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I PIOS(Ot II,SA ,ilAS

( I II IMANAS PESQUISA
CIÊNCIAS I IUMANAS
Método, em sua etimologia grega remete a caminho, percurso. trajeto e, nesse sentis
do, apresenta aos pesquisadores e às pesquisadoras um universo variado de possibili•
dades analitlcas e epistemológicas. Enquanto caminho,.nso está condicionado a uma
única orientaç50.Pelo contráriQevoca espaços múltiplos e criativos.Imersanum
duplo movimento de criaçao e recriaçao,onde desafia Wa pesquisador/aa permanecer
atento aos desafios de sua própria pesquisa. a metodologia nos interpela sempre à
construçao de novos pressupostossem que isso signifique abrir mio da clareza,
coerência e fundamentaçao teórica.

Aqui. portanto, é que•se encontra uma das propostas fundamentais desse livro. Ao
apresentar uma série de cap(tulos cujos autores/as pertencem a diferentes áreas de
atuaçáo e reflexio das Ciências Humanas, quisernos apresentar ao leitor um amplo
leque de vertentesteóricase metodológicasem seu cruamento com diferentes
objetos/campos de investigaçao e. desse modo, possibilitar o diálogo interdisciplinar
entre diferentes tradiçóes epistemológicas.
Num cenário plural,em que presente e passado mesclam-se buscando responder aos
desafios da pesquisa propomos uma pergunta de partida: o que os diferentes campos
de conhecimento teriam a nos comunicar em suas distintas concepçóes. propostas e
práticas metodológicas?POIS bem. e$e é o desafio aceito por aqueles/asque
integram esta obra: pensar metodologias de pesquisa. Mas ao invés de respostas
prontas e acabadas 01a leitor/a encontrará debates e problernatizaçóes, a partir de Esmael Aves de Oliveira
diferentes campos, métodos e epistemologia<rata-se, portanto, de um livro que traz Mário Martins Viana Júnior
no seu bojo debates sobre metodologias nas Ciências Humanas. Patrfcia Rosalba Salvador Moura Costa
(Organizadores/as)

EDITORA CRV
CopyrightC da EditoraCRVLtda.
Editor-chefe:RailsonMoura APRESENTAÇÃO
DiagramaçAo e Capa: Editom CRV
RevisAo:Os Autores
ConselhoEditorial:
Construindo pontes metodológicas
hur. tr•. Método em sua etimologia grega remete a caminho, percurso, trajeto e, nesse
Pmf. A"" Pará* (t.RRJ) hoc (URO
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(UN) sentido, apresenta aos pesquisadores e ás pesquisadoras um universo variado de
UMINIK). possibilidades analíticas e epistemológicas. Enquanto caminho, nAo está condicio-
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«NICAM?) nado a uma única orientação. Pelo contrário, evoca caminhos múltiplos e criativos.
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(tNIFAL • MO) Imersa num duplo movimento de criaçao e recriação, onde desafia o/a pesquisador/a
a permaneceratento aos desafiosde sua própria pesquisa,a metodologia nos inter-
Prof. (Imo)
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proe.S".
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pela sempre à construçaode novos pressupostossem que isso signifique abrir mao
da clareza,coerênciae fundamentaçaoteórica.
cx. (PVC.PR) W. (VFPA)
hor. BruiWo Aqui, portanto,é que se encontra uma das propostas fundamentaisdesse livro.
(FAP • SP)
AO apresentar uma série de capítulos cujos autores/as pertencem a diferentes áreas
de atuaçaoe reflexiodas CiênciasHumanas,quisemosapresentarao leitor/aum
amplo lequede vertentesteóricas.emetodológicasem seu cruzamento com diferen•
CIP.BRASIL CATALOGAÇÃO-NA-FONTE tes objetos/camposde investigação e, desse modo, possibilitar o diálogo interdisci-
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS. W plinar entre diferentes tradiçõesepistemológica.s.
MSS2 Atualmente,váriosautores/as,pertencentesa diversoscamposde atuaçao e
atentos aos novos desafios da pesquisa, têm apontado para a necessidade de reflexão
pesquisaem ciênciashumanas• carnps. e f organi- sobre abordagensteórico-metodológicasque sejam capazesde responder aos novos
zaç50EsmaelAlvesdc Oliveira, MárioMartins JúniM. PatriciaRosalbaSalvador
Moura Costa. • 1. ea • Curitiba. PR: CRM 201S.
horizontes, expectativas90bjetos de pesquisa.Para além dos estudosjá consagra-
216 p. dos nos diferentes saberes disciplinares há que se atentar pam outros horizontes de
pesquisa e assim refletirmos também sobre abordagens metodológicas que sejam
Inclui btbliovafia capazes de responder aos desafios das Ciências Humanas no mundo atuai —marcado
ISBN 978-83-4444233-7
pela incessanteinovaçãotecnológica,emergênciade novasidentid±s, fragrnenta-
I. Educ•çao. 2. Ci&xias humanas - Pesquisa. l. Oliveira. Esm•el Alves dc, II. Júnior. çao das experiênciassociaise novas formas de interaçao,etc.
M&ioMutim Viana.III.Costa,Patricia Mova. Nesse cenário plural, em que presentee passado mesclam-se buscando
CDD: 300.72
responder aos desafios da pesquisa propomos uma pergunta de partida: o que
14-16-435
CDU: 316:001.8 os diferentescampos de conhecimentoteriam a nos comunicarem suas distin-
tas concepçOes, propostas e práticas metodológicas? Pois bem, este é o desafio
30109,2014 01/102014 aceito por aqueles/as que integram esta obra: pensar metodologias de pesquisa.
Mas ao invés de respostasprontase acabadas01aleitor/a encontrarádebates
e problematizaçoes,a partir de diferentescampos, métodose epistemologias.
Trata-se, portanto, de um livro que traz no.seu bojo debates sobre metodologias
Foi feitoo depósitolegalconf-Lei 10.994de 14/12.nou. nas Ciências Humanas.
2015 Os textos reunidos sao escritos por pesquisadores'as de várias áreas de conhe-
Proibida a reproduçao parcial ou total desta Obrasem autoriaçao da Editora CRV cimento das humanidades: Sociólogos e Historiadores, mas também
Todosos direitos &sta ediçao reservadospela: psicólogos,educadoresfisicos,entreoutros,o que possibilitaum diálogointerdisci-
Editora CRV plinar e o acesso a várias áreas de pesquisa com resultados que envolvem lugares e
Tel.: (41) 3039-6418
www.editoracrv.com.br metodologias distintas, dando a tonalidadesdas técnicas e instrumentosmetodoló-
E-mail:sE@dit0racrv.com.br gicos usados na composiçao dos trabalhoscientíficos.
28

LEITE, Ilka Boaventura. Olhares de África: olhares e entre-lugares da arte na diós•


pora. TOMO - Revista do Núcleo de Pós-Graduaçaoe Pesquisa em Ciências So- O PROJETO DE PESQUISA EM HISTÓRIA
eiaisIUniversidade Federal de Sergipe. São Cristóvao-SE. NPPCS/UFS, n. IO,jan./
jun., 2007.
MALUF, Sônia Weidner. Corporalidade e desejo: sobrc minha mae e o genero Mário Martins nana Júnior'
na margem. Estudos Feministas, jan.t2002. p. 143-153.
MARCUS, George E, A estética contemporâneado trabalho de campo na arte e na
antropologia: experiências em colaboração e intervençao. In: BARBOSA, Andréa;
CUNHA. Edgar Teodom; HIKIJI, Rose Satiko Gitirana (Orgs). Imagem-Conheci- "De toda maneira, a pesquisa está circunscrita pelo lugar que define uma cone-
mento: Antropologia, cinema e outros diálogos. Campinas: Papirus, 2009, xao do possível c do impossível" (CERTEAU, 2008, p. 77).
MATSINHE, Cristiano. "Tabula Rasa": dinâmica da resposta moçambicana contra Neste capítulo discutimos sobre cuidadose atençoesnecessáriasna cons-
o HIV/SIDA. 2005.Tese (Doutorado em Sociologia e Antropologia), Programa de truçao das proposiçOes de pesquisas históricas, além de especificidades e práticas
Pós-Graduaçao em Sociologia e Antropologia, Instituto de Filosofia e Ciências So- metodológicas do campo do historiador(a). O objetivo é auxiliar os(as) estudantes
ciais, UniversidadeFederaldo Rio de Janeiro —UFRJ. Rio de Janeiro, 2005. cm questoes práticas e dirimir um pouco de suas dúvidas, tensOese inquietaçoes
NICHOLS, Bill. Introduçao ao documentário. Campinas: Papirus, 2009. teórico-metodológicas no que concerne ao planejamento da investigaçao históri-
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever. ca. Para tanto, abordamos brevemente a questão do caráter científico do conheci-
In: O trabalho do antropólogo. Sio Paulo: Edunesp, 2000. p. 17-36. mento histórico e buscamos explicitar elementos básicos e preocupaçoes relativa.
PASSADOR, Luiz Henrique. "Tradition", person, gender, and STD/HIV/AIDS in mentecomuns na construçaodo,projeto de pesquisa em história observados em
southern Mozambique. Cad. Saúde Pública [online). v. 25, n. 3, p. 687-693, 2009, nossa prática docente.
PASSADOR, Luiz Henrique. "As mulheres são más": pessoa, genero e doença no
sul de Moçambique. Cadernos Pagu, n. 35, p. 177-210,jul./dez. 2010. A cientificidade do conhecimento histórico
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Antropologia das Formas Sensíveis: Entre o Vi-
sivel e o Invisível, a Floraçao de Símbolos. Horizontes Antropológicos, Porto Ale- Partamos de um ponto basilar, de linguagem. Ao recorrermosao dicio-
gre, ano I, n. 2, p. 107-117, jul./sct. 1995. nório mais simples, a palavra "investigaçao••é apresentadacomo "indagação
SAMAIN, Etienne. Ver e dizer na tradição etnográfica: Bronislaw Malinowski e a ou pesquisa que se faz buscando, examinando e Em paralelo,
fotografia. Horizontes antropológicos, n. 2, p. 19-48, 1995. reconhecemos que o significado da palavra é justamente o momento em que fala
SAMAIN, Etienne. Margareth Mead e Gregory Batesot).In: ALVES, André e SA- e pensamentose unem (VYGOTSKY, 2005). Isto nos sinaliza quão complexo é
MAIN. Etiennc.Os argonautas do mangue precedido de Balinese character refletir sobre um tipo específico de investigaçao, a histórica, haja vista a plurali-
(re)visitado. Campinas: Unicamp/ São Paulo: Imprensa Oficial do Estado dc São dade de formas distintas de pensar historicamente, intrínsecas aos procedimen-
Paulo,2004. tos de pesquisa do historiador(a).
SALLES, João M. A dificuldade do documentário.In: MARTINS, José de Souza et Assim, se a expressão "investigaçao histórica" remete a um fenómeno his-
al. (Orgs.). O imaginário e o poético nas Ciências Sociais. Bauru: Edusc, 2005. tórico de união entre o falar e o pensar, resta-nos inquirir sobre como a história
TACCA, Fernando de. Rituaes e festas Bororo: a construçao da imagem do índio está sendo pensada, entendida e compreendida em determinado momento. É este
como "selvagem" na Comissão Rondon. Revista de Antropologia. Sio Paulo, v. ponto, materializado na palavra e na ex-pressao, e (re)significadas cOnforme o con-
45, n. 1, 2002. texto histórico, uma âncora para o entendimento dos procedimento de métier do
historiador. Enquantoa partir da descriçao funcional do dicionário o vocábulo
"investigar" remete a uma pesquisa, a uma investigaçao, fica em aberto, contudo,
os modoscomo se busca, se examina e se interrogao passado para a construçüo
do conhecimento histórico.
Aqui nao acreditamosem nenhummanual ou receituáriode procedimen-
tos. Alertamos sobre a necessidadede estimulo constante a formas de pensar
Pr*sw Cui (1-FC). pua
30 METODOLOGIAS DE PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS •CAMPOS, PROBLEMAS E OBJETOS 31

historicamente, aspectoscríticos e problematizadores comQ coastruir e ahordar problemas e hipóteses de pesquisa._quais práticas
e que orientem o estabelecimento de "princípios de metodização", de regras e outros aspecgps _
de funções na constituição de uma matriz disciplinar de história: q etiyxnoprojeto-de-pesquisa—

O pensamento histórico toma-se especificamentecientífico quando segue os Logo no início desta seção é importantealertarmoso leitor de que o texto que
princípiosda metodizçao, quando submetea regras todas as operaçõesda cons- se segue é produto da observação de um conjunto de projetos analisados em nos-
ciência histórica,cujas pretensõesde validade se baseiam nos argumentosdas sa prática docente.Assim, focamosnossa atenção nas possibilidadesgenéricas do
narrativas,nas quais tais fundamentossão ampliadoSsistematicamente.A razão,
tal comoreivindicadapela históriacomociência, fundamenta-senesse princípio escopodo trabalhode investigação(mas não na investigaéãoem si) lançandomão
da metodização.É com basenos princípiosque tomamo pensamentohistórico de uma linguagemclara, acessívele objetiva,com focona preparaçãoe no planeja-
racional, igo é, que definem seu caráter argumentativo-ñmdante,que a história mento para o auxilio na escrita de projetos no âmbito historiográfico.
-K constróicomo especialidade(RCSEN,2010,p. 12). Na propostaque se apresentabuscamosum caráterpragrnáticoe direto, por
vezes uma escrita mais próxima da concepção de relato de experiência docente.
e pos que auxiliará no estabelecimentoda cientificidadeda inves- Menos teórico,portanto,e com observaçõese análises diversasque foramelabora-
tigaçao his . Ainda que tal questao esteja imersa no debate irresoluto sobre das a partir das nossas práticas em orientação de pesquisa e da nossa participação
a ficcionalidadedo conhecimentohistórico(CERTEAU,2011), é interessantea em grupos de pesquisa, o trabalho que se segue tem o claro propósito de conu•ibuir
discussãoaventada por Julio Aróstegui para pensarmosa constituiçãode procedi- para o planejamento da investigação histórica, sob outro entendimento que não seja
mentos, de técnicas e de práticas metodológicas concernentes ao campo histórico. o da mera realizaçãoda pesquisapor intuiçãoou por imitaçãode procedimentos
Paraesse autoros tratadosmáis conhecidosdo métodocientíficoremeteriam consagrados.'
a uma "série de operaçõescognoscitivas que podemoschamar de 'momentos Ió- Nessa caminhada, um primeiro exercício que se interpõe é o de pensar a dife-
gicos', fase, pperaçôes ou 'contextos'", quais sejamc- problema; 2- hipótese; 3- renciaçao Ao considerarmos o segun-
observ ao; 4- validaçao/comprovaçao;5- explicação/teoria (ARÓSTEGUI, 2006, do como "um plano de guia da coleta, análise e interpretação da inforrnaçao, dados
p. 436). laro está que a produçãodo conhecimentohistóricopossuiinúmeraspe- ou observações"fica claro que o plano não está deslocadodo projeto (LATIESA.
culiaridadesque inviabilizama sua perfeitaintroduçãonessesistemalógico-ascen- 1991,p. 17).Antes faz parte dele. Podemos,portanto,entendero planejamento
dente. A unicidade dos processos que implica a impossibilidade. de experimentaç4? como um momento importante a ser contemplado denro da projeto, onde alocamos
do fenomenosócio-his como um ratorialé as das etapasda investigação; é possível coaipreendê-lotambémcomo
característicamais destoantedesse quadro um desenho maleável capaz de ser alterado, mas que significa o esforço inicial de
Mesmo assun os princípios lógicos mais gerais, ou mesmoo "métodocien- "preveros momentoscognoscitivose técnicospelos quais o nabalho deverá passar
tífico-social",não deixamde ter validadeno âmbito historiográfico.Em diálogo [atendendó]a três níveis: o do que se quer conhecer,o de como conhecer e o da
com eles é possível refletir, por um lado, sobre a operação capilar de construção do comprovaçao do conhecido" (ARÓSTEGUI, 2006, p. 468).
conhecimentohistóricoe, por outro lado, acerca do procedimentogeral de "cons- Portanto,ao falarmosde projeto de pesquisaem história estamos nos debru-
tituiçao da história como ciência e como formade racionalização"(ROSEN,2010, çando sobre uma atividade mais ampla e complexa que o plano não dá conta. Da
p. 15).Tais movimentosse dão através de processosde racionalizaçao,teorização escolhado tema,da formulaçãode problemáticase hipóteses,do tratamentodas
e metodizaçaoque privilegiama argumentaçãoem detrimentoda.retóricae-que fontes,entre inúmerasouu•asaçoes, a projeçaoda pesquisaenvolvebasicamentea
significam as evidências como provas. intençao de
Nesse sentido,auxilia o melhorentendimentosobreas práticas metodológicas São elas que nos servirao de bússola na construção da inu•oduçao,da justificativa, da
e as técnicas específicas da história, significadas, respectivamente, como "formas problematizaçãoe da metodologia,respectivamente,afora os objetivos,o diálogo
de acesso à realidade empírica em função da natureza das hipóteses e das caracte- historiográficoe o cronogama que, indiretamente,tambémestão relacionadoscom
rísticas da realidade ou da própria orientaçao da pesquisa" e como conjuntos de re- as perguntas acima assinaladas 10
gras que possibilitam"transformaros 'fatos' em 'dados'", tais como as abordagens
quantitativas,qualitativas, comparativas,que utilizam a técnica da história oral, en- 9
tre outras (ARÓSTEGUI, 2006, p. 450). —n. Cui Ñ14.1.
IO
E é nesse caminho sobre a questão da cientifiçidadç do conhecimento histórico & bma gns
que se abrem as discussOes sobre as formas de se pensar e construir a investigaçao,
32 OE EM CIENCIAS HUMANAS •CAMPOS. PROBLEMAS E OBJETOS 33

Neste breve espaço nio teremos tempo de debater sobre possíveis formas de Embora essa consideração pareça simplória, é necessário que o aluno(a) te-
se configurar, dc se chegar a um objeto de pesquisa. De maneira geral, assinalamos nha clareza que a introdução do projeto não trata do exercício de imaginação
apenas a nossa inclinaçao pessoal sobre a proficuidade do(a) estudante de História acerca dos resultados de uma pesquisa que está sendo proposta. Procedendo dessa
partir do contato com os documentos,e nao excludenteou exclusivamentedo de- forma,Q-discentetransparecea ansiedadee a má compreensaoacerca da inves-
bate teórico, para pensar o seu objeto de investigaçao. Sobtx esta questão. tratamos tigaçAohistórica, muitas vezes tomada simploriamente como um procedimento
em outro trabalho do qual destacamos a necessidade da: era confirmgçA9 de um noção preexistente ou imaginada por ele(a). A introdução
de
teaex•o s&re a imt»rtAnciado tratamentodas fontesna formaçAodo dis- gaçao. be 'v os lemas e
cente,em aproximaçaoe com os estudossobreo ensino
de Risória que tomam histórica"como e e e uc serio esmiu ad
heurísticas, as potencialidades de descoberta dQ submetido
no sentidode descoberta,comono sentidode fomentaçaode processosdc
mudançapara peteeNes mais dinamicasda realidadeque os sujeitospossam ao procedimento investigauvg.
construirem ao temp e ao espaço.Sio esses rabalhos, inclusive.que Todavia,mesmofocandoo advir das análises, é importanteque o(a) propo-
»der&o atuar na alteraçao da própria escrita da história (VIANA JÜNtOR: NO- nente tambémmostre segurançasobre que busca abordar, o que denota
GUEIXA. 2014, p. a necessidadede um conhecimentoprévio e possivel a partir do exercício anterior
de uma breve e incipiente açao de pesquisa. A erudiçao sobre o tempo e o espaço
Dito isto. partimos entao do pressuposto de que o leitor que toma este traba- em foco ajudará inclusive na proposição,mesmoque circunstancial,de recortes
tho nas maos tenha alguma inelinaçao ou mesmo já possua um objeto ou tema de temporais e espaciais, necessários de apresentaçãoe justificativa já nesse espaço
imrstisaçao em mente e que a inqüietaçao insurgente estaria mais voltada para as do texto. Entretanto.nessa construpo dos recortes. devem-se evitar consideracoes
maneiras de como construir materialmenteo projeto, de como projetar a pesquisa.
Afinal. como esere\rr um projeto de pesquisa em História? Pois bem. vejamos al- sens" p. 55)) e escritas do tipo causa-e-cfeito gera ente orçadas
sumas abalizadas pelas quatro perguntasacima referidas.
Comumenteencontramostextos que, para a justificativa temporal e espacial
In uçAo do objeto de investigaçao, remetiam a um ponto comum do qual uma série de en-
cadeamentosde fatos racionais e conscienteseram apontadoscomo causadoresda
m vuimeiro desafio que se apresenta é o de elaboraçao da introduçao. Este conjunturaque se queria analisar. Nesses caos, o ratamento teleológico conferido
éo que buscar respon&r à seguinte pergunta: o gue queremos à História era seguido por uma ausência de abordagemde conflitos e contradiçoes.
modo, a elaboraçio da pode ser parametrizada pela in- Assim. seguia-se o esforço de se erigir um palco histórico firme e harmónico para a
tecer um bom ao leitorfa•.-aliador,
mas com o propósito central constituiçao de um problema de pesquisa.
de um ensejo de apresentsçso do objeto de estude, dos sujeitos Ainda que se trate de projeto de uma investigaçao que será realizada em di-
e contextohistv estes po&m ser expressos em órmato de narrativa ferentes níveis (graduação ou pós-graduação), sugerimos que o(a) proponente faça
a proponenteda imestigaçao, tnas é interssante que já no inicio o(a) estu- uma brevee cito intento
ása uma espécie de esqueleto ou escopo do projeto e que na sua escrim atente
alguns cuidadosusicos que dificultam a leitura do trabalho, tais como o uso de os quais, dessa forrna,serão transmutadosem fontes históricas de investigação.De
diferentese de notas de ro&pé extremamente longas. forma pragrnática,tal exercicio, além de au.xiliaro pesquisador(a)no tratamentoe
O sobre a inroduçso ao &jeto de Fsquisa é impotante na reaexao inicial sobre suas fontes tambémapontapam as possibilidadesmateriais
dixtte Ca da sç40 reeortmte dos de execuçao da pesquisa. o que será melhor abordado quando n-atarmos da metodo-
o leitM aus ao formatodo Riturorabalbo logia do trabalho.
suas psquss. senti&, os erros comunsde Dessa forma, a é também uma maneira de assinalar aspectos que
a e a imersb: im8 se introduzirinfoansçOes o serão aproñmdados em seçOes do projeto em pauta- Inroduz-se ao projeto.
saia foi raro que De maneim reduàda ela comporta a.spectosde cada um dos outros tópicos ajudan-
o Cecm Fsquisa seriam do, portanto, a o leitor(a) ao restante do texto. Podemosconsiderar esse
a de como queia os e momento como ae-di4!ggg-
e a óco historiográfico na abordagem das fontes. ha•a e os autores(as com O
34
METODOLOGIAS DE PESQUISA EM CIENCIAS HUMANAS •CAMPOS, PROBLEMAS E OBJETOS 35

as perspectivas teórico-mçtodológicas 'dades pretéritae frtura: ao mesmo tempoem que olha para trás, em diálogo
.que serorao de base e orientação paraiéfetivaÇFZõíñbãlfiÕÃõa€iSêtivo. Nes- om aquilo que foi produzido, deve lançar visão para frente sinalizando onde seu
se sentido, já na introdução, é preciso ter o cuidado com aproximaçoes que sejam balho busca avançar,onde ele se diferencia.
bastante problemáticas entre estudiosos(as), correntes de pensamento e abordagens Nessa tensao temporal entre pretérito e futuro, o presente, tomado como tempo
historiográficas distantes, opositoras ou mesmo excludentes". de proposição da pesquisa, concretiza-se em uma escrita que deve assinalar a singula-
Além do desacordoteórico, outro problemacomum encontradona análise de ridade da investigação. A busca de resposta para a pergunta "para que essa pesquisa?"
projetos foi a desarmonia existente entre a-i.ntrnduçãQ_R os objetivos da investiga- busca estimular o(a) proponente a situar-se em um campo historiográfico investigati-
çao. Tomados em destaque, introdução e objetivos devem estar em perfeita corres- vo mais Io e •á realizadas
ou em andamen
pondência de modo que a leitura dos segundos permita uma melhor compreensão o espaço para mostrar o diferencial da proposta de trabalho apresentada, o
do primeiro, sendo este um detalhamento daqueles. Existe uma forte ligação entre que pode ser assinalado em um tratamentoinovador da fonte, em uma reinterpreta-
essas duas seções a ser respeitada. De forma prática, nesse exercício recomendamos çao de uma análise consolidada na área (mediante a descoberta de novos documen-
que sejam evitados parágrafos longos e quebras de sentido textuais, isto é, mudan- tos ou proveniente da releitura e interpretaçãode fontesjá conhecidas e analisadas),
ças de assunto abruptas que dificultam a compreensão. um aprofundamento e detalhamento de questões sugeridas e alentadas em outros
Em suma, a introdução gem trabalhos, entre outros aspectos.
leitor(a) de investigaçãocomo que serio desen- As possibilidades de trabalho do historiador(a) são infinitas e múltiplas da
yolyidos• isto é, busca gerar expectativas mesma forma que as suas fontes. Contudo, sempre devem ter o aportede uma boa
sobre o que será encontrado em cada um dos tópicos seguintes. É também um mo- justificativa, isto é. da clareza de se mostrar a que vem a proposta investigativa. E
mento oportuno para falar, ainda que sucintamente, da_xtajetéria uma 'ustificativa c uma.escrita_queconsiga convencer sobce
proponente e de como chegou avé ó objeto da pesquisa, uma breve apresentaçao de "relevância" e a "viabilidade" do projeto de pesqpjsy
si, assinalando a participaçao em grupos de pesquisa, programas, bolsas, etc. Nesse
sentido, deve ser extremamente, sucinto Justificar um Projeto é convencer os seus leitores da sua importância, da sua
relevânciaacadémicae social,da viabilidadeda sua realizaçao,da pertinência
Justificativa do tema proposto. Pode-se investir, ainda, no convencimento dos leitores com
• relaçãoao de que vocêé o pesquisadorideal para realizar tal Pesquisa;já
que possuicertas experiéncias.eníveis formativos.Vale a pena, por fim, mostrar
Falamos anteriormenteque os formatosdos projetos de pesquisa podem va- neste capítulo a originalidade do Tema
riar consoantea instituição e a demanda.Nesse sentido, enquantoalguns locais (BARROS, 2009, 67-68)
nio permitem a junção entre introdução e justificativa, outros aconselham essa Esta citação é bastanteelucidadorasobre as possibilidades de construção da
convergência.De fato, responderà pergunta sobre o que SC nrgtendc pesquisar justificativa, embora divirjamos de algumas considerações realizadas por esse-autor.
está diretamçqte relacionado com Chpçctativade para gne se realizará detecmi- Para Barros (2009) a justificativa seria o momento para responder a pergunta "por
nada--pesquiL_NAo vemos problemas na junção da introdução e da justificativa,
no sentidode apontaras motivaçõesque levaram a proposiçao da pes-
assim trataremos esta seção de maneira breve e separadamente apenas com o pro- quisa. Não discordamos dessa pretensão, mas em nossa avaliação a expreSsao "para
pósito de facilitar a exposição. que" seria mais coerente para refletirmos, pensarmos e construirrnos a justificativa,
A justificativa é o momento do projeto para se responder a seguinte pergunta: haja vista que a entendemostambém como sinonimo de: "a que vem a investiga-
para que essa investigaçao? O(a) proponente deve justificar, fundamentar, declarar çao?". Além disso, conforme veremos adiante na seção sobre problematização:o
a importância da sua proposiçao investigativa, isto é, mostrar a que vem, como e "por quê" (e não o "por que fazer") aqui analisado remete menos intencôes da
em que contribuirá no campo historiográfico, onde situa o seu objeto de pesquisa. uisa e mais às probl
Trata-se de uma seção em que o autor trabalha concomitantementecom as tem- ta investiga va a partir das fontes.
No bojo da discussão sobre o forrnatoda justificativa enquantoespaço para
11 0 apontara relevância da pesquisa, um problema bastantecomum que encontramos
r. Cui. o na análise de projetos dizia respeito à intenção do(a) proponente em tapar lacunas
anes e e. evidenciadas em outros trabalhos. A partir desses escopos, metaforicamente, rela-
Shú Lua e sem e cionar-se-ia o fazer do historiador à imponenteimagem do pedreiro sempre ávido
em vedar buracos, corrigir as imperfeições e defeitos.
36
METODOLOGIAS DE PESQUISA EM CICNCiAS HUMANAS •CAMPOS. PROOUMAS t omtros 37
Contudo, no fazer historiográficoenxergamos açOes de outras qualidades c
formatos.Seriam mais próximas das "fabricaçOcs",a exemplo dos trabalhos do Em nossa dissertação dc mestrado, por exemplo. a pergunta inicial cm: o que
padeiro, do jardineiro, do cozinheiro e do tecelao,este entendidocomo o sujei. significavaser mulherna cidade dc Fortalezaentre os anos dc 1920-40?Desse amplo
to "que articula aquilo que viu e aquilo que ouviu sobre o passado e o presente" ponto dc partida surgiram questões específicas que buscaram esmiuçar c compreender
a participação das mulheres nas profissões liberais, na expansão material urbana, nas
(ALBUQUERQUE JR, 2009). Longe dc completar lacunas nunca preenchíveis, a
justificativa da pesquisa deve antes ser abalizada pela proposiçaodc identificare rclaçOcscomoutrasmulheres.no âmbitodoméstico,entreoutros.Do tratamentodas
várias experiências a partir das evidências analisadas pudemos observar uma multipli-
reconstruirrelaçOessócio•históricasnuma constantetensao entre a materialidade
cidade de aç5es c rclaçOcs nas quais as mulhcrcs não sc conformayam pclos limites dc
dos documentosc a subjetividadedo investigador(a)que toma forma c corpo em
genero preestabelecidos. Ao fim do trabalho, inclusive, nos afastamos da problemati-
sua escrita.
zaçao inicialdo "scr mulher",haja vista a inexistênciadc um scr cm essência consone
Paralelo à ideia dos preenchimentoslacunares,outro problemacomum encon- a sua genitália feminina (ou masculina) (VIANA JÚNIOR, 2009).
trado cm relação à construçao da justificativa foi a sua interprctaçao como espaço
Nesse sentido, uma vez mais pensamosque os documentossejam fundanien.
para exposição do caminho percorrido para se chegar ao objeto de pesquisa. Assim,
tais no exercicio de minuciar as possibilidades que sc evidencia na proposição in.
ao invés de car levancia a pertinênciac a viabilidadedo trabalho sobre vesügativa. sao eles que ajudarão a por em destaque o potencial do projeto. Contu-
determinadotema, projetan o-se no presentee para o futuro investigativos,o(a) do, nesse manejo dos documentosserao as perguntasbem formuladase adequadas
proponente tentava justificar uma trajetória válida. Nesse equivocado exercicio o que viabilizaraoa transformaçãodestes em fontespara a pcsquisa histórica e que
tom de reluto (daquilo que foi feito) precedia e se sobrepunha ao projeto (aquilo que darão rumos específicosà investigaçao.E no estabelecimentodas perguntaso co•
se buscava fazer). nhecimento teórico é fulcral,
Em suma, afastamo-nos dc uma perspectiva interpretativa que toma o tra- A partir dos conceitosc dag_çotegorias históricas'2 ou de outras ferramentas
balbo investigativo do historiador como tapador de lacunas e primamos por teóricas tomadas de empréstimo de diferentes áreas do conhecimento,o(a) propo-
uma escrita que projete o trabalho para o futuro. embora com o olhar analíti• nente ampliará sua consciência histórica crítica expressa na forma de pensar, reactir
co timdamentalmentevoltado para as relaçOespretéritas. Dessa forma, um c inquirir os documentos". Assim, a conjunção de sua subjetividadc, do material dc
rinci ais ropósitos da 'ustificativa reside justamente na possibilidade dc por pesquisae dos aspectos teóricos formauma tensao proficua no estabclecimento dos
em ev encta a erunêncla as es problemasdc investigaçao:
hisroripgtótiCQxelaciono. observado a par-
siuylares. A Fsquij.a histórica mantém com a teoria da história uma relação dc fecunda
tensao:por um lado, toma•acomo direcionadomdo seu olhar. por outro, ncga•
Problematização -a, para sustentarque o vividoé sempre novo c alheio a toda teoria. A teoria
tambémmantémcom a pesquisauma relaçao igualmente fecundac tensa: quer
A problematizaç50é o espaço por excelência para suscitar os problemas, os se impor sobre a documentaçaoc sistematizar a experiência vivida. mas aceita a
quês?" da pesquisa. Toda pesquisa nasce ou deve possuir um problema bó- pluralidade de perspectivas posslveis e considera necessária e desejável a resis-
tencia do vivido ás suas orientaçocs, Dessa resistencia depende a sua renovaçao.
sico, um ponto de partira expresso em uma pergunta(ou perguntas) que motive a a criaçao de novas interpretaçOcs.
investigaçao. Em concordancia com Sidney Chalhoub (1990, p. 18) pensamos que io implícito ou to da teoria e a teoria é-a"ril
os "traumas" também sao os potencializadores das pesquisas, Elas surgem de uma a pcsquisa_histériçg
inquietação. E é na busca pela resoluç50 de tensOese desconfortos proporcionados
pela observaçaocritica que toma forma toda uma cadeia dc atos expressa no traba- Nesse sentido,ainda quc abalizadaspor categorias teóricas, acreditamos
lho de perseguir, perscrutar e inquirir os documentos. que a construçao de perguntas realizadas a partir do contato com as fontes pode
Ainda que estreitamente relacionados, o trabalho de construção da problemati- denotar algumas questocs importantes, tais como: considerável acessibilidade
zaç50 difere da justificativa por não estar voltado para responder o "porquê" da pes• aos documentos e acervos; conhecimento descritivo das fontes (através de in-
quisa, mas por focar nas perguntas, nos "por quês?". Nesse sentido, sugerimos que
deva conter uma pergunta que evidencie o objeto
12 a (ato, 92•N). hwta
de pesquisa e que esteja cm consonânciacom o objetivo geral. além de perguntas
secundáriasrelacionadasà primeira indagaçao garantindoa sua continuidade.dila- Fust"o ,
taçao e maior complexidade. 13 Em Ot En Cui (20'1)
a hv«tarda
38
METODOLOGIASDE PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS - CAMPOS. PROBLEMAS E 39
OBJETOS
ventário);habilidade no manuseioe nas formas de tratamentodo documento; flexio sobre a finalidade do tratamentodo documento que, para além da abordagem
direcionamentoe objetividadena execução da pesquisa; entre outros. Mas isso enquanto fonte. pode ser significado também como objeto de pesquisa. A primeira
não significa que a abordagemprévia de fontes seja obrigatórianesse espaço, concepçao não anula a segunda, mas ao observarmos o documento enquanto objeto
haja vista que o projeto é uma anúnciosobre a formacomo o objeto será trata- de pesquisa,e não apenascomo fonte,há uma forte alteraçãona/da pesquisaque
do, isto é, da maneiracomo a pesquisaserá desenvolvidaatravésde fontesem precisa ser evidenciada de forrna clara pelo(a) proponente. É substancialmente dife-
diálogo com a bibliografia. rente evidenciar a história na fonte e evidenciar a história da fonte.
Esse imbrógliodo uso ou não uso de fontesna problematizaçãonao é apenas Porexemplo,existe uma diferençafrndamentalentre a
uma questãode estilo de construçãotextual. Ele pode assinalar a ausênciaou a exis- de pesquisar
os livros de comprá e venda de escravos no século XIX, em Fortaleza, e a
tênciade uma pesquisapréviaaindaque incipiente.Um projetoque trazuma boa de investigaras relaçõesescravagistasno mesmocontexto.Emborarelacionadas,
sabatinadasobreos documentosque pretendeabordarno decorrerda pesquisaé, na a primeimpropostadiz respeito
grandemaioriadas vezes, um trabalhopatente,mais lúcidoe maduropara a conse-
cuçaodas outrasetapas da investigação.Nesse sentido,a problematizaçãotambém de pesquisa mais amplo mo-
yimento de investigação tensionado tcynagqugJe_gpcumentb fQ@tes
pode ser consideradapelo avaliador(a)como uma formade auferiras habilidades a
do(a) proponenteno âmbito da pesquisa histórica. outras.E a clarezade
um ppuco dessas confisões.
Por fim, assinalamostrês problemasbastantecomunsque evidenciamosna
análisede projetosde pesquisae quesocializamosaqui para que o leitor possa Objetivos
ter atenção no momentoda escrita de seu trabalho.O primeiroestava diretamente
relácionadoà construçãodas problemáticas.Por um lado, a elaboraçãode proble-
mati_zaçoesisoladase não relacionadasfragilizavam os projetos, ao invés de darem
Estruturalmente,recomendahosque este tópicopossuau.rn-nEf.g.i—g—-
da propostade pesquisa.Por outro outrosguatroou :sgeciíçps. O objetivogeral deverácondensar.as
sequênciae fortaleceremo problema ções primordiaisda propostade pesquisafrncionandócomouma bússolainforma-
lado, observamosa construçãode questoesbastante superficiaisou irrelevantespara o leitor petas outras partes do trabalho. Para a construção de que guie
o desenvolvimentoda investigaçaoe insustentáveispara a inserçaoda proposta o(a) proponentedeve buscar responder às seguintes perguntas: O
um claro objetivo geral
dentrode uma discussaohistoriogáficamais ampla. que é e o que se
retendepesquisar? Por quê? Quais os problemas postos pela proposta
Já o segundogrande problemaencontradoremetiaà desatualizaçaodo(a) ara quê, a que vem a pesqGisa? Como se desenvolverá a
de pesquisa?
proponenteacercado debatehistoriográficosobreos temasa seremtratados.Tal se de um parágrafo que consiga sintetizar com clareza os
pesquisa? Em suma, rata-
característicaestevepresenteem váriosprojetose geralmentese fazia apresentar projeto de pesquisa. Como alertado durante a reflexão sobre
principais elementos do
pela falta de segurançano aporteteóricopara o tratamentoe para a problemati- extrema importância que os objetivos estejam em acordo
as outras seções é de
zaçao das fontes.Ademais,a proposiçãode investigaçõesjá realizadaspor outros projetoque o
patentecom os tópicos do
pesquisadores(as)também dava o tom da ausência de uma visão holística sobre o antecedem.
Na sequência, o autor(a) do projeto deve exmr os
tema ou área que o(a) proponentepretendiainserirseu objetode pesquisa. qbietivo$ especific;ns que
corresponderaoàs problemáticassecundáriasinterligadas com a proposta
Por último, chamamos atenção para uma dupla confrsao que foi bastante re- Trata-sede nivelardiferenciadamentee de afinilar os aspectos principal.
correntena escrita dos projetos.Em primeirolugardestacamosOimbrógliotempo- considerarelevantesna construçãoe
que o(a)proponente
ral e espacial expresso na ausência de clareza do que se queria analisar: se a história que os objetivosespecíficossejam elabomdossepamdamente
acontecimento,a exemplode um fato da História do Brasil, como a Confederaçao _tos, destacadospor marcadorese que sempreiniciem em parágrafodistin-
do Equador,ou a históriaconhecimento,isto é, os estudoshistóricosproduzidos verbona formanominal
Dessa maneim, buscamos tomar o mais claro e direto pos-
sível as verdadeiras intençOes do rabalho.
(a historiografia)sobrea Confederaçãodo Equador.Emborapareçasútil essa dife-
Portanto, na elaboração dos objetivos geral e específicos
rença é fundamental na construção e no delineamento da pesquisa que, nesse caso, tos parapossíveisconstruçõestextuaisque venharna imprimiruma devemos estar aten-
seguecaminhossignificativamente distintos. incoerênciaentre eles e entre eles e o restantedo projeto.No mesmodesconexioe
De maneirasemelhante,a falta de clareza de objetivosmaterializadana pro- sentido
blematização das fontes foi outro elemento evidenciado em nossa experiência. Tal
teressanteevitarmosobjetivosirrelevantesou que não possuamsustentaçao é in-
e metodológica. Os objetivos devem ser melhores explicitados teórica
aspectointerfereconsideravelmentena concepçãoe nos rumosque no corpo do texto,
mas não podemabrir mio da prerrogativade serem anunciadorese
nentes desejam conferir à pesquisa. Especificamente, referimo-nos à ausência de re- condensadores
das outras partes do projeto.
40
METODOLOGIAS DE PESQUISA EM CICNCIAS HUMANAS • CAMPOS. PROSCEMAS E osmos 41

Metodologia principalmenteaqueles(as) uc se reocu com o tratamentometodol ico dos


Até hoje,a pesquisahistóricaé comurnenteumaaventuramuitomaisconfiadai espec -
improvisaçao,i intuiçaoe ao bom senso do pesquisadorque a uma preparaç50
cas, na observaçgg, de distinta(escrita.
técnica rigorosa (ARÓSTEGUI, 2006. p. 466). oral, visual, etc.), entre nutros
Ao escolher trabalhar com periódicos e imagens, por exemplo, o pesquisador(a)
Iniciamos o debate desta seçao sublinhando as inquietantes considerações de pode investigar antes ou concomitantementeas práticas metodológicasrealizadas
Júlio Arósteguipara pormos em destaquea imprescindibilidadeda metodologiana por outros(as) profissionais. Os diálogos estabelecidospoderão sugerir outras for-
construçãoda pesquisahistórical•. Trata-sede explicitar e debater sobre os proce- mas de tratar e observar os documentos para as quais, até então, o(a) proponente não
dimentos e as técnicas que serão utilizadas para a transformação do documento em estavaatento.Certo domínio na manipulaçãodocumentalpermitirá,inclusive,uma
fonte histórica ou de apresentar a vivência que o(a) proponente julga ser necessária Rudilataçao na complexidadede análiseexplicitadano projetode pesquisaatravésde
para o ou para a construçao da evidência1'. problematizaçóesmais concretas.
Embora as respostas à pergunta de "como" a pesquisa será desenvolvida/rea- Contudo, isso não implica dizer que o objeto de estudoé quem define as prá-
lizada já devam ter sido anunciadas e tangenciadas nas outras seçoes do projeto, é ticas metodológicase técnicasde pesquisaa serem realizadase utilizadas.No en-
no tópico da metodologia que estas questões serão observadas de forma mais deta- lace existente entre a subjetividadede sujeito,o aporte teórico e a materialidade'
lhada. De maneira direta podemosafirmar que é o desafiode explicitar os procedi- imaterialidadeda fonte, «a) proponentepoderá indicar híbridos sobre
mentos pam se chegar, explorar ou construir as informaçOes.Por um lado, põem-se os documentos e sugerir formas inovadoras de análise. São estas possibilidades,
em destaque as fontes, os pressupostos de concepção sobre elas e as formas como inclusive, que alentam a construção de novos saberes e conhecimentos históricos.
serao abordadas'elaboradas.Um momento ímpar para auferir as habilidadesdo(a) Entretanto, um problema recorrente encontrado na análise dos projetos de pes-
proponente da pesquisano entendimento,manuseio, apropriaçãoe exploraçãodas quisa foi a retençãoda atençao dos(as)proponentesmais em relaçao à dimensao
descritiva dasfontes e menos na observação dos cuidados no trato metodológico e
características das fontes.
teórico dos documentos. Assim, as formas de trabalho abertas pelas e sobre as fon-
Assim, é pertinente a realizaçaode açóes específicas,como a descriçãomais
tes e as possibilidades de inquirição ampliadaspor diálogos historiográficos foram
minuciosa da documentaçao, ressaltando suas especificidades, dificuldades de lei-
tura, compreensão,acesso,entre outras.Muitas vezes o leitor do projeto nio conse- preteridasem prol do detalhamentode algum documentoespecífico.Nao que este
gue ter clarea das infinitas adversidades ou vantagens que o(a) proponente terá no procedimentoseja erróneó, mas que ocorra em harmonia com os objetivos
da metodologia.
manejo documental, tais como: a má.'boa conservação, a dificuldade/facilidade de
Não se deve perder de vista o caráter cientifico da "metodizaçao [entendida)
acesso,a inexisténcia/existênciade catalogaçao/identificaçao,a cobrança/a&ência como sisternatizaçãoe ampliação dos Kmdamentosque garantem a verdade" (RÚ-
de taxas, etc. Esse é um momento pertinente para dimensionar essas questões e para
SEN, 2010,p. 13).Nesse sentido, reiteramos, que a metodologiaé principalmente o
especificar as maneiras como cada um dos documentos serao tratados.
local prppícin para a aprew)taçan das r=gras. des princípios e das técnicas a serem
Por outro lado, o trabalho de reflexao metodológica pode ser significado tam-
bém como o espaço para reforçar as potencialidades da pesquisa aventadas pelos do
paço de
documentos,aquiloque pode ou que se tem intentode extrair deles. Nessa em-
preitada,mais uma vez auxiliamos debatesestabelecidoscom outrosautores(as),
Considerações finais
14 Pua a e a O principalobjetivodeste capítulofoidebateralgunsdos cuidadosna cons-
truçao das propostasde pesquisano âmbito histórico.Tentamosassinalar de for-
r• regas ma mais pragmáticaelementosa seremobservadose refletidospor aqueles(as)que
RÓSTEGIJI.
estão iniciando as atividadesde investigaçãohistórica. Longe de sugerirmos um
•as o reú• modelo hermético, pincelamos alguns aspectos gerais a partir da observação de pro-
a a 5151. blemasrecorrentese evidenciadosem sala de aula.
15 Muü "cuss% Assim, focamos principalmenteo debate sobre cinco questõesque conside-
e aAr*. o •A (ml é
ramos frlcrais na elaboraçaode um projeto de pesquisa:inroduçao, justificativa,
problematização,objetivos e metodologia.A eles associamos as perguntas"o quê?
42
METODOLOGIAS ot PESAUISA EM CitNCIAS HUMANAS •CAMPOS, PRONEMAS t OWETOS 43
para quê? por quê? e como?" tentando evidenciar interligações e interdependências
entÑ as seções. De forma panoramiea. nio tbram apenas projeçOcs da pesquisa que REFERÊNCIAS
toram postas em txflexao, mas algumas das próprias fonms de escrita realizadas na
eonónnaçao das ideias sob« as possibilidades de pesquisa histórica. Dito de outra
ti)t-ma. ARÓSTEGUI. Julio. A pesquisa histórica: teoriae método.Bauru, So: Edusc, 2006.
Nessa busca, e através ta escrita buscamos ainda sugerir um movimento, o ALBUQUERQUEJR„ Durval Muniz. Illstória: a arte dc inventaro passado. En-
qual, esperamosque esteja sempre inacabado.De forma muito pontual, iniciamos saios de teoria da história. Bauru, SP? Edusc, 2007,
nosso trabalho com o intuito de inquietar o(a) jovem estudante de história sobtr O Tecelão dos Tempos: o historiador como artesão das temporalidades. Re-
a cientifieidade'tiecionalidadedo conhecimentohistórico para, em seguida, reali- vista Eletrônlca Boletim do TEMPO, Ano 4, Rio, 2009.
zarmos um debate mais amplo sobt•ecomo eles(as) poderiatWpoderao proceder na BARROS, José D'Assunçao. O Projeto de Pesquisa em História: da escolha do
eonsauçao de sua projeçao. Nesse sentido, incentivamos a elaboração da terceira tema ao quadro teórico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
pane deste trabalho, indefinida, incompleta, sempre em aberto, a espera das açOes BLOCH, Marc LeopoldBenjamin.Apologia da história, ou, O oncio de historia-
investigadoras, ou melhor. dos agentes que a coloquem em movimento perpétuo: dor. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
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Mário Martins Viana Júnior
ProfessorAdjuntoA do Departamentode História da Universidade Federal
Ceará, setor dc estudos História do Brasil. Possui doutorado em História Cultural
(UFSC•2013) e mestrado em História Social (UFC-2009). Foi professor Assistente
da Universidade Federal dé Ceará (2009-2011) e lecionou no ensino de Pós-Gradu-
açao da Faculdade do Vale do Jaguaribe (FVJ). Tem experiência na área de História,
com ênfaseem Históriado Brasil, atuandoprincipalmentenas seguintestemáticas
e temporalidades: género, história mulheres, masculinidades, América Portu-
guesa e Brasil República.

Patrícia RosalbaSalvadorMoura Costa


Doutoraem CiênciasHumanaspela UniversidadeFedemlde Santa Catari-
na (2012), possuiMestradoem Sociologiapela UniversidadeFederalde Sergipe
(2006), Graduaçãoem Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal
de Sergipe(2003) e graduaçaoem Bachareladoem Sociaispela Univer-
sidade Federal de Sergipe (2003). Atualmente é professora do Instituto Federal de
Educaçao, Ciência e Tecnologia de Sergipe-IFS. Desenvolve pesquisas oa
área in-
terdisciplinarem Humanidades,com ênfaseem Sociologiae atuando
principalmente nos seguintes Sociologia Rural, género, relações de poder.
violências, sexualidades, homofobia familiar, meio ambiente e educaçao no campo,
formação do professor/a. É pesquisadora do gupo de pesquisa SONMA- IFS/CNPq
(SociedadeNaturezae Meio Ambiente).Publicoue organizoulivros e artigos nas
área de Género,violências,relaçoesde poder,educaçãono campo.Foi aluna bol-
sista PDEE no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa em 2010 e 2011.
212 METODOLOGIASDE PESQUISAEM C'tHCIAS HUMANAS CAMPOS e ogJtros 213

Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque Amanda Christinne Nascimento Marques


(UERJ) no
ProfessorAdjunto da Universidadedo Estadodo Rio de Janeiro Universi- Professora Universidade Federal da Paraíba - UPPB, campus Bananeiras.
Social pela
departamentodc Ciências Sociais. Doutor em Antropologia Doutorandaem Geografia, pelo Núcleo de Pós.Graduaçao em Geografia-NPGEO
Sociais, com
Ciências
dade Federal de Santa Catarina (2011 Possui graduação em Grande (2002)
da Universidade Federal de Sergipe - UPS, Mestre em Geografia na linha de pesqui-
habilitação em antropologia, pela Universidade Federal de Campina sa intitulada: território, trabalho e ambiente, pelo Programa de Pós Graduação em
Federal da Paraíba (2005). Atualmentc Geografia (PPGG) na Universidade Federal da Paraíba, Bacharel e Licenciada em
e mestrado em Sociologia pela Universidade - UERJ;
(Imagens, Narrativas e Práticas Culturais) Geografia pela Universidade Federal da Paraíba.Membro dos grupos de pesquisa
é vice-coordenador do [NARRA
NEPI (Nú-
Coordenadorde pesquisado PROfNDIO - UERJ, umbém é filiadoao de
do CNPq, GESTAR: Território,Trabalhoe Cidadaniae do Cidadaniae Direitos
Indígenas) - UFSC, e ao LEME (Laboratório Humanos(UFPB) c Territóriosétnicose EstudosRuRAís - TERRA UFAL).Tem
Cleo de Estudos das PopulaçOes
área dc Antropolo-
Estudos Em Movimentos Étnicos) - UFCG. Tem experiência na experiênciana área de Geografia,com ênfase em GeogmfiaAgrária e do Brasil,
Antropologia da Arte e Antropologia atuando principalmente nos seguintes temas: cultura, questão agrária, campesinato,
gia, com enfase em Etnicidade, Performance, contexto urbano,
Visual, atuandoprincipalmentenos seguintes temas: indígenas em territorialidadeétnica indígena e quilombola, movimentos sociais, ensino e geoga-
arte étnica c vídeo etnográfico. fia do Brasil.

Debora Breder Barreto José Rodorval Ramalho


pela Univer-
Possui graduaçaoem Comunicaçao Social, habilitação Cinema, pela
Possuí graduaçãoem ciência; sociais peta Universidade Federal da Paraíba
em Antropologia (1988), mestradoem Sociologia pela UniversidadeFederal da Paraíba (1996) e
sidadc Federal Fluminense (2000); mestrado e doutorado École des
estágio doutoral na doutoradoem Ciências Sociais pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo
Universidade Federal Fluminense(2003/2008), com In-
Formada em Cinema pela Escuela (2004). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Sergipe. Tem
Hautes Études en Sciences Sociales (2006). (1992).
de San António de Los Bafios, Cuba experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia, atuando principal-
ternacional de Cine,TeIevisión y Video
funções. Foi Profes-
Trabalhouem curtas e médias-metragens,exercendo diversas mente nos seguintes temas: cidadania, maçonaria- religião - modemidade, doutrina
de Sociologia e Antropologia da Universidade social da igreja católica e ongs.
sora Visitante junto ao Departamento e Poéticas
Federal de Minas Gerais. É membro do Grupo de Análises de Políticas
Tem experiênciana área de Antropologia,com
Audiovisuais(GRAPPAJUFRRJ). Raquel de Barros Pinto Miguel
principalmente
ênfase em Antropologia do Cinema e Relações de Género, atuando
identidade.
nos seguintes temas: cinema, corpo,género, sexualidade, incesto, Possui graduação e mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de
Santa Catarina. Doutora em Ciências Humanas pela mesma universidade. Pós-
Antónia Pedroso de Lima doutorapela Université Paris Diderot - Paris 7. Docente do curso de Psicologia da
UniversidadeFederal de Santa Catarina. Pesquisadoravinculada ao Laboratório
no De-
Doutoradaem Antropologia pelo ISCWLísboa (2001). Professora de Pscicologia Escolar e Educacional,ao Laboratóriode Estudos de Género e
1989. Foi Presidente História, ao Institutode Estudos de Género (UFSC) e ao LaboratoireIdentités,
partamentode Antropologiado ISCTE, onde leciona desde atualmente
Centroem Rede de Investigaçaoem Antropologia(CRIA), sendo em so-
Cultures, Territoires(Université Paris Diderot - Paris 7). Desenvolve pesquisas
relações familiares interdisciplinares que abrangemas seguintes temáticas: relaçOesde género, subje-
membroda Direçao.As suas áreas de especialização são: empresas
ciedadescontemporâneas,relaçõessociais em contextos urbanos, elites, tividade, memória, adolescência, publicidade, saúde, educacao e midia/ imprensa
imate-
familiares, género, sexualidade,cuidado, emoções, migrações e património feminina.Tem experiência na área da saúde realizando atendimentos clínicos (cri-
de investigaçao científica, Antónia Pedroso anças, adolescentese adultos) e atuando na coordenaçaode grupos de educação
rial. Coordenadorade vários projetos
de Lima tem diversaspublicaçOes,em livros e revistas nacionaise internacionais, em saúde com adolescentes.
sobre a família portuguesaem contextosurbanos, tendo como objetos de análise
contextostão diversificadoscomo os bairros popularesde Lisboa e as famílias da
elite empresarial portuguesa. Atualmente, a sua pesquisa orienta-se para a
área do
cuidado e das situações de crise e precariedade
214 METODOLOGIAS DE PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS - CAMPOS, PROBLEMAS E OBJETOS 215

Joana Maria Pedro Cláudio Leite Leandro


Itajaí (1972),
Possui graduação em História pela Universidade do Vale do Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas
de Santa Catarina (1979) e douto- (2013). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Cata-
mestrado em História pela Universidade Federal
São Paulo (1992). Fez pós-doutorado rina (2012) e licenciado em Ciências Sociais pela UniversidadeEstadual de Mar-
rado em História Social pela Universidade de é professora
na França,na Université dAvignon, entre 2001 e 2002. Atualmente Pós-Graduação
ingá (2007). Na graduação, trabalhou com os seguintes temas: literatura política,
Catarina e Pró-Reitora de racismo, religião e sexualidade; participou de projeto de Inici'çao Científica sobre
titular da Universidade Federal de Santa
em História e do Programa
da UFSC. É professora do Programa de Pós-Graduação também pes-
os temas natureza/cultura, humanidade/animalidade, publicidade e propaganda. No
Humanas da UFSC. É mestrado, desenvolveu pesquisa emográfica sobre missões cristas, pomografia e in-
de Pós-Graduaçao Interdisciplinar em Ciências
quisadora do IEG - Instituto de Estudos de Gênero •vww.ieg.ufsc.br Tem experiên- clusão, na interface entre religião, gênero e sexualidade. Atualmente, desenvolve
do Brasil República, atuando princi- pesquisa etnográfica sobre deficiência fisica, erotismo, corporalidades e direitos
cia na área de História, com ênfase em História
palmente nos seguintes temas: feminismo, género, relações de género, história das sexuais, na intersecção entre sexualidade, género e outros marcadores sociais da
tempo presente e história comparativa. diferença. Participou de capacitação técnica em pesquisa sobre violência, gênero e
mulheres, memória, história oral, história do
erotismos contemporâneos(2013-2014) através do estudo de relações fetichistas e
Telma Bessa Sales sadomasoquistasna cidade de São Paulo.

de São
Possui graduação em História pela Pontificia Universidade Católica Marcelo José Monteiro Ferreira
Católica de São
Paulo (1997), mestrado em História pela Pontificia Universidade de São
Católica
Paulo (2000) e doutorado em História pela Pontificia Universidade Social,
Licenciaturae Bachareladoem EducaçãoFísica pela Universidade de For-
em História
Paulo (2006). Tem experiência na área de História, com ênfase talezwUNIFOR (2006). Residente em Saúde da Família e Comunidade no municí-
sociais, memória,
atuando principalmente nos seguintes temas: Brasil, experiências pio de Fortaleza - SMS (2009-2010). Mestre em Saúde Pública pela Universidade
cultura, historia oral e reestruturação produtiva. Federal do Ceará - Departamento de Saúde Comunitária (DSC)/FacuIdade de Me-
dicina (2012). Pesquisador e,membro efetivo do Núcleo TRAMAS (Trabalho, Meio
Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade) - DSQ'UFC. Docente do curso de gradu-
Augusto Marcos Fagundes Oliveira ação em Medicina, onde ministra a disciplina Saúde, Trabalho, Ambiente e Cultura
Federal da Ba- na UniversidadeFederaldo Ceará.Atuou como Bolsista da Escola Politécnicade
Licenciado e bacharel em Ciências Sociais pela Universidade
Federal da Bahia (2002). Saúde Joaquim VenâncWFiocruz, onde desenvolve e coordena o curso de formação
hia (1987/88), mestre em Educação pela Universidade Atualmente realiza técnica em Meio Ambiente, em parceria com a Universidade Federal do Ceará e
Professor na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Antropologia So- o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Possui experiência no
em
curso de Doutorado através do Programa de Pós-Graduaçao serviço de saúde atuando principalmentenos campos da Saúde do Trabalhador,
de Santa Catarina,'UFSC, cuja pesquisa está
ciaVPPGAS, na Universidade Federal Saúde Ambiental,Atenção Primária em Saúde e Estratégia Saúde da Família. At-
Interétnicas,'NUER. Atua
vinculada ao Núcleo de Estudos de Identidade e Relações
Antropologia, atuando ualmente destina sua produção académica para a Epistemologia na Saúde Coletiva
nas áreas de Ciências Sociais e Educação, com ênñse em emohistória, em interface com os campos da Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental. Guarda
principalmente nos seguintes temas: identidade, educação, religião,
povos indígenas, teatro.
também interesse pela ontologia marxiana bem como a Iukácsiana.

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