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GEOLOGIA 11º ANO

OCUPAÇÃO ANTRÓPICA E PROLEMAS DE ORDENAMENTO

O aumento populacional tem implicado um aumento do consumo de


recursos e do uso de espaço, determinando a ocupaçã o de á reas cada vez
maiores para a produçã o agrícola, energética e construçã o de habitaçõ es e
infraestruturas.
A distribuiçã o populacional tem favorecido a concentraçã o humana em
regiõ es urbanas de elevadas dimensõ es e localizadas na proximidade da costa e
de rios. Estas regiõ es com densas vias de comunicaçã o caracterizam-se por uma
elevada impermeabilizaçã o dos solos que afeta o ciclo da á gua, implicando
modificaçõ es nas interaçõ es entre os diferentes subsistemas terrestres.

Bacias hidrográ ficas:

A á rea drenada por um rio designa-se por bacia hidrográfica e nela podem
individualizar-se sub-bacias correspondentes aos diferentes afluentes. O
conjunto dos rios e seus afluentes designa-se por rede hidrográ fica.

Os rios sã o os principais agentes modeladores do relevo superficial, pois


estã o associados a processos de erosã o, transporte e deposiçã o.
A erosã o permite a remoçã o do material em consequência da alteraçã o
química e mecâ nica exercida pela á gua sobre os minerais que compõ em as
rochas. A elevada velocidade das correntes nas regiõ es montanhosas permite o
transporte da maioria dos sedimentos, incluindo os de maior granulometria.
Quando a velocidade diminui, em consequência da diminuiçã o do declive, apenas
os sedimentos mais finos sã o transportados. Assim, nas á reas montanhosas,
ocorre deposiçã o de sedimentos mais grosseiros, enquanto que, nas regiõ es a
jusante, ocorre a deposiçã o dos sedimentos mais finos.

O canal pode onde ocorre a drenagem da á gua e do material transportado


designa-se por leito. Quando a á gua transborda, o leito aparente do rio em
situaçõ es de cheia aumenta, definindo um leito de cheia.
As graves consequências destas cheias foram agravadas pela atividade
humana, responsá vel pelo deficiente ordenamento do territó rio, uma vez que
deveria impedir a construçã o em zonas de risco geoló gico.

A construçã o de barragens tem permitido regularizar os caudais de vá rios


rios, evitando muitas cheias. No entanto, as barragens apresentam elevados
impactes ambientais que têm de ser ponderados. Um dos aspetos predem-se com
a interrupçã o no transporte de sedimentos para jusante, que poderá estar
associado:

 À acumulaçã o de sedimentos a montante, diminuindo a capacidade de


armazenamento da albufeira;
 À diminuiçã o do transporte de sedimentos pelos rios.
Zonas costeiras – impactes na sua dinâ mica:

As regiõ es costeiras tem sofrido elevadas pressõ es devido ao aumento da


densidade populacional nos ú ltimos séculos, associada a modificaçõ es da
dinâ mica costeira. O limite entre os oceanos e a terra pode ser, de uma forma
simplificada, classificado em praias e arribas.
Nas arribas é possível identificar as plataformas de abrasão – superfícies
com reduzido declive localizada na zona de rebentaçã o que resulta da abrasã o
intensa provocada pela rebentaçã o.

As taxas de erosã o, transporte e sedimentaçã o variam significativamente


numa praia ao longo do tempo, podendo esta variaçã o dever-se aos seguintes
fatores:

 Variaçã o da altitude das regiõ es costeiras, por subida (aumento da


erosã o) ou subsidência (aumento da deposiçã o);
 Natureza das rochas e sedimentos que compõ em a faixa litoral;
 Variaçõ es do nível medio do mar, que tem vindo a aumentar;
 Ocorrência de tempestades;
 Intensidade das marés;
 Diminuiçã o do fornecimento de sedimentos para as praias devido à
construçã o de barragens.

A enorme pressã o causada pela erosã o nas regiõ es costeiras e a elevada


densidade populacional destas á reas tem levado à construçã o de estruturas que
regularizem a dinâ mica costeira de modo a diminuir as taxas de recuo:

 Construçã o de esporõ es;


 Construçã o de paredõ es;
 Construçã o de quebra-mares.

Estas obras afetaram o transporte de sedimentos.

Zonas de vertente – perigos naturais

Os movimentos em massa, sã o fenó menos altamente perigosos, podendo ser


de origem natural ou antró pica. A ocupaçã o de á reas de elevado risco geoló gico
aumenta a vulnerabilidade das populaçõ es, quer em termos de perdas de vidas
quer em termos de avultadas perdas materiais.
Os movimentos em massa correspondem a deslocaçõ es de material só lido,
lama ou material nã o consolidada numa superfície inclinada, por açã o da
gravidade.

Os movimentos em massa podem ser causados por:

 Sismos;
 Precipitaçã o intensa e cheias;
 Erosã o costeira das arribas.
Os fatores principais que influenciam os movimentos em massa sã o:
propriedades litológicas, teor de água, pendor e estabilidade da vertente.

Propriedades litoló gicas:

A natureza das rochas que compõ em as vertentes é um fator preponderante


na aná lise dos movimentos em massa. As vertentes compostas por material
consolidado tendem a ser menos suscetíveis do que as compostas por material
nã o consolidado que nã o as mais perigosas em termos de deslizamento.

Teor de á gua:

O teor em á gua também interfere com o â ngulo de repouso: as areias


hú midas possuem um â ngulo superior à areia seca ou com muita á gua. Quando
em excesso, a á gua atua como lubrificante, diminuindo o atrito e a resistência e
facilitando o movimento em massa.

Estabilidade da vertente e orientaçã o dos estratos

A atividade humana pode agravar as consequências dos movimentos em


massa, pelo aumento da vulnerabilidade e pelo aumento dos movimentos em
massa.
O crescimento demográ fico e a ocupaçã o de á reas cada vez mais extensas da
superfície terrestre têm agravado os impactes dos movimentos em massa.
Embora seja difícil de prever a ocorrência destes fenó menos, é possível detetar
alguns sinais, tais como:

 Aparecimento de fendas de traçã o no chã o;


 Aumento da inclinaçã o de á rvores;
 Queda contínua de pequenos blocos nas vertentes.

Para prevenir e minimizar os impactes dos movimentos em massa devemos:


 Evitar construir em zonas de maior risco geoló gico;
 Construir infraestruturas de forma a nã o aumentar a pressã o sobre as
vertentes;
 Instalar sistemas de drenagem de á gua nas vertentes mais instá veis.

PROCESSOS E MATERIAIS GEOLÓGICOS – ROCHAS

Rochas magmáticas – resultam do arrefecimento e consolidaçã o de um magma.

Rochas metamórficas – rochas que sofrem afundamentos e ficam sujeitas a um


aumento significativo da temperatura e/ou pressã o.

Rochas sedimentares – formam-se a partir da meteorizaçã o e erosã o de rochas


preexistentes.
Quando sujeitos a condiçõ es de pressã o e temperatura superficiais, distintas
das condiçõ es em que se formaram, os minerais das rochas tornam-se instá veis e
sofrem meteorizaçã o. Assim, todas as rochas podem sofrer meteorizaçã o e
erosã o, formando rochas sedimentares. Estes processos incluem-se na
geodinâmica externa (exógena). Os processos de metamorfismo e
magmatismo originam-se em profundidade e dependem da energia interna da
Terra, incluindo-se na geodinâmica interna (endógena).

Propriedades dos minerais

Os minerais sã o os constituintes das rochas, distinguindo-se pela sua


composiçã o e estrutura cristalina. Podem definir-se como compostos:

 Naturais – nã o sã o considerados minerais;


 Inorgânicos – os minerais sã o formados por compostos inorgâ nicos;
 No estado sólido com uma estrutura cristalina ordenada – minerais
com á tomos em posiçõ es ordenadas. Ex.: vidro;
 Com composição química definida – pode variar ligeiramente mas
dentro de limites específicos.

Os minerais mais comuns na Terra sã o os silicatos.

É possível identificar macroscopicamente alguns minerais com recurso a um


conjunto de propriedades físicas, nomeadamente:

Dureza:

A dureza refere-se à resistência do mineral ao risco (riscar e ser riscado). A


estrutura do cristal é a principal responsá vel pela resistência do mineral ao risco.
Se um mineral é riscado por outro, considera-se que possui uma dureza inferior,
numa relaçã o que está presente na Escala de Mohs. Se um mineral risca e é
riscado por outro mineral, apresenta a mesma dureza.

1 - Talco 2 - Selenite 3 - Calcite 4 - Fluorite 5 - Aparite


6 - Ortóclase 7 - Quartzo 8 - Topázio 9 - Corundum 10 - Diamante

O talco é o mineral menos duro, enquanto que o diamante corresponde ao


mineral mais duro e resistente ao risco.

A dureza de um mineral está associada à força das ligaçõ es que o compõ em.
Assim, os minerais mais duros possuem uma rede cristalina formada por
ligações mais fortes do que os minerais com dureza inferior.

Clivagem e Fratura:

Alguns minerais têm a tendência para se quebrar ou dividir ao longo de


superfícies paralelas, designadas por planos de clivagem. Os feldspatos ou a
calcite possuem vá rios planos de clivagem. A moscovite é um mineral que possui
uma clivagem perfeita ao longo de uma direçã o. A clivagem ocorre ao longo dos
planos dos minerais formados por ligaçõ es mais fracas.
A fratura é a tendência de um cristal quebrar ao longo de planos irregulares.
O quartzo nã o possui uma clivagem definida, partindo-se em fragmentos
irregulares, quando sujeito a uma pressã o.

Brilho:

O brilho de um mineral resulta da reflexã o da luz nas suas superfícies frescas.


O brilho que um mineral apresenta é controlado pela forma como os á tomos se
encontram organizados, pois influenciam a absorçã o ou reflexã o da luz. Os
minerais podem ser agrupados em diferentes categorias:
Brilho Minerais
Vítreo Quartzo, fluorite
Gorduroso Feldspatos
Nacarado Moscovite e biotite
Sedoso ou acetinado Talco
Adamantino Diamante
Cor:

É uma propriedade física muito importante que varia de acordo com a


composiçã o química do mineral. As variaçõ es na cor tendem a dever-se à
presença de impurezas que contaminam o mineral.
Os minerais que apresentam uma cor característica designam-se por
idiocromáticos, enquanto que os alocromáticos podem apresentar cores
variáveis.
É frequente recorrer-se à cor do mineral quando reduzido a pó numa placa de
cerâ mica, formando um traço (dureza < 7), ou reduzido a pó num almofariz
(dureza > 7). O traço permite diferenciar minerais com cores e brilhos
semelhantes e é constante para cada mineral.

Densidade:

Corresponde à mediçã o direta da relaçã o entre a massa e o volume do


mineral. A densidade depende da massa ató mica dos minerais e da forma como
os á tomos se encontram arranjados. Os minerais mais “compactados” possuem
uma maior densidade.

Magnetismo:

Apenas se conhecem dois minerais com propriedades magnéticas: a


magnetite a pirrotite. Ambos os minerais possuem ferros na sua estrutura
cristalina.
Para além das propriedades físicas, os geó logos podem recorrer à s
propriedades químicas, realizando o teste de efervescência do á cido clorídrico.
Este teste indica que provavelmente corresponde à calcite e que se trata de um
carbonato de cá lcio.
ROCHAS SEDIMENTARES

Meteorização:

Como a maioria das rochas se forma em profundidade, sob o efeito de


elevadas temperaturas e pressõ es, quando ascendem à superfície ficam sujeitas a
diferentes condiçõ es de pressã o e temperatura e em contacto com a á gua e o ar.
As rochas sofrem assim desintegraçã o e desagregaçã o. A meteorização pode ser
mecânica ou química e nã o implica qualquer transporte de material.

Meteorizaçã o Mecâ nica:

Corresponde à fragmentaçã o de um mineral ou rocha em fragmentos de


dimensõ es mais reduzidas, sem modificar a sua composiçã o química.

Esfoliaçã o As rochas expandem-se e fragmentam-se quando


camadas superiores sã o removidas, diminuindo a
Mecâ nica pressã o a que as rochas estã o sujeitas.

A formaçã o de cristais de sais nas fendas por


Haloclastia evaporaçã o da á gua provoca a fragmentaçã o das
rochas.

O aumento brusco da temperatura expande de


Termoclasti forma diferente os diversos minerais que se
a contraem com o arrefecimento extremo,
aumentando a fragilidade da rocha.
Meteorizaçã o Química:

Na meteorizaçã o química a estrutura interna do mineral sofre alteraçã o, com


remoçã o ou adiçã o de alguns elementos químicos e a formaçã o de novos
minerais mais está veis para as condiçõ es superficiais. Este processo ocorre pela
intervençã o de um agente químico (á gua, O2, CO2).

Erosã o:

Os produtos que se geram com a meteorizaçã o química e física podem ser


removidos do local onde se geraram por açã o de agentes de transporte como a
á gua, o vento e o gelo. Os sedimentos podem ser:

 Detríticos – correspondendo à fraçã o só lida que é fisicamente removida


pelos agentes de transporte;
 Químicos – resultam do material que é meteorizado das rochas e minerais
e que permanece dissolvido na á gua até ser transportado e precipitado num
outro local;
 Bioquímicos – sã o formados a partir da atividade dos organismos
(conchas).

Transporte:

Apó s a formaçã o dos sedimentos detríticos e químicos, pela açã o da


meteorizaçã o e da erosã o, estes podem ser transportados até ao momento em
que ocorre a deposiçã o.
Ao longo do transporte ocorre uma triagem dos sedimentos de acordo com a
sua dimensã o, forma, densidade e agente de transporte. Nas regiõ es
montanhosas, e devido à elevada velocidade, é possível transportar a maioria dos
fragmentos, incluindo os de elevadas dimensõ es.
No entanto, ao longo do curso a capacidade de transporte diminui e os
fragmentos de maiores dimensõ es sedimentam. Assim, nas secçõ es finais
encontram-se presentes depó sitos formados por sedimentos com dimensõ es
semelhantes.

Deposiçã o:

Quando a energia do agente de transporte nã o é suficiente para transportar


as partículas, ocorre a sua deposiçã o (também conhecida por sedimentaçã o).

Afundamento e diagénese:

A acumulaçã o sucessiva e contínua de sedimentos provoca uma compactaçã o


das camadas inferiores que ficam sujeitas a uma maior pressã o por efeito do
peso as camadas superiores. Os sedimentos sã o sujeitos a afundamento e o seu
volume pode ser reduzido até 40%, expulsando elevados volumes de á gua que se
encontrava nos poros.
O aprofundamento está associado à diagénese das rochas sedimentares, que
envolve diversas modificaçõ es físicas e químicas ligadas, principalmente, ao
aumento da pressã o e da temperatura. As elevadas temperaturas permitem a
ocorrência de reaçõ es entre os minerais e a á gua presente nos interstícios dos
sedimentos, formando uma rocha sedimentar consolidada.

Um processo importante na diagénese é a cimentaçã o de novos minerais que


permitem preencher os pores dos sedimentos, unindo as diferentes partículas,
aumentando a consolidaçã o da rocha. Os cimentos mais comuns na diagénese sã o
a calcite e a sílica.
Apó s a precipitaçã o, muitos dos minerais recristalizam, originando novos
minerais mais está veis para as pressõ es de condiçõ es e temperaturas superiores.

Classificaçã o das rochas sedimentares

Existem vá rias classificaçõ es para as rochas sedimentares: detríticas,


quimiogénicas e biogénicas.
Rochas sedimentares detríticas:

As rochas detríticas sã o classificadas de acordo com a sua consolidaçã o e


dimensã o das partículas que as constituem, podendo ser divididas em rochas
detríticas consolidadas (coerente) e rochas detríticas não consolidadas (não
coerente).

Rocha não Consolidada Rocha Consolidada


Balastros Conglomerado
Areia Arenito
Silte Siltito
Argila Argilito

A classificaçã o das rochas detríticas em funçã o da sua granulometria permite


distingui-las de acordo com um dos fatores importantes da deposiçã o – a
capacidade do agente de transporte.

Rochas Sedimentares Quimiogénicas

As rochas quimiogénicas permitem estudar as condiçõ es do ambiente em


deposiçã o. As rochas quimiogénicas resultam da litificaçã o de precipitados
químicos, em consequência da evaporaçã o da á gua ou por variaçã o das
propriedades da á gua. Os evaporitos formam-se em resultado de uma intensa
evaporaçã o nos lagos ou nos rios.

Rochas Sedimentares Biogénicas

Sã o rochas formandas pela deposiçã o de restos de seres vivos ou pela sua


açã o indireta. Os calcá rios podem ser de origem bioló gica e constituem as rochas
biogénicas mais abundantes e importantes, formando importantes reservató rios
de dió xido de carbono na crusta terrestre.
Os carvõ es sã o rochas sedimentares biogénicas, formandas pela acumulaçã o
de material fó ssil vegetal e sã o uma importante fonte energética.

OS ESTRATOS E A HISTÓRIA GEOLÓGICA

Os geó logos recorrem aos estratos sedimentares para obter dados que
permitam compreender os fenó menos que ocorreram no passado da Terra.
Para datar a formaçã o dos estratos, os cientistas recorrem a vá rios princípios,
que permitem de uma forma simples correlacionar os estratos, nomeadamente:

 Princípio da Horizontalidade Original – os depó sitos, pela açã o da


gravidade, formam camadas com posiçã o horizontal. Os estratos que se
encontram atualmente na diagonal ou vertical sofreram modificaçõ es
apó s a sua deposiçã o;

 Princípio da Sobreposição – a deposiçã o das camadas ocorre sempre


por ordem cronoló gica, da base para o topo. Uma camada é mais recente do que a
que serve de base, e mais antiga do que as camadas depositadas por cima.
 Princípio da Continuidade Lateral – os estratos podem estender-se
lateralmente por longas distancias. Assim, um estrato delimitado por um muro
ou teto, e com determinadas propriedades litoló gicas, possui a mesma idade em
toda a sua extensã o lateral.

 Princípio da Inclusão – aplica-se essencialmente a rochas compostas por


fragmentos de outras rochas, como por exemplo, conglomerados. Assim, a rocha
que se forma, é mais recente do que as rochas que originaram os fragmentos que
foram incluídos nos estratos.

 Princípio da Interseção – aplica-se a estratos que sã o afetados por


estruturas (intrusõ es, falhas, dobras), em que estes elementos sã o mais recentes
do que as camadas que afetam.

O princípio da Identidade Paleontológica baseia-se no uso dos fó sseis, em


que estratos com o mesmo conteú do paleontoló gico possuem a mesma idade.
No entanto, nem todos os fó sseis podem ser usados para correlacionar os
estratos. Apenas os fósseis de idade por apresentarem as seguintes
características:

 Sã o provenientes de organismos abundantes, que apresentavam ampla


distribuiçã o geográ fica;
 Distribuiçã o restrita no tempo;
 Fossilizam facilmente, por possuírem estruturas resistentes que se
preservam.

Para além dos fosseis de idade, existem também os fó sseis de fá cies. Uma
fá ceis permite definir o ambiente de deposiçã o e formaçã o dessa rocha.

ROCHAS MAGMÁTICAS

As rochas magmá ticas sã o o resultado da solidificaçã o de um magma. O


magmatismo encontra-se associado à tectó nica de placas.

O magma corresponde a uma mistura de compostos só lidos, líquidos e


gasosos. Com o arrefecimento, os elementos químicos associam-se em cristais.
O abaixamento da temperatura do magma inicia o processo de cristalizaçã o. A
cristalizaçã o inicia-se pela formaçã o de cristais de dimensõ es muito reduzidas.
Estes cristais crescem e originam cristais de maiores dimensõ es.

 Euédricos – cristais com faces bem desenvolvidas. Apenas se


desenvolvem quando os minerais se formam em ambientes com espaço livre, que
permitam o seu crescimento;
 Anédricos – minerais muito pró ximos uns dos outros, restringindo o seu
crescimento e formando cristais com faces imperfeitas.

A maioria da crusta terrestre é composta por um grupo reduzido de


minerais pertencentes aos silicatos.
Existem diversos fenó menos que permitem aumentar a variedade e
diversidade de minerais: isomorfismo e o polimorfismo.

 Isomorfismo – minerais que apresentam a mesma estrutura e uma


composiçã o química ligeiramente diferente;
 Polimorfismo – minerais que apresentam a mesma composiçã o mas
estrutura química diferente. O diamante a grafite sã o dois polimorfos, compostos
por CO2.

As rochas magmá ticas podem ser classificadas de diversas formas, com base
na composiçã o química, na textura e na cor global da rocha.

Relativamente ao ambiente de consolidaçã o, as rochas magmá ticas podem


ser classificadas em:

 Plutónicas – a solidificaçã o do magma ocorre no interior da crusta


terrestre, de uma forma lenta e gradual, permitindo a formaçã o de cristais bem
desenvolvidos: granito;
 Vulcânicas – o magma atinge a superfície e arrefece de uma forma
rápida e sú bita. A rocha possui cristais de reduzidas dimensões, como
basalto.

É possível classificar a textura das rochas, como:

 Granular – é possível observar os cristais (rochas plutó nicas);


 Agranular – nã o é possível identificar os cristais (rochas vulcâ nicas).

A composiçã o química dos magmas é controlada pelos principais elementos


presentes na crusta terrestre: silício, O2, alumínio, ferro, cá lcio, magnésio, só dio,
potá ssio e hidrogénio.
Composicionalmente, os magmas podem ser classificados em três grupos
principais:

 Basálticos – com magma básicos (< teor de sílica). Incluem os


basaltos, rocha vulcânica e os gabros, rocha plutónica. Sã o os mais
abundantes e os que se encontram a temperaturas mais elevadas. O baixo teor
em sílica origina magmas com reduzida viscosidade e fluem facilmente,
originando erupções efusivas.

 Andesíticos – apresentam uma composição intermédia (± sílica).


Originam os andesitos, rocha vulcânica, e os dioritos, rocha plutónica.

 Riolíticos – magmas ácidos (> teor de sílica). Sã o magmas muito


viscosos e que originam erupções violentas. Formam riolitos, rocha
vulcânica, e granitos, rocha plutónica.
Composição do Plutónica/Granular Vulcânica/Agranular
magma (lento) (rápido)
Basáltico Gabro Basalto
Andesítico Diorito Andesito
Riolítico Granito Riolito

No que toca à cor, é possível constatar que as diferentes rochas apresentam


coloraçõ es muito distintas:

 Leucocratas – rochas de cor clara, granito;


 Mesocratas – rochas de cor intermédia, andesito;
 Melanocratas – rochas de cor escura, basalto.

A cor é, acima de tudo, reflexo da textura e da composiçã o química e


mineraló gica das rochas:

- As rochas formadas a partir de magmas bá sicos (gabros e basaltos),


possuem elevadas quantidades de minerais escuros, do grupo das piroxenas e
das olivinas e também possuem elevadas quantidades de plagióclases cálcicas.
Os minerais ferromagnesianos conferem a cor escura a estas rochas;
- As rochas intermédias incluem os andesitos e os dioritos, ricos em
Plagióclases;
- As rochas á cidas, que incluem os granitos e os riolitos, caracterizam-se
por elevadas quantidades de quartzo e feldspatos (rochas leucocratas).

ORIGEM DOS DIFERENTES MAGMAS

A pressão é um fator importante na formaçã o de magmas. O aumento da


pressã o com a profundidade provoca um aumento da temperatura de fusã o.
A água e outros voláteis, que se encontram presentes na maioria dos
magmas, possuem um papel fundamental nas sua formaçã o.

 Diferenciação magmática – um magma inicial uniforme pode originar


rochas finais com composiçõ es químicas distintas. A diferenciaçã o magmá tica
ocorre porque os minerais nã o possuem a mesma temperatura de formaçã o.
Assim, com a formaçã o dos primeiros minerais, a composiçã o do magma sofre
modificaçõ es, pois alguns dos elementos químicos sã o consumidos na
cristalizaçã o.

A sequencia de formaçã o dos minerais nas rochas magmá ticas encontra-se


esquematizada na Série de Bowen. Esta série representa e evoluçã o
mineraló gica possível para um magma. É composta pela:

 Série descontínua – dos minerais ferromagnesianos, que


possuem uma composiçã o e estrutura química muito diferentes:
 Série continua – das plagióclases, onde ocorrem variaçõ es
químicas mas a estrutura é mantida (isomorfos):

Para além da diferenciaçã o magmá tica, também pode ocorrer a cristalização


fracionada – separaçã o, por arrefecimento, de um magma em diferentes
componentes, com sucessiva formaçã o e remoçã o dos minerais a temperaturas
menores.

DEFORMAÇÃO DAS ROCHAS – REGIME DÚCTIL E FRÁGIL

Do estudo da deformaçã o das rochas, os geó logos constaram que existem dois
tipos principais de estruturas, nomeadamente as dobras e as falhas.
A deformaçã o depende do tipo de força aplicada aos materiais e da natureza
destes, e inclui os seguintes regimes:

 Elástico – quando o objeto retorna à sua forma inicial;


 Plástico – a força provoca a deformaçã o permanente de material que
assim nã o retorna à sua posiçã o inicial;
 Frágil – esta ultrapassa o limite de plasticidade do material que quebra.

As principais deformaçõ es das rochas ocorrem ao longo dos limites das


placas litosféricas, sob a açã o de forças que podem ser classificadas em:

 Compressivas – provocam a compressã o do material, com reduçã o do


seu volume;
 Distensivas – tendem a provocar o estiramento do material rochoso,
aumentando a distâ ncia entre as extremidades de um bloco, deslocando-se em
sentidos opostos;
 Cisalhamento – sujeitam os corpos rochosos a forças em sentidos
opostos, modificando a sua forma inicial. As placas deslocam-se horizontalmente
na mesma direçã o mas em sentido contrá rio.

A combinaçã o de temperaturas baixas, associadas a reduzidas pressões e


deformaçã o concentrada num curto período de tempo, origina um regime frágil.
Nestas condiçõ es, a plasticidade dos materiais é reduzida e estes tendem a
fragmentar-se.

A elevada pressão e temperatura que se verifica na crusta profunda e


manto superior, associadas a processos lentos de deformação, aumenta a
plasticidade dos materiais e caracteriza o regime dúctil, com o desenvolvimento
de dobramentos.
Conforme a atitude espacial, as dobras sã o classificadas em:

 Antiforma – as dobras apresentam uma curvatura convexa, em que a


abertura está orientada para baixo;
 Sinforma – a dobra apresenta uma abertura orientada para cima, com
uma curvatura cô ncava;
 Dobra neutra – a abertura da dobra encontra-se orientada lateralmente.

Em termos de sequencia estratigrá fica, as dobras podem ser classificadas em:

 Anticlinal – os níveis mais antigos ocupam o nú cleo da dobra;


 Sinclinal – os níveis mais recentes ocupam o nú cleo da dobra.

ROCHAS METAMÓRFICAS

Agentes de metamorfismo

Qualquer rocha quando sujeita a condiçõ es de pressã o e temperatura


diferentes das que se formou pode sofrer metamorfismo. Este processo permite
a formaçã o das rochas metamó rficas.
O metamorfismo ocorre em funçã o de três fatores: pressão, calor e fluidos
químicos circulantes.

A pressã o é um fator de metamorfismo extremamente importante podendo


ser:

 Pressão litostática – o material fica sujeito a forças muito intensas em


todas as direçõ es e provocam a sua deformaçã o;
 Pressão não-litostática – ocorre quando as pressã o sã o dirigidas em
resultado da atividade tectó nica (um só direçã o).

A temperatura é um fator determinante no metamorfismo:

O metamorfismo ocorre a cima dos 100ºC, existindo diversas fontes de calor,


nomeadamente:

 Gradiente geotérmico – resulta do aumento da temperatura com a


profundidade;
 Magmatismo – o calor também pode ser originado de corpos magmá ticos
que ascendem ao longo da crusta.

Minerais Índice

As elevadas pressõ es e temperaturas provocam uma compactaçã o e


recristalização mineraló gica. Este processo tende a afetar a textura da rocha
inicial.
A distena, a silimanite e a andaluzite polimorfos comuns nas rochas
metamó rficas. Sã o importantes indicadores das condiçõ es de pressã o e
temperatura do metamorfismo, pois estã o ausentes nas rochas sedimentares e
magmá ticas.

É possível definir o grau de metamorfismo em funçã o dos minerais índice das


rochas em que:

 Grau baixo – temperaturas e pressõ es baixas, formam-se ardó sias e


filitos;
 Grau médio – intermédio, formam-se xistos;
 Grau elevado – altas temperaturas e pressõ es, formam-se os ganisses.

Tipos de metamorfismo:

Os fatores de metamorfismo sã o responsá veis pela ocorrência de dois tipos


principais de metamorfismo:

 Contacto – ocorre na proximidade de intrusões magmáticas, em


funçã o do ligeiro aumento da pressã o e principalmente da temperatura. Este
metamorfismo ocorre principalmente nos limites convergentes de placas;

 Regional – pode ocorrer com o afundamento dos sedimentos nas bacias


oceâ nicas, em que o aumento das condiçõ es de pressão e temperatura
ultrapassa as condiçõ es de diagénese. Ocorre principalmente em zonas de
subducçã o e limites convergentes de placa continental-continental. O
metamorfismo regional modifica profundamente a textura e mineralogia da
rocha parental.

Principais texturas em rochas metamó rficas:

Os fenó menos metamó rficos provocam modificaçõ es na textura das rochas


iniciais. A textura das rochas metamó rficas pode ser classificada em:

 Textura não foliada – é comum em rochas resultantes do


metamorfismo de contacto, em que os cristais não crescem ao longo de
direções definidas e paralelas. Rochas: corneana, quartzitos e mármores.

 Textura foliada – é a principal característica textual das rochas que se


formam no metamorfismo regional. Esta origina-se pela orientação e
alongamento dos cristais em planos aproximadamente paralelos. Quando
sujeitos a forças, os cristais orientam-se perpendicularmente à direçã o da
deformaçã o. Rochas: xisto, gnaisse, ardósia.

PRINCIPAIS RECURSOS GEOLÓGICOS

Muitos dos recursos sã o limitados, pelo que o consumo excessivo nas ultimas
décadas tem causado graves problemas ao nível das reservas disponíveis.
Alguns dos recursos sã o classificados como renováveis (energia geotérmica)
ou não renováveis (combustíveis fosseis, energia nuclear e recursos minerais).
 Não-renováveis – a sua regeneraçã o pelos processos naturais é muito
mais lenta do que o seu consumo, incluindo os combustíveis fosseis e a energia
nuclear.
 Renováveis – as fontes de energia renovam-se a um ritmo superior ou
igual à taxa de consumo, e inclui a energia geotérmica, hidroelectrica, solar e
eó lica.

Recursos e reservas

As reservas sã o todos os depó sitos minerais e rochosos que sã o


economicamente viá veis para serem explorados.
Os recursos incluem as reservas explorá veis e todos os depó sitos que podem
vir a ser explorados no futuro.
Todas as regiõ es da Terra possuem potencial para produzir energia
geotérmica, mas as zonas com elevado gradiente sã o mais rentá veis, pois
permitem obter maiores quantidades de energia a menores profundidades.
É frequente classificar-se as fontes de energia geotérmica em:

 Alta entalpia – alta temperatura. É frequente estar associado a regiõ es


com atividade vulcâ nica, sísmica ou magmá tica, sendo possível o seu
aproveitamento para produçã o de energia elétrica.
 Baixa entalpia – baixa temperatura. Na maioria das situaçõ es estã o
associadas à deslocaçã o de á gua ao longo de fraturas profundas ou á gua presente
em rochas porosas a grande profundidade. É explorada para uso termal e
aquecimento.

Exploraçã o dos recursos e desenvolvimento sustentá vel

O conceito de desenvolvimento sustentá vel está intimamente associado à


exploração sustentada dos recursos.

Exploraçã o equilibrada de recursos geoló gicos de acordo com as melhores


prá ticas ambientais, procurando reduzir a quantidade de recursos explorados e
de resíduos produzidos.

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