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HENRIQUE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MARÍTIMA
Classificação de Navios
João Emílio
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MARÍTIMA
Índice
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1. Sociedades Classificadoras .......................................................................................... 3
2. Estatuto e Classificação ............................................................................................... 3
3. Objectivo da Classificação ........................................................................................... 6
4. Atribuição, manutenção, suspensão e retirada de classe........................................... 7
5. Notações de classificação ........................................................................................... 8
5.1. Símbolo principal de classe ..................................................................................... 8
5.2. Marca de construção .............................................................................................. 8
5.3. Notações de serviço ................................................................................................ 8
5.4. Notações de navegação e de área de operação ..................................................... 8
6. Inspecções de classificação ....................................................................................... 10
7. Tipos de inspecções .................................................................................................. 11
7.1. Inspecção inicial (Initial survey) ............................................................................ 11
7.2. Inspecção de renovação (Renewal survey ou special survey) .............................. 11
7.3. Inspecção anual (Annual survey) .......................................................................... 11
7.4. Inspecção intermédia (Intermediate survey) ........................................................ 11
7.5. Inspecção periódica (Periodical survey) ................................................................ 11
8. Certificação estatutária de navios............................................................................. 12
9. Organizações Reconhecidas ...................................................................................... 12
1. Sociedades Classificadoras
2. Estatuto e Classificação
A expressão Registo de Navios está associada a dois tipos de estatutos que podem ser
conferidos a um navio, o Estatuto Legal e o Estatuto de Classe.
O Estatuto Legal é obrigatório, sem ele um navio não poderá operar em circunstância
alguma. É atribuído pela Administração do País de bandeira do navio.
A um navio construído de acordo com regras de um membro da IACS será atribuída uma
designação de classe pela sociedade, após a conclusão satisfatória das inspecções
relevantes. Para os navios em serviço, a sociedade sob a qual ele se encontra classificado
realiza inspecções para determinar que o navio permanece em conformidade com essas
regras.
Na segunda metade do século XVIII, seguradores marítimos, baseados Lloyd's coffee house
em Londres, desenvolveram um sistema para a inspecção independente do casco e
equipamento dos navios que lhes eram apresentados para cobertura de seguro. Em 1760,
foi formada uma Comissão com este objectivo expresso, dando origem ao Livro de Registo
de Lloyd para os anos 1764-65-66 e que constitui a mais antiga iniciativa desta comissão.
Nessa altura, foi efectuada uma tentativa para classificar a condição de cada navio numa
base anual.
aos navios para indicar que ele se encontra em conformidade com alguns critérios
adicionais específicos para esse tipo de navio ou que excede os requisitos padrão de
classificação.
O valor desta associação foi reconhecido pela IMO devido ao facto de, ao se juntarem as
competências e conhecimento de diversas SC, ter passado a existir uma massa crítica de
grande qualidade. Este reconhecimento fez com que a IACS tenha sido e permaneça como
a única organização não governamental com estatuto de observador e com capacidade
para o desenvolvimento e aplicação de regras construtivas.
3. Objectivo da Classificação
• Equipamento de manutenção.
Estas matérias podem, contúdo, ser consideradas para efeitos de classificação de acordo
com o tipo de navio e notação de classe.
O proprietário é a entidade que possui o controlo total sobre o navio, incluindo a forma
como este é mantido e operado. A classificação é voluntária e a sua efectivação depende
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apenas do interesse e da vontade do dono do navio.
O inspector de classe pode ir a bordo uma vez em cada período de 12 meses para a vistoria
anual, o que torna impossível a possibilidade de escrutinar toda a estrutura e todos os
equipamentos. A inspecção é efectuada por amostragem, sendo a experiência do inspector
que determina quais os itens do navio ou da maquinaria mais expostos ao surgimento de
problemas, tais como, corrosão, stress, fadiga ou outros danos.
A classe é atribuída ao navio após a completa satisfação dos requisitos e após a conclusão
da sua construção.
Quando um navio é transferido de uma SC para outra, aplicam-se procedimentos
específicos.
Os navios classificados são sujeitos a inspecções para manutenção da classe. Estas
inspecções incluem a renovação de classe (special survey), inspecção intermédia,
inspecção anual e inspecção do fundo em doca. Incluem-se ainda as inspecções do veio
propulsor, caldeiras, maquinaria e, quando aplicável, inspecções dos itens associados com
a manutenção das notações adicionais de classe.
As inspecções são conduzidas de acordo com os requisitos relevantes de classificação
tendo em vista verificar que a condição do casco, maquinaria, equipamento e acessórios
estão em conformidade com as regras aplicáveis.
A classificação de um navio é baseada no entendimento que o mesmo é carregado,
operado e mantido de forma adequada por tripulações e operários qualificados. É da
responsabilidade do proprietário assegurar uma correcta manutenção do navio até à
próxima inspecção requerida pelas regras de classificação, bem como informar a SC de
quaisquer eventos ou circunstâncias que possam afectar a classe.
Quando as condições para manutenção da classe não são cumpridas, a classe pode ser
suspensa, retirada ou revista para uma diferente notação considerada adequada à nova
situação pela SC. O navio pode perder a sua classe de forma temporária ou permanente.
No primeiro caso, o acto é designado por “suspensão de classe”, no segundo, como
“retirada da classe”. No caso de inspecções que não são efectuadas dentro do calendário
previsto ou, no caso do navio ser operado em desacordo com a sua designação de classe, a
suspensão é automática.
Quando se verifica a suspensão ou retirada da classe, a SC deve, em simultâneo:
• Informar o dono do navio e a Administração de Bandeira
• Eliminar o navio do Registo
• Colocar a informação nas bases de dados apropriadas (Equasis, SIReNaC, etc.)
5. Notações de classificação
O símbolo principal de classe expressa o grau de cumprimento dos requisitos de uma regra
de construção específica.
As notações de serviço, quando atribuídas, definem o tipo de serviço para o qual o navio
foi considerado para classificação.
Algumas SC definem os limites das áreas de navegação (p.ex: mar aberto, águas costeiras
ou águas restritas), e/ou limites às condições ambientais para certos tipos de navios e
estruturas marítimas.
estabelecidos pelas Administrações para os anvios que operam nas águas nacionais ou em
áreas ou em zonas de navegação específicas.
BC-B - Notação de classe para navios graneleiros para cargas com densidade acima de 1.0
t/m³ em todos os porões.
BC-C – Notação de classe para navios graneleiros para cargas com densidade inferior a 1.0
t/m³ em todos os porões.
BIS – Notação de classe para navios cujas inspecção do casco e itens relacionados é
efectuada na água
COW - Notação opcional de classe para navios-tanque equipados com sistema COW -
Crude Oil Washing
CSA-2 - Notação de classe para navios com calculador de carga para avaliação da fadiga,
tensões e estabilidade
CSR – Notação de classe para navios cuja estrutura obedece às regras comuns da IACS para
navios-tanque de duplo casco com comprimento ≥ 150 m e graneleiros com compriment ≥
90 m. Pág. | 10
6. Inspecções de classificação
7. Tipos de inspecções
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) é uma convenção de Pág. | 12
cobertura respeitante aos diversos aspectos do mar e da sua utilização, incluindo a
questão do registo dos navios por parte de um Estado. Uma vez o navio registado, o Estado
de bandeira assume certos deveres estabelecidos na UNCLOS. Em particular e, de acordo
com o artigo 94, o Estado de bandeira deve “exercer a sua jurisdição e controlo efectivos
em matérias técnicas, sociais e administrativas sobre os navios que arvoram a sua
bandeira” e tomar “as medidas, sobre os navios sob a sua bandeira, necessárias para
assegurar a segurança no mar…”.
As convenções internacionais têm procurado estabelecer padrões uniformes que
permitam facilitar a aceitação de um navio registado num dado país nas águas e portos de
outros. Estes padrões são geralmente designados por requisitos estatutários e cobrem as
seguintes três áreas distintas:
1. Aspectos de projecto e integridade estrutural – linhas de carga e estabilidade
intacta ou em avaria, propulsão, equipamento de governo, etc.;
2. Prevenção de acidentes, incluindo ajudas à navegação e prevenção de incêndios e
poluição;
3. A situação após um acidente (incêndio, inundação) incluindo meios de contenção e
fuga.
Alguns ou todos estes aspectos, podem ser também reproduzidos em regras particulares
das SC. A Regra 3-1 do capítulo II-1 da SOLAS estabelece, em adição aos requisitos de
outras regras da mesma convenção, que os navios devem ser projectados, construídos e
mantidos de acordo com os requisitos estruturais, mecânicos e eléctricos de uma SC que
seja reconhecida pela Administração em concordância com o estabelecido na Regra XI/1,
ou com padrões nacionais aplicáveis, que providenciem um nível de segurança
equivalente.
Quando os resultados de uma inspecção de classificação evidenciem a conformidade com
os requisitos estatutários correspondentes, p.ex: linhas de carga ou segurança de
construção (casco, maquinaria, caldeiras, equipamento eléctrico, etc.) esta inspecção
assume, de facto, o estatuto de inspecção estatutária em nome da Administração se a SC
estiver a actuar, a este respeito, como organização reconhecida.
Quando um navio é suspenso ou é retirado da classe, os membros da IACS notificam a
Administração de bandeira respectiva, publicando a informação no seu website. Como
consequência, a Administração de bandeira geralmente cancela os certificados estatutários
relativos à construção e equipamento.
9. Organizações Reconhecidas
poder à organização para requerer reparações ou outras acções correctivas que sejam
consideradas necessárias, podendo mesmo retirar ou invalidar o certificado respectivo se
as acções requeridas não forem tomadas (SOLAS Cap I, Reg 6). As OR podem, ainda,
efectuar inspecções do Controlo pelo Estado do Porto (Port State Control) por solicitação e
em nome das respectivas autoridades competentes.
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A resolução A739(18) da IMO estabelece os padrões mínimos para as OR. No essencial, a
Resolução requere que a OR demonstre a sua competência técnica e que a sua actuação
obedeça a princípios de comportamento ético. A OR deve ser sujeita à certificação do seu
sistema de qualidade por um corpo de auditores independentes aceites pela
Administração.
Juntamente com a resolução A789(19) da IMO, que estabelece as especificações das
inspecções e as funções de certificação das OR, estas resoluções definem os critérios e o
enquadramento do relacionamento entre as Administrações e as OR.
A OR é responsável perante a Administração de bandeira pelo trabalho que desenvolve em
nome dessa Administração. Os princípios por que se regem os trabalhos de inspecção e
verificação, são os mesmos que são aplicados às inspecções de classificação, isto é, a
verificação por parte da OR que o navio está em conformidade com os requisitos aplicáveis
na altura da inspecção. O âmbito destas inspecções relacionadas com a segurança e
prevenção da poluição encontra-se estabelecido nas convenções internacionais relevantes
para as matérias em causa, das quais o Governo é signatário, juntamente com as
instruções adicionais emitidas pela Administração da bandeira.
A colaboração entre as Administrações e organizações independentes reconhecidas, é um
passo importante na redução do número de entidades envolvidas nos processos de
inspecção/verificação, diminuindo interfaces desnecessárias e os riscos de bloqueio no
sistema.
Por questões de política interna, os membros da IACS não podem desenvolver trabalho
estatutário sobre navios que não sejam classificados por eles próprios. Uma excepção
significativa a esta política é o International Safety Management (ISM) Code e o
International Ship and Port Facility Security (ISPS) Code, onde se poderá se tornar mais
eficiente para uma companhia implementar um Sistema de Gestão de Segurança (Safety
Management System - SMS) comum, ou um Plano de Protecção do Navio (Ship Security
Plan - SSP) para a frota, partindo do princípio que essa frota pode encontrar-se classificada
por mais que uma SC.
No entanto, estão previstos os mecanismos para que a SC informe o dono do navio, a
sociedade certificadora ISM e/ou a Administração de bandeira, nos casos onde existam
razões sérias para duvidar da efectividade do SMS e da certificação ISPS.
BIBLIOGRAFIA:
Textos diversos da IACS, Bureau Veritas e Det Norske Veritas