1) As civilizações do Egito e da Mesopotâmia influenciaram fortemente a Grécia antiga, transmitindo conhecimentos técnicos e religiosos;
2) Os gregos desenvolveram essas heranças e criaram novas invenções técnicas, como o parafuso e a alavanca, que serviram de base para o desenvolvimento industrial moderno;
3) Apesar de grandes avanços científicos e técnicos, as civilizações clássicas não promoveram amplamente o desenvolvimento industrial, em parte dev
1) As civilizações do Egito e da Mesopotâmia influenciaram fortemente a Grécia antiga, transmitindo conhecimentos técnicos e religiosos;
2) Os gregos desenvolveram essas heranças e criaram novas invenções técnicas, como o parafuso e a alavanca, que serviram de base para o desenvolvimento industrial moderno;
3) Apesar de grandes avanços científicos e técnicos, as civilizações clássicas não promoveram amplamente o desenvolvimento industrial, em parte dev
1) As civilizações do Egito e da Mesopotâmia influenciaram fortemente a Grécia antiga, transmitindo conhecimentos técnicos e religiosos;
2) Os gregos desenvolveram essas heranças e criaram novas invenções técnicas, como o parafuso e a alavanca, que serviram de base para o desenvolvimento industrial moderno;
3) Apesar de grandes avanços científicos e técnicos, as civilizações clássicas não promoveram amplamente o desenvolvimento industrial, em parte dev
"Em todos os domínios, mas principalmente no domínio das
técnicas industriais, as civilizações do Egito e da Mesopotâmia foram, na verdade, os 'professores' da Grécia. O milagre grego não surgiu do nada. Consistiu em recolher e fecundar, uma pela outra, duas heranças: a herança positiva das técnicas industriais e a herança misteriosa dos sonhos, das religiões, dos mitos do Oriente. O que é milagroso é ver nascer do encontro e choque destas tradições um espírito novo: o espírito da ciência, cujo ideal é julgar livremente todas as coisas, é encontrar a verdade. (...) "Uma intensa procura da habilidade técnica fez de Atenas a grande escola da precisão e da perfeição, tanto no domínio das formas como no domínio das idéias. (...) "É a ciência, nascida das livres especulações da Grécia, que permitirá ao gênio moderno transformar radicalmente a condição industrial da humanidade. (...) "As proezas técnicas destes iniciadores diziam freqüentemente respeito à arte militar. A mecânica aplicava-se já ao armamento, à balística, à defesa das praças. Mas o primeiro triunfo decisivo da técnica grega desde o século VI a.C. é um triunfo pacífico, no domínio dos trabalhos públicos; a perfuração do túnel de Samos, pelo arquiteto Eupálinos (o túnel segue em linha reta por mais de um quilômetro). (...) "Entre as técnicas que solicitaram o entusiasmo inventivo do jovem pensamento grego figuram, em primeiro lugar, as técnicas do mar. A âncora é uma invenção grega do século VII a.C.. Nessa mesma época, os vasos de guerra eram armados com um temível 'esporão metálico' e equipados com cinqüenta remadores para desfechar ataques rápidos e certeiros. (...) "A sinalização não foi esquecida. O Farol de Alexandria, obra de uma técnica mais avançada, foi sempre, pelas suas dimensões e pelo seu poder (60 quilômetros de alcance), o mais célebre exemplo destes faróis, multiplicados já pelos gregos para uso dos navegadores. (...) "A intervenção decisiva do pensamento matemático, entre os fatores do progresso industrial, produziu-se na Grécia, com a criação da 'mecânica racional'. Engenheiro e matemático de gênio, Arquimedes elucidou completamente o princípio geral da alavanca (...). Transformando esta velha inspiração técnica numa idéia clara e numa verdade cientificamente estabelecida, Arquimedes abriu ao espírito humano um imenso campo de deduções que podiam ser todas convertidas em novos instrumentos de trabalho material (287 - 212 a.C.). "Quer dizer, o estudo geral do equilíbrio dos sólidos fundado nas experiências das primeiras máquinas simples(6) constitui o ponto de partida racional de todos os progressos da mecânica aplicada. "Com a mecânica e a partir da Escola de Alexandria (desde o séc. III a.C. mas sobretudo a partir do séc. II a.C.), assiste-se à eclosão das verdadeiras técnicas modernas, isto é, instrumentos concebidos pela razão, claramente deduzidos de princípios científicos, para um fim prático preciso: instrumentos que teriam sido capazes de diminuir consideravelmente 'o esforço dos homens'. (...) "Destes ensaios isolados, tentativas suscitadas pela arte militar(7), a cirurgia e a medicina, a maquinaria do teatro, o transporte de materiais, destacam-se pouco a pouco 'idéias técnicas' muito precisas. Mas o seu interesse torna-se prodigioso quando se verifica que estas idéias técnicas descobertas pelos gregos têm, de fato, um enorme alcance industrial - e sobre elas assenta uma boa parte da nossa potência moderna. Destas idéias, uma das mais fecundas foi a do parafuso(8), da qual nasceram inúmeras invenções; é da adaptação do parafuso à porca que se constitui a chamada cavilha de ligação, ainda indispensável à nossa técnica moderna."(9) Este quadro mostraria a inteligência grega na posse de muitas das idéias fundamentais da técnica moderna. "De uma maneira geral, as invenções técnicas dos gregos, com exceção talvez do moinho de água e dos instrumentos cirúrgicos, serviram mais para observação científica ou para curiosidade, para a arte ou para a guerra, do que para a transformação sistemática do trabalho humano. "A transformação técnica do mundo, que teria talvez salvo a cultura mediterrânica, foi ignorada pela invenção grega, apesar das prodigiosas antecipações - assim como o foi pela poderosa organização romana. Estas duas grandes formas da sabedoria antiga foram hostis ao desenvolvimento industrial. (...) "A origem desta extraordinária 'esterilidade' prática parece residir principalmente no fato de que a sociedade antiga não dava especial interesse à supressão da escravatura, supressão que não podia considerar nem possível(10) nem realmente desejável. Adaptados durante séculos à utilização da energia humana, os antigos, longe de pedir semelhante transformação das suas tradições econômicas, sociais, políticas e religiosas, tinham antes razão para a temer. Consciente ou inconsciente, esta reserva das civilizações clássicas em face do maquinismo é um fato notável." (11)