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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Escola de Engenharia de Lorena – EEL

OPERAÇÕES UNITÁRIAS EXPERIMENTAL II

FILTRAÇÃO

Prof. MSc. Sérgio R. Montoro

1º semestre de 2012
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Engenharia de Lorena – EEL

FILTRAÇÃO

Filtrar consiste em separar mecanicamente as partículas sólidas


de uma suspensão líquida com o auxílio de um leito poroso. Quando de
força a suspensão através do leito, o sólido da suspensão fica retido sobre
o meio filtrante, formando um depósito que se denomina torta e cuja
espessura vai aumentando no decurso da operação. O líquido que passa
através do leito é o filtrado.
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FILTRAÇÃO

Pa

Filtrado Suspensão

Pb

L Torta
Meio de filtração

Pa = pressão da suspensão
Pb = pressão do filtrado
L = espessura da torta
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FILTRAÇÃO

A escolha do equipamento filtrante depende em grande parte da


economia do processo, mas as vantagens econômicas serão variáveis
de acordo com o seguinte:
1- Viscosidade, densidade e reatividade química do fluído;
2 - Dimensões da partícula sólida, distribuição granulométrica, forma da
partícula, tendência a floculação e deformidade;
3 - Concentração da suspensão de alimentação;
4 - Quantidade do material que deve ser operado;
5 - Valores absolutos e relativos dos produtos líquidos e sólidos;
6 - Grau de separação que se deseja efetuar;
7 - Custos relativos da mão-de-obra, do capital e de energia.
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FILTRO PRENSA DE PLACA E QUADRO

 O mais comum;

 Baixo custo de projeto e de manutenção;

 Extrema flexibilidade na operação;

 Necessita da desmontagem manual e consequentemente, mão de

obra.
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FILTRO PRENSA DE PLACA E QUADRO

É projetado para realizar diversas funções:

1. Permite a injeção da suspensão a filtrar até as superfícies filtrantes, por


intermédio de canais apropriados.
2. Permite a passagem forçada da suspensão através das superfícies
filtrantes.
3. Permite que o filtrado que passou pelas superfícies filtrantes seja
expelido através de canais apropriados.
4. Retém os sólidos que estavam inicialmente na suspensão.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO

O escoamento do filtrado através do bolo do filtro é passível de uma


descrição analítica por qualquer das equações gerais de escoamento
através de leitos compactos. Na realidade, em quase todos os casos
práticos, o escoamento é laminar e usa-se a equação de
Carman-Kozeny.
Kozeny

∆P (1 − ε ) 2 µ v s
= 180 (1)
L ε 3 D p2
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO

Esta equação relaciona a queda de pressão através do bolo do filtro à


vazão, à porosidade do bolo, e à sua espessura, e também ao diâmetro
da partícula sólida.
Transformando a equação uma coordenada pertinente a filtração, isto
é, em termo da área superficial específica, temos:

6 6
Dp = = (2)
Ap S 0
Vp
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO

Sendo So = área superficial específica, de material sólido. Então:

∆P 5(1 − ε ) 2 µ v s S02
= (3)
L ε3
Resolvendo esta equação para a velocidade de escoamento se tem:

∆Pε 3 1 dV
vs = = (4)
5(1 − ε ) µ S o L A dt
2

Sendo: A = área de filtração


dV/dt = taxa de filtração, isto é, o volume de filtrado que passa
pelo leito por unidade de tempo.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO

Para integrar a equação (4) e ter uma relação utilizável para todo o
processo, é preciso que apenas duas variáveis apareçam na equação.
As grandezas V, t, L, ∆P, So e ε podem todas variar.

A espessura da torta (bolo) (L) pode ser relacionada ao volume do


filtrado por um balanço de massa, pois a espessura é proporcional ao
volume de alimentação fornecido ao filtro.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO

LA(1 − ε ) ρ s = W (V + ε LA) (5)

Sendo:
ρs= densidade dos sólidos no bolo do filtro.
W = peso dos sólidos na suspensão de líquido por unidade de volume do
líquido nesta suspensão.
V = volume do filtrado que passou pela torta (bolo) do filtro.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO

O termo final da equação (5) (εLA) representa o volume do filtrado


retido na torta (bolo) do filtro. Este volume normalmente é muito
pequeno em relação a V, volume do filtrado que passou pelo leito.
Admitindo que esta parcela seja desprezível e combinando as
equações (4) e (5), temos:

1 dV ∆Pε 3 ∆PA
= = (6)
A dt 5 wV µ (1 − ε ) S 2 αµ wV
Aρ s
o
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO

Sendo: α = resistência específica da torta (bolo), definida como:

5(1 − ε ) So2
α= (7)
ρ sε 3

OBS: A equação (6) é a equação básica da filtração em termos da perda


de pressão através da torta (bolo).
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO
INCLUSÃO DA RESISTÊNCIA DO MEIO FILTRANTE (Rm)

A equação (6) é expressa na forma familiar de uma taxa proporcional a


uma força motriz dividida por uma resistência. Neste caso, a força
motriz e a resistência são pertinentes apenas à torta (bolo) do filtro.
Uma queda (∆P) no sistema significa incluir também as resistências de
escoamento em série.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO
INCLUSÃO DA RESISTÊNCIA DO MEIO FILTRANTE (Rm)

dV ∆P
= (8)
Adt  α wV 
µ + Rm 
 A 

Sendo: Rm – representa a resistência ao meio filtrante e da tubulação de


escoamento do filtrado.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO
INCLUSÃO DA RESISTÊNCIA DO MEIO FILTRANTE (Rm)

Separando as variáveis e integrando a equação (8) para tortas


incompressíveis (α = constante) e para operação de ∆P constante,
temos:
t µ V
 α wV Rm 
∫0 dt = ∆P ∫0  A2 + A dV
(9)
µ αw V  V
2

t=    + Rm 
∆P  2  A  A
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO
INCLUSÃO DA RESISTÊNCIA DO MEIO FILTRANTE (Rm)

A equação (9) representa o tempo necessário para filtrar-se qualquer


volume do filtrado.
A resolução da equação (9) requer uma estimativa de duas constantes
α e Rm. A resistência específica da torta (α) pode ser calculada,
possivelmente, a partir das propriedades da torta (bolo) do filtro quando
se conhecem ε e So para uma condição particular de filtração.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO
INCLUSÃO DA RESISTÊNCIA DO MEIO FILTRANTE (Rm)

No entanto, a resistência específica do meio filtrante (Rm) tem que ser


determinado a partir de dados provenientes de uma instalação de
filtração piloto.
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO
INCLUSÃO DA RESISTÊNCIA DO MEIO FILTRANTE (Rm)

Derivando a equação (9) em relação a V, temos:

dt µ  α wV Rm 
=  +
dV ∆P  A 2
A 
dt µα wV µ Rm
= +
dV ∆PA 2
A∆P
y = K1 x + K 2
µα w µ Rm
K1 = e K2 =
∆PA 2
A∆P
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CÁLCULOS DE FILTRAÇÃO
INCLUSÃO DA RESISTÊNCIA DO MEIO FILTRANTE (Rm)

Graficamente,

dt
dV

K1

K2

V
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

A operação à pressão constante (contant-pressure operation) é, em


geral, realizada transportando-se a suspensão para o filtro através de
uma bomba centrífuga e mantendo-se a pressão selecionada no filtro
por duas válvulas, a de entrada do filtro e a do reciclo da suspensão
para o tanque de alimentação.
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

Os valores de K1 e K2 para um dada suspensão que forma uma torta


incompressível podem ser calculados integrando a equação (1) abaixo
obtida da equação de Koseny-Carman para escoamento laminar em
tortas incompressíveis. Estas constantes com as conseqüentes
resistências específicas da torta e do meio filtrante, são necessárias
para a ampliação de escala e análise de filtros industriais e pilotos.
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

( K1V + K 2 )
t V

∫0 dt = ∫0 P dV (1)

K1 2 K2
t final = V final + V final (2)
2P P
t final K K
= 1 V final + 2 (3)
V final 2 P P
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

Sendo:

tfinal = Tempo de filtração (min)


Vfinal = Volume do filtrado (L)

αµ S ρ l
K1 = Constante que depende da torta (g/min.cm7).
(1 − mS ) A 2

Rm µ
K2 = Constante que depende do meio filtrante (g/min.cm4).
A
α = resistência específica da torta (cm/g)
µ = viscosidade do fluído (g/cm.s)
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

Sendo:

Ms
S= Fração mássica de sólido (adimensional)
Ms + Ml

Ms = Massa de sólido (g)

M l = Massa de líquido (g)

ρ l = densidade de líquido (g/cm3)


M úmida (1 − ε ) ρ s + ερl (adimensional)
m= =
M sec a (1 − ε ) ρ s

A = área de filtração (cm2)


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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

Sendo:

K2 A  2 meios filtrantes  Resistência específica


Rm = α (1 − ε ) ρ s l h = (n quadros)   do meio filtrante (cm-1)
µ  1 quadro 

M úmida − M sec a
volume de vazios ρl
ε = fração de vazios= =
volume total da torta Vtorta
n quadros
1 quadro

Múmida = massa úmida da torta (g)

Mseca = massa seca da torta (g)


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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

Sendo:

Vtorta = volume da torta (cm3)

ρS = densidade do sólido (g/cm3)

lh = espessura da torta de resistência equivalente ao meio filtrante (cm)

td = tempo de retirada da torta, limpeza e remontagem

V final
C= Capacidade do filtro (mL/min)
t final + td
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO

A partir dos dados experimentais de tfinal e Vfinal obtém-se o coeficiente


angular e linear da reta representada pela equação 3 através de
métodos numérico ou gráficos.
Anotem na tabela a seguir os seguintes dados para o cálculo a ser
realizado durante o experimento.
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

Tabela de Resultados:
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

OBJETIVOS DO EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

a) Familiaridade com o filtro prensa; etapas de operação; instruções gerais;

b) Cálculo da área total de filtração e do volume total de torta;

c) Cálculo dos parâmetros de filtração (K1, K2, Rm, α, ε, l h e S);


d) Estimativa do tempo de filtração para o caso de se utilizar o mesmo filtro com

10 quadros para ∆P = 100 kPa (até que todos os quadros fiquem cheios).
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

PONTOS EXPERIMENTAIS QUE SERÃO COLETADOS:


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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

PARA O RELATÓRIO DO EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

Tabela de resultados:
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EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

PARA O RELATÓRIO DO EXPERIMENTO DE FILTRAÇÃO:

Com os dados obtidos durante o experimento de filtração, deverá ser


construído o gráfico abaixo e determinar os parâmetros:

K1
K2
Rm


l h
S
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Teoria Básica de Filtração


Queda de pressão de fluido através da torta
A figura mostra uma seção de um filtro em um tempo t (s) medido a partir do
início do fluxo. A espessura da torta é L (m). A área da seção transversal é A
(m2), e a velocidade linear do filtrado na direção L é v (m/s)
Meio filtrante

Alimentação
Filtrado
da suspensão

Incremento da torta
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A equação de Poiseuille explica o fluxo laminar em um tubo, que no


sistema internacional de unidades (SI) pode ser descrito como:

∆P 32 µv
= 2
L D

Onde:
∆p é a pressão (N/m2)
v é a velocidade no tubo (m/s)
D é o diâmetro (m)
L é o comprimento (m)
µ é a viscosidade (Pa.s)
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No caso de fluxo laminar em um leito empacotado de partículas a equação de


Carman-Kozeny tem sido aplicada à filtração com sucesso:

∆P 32 µv ∆pc k1 µ v (1− ε ) S 2 2
= 2 = 0
L D L ε 3

Onde:
k1 é uma constante para partículas de tamanho e forma definida
µ é a viscosidade do filtrado em Pa.s
v é a velocidade linear em m/s
ε é a porosidade da torta
L é a espessura da torta em m
S0 é a área superficial específica expressa em m2 / m3
∆Pc é a diferença de pressão na torta N/m2
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A velocidade linear é baseada na área da seção transversal vazia:

dV / dt
v=
A

Onde:

A é a área transversal do filtro (m2)

V é o volume coletado do filtrado em m3 até o tempo t (s).


A espessura da torta L depende do volume do filtrado V
são obtidas a partir do balanço material.
m p = cs Vtotal LA (1 − ε ) ρ p = cs (V + εLA)
Onde:
cs = kg de sólidos/m3 do filtrado,
ρp é a densidade de partículas sólidas na torta em kg/m3

cs (V + εLA) dV / dt
L= v=
A (1 − ε ) ρ p A
∆pc k1 µ v (1− ε )2 S02
=
L ε3
dV ∆pc dV ∆pc
= =
A dt k1 (1 − ε ) S 02 µ c sV A dt µ c sV
α
ρ pε 3 A A
dV ∆pc
Para a resistência do leito temos: =
A dt µ c sV
α
A

Onde α é a resistência específica da k1 (1 − ε ) S 02


α=
torta (m/kg) definida como: ρ pε 3

Para a resistência da tela filtrante, podemos usar a


Equação de Darcy:
dV ∆p f
=
A dt µRm
Onde:
Rm é a resistência ao fluxo do meio filtrante (m-1)
∆Pf é a queda de pressão no filtro
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dV ∆pc
= dV ∆p f
A dt µ c sV =
α A dt µRm
A

Como as resistências da torta e do meio filtrante estão em série, podem ser


somadas:

dV ∆p
=
A dt  αcsV 
µ + Rm 
 A 

Onde ∆p = ∆pc (torta) + ∆pf (filtro)


dV ∆p
= A equação anterior pode ser
A dt  αcsV 
µ + Rm  invertida para dar:
 A 

dt µαcs µ dt
= 2 V+ Rm = K pV + B
dV A (∆p) A(∆p) dV

Onde Kp está em s/m6 e B em s/m3:

µαcs µRm
Kp = B=
A (∆p )
2
A (∆p)
Filtração à pressão constante
Para pressão constante e α constante (torta incompressível),
V e t são as únicas variáveis.
dt µαcs µ dt
= 2 V+ Rm = K pV + B
dV A (∆p) A(∆p) dV
Integração para obter o tempo da filtração t em (s):
t v Kp
∫ dt = ∫ ( K pV + B) dV t= V + BV
2
0 0 2
Dividindo por V:

t Kp
= V +B
V 2
Onde V é o volume total do filtrado (m3) reunido em t (s)
Para saber o tempo de filtração é necessário conhecer
α e Rm.
µαcs
Kp =
A2 (∆p)
Kp
t= V + BV
2

2 µRm
B=
A (∆p )

Para isso, posso utilizar a equação dividida por V:

t Kp
= V +B
V 2
E traçar um gráfico de t/V versus V
Preciso dos dados de volume coletado (V) em tempos
diferentes de filtração.

t Kp
= V +B
V 2

Y = A.X + B Kp 1 µαcs
=
t/V 2 2 A2 (∆p)

µRm
B=
A (∆p )

V
t Kp Kp = coeficiente angular da reta
= V +B
V 2 B = coeficiente linear da reta
Kp 1 µαcs µRm
= B=
2 2 A2 (−∆p) A (−∆p )

Com Kp e B pode-se determinar Kp


diretamente o tempo de filtração. t= V 2 + BV
2
Porém o cálculo de α (resistência específica da torta) e de
Rm (resistência do meio filtrante) permite obter a equação do
tempo de filtração em termos dos parâmetros básicos da
operação
µαcs µRm
t= V +
2
V
2 A (∆p)
2
A (∆p)
Exercício 1:
Avaliação das Constantes para Filtração à Pressão
Constante
Contam-se com os dados da filtração em laboratório de
uma suspensão de CaCO3 em água a 298,2 K (25°C) e a
∆p) de 338 kN /m2.
uma pressão constante (∆
Área do filtro prensa de placa-e-marco
A = 0,0439 m2

Concentração de alimentação
cs = 23,47 kg/m3
Calcule as constantes α e Rm a partir dos dados
experimentais de volume de filtrado (m3) versus tempo de
filtração (s). Estime o tempo necessário para filtrar 1m3
da mesma suspensão em um filtro industrial com 1m2 de
área. Se o tempo limite para essa filtração fosse de 1h,
qual deveria ser a área do filtro?
Tempo (s) Volume (m3)
A = 0,0439 m2
4,4 0,498 x 10-3
9,5 1,000 x 10-3
cs = 23,47 kg/m3
16,3 1,501 x 10-3
24,6 2,000 x 10-3 µ = 8,937 x 10-4 Pa.s
34,7 2,498 x 10-3 (água a 298,2 K)
46,1 3,002 x 10-3
59,0 3,506 x 10-3 ∆p) = 338 kN/m2
(∆
73,6 4,004 x 10-3
89,4 4,502 x 10-3
107,3 5,009 x 10-3

µRm
B= µαcs
A (∆p)
A2 (∆p) 2 µRm
µαcs t= V + V
Kp = 2 A (∆p)
A2 (∆p)
Solução:
Dados são usados para obter t/V

(t/V) x 10- t/V


Vx 103 3
t
4,4 0,498 8,84
9,5 1,000 9,50
16,3 1,501 10,86
24,6 2,000 12,30
34,7 2,498 13,89
46,1 3,002 15,36
59,0 3,506 16,83
73,6 4,004 18,38
89,4 4,502 19,86
V
107,3 5,009 21,42
Solução: ∆Y
≅ 3000000
Dados são usados para obter t/V
∆X
Y = 3 x 106 X + B

B = 6400 s/m3

Kp/2 = 3,00 x 106 s/m6


Kp = 6,00 x 106 s/m6

µ α cs (8,937 x 10 −4 ) (α ) (23,47)
K p = 6,00 x 10 = 2
6
=
A (−∆p) (0,0439) 2 (338 x 103 )
α =1,863 x 1011 m / kg
µRm (8,937 x 10 −4 )(Rm )
B = 6400 = =
A( − ∆p) 0,0439 (338 x 10 3 )
Rm = 10,63 x 10 10 m −1
Solução:

µαcs µRm
t= V +2
V
2 A (∆p)
2
A (∆p)

(8,937 x 10-4 )(1,863 x 1011)(23,47) 2 (8,937 x 10−4 )(10,63 x 1010 )


t= 2 3
1 + 3
1
2x1 x(338 x 10 ) 1(338 x 10 )

t = 6061,78 segundos = 1,68 horas


Solução:

µαcs µRm
t= V +
2
V
2 A (∆p)
2
A (∆p)

5710 286
t= 2 +
A A
t = 3600 s
3600A2 − 286A − 5710 = 0
A = 1,3m2
Compressibilidade da torta
Torta incompressível (α = constante): um aumento na vazão
acarreta em um aumento proporcional da queda de pressão
(∆p), ou seja, para dobrar a vazão da filtração, deve-se
dobrar (∆p).
dV ∆p
=
A dt  αcsV 
µ + Rm 
 A 
Torta compressível (α = f(∆p)): um aumento na vazão
acarreta em um aumento maior que o proporcional da queda
de pressão (∆p), ou seja, para dobrar a vazão da filtração,
deve-se utilizar uma (∆p) maior que o dobro.
Equação empírica comumente utilizada:
s é o fator de compressibilidade
α = α 0 (∆p )s
varia entre 0,2 e 0,8, na prática.
s = 0 para torta incompressível
Exercício 2:
Filtrações a pressão constante foram realizadas para uma suspensão de
CaCO3 em H2O sendo obtidos os resultados apresentados na tabela. A
superfície total de filtração foi 440 cm², a massa de sólidos por volume de
filtrado foi de 23,5 g/L e a temperatura foi de 25 oC (µH2O=0,886x10-3kg/[m
s]). Calcule os valores de α e Rm em função da diferença de pressão e
elabore uma correlação empírica entre α e ∆P.
Experimento: 1 2 3 4 5
∆P 5x104 1x105 2x105 4 x105 8 x105
V(L) t1 t2 t3 t3 t5
0,5 13,7 8,2 4,9 2,9 1,7
1 46,7 28,2 17,2 10,4 6,3
1,5 99,1 60,2 36,7 22,3 13,6
2 170,8 104,1 63,7 38,8 23,6
2,5 261,8 159,9 97,9 59,8 36,5
3 372,2 227,5 139,4 85,3 52,1
3,5 307,1 188,3 115,3 70,5
4 398,6 244,5 149,8 91,7
4,5 308,1 188,8 115,6
5 378,9 232,3 142,4
5,5 280,4 171,9
6 332,9 204,1
Solução:
V t1/V t2/V t3/V t4/V t5/V
0,0005 27391 16333 9844 5870 3481
0,001 46728 28236 17172 10380 6258
0,0015 66065 40140 24499 14891 9034
0,002 85402 52043 31826 19401 11811
0,0025 104739 63946 39153 23912 14587
0,003 124076 75849 46481 28422 17364
0,0035 87753 53808 32933 20140
0,004 99656 61135 37443 22917
0,0045 68463 41953 25693
0,005 75790 46464 28470
0,0055 50974 31247
0,006 55485 34023

Regressão linear:
t/V=aV+B  a= Kp/2=cαµ/(2A2∆p), B=Rmµ/(A∆p)

α= α0 ∆ps  log(α)=log(α0) + s log(∆p)


Solução:
Regressão linear:
t/V=aV+B  a=cαµ/(2A2∆p), B=Rmµ/(A∆p)

α= α0 ∆ps  log(α)=log(α0) + s log(∆p)


Rm(1/m
∆P a (s/m^6) B(s/m^3) α(m/kg) ) log(α)
2,0x101 log(∆p)
4,6989 11,5558
5 x104 3,8674x107 8054,5 4,43x10 0
3,6x10111 2,2x10 7 2
1 5,0000 11,6461
1 x105 2,3806x107 4430,0 1 0 0 3
5,45x101 2,5x101 5,3010 11,7364
2 x105 1,4655x107 2517,0 1 0 3 4
6,71x10 2,7x101 5,6020 11,8267
1

4 x105 9,0210x106 1359,2 1 0 6 5


8,26x10 2,8x101 5,9030 11,9170
1

8 x105 5,5530x106 704,8 1 0 9 6

log(α0)=10,146  α0 = 1,4x1010 m/kg


s=0,3
α = 1,4 ⋅ 1010 ∆P 0,3
Exercício 3 :
Um filtro prensa com a área de abertura do quadro igual a 1 m2 e espessura do quadro de 1 cm
utiliza 20 quadros para filtrar a suspensão de CaCO3 utilizada no ensaio anterior. Admitindo que a
pressão compressiva utilizada seja de 300 kPa, que a massa específica da torta (seca) formada
seja de ρtorta=1600 kg/m3 e a do CaCO3 seja ρsólido=2800 kg/m3.
a) Calcule a área total de filtração;
b) Calcule o volume total dos quadros;
c) Calcule a porosidade ε da torta;
d) Calcule o volume total de filtrado a ser coletado até que os quadros fiquem cheios;
e) Calcule o tempo de filtração total até que os quadros fiquem cheios (considere que tenha sido
utilizado a mesma lona filtrante do experimento apresentado no exercício anterior).
Solução:
a) A = 2 (lados) x 1 (área de 1 lado) x 20 (quadros) = 40 m2

b) Vquadros= 1 (área de 1 lado) x 10-2 (espessura) x 20 (quadros) = 0,2 m3

c) ε=Vporos/Vtorta= (Vtorta-Vsólidos)/Vtorta=1-Vsólidos/Vtorta
ε= 1-(m/ρsólido)/(m /ρtorta) = 1-ρtorta /ρsólido = 1-1600/2800 = 0,43

d) Vtorta=Vquadros=0,2m3;
mtorta=ρtorta Vtorta= 1600 x 0,2 = 320 kg
V=mtorta/c= 320/23,5=13,6 m3

e) α=α0∆Ps=1,4 1010 x (3 105)0,3=6,16 1011 m/kg


Por interpolação: Rm= 2,6 1010 m-1
a= cαµ/(2A2∆P) = 23,5x6,16 1011x0,886 10-3/(2 x 402 x 3 105)=13,36 s/m6
b=Rmµ/(A∆P)= 2,6 1010 0,886 10-3/(40x3 105)=1,92 s/m3
t =aV2+bV=13,36 x 13,62 + 1,92 x 13,6 = 2497 s = 41,6 min
Filtração Contínua
• Aplicados a filtros de tambor rotativo a vácuo;
• Alimentação, o filtrado e a torta se movem com mesma velocidade.
• Resistência do meio filtrante é desprezível, quando comparada a resistência
da torta, logo, Rm pode ser considerado zero.
µαcs
t= V 2

2 A (−∆p)
2

Para caso particular de um filtro rotatório a vácuo, o tempo t é menor que o


tempo total do ciclo tc:

t = f tc

Onde f é a fração do ciclo usada para formação da torta. No filtro rotatório, f é a


fração submersa da superfície do tambor na suspensão.
Exercício 4:
Um filtro de tambor rotativo, estando 33% submerso, será usado para a
filtração da suspensão do exercício 1. Calcule a área do filtro necessária para
se obter 0,12 m3 de filtrado por ciclo de filtração, sabendo que:
- Será usada uma queda de pressão de 67 kPa;
- A resistência do meio filtrante pode ser desprezada;
-O tempo de ciclo de filtração é de 250 s.

Solução:

Equação da filtração contínua a pressão constante:

t=µαcV2/(2A2∆p)

t=f tc=0,33x250 = 82,5 s

α=α0∆Ps=1,4 1010 x (67 103)0,3=3,93 1011 m/kg

A=[µαcV2/(2t∆P)]0,5=[0,886 10-3 x 3,93 1011 23,5 x 0,12^2/(2 x 82,5 x 67 103)]0,5

A=3,26 m2
Filtração a velocidade (ou vazão) constante
• Alimentação do filtro é feita por uma bomba de deslocamento positivo.

dV ∆p
= dV V
A dt  αcsV  velocidade = u = = = constante
µ + Rm  A dt A t
 A 
Sendo: µRm V
= perda de pressão no meio filtrante = ∆Pm
A t
Obtém-se: ∆P − ∆Pm = αµu 2 ct
Considerando a seguinte equação empírica para torta compressível:
α = α 0 (∆P − ∆Pm )s
Obtém-se:
(∆P − ∆Pm )1− s = α 0 µu 2ct
(
Linearizando: log t = (1 − s ) log(∆P − ∆P ) − log α µu 2 c
m 0 )
Exercício 5 :
A seguinte tabela apresenta os dados experimentais obtidos em uma filtração a
vazão constante de uma suspensão de MgCO3 em água. A velocidade de
filtração foi de 0,0005 m/s, a viscosidade do filtrado foi de 0,00092 kg/(ms) e a
concentração da suspensão era 17,3 kg/m³. Calcule os parâmetros de filtração
Rm, s e α0.
∆P(KPa) t(s)
30,3 10
34,5 20
44,1 30
51,7 40
60 50
70,3 60
81,4 70
93,1 80
104,8 90
121,3 100
137,9 110
Determinação de ∆Pm:
Extrapolando a curva de ∆P versus t,
obtem-se uma estimativa aproximada
de 27 kPa: Determinação de α0 e s:
160
140
120
100
∆ P (kPa)

80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120
t (s)

Cálculo de Rm: (
log t = (1 − s ) log(∆P − ∆Pm ) − log α 0 µu 2 c )
∆Pm 27000 −1 101,3584 9 m
Rm = = = 5,9 ⋅10 m α 0 =
10
= 5,7 ⋅ 10
µu 0,00092 ⋅ 0,0005 0,00092 ⋅ 0,0005 2 ⋅17,3 kg

s = 1 − 0,6757 = 0,3243
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EXERCÍCIOS EXTRAS
FILTRAÇÃO
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EXERCÍCIO EXTRA 1

Um filtro prensa, com placas e quadros de 16 cm por 16 cm, tem 20


quadros, cada qual com uma espessura de 2,0 cm, é usado para filtrar
a suspensão de CaCO3. A filtração foi feita a 25°C, com uma
suspensão em que fração ponderal do carbonato era de 0,0723. A
densidade da torta era de 1601,8 kg/m3. Os resultados da filtração são
apresentados na tabela a seguir, sendo a pressão constante foi igual a
2,81 kgf/cm2.
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EXERCÍCIO EXTRA 1
Volume do filtrado (l) Tempo (min)
0,2 0,03
0,4 0,07
0,6 0,125
Determinar a resistência
0,8 0,187
1,0 0,257 específica da torta (α) e do
1,2 0,342
meio filtrante Rm e a espessura
1,4 0,445
1,6 0,557 da torta equivalente ao meio
1,8 0,683 filtrante l h
2,0 0,813
2,2 0,962
2,4 1,12
2,6 1,288
2,8 1,478
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EXERCÍCIO EXTRA 2

Empregou o mesmo processo de filtração do exercício 1, porém o


volume do quadro era 16,2 cm x 16,2 cm x 1,19 cm. A massa de
carbonato foi de 1,5 kg em 30 litros de água. Número de quadros 2 e
número de placas 3. Múmida = 830 g e Mseca = 335 g. A pressão foi
constante e igual a 0,5 kgf/cm2.

Determine as constantes α e Rm.

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