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O escritor português Aquilino Ribeiro nasceu, em Tabosa do Carregal, Sernancelhe, a 13 de setembro

de 1885, fruto do relacionamento do padre Joaquim Francisco Ribeiro com a camponesa Mariana do
Rosário Gomes

Fez, em 1895, o exame da 4.ª classe em Moimenta da Beira e também no Colégio de Nossa Senhora da
Lapa.

Por iniciativa de sua mãe, que ambicionava fazê-lo sacerdote, frequentou o Seminário de Beja onde acabou
por ser expulso, em 1904, por incompatibilidade com o padre Manuel Ançã, um dos diretores da
instituição.

Em 1906, já a residir em Lisboa, iniciou uma colaboração com o jornal republicano A Vanguarda.

No ano seguinte, escreveu o conto A Filha do Jardineiro, obra onde enaltece o republicanismo, criticando
figuras do regime; entra para a Maçonaria através do Grande Oriente Lusitano, em Lisboa, a convite de Luz
de Almeida

É também em 1907 Aquilino é preso, acusado de ser anarquista, na sequência de uma explosão no seu
quarto na Rua do Carrião, a 28 de novembro, em Lisboa, na qual morreu um carbonário (membro de uma
sociedade secreta).

Saiu da prisão em 1908, mantendo, em Lisboa, contacto com os regicidas.

Em 1910, estudou em Paris na Faculdade de Letras da Sorbonne. A 5 de outubro, é implantada a República


em Portugal. Aquilino visita Lisboa, mas regressa a Paris, onde se havia enamorado pela alemã Grete
Tiedemann, com quem casaria mais tarde.

De regresso a Paris, nasce, nesta cidade, em 1914, o seu primeiro filho. Nesse mesmo ano escreveu o
Jardim das Tormentas

O originar da Primeira Guerra Mundial obrigou Aquilino e a sua família a mudar-se para Portugal.

Em 1918, publica A Via Sinuosa, entrando, no ano seguinte, para a Biblioteca Nacional de Portugal, onde
contacta outras distintas personalidades como Jaime Cortesão e Raul Proença.

Entre a sua valiosa produção textual publicada a partir desta data, sugiro, como essencial, a leitura de
Terras do Demo (1919), A Casa Grande de Romarigães (1957) e O Romance da Raposa (1959).

Após a sua primeira esposa ter falecido, casou-se, em 1929, na cidade de Paris com Jerónima Dantas
Machado, filha de Bernardino Machado. O filho de ambos, Aquilino Ribeiro Machado, veio a ser o 60.º
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de 1977 a 1979.

Apesar de Aquilino ser considerado persona non grata (cujo significado literal é "pessoa não agradável")
pelos governantes do Estado Novo, é proposto, em 1960, por inúmeras personalidades portuguesas, para o
Prémio Nobel da Literatura.

Quando morreu, a 27 de maio de 1963, a censura então vigente proíbe os jornais de publicar notícias sobre
as inúmeras homenagens que lhe estavam a ser prestadas.

A 14 de Abril de 1982, é agraciado, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.

Em 2007, a Assembleia da República Portuguesa decide, por unanimidade, homenagear a sua memória,
concedendo aos seus restos mortais as honras de Panteão Nacional.

Nos dias atuais, a maior homenagem que cada um de nós pode fazer-lhe é continuar a ler a sua vasta obra
pautada por uma linguagem com excecional riqueza lexicológica, deixando-nos transportar para o seu
mundo literário onde imperam inúmeras construções frásicas de raiz popular, repletas de regionalismos,
fruto da sua intensa vivência.
Obras literárias
Biografia
• 1950 - Luís de Camões: fabuloso e verdadeiro (2 volumes)
• 1956 - O romance de Camilo (3 volumes) (Nota: a mais importante biografia de Camilo Castelo
Branco já escrita e publicada)
Contos
• 1907 - A filha do jardineiro
• 1913 - Jardim das tormentas (Prefácio: Carlos Malheiro Dias)
• 1919 - Valeroso milagre
• 1922 - Estrada de Santiago
• 1934 - Sonhos de uma noite de Natal
• 1935 - Quando ao gavião cai a pena
Memórias
• 1935 Alemanha Ensangüentada.
• 1934 - É a guerra: diário
• 1948 - Cinco réis de gente
• 1974 - Um escritor confessa-se (Edição póstuma)
Literatura infanto-juvenil
• 1924 - Romance da raposa
• 1936 - Arca de Noé I
• 1936 - Arca de Noé II
• 1936 - Arca de Noé III
• 1945 - O livro do menino Deus
• 1952 - Fernão Mendes Pinto: aventuras extraordinárias de um português no Oriente
• 1967 - O livro de Marianinha: lengalengas e toadilhas em prosa rimada (Edição póstuma)
Romances/Novelas
• 1918 - A via sinuosa
• 1919 - Terras do demo
• 1920 - Filhas da Babilónia
• 1926 - Andam faunos pelos bosques
• 1930 - O homem que matou o diabo
• 1932 - A batalha sem fim
• 1932 - As três mulheres de Sansão
• 1933 - Maria Benigna
• 1936 - Aventura maravilhosa de D. Sebastião Rei de Portugal depois da batalha com o Miramolim
• 1937 - São Bonaboião: anacoreta e mártir
• 1939 - Mónica
• 1941 - O servo de Deus e a casa roubada
• 1943 - Volfrâmio
• 1945 - Lápides partidas
• 1947 - Caminhos errados
• 1947 - O arcanjo negro
• 1954 - Humildade gloriosa
• 1957 - A Casa Grande de Romarigães
• 1958 - Quando os lobos uivam
• 1958 - A mina de diamantes (Nota: Edição conjunta com "O Malhadinhas")
• 1962 - Arcas encoiradas
• 1963 - Casa do escorpião
História
• 1943 - Os avós dos nossos avós
• 1952 - Príncipes de Portugal: suas grandezas e misérias
Tradução
• D. Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes Saavedra
• O príncipe perfeito, de Xenofonte (tradução e prefácio)
• A retirada dos dez mil, de Xenofonte (tradução e prefácio)
• O Santo (1907) de Antonio Fogazzaro

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