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Jornalismo como fonte histórica

Fontes Históricas: cotidiano e história por meio dos


periódicos Clarice Garcia Barbosa, 2018
O jornal como fonte de pesquisa histórica e antropológica:
entre o monologismo e a polifonia, Aline Maria Müller, 2015
O jornal como fonte histórica: a representação e o imaginário
sobre o “vagabundo” na imprensa brasileira (1989-1991)
Gislania Kreniski e Maria do Carmo Aguiar,2011
• Fontes históricas são itens materiais e imateriais ou vestígios
deles que ajudam o historiador a compreender o passado humano
• fontes materiais: vestígios concretos produzidos por mãos
humanas, como textos, pinturas, fotos, filmes, roupas,
construções
• fontes imateriais: testemunhos de pessoas que viveram certo
acontecimento histórico ou mesmo de lendas e histórias que são
parte da cultura oral de um povo.

• Até o século XIX, os historiadores


acreditavam que o único tipo de
documento válido para construção
do conhecimento histórico era o
escrito, sobretudo aquele produzido
pelos meios oficiais.
Hoje a compreensão é outra
Escola positivista
• História voltada somente para o econômico, religioso e
político
• Considerava como fonte para pesquisa somente os
documentos ditos oficiais
• O historiador narrava o fato pesquisado de forma tradicional,
agindo com ‘imparcialidade’
• Tinha a função de “resgatar” os feitos e eventos na figura dos
grandes heróis e a partir daí fazer a narrativa
• Esta forma de fazer pesquisa histórica deixa de lado a
interpretação do historiador sobre a sua fonte, tornando-o
‘neutro’ com relação ao fato estudado
Escola Annales- Nova História

• E possível construir-se conhecimento histórico com base em outras


fontes além das oficiais
• O documento escrito continuou sendo uma importante, mas sua
utilização ampliou-se
• Cartas pessoais, diários, relatos de viagens, obras de literatura
começaram a ser vistas como fontes históricas
• O trabalho dos historiadores na investigação do passado ampliou-se:
vestígios arqueológicos, como objetos, construções, roupas,
pinturas, fotos, gravações em vídeo, filmes, músicas, testemunhos
orais
• Nesse processo de diversificação das fontes, os historiadores
começaram uma interlocução maior com outras áreas do
conhecimento: o que era produzido pela psicologia, antropologia e
arqueologia começou a ser considerado
• Edições de jornal são fontes históricas desde o inícios do século XX
e seu uso foi intensificado a partir de 1968
“Se no passado o acesso aos documentos oficiais podia
significar estar diante da verdade dos fatos.
Hoje, pós-Annales, representa apenas mais um entre tantos
documentos importantes a serem recolhidos pelo historiador.
E como todos, precisam ser analisados e confrontados.
As fontes também possuem história, não são isentas de
interesses.
Há que se levar em conta as intenções do autor e de quem as
seleciona.
(...) Ao contrário dos antigos historiadores que apenas
narravam os fatos e os registravam tal qual aconteceu, hoje os
historiadores do presente têm como principal meta interrogar
minuciosamente os testemunhos do passado - para interpretá-
los cada vez melhor “ (BARBOSA, 218, p. 39)
Jornalismo e história
Aspectos em comum :
- Relação próxima com a temporalidade - os dois transitam no tempo
- Jornalismo com o presente
- Histórica com o passado

- A própria escrita: “ Ao construírem suas narrativas realizam uma “operação”


que resulta na escolha das fontes e redistribuição do espaço (...) tanto o
historiador quanto o jornalista têm por regra separar para reunir e
transformar em documentos determinados objetos distribuídos de outra
maneira. A capacidade de perceber e tratar o cotidiano, torna o trabalho
dos jornalistas uma importante ferramenta para as atuais pesquisas
históricas” (idem, p.42).

“ A melhor maneira de estudar o comportamento de uma sociedade e suas


mudanças é indo em busca de periódicos de época onde estão representados
todos os movimentos sociais. Dessa forma o historiador jamais poderá ser
imparcial uma vez que faz parte da sociedade a qual esta estudando
(Kreniski e Aguiar2011,p.2)
• Necessário observar a materialidade dos impressos; verificar
quem os escreve e por quê? Os atores envolvidos e a quem se
dirigem?
• O texto jornalístico se presta facilmente à manipulação
• Apresentam indícios de parcialidade, falta de objetividade e
isenção
• A pressa na divulgação na notícia contribui pra os erros de
informação, que muitas vezes não são corrigidos
“O importante quando do uso dos registros jornalísticos é estar
atento aos motivos que se levou a registrar e unir em uma
totalidade, determinadas partes do passado e outras não.
Saber ler nas entrelinhas, procurar pelo não dito.
Para o bom uso dos jornais estes cuidados são imprescindíveis.
”(p.43)
• No Brasil, Gilberto Freyre foi o pioneiro em reconhecer os jornais
diários como fonte útil para a compreensão do passado
• Os escravos nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX, da
década de 30, é um bom exemplo para se mostrar os usos
possíveis dos jornais para a pesquisa histórica.
O historiador consegue,
através das páginas diárias dos
jornais, acompanhar o cotidiano
da sociedade.
O seu desenvolvimento no tempo.
Nos jornais há mais do que
embates políticos.
Os anúncios podem ajudar a
compreender as mudanças sociais e econômicas em curso
Pode-se perceber os novos hábitos e costumes introduzidos no país
Aquele que por uma série de motivos, entre os quais, a sua
humilde condição, não pôde deixar registrado os seus atos.
O jornal diário no Brasil mesmo sendo considerado, até meados
do século XX, uma fonte elitista, deu voz a homens e mulheres
comuns.
Estes, por meio dos periódicos, puderam deixar registradas suas
versões dos fatos e nos dar uma amostra de como pensavam e
sentiam suas realidades.
Este é, talvez, um dos grandes diferenciais desta fonte quando
comparada aos documentos tradicionais.
Por conta da sua natureza, ela fornece mais do que as histórias ou
memórias pessoais das camadas abastadas da sociedade. Pois
permite um olhar coletivo, diversificado, plural. “(p. 52)
Olhar não apenas editoriais ou artigos de opinião.
Também as cartas dos leitores, o noticiário, os anúncios, os
obituários, as propagandas, ou seja, o desenrolar da vida
cotidianamente relatada nas páginas dos jornais

Nas entrevistas, no geral os jornalistas


Demonstram empatia com as fontes
E conseguem obter informações.
Há um reconhecimento tácito, por
parte da sociedade do direito que
o repórter tem de perguntar e de
alcançar respostas verdadeiras.
No entanto, fontes oficiais predominam.
• O modelo polifônico de história dá voz aos múltiplos atores sociais
• A produção científica recebe influências do pensamento pós-
moderno
.
“A sociedade contemporânea de essência plural faz com que seja
necessário um constante diálogo multi e intercultural para que se
atinja o equilíbrio social.
A diversidade faz parte da vivência diária, e os múltiplos atores sociais,
imersos em seus espaços de socialização pautados em diferenças
culturais ou étnicas, clamam por um diálogo justo, simétrico e de
respeito, reivindicando seus lugares no seio da sociedade nacional
(Miller,2015, p.275)
• O estudo da imprensa vem se constituindo num dos elementos
fundamentais para o empreendimento da reconstrução histórica,
• Permite se aproximar das práticas políticas, econômicas, sociais e mesmo
das correntes ideológicas dos diversos setores de uma sociedade
• Em se tratando de pesquisas abordando a história política, o papel da
imprensa ganha importância,
• Os documentos oficiais são lacônicos no que tange às disputas e aos
confrontos de natureza político-partidária.
• Nos jornais, ao contrário, esses conflitos encontram seu espaço de
propagação, chegando o jornalismo a servir como elo de ligação ou
agente de combate entre diferentes tendências politico-ideológicas

“A análise da imprensa como fonte de pesquisa não pode ser realizada de


forma isolada do contexto social do qual esta inserida, mas, ela representa,
fundamentalmente um instrumento de manipulação e intervenção na vida
da sociedade” (Aguiar, 2011, p.5)
• Uma tênue linha, baseada na ética, separa o texto jornalístico
comprometido com o fato e com a sociedade do texto ficcional e
sensacionalista.
• Trabalhar com imprensa exige o compromisso de interpretação dos fatos
apresentados
• Contextualizados social, econômica e politicamente
• Aprender a desvendar a escrita jornalística

Variadas histórias
• Da juventude
• Da criança
• Da mulher
• Dos grupos étnicos
• Dos movimentos sociais e culturais
POLIFONIA
Qual vamos contar?

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