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ANOS 1940
O Brasil na Segunda Guerra
Praça Onze, em 1939, a princípio denominada de "Largo do Rocio Pequeno“, reunia negros e judeus, foi demolida a partir de
1941 para dar passagem à Avenida Presidente Vargas.
Madame Satã,
João Francisco dos Santos
(1900-1976).
Lázaro Ramos no filme
Madame Satã, de 2002,
dirigido por Karim Aïnouz.
Ismael Silva
• Constata-se que com o Estado Novo, a figura do malandro desloca-se da
marginalidade para a formalidade:
“Malandro de antigamente, malandro autêntico, era homem até certo
ponto honesto, cheio de dignidade, consciente de sua profissão. Vivia
sempre limpo, usava camisa de seda-palha com botões brilhantes,
gravata de tussot branco e sapato tipo carapeta (salto mexicano). Na
cabeça chapéu de panamá de muitos contos de réis. Os dedos cheios
de anéis (DURST, 1985, p.10 -11)”.
Ópera do Malandro é um filme
brasileiro de 1986, do gênero musical,
dirigido por Ruy Guerra.
Nos anos 40, malandro elegante (Edson
Celulari) e popular figura do boêmio
bairro carioca da Lapa, explora cantora
de cabaré (Elba Ramalho) e vive de
pequenos truques enganadores. Até
que surge Ludmila Struedel (Claudia
Ohana), a filha do dono do cabaré, que
pretende tirar proveito da guerra
fazendo contrabando.
Música Desafio do Malandro, de Chico Buarque, no filme Ópera do Malandro,
de 1986, dirigido por Ruy Guerra.
• Com Paris ocupada pelos alemães, as referências dos figurinos das atrizes
cresce mais ainda. Influência reforçada através do marketing promovido
pelas distribuidoras americanas instaladas no Brasil.
A cantora e atriz Laura Suarez na capa da revista Carmen Miranda na capa da Revista O
Carioca , 27 de setembro de 1941. Cruzeiro, 20 de junho de 1940.
Páginas da Revista O Cruzeiro, no. 29, 17/05/1941.
• Nos anos 1940 as cópias da última moda provinham de duas fontes
distintas: a do cinema, jornais e revistas mais acessíveis a todos e a da
peça autêntica comprada na Europa por mulheres endinheiradas e com
gosto refinado. Os modelos dessas consumidoras serviam de inspiração
para amigas e costureiras que, sem culpa, copiavam os volteios da moda.
Dentro dessa segunda opção de cópia, havia a mais radical, perfeita e sem
possibilidades de erros: o comerciante experiente comprava em Paris o
que achava que teria bons resultados comerciais (peças de atacadistas e
mais populares) e fazia as cópias no Rio de Janeiro. (CHATAIGNIER, 2010,
p. 123)
A Casa Canadá
• Porém o grande e charmosos negócio que extrapolou as
opções tímidas dos comerciantes nasceu justamente no
período da guerra, em 1944, a Casa Canadá. A fina
modista Mena Fiala, que já possuía experiência nas
artes da moda, nascida e criada em Petrópolis – onde
vestia as socialites da época que iam a cidade imperial
passar verões -, recebeu o convite do proprietário da
empresa Jacob Peliks, para trabalhar com ele. O
estabelecimento ficava numa sobreloja e era uma
peleteria de luxo, a qual vendia, consertava, reformava
e guardava as peles mais chiques do país, e sacos de
mink, marta, hermínia e outros animais em geladeiras
apropriadas para a conservação dos ainda não proibidos
animais selvagens. (CHATAIGNIER, 2010, p.123)
• A loja situava-se na Avenida Rio Branco, esquina com a Rua da Assembleia,
segundo piso. D. Mena iniciou-se lá pela venda no atacado, ou seja,
quantidade significativa de peças dos mesmos modelos revendidos para o
comércio de varejo chique. Todos os modelos eram importados da Suíça,
país com o qual eram mais fácil negociar, uma vez que tinha posição
neutra na guerra. As roupas destinavam-se às lojas mais finas do Brasil,
em diversos estados. Os negócios prosperaram, e o Sr. Peliks criou uma
loja de estilo no mesmo local, na verdade uma maison. (CHATAIGNIER,
2010, p.123)
• D. Mena formou um grande ateliê com 70 costureiras, modelistas,
bordadeiras e acabadeiras. Ali se construía um prêt-à-porter de luxo,
tendo como base roupas legítimas (...) copiados literalmente ou então
através de interpretações fiéis às peças criadas pelos papas da alta-costura
francesa. (CHATAIGNIER, 2010, p.123)
Jacob (Jack) Peliks admira as peças da Casa Canadá.
Comunicado do Sr. Jacob (Jack) Peliks, fundador da Casa Canadá,
publicada num jornal carioca nos anos 1940.
• Não demorou para que D. Mena
Fiala criasse desfiles na Canadá.
Aconteciam em duas temporadas,
ou seja, outono-inverno e
primavera-verão (...) As modelos,
eram elegantes e todas com cintura
60 cm: Ilka Soares, Adalgisa
Colombo, Myrthes Varanda, Maria
Gracinda, Norah, Helga e outras
belas. (...)
• A Casa Canadá fechou em 1966 com
a morte do proprietário. D. Mena
morreu em 2001. (CHATAIGNIER,
2010, p. 123-24)
Carmen Miranda
• O que é que a baiana tem? O refrão da música que se eternizou pelo
talento e glamour de Carmen Miranda esconde muita coisa (...) além de
um figurino que enlouqueceu os americanos através de shows e filmes
realizados em Hollywood a partir do final dos anos 1930, com o apoio dos
governos dos dois países que praticavam na época a chamada “política da
boa vizinhança”. Mas o que ela exibia e cantava era uma espécie de ode
brasilianista, um estilo que escondia as agruras da guerra, ainda que fosse
encomendado pelos big shots da indústria fonográfica e cinematográfica.
(CHATAIGNIER, 2010, p.125)
Música "Chica Chica Boom Chic“, interpretada por Carmen Miranda e Don Ameche no
filme Uma Noite no Rio, de 1941, dirigido por Irving Cummings. O ator americano faz a
seguinte saudação: "Meus amigos, dirijo felicitações as nossas relações sul-americanas.
Não podemos esquecer os laços que nos unem. Cento e trinta milhões de pessoas
enviam os cumprimentos a vocês”.
• Considerada no exterior como embaixadora do Brasil, a portuguesa
Carmen, brasileira de corpo e alma, foi a criadora de suas roupas
profissionais (...) e que teve como parceiro o dedo iluminado de Alceu
Penna, o desenhista de As Garotas, página de moda e comportamento
publicada semanalmente na revista O Cruzeiro. (CHATAIGNIER, 2010,
p.125)
Fonte: http://www.carmenmiranda.com.br/
Aquarela do Brasil é um dos quatro segmentos do longa de animação Alô Amigos,
produzido pela Disney, 1942.
Referências Bibliográficas
BRAGA, João, e PRADO, Luís André do. História da Moda no Brasil: das influências às
autorreferências. São Paulo: Pyxis Editorial, 2011.
CALDEIRA, Jorge, e outros. Viagem pela História do Brasil. São Paulo: Editora Schwarcz,
1997.
CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil. São Paulo: Estação das Letras e Cores,
2010.
DURST, Rogério. Madame Satã: com o diabo no corpo. São Paulo: Brasiliense, 1985.
FRANCESCHI, Humberto M. Samba de sambar do Estácio: 1928 a 1931. São Paulo: Instituto
Moreira Salles, 2010.
MEURER, Monike. Modas e modos: a feminilidade na revista A Cigarra nos anos de 1940. In:
Colóquio de Moda, 8º. 2012. Anais. Disponível em
<http://www.coloquiomoda.com.br/anais/anais/8-Coloquio-de-
Moda_2012/GT06/COMUNICACAO-ORAL/102543_MODAS_E_MODOS.pdf> Acesso em 14
set. 2016.
PAEZZO, Sylvan. Memórias de Madame Satã. Rio de Janeiro, Lidador, 1972.