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Economia.

Inflação dos mais pobres sobe com


alimentos e a dos mais ricos cai, diz
Ipea
No ano, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda
para as famílias muito pobres acumula alta de 1,5%.
(John Lambeth/Pexels)
A inflação dos alimentos e a deflação dos serviços, em meio à
recessão provocada pela pandemia de Covid-19, levaram o
Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de agosto a ratificar
uma pressão inflacionária maior para as famílias mais pobres.

Em agosto, enquanto a taxa de inflação das famílias mais pobres


apontou alta de 0,38%, a faixa de renda mais alta registrou uma
deflação de 0,10%, informou o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) nesta segunda-feira, 14.

No ano, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda para as


famílias muito pobres acumula alta de 1,5%. Para os mais ricos, há
retração de 0,07% no índice.

As diferenças nas composições das cestas de consumo, entre as


famílias muito pobres e as famílias mais ricas, explica a diferença.
Especialmente quando se leva em conta as quantidades, além do
preço, os muito pobres gastam, relativamente, mais com alimentos
e menos com serviços. Já os mais ricos gastam mais, também
relativamente, com serviços.

“Evidencia-se uma pressão altista vinda dos alimentos no domicílio


– que formam o grupo de maior peso na cesta de consumo das
famílias mais pobres – e uma queda nos preços dos serviços, cujo
alívio é bem mais intenso sobre o orçamento das famílias mais
ricas”, diz um trecho do relatório do Ipea.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda decompõe o IPCA


por faixas de renda. A faixa mais pobre tem renda domiciliar abaixo
de R$ 1.650,50 mensais por família. A faixa mais rica tem renda
domiciliar acima de R$ 16.509,66 mensais por família.

Segundo o Ipea, enquanto a inflação dos alimentos voltou a se


acelerar em agosto, os descontos dados por creches e escolas
particulares por causa da pandemia contribuíram para derrubar
ainda mais o índice de serviços. O preço das mensalidades
escolares é exemplo típico de item que afeta mais os orçamentos
dos mais ricos, já que as famílias mais pobres, tipicamente, não
gastam com mensalidades, pois recorrem ao ensino público.

“A retração no valor das mensalidades das creches (-7,7%) e das


escolas de ensino fundamental (- 4,1%) e médio (- 2,9%) gerou um
alívio maior sobre o orçamento da população de renda mais alta,
pois é esse segmento que, majoritariamente, utiliza os serviços
privados de educação”, diz o relatório do Ipea.

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