que a deficiência do autor não requeria veículo
adaptado, bem como que o veículo não seria por ele dirigido, mas sim por sua
esposa, já que deficiente visual, tendo sido julgada procedente na origem. Os
artigos 4º, VI, da Lei Estadual nº 8.115/85 e 55, I, `c, da Lei Estadual nº 8.820/89
estabelecem a concessão de isenção fiscal relativa ao IPVA e ao ICMS,
respectivamente, ao portador de deficiência física ou paraplégico que necessite
utilizar de veículo automotor adaptado às suas necessidades em razão de sua
deficiência. A limitação imposta na legislação estadual, restringindo a concessão
de isenção fiscal apenas a um grupo de deficientes, qual seja, os deficientes físicos
ou paraplégicos que necessitem de veículo adaptado, não está em consonância
com a ratio legis do benefício fiscal, que é propiciar uma melhoria nas condições

7
Jurisprudência. “O conjunto de acórdãos [decisões] de um tribunal forma a sua jurisprudência, que se diz
mansa e pacífica quando se verifica repetida e uniforme para os mesmos casos e iguais relações, submetidos a
seu veredicto.” De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. Atualizadores Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 28.
ed. Rio de Janeiro: Forense; GEN, 2010, p. 807.
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de vida dos portadores de deficiência, buscando meios que atenuem as
dificuldades por eles encontradas, como, no caso, facilitando a locomoção dessas
pessoas para melhor integrá-las ao convívio social. Assim, não se sustenta a
limitação imposta pela legislação antes referida, a uma porque vai de encontro ao
espírito da lei e a duas porque fere os princípios da igualdade e da dignidade da
pessoa humana, na medida em que, criando distinção entre os portadores de
deficiência com a concessão de benefício apenas àqueles que são portadores de
deficiência física ou paraplegia gera desigualdade e indiferença para com outras
pessoas que possuem mais limitações ainda, dependendo completamente de
terceiros para poderem se locomover e se inserir na vida em sociedade. Assim,
em respeito à razão pela qual a lei foi criada, deve o benefício fiscal ser estendido
ao autor, portador de deficiência visual que, por não ter capacidade de conduzir
seu automóvel, necessita que terceira pessoa o faça, porém, em seu proveito
próprio, homenageando os princípios da igualdade e da dignidade da pessoa
humana. Sentença de procedência da ação que vai mantida. [...]
APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA EXPLICITADA.

(Apelação Cível Nº 70032668600, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de


Justiça do RS, Relator: Niwton Carpes da Silva, Julgado em 09/11/2011)

b) Concessão do benefício a deficientes mentais, ainda que o proprietário não


tenha condições físicas para dirigir ou habilitação.

Embora a legislação tributária gaúcha atribua a isenção do IPVA somente aos


deficientes físicos e os paraplégicos, proprietários de veículos automotores de uso terrestre,
em relação ao veículo adaptado às necessidades de seu proprietário, a jurisprudência
concede a isenção também ao deficiente mental.

AGRAVO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IPVA E ICMS. ISENÇÃO. DEFICIENTE MENTAL -


SÍNDROME DE DOWN. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO PARA TERCEIRO DIRIGIR. A isenção
legal de IPVA e ICMS é de ser reconhecida também aos veículos não adaptados
destinados a deficientes mentais, a ser dirigido por terceiro. Precedentes. RECURSO
DESPROVIDO.

(Agravo Nº 70045078474, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do


RS, Relator: Denise Oliveira Cezar, Julgado em 27/10/2011)

c) Restituição do valor pago a título de IPVA pelo deficiente físico

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Exigido o IPVA de contribuinte deficiente físico ou paraplégico, proprietários de
veículos automotores de uso terrestre, em relação ao veículo adaptado às necessidades de
seu proprietário, bem como quando exigido o tributo de contribuinte deficiente físico ou
mental, sem adaptações e guiado por terceira pessoa, é possível buscar a restituição do
tributo indevidamente pago.

APELAÇÃO CÍVEL. DECISÃO MONOCRÁTICA (ART. 557, CAPUT, CPC). DIREITO


TRIBUTÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. ISENÇÃO DO IPVA. DEFICIENTE FÍSICO. VEÍCULO A SER CONDUZIDO POR
TERCEIRO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
1. Ainda que a legislação estadual restrinja a isenção do IPVA aos veículos
automotores adaptados às necessidades do adquirente, em razão de deficiência
física ou paraplegia (Lei nº. 8.115/85, art. 4º, VI), a proteção das pessoas portadoras
de deficiências não se limita somente a esta hipótese. É possível a extensão da
isenção aos deficientes físicos que, não podendo utilizar transporte público, e nem
dirigir seu próprio veículo, adquirem o bem (veículo automotor) em nome e para
uso próprios, mas para que conduzidos por terceira pessoa.
2. A repetição do indébito é decorrência lógica do julgamento, para evitar o
enriquecimento sem causa. RECURSO PROVIDO.

(Apelação Cível Nº 70040277048, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,


Relator: Arno Werlang, Julgado em 20/12/2010)

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6. ISENÇÃO ESPECIAL DE IPTU A DEFICIENTES

O sistema tributário nacional divide a competência de tributar entre União, Estados e


Municípios. Ao assim dispor, submeteu o contribuinte a verdadeira confusão legislativa. Para
ter conhecimento sobre quais as regras aplicáveis com relação a tributos municipais, como o
IPTU, o contribuinte deverá verificar a legislação de cada município, que terá diferentes
disposições.

Porto Alegre, por exemplo, isenta desde 1987 deficientes físicos e mentais, em
determinados casos. Xangri-lá isenta de IPTU o prédio de ocupação residencial, ocupado pelo
proprietário, incapaz fisicamente e maior de 65 anos. O município de Caxias do Sul não
confere benefício fiscal de IPTU a incapazes.

Portanto, é preciso analisar a legislação do Município com competência para tributar


a propriedade.

ISENÇÃO DE IPTU EM PORTO ALEGRE

Dispõe a Lei Complementar nº 7/73, que são isentos do pagamento do Imposto Sobre
a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), dentre outras hipóteses, (i) pessoas
portadoras do “mal de Hansen”, uma vez comprovada a moléstia por atestado médico
sanitarista oficial, (ii) aposentados por motivo de doença contraída em local de trabalho e
incapacitados para o exercício de qualquer outra atividade, reconhecidamente pobres, e (iii)
deficientes físico, deficiente mental, ou seus responsáveis legais, reconhecidamente pobre.

Em qualquer destes casos, o valor venal do imóvel não pode superar 5.463 UFM´s, o
que corresponde em 2012 a R$ 15.175,12. Para fins de fixação deste valor, é razoável eleger
como referência o valor venal atribuído ao imóvel junto ao cadastro da prefeitura. A isenção
objeto deste tópico cessa no caso de falecimento do beneficiário.
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7. IMUNIDADE DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A PORTADORES DE DOENÇA
INCAPACITANTE

O Tributo

A Contribuição Previdenciária de responsabilidade dos aposentados e pensionistas


incide sobre os proventos recebidos por funcionários públicos inativos submetidos aos
regimes próprios de previdência do funcionalismo público, sobre o que supera o teto do
benefício do Regime Geral de Previdência (R$ 3.912,20 em janeiro de 2012). A alíquota do
tributo varia conforme a fonte pagadora. Atualmente a alíquota mínima a todos os entes é
de 11%.

Diz-se haver imunidade, não isenção, uma vez que a disposição que resulta na
desoneração é constitucional. Ou seja, enquanto as isenções são dispostas em lei e podem
ser revogadas pelo legislador, as imunidades são dispostas na Constituição Federal e
somente podem ser suprimidas mediante emenda constitucional.

Beneficiários da imunidade a portadores de doença incapacitante:

Os portadores de doença incapacitante tem desoneração superior aos demais


pensionistas e aposentados – equivalente a duas vezes o teto estabelecido para os benefícios
do RGPS.

Isto é, enquanto os aposentados e pensionistas tem imunidade até uma vez o teto de
benefícios do RGPS (R$ 3.912,20 em 2012) – o aposentado e pensionista portador de doença
incapacitante tem imunidade equivalente a duas vezes o teto de benefícios do RGPS (R$
7.824,40 em 2012). Assim, em relação ao portador de doença incapacitante a alíquota

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somente incidirá sobre os valores que superarem R$ 7.824,40 – perfazendo uma economia
de cerca de R$ 5.163,99 ao ano.

Requisitos

A legislação não fixa quais os requisitos para o gozo da isenção, sendo possível que a
Administração Fazendária deixe de conceder a desoneração ante a ausência normativa. É
necessário consultar a fonte pagadora.

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50
ALTERNATIVAS JUDICIAIS

Quando a Fazenda nega a concessão de benefício fiscal a quem possui o direito, é


preciso o auxílio do advogado, indispensável à administração da justiça.8 Nas seguintes
ponderações são tratados pontos em que o direito do contribuinte é usualmente
reconhecido pelo Judiciário, mas não pela Fazenda.

Os processos judiciais de interesse de portador de doença grave tem prioridade de


tramitação, caso em que os autos recebem identificação diferenciada que evidencia o
regime de tramitação prioritária. A prioridade de tramitação não cessa com a morte do
beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira
em união estável.

Frisamos que o erro quanto à interpretação das disposições legais efetivamente


prejudicará o contribuinte em ação judicial oferecida de maneira não apropriada ao
Judiciário. Procure o advogado especialista em Direito Tributário.

a) Concessão da imunidade a portador de doença incapacitante, ainda que não


exista norma regulamentando quais as doenças consideradas incapacitantes.

Certamente o ponto que proporciona mais dificuldades aos contribuintes é a


inexistência de lei dispondo sobre quais as moléstias consideradas doenças incapacitantes a
propiciar a desoneração fiscal. Neste caso, o Judiciário tem admitido duas interpretações. A
primeira autoriza a utilização das leis que dispõem quais as doenças incapacitantes para fins
de gozo de benefícios previdenciários. A segunda interpretação dá aplicação imediata ao
dispositivo constitucional, afirmando não haver necessidade de regulamentação.

8
Constituição Federal de 1988, Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável
por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
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Em síntese, há grande expectativa de êxito na busca da imunidade através de ação
judicial.

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO. ISENÇÃO.


MOLÉSTIA GRAVE. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ISENÇÃO. EC nº 47/2005. 1.
Reconhecido o direito à isenção do imposto de renda, uma vez que o contribuinte
é portador de moléstia grave (neoplasia maligna).
2. A Emenda Constitucional nº 47/2005, acrescentando o § 21 ao art. 40 da CF,
prevê a imunidade de parcela da contribuição ora discutida em relação aos
aposentados portadores de doença incapacitante.
3. Dessa forma, tendo sido demonstrada a doença incapacitante do de cujus, faz
jus à isenção em dobro da contribuição previdenciária, nos termos da indigitada
norma constitucional.

(TRF4, APELREEX 5001154-64.2011.404.7200, Segunda Turma, Relatora p/ Acórdão


Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 21/06/2011)

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. PREVIDÊNCIA PÚBLICA. SERVIDOR


PÚBLICO INATIVO. DOENÇA INCAPACITANTE. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
PRELIMINAR. INDEFERIMENTO DA INICIAL. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS
INDISPENSÁVEIS. INOCORRÊNCIA. [...] DOENÇA INCAPACITANTE. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. BASE DE INCIDÊNCIA. ARTIGO 40, PARÁGRAFO 21, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUTO-APLICABILIDADE. Tratando-se de servidor inativo
portador de doença incapacitante, nos termos do artigo 158, §1º, da Lei
Complementar Estadual nº. 10.098/94, tem aplicação o § 21 do artigo 40 da
Constituição Federal, por ser norma de eficácia plena. Deve, por consequência, a
contribuição previdenciária incidir apenas sobre as parcelas dos proventos que
superem o dobro do limite máximo estabelecido pelo Regime Geral de
Previdência Social. [...] APELO PARCIALMENTE PROVIDO.

(Apelação Cível Nº 70046363040, Terceira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça


do RS, Relator: Laís Ethel Corrêa Pias, Julgado em 12/06/2012)

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.


PREVIDÊNCIA PÚBLICA. PRELIMINAR. LEGITIMIDADE PASSIVA DO DIRETOR DE
DESPESA PÚBLICA. ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 40, § 21, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. SERVIDOR APOSENTADO POR INVALIDEZ. DOENÇA INCAPACITANTE. LCE
Nº 10.098/94. [...] II. Mérito: o art. 40, §21, da Constituição Federal prevê que para
os servidores aposentados ou pensionistas, portadores de doença incapacitante, a
contribuição previdenciária somente irá incidir sobre os valores que excederem o
dobro do teto estabelecido para o Regime Geral da Previdência Social. Além disso,
há legislação estadual (LEC nº 10.098/94, art. 158, §1º) prevendo que a doença do
impetrante é considerada como incapacitante. PRELIMINAR REJEITADA. APELAÇÃO
IMPROVIDA. SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO.

(Apelação e Reexame Necessário Nº 70018949107, Primeira Câmara Cível, Tribunal


de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Silveira Difini, Julgado em 09/05/2007)

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TRIBUTÁRIO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. HIPÓTESE DE NÃO INCIDÊNCIA. ART.
40, § 21, DA CF/88. DEFINIÇÃO DE DOENÇA INCAPACITANTE. EQUIPARAÇÃO À
DOENÇA GRAVE QUE AUTORIZA, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO ESTADUAL,
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA MÁXIMA
EFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS. RECURSO ORDINÁRIO A QUE DÁ
PROVIMENTO.

(RMS 27.064/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 23/04/2009, DJe 11/05/2009)

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