Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Domínio Colonial Português em Angola Nos Séculos XV e Xvi - Arquivo - Artigo-Anpuh-Rs-Corrigidoerevisado
Domínio Colonial Português em Angola Nos Séculos XV e Xvi - Arquivo - Artigo-Anpuh-Rs-Corrigidoerevisado
Lucas Caregnato
Mestrando em História - UPF
Email: lucarato@gmail.com
“Nos séculos XII e XIII o comércio dos escravos fazia-se por todo o país e
era semelhante a do gado cavalar. A escravatura viria a manter-se até os
tempos modernos. Quando os portugueses passaram ao continente africano,
levaram, portanto, consigo, uma experiência e um proveito da escravatura,
que bem conheciam. O fazer escravos nada tinha de novo para a aventura que
começava”. (1978, p. 41).
Considerações Finais
Durante séculos, os povos que viviam na região atualmente conhecida como
Angola, denominados bantus, tiveram, como forma de organização familiar
predominante, o sistema patrilinear e matrilinear, inseridos numa organização de
linhagens. Como meio de subsistência, destacava-se a agricultura, com participação
protagonista e predominantemente feminina. Esses povos dominavam a metalurgia e
tinham como práticas, formas de escravidão semelhantes ao escravismo antigo.
Entretanto, o domínio colonial português alterou drasticamente essas relações.
Pela necessidade de os lusitanos ampliarem seus domínios em terras até então
desconhecidas, Diogo Cão, em 1483, aportou no reino do Kongo e iniciou um processo
de espoliação nas terras angolanas. Suas práticas coloniais em território angolano
resultaram num processo que se organizou pela cooptação das lideranças políticas
locais, voltando seu poder interno para a captura de nativos, que serão direcionados para
o tráfico de escravos voltado à América.
Como resultado dessa dinâmica colonial, houve uma desorganização do sistema
familiar centrado na matrilinearidade e patrilinearidade, uma significativa diminuição
populacional, resultado do tráfico de escravos e a polarização de rivalidades políticas
entre as diversas etnias existentes naquele território, que facilitassem o domínio
português.
Referências bibliográficas
BRASIO, Antonio. Monumenta Missionária Africana. África Ocidental. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian e Academia da História. 1985.
CAPELA, José. Escravatura, conceitos: a empresa do saque. 2. ed. Porto:
Afrontamento. 1978.
COSER, Miriam C. A dinastia de Avis e a construção da memória do reino português.
Especiaria, UESC, v. 10, p. 703-727, 2007.
MAESTRI, Mário. A agricultura africana nos séculos XVI e XVII no litoral angolano.
Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1978.
_______________. História da África negra pré-colonial. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1988.
MEILLASSOUX, Claude. Mulheres, celeiros e capitais. Porto: Afrontamento, 1977.
MENEZES, Solival. Mamma Angola: sociedade e economia de um país nascente. São
Paulo: Edusp, Fabesp, 2000.
OLIVEIRA, A. J. M. Igreja e escravidão africana no Brasil colonial. Especiaria, UESC,
v. 10, p. 356-388, 2009.
PANTOJA, Selma Alves. Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Brasília:
Thesaurus, 2000.
SOUZA, Talita Tavares Batista Amaral de. Escravidão interna na África antes do tráfico
negreiro. VÉRTICES, ano 5, Nº 2, maio / ago, 2003.
TINHORÃO, José Ramos. Os negros em Portugal. Lisboa: Caminho, 1988.
TOMA, M. História, legislação e degredo em Portugal. Justiça & História, Porto
Alegre, v. 10, n. 5, p. 51-92, 2005.
VAINFAS, R.; SOUZA, M. M. E. Catolização e ressurreição: o reino do Congo da
conversão coroada ao movimento antoniano, séculos XV-XVIII. In: BELLINI, Lígia;
SOUZA, Evergton Sales; SAMPAIO, Gabriela dos Reis. (Org.). Formas de crer:
ensaios de história religiosa do mundo luso-brasileiro, séculos XIV-XXI. Salvador:
Corrupio, 2006.
VANSINA, Jan. La tradición oral. Barcelona: Labor, 1967.