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Advocacia Previdenciária, Cível e do Consumidor

Nilson Moraes Costa & Advogados Associados

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO SEXTO


JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CUIABÁ - (ANTIGO JE PORTO).

PROCESSO: 1326/2007
CÓDIGO: 8230

DANIEL DE OLIVEIRA MARQUES, já devidamente qualificado


nos autos em epígrafe, da Ação de Indenização que lhe move MARCIO BECKER, não se
conformando com a sentença proferida, por intermédio de seus procuradores, com endereço
profissional à Avenida Beira Rio 3.100 Cuiabá MT na UNIC – Universidade de Cuiabá, vem
tempestivamente interpor RECURSO INOMINADO, com fulcro no art. 42 da Lei 9.099/95.
Pede que, recebido o Recurso e cumpridas as formalidades legais,
sejam os autos remetidos à Egrégia Turma Recursal.
Outrossim, requer os benefícios da justiça gratuita conforme pedido
na inicial.

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.

Cuiabá/MT, 05 de março de 2010.

JORGE JOSÉ NOGA


OAB/ MT:

Rua: Batista das Neves 08, Centro Norte. Cuiabá – MT fone: 3624-6420
celular: 8401-4922
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TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


ESTADO DE MATO GROSSO

PROCESSO: Nº 1326/2007
RECORRENTE: DANIEL DE OLIVEIRA MARQUES
RECORRIDO: MARCIO BECKER

RAZÕES RECURSAIS

Egrégia Turma Recursal,


Ínclitos Julgadores

A respeitável sentença proferida pelo Douto Juiz do Sexto


Juizado Especial Cível de Cuiabá - (Antigo JE Porto), merece ser reformada totalmente,
pelos motivos que o Recorrente passa a expor:
Na r. sentença o MM. Juízo Monocrático julgou improcedente o
pedido de concessão de auxílio Amparo Social a pessoa portadora de Deficiência –
LOAS, por não ter sido constatado a incapacidade laboral do Recorrente.
O Juízo “a quo” não levou em consideração o fato do
Recorrente ser soro positivo, e estar completamente debilitado para exercer suas
atividades laborativas.
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Vários são os sintomas que o Recorrente apresenta devido sua


patologia como: cansaço, fraqueza, emagrecimento sem causa aparente, febre
contínua, diarréia prolongada, dentre outros sintomas anormais.
Referida patologia o deixou totalmente incapacitado para
desenvolver qualquer atividade laborativa, sendo assim, o Apelante requereu junto ao
INSS o benefício de Amparo Social a pessoa portadora de Deficiência - LOAS.
Foi submetido à perícia médica do INSS que constatou a sua
patologia, porém, arbitrariamente negou-lhe o benefício de LOAS.
O Recorrente tem passado por várias dificuldades, não
podendo se quer ser submetido a um tratamento digno, haja vista não ter condições de
exercer suas atividades laborativas e estar sem a percepção do referido benefício.
Após tentar junto a Junta de Recursos/ JR do INSS sem obter
êxito, não lhe restou outra alternativa a não ser requer seu direito judicialmente.
Porém, como se não bastasse, o Juízo “a quo” indeferiu a
liminar ao beneficio e determinou a realização de Estudo Sócio Econômico e Laudo
Pericial.
Assim, em 26/09/2008, nas instalações da Justiça Federal em
Cuiabá/MT, o Recorrente foi submetido à perícia judicial, sendo médico perito o Dr.
Adilson João Massoni, CRM/MT 3986, que constatou que o recorrente é portador de
SIDA IV e asma (resposta ao 01 quesito do Juízo).

Referido Laudo Pericial é contraditório e não demonstra a


realidade do Recorrente, vejamos alguns quesitos e as respostas do Perito:

Quesitos do Juízo:
“1. O Autor(a) é portador(a) de deficiência/moléstia/doença? De que
tipo?
Resp.: Sim. SIDA IV e asma.
(...)

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6. A deficiência/moléstia/doença de que é portador(a) o(a) autor(a)


encontra-se em fase evolutiva ou residual?
Resp.:Residual (compensada). Contudo trata-se de doença com
evolução crônica e imprevisível podendo mudar de fase
rapidamente.
10. A deficiência/ moléstia de que é portador(a) o(a) autor(a) traz
limitações em sua vida? Que tipo de limitações?
Resp.: Sim.
12. O tratamento traz efeitos colaterais? Quais?
Resp.: Pode trazer. Depende da terapêutica adotada.

Quesitos do Réu
03. Qual atividade laborativa do habitual do(a)autor(a)?
Resp.: Lavrador.
c) Qual a data provável da Alta médica?
Resp.: Não há Alta médica, deve-se manter um acompanhamento
médico continuo.
09. É possível determinar com quem o(a) autor(a) reside
(membros familiares), e quantas pessoas compõem o respectivo
conjunto familiar, e qual a idade de seus membros?
Resp.:O autor reside na casa de apoio Mãe Joana.

O Laudo Pericial não é digno de consideração pelo descaso


que foi elaborado, é evidente que nas condições que se encontra o Recorrente não
condiz com o Laudo pericial à realidade do Recorrente.

Nobres Julgadores percebam os relatos que foram elaborados


pela Assistente Social do CRESS MT 1596, no Estudo Sócio Econômico.

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Estudo Sócio Econômico


1– Dados Pessoais
Idade: 45 anos
Escolaridade: Não alfabetizado
Nº de filhos: 01
Profissão: não trabalha
Endereço: Casa de Apoio Mãe Joana.
2- Da composição familiar
O Autor vive: (x) Sozinho
3- Dados complementares
Problemas de saúde: Sim
Tipo de doença: AIDS
Incapacita para o trabalho e vida independente? aparentemente sim
O Autor necessita do auxilio material de estranhos: Sim
O Autor possui filhos ou pessoas da família residindo Não
fora do Brasil?
Solicitação: Auxilio LOAS Lei 8.742 de 7 de dezembro de 1993 Art.2º V
(X) Portador de deficiência

As informações postas ao MM. Juiz, da Assistente Social


Angélica Modesto Pinto Guedes, informam que o Recorrente não trabalha, e vive
exclusivamente da ajuda oferecida pela casa de Apoio Mãe Joana.

Nobres Julgadores a patologia ao qual o Recorrente é portador


não tem cura, o tratamento ao qual tem submetido é somente para que a patologia não
piore ainda mais, diante da gravidade de sua patologia o Requerente passou por vários
exames e perícias médicas do INSS que constataram e confirmaram a patologia, porém
não lhe foi concedido o beneficio do LOAS.

Sinceramente, o que se presencia é o verdadeiro descaso, pois


não se trata somente da capacidade do Recorrente ter condições de viver sozinho,
porém as indagações se levantam pelo fato de que como seria possível um portador de
HIV e ASMA, não alfabetizado, abandonado em uma casa de apoio pelos familiares,
depende de tratamento, que conseqüentemente com os efeitos colaterais deste o
impedem de exercer alguma qualquer atividade braçal, poderia estar capaz de exercer
a atividade de lavrador?

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Vejamos o argumento do Juízo “a quo” quanto a sua


decisão(doc.01).

“DECIDO.
O benefício assistencial ao deficiente é disciplinado pelo
art. 20 da Lei 8.742/93, tendo como requisitos para a sua
concessão:
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1
(um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência
e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de
tê-la provida por sua família. (grifos nossos)
§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, entende-se como
família o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei nº
8.213, de 24 de julho de 1991, desde que vivam sob o mesmo
teto. (Redação dada pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998)
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa
portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida
independente e para o trabalho. (grifos nossos)
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa
portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal
per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo.
(...)”

Ora Nobres Julgadores, se para a concessão do benefício, é


necessária a comprovação da incapacidade para a vida independente, os critérios para
a definição e caracterização dessa incapacidade não podem ser aqueles utilizados no
laudo médico-pericial, pois, neste caso, o benefício só poderia ser deferido aos
portadores de uma deficiência de grau debilitante tal que suprimisse total ou
parcialmente a capacidade de locomoção do indivíduo e, não parecendo que seja esse o
intuito do legislador.

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Por tais razões, não é razoável negar o direito à percepção do


benefício, em face do atestado de capacidade para a vida independente, como pretende
a autarquia, mesmo porque se trata de pessoa portadora do vírus HIV, que necessita de
cuidados freqüentes de médico e psicólogo, incapaz de trabalhar e de prover seu
sustento, pois, apesar de morar na casa de apoio da Mãe Joana, não perfazendo
nenhuma renda mensal para ajuda de custo no tratamento clínico.

Assim, o laudo que atesta a aptidão para a vida independente,


baseado na capacidade do Autor de realizar atividades básicas e rotineiras de um ser
humano, não pode servir de motivo para negar o benefício àquele que faz jus por
cumprir todos os requisitos legais.

Dessa feita torna-se Incabível, portanto, a alegação de ofensa


ao § 2o do art. 20 da Lei 8.742/93, pois, como já se referiu, o Requerente não pode ser
considerado capaz para a vida independente, para efeito de denegação do benefício,
simplesmente porque se mostrou apto a executar tarefas diárias sem o auxílio de outras
pessoas.
Diante disso é possível se atrever, que por meio do Laudo
pericial o MM. Juiz Federal substituto foi influenciado ao erro e julgou extinto o
processo com resolução de mérito, alegando ausência de incapacidade para o trabalho.

E ainda confirma o equivoco o juízo “a quo”, quando toma a


decisão com base no entendimento do perito e rejeita a análise do quadro
socioeconômico, vejamos:

“Neste contexto, conclui-se que à parte autora não é portadora


de deficiência e, consequentemente, não faz jus ao benefício pleiteado. Desse modo,
diante do não preenchimento de um dos requisitos legais, desnecessária a análise do
quadro socioeconômico para verificação do segundo requisito, qual seja, a
hipossuficiência financeira.”
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Ante o exposto fica clara e evidente o equivoco, pois, mesmo


sabendo dos sintomas da AIDS/ SIDA como: cansaço, fraqueza, emagrecimento
sem causa aparente, febre contínua, diarréia prolongada, o MM. Juiz negou a
concessão do benefício e ainda rejeitou a análise do requisito hipossuficiência
financeira.
Sobre essa questão, vale trazer do Superior Tribunal de Justiça à
seguinte jurisprudência:

Ementa PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO


CONTINUADA.ART. 20, § 2º DA LEI 8.742/93. PORTADOR
DO VÍRUS HIV. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO E
PARA PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO OU DE TÊ-LO
PROVIDO PELA FAMÍLIA. LAUDO PERICIAL QUE
ATESTA A CAPACIDADE PARA A VIDA
INDEPENDENTE BASEADO APENAS NAS ATIVIDADES
ROTINEIRAS DO SER HUMANO. IMPROPRIEDADE DO
ÓBICE À PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO. RECURSO
DESPROVIDO.
I - A pessoa portadora do vírus HIV, que necessita de cuidados
freqüentes de médico e psicólogo e que se encontra
incapacitada, tanto para o trabalho, quanto de prover o seu
próprio sustento ou de tê-lo provido por sua família - tem direito
à percepção do benefício de prestação continuada previsto no
art. 20 da Lei 8.742/93, ainda que haja laudo médico-pericial
atestando a capacidade para a vida independente.
II - O laudo pericial que atesta a incapacidade para a vida
laboral e a capacidade para a vida independente, pelo simples
fato da pessoa não necessitar da ajuda de outros para se
alimentar, fazer sua higiene ou se vestir, não pode obstar a
percepção do benefício, pois, se esta fosse a conceituação de
vida independente, o benefício de prestação continuada só seria
devido aos portadores de deficiência tal, que suprimisse a
capacidade de locomoção do indivíduo - o que não parece ser o
intuito do legislador.
III - Recurso desprovido. Processo REsp 360202 / AL RECURSO
ESPECIAL 2001/0120088-6 Relator(a) Ministro GILSON DIPP (1111)
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 04/06/2002

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Data da Publicação/Fonte DJ 01/07/2002 p. 377 RADCOASP vol. 41 p. 27


RSTJ vol. 168 p. 508

Desta forma, também a decisão do Tribunal Regional Federal da


1a Região:
Ementa: PREVIDENCIÁRIO. AMPARO ASSISTENCIAL. LEI
8.742/93. ARTIGOS 1º E 9º DO DECRETO 6.214/2007. ARTIGO
20 DA LEI 8.742/93. REQUISITOS PREENCHIDOS. APELAÇÃO
E REMESSA OFICIAL, TIDA POR INTERPOSTA, NÃO
PROVIDAS.
1. Tratando-se de idoso capaz, assistido pelo seu advogado,
pleiteando benefício previdenciário, não se mostra obrigatória a
intervenção do Ministério Público na causa, já que se trata de
direito disponível. 2. O Benefício de Prestação Continuada
previsto no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993,
é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com
deficiência e ao idoso, com idade de sessenta e cinco anos ou
mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria
manutenção e nem de tê-la provida por sua família. (Art. 1º do
Decreto 6.214/2007.) 3. O preceito contido no art. 20, § 3º, da
Lei 8.742/93 não é o único critério válido para comprovar a
condição de miserabilidade preceituada no artigo 203, V, da
Constituição Federal. A renda familiar per capita inferior a ¼ do
salário mínimo deve ser considerada como um limite mínimo,
um quantum objetivamente considerado insuficiente à
insubsistência do portador de deficiência e do idoso, o que não
impede que o julgador faça uso de outros fatores que tenham o
condão de comprovar a condição de miserabilidade da família
do autor. 4. A Terceira Seção deste Superior Tribunal
consolidou o entendimento de que o critério de aferição da

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renda mensal previsto no § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93 deve


ser tido como um limite mínimo, um quantum considerado
insatisfatório à subsistência da pessoa portadora de deficiência
ou idosa, não impedindo, contudo, que o julgador faça uso de
outros elementos probatórios, desde que aptos a comprovar a
condição de miserabilidade da parte e de sua família. (STJ, 6ª
Turma, REsp 841.060/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis
Moura, DJ 25.06.2007, p. 319.) 5. A correção monetária deve
ser calculada nos termos da Lei 6.899/81, a partir do
vencimento de cada parcela (Súmulas 43 e 148 do STJ). 6. Os
juros moratórios nos benefícios previdenciários em atraso são
devidos no percentual de 1% (um por cento) ao mês, em face de
sua natureza alimentar (STJ, 5ª Turma, REsp 823.228/SC, Rel.
Ministro Gilson Dipp, DJ 1º.08.2006, p. 539). 7. Honorários
advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre as parcelas
vencidas até a data da prolação da sentença, em conformidade
com o art. 20, § 4º, do CPC, e a jurisprudência desta Corte. 8.
Apelação e remessa oficial, tida por interposta, a que se nega
provimento. Processo: AC 2008.01.99.056152-3/MG; APELAÇÃO CIVEL
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL ANTÔNIO SÁVIO DE OLIVEIRA
CHAVES Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA Publicação: 16/06/2009 e-
DJF1p.172 ta da Decisão: 01/04/2009 Decisão: A Turma, por unanimidade,
negou provimento à apelação e à remessa oficial, tida por interposta.

O Magistrado deve investigar criticamente o caso que lhe é


apresentado, para atingir o resultado que melhor refleti a JUSTIÇA, que nesse caso é
a concessão do benefício de Amparo Social a pessoa portadora de Deficiência.

Ocorre que a r. sentença outorgada, com a devida vênia, não


julgou o caso de acordo com a Legislação e a Constituição Federal, merecendo ser
reformada.

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DO DIREITO

A pretensão do Requerente em receber o benefício assistencial


encontra-se devidamente amparada pela Lei Maior, especificamente no artigo 203 da
Constituição Federal:
"Art. 203. A assistência Social será prestada a quem dela
necessitar, e tem por objetivos: independentemente da contribuição da Seguridade
Social
(...)

"V - a garantia de 1 salário mínimo de benefício mensal a


pessoa portadora de deficiência, ao idoso que comprovem não possuir meios de
prover a própria manutenção ou tê-la provido por sua família conforme dispuser a lei.
(grifarmos)."

Com efeito, a Lei nº 8.742/93, a qual dispõe sobre a


organização da Assistência Social, aduz que:
"Art. 2º A assistência social, tem por objetos:"
(...)
V- a garantia de 1 (um) salário mínimo de beneficio mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-
la provida por sua família”.

Pois bem - a lei supra mencionada garante a concessão do


beneficio assistencial mediante a comprovação de 02 requisitos, ou seja:

1) Idoso com mais de 65 (sessenta e cinco) anos ou pessoa


portadora de deficiência;
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2) impossibilidade de prover seus próprios meios de


subsistência ou tê-la provido pela família.

No tocante à subsistência é válido mencionarmos mais uma


vez que sendo extremamente humilde não podendo contar com ajuda de seus
familiares por estar abandonado se encontrando em estado de pobreza, atualmente
conta com a comiseração de pessoas solidárias para garantia de sua subsistência.

Preceitua o inciso V, art. 203 da Carta Magna que a assistência


social será prestada a quem dela necessitar garantindo 01 (um) salário mínimo de
beneficio mensal á pessoa portadora de deficiência que não consiga prover sua
subsistência.
Impende mencionar que a deficiência do Recorrente é
evidente e poderá ser facilmente constatada através de Perícia Medica.

Verificamos, portanto, que a pretensão do Recorrente está


perfeitamente amparada pela lei, ou seja, preenche todos os requisitos legais quais
sejam a deficiência física e a impossibilidade de prover sua subsistência ou contar com
a renda de seus familiares.

Assim deverá ser-lhe concedido o beneficio assistencial, uma


vez que foram cumpridos os seus requisitos.
Corrobora a Jurisprudência com o supra citado, “in verbis”:

EMENTA ASSISTÊNCIA SOCIAL. LOAS. BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ART.203, V), LEI Nº 8.742/93
(ART.20) E DECRETO Nº 1.744/95 (ART.6º). REQUISITOS
AUTORIZADORES DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
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DEMONSTRADOS. TUTELA ANTECIPATÓRIA


CONFIRMADA. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA
CONFIRMADA.
1. O laudo de perícia sócio-econômica (fls.20/21) demonstra
a precariedade da renda mensal per capita do núcleo
familiar, não possuindo a parte autora condições de prover
para si o seu sustento nem de tê-lo provido por seus
familiares. Outrossim, a divisão da renda bruta apurada pelo
número de componentes da família, afigura-se inferior a ¼ do
salário mínimo.
2. Incapacidade total e permanente da recorrida, em razão
de Anemia falciforme, havendo necessidade de fazer
transfusão de sangue constantemente.
3. Cumprimento dos requisitos dos arts. 20 e 21 da Lei nº
8.742/93, permitindo à suplicante a obtenção do benefício
requestado.
4. Tutela antecipatória confirmada, em face da natureza
alimentar do benefício assistencial.
5. Recurso desprovido. Sentença confirmada.
6. Honorários advocatícios de 10% (dez por cento) sobre o
montante correspondente às prestações vencidas, até a data
da prolação da sentença de primeiro grau (Lei nº 9.099/95,
art. 55, caput c/c Súmula 111/STJ).
Recurso Inominado 2006.33.00.720733- 1(nº de origem:
2003.33.00.710476-8)
(grifamos)

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL

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A tutela pretendida deverá ser concedida de forma antecipada,


posto que a Apelante preenche os requisitos do art. 273 do Código de Processo Civil:
"O juiz poderá a requerimento da parte antecipar total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde
que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação".

A antecipação de tutela recursal tem como maior finalidade


evitar situações que, ao aguardar o julgamento definitivo do Recurso, o recorrente
sofrerá dano irreparável ou de difícil reparação.
A concessão de tal benefício, é de suma importância para o
Recorrente, o que faz intensificar, ainda mais, a necessidade de se antecipar à tutela
Recursal.

Caracterizado, portanto, o dano irreparável ou de difícil


reparação. - Neste sentido, corrobora o Ilustre Professor e Juiz Federal do Egrégio
Tribunal Federal da 4º Região, Dr. Paulo Afonso Brum Vaz (Antecipação da Tutela
em Matéria Previdenciária, ST 73 – jul/95 – doutrina, p. 24):
"não se pode negar que esta natureza alimentar da prestação
buscada, acoplada à hipossuficiência do segurado, e até a
possibilidade de seu óbito curso do processo, em razão da
sensibilidade ou do próprio estado mórbido patenteia um fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação, recomendando a
concessão da tutela antecipadamente."

Ainda convicto de que urge antecipar os efeitos da tutela em


matéria previdenciária, o nobre Magistrado emenda:

"se por este pressuposto não se puder antecipar a tutela, cuida ora
ré (INSS), de perfectibilizar o "alternativo" requisito contido no
inciso II do art. 273, Código de Processo Civil. A conduta processual
da autarquia-ancilar, por orientação ministerial, é reprovável e
encerra, no mais das vezes, abuso de direito de defesa ou manifesto
propósito protelatório.
No exercício da magistratura federal, tendo testemunhado a
utilização dos mais artificiosos expedientes, por parte do INSS, para
furtar-se do cumprimento da lei.Tudo o que foi dito alhures, acerca
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das condutas processuais caracterizadoras de abuso de direito de


defesa e desígnio protelatório, representa a manifestação da prática
forense daquela entidade".

Quanto às provas, os exames e atestados médicos carreados nos


autos, bem como o Estudo Sócio Econômico demonstram inequivocamente que o
recorrente esta incapacitado para o desempenho de qualquer atividade laborativa que
necessite capacidade física e emocional.

Da mesma forma, a pretensão do recorrente encontra amparo


legal dentro da legislação previdenciária, a qual prevê a concessão do LOAS, ao
Requerente ao comprovar a incapacidade laboral

Sendo assim, o recorrente faz jus ao benefício de Amparo Social


a pessoa portadora de Deficiência - LOAS, em antecipação de tutela recursal, tendo
em vista a existência de prova inequívoca e a verossimilhança das alegações, bem
como o receio de dano irreparável ou de difícil reparação decorrente do caráter
alimentar do benefício e das condições do Apelante.

DO REQUERIMENTO

Pelo exposto, espera a recorrente que se dê provimento ao


recurso, a fim de ser reformada a sentença proferida pelo Juiz de Primeiro Grau,
Condenando à recorrida a Implantação do benefício de LOAS a Recorrente desde a
data do requerimento, tendo em vista não possuir condições de retornar as suas
atividades laborativas permanentemente e as condições de miserabilidade que tem
sobrevivido.

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Requer, ainda, a concessão dos benefícios da gratuidade de


justiça, conforme a Lei nº 1.060, de 05-02-50, tendo em vista que o apelante não pode
arcar com as despesas e custas processuais.

Termos em que aguarda deferimento.

Cuiabá/MT, 01 de setembro de 2009.

Gleisson Roger de Paula Coêlho Nilson Moraes Costa


OAB-MT 11.757 OAB-MT 8.349

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