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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

3O ANO 6 O SEMESTRE TURMA: E-31

PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA-I

Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Autores: Docentes:
Baulene, Lucrência Eng. o Maxcêncio A. S. Tamele/ MSc/
Jala, Araújo Inácio Eng. o Félix Mateus/Msc/
Luciano, Lionildo Jordão

Songo, Abril de 2020


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

3O ANO 6 O SEMESTRE TURMA: E – 31

PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA – I

Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Autores:
Trabalho elaborado pelos estudantes
Baulene, Lucrência do 3o ano, do curso de Engenharia
Eléctrica, da turma E-31 do Instituto
Jala, Araújo Inácio Superior Politécnico de Songo para
fins de avaliação.
Luciano, Lionildo Jordão

Docentes:

Eng. o Maxcêncio A. S. Tamele/ MSc/

Eng. o Félix Mateus/Msc/

Songo, Abril de 2020


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Dedicatória

A todos os docentes e estudantes do Politécnico de Songo.

i
Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Resumo
Para produzir energia hidroeléctrica é necessário integrar a vazão do rio (a quantidade de
água disponível em determinado período de tempo) e os desníveis do relevo, sejam eles
naturais, como as quedas de água, ou criados artificialmente. A estrutura da Central é
composta, basicamente, por barragem, sistema de captação e adução de água, casa de força e
vertedouro, que funcionam em conjunto e de maneira integrada. A barragem tem por
objectivo interromper o curso normal do rio e permitir a formação do reservatório. Além de
armazenar a água, esses reservatórios têm outras funções: permitem a formação do desnível
necessário para a configuração da energia hidráulica e sua posterior transformação em
energia eléctrica, assim sendo, este trabalho tem como objecto de estudo as turbinas
hidráulicas e as Centrais Hidroeléctricas.

ii
Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Abstract

To produce hydroelectric energy, it is necessary to integrate the flow of the river (the amount
of water available in a given period of time) and the unevenness of the relief, whether natural,
such as waterfalls, or artificially created. The structure of the plant is basically composed of a
dam, a water collection and supply system, a powerhouse and a spillway, which work
together and in an integrated manner. The purpose of the dam is to interrupt the normal
course of the river and allow the formation of the reservoir. In addition to storing water, these
reservoirs have other functions: they allow the formation of the gap required for the
configuration of hydraulic energy and its subsequent transformation into electrical energy,
therefore, this work has the object of study hydraulic turbines and Hydroelectric Power
Plants.

iii
Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Índice
Dedicatória ............................................................................................................................................... i

Resumo ................................................................................................................................................... ii

Abstract .................................................................................................................................................. iii

Lista de Figuras ...................................................................................................................................... vi

1. Introdução ....................................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos ............................................................................................................................... 2

1.1.1. Objectivo Geral ............................................................................................................... 2

1.1.2. Objectivos Específicos .................................................................................................... 2

1.2. Metodologia de investigação .................................................................................................. 2

2. Turbinas Hidráulicas ....................................................................................................................... 3

2.1. Breve Histórico ....................................................................................................................... 3

2.2. Características construtivas e funcionamento das turbinas hidráulicas .................................. 3

2.3. Classificação das Turbinas Hidráulicas .................................................................................. 4

2.4. Tipos de Turbinas Hidráulicas ................................................................................................ 5

2.4.1. Turbinas Francis............................................................................................................. 5

2.4.1.2. Turbina Francis Caixa Aberta ................................................................................. 6

2.4.1.3. Turbina Francis Dupla ............................................................................................ 6

2.4.2. Turbinas Kaplan .............................................................................................................. 7

2.4.3. Turbinas Bulbo................................................................................................................ 8

2.4.3.1. Funcionamento da turbina Bulbo .......................................................................... 10

2.4.4. Turbinas Pelton ............................................................................................................. 10

2.4.4.2. Classificação de Turbinas Pelton .......................................................................... 13

2.4.4.3. Vantagens e desvantagens da turbinas Pelton ....................................................... 14

2.4.5. Turbinas Hélice ............................................................................................................. 15

2.4.6. Turbinas Straflo............................................................................................................. 15

2.5. Cavitação............................................................................................................................... 16

3. Centrais Hidroeléctricas ................................................................................................................ 19

3.1. Classificação das centrais hidroeléctricas ............................................................................. 20

iv
Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

3.2. Principais partes de uma Central hidroeléctrica .................................................................... 21

3.2.1. Reservatório .................................................................................................................. 21

3.2.2. Barragem ....................................................................................................................... 21

3.2.3. Descarregadores de vazões excedentes ......................................................................... 21

3.2.3.1. Descarregadores de superfície ou vertedouros ...................................................... 21

3.2.3.2. Descarregadores de fundo ou drenos de areia ....................................................... 22

3.2.3.3. Captação e condutos de adução de água ............................................................... 22

3.2.3.5. Canal de restituição ............................................................................................... 25

3.2.3.6. Golpe de aríete e chaminé de equilíbrio ................................................................ 26

3.3. Equipamentos da Central ...................................................................................................... 27

3.4. Subestação............................................................................................................................. 31

3.5. Operação do Grupo Gerador ................................................................................................. 32

3.6. Cinco (5) Maiores centrais Hidroeléctricas do Mundo ......................................................... 35

3.6.1. Central Hidroeléctrica “As Três Gargantas” ................................................................ 35

3.6.2. Central Hidroeléctrica de Itaipú .................................................................................... 35

3.6.3. Central Hidroeléctrica de Xiluodu ................................................................................ 36

3.6.4. Central Hidroeléctrica de Guri ...................................................................................... 37

3.6.5. Central Hidroelétrica de Tucuruí .................................................................................. 37

3.7. Central Hidroeléctrica de Cahora Bassa ............................................................................... 38

4. Conclusão...................................................................................................................................... 41

5. Bibliografia ................................................................................................................................... 41

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Lista de Figuras
Figura 1: Turbina Pelton -tangencial; Francis - Mista e Kaplan – Axial ................................... 5
Figura 2: Constituicao da turbina Francis .................................................................................. 6
Figura 3: Vista transversal da turbina Kaplan............................................................................ 7
Figura 4: Visão de um corte longitudinal de um grupo bulbo ................................................... 9
Figura 5: Componentes de uma turbina Pelton ........................................................................ 11
Figura 6: Esquema simples do regulador de uma turbina Pelton............................................ 12
Figura 7:Turbina Pelton de eixo horizontal ............................................................................. 13
Figura 8:Posição do eixo vertical da turbina Pelton de 5 jatos ................................................ 14
Figura 9: Esquema de uma Central Hidroeléctrica .................................................................. 19
Figura 10: Secção transversal de um descarregador de superfície a esquerda e vista frontal a
direita ....................................................................................................................................... 22
Figura 11: Descarregador de fundo situado no reservatório de uma barragem ....................... 22
Figura 12: Comportas da barragem de Cahora Bassa .............................................................. 23
Figura 13: Casa das Maquinas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa ......................................... 25
Figura 14: Tubo de sucção ....................................................................................................... 26
Figura 15: Conduto forçado e chaminé de equilíbrio .............................................................. 27
Figura 16:Ordem ascendente de equipamentos em uma central hidroeléctrica ....................... 28
Figura 17: Servomotores sobre a tampa da turbina ................................................................. 29
Figura 18: Diagrama do sistema de regulação de velocidade de um gerador. ......................... 30
Figura 19: Processo de excitação do gerador ........................................................................... 34
Figura 20: Sincronização do gerador usando sincroscópio...................................................... 34
Figura 21: Central Hidroeléctrica “As Três Gargantas” .......................................................... 35
Figura 22: Central Hidroeléctrica de Itaipú ............................................................................. 36
Figura 23: Central Hidroeléctrica de Xiluodu ......................................................................... 36
Figura 24: Vista aérea da Central Hidroeléctrica de Guri ........................................................ 37
Figura 25: Vista aérea da Central Hidroeléctrica de Tucuri .................................................... 38
Figura 26: Barragem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa ........................................................ 38
Figura 27: Vista dos 5 grupos geradores na Central da HCB .................................................. 39

vi
Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

1. Introdução
A crescente procura de energia eléctrica nos centros urbanos e rurais tem incentivado a
procura de fontes de energia eléctrica. Em termos de suprimento energético, a electricidade se
tornou uma das formas mais amplas e convenientes de energia, passando a ser recurso
indispensável à sobrevivência da humanidade e estratégico para o desenvolvimento
socioeconómico. Os recursos renováveis são os mais solicitados para produção de energia
eléctrica pois estes podem se restituir ao longo do tempo. A energia hidráulica é uma das
opções de geração de energia eléctrica mais utilizadas no mundo e para que esta torne-se
disponível é indispensável a existência da turbina hidráulica que é a máquina primária
responsável pela transformação da potência hidráulica em mecânica que por sua vez é
transformada em potência eléctrica pelo gerador que se encontra acoplado a mesma.
O presente trabalho intitulado turbinas hidráulicas e Centrais hidroeléctricas irá debruçar-se
sobre esses dois temas enfatizando as classificações das turbinas hidráulicas, seus tipos e a
constituição das Centrais hidroeléctricas bem como a descrição dos seus principais
componentes.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


 Descrever as turbinas hidráulicas e as Centrais Hidroeléctricas

1.1.2. Objectivos Específicos


 Definir turbinas hidráulicas
 Apresentar o histórico e classificação das turbinas hidráulicas;
 Abordar sobre características, funcionamento e tipos das turbinas hidráulicas;
 Descrever os tipos de turbinas hidráulicas
 Compreender o funcionamento de cada turbina hidráulica;
 Interpretar o fenómeno cavitação;
 Definir Centrais Hidroeléctricas;
 Apresentar a constituição das Centrais Hidroeléctricas;
 Apresentar as Cinco maiores Centrais hidroeléctricas do Mundo;
 Apresentar a maior Central Hidroeléctrica de Moçambique.

1.2. Metodologia de investigação

A elaboração do Presente trabalho foi baseada em pesquisas científico – didácticas com base
em livros, artigos electrónicos e websites.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

2. Turbinas Hidráulicas
São turbinas projectadas especificamente para transformar a energia hidráulica de um fluxo
de água em energia mecânica na forma de torque e velocidade de rotação.
2.1. Breve Histórico
Desde antes de Cristo, o homem já utilizava as máquinas motrizes hidráulicas sendo que as
primeiras realmente práticas foram as rodas de água.
Um século antes de Cristo, Vitrúvio, projectou e instalou várias rodas de água para o
accionamento de dispositivos mecânicos. Apesar de serem extremamente simples e de fácil
construção, elas satisfizeram as exigências impostas durante séculos. Contudo, como eram
utilizadas para baixas quedas, menor que 6 metros, e também, devido a baixa rotação e
potência foram perdendo espaço a medida que a Era Industrial avançava, reduzindo-as a
casos muito especiais.
Somente no século XIX, o termo turbina apareceu e deve-se a Claude Burdin (1790-1873)
que publicou o seguinte trabalho: “Das turbinas hidráulicas ou máquinas rotativas de grande
velocidade”. Porém foi um de seus discípulos, Benoit Fourneyron (1802-1867) que em 1827,
construiu uma turbina centrífuga de 6 CV e 80% de rendimento, a primeira turbina industrial.
Uma Turbina é uma máquina primária rotativa que extrai energia do fluxo de um fluido e a
converte em trabalho útil. Este trabalho pode ser utilizado para movimentar outro
equipamento mecânico rotativo como uma bomba, um compressor ou ventilador. Na geração
de energia eléctrica, a turbina é associada a um gerador .

2.2. Características construtivas e funcionamento das turbinas hidráulicas

Estes equipamentos são compostos por um distribuidor, um rotor, um tubo de sucção e a


carcaça (ou voluta). Como parte da instalação de uma máquina destas pode-se destacar ainda
o reservatório, a tubulação forçada e o canal de fuga.
O distribuidor é um elemento estático que tem por funções: acelerar o fluxo de água
transformando a energia; dirigir a água para o rotor; e regular a vazão. O rotor é o elemento
fundamental de transformação de energia, formado por uma série de palhetas (ou álabes). O
tubo de sucção só existe nas turbinas a reacção e tem forma de ducto divergente e é
localizado após o rotor. Sua função é recuperar a altura entre a saída do rotor e o nível de
água na descarga; recuperar parte da energia cinética da velocidade residual da água na saída
do rotor, a partir do desenho do tipo de difusor. E finalmente a voluta (ou carcaça) é o
elemento que contém todos os componentes da turbina, nas turbinas Francis e Kaplan tem a

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

forma de uma espiral.


Externamente à turbina tem-se o reservatório, que armazena o fluido que passará pela turbina.
A tubulação forçada que tem por função encaminhar o fluido do reservatório para a entrada
da turbina e o canal de fuga, que recebe o fluido que entregou energia hidráulica para a
turbina.

2.3. Classificação das Turbinas Hidráulicas


Dentre as formas de classificação de turbinas as duas mais comuns são:
a) Segundo a variação da pressão estática
Segundo a variação da pressão estática as turbinas podem ser de acção ou impulso e reacção:
 Acção ou impulso: A pressão na tubulação cai até a pressão atmosférica logo que a
água sai do distribuidor. A energia cinética aumenta na passagem da saída do
distribuidor e perde intensidade ao atingir as pás, de modo que, a velocidade da água
ao sair da pá é menor do que quando a atingiu. Exemplo: turbina Pelton.
Reacção: A energia de pressão cai desde a entrada do distribuidor até a saída do
receptor, aumentando no difusor. O difusor é essencial nesses tipos de turbinas.
Exemplo: turbinas Francis e Kaplan .
b) Segundo a direcção do fluxo através do rotor
Segundo a direcção do fluxo através do rotor podem ser do tipo radial, axial, tangencial e
diagonal:
 Radial: o fluxo é aproximadamente perpendicular ao eixo de rotação. Exemplo:
turbina Fourneyron.
 Axial: o fluxo é aproximadamente paralelo ao eixo de rotação. Exemplos: turbinas
Kaplan, Bulbo, Straflo.
 Tangencial: o fluxo da água é lançado sob a forma de um jato sobre um número
limitado de pás. Exemplo: Turbina Pelton.
 Diagonal: o fluxo muda gradativamente da direcção radial para a axial. Exemplo:
turbina Francis.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

A (Figura 1) mostra a disposição das turbinas Pelton, Francis e Kaplan quanto à posição
relativa entre o eixo de rotação da turbina e o fluxo de água proveniente do conduto forçado

Figura 1: Turbina Pelton -tangencial; Francis - Mista e Kaplan – Axial

Fonte: [1]

2.4. Tipos de Turbinas Hidráulicas


Cada tipo de turbina é adequado para uma determinada faixa de altura de queda e vazão
volumétrica. Dos diversos tipos de turbinas hidráulicas, algumas encontram-se já obsoletas
como: Jonval, Fontaine, Schwamkrug e Zuppinger e há outras que estão em operação como:
Hélice, Bulbo, Straflo, Kaplan, Francis e Pelton. No presente capítulo abordaremos acerca
das turbinas que se encontram em operação.

2.4.1. Turbinas Francis


A turbina Francis (Figura 2) é uma turbina de reacção e foi desenvolvida por James Bicheno
Francis (1815-1892). As turbinas Francis são essencialmente centrípetas e utilizam o tubo de
sucção para conduzir a água da saída do rotor até o poço. O tubo de sucção permite que a
água escoe de forma contínua ao invés de ser descarregada livremente na atmosfera. Isso
implica em um ganho de energia cinética na saída do rotor e também, num ganho do desnível
topográfico entre a saída do rotor e o nível da água no poço.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 2: Constituicao da turbina Francis

Fonte:[2]

A distribuição da água sobre as pás do rotor é feita por meio de pás directrizes, que são
controladas externamente, as quais distribuem simétrica e simultaneamente a água sobre as
pás do rotor.
As turbinas Francis podem ser distinguidas em três tipos:
2.4.1.1. Turbina Francis com Caixa Espiral
Possui óptimas características de desempenho sob cargas parciais de até 70% da carga
nominal, funcionando ainda adequadamente entre 70 e 50 % da carga, embora com perda
progressiva do rendimento.
2.4.1.2. Turbina Francis Caixa Aberta
A turbina Francis Caixa Aberta é viável para baixas quedas até 10 m e potências de 500 a
1800kW. No entanto, deve ser utilizada com reservas, em virtude do baixo rendimento
alcançado.
2.4.1.3. Turbina Francis Dupla
A Francis Dupla tem por característica o rotor duplo, ou seja, uma peça com uma única
coroa, duas cintas e dois conjuntos de pás, dividindo a vazão afluente em duas partes,
consequentemente são necessários dois tubos de sucção separados. O rendimento das turbinas
Francis varia muito em função do caudal da água de tal modo que quanto menor for o caudal
da água, menor será o rendimento da turbina, portanto até certo nível de caudal não é viável o

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

uso da turbina Francis pelo seu baixo e até inexistente rendimento, pois ela apresenta bons
rendimentos em níveis médios a altos de caudal e ainda de quedas. As turbinas Francis têm
como principais características as seguintes:
 Quedas entre 20 e 700 m;
 A potência de produção chega a ultrapassar os 750 MW;
 Eixo vertical ou horizontal;
 As directrizes do distribuidor são comandadas pelo regulador automático da
velocidade de rotação do grupo turbina-alternador.
2.4.2. Turbinas Kaplan
Também conhecidas como turbinas de Hélices com pás reguláveis, as turbinas Kaplan foram
criadas pelo engenheiro austríaco Victor Kaplan (1876-1934) que, por meio de estudos
teóricos e experimentais criou um novo tipo de turbina a partir das turbinas de Hélice com a
possibilidade de variar o passo das pás. O mecanismo que permite regular o ângulo de
inclinação da pá conforme a descarga, sem que ocorra uma variação considerável do
rendimento, fica alojado num peça com o formato de uma ogiva e é comandado por um
regulador automático de velocidade.

Figura 3: Vista transversal da turbina Kaplan


Fonte:[1]

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Os principais componentes de uma turbina Kaplan são: o distribuidor, suas pás são chamadas
de directrizes, rotor, tubo de sucção e caixa espiral:
 Distribuidor: Se assemelha ao das turbinas Francis, tendo as mesmas finalidades. As
pás do distribuidor, tem sua inclinação comandada por um sistema análogo ao das
turbinas Francis, e ficam a uma distância considerável das pás do rotor. Deve haver
uma sincronização entre os ângulos das pás do rotor e as do distribuidor.
 Rotor: Possui pás que podem ser ajustáveis variando o ângulo de acordo com a
demanda de potência.
 Tubo de sucção: Tem as mesmas finalidades e a mesma forma dos tubos de sucção
para turbinas Francis.
 Caracol ou caixa espiral: Pode ter seção transversal circular nas turbinas de
pequena capacidade e nas quedas consideradas relativamente grandes para turbinas
Kaplan, mas, nas unidades para grandes descargas e pequenas quedas, a seção é
aproximadamente rectangular ou trapezoidal com estreitamento na direcção do
distribuidor e recebe a denominação de semicaracol.
As turbinas Kaplan são adequadas para operar em baixas alturas de queda e com grandes e
médias vazões.
Quanto ao número de pás as turbinas Kaplan podem ser de:
 4 Pás (para 10 <H <20m)
 5 Pás (para 12 <H <23m)
 6 Pás (para 15 <H <35m)
 8 Pás (para H> 35m)
São utilizadas para rotações específicas acima de 350 rpm e em alturas de queda de 15 m a
60m. Permitem uma ampla variação de descarga e de potência sem apreciável variação do
rendimento total.
2.4.3. Turbinas Bulbo
A turbina Bulbo é considerada uma evolução das turbinas tubulares, inventadas na década de
30 e aplicadas na década de 60 na França, na qual o rotor possui pás orientáveis como as
turbinas Kaplan e existe uma espécie de bulbo colocado dentro do tubo adutor de água. No
interior do bulbo que é uma câmara blindada, pode existir simplesmente um sistema de
engrenagem para transmitir o movimento do eixo ao alternador. Em outros tipos mais
aperfeiçoados, no interior do bulbo fica o próprio gerador eléctrico. A turbina bulbo não
possui a caixa em caracol e o trecho vertical do tubo de sucção.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Operam em quedas abaixo de 20 metros e com eficiência entre 85% a 99% dependendo da
vazão da água e a potência gerada. As turbinas bulbo podem funcionar como turbinas ou
como bombas e são empregadas em centrais mare-motrizes. Esse tipo de turbina pode ser
instalada em eixo horizontal ou inclinado.
Um ponto a considerar na instalação deste tipo de turbina, é que a limitação do diâmetro do
rotor e do bulbo para a redução dos custos, obriga à construção de alternador de pequeno
diâmetro mas muito alongado axialmente, o que, por sua vez, acarreta problemas de
resfriamento para o gerador e de custo para o eixo e mancais, bem como processos de
fabricação aplicáveis em termos de ajustes e vedações.

Figura 4: Visão de um corte longitudinal de um grupo bulbo

Fonte:[3]

Legenda:
1. Cápsula ou bulbo;
2. Tubo de acesso ao gerador;
3. Camara de adução;
4. Sistema de óleo do rotor;
5. Gerador síncrono;
6. Estruturas de sustentação e pré-distribuição, tubo de acesso à turbina;
7. Mancais;
8. Estruturas de sustentação pré-distribuição;
9. Mancais;
10. Distribuidor;

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

11. Pás do rotor;


12. Cone ou ogiva;
13. Cubo;
14. Tubo de descarga
2.4.3.1. Funcionamento da turbina Bulbo
Os passos abaixo descrevem o funcionamento da turbina Bulbo:
1. A água entra pela câmara de adução e é levada através de uma conduta forçada
percorrendo o perfil da turbina paralelamente ao seu eixo até o distribuidor.
2. No distribuidor a água passa por um sistema de palhetas guia móveis que controlam o
caudal volumétrico fornecido à turbina.
3. Para se aumentar a potência as palhetas são abertas (aumentando o caudal), para
diminuir a potência elas se fecham. Após passar por este mecanismo a água chega ao
rotor da turbina.
4. Por transferência de quantidade de movimento parte da energia potencial da água é
transferida para o rotor na forma de torque, que adquire uma velocidade de rotação.
Devido a isto a água na saída da turbina está a uma pressão pouco menor que a
atmosférica, e bem menor do que a inicial.
5. Após passar pelo rotor a água é conduzida pelo tubo de descarga até ao rio.
6. O movimento de rotação da turbina é transmitido pelo eixo até o gerador.
7. A energia mecânica contida na rotação do eixo é transmitida ao alternador e por meio
de processos electromagnéticos é obtida a energia eléctrica.

2.4.4. Turbinas Pelton


A turbina Pelton foi idealizada no ano de 1880 pelo americano Lester Allan Pelton. as
turbinas Pelton são consideradas turbinas de acção, ou seja, são máquinas hidráulicas que
utilizam a velocidade do fluxo da água, provocando o movimento da turbina. Funcionam
através da injecção de água em alta pressão, sendo que esta água geralmente está armazenada
em uma represa ou reservatório, com uma altura de elevação suficiente para gerar o trabalho
esperado. Por meio de um ou mais bicos injectores direccionados em conchas bipartidas ao
longo de um rotor, este fluxo de água causa um movimento circular e transforma energia
cinética em energia mecânica.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 10


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

A( Figura 5) apresenta as principais partes constituintes da turbina Pelton e de seguida é


feita a descrição das mesmas.

Figura 5: Componentes de uma turbina Pelton

Fonte:[1]

 Eixo: parte central do rotor, responsável pela transmissão da potência ao eixo do


gerador;
 Rotor: parte que mantém as pás ligadas ao eixo central, com a função de transmitir os
esforços para o eixo;
 Conchas/ pás: responsáveis por absorver a energia cinética do jacto de água e
transforma-la em torque do rotor;
 Carcaça: parte fixa de revestimento da turbina, responsável pelo direccionamento da
água do conduto forçado até o distribuidor, devendo garantir descargas parciais iguais
em todos os canais formados pelas pás do distribuidor;
 Deflector: parte que intercepta o jacto, desviando-o das pás, quando há a ocorrência
de numa diminuição violenta na potência demandada pela rede de energia. Caso a
válvula agulha fosse rapidamente fechada para reduzir a descarga, uma sobrepressão
surgiria no bocal, nas válvulas e ao longo do encanamento do adutor. Assim que a
agulha assume a posição necessária, o deflector volta a posição inicial liberando a
passagem do jacto;
 Válvula agulha: responsável por regular a velocidade da água que é direccionada às
pás;
 Distribuidor/ injector de água: bocal responsável pelo direccionamento da água,

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 11


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

proporcionando um jacto cilíndrico sobre as pás ou conchas de forma apropriada,


regulada pela válvula agulha;
 Canal de descarga: bocal por onde a água sai da turbina e volta para o escoamento.

2.4.4.1. Ajuste de velocidade


Um aspecto muito fundamental a ter em conta no funcionamento de uma turbina é o ajuste de
velocidade e para o caso da turbina Pelton, para manter a velocidade da turbina constante, o
fluxo injectado deve adaptar-se em cada momento ao valor da carga, portanto a posição do
injector deve ser ajustada por meio de um regulador que actua de acordo com a velocidade da
turbina e, no caso mais geral, automaticamente, como mostra Figura 6.

Figura 6: Esquema simples do regulador de uma turbina Pelton

Fonte:[4]
 Supondo que a turbina seja acelerada, o regulador (7) levantará a válvula (1) e o óleo
sob pressão entrará no cilindro grande fazendo baixar o êmbolo (8) e
consequentemente a alavanca (2) baixará e o deflector (6) cortará o jacto, desviando
uma parte dele.
 A agulha do injector (5) conectada a alavanca (2) não avança em simultâneo com ela,
devido à fenda (3), mas é empurrada lentamente pela água sob pressão que passa
através de um orifício estreito, indicado na figura e assim actua o êmbolo (4).

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

 A medida que a agulha avança de modo a fechar a saída do injector, ela move a
extremidade inferior da fenda (3) que impede o fechamento adicional da saída do
injector. Quando ocorre um aumento brusco da carga, o êmbolo (8) agirá na direcção
oposta, puxando rapidamente a agulha (5) para trás e accionando, simultaneamente, o
deflector para sua posição primitiva.
Quando grandes fluxos de água são usados em um só injector, as pás da turbina devem ser
ainda maiores e consequentemente mais pesadas, o que de certa forma constitui uma
desvantagem pois toda a força tangencial é exercida em um único ponto da roda, o que
consequentemente representa um desequilíbrio dinâmico. Nesse âmbito é conveniente montar
dois ou mais injectores quando de modo que as pás sejam menos carregadas e, portanto, as
pás serão mais pequenas e menos pesadas.
O torque é distribuído de maneira mais uniforme pela periferia da roda, aumentando o
número específico de rotações e fazendo com que a turbina tenha maior velocidade angular.
2.4.4.2. Classificação de Turbinas Pelton
As turbinas PELTON são geralmente classificadas pela posição do eixo em que se movem,
portanto, existem duas classificações: Eixo horizontal e eixo vertical.
 Eixo Horizontal
Esta é geralmente utilizada para um ou dois jatos, é mais económica, apresenta fácil
manutenção e possibilita a montagem de dois rotores numa mesma turbina. A Figura 7
mostra uma turbina Pelton de eixo horizontal.

Figura 7:Turbina Pelton de eixo horizontal


Fonte:[5].

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 13


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

 Eixo vertical
Nesta posição ( Figura 8) é possível aumentar o número de jactos sem aumento do fluxo e tem
uma maior potência por injector, geralmente utilizada para quatro ou seis jactos sobre as pás
da turbina, sua montagem torna-se mais difícil, e portanto com manutenção mais cara, é
adequado para lugares onde a água é limpa de modo que não produza grande efeito abrasivo
sobre pás.

Figura 8:Posição do eixo vertical da turbina Pelton de 5 jatos


Fonte:[1].
2.4.4.3. Vantagens e desvantagens da turbinas Pelton
a) Vantagens
 Pode operar com água com grandes níveis de impureza (siltedwater);
 As turbinas Pelton, devido à possibilidade de accionamento independente nos
diferentes bocais, têm uma curva geral de eficiência plana, que lhe garante bom
desempenho em diversas condições de operação, tendo uma alta eficiência geral;
 São de construção e manutenção simples (pode ser feita a partir de metal, plástico, ou
materiais de cerâmica);
 São adequadas para operar entre quedas de 350 m até 1100 m, sendo por isto, muito
mais comuns em países montanhosos. Este modelo de turbina opera com velocidades
de rotação maiores que os outros, então é possível conectar o gerador de forma
directa, sem perdas de transmissão mecânica .

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 14


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

b) Desvantagens
 Um dos maiores problemas destas turbinas, devido à alta velocidade com que a água
se choca com o rotor, é a erosão provocada pelo efeito abrasivo da areia misturada
com a água, comum em rios de montanhas;
 Há um decrescimento na eficiência com o tempo maior que nos outros tipos de
turbina;
 Os componentes são muito grandes, gerando inconvenientes para logística e infra-
estrutura;
 Altura mínima para o funcionamento é de 20 metros;
 Custo de instalação inicial alto;
 O impacto ambiental é grande em casos de grandes centrais hidroeléctricas;
 Quando o fluxo do rio é baixo acontece muita perda de carga.

2.4.5. Turbinas Hélice


As turbinas Hélice são do tipo axial, de reacção e de acção total como as turbinas Francis.
Elas são utilizadas em baixa quedas e com grandes descargas (vazões).
As turbinas Hélice ou Propeller tiveram origem em 1908 devido a necessidade de obtenção
de turbinas com velocidades consideráveis em baixas quedas e grandes descargas, o que não
é viável com as turbinas Francis. O rotor assumiu a forma de uma hélice de propulsão, o que
explica o nome dado a estas turbinas.
O distribuidor mantém o aspecto que tem nas turbinas Francis, mas a distância entre as pás do
distribuidor e as do rotor é bem maior do que a que se verifica para as turbinas Francis de alta
velocidade específica. As demais características são as mesmas que as das turbinas Kaplan
que que já foram vistas.
2.4.6. Turbinas Straflo
São turbinas do tipo axial caracterizadas pelo escoamento rectilíneo que em inglês significa
"straight flow",. Na realidade, as trajectórias das partículas líquidas são hélices cilíndricas,
que em projecção meridiana são rectas paralelas ao eixo.
Neste tipo de turbina o indutor do alternador é colocado na periferia do rotor da turbina
formando um anel articulado nas pontas das pás da hélice, as quais podem ser de passo
variável, análogas às da turbina Kaplan. Por esta razão é também denominada turbina
geradora de anel ou periférica.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 15


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

As juntas hidrostáticas montadas entre a carcaça girante, funcionam como um agente de


pressão e vedação. Uma vantagem desta turbina é de não haver a necessidade de colocar o
gerador no interior de um bulbo, o que, como vimos, cria problemas de limitação das
dimensões do gerador e de resfriamento. A colocação do alternador na própria periferia do
rotor da turbina possibilita uma instalação compacta e a obtenção de factor de potência maior
que o conseguido com outros tipos em igualdade de condições de queda, descarga e custo de
obras civis. As turbinas STRAFLO são adequadas para usinas de baixa queda, de 3 até 40m e
diâmetro de rotor de até cerca de 10m.
Do mesmo modo que as turbinas de bulbo e tubulares, as turbinas STRAFLO podem ser
instaladas com eixo horizontal ou inclinado.

2.5. Cavitação
A cavitação é um fenómeno pulsante que provoca oscilações de pressão em
baixas frequências e pulsos de pressão de alta frequência. Estas oscilações de pressão estão
associadas à dinâmica das bolhas e os pulsos de pressão são produzidos pelo colapso das
bolhas. Como consequência deste processo, vibrações e ruídos acústicos são gerados e se
propagam através das estruturas e do próprio fluido. Além do mais, a cavitação é uma fonte
de excitação que atua internamente junto ao escoamento principal ou em suas adjacências
como nas paredes que o circundam.
O fenómeno de cavitação produz efeitos indesejáveis e agressivos, dos quais pode-se citar por
exemplo os abaixo descritos:
 Erosão de contornos sólidos;
 Vibrações e ruídos excessivos;
 Diminuição da capacidade dos vertedouros de Usinas Hidroeléctricas;
 Diminuição da eficiência de Turbinas Hidráulicas, com consequente queda de
potência.
A erosão por cavitação ocorre devido a concentração de energia em uma pequena área sólida
próxima, ou no próprio local onde ocorre o colapso. Essa concentração de energia é
responsável pelas altas tensões localizadas que excedem os limites de resistência dos
materiais.
Os danos causados pela cavitação em componentes de turbinas hidráulicas têm envolvido
não apenas custos elevados de reparo mas principalmente considerável perda de energia
gerada por indisponibilidade das máquinas, limitação da flexibilidade operacional do sistema

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 16


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

e redução da vida útil dos equipamentos afectados.


Actualmente um dos aspectos relevante da cavitação em turbinas hidráulicas é que na
ausência de um modelo numérico suficientemente abrangente, o fenómeno é avaliado em
modelos de escala reduzida, com posterior transposição dos resultados experimentais para o
protótipo. Os resultados obtidos das transposições da turbina modelo para a turbina
protótipo vem mostrando bons resultados, entretanto eles possuem um factor de segurança
com relação aos limites cavitativos, em virtude dos efeitos de escala, que podem conduzir a
surpresas no protótipo.
O correto dimensionamento da turbina faz com que o índice de ocorrência do fenómeno
cavitação seja minimizado. Este efeito está relacionado basicamente a duas variáveis: o
número de cavitação de Thoma e a altura de sucção positiva. O número de cavitação de
Thoma, é dado pela equação 1:
Equação 1
Onde:
- Altura de aspiração do tubo de sucção;
- Coeficiente empírico (ou de cavitação);
B - Altura de coluna de água;
- Altura topográfica do aproveitamento de reacção.
A equação conhecida como fórmula de Thoma foi determinada através de experiências
realizadas por fabricantes, experimentadores e pelo pesquisador Thoma, que relaciona a
altura de aspiração ( ) do tubo de sucção à altura topográfica do aproveitamento de reação
( ) e ao valor B da altura de coluna de água, dependente da localização da saída do canal de
fuga (nível jusante). A velocidade específica do rotor da turbina é elemento fundamental e
complica no processo de determinação da altura de aspiração. Por sua vez, o parâmetro B
representa a altura da coluna de água para uma determinada cota topográfica, em que se
encontra o canal de fuga do aproveitamento, determinado com a seguinte tabela:
Tabela 1:Cota Topográfica e Metros de Coluna de Água [mca]

Cota [m] 0,0 200 400 600 800 1200 2250


B [mca] 10,33 9,76 9,52 9,28 9,15 9,00 7,00
Fonte:[2]
O coeficiente empírico que depende da velocidade específica do rotor está relacionado com
o fenômeno da cavitação que ocorre nas pás do rotor e sua influência aumenta quanto maior
for a velocidade específica do rotor da turbina. A equação de Graeser, determina o coeficiente

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 17


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

em função da velocidade especifica do rotor da turbina, conforme a equação 2:


Equação 2

Onde: é velocidade específica do rotor [rpm].


Como se pode observar na equação 2, o coeficiente de cavitação está ligado directamente à
velocidade específica da turbina. Para minimizar a ocorrência da cavitação nos rotores das
turbinas, procura-se elevar a pressão da água à saída do rotor, considerando a cota do rotor da
turbina em relação ao canal de fuga determinada a partir da fórmula empírica de Thoma.
Quando possível, deve-se alterar o tipo de turbina, buscando aquela que possua uma
velocidade específica mais baixa, evitando que a altura de sucção não seja exageradamente
negativa, comprometendo o custo do projecto com maior escavação. Logicamente, a escolha
de uma nova turbina não depende somente deste fenómeno, pois deve-se verificar todos os
parâmetros envolvidos e exigidos pelo projecto, tais como potência, eficiência e requisitos
mecânicos.
A necessidade de verificação do índice de cavitação para turbinas torna-se importante para
garantir um aumento da vida útil das máquinas e, por consequência, ganhos na geração de
energia para o período desejado. Desta forma acelerómetros e sensores de emissão acústica,
fixados nas paredes externas dos componentes podem ser utilizados para detecção da
cavitação e diagnóstico dos níveis de erosão existentes. A mudança do tipo de turbina para a
melhor deve ser estudada pelo fabricante com o objectivo de buscar turbinas que se adeqúem
às condições requeridas pelo contorno do projecto.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 18


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

3. Centrais Hidroeléctricas
Uma central hidroeléctrica (Figura 9) pode ser definida como um conjunto de obras
(barragem, captação e condutos de adução de água [condutos forçados, trecho final inferior
do conduto forçado, tubo de sucção], casa de máquinas e restituição de água ao leito do rio
[canal de fuga]) e equipamentos (caixa espiral, pré-distribuidor, anel inferior, distribuidor,
roda da turbina, eixo inferior da roda da turbina, tampa da turbina, servomotores, aro de
operação, cruzeta inferior, bloco de escora, gerador [estator, rotor, enrolamento de
amortecimento], cruzeta superior e eixo superior), cuja finalidade é a geração de energia
eléctrica, utilizando o potencial hidráulico existente num rio, conforme mostra a figura
abaixo.

Figura 9: Esquema de uma Central Hidroeléctrica


Fonte:[6]

A geração hidroeléctrica está associada à vazão do rio, isto é, à quantidade de água disponível
em um determinado período de tempo e à altura de sua queda. A vazão é calculada dividindo-
se o volume de água que passa pelas turbinas por unidade de tempo. Quanto maiores são os
volumes de sua queda, maior é seu potencial de aproveitamento na geração de electricidade.
A vazão de um rio depende de suas condições geológicas, como largura, inclinação, tipo de
solo, obstáculos e quedas. A vazão de um rio é determinada, ainda, pela quantidade de chuvas
que o alimentam, o que faz com que sua capacidade de produção de energia varie bastante ao
longo do ano. O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela
concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. Isso pode acontecer de

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 19


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

uma forma natural, quando o desnível está concentrado numa cachoeira; através de uma
barragem, quando pequenos desníveis são concentrados na altura da barragem; ou através de
desvio do rio de seu leito natural, concentrando-se os pequenos desníveis nesses desvios.

3.1. Classificação das centrais hidroeléctricas


Há diversos critérios de se classificar as centrais hidroeléctricas. São considerados os
seguintes:
 Quanto a sua potência:
1) Micro - Centrais – potências menores ou iguais a 100 kW;
2) Mini - Centrais – potências entre 100 kW e 1.000 kW;
3) Pequenas Centrais – potências entre 1 MW e 10 MW;
4) Médias Centrais – potências entre 10 MW e 100 MW;
5) Grandes Centrais – potências maiores do que 100 MW.
 Quanto a sua queda:
1) Centrais de baixíssima queda – alturas menores ou iguais a 10 m;
2) Centrais de baixa queda – alturas entre 10 m e 50 m;
3) Centrais de média queda – alturas entre 50 m e 250 m;
4) Centrais de alta queda – alturas maiores do que 250 m.
 Quanto à forma de captação de água:
 Centrais de desvio e em derivação – pode-se dizer que as centrais em desvio, com
quedas médias e altas, são as que apresentam o maior número de componentes. Elas
se caracterizam pelo fato de a parcela principal do desnível utilizado decorrer da
própria declividade do rio. A captação é feita em um ponto de cota bem mais elevada
do que a da restituição, conduzindo-se a água para a central através de condutos, com
superfície livre ou em pressão, que por motivos económicos devem ter o menor
desenvolvimento possível
 Quanto à forma de utilização das vazões naturais
a) Centrais a fio de água – são centrais hidroeléctricas que não dispõem de uma bacia
de acumulação significativa, assim sua produção é inconstante, dependendo das
oscilações da vazão do rio.
b) Centrais com regularização: diária, semanal, anual e plurianual – estas centrais
possuem grandes reservatórios de água que, além de suprirem as necessidades das
turbinas, podem regularizar a vazão de um rio, fornecer água à irrigação e servir para

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 20


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

o desenvolvimento e criação de peixes.


3.2. Principais partes de uma Central hidroeléctrica
As principais partes de uma central hidroeléctrica são:
 Reservatório;
 Barragem;
 Descarregador de superfície ou vertedouro;
 Descarregador de fundo ou dreno de areia;
 Captação e condutos de adução de água;
 Casa de máquinas;
 Restituição de água ao leito do rio;
 Equipamentos.
 Subestação

3.2.1. Reservatório
O reservatório é formado por uma represa contendo as águas do rio por meio da construção
de uma barragem.
3.2.2. Barragem
Constitui uma obra transversal aos álveos dos rios, bloqueando a passagem da água.
Funcionalmente, destinam-se a:
 Armazenar as águas do rio para permitir sua captação e desvio;
 Elevar o nível das águas, a fim de proporcionar um desnível adequado a um
aproveitamento hidroeléctrico desejado ou ainda condições de navegabilidade ao rio;

3.2.3. Descarregadores de vazões excedentes


Em toda barragem deve haver descarregadores de vazões excedentes decorrentes das cheias
dos rios depois que sua capacidade de armazenamento for completada, evitando assim que a
água transborde em locais impróprios. Os descarregadores são basicamente de dois tipos: de
superfície e de fundo.
3.2.3.1. Descarregadores de superfície ou vertedouros
Localizam-se na parte superior do corpo da barragem. Basicamente existem dois tipos de
vertedouros: vertedouros de descarga livre, que são os que não possuem comportas capazes
de controlar a vazão vertida, e vertedouros de descarga controlada, que possuem comportas.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 21


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 10: Secção transversal de um descarregador de superfície a esquerda e vista frontal a direita

Fonte: [7]
3.2.3.2. Descarregadores de fundo ou drenos de areia
Situam-se na parte inferior da barragem, sendo o escoamento em pressão. A vazão é
controlada por meio de comportas. Mesmo em barragens com vertedouros pode haver um ou
mais descarregadores de fundo destinados a descarregar, periodicamente, o material
assoreado no pé das mesmas, como mostra a figura

Figura 11: Descarregador de fundo situado no reservatório de uma barragem


Fonte:[7]
3.2.3.3. Captação e condutos de adução de água
Tomada de água é o ponto onde se inicia a condução de água para as turbinas. Pode estar
incorporada à barragem ou pode constituir uma estrutura independente. Pode operar em
pressão ou também com superfície livre, dependendo de se tratar de barragem de reserva ou

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 22


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

barragem de simples captação, respectivamente. Assim, elas podem ser classificadas de


acordo com sua posição em relação ao nível da água no reservatório em dois tipos: tomadas
de água em pequena profundidade e tomadas de água em grande profundidade. As primeiras
são mais expostas ao fluxo de corpos flutuantes, tais como plantas aquáticas, folhas e galhos.
Nas tomadas de água de grande profundidade, a pressão exercida pela água é maior e por isso
as comportas são mais pesadas.
Sua constituição é basicamente a seguinte:
a) Grades de protecção
Tem a finalidade de interceptar material carregado pelo rio e que possa danificar ou travar as
turbinas (pedras, galhos, árvores etc.). São constituídas normalmente por painéis de barras de
seção rectangular, cujo espaçamento depende da dimensão mínima do material que se deseja
reter. São limpas através de um dispositivo chamado máquina limpa grades.
b) Comportas
As comportas (Figura 12) destinam-se a abrir ou fechar a admissão da água nos condutos.
Equipadas, em geral, com sistemas de fechamento rápido para casos de emergência.

Figura 12: Comportas da barragem de Cahora Bassa


Fonte:[10]

Além das comportas, existe, em geral, um sistema de vigas de vedação (comportas de


emergência ou stop-logs, que permitem o fechamento da tomada de água para fins de
manutenção das comportas com o reservatório cheio. Os pórticos rolantes são usados para a

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 23


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

colocação e retirada dos stop-logs dos tubos de sucção).Podem igualmente ser equipadas com
comportas auxiliares para o enchimento dos condutos, proporcionando equilíbrio hidrostático
em ambos os lados das comportas principais, reduzindo os esforços necessários à sua
abertura.
c) Tubos de aeração
Nas tomadas de água em pressão, imediatamente a jusante das comportas, deve haver um
tubo ou galeria vertical aberto em sua parte superior para permitir a entrada de ar na
tubulação após um fechamento rápido das comportas, para evitar a formação de depressões
no interior das tubulações de adução que poderiam levar a seu esmagamento
d) Condutos de adução de água
Destinam-se à condução de água da barragem às turbinas. Podem ser considerados dois
grupos: condutos de baixa pressão e condutos forçados. Uns como os outros podem ser
executados em forma de galerias ou túneis escavados na rocha, solução preferida
actualmente, como também a céu aberto. Os condutos de baixa pressão caracterizam-se por
apresentar, normalmente, baixas declividades e, consequentemente, baixas velocidades de
escoamento, o que permite a dispensa do revestimento.
Os condutos forçados são condutos fechados, em que o escoamento se dá a pressões
crescentes de montante para jusante, estando sua parte inferior submetida à pressão máxima
do aproveitamento. Podem ser executados tanto em galeria como a céu aberto.
No primeiro caso, serão sempre revestidos para se reduzir o coeficiente de atrito causador de
perdas dinâmicas. Os condutos a céu aberto são constituídos por tubulações armadas no
terreno. Para médias e altas pressões, empregam-se os tubos de aço soldados, cinturados ou
não.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 24


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

3.2.3.4. Casa das máquinas


As casas de máquinas (Figura 13) têm a finalidade de alojar as máquinas e os equipamentos,
possibilitando sua montagem, ou eventual desmontagem, e a sua operação e manutenção .

Figura 13: Casa das Maquinas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa


Fonte: [10]
A casa de força pode ser a céu aberto com superestruturas que suportem o teto e as vigas para
os trilhos das pontes rolantes (tipo fechado) ou sem superestruturas e com guindaste-pórtico
em lugar das pontes rolantes (tipo semiaberto), ou subterrâneo, em caverna ou aterrada. Em
todos esses casos, as dimensões das salas de máquinas são determinadas pelo tamanho destas
e dos demais equipamentos.

3.2.3.5. Canal de restituição


Uma vez turbinada, a água deve ser restituída ao leito do rio. Nesse ponto, a energia é
mínima, pois se pressupõe que o máximo foi retirado.
A restituição se inicia à saída dos tubos de sucção (Figura 14) nas máquinas a reacção ou à
saída das pás nas máquinas a acção. Por isso mesmo deve estar o mais próximo dos leitos
naturais dos rios.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 25


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 14: Tubo de sucção


Fonte:[7]

Quando isso não for possível, canais ou galerias de restituição serão construídos. Quando
estas últimas estiverem associadas a máquinas a reacção, cuja instalação exija que fiquem
abaixo do nível do rio no local da restituição, essa se fará em pressão e, se seu comprimento
for razoável, o fenómeno do golpe de aríete e o das oscilações de massa podem ocorrer
também nessas galerias. Isso exige a instalação de chaminés de equilíbrio a jusante das
turbinas no início da galeria.
3.2.3.6. Golpe de aríete e chaminé de equilíbrio
Um dos problemas mais sérios associados ao projecto de condutos forçados é o fenómeno do
golpe de aríete. Este é definido como a variação em pressão, acima ou abaixo da pressão
normal, causada por súbitas variações na vazão no conduto forçado. Em consequência, as
paredes do conduto forçado devem ser bem reforçadas não apenas próximo à turbina, mas em
toda sua extensão. O fenómeno do golpe de aríete pode causar violentas oscilações de pressão
que podem interferir na operação da turbina.
O regulador de pressão auxilia no controle do golpe de aríete positivo (onda viajando no
sentido distribuidor-reservatório), mas não alivia o golpe de aríete negativo (em sentido
contrário). Para condutos forçados longos, costuma-se utilizar um dispositivo chamado
chaminé de equilíbrio para aliviar tanto o golpe de aríete positivo quanto o negativo. Trata-se
de uma espécie de tanque localizado em um dado ponto do conduto forçado. Para a máxima
eficiência, a chaminé de equilíbrio deveria estar o mais próximo possível da turbina. Porém,

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 26


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

como deve ser suficientemente alta para resistir a golpes de aríete positivos sem transbordar,
ela é geralmente instalada no início da descida mais inclinada do conduto forçado. A chaminé
de equilíbrio deve ser alta o suficiente para evitar que o ar seja sugado para dentro do conduto
forçado.

Figura 15: Conduto forçado e chaminé de equilíbrio


Fonte:[7]

3.3. Equipamentos da Central


Os equipamentos eléctricos de uma central hidroeléctrica (da caixa espiral até o eixo superior
do gerador) aparecem na seguinte ordem ascendente a partir da caixa espiral, como mostrado
na Figura 16.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 27


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 16:Ordem ascendente de equipamentos em uma central hidroeléctrica


Fonte:[7]

 Caixa espiral – é uma tubulação toroidal que envolve a região do rotor. A função é
distribuir a água igualmente na entrada da turbina.
 Pré-distribuidor – tem a função de direccionar a água para a entrada do distribuidor.
As palhetas fixas possuem um perfil hidrodinâmico de baixo arrasto para não gerar
perda de carga e não provocar turbulência no escoamento. É soldado na caixa espiral
 Anel inferior – é uma estrutura soldada bipartida acoplada por tirantes e pinos
cilíndricos. É montado e centrado sobre o flange inferior do pré-distribuidor.
 Distribuidor- é composto de palhetas móveis (todas as palhetas têm o seu movimento
conjugado, movem-se ao mesmo tempo e têm um movimento igual) accionadas por
um mecanismo hidráulico chamado de servomotores (Figura 17), montado sobre a
tampa da turbina. A potência da turbina é controlada pela vazão de água através do
distribuidor.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 28


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 17: Servomotores sobre a tampa da turbina


Fonte:[7]
 Servomotor – é um pistão hidráulico cuja função é movimentar as palhetas do
distribuidor, conforme a solicitação de carga no gerador.
Os comandos e accionamentos são através do regulador de velocidade, que é um conjunto
formado por motobombas, tanques de óleo com e sem pressão, compressores de ar e painéis
electroeletrónicos.
 Regulador de velocidade – o regulador de velocidade tem como função manter a
velocidade da máquina constante, agindo sobre o conjugado motor no sentido de
mantê-lo em um valor igual ao conjugado resistente. Em outras palavras, o sistema de
regulação de velocidade constitui-se em um conjunto electro-hidráulico que tem como
principal finalidade a regulação da potência activa, através da alteração instantânea da
velocidade da turbina, ou seja, modificando-se a vazão d’água para a mesma. Como o
sistema eléctrico tem uma frequência basicamente constante, isso faz com que a
velocidade da unidade geradora também fique constante, transformando, assim, a
variação da velocidade em variação de potência activa. Outra finalidade do sistema de
regulação de velocidade é a de acompanhar automaticamente a variação de potência
activa o mais rápido possível, já que esta variação altera a rotação da turbina.
Para facilitar o entendimento, descrevemos a filosofia básica do sistema de regulação de
velocidade de uma unidade geradora, demonstrada na área rectangular da Figura 18, onde
consta o diagrama do sistema de regulação e do sistema regulado.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 29


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 18: Diagrama do sistema de regulação de velocidade de um gerador.

Fonte:

 Sensor de rotação – tem a finalidade de captar a rotação da unidade, transmitindo-a


para o regulador electrónico.
 Regulador electrónico – tem a finalidade de processar os sinais recebidos pela acção
do operador e/ou do sensor de rotação e enviar comandos eléctricos para a bobina de
imersão. Bobina de imersão – tem a finalidade de receber os sinais eléctricos do
regulador electrónico e transformá-los em comandos hidráulicos para o regulador
hidráulico.
 Regulador hidráulico – tem a finalidade de transmitir os comandos hidráulicos
provenientes da bobina de imersão para os servomotores. Servomotores – têm a
finalidade de receber os comandos hidráulicos do regulador hidráulico e transformá-
los em comandos mecânicos de abertura ou fechamento do distribuidor da turbina
 Cruzeta inferior – é projectada e fabricada para suportar os esforços radiais e axiais
neles desenvolvidos, o peso de toda parte rotativa, o empuxo hidráulico, a expansão
térmica e os demais esforços que o sistema gera. Assegura a perfeita estabilidade do
conjunto girante.
 Estator – é formado por carcaça, núcleo, enrolamentos, guias de ar e trocadores de
calor.
 Sistema de excitação e regulação de tensão – a produção do fluxo magnético
depende da passagem de uma corrente contínua pelo enrolamento de campo do rotor.
Para que isso seja possível, é necessário a existência de uma fonte de alimentação

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 30


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

capaz de suprir o circuito do enrolamento do rotor com corrente contínua. Essa fonte
necessita de alguns recursos para o controle da corrente nela gerada. O conjunto
desses elementos é conhecido como sistema de excitação e regulação de tensão. A
corrente contínua responsável pela produção do fluxo magnético nos polos do rotor é
chamada de corrente de excitação. O dispositivo destinado ao controle da corrente de
excitação é chamado de regulador de tensão.

3.4. Subestação
A subestação possui, geralmente, os seguintes equipamentos: (a) transformadores
elevadores, (b) reactores, (c) disjuntores, (d) pára-raios, (e) chaves seccionadores, (f)
transformadores de potencial, (g) transformadores de corrente, (h) relés, (i) medidores, (j)
chaves de aterramento e (k) barramentos.

1) Transformadores elevadores
Servem para elevar ou abaixar o valor de tensão, sem alterar a frequência, os transformadores
de distribuição são transformadores de potência não superior a 500 kVA, destinados
especificamente a serem ligados na rede de distribuição. Os transformadores de força são
transformadores de potência superior a 500 kVA e são destinados a ser ligados na rede de
transmissão. Os transformadores de três ou mais enrolamentos são utilizados para interligar
três ou mais circuitos que podem ter tensões diferentes. Os transformadores de aterramento
são usados em um sistema delta como uma fonte de terra, de tal maneira que um relé de
corrente de terra possa ser usado para detectar ou isolar defeitos de linha para terra no
sistema. Dois tipos de conexões para essas unidades de aterramento são normalmente
empregados: estrela/delta e zigue-zague.

2) Disjuntores
Disjuntor é um equipamento que tem como função manter ou interromper um circuito
eléctrico, sob condições de carga ou de falha. Sua função principal é isolar automaticamente
partes defeituosas em sistemas de potência.
3) Pára-raios
O pára-raio é um dispositivo destinado a proteger o equipamento eléctrico contra
sobretensões transitórias elevadas. As suas funções essenciais são:
 Atenuar surtos de tensão a valores suportáveis pelo nível de isolamento do

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equipamento;
 Actuar sempre que haja sobretensões perigosas;
 Absorver e transferir a energia desenvolvida, em um surto de tensão, sem
consequências danosas para o sistema
4) Cabo pára-raios – é um cabo normalmente aterrado situado acima dos condutores de
uma linha aérea, com a finalidade de protegê-la contra descargas atmosféricas directas

5) Chaves seccionadoras
A chave seccionadora é um equipamento cuja função principal é permitir o seccionamento de
um circuito eléctrico e isolar esse circuito ou um componente da fonte de energia na qual está
ligado. As chaves seccionadoras de uma maneira geral somente podem ser manobradas
quando o circuito estiver sem carga.
6) Transformador de potencial - Um transformador de potencial é um aparelho
destinado a reduzir a alta tensão a valores convenientes para os circuitos de medição e
protecção, além de isolar os instrumentos das tensões elevadas e perigosas.
A tensão no secundário do transformador de potencial é padronizada em 115 V.
Assim, podem ser encontrados TP de 230/115 V, 2.300/115 V, 13.800/115 V,
69.000/115 V, 138.000/115 V, 230.000/115 V, 500.000/115 V.
7) Transformador de corrente Um transformador de corrente é um aparelho destinado
a reduzir as intensidades de corrente do circuito primário a valores convenientes para
os circuitos de medição e protecção.
A corrente nominal do secundário do transformador de corrente é padronizada em 5 A.
Assim, podem ser encontrados TC de 25/5 A, 50/5 A, 100/5 A, 200/5 A, 300/5 A, 400/5 A,
500/5 A, 700/5 A, 1.000/5 A, 1.200/5 A, 1.400/5 A 1.500/5 A, 2.000/5 A etc. Em certos
casos, a relação de transformação é igual a 1. Nesses casos, a função do TC é isolar o
aparelho da alta tensão.

3.5. Operação do Grupo Gerador


A operação de uma central hidroeléctrica compreende: execução de manobras para colocar e
retirar os geradores em paralelo; ligação e desligamento de circuitos eléctricos, hidráulicos e
pneumáticos; operação do grupo gerador-turbina para atender à carga; inspecção de máquinas
e equipamentos; transmissão e recepção de dados e mensagens relativos à operação da
central; registro e anormalidades observadas nos equipamentos; operação de disjuntores e

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

chaves secionadoras da subestação da central e operação de reservatórios através das


comportas. A operação do grupo gerador é feita seguindo a sequência seguinte:
1) Abertura de comportas de sucção;
2) Normalização do regulador de velocidade;
3) Abertura de comportas de adução;
4) Normalização do sistema de resfriamento da unidade geradora;
5) Normalização do sistema de lubrificação do mancal escora.
Para a partida da unidade geradora, certos procedimentos devem ser executados e dependem
do tipo de regulador de velocidade usado do grupo gerador. De maneira geral, os
procedimentos são os seguintes:
a) Verificar se todos os equipamentos auxiliares do grupo estão devidamente activados
e supridos por suas fontes de alimentação e verificar os disjuntores, controlo e
sinalização.
b) Fazer inspecção visual da não existência de objectos estranhos do gerador.
c) Desbloquear os dispositivos de fechamento rápido do distribuidor da turbina, que o
mantém travado na posição de fechamento.
d) Verificar o circuito de frenagem com relação ao sistema pneumático a ar
comprimido, verificando a pressão normal de trabalho. Em seguida, é realizada a
excitação do grupo gerador, que é feita através do disjuntor de campo do gerador. O
processo de excitação do gerador pode ser feito no modo manual ou automático: no
modo manual, logo após ser fechado o disjuntor de campo do gerador. Um circuito de
corrente contínua vindo dos serviços auxiliares faz o nível de tensão atingir um valor
correspondente ao nível mínimo de excitação. Quando a tensão nos terminais da
máquina estiver acima de 70 %, o disjuntor de excitação inicial é desligado e a
máquina passa a fornecer sua própria corrente de excitação, como mostrado na Figura
19. Então, a partir do valor anterior, o nível de tensão é ajustado ao valor nominal,
através da chave de controlo de tensão do regulador, no modo manual. No modo
automático, após o fechamento do disjuntor de campo, a unidade deverá apresentar o
valor de tensão correspondente à referência de tensão do regulador, quando a máquina
estava em operação.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 33


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 19: Processo de excitação do gerador

A última etapa é a sincronização (Figura 20) e acoplamento do grupo gerador ao sistema de


potência. Os pré-requisitos necessários ao paralelismo de geradores são: mesma sequência de
fases, mesma frequência e mesma tensão em módulo e ângulo. Nessa etapa, é usado um
sincroscópio, como mostrado na figura

Figura 20: Sincronização do gerador usando sincroscópio


Fonte:[7]

Um sincronoscópio é um dispositivo que mostra o instante correto de fechamento do


interruptor de sincronização. O sincronoscópio tem um ponteiro que gira no mostrador. O
ponteiro gira no sentido anti-horário se a máquina estiver funcionando mais devagar ou gira
no sentido horário se a máquina estiver funcionando rapidamente. O interruptor de
sincronização de sincronismo correto é quando o ponteiro estiver na posição vertical.

Produção de Energia Eléctrica – 1 2020 34


Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

3.6. Cinco (5) Maiores centrais Hidroeléctricas do Mundo


Abaixo serão apresentadas em ordem decrescente sa suas posições as 5 maiores centrais
hidroeléctricas do mundo (Dados refentes a 23 de junho de 2018):
3.6.1. Central Hidroeléctrica “As Três Gargantas”
Possui uma potência instalada de 22500MW, situa-se em Yichang, China, no rio Yangtsé. É a
maior central hidroeléctrica a nível mundial.

Figura 21: Central Hidroeléctrica “As Três Gargantas”


Fonte: [8]

A sua construção foi iniciada em 1993, tendo terminado apenas em 2012, com um custo de
18000 milhões de euros.

3.6.2. Central Hidroeléctrica de Itaipú


Possui uma potência instalada de 14000MW e situa-se no rio Paraná, fazendo fronteira entre
Brasil e Paraguai, é a segunda maior hidroeléctrica do mundo. A barragem de Itaipú tem 20
unidades geradoras, sendo que a última unidade instalada começou a gerar energia em 2007.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 22: Central Hidroeléctrica de Itaipú


Fonte:[8]

A sua construção teve início em 1975, tendo sido terminada em 1982, com um custo total de
15000 milhões de euros.

3.6.3. Central Hidroeléctrica de Xiluodu


Possui uma potência instalada de 13860MW e nove grupos geradores Francis com 770 MW
de potência por cada grupo. Situa-se no rio Jinsha, próximo de Sichuan, China. É a segunda
maior hidroelétrica da China, e a terceira a nível mundial.

Figura 23: Central Hidroeléctrica de Xiluodu


Fonte:[8]

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Com um custo total de 5500 milhões de euros, começou a ser construída em 2005, tendo
terminado em 2013.
É explorada pela Three Gorges Project Corporation uma das maiores empresas de energia
a nível mundial.

3.6.4. Central Hidroeléctrica de Guri


Possui uma potência instalada de 10235MW, localiza-se na Venezuela, rio Caroni, e é
também conhecida por Simón Bolívar.

Figura 24: Vista aérea da Central Hidroeléctrica de Guri


Fonte:[8]

A sua construção começou em 1963, e foi terminada em duas fases. A primeira terminou em
1978 e a segunda em 1986.

3.6.5. Central Hidroelétrica de Tucuruí


Possui uma potência instalada de 8370MW, situa-se no rio Tocantins, Tucuruí, Brasil. Com
um custo de 4000 milhões de euros, teve início em 1975, ficando terminada em 1984, numa
primeira fase, e depois em 1998 deu-se início à segunda fase da ampliação da central
hidroeléctrica, tendo terminado em 2010.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

Figura 25: Vista aérea da Central Hidroeléctrica de Tucuri


Fonte:[8]
3.7. Central Hidroeléctrica de Cahora Bassa
A barragem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) (Figura 26) situa-se em Songo, distrito
de Cahora Bassa, Província de Tete em Moçambique, possui 5 grupos geradores formados
por uma turbina tipo Francis de 415 MW cada o que confere uma potência instalada de
2.075MW, o caudal máximo turbinado é de 2.250 m³/s. Cahora Bassa é actualmente o maior
produtor de electricidade em Moçambique.

Figura 26: Barragem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa


Fonte: [9]

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

A albufeira é um grande lago artificial com uma área de 2900 km², um comprimento máximo
de 270 km e largura máxima de 30km, sendo a sua capacidade útil de 52 km².
A barragem está implantada numa estreita garganta do rio, com vertentes verticais na parte
superior e em forma de V na parte inferior. O seu corpo é de betão, do tipo abóbada de dupla
curvatura e tem:
 171 metros (m) de altura a partir das fundações;
 303 m de comprimento no coroamento;
 21,5 m de espessura máxima nas fundações;
 5 m de espessura mínima no coroamento.
A central (Figura 27)é um enorme túnel escavado na rocha, com 220 m de comprimento, 29
m de largura e 57 m de altura, situada na margem sul do rio. Possui órgãos de segurança da
estrutura da barragem compostos por oito descarregadores de fundo e um de superfície, com
a capacidade máxima de descarga de cerca de 14.000 m³/s.

Figura 27: Vista dos 5 grupos geradores na Central da HCB


Fonte: [9]
A rotação dos grupos geradores faz-se à velocidade nominal de 107,11 rpm, a que
corresponde a frequência eléctrica de 50 Hz usada na rede eléctrica moçambicana.
Com capacidade superior a 2000 MW abastece Moçambique (perto de 250 MW), África do
Sul (1100 MW) e Zimbabwe (400 MW).

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

As subestações do Songo (em Moçambique) e de Apollo (na África do Sul) estão ligadas por
duas linhas aéreas de transporte, monopolares de alta tensão ( HVDC), cobrindo uma
distância de 1.400 km, sendo 900 km em território moçambicano, ao longo da fronteira com o
Zimbabwe.
As torres que suspendem os condutores são do tipo piramidal com altura normal de 49
metros, tendo sido implantadas cerca de 6.400 torres. Para o fornecimento de energia ao
Centro e Norte de Moçambique estão instaladas duas linhas de transporte de energia ligando
a subestação do Songo à subestação de Matambo, próximo da cidade de Tete. Da subestação
de Matambo sai, entre outras, uma linha de transporte que alimenta a subestação de Chibata,
próximo da Cidade de Chimoio.
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa é na verdade um motivo de orgulho do sector eléctrico
Moçambicano.

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

4. Conclusão
As turbinas projectadas especificamente para transformar a energia hidráulica de um fluxo
de água em energia mecânica na forma de torque e velocidade de rotação são designadas
turbinas hidráulicas, cada tipo de turbina é adequado para uma determinada faixa de altura de
queda e vazão volumétrica, sendo que as mais usadas são Hélice, Bulbo, Straflo, Kaplan,
Francis e Pelton. O fenómeno de cavitação produz efeitos indesejáveis e agressivos, dos quais
pode-se citar como por exemplo a erosão de contornos sólidos, vibrações e ruídos excessivos;
diminuição da capacidade dos vertedouros e a diminuição da eficiência de Turbinas
Hidráulicas, resultando assim em uma queda de potência. Desta forma acelerómetros e
sensores de emissão acústica, fixados nas paredes externas dos componentes podem ser
utilizados para detecção da cavitação e diagnóstico dos níveis de erosão existentes.
Quanto a Centrais Hidroeléctricas é importante salientar que a sua operação compreende
acções como a execução de manobras para colocar e retirar os geradores em paralelo, ligação
e desligamento de circuitos eléctricos, hidráulicos e pneumáticos, a operação do grupo
gerador-turbina para atender à carga, inspecção de máquinas e equipamentos, transmissão e
recepção de dados e mensagens relativos à operação da central, registro de anormalidades
observadas nos equipamentos; operação de disjuntores e chaves secionadoras da subestação
da central e operação de reservatórios através das comportas.
Posto isso, denota-se que foram cumpridos todos os objectivos estabelecidos para o presente
trabalho.

5. Bibliografia

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Turbinas Hidráulicas e Centrais Hidroeléctricas

 Livros e Artigos
[1]. JÚNIOR, Luiz Soares. Usina Hidrelétrica Externa De Henry Borden. 2013.Disponivel
em<<https://nupet.daelt.ct.utfpr.edu.br/tcc/engenharia/docequipe/2011_2_25/2011_2_
25_monografia.pdf>> Acesso em (22/04/2020)
[2]. MUNHOZ,Guilherme Pawlak. Estudo de turbina para implantação em uma central
Hidrelétrica. Curitiba,2015. Disponivel em<<
http://sites.poli.usp.br/d/pmr2481/Aula04-Tur.pdf >>. Acesso em (22/04/2020)
[3]. LIMA, Breenda Lorrana Vieira. Turbina Pelton. Rio Verde,2016. Disponivel em<<
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/86/86131/tde-15052013-
144737/publico/AntonioMelloJr.pdf >>. Acesso em (22/04/2020)
[4]. CUSIHUALLPA VERA, William. et al. Faculdade de Engenharia mecânica:Turbina
Pelton. [S.l],[s.n],2015. Disponivel em
<<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10005429.pdf >> . Acesso em
(22/04/2020)
[5]. ALVES, Ebenezaide. et al. Centro de Tecnologia e Geociência: Máquinas Primárias
2: Turbinas Pelton. Brasil(Recife). 2017. Disponivel em <<
https://www.scribd.com/document/344179559/Turbina-Pelton-ATUAL-pdf>> Acesso
em (22/04/2020)
[6]. ROSA, Eugênio Spanó. Cavitação em bocal de uma turbina Pelton. 2010. Disponível
em<< http://www.dem.feis.unesp.br/intranet/capitulo8.pdf >>
[7]. PROJECTO DE UMA TURBINA PELTON. Disponível em <<
http://www.estgv.ipv.pt/PaginasPessoais/vasco/turbinas.pdf >>.
JÚNIOR, António Gonçalves. Opção para Centrais Hidráulicas de Pequeno Porte. São
Paulo,2000.57p.
 websites:
[8]. <<https://brasilescola.uol.com.br/geografia/as-maiores-hidreletricas-mundo.htm >>
Acesso em (28/04/2020)
[9]. <http://angolapowerservices.blogspot.com/2012/09/conheca-hidroelectrica-de-cahora-
bassa.html> Acesso em (28/04/2020)

[10]. <<http://mozindico.blogspot.com/2012/04/barragem-de-cahora-bassa-nao-e-
so-fonte.html>> Acesso em (28/04/2020)

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