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de 1885, fruto do relacionamento do padre Joaquim Francisco Ribeiro com a camponesa Mariana do
Rosário Gomes
Fez, em 1895, o exame da 4.ª classe em Moimenta da Beira e também no Colégio de Nossa Senhora da
Lapa.
Por iniciativa de sua mãe, que ambicionava fazê-lo sacerdote, frequentou o Seminário de Beja onde acabou
por ser expulso, em 1904, por incompatibilidade com o padre Manuel Ançã, um dos diretores da
instituição.
Em 1906, já a residir em Lisboa, iniciou uma colaboração com o jornal republicano A Vanguarda.
No ano seguinte, escreveu o conto A Filha do Jardineiro, obra onde enaltece o republicanismo, criticando
figuras do regime; entra para a Maçonaria através do Grande Oriente Lusitano, em Lisboa, a convite de Luz
de Almeida
É também em 1907 Aquilino é preso, acusado de ser anarquista, na sequência de uma explosão no seu
quarto na Rua do Carrião, a 28 de novembro, em Lisboa, na qual morreu um carbonário (membro de uma
sociedade secreta).
De regresso a Paris, nasce, nesta cidade, em 1914, o seu primeiro filho. Nesse mesmo ano escreveu o
Jardim das Tormentas
O originar da Primeira Guerra Mundial obrigou Aquilino e a sua família a mudar-se para Portugal.
Em 1918, publica A Via Sinuosa, entrando, no ano seguinte, para a Biblioteca Nacional de Portugal, onde
contacta outras distintas personalidades como Jaime Cortesão e Raul Proença.
Entre a sua valiosa produção textual publicada a partir desta data, sugiro, como essencial, a leitura de
Terras do Demo (1919), A Casa Grande de Romarigães (1957) e O Romance da Raposa (1959).
Após a sua primeira esposa ter falecido, casou-se, em 1929, na cidade de Paris com Jerónima Dantas
Machado, filha de Bernardino Machado. O filho de ambos, Aquilino Ribeiro Machado, veio a ser o 60.º
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de 1977 a 1979.
Apesar de Aquilino ser considerado persona non grata (cujo significado literal é "pessoa não agradável")
pelos governantes do Estado Novo, é proposto, em 1960, por inúmeras personalidades portuguesas, para o
Prémio Nobel da Literatura.
Quando morreu, a 27 de maio de 1963, a censura então vigente proíbe os jornais de publicar notícias sobre
as inúmeras homenagens que lhe estavam a ser prestadas.
A 14 de Abril de 1982, é agraciado, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.
Em 2007, a Assembleia da República Portuguesa decide, por unanimidade, homenagear a sua memória,
concedendo aos seus restos mortais as honras de Panteão Nacional.
Nos dias atuais, a maior homenagem que cada um de nós pode fazer-lhe é continuar a ler a sua vasta obra
pautada por uma linguagem com excecional riqueza lexicológica, deixando-nos transportar para o seu
mundo literário onde imperam inúmeras construções frásicas de raiz popular, repletas de regionalismos,
fruto da sua intensa vivência.
Obras literárias
Biografia
• 1950 - Luís de Camões: fabuloso e verdadeiro (2 volumes)
• 1956 - O romance de Camilo (3 volumes) (Nota: a mais importante biografia de Camilo Castelo
Branco já escrita e publicada)
Contos
• 1907 - A filha do jardineiro
• 1913 - Jardim das tormentas (Prefácio: Carlos Malheiro Dias)
• 1919 - Valeroso milagre
• 1922 - Estrada de Santiago
• 1934 - Sonhos de uma noite de Natal
• 1935 - Quando ao gavião cai a pena
Memórias
• 1935 Alemanha Ensangüentada.
• 1934 - É a guerra: diário
• 1948 - Cinco réis de gente
• 1974 - Um escritor confessa-se (Edição póstuma)
Literatura infanto-juvenil
• 1924 - Romance da raposa
• 1936 - Arca de Noé I
• 1936 - Arca de Noé II
• 1936 - Arca de Noé III
• 1945 - O livro do menino Deus
• 1952 - Fernão Mendes Pinto: aventuras extraordinárias de um português no Oriente
• 1967 - O livro de Marianinha: lengalengas e toadilhas em prosa rimada (Edição póstuma)
Romances/Novelas
• 1918 - A via sinuosa
• 1919 - Terras do demo
• 1920 - Filhas da Babilónia
• 1926 - Andam faunos pelos bosques
• 1930 - O homem que matou o diabo
• 1932 - A batalha sem fim
• 1932 - As três mulheres de Sansão
• 1933 - Maria Benigna
• 1936 - Aventura maravilhosa de D. Sebastião Rei de Portugal depois da batalha com o Miramolim
• 1937 - São Bonaboião: anacoreta e mártir
• 1939 - Mónica
• 1941 - O servo de Deus e a casa roubada
• 1943 - Volfrâmio
• 1945 - Lápides partidas
• 1947 - Caminhos errados
• 1947 - O arcanjo negro
• 1954 - Humildade gloriosa
• 1957 - A Casa Grande de Romarigães
• 1958 - Quando os lobos uivam
• 1958 - A mina de diamantes (Nota: Edição conjunta com "O Malhadinhas")
• 1962 - Arcas encoiradas
• 1963 - Casa do escorpião
História
• 1943 - Os avós dos nossos avós
• 1952 - Príncipes de Portugal: suas grandezas e misérias
Tradução
• D. Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes Saavedra
• O príncipe perfeito, de Xenofonte (tradução e prefácio)
• A retirada dos dez mil, de Xenofonte (tradução e prefácio)
• O Santo (1907) de Antonio Fogazzaro