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(RE)CONSTRUÇÕES HUMANAS ATRAVÉS DO SILÊNCIO: CONFLUÊNCIAS DA

MODERNIDADE NA DICÇÃO POÉTICA DE EMILY DICKINSON

Lázaro Montes Santos (IC/UNEB-PECIN)


Prof. Dr. Manoel Barreto Júnior - Orientador

O presente trabalho debruça-se sobre a representação do silêncio na


literatura anglófona moderna. Desta forma, para a análise de tal questão tem-
se com base poemas representativos da Emily Dickinson (1830 – 1886). Poeta
excepcional, que utiliza o silêncio como elemento poético, através da ironia,
metáforas dos vazios, celebrações e as estranhezas contemplativas, pelas
quais o eu lírico que não teme os vácuos universais de um mundo (moderno) e
sua substancial inclinação ao estado de reificação, em detrimento as ações
humanizantes.

Neste sentido, este estudo se atem, criticamente, ao entendimento da


representação do silêncio enquanto sentimento/estado intersubjetivos que
trazem em si aprendizados, que funcionam como arrebatamentos purificadores
e que descaracterizam sua cooptação meramente negativa. Afinal, para a
(re)construção do humano, por vezes, faz-se necessário desconstruções
intensas que regulam as contingências pessoais.

Afloradas tais questões, vale destacar que atualmente o silêncio aflige


várias pessoas independente de classe social, raça, gênero ou religião em
tempos e sociedades diversas. Por consequência, são agregados a esta
circunstância de isolamento introssocial, fatores desde os que variam a revelar
patologias graves, ou um simples estado de auto reflexão até a nuance que
refletem aspectos modernizantes das relações interpessoais. E, ainda, através
da necessidade deliberada como estilo de vida.

Entretanto, observa-se que o intento deste estudo vislumbra a


correlação que pondera sobre a representação do silêncio enquanto matéria
poética. Fato que, de algum modo, potencializa o processo de criação de
determinados poetas e funciona como forma de expressão, uma vez que
enlaçam os critérios das vivências e das experiências cosmovisivas, sobretudo,
pelo melhor entendimento de si e da própria realidade.
Neste sentido, através de experimentos contextuais da leitura, analisa-se
que a dicção poética de Emily Dickinson articula traços que funcionam como
reflexos das sociedades atuais ao evidenciar um eu-lírico que problematiza a
vida em todas as suas possibilidades expressivas. Portanto, esta pesquisa
apresenta o silêncio como um estado humano que, através da representação
poética, consubstancia as confluências da modernidade, ante ao processo de
(re)construção da humanidade, através da lente poética de Emily Dickinson e
seus efeitos enunciativos.

Assim, para o desenvolvimento deste trabalho, fez-se necessário a


leitura de poemas representativos de Emily Dickinson, que constituem o corpus
de pesquisa desta produção, de acordo com esta, pode-se verificar que uma
das principais ideias que norteia os versos desta poeta é a representação do
silêncio. De tal maneira, as formas comunicativas “do calar”, enquanto
representação, são apresentadas por vertentes diferentes na Dição poética
dickinsoniana que alcança os aspectos que se entende importantes,
especialmente, perante as perspectivas das confluências da modernidade
literária ante a representação e (re)construção da humanidade em presença de
um mundo criado por humanos, mas cada vez mais indisponível aos próprios.
Para tanto, o instrumental teórico segue à luz dos pressupostos de ORLANDI
(1995), PAZ (2009), BOSI (1977), BRASILEIRO (2012) que compõem a base
desta investigação.

Desta forma, indaga-se: quais as inflexões que são despertadas pelo


silêncio? Existe uma relação direta entre o estado melancólico, o silêncio e
suas vertentes entre isolamento, trevas, solidão e reclusão? A fim de permear o
processo de criação literária de Emily Dickinson como um traço potencializador
do processo de antropomorfizarão, através da arte poética.

Assim, a partir do método bibliográfico-documental, através de


experiências contextuais de leituras dos poemas representativos da poética de
Dickinson. Além disso, por meio dos aportes teórico-metodológicas, realizados
a partir de analises interativas pelas temáticas dos poemas; sempre em
observância a noção de ampliação dos mesmos a sua dimensão comunicativa
que filtra a problemática constante da vida em todas as suas dimensões
ontológicas. Desta forma, através das leituras contextualizadas, foram
observados os traços dialógicos do eu-lírico ante a representação do silêncio e
suas manifestações comunicativas com a realidade factual, nas sociedades
(pós)modernas.

Entre tais perspectivas, o desenvolvimento desta pesquisa, através de


sua natureza bibliográfica, vislumbra os aspectos teóricos e estéticos que
mostrem relevantes o alargamento do estudo de pesquisa, na medida em que
aciona experiências contextuais de leitura. Estes aspectos favorecem a
descrição da matéria – poética que envolve as representações
contemporizadas e prosaicas do silêncio, bem como de seus possíveis
desdobramentos ante ao lento e contínuo processo de humanização.

A tal aspecto faz-se necessário romper obstáculos cristalizados de


alguns elementos/estados antropomorfos. Como, por exemplo, afinamento a
percepção dos ecos dos silêncios um agente aliado ao processo de
autoconhecimento e, portanto, do processo de antropomorfização diante de um
mundo cada vez mais reificado. Aspectos estes que revelam movimentos
contínuos, os quais pela lente da poesia dickinsoniana, redimensionam a vida
em todas as suas possibilidades comunicativas.

Dado ao exposto, mediante a análise parcial da pesquisa, pondera-se


que os conceitos incutidos sobre o “Silêncio” que remetem, via de regra, a um
caráter negativo do mesmo, de forma que este vem sendo renegado pelas
sociedades atuais. No entanto, os silêncios e vazios, como pode-se observar
na dicção poética de Emily Dickinson, alude que o silêncio fala ao revelar que
há sentidos múltiplos de sua expressão. E, como palavra-destroço serve, o
silêncio, como matéria poética, a tornar a realidade mais bela e repleta de
significados (poéticos).

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