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ESCOLA SUPERIOR NÁUTICA INFANTE D.

HENRIQUE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MARÍTIMA

REGULAMENTOS E DIREITO MARÍTIMO

Classificação de Navios

Apontamentos compilados por:

João Emílio
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MARÍTIMA

Índice
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1. Sociedades Classificadoras .......................................................................................... 3
2. Estatuto e Classificação ............................................................................................... 3
3. Objectivo da Classificação ........................................................................................... 6
4. Atribuição, manutenção, suspensão e retirada de classe........................................... 7
5. Notações de classificação ........................................................................................... 8
5.1. Símbolo principal de classe ..................................................................................... 8
5.2. Marca de construção .............................................................................................. 8
5.3. Notações de serviço ................................................................................................ 8
5.4. Notações de navegação e de área de operação ..................................................... 8
6. Inspecções de classificação ....................................................................................... 10
7. Tipos de inspecções .................................................................................................. 11
7.1. Inspecção inicial (Initial survey) ............................................................................ 11
7.2. Inspecção de renovação (Renewal survey ou special survey) .............................. 11
7.3. Inspecção anual (Annual survey) .......................................................................... 11
7.4. Inspecção intermédia (Intermediate survey) ........................................................ 11
7.5. Inspecção periódica (Periodical survey) ................................................................ 11
8. Certificação estatutária de navios............................................................................. 12
9. Organizações Reconhecidas ...................................................................................... 12

REGULAMENTOS E DIREITO MARÍTIMO - CLASSIFICAÇÃO DE NAVIOS


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1. Sociedades Classificadoras

Um dos principais objectivos dos construtores navais e dos armadores consiste em


assegurar que, ao longo de todo o ciclo de vida dos seus navios, a segurança e a fiabilidade
são mantidas a níveis elevados. As condições da estrutura e maquinaria das embarcações
são elementos muito importantes para as seguradoras, bancos, tripulação e passageiros, Pág. | 3
autoridades portuárias e comunidades de regiões costeiras onde existe tráfego de navios
comerciais.

As sociedades classificadoras são organizações que estabelecem e aplicam padrões


técnicos relativos ao projeto, construção e inspecção dos sistemas e equipamentos
marítimos, incluindo navios e estruturas offshore. A vasta maioria dos navios é construída
e inspeccionada em obediência aos padrões estabelecidos por sociedades classificadoras. A
uma embarcação projectada e construída em conformidade com as regras aplicáveis de
uma sociedade classificadora pode ser-lhe atribuído um certificado de classe dessa
sociedade. A sociedade emite este certificado após a realização de inspecções relevantes
para a classificação. Tal certificado não implica, e não deve ser interpretado como uma
garantia expressa da segurança, da aptidão para a finalidade ou navegabilidade do navio. É
apenas um atestado de que a embarcação se encontra em conformidade com os padrões
que foram desenvolvidos e publicados pela sociedade que emite o certificado de
classificação.

As sociedades de classificação desempenham um papel fundamental na prevenção de


acidentes marítimos, em virtude de sua dupla função de classificação e certificação de
navios.

A certificação é um serviço público prestado pelas sociedades de classificação como


agentes autorizados de diversas bandeiras signatárias das convenções da IMO, que
consiste na verificação da conformidade das embarcações segundo as normas desta
Organização.

Em todo o mundo, mais de 50 organizações têm como principal actividade a classificação


de navios.

Dez dessas organizações formam a Associação Internacional das Sociedades Classificadoras


(IACS). Estima-se que estas dez sociedades, juntamente com as duas sociedades a quem foi
atribuído o estatuto de associadas, sejam responsáveis pela classificação de cerca de 94 %
do total da arqueação envolvida no comércio internacional em todo o mundo.

2. Estatuto e Classificação

A expressão Registo de Navios está associada a dois tipos de estatutos que podem ser
conferidos a um navio, o Estatuto Legal e o Estatuto de Classe.

O Estatuto Legal é obrigatório, sem ele um navio não poderá operar em circunstância
alguma. É atribuído pela Administração do País de bandeira do navio.

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O Estatuto de Classe que é atribuído pelas Sociedades de Classificação, reveste-se de


grande importância para o armador devido às vantagens que lhe são conferidas por esse
estatuto, entre as quais se destacam:

• Assegura a licença operacional ao armador;


• Valor do prémio de seguro, a ser calculado pela seguradora, tem em boa conta o Pág. | 4
facto do navio manter um Estatuto de Classe, isto é, estar Classificado;
• Maior atractividade do navio no mercado do frete internacional;
• Valorização do navio no caso de alienação de património;
• Reconhecimento mais facilitado por parte das Autoridades Marítimas.

A Classificação de Navios e de outros corpos flutuantes destina-se a garantir que o padrão


de qualidade e segurança dos mesmos está assegurado pelo cumprimento das Regras de
Classificação.

A classificação de navios é um elemento da rede de parceiros envolvidos na problemática


da segurança marítima. Dessa rede fazem também parte, entre outros, o armador, o
construtor naval, o Estado de bandeira, Estado do porto, subscritores, investidores
marítimos e fretadores.

O papel da classificação e das sociedades de classificação foi reconhecido na Convenção


internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar, (SOLAS) e no protocolo de 1988
à Convenção internacional sobre Linhas de Carga.

As SC podem desenvolver funções do tipo estatutário (de certificação) em nome dos


Estados de bandeira desde que por eles autorizadas.

As sociedades de classificação são entidades independentes, auto-reguladas, auditadas


externamente, não possuindo interesses comerciais relacionados com o projecto,
construção, propriedade, operação, gestão, manutenção ou reparação de navios, com os
seguros ou com o fretamento. No estabelecimento de suas regras, cada sociedade de
classificação pode recorrer ao aconselhamento e à revisão por membros da indústria
considerados peritos nos seus domínios de actividade.

As regras de classificação são desenvolvidas para avaliar a resistência estrutural e a


integridade das partes essenciais do casco do navio e seus elementos e a fiabilidade dos
sistemas de propulsão e de governo, produção de energia e de outros elementos e
sistemas auxiliares necessários para manter os serviços essenciais a bordo. As regras de
classificação não representam um código de projecto e não podem ser usadas como tal.

A um navio construído de acordo com regras de um membro da IACS será atribuída uma
designação de classe pela sociedade, após a conclusão satisfatória das inspecções
relevantes. Para os navios em serviço, a sociedade sob a qual ele se encontra classificado
realiza inspecções para determinar que o navio permanece em conformidade com essas
regras.

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O armador e operador do navio são obrigadas a informar, sem demora, a sociedade


classificadora em causa de quaisquer defeitos ou eventos que decorram entre inspecções e
que possam comprometer a classe.

Um navio é mantido na classe desde que as regras pertinentes, na opinião da sociedade


classificadora em causa, sejam respeitadas e as inspecções sejam efectuadas em Pág. | 5
conformidade com suas regras.

As sociedades de classificação mantêm departamentos de investigaçãocuja finalidade é o


desenvolvimento contínuo de normas técnicas visando a segurança do navio.

Na segunda metade do século XVIII, seguradores marítimos, baseados Lloyd's coffee house
em Londres, desenvolveram um sistema para a inspecção independente do casco e
equipamento dos navios que lhes eram apresentados para cobertura de seguro. Em 1760,
foi formada uma Comissão com este objectivo expresso, dando origem ao Livro de Registo
de Lloyd para os anos 1764-65-66 e que constitui a mais antiga iniciativa desta comissão.

Nessa altura, foi efectuada uma tentativa para classificar a condição de cada navio numa
base anual.

A condição do casco foi classificada A, E, I, O ou U, de acordo com a excelência da sua


construção. O equipamento era classificado com as letras G (good), M (middling ) ou B
(bad). Posteriormente, estas letras foram substituídas pelos números 1, 2 ou 3, que estão
na origem da designação "A1", que significa 'primeira classe ou classe mais elevada'.

O conceito de classificação rapidamente foi adoptado em todo o mundo. A Bureau Veritas


(BV) foi fundada em Antuérpia em 1828, tendo-se deslocado para Paris em 1832. A Lloyd's
Register of British and Foreign Shipping foi reconstituída como uma sociedade de
classificação independente em 1834, tendo sido publicadas, neste mesmo ano, regras para
a construção e inspecção de navios.

Para além destas, são membros da IACS as seguintes SC:

• RINA – Registro Italiano Navale (Criada em 1861)


• ABS – American Bureau of Shipping (Criada em 1862)
• DNV – Det Norsk Veritas (Criada em 1864)
• GL– Germanisher Lloyd (Criada em 1867)
• NK - Nippon Kaiji Kyokai (Criada em 1899)
• RS – Russian Maritime Register of Shipping (Criada em 1913)
• CCS - China Classification Society
• KR - Korean Register of Shipping
São membros associados as seguintes:
• IRS Indian Register of Shipping
• CRS – Hrvalski Registar Brodova (Croatian Register of Shipping)

Actualmente um navio encontra-se de acordo com as regras da SC ou não (in or out of


class), no entanto cada SC tem desenvolvido um conjunto de notações que são atribuídas

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aos navios para indicar que ele se encontra em conformidade com alguns critérios
adicionais específicos para esse tipo de navio ou que excede os requisitos padrão de
classificação.

A IACS formou-se na sequência da Convenção Internacional sobre Linhas de Carga em


1930. Esta Convenção recomendou a colaboração entre as SC de forma a assegurar a maior Pág. | 6
uniformidade possível na aplicação dos padrões de resistência nos quais se baseia o bordo
livre.

O valor desta associação foi reconhecido pela IMO devido ao facto de, ao se juntarem as
competências e conhecimento de diversas SC, ter passado a existir uma massa crítica de
grande qualidade. Este reconhecimento fez com que a IACS tenha sido e permaneça como
a única organização não governamental com estatuto de observador e com capacidade
para o desenvolvimento e aplicação de regras construtivas.

Os membros e associados da IACS estão em conformidade com o IACS Quality System


Certification Scheme (QSCS) e observam o código de ética (IACS Code of Ethics).

3. Objectivo da Classificação

O processo da classificação consiste em:

• Revisão técnica dos planos e documentos relacionados com a construção de um


navio novo, verificando o cumprimento das regras aplicáveis;
• Acompanhamento da construção no estaleiro, através de inspectores (surveyors)
que verificam se os elementos chave, como o aço, máquina e geradores, estão de
acordo com as regras de classificação;
• Após as verificações, o armador requer a emissão do certificado de classe que será
emitido se os requisitos relevantes tiverem sido assegurados;

Uma vez em serviço, o proprietário deve submeter o navio a um programa de inspecções


periódicas de classe, efectuadas a bordo, para verificar se o navio permanece de acordo
com as regras de condição relevantes para manutenção da classe.

As regras de classe não cobrem todos os elementos da estrutura ou itens dos


equipamentos, nem elementos operacionais.

As actividades que, geralmente, caem fora do âmbito de classificação incluem os seguintes


itens:

• Processo de projecto e fabrico;


• Escolha do tipo de propulsão, guinchos e cabrestantes;
• Número e qualificação dos tripulantes;
• Forma e capacidade de carga;
• Performance de manobra;
• Vibrações do casco;
• Sobressalentes;
• Dispositivos de salvamento;

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• Equipamento de manutenção.
Estas matérias podem, contúdo, ser consideradas para efeitos de classificação de acordo
com o tipo de navio e notação de classe.
O proprietário é a entidade que possui o controlo total sobre o navio, incluindo a forma
como este é mantido e operado. A classificação é voluntária e a sua efectivação depende
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apenas do interesse e da vontade do dono do navio.
O inspector de classe pode ir a bordo uma vez em cada período de 12 meses para a vistoria
anual, o que torna impossível a possibilidade de escrutinar toda a estrutura e todos os
equipamentos. A inspecção é efectuada por amostragem, sendo a experiência do inspector
que determina quais os itens do navio ou da maquinaria mais expostos ao surgimento de
problemas, tais como, corrosão, stress, fadiga ou outros danos.

4. Atribuição, manutenção, suspensão e retirada de classe

A classe é atribuída ao navio após a completa satisfação dos requisitos e após a conclusão
da sua construção.
Quando um navio é transferido de uma SC para outra, aplicam-se procedimentos
específicos.
Os navios classificados são sujeitos a inspecções para manutenção da classe. Estas
inspecções incluem a renovação de classe (special survey), inspecção intermédia,
inspecção anual e inspecção do fundo em doca. Incluem-se ainda as inspecções do veio
propulsor, caldeiras, maquinaria e, quando aplicável, inspecções dos itens associados com
a manutenção das notações adicionais de classe.
As inspecções são conduzidas de acordo com os requisitos relevantes de classificação
tendo em vista verificar que a condição do casco, maquinaria, equipamento e acessórios
estão em conformidade com as regras aplicáveis.
A classificação de um navio é baseada no entendimento que o mesmo é carregado,
operado e mantido de forma adequada por tripulações e operários qualificados. É da
responsabilidade do proprietário assegurar uma correcta manutenção do navio até à
próxima inspecção requerida pelas regras de classificação, bem como informar a SC de
quaisquer eventos ou circunstâncias que possam afectar a classe.
Quando as condições para manutenção da classe não são cumpridas, a classe pode ser
suspensa, retirada ou revista para uma diferente notação considerada adequada à nova
situação pela SC. O navio pode perder a sua classe de forma temporária ou permanente.
No primeiro caso, o acto é designado por “suspensão de classe”, no segundo, como
“retirada da classe”. No caso de inspecções que não são efectuadas dentro do calendário
previsto ou, no caso do navio ser operado em desacordo com a sua designação de classe, a
suspensão é automática.
Quando se verifica a suspensão ou retirada da classe, a SC deve, em simultâneo:
• Informar o dono do navio e a Administração de Bandeira
• Eliminar o navio do Registo
• Colocar a informação nas bases de dados apropriadas (Equasis, SIReNaC, etc.)

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5. Notações de classificação

As notações de classificação são os indicativos de que os requisitos de uma regra específica


são cumpridos pelo navio.
Dependendo da SC, as notações de classificação são atribuídas ao navio de acordo com o
seu tipo, serviço, navegação e/ou outros critérios previstos pelo armador e/ou construtor, Pág. | 8
quando requereu a classificação.
As notações de classificação atribuídas ao navio são indicadas no certificado de
classificação bem como no Registo de Navios publicado pela sociedade. Estas notações
podem ser divididas nos seguintes tipos, podendo ser usadas em conjugação:
• Símbolo principal de classe
• Marcas de construção
• Notações de serviço com designações adicionais, quando aplicável
• Notações de navegação
• Notações geográficas

5.1. Símbolo principal de classe

O símbolo principal de classe expressa o grau de cumprimento dos requisitos de uma regra
de construção específica.

5.2. Marca de construção

A marca de construção, quando atribuída, identifica o procedimento sob o qual o navio e o


seu equipamento ou arranjos foram inspeccionados para a sua atribuição inicial de classe.

5.3. Notações de serviço

As notações de serviço, quando atribuídas, definem o tipo de serviço para o qual o navio
foi considerado para classificação.

A um navio afetado a diferentes tipos de serviço, são-lhe atribuídas diversas notações de


serviço desde que preencha os requisitos estabelecidos nas regras específicas aplicáveis a
cada tipo de serviço.

5.4. Notações de navegação e de área de operação

Algumas SC definem os limites das áreas de navegação (p.ex: mar aberto, águas costeiras
ou águas restritas), e/ou limites às condições ambientais para certos tipos de navios e
estruturas marítimas.

A atribuição de notações de restrição de navegação podem incluir a redução de dimensões


(scantlings) ou arranjos específicos.

A atribuição de uma notação de navegação pelas SC não dispensa o armador ou dono do


navio do cumprimento das regras e regulamentos nacionais ou internacionais

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estabelecidos pelas Administrações para os anvios que operam nas águas nacionais ou em
áreas ou em zonas de navegação específicas.

Exemplos de notações adicionais de classe (DNV)

1A1 R2 Tanker for Oil ESP E0 ETC Pág. | 9

• Tanker for Oil ESP – Notação de serviço


• E0 – Notação de equipamento e sistemas
• Equipment and systems notation

• ETC – Notação de dispositivo especial


BC-A – Notação de classe geralmente usada para navios graneleiros (Bulk Carrier)

BC-B - Notação de classe para navios graneleiros para cargas com densidade acima de 1.0
t/m³ em todos os porões.

BC-C – Notação de classe para navios graneleiros para cargas com densidade inferior a 1.0
t/m³ em todos os porões.

BIS – Notação de classe para navios cujas inspecção do casco e itens relacionados é
efectuada na água

BWM- Notação de classe relacionada com o sistema de gestão de águas de lastro

CA – Permanentemente equipado para transporte de fruta necessitando de atmosfera


controlada

CCO – Sistemas centralizados de operação da carga e lastro

CLEAN - Notação de classe relativa à redução de emissões e descargas poluentes

CLEAN-DESIGN - Notação de classe relativa à redução de emissões e descargas poluentes e


danos acidentais do casco

COAT- Notação de classe que assegura um elevado padrão de prevenção da corrosão

COAT-PSPC(X) – Requisitos adicionais para prevenção da corrosão nos tanques, e void


spaces para navios novos. Está em conformidade com a SOLAS Ch.II-1 Pt.A-1, Reg. 3-2 and
IMO Res. MSC.215(82

COMF-C (crn) - Notação de classe relativa ao conforto interior

COMF-V (crn) - Notação de classe relativa ao ruído e vibrações

CONTAINER - Notação de classe para navios transportando contentores

COW - Notação opcional de classe para navios-tanque equipados com sistema COW -
Crude Oil Washing

CRANE - Notação de classe de equipamento para navios equipados com gruas

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CSA-2 - Notação de classe para navios com calculador de carga para avaliação da fadiga,
tensões e estabilidade

CSR – Notação de classe para navios cuja estrutura obedece às regras comuns da IACS para
navios-tanque de duplo casco com comprimento ≥ 150 m e graneleiros com compriment ≥
90 m. Pág. | 10

6. Inspecções de classificação

Uma inspecção de classificação é um exame visual que consiste normalmente em:


• Exame geral dos itens de inspecção;
• Verificação detalhada de elementos seleccionados;
• Testes de verificação, medições e provas quando aplicáveis.
Quando um inspector identifica sinais de corrosão, defeitos estruturais ou danos na
maquinaria e/ou qualquer equipamento incluido nos itens de classificação e que, de
acordo com as regras da classe e na sua opinião, afectem a classe do navio, ele pode
determinar medidas de correcção e/ou recomendações/condições de classe em ordem à
manutenção da classe.
“Recomendação” e “condição de classe” são termos sinónimos usados pelas SC da IACS
para definir as medidas específicas, reparações, pedidos de inspecção, etc., que o dono do
navio tem que providenciar dentro de um determinado período de tempo de forma a que
o navio possa manter a classe.
Cada navio classificado é sujeito a um programa específico de inspecções periódicas após a
sua entrada em serviço. Este programa é baseado num ciclo de 5 anos e consiste em
inspecções anuais, um a inspecção intermédia, e uma inspecção especial de renovação
efectuada a cada 5 anos. O rigor das inspecções aumenta com a idade do navio.
A inspecção de renovação (special survey) inclui um exame extensivo “in-water” e “out-
water” para verificar que a estrutura, máquinas principais e máquinas auxiliares, sistemas
e equipamentos essenciais do navio, permanecem em condição de satisfazer as regras de
classe. O exame do casco é complementado com a execução de medições da espessura por
ultrasons e outros testes tal como se encontra especificado nas regras, se o inspector o
considerar necessário.
A inspecção tem como objectivo verificar se se mantém a efectiva integridade estrutural e
identificar áreas que exibam corrosão substancial, deformação significativa, fracturas,
danos ou outros tipos de deterioração.
Dependendo da idade, dimensão, tipo e condição do navio, a inspecção de renovação
(special survey) pode durar várias semanas.
A inspecção intermédia (intermediate survey) tem lugar, aproximadamente, a meio do
período entre as inspecções de renovação (special surveys) e inclui exames e verificações
de acordo com o especificado nas regras para determinar se o navio se mantém numa
condição geral que satisfaça os requisitos de classe. De acordo com o tipo e a idade do
navio, podem ser exigidos exames em doca seca e os exames ao casco complementados
por testes ultrasónicos de controlo das espessuras, desde que isso seja requerido pelo
inspector.

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Na altura da inspecção anual, é efectuado um exame geral do navio. A inspecção inclui


uma avaliação externa, inspecção geral ao casco, equipamento e maquinaria e and some
witnessing of tests se isso se justificar, em ordem a avaliar se a conição geral do navio se
mantém de acordo com os requisitos das normas. Os navios mais antigos de determinados
tipos podem ainda ser sujeitos a exames de áreas internas específicas do casco (forro).
Dependendo da idade, dimensão, tipo e condição do navio, uma inspoecção anual pode Pág. | 11
demorar entre algumas horas até alguns dias até ser completada.

7. Tipos de inspecções

7.1. Inspecção inicial (Initial survey)

Uma inspecção inicial é uma inspecção do projecto e da construção da estrutura, da


maquinaria e do equipamento relevantes do navio para assegurar a conformidade com as
exigências dos regulamentos e atestar que este se encontra adequado ao serviço para o
qual se destina.

7.2. Inspecção de renovação (Renewal survey ou special survey)

Uma inspecção de renovação é uma inspecção da estrutura, da maquinaria e/ou do


equipamento, como aplicável, para se assegurar que sua condição permanece em
conformidade com as exigências dos regulamentos. As modificações ao navio com impacto
na conformidade da embarcação com as exigências devem ser declaradas pelo proprietário
e sujeitas a inspecção.

7.3. Inspecção anual (Annual survey)

Em princípio, uma inspecção anual, inclui uma inspecção geral da estrutura e do


equipamento relevantes do navio para confirmar que este se manteve de acordo com os
regulamentos e permanece em condições satisfatórias para o serviço a que se destina.

7.4. Inspecção intermédia (Intermediate survey)

Um inspecção intermédia é uma inspecção dos itens específicos relevantes para o


certificado particular para confirmar que se encontram em condições satisfatórias e
satisfazem os requisitos exigidos para o serviço a que o navio se destina. Dependendo do
certificado em causa e da idade do navio, o período pode variar entre o de um exame
anual ao equivalente ao de uma renovação.

7.5. Inspecção periódica (Periodical survey)

As inspecções periódicas tomam, geralmente, o lugar de inspecções de renovação para


aqueles certificados que foram renovados previamente após um ou dois anos. Entretanto,
no caso do Certificado de Linhas de Carga (Load Line Certificate) que é emitido em nome
de, ou por uma parte que não tenha implementado o sistema harmonizado de inspecção e

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certificação, a inspecção de renovação de 5 anos pode ser considerada como inspecção


periódica.

8. Certificação estatutária de navios

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) é uma convenção de Pág. | 12
cobertura respeitante aos diversos aspectos do mar e da sua utilização, incluindo a
questão do registo dos navios por parte de um Estado. Uma vez o navio registado, o Estado
de bandeira assume certos deveres estabelecidos na UNCLOS. Em particular e, de acordo
com o artigo 94, o Estado de bandeira deve “exercer a sua jurisdição e controlo efectivos
em matérias técnicas, sociais e administrativas sobre os navios que arvoram a sua
bandeira” e tomar “as medidas, sobre os navios sob a sua bandeira, necessárias para
assegurar a segurança no mar…”.
As convenções internacionais têm procurado estabelecer padrões uniformes que
permitam facilitar a aceitação de um navio registado num dado país nas águas e portos de
outros. Estes padrões são geralmente designados por requisitos estatutários e cobrem as
seguintes três áreas distintas:
1. Aspectos de projecto e integridade estrutural – linhas de carga e estabilidade
intacta ou em avaria, propulsão, equipamento de governo, etc.;
2. Prevenção de acidentes, incluindo ajudas à navegação e prevenção de incêndios e
poluição;
3. A situação após um acidente (incêndio, inundação) incluindo meios de contenção e
fuga.
Alguns ou todos estes aspectos, podem ser também reproduzidos em regras particulares
das SC. A Regra 3-1 do capítulo II-1 da SOLAS estabelece, em adição aos requisitos de
outras regras da mesma convenção, que os navios devem ser projectados, construídos e
mantidos de acordo com os requisitos estruturais, mecânicos e eléctricos de uma SC que
seja reconhecida pela Administração em concordância com o estabelecido na Regra XI/1,
ou com padrões nacionais aplicáveis, que providenciem um nível de segurança
equivalente.
Quando os resultados de uma inspecção de classificação evidenciem a conformidade com
os requisitos estatutários correspondentes, p.ex: linhas de carga ou segurança de
construção (casco, maquinaria, caldeiras, equipamento eléctrico, etc.) esta inspecção
assume, de facto, o estatuto de inspecção estatutária em nome da Administração se a SC
estiver a actuar, a este respeito, como organização reconhecida.
Quando um navio é suspenso ou é retirado da classe, os membros da IACS notificam a
Administração de bandeira respectiva, publicando a informação no seu website. Como
consequência, a Administração de bandeira geralmente cancela os certificados estatutários
relativos à construção e equipamento.

9. Organizações Reconhecidas

Tanto a SOLAS como outras Convenções Internacionais, permitem à Administração de


bandeira, delegar a inspecção dos navios numa Organização Reconhecida (OR). É dado

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poder à organização para requerer reparações ou outras acções correctivas que sejam
consideradas necessárias, podendo mesmo retirar ou invalidar o certificado respectivo se
as acções requeridas não forem tomadas (SOLAS Cap I, Reg 6). As OR podem, ainda,
efectuar inspecções do Controlo pelo Estado do Porto (Port State Control) por solicitação e
em nome das respectivas autoridades competentes.
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A resolução A739(18) da IMO estabelece os padrões mínimos para as OR. No essencial, a
Resolução requere que a OR demonstre a sua competência técnica e que a sua actuação
obedeça a princípios de comportamento ético. A OR deve ser sujeita à certificação do seu
sistema de qualidade por um corpo de auditores independentes aceites pela
Administração.
Juntamente com a resolução A789(19) da IMO, que estabelece as especificações das
inspecções e as funções de certificação das OR, estas resoluções definem os critérios e o
enquadramento do relacionamento entre as Administrações e as OR.
A OR é responsável perante a Administração de bandeira pelo trabalho que desenvolve em
nome dessa Administração. Os princípios por que se regem os trabalhos de inspecção e
verificação, são os mesmos que são aplicados às inspecções de classificação, isto é, a
verificação por parte da OR que o navio está em conformidade com os requisitos aplicáveis
na altura da inspecção. O âmbito destas inspecções relacionadas com a segurança e
prevenção da poluição encontra-se estabelecido nas convenções internacionais relevantes
para as matérias em causa, das quais o Governo é signatário, juntamente com as
instruções adicionais emitidas pela Administração da bandeira.
A colaboração entre as Administrações e organizações independentes reconhecidas, é um
passo importante na redução do número de entidades envolvidas nos processos de
inspecção/verificação, diminuindo interfaces desnecessárias e os riscos de bloqueio no
sistema.
Por questões de política interna, os membros da IACS não podem desenvolver trabalho
estatutário sobre navios que não sejam classificados por eles próprios. Uma excepção
significativa a esta política é o International Safety Management (ISM) Code e o
International Ship and Port Facility Security (ISPS) Code, onde se poderá se tornar mais
eficiente para uma companhia implementar um Sistema de Gestão de Segurança (Safety
Management System - SMS) comum, ou um Plano de Protecção do Navio (Ship Security
Plan - SSP) para a frota, partindo do princípio que essa frota pode encontrar-se classificada
por mais que uma SC.
No entanto, estão previstos os mecanismos para que a SC informe o dono do navio, a
sociedade certificadora ISM e/ou a Administração de bandeira, nos casos onde existam
razões sérias para duvidar da efectividade do SMS e da certificação ISPS.

BIBLIOGRAFIA:
Textos diversos da IACS, Bureau Veritas e Det Norske Veritas

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