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AULAS ESPECIAIS
PORTUGUÊS
AS OBRAS DA UNICAMP

A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES


1. O AUTOR teatrais: A Mulher sem Pecado (1941), Vestido de Noiva
(1943), Álbum de Família (1945), A Falecida (1954),
Nelson Rodrigues nasceu em Recife, PE, mas ainda Beijo no Asfalto (1961), Toda Nudez Será Castigada
criança mudou-se com a família para o Rio de Janeiro onde (1965).
viveria até a morte. Iniciou precocemente sua carreira Nelson Rodrigues faleceu em 21 de dezembro de
jornalística: foi repórter policial já aos treze anos de idade, 1980, no Rio de Janeiro, de complicações cardíacas e
exerceu permanentemente o jornalismo e ficou famoso, respiratórias.
principalmente, por suas crônicas sobre futebol. Grande
apaixonado pelo esporte, e prosador de recursos 2. CRONOLOGIA HISTÓRICO-LITERÁRIA
admiráveis e graça incisiva, Nelson Rodrigues deu ao
futebol brasileiro um texto de qualidade raras vezes 1889 – Proclamação da República.
igualada (como cronista futebolístico, aliás, o irmão de
Nelson, Mário Filho, também atingiu nível extraordinário). 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, que duraria
Cronista da cidade, seja em suas peças teatrais, seja até 1918. No período, o Brasil desenvolve o seu
em seus romances (vários publicados sob o pseudônimo parque industrial, sob a forma de indústria de
de Susana Flag), Nelson Rodrigues é um narrador exímio substituição.
e um perverso observador de costumes. Suas personagens
são marcadas por condutas “aberrantes”, que procuram
ser a representação da monstruosidade corrente da 1922 – Realiza-se em São Paulo a Semana de Arte
burguesia em suas diversas camadas, mas, muitas vezes, Modema, reunindo um grupo de artistas que se
disfarçada sob as aparências do decoro social. Suas propõe a renovar a arte brasileira, dando-lhe um
obsessões são sobretudo de natureza sexual: o sexo, nele, caráter eminentemente nacional.
de forma vagamente freudiana, é sempre ligado a alguma
“tara”, a algum comportamento “vicioso”, vivido e 1929 – Estouro da Bolsa de Nova York.
penetrantemente observado pelos olhos do moralista
“estreito”, mas dotado de irresistível humor. 1930 – Revolução contra a oligarquia que resulta na
Partidário do “teatro desagradável”, o único que ele deposição do presidente Washington Luís e na
considerava “vital”, Nelson Rodrigues assim formulou ascensão de Getúlio Vargas. Fim do primeiro
seu objetivo: escrever “obras pestilentas, fétidas, capazes, período republicano, conhecido como República
por si mesmas, de produzir tifo e malária no público”. Velha.
Esse projeto justifica as referências insistentes a aspectos
desagradáveis do corpo – suor, mau hálito, sangue, fezes,
1930 – Início do Estado Novo, sob a ditadura de Getúlio
putrefação –, assim como explica certas constantes
Vargas, que duraria até 1945 e seria uma base de
temáticas do autor – machismo, prostituição,
desenvolvimento da economia interna.
homossexualidade, incesto, aborto, violência sexual e
racial, o beco-sem-saída da pobreza.
À parte seus romances, contos e crônicas, podem-se 1939 – Começo da Segunda Guerra Mundial, que
mencionar, entre suas principais obras, as seguintes peças terminaria em 1945.
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1940 – Criação do grupo teatral Os Comediantes, que • Vestido de noiva


encerraria suas atividades em 1947, elevando o • Doroteia
espetáculo teatral no Brasil a um alto nível.
• Anjo negro
• Valsa n.° 6
1943 – Estreia da peça Vestido de Noiva, de Nelson
• A falecida
Rodrigues, considerada um marco na
dramaturgia brasileira. • Senhora dos afogados
• Perdoa-me por me traíres
1956 – Início do governo Kubitschek, que terminaria • Viúva, porém honesta
em 1960, caracterizando-se pela rápida • Os sete gatinhos
industrialização, alta inflação e grande euforia • O boca de ouro
desenvolvimentista. Formação do Arena como
• Beijo no asfalto
grupo teatral estável.
• Bonitinha, mas ordinária
• Toda nudez será castigada
1964 – Deposição do presidente João Goulart e início
de uma nova fase da vida política brasileira, com • O anti-Nelson Rodrigues
o golpe militar. • A serpente

1968 – Edição do Ato Institucional número 5, que ROMANCE


restringiu a liberdade de expressão. A censura (Sob o pseudônimo de Suzana Flag)
foi exercida não só sobre os meios de
• Meu destino é pecar
comunicação de massa, como também sobre as
próprias obras artísticas. • Escravos do amor
• Minha vida
1976 – A arte volta a ter um compromisso com a • Núpcias de fogo
problemética social, em virtude da gradativa
liberacão da censura. Podemos citar também:
• A mulher que amou demais
1980 – Procura de novos caminhos para a arte, dentro
• O homem proibido
do processo de redemocratização do País.
• A mentira
Cronologia adaptada de “Literatura Comentada”, • Asfalto selvagem
da Editora Abril. • O casamento

3. PRINCIPAIS OBRAS DO AUTOR Crônicas


• Memórias de Nelson Rodrigues
Teatro • O óbvio ululante
• A mulher sem pecado • A cabra vadia
• Álbum de família • O reacionário

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4. SÍNTESE DOS TEMAS PRINCIPAIS DAS CRÔNICAS DE A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES

n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL

1 O ex-covarde O medo não faz sentido depois de muito sofrimento.

A morte de John Kennedy transformou-o em celebridade e


2 A grande viúva
Jacqueline, em viúva da tragédia.

A falta de respeito dos filhos e a violência considerada


3 Mãe
como normalidade comportamental.

4 O sotaque O impacto da chegada das transmissões em cores pela televisão.

5 A gratificação As palestras dos “padres de passeata” em troca de dinheiro.

6 Werther A rejeição dos críticos à música popular.

7 A netinha O raro amor das famílias no século XX.

8 Solidão negra Pelé é o único afrodescendente considerado importante no Brasil.

9 Sexo nos berçários O absurdo da educação sexual para crianças.

10 Os dois namorados A aceitação de todos os comportamentos da juventude.

11 O belo rosto Mário Filho e a crônica futebolística.

12 Os noivos Padres x Castidade e Prostitutas x Prostituição.

13 A selva teatral A inveja dominante na classe teatral.

14 Os defuntos literários O fim da literatura de qualidade no Brasil.

15 Tempo de papelotes Trair sem amar não é delito.

16 O aniversariante A emotividade autêntica de alguns brasileiros.

17 Os meninos A mulher sem pecado, Vestido de Noiva e o artigo de Manuel Bandeira.

18 Estreia A recepção de Vestido de noiva.

19 O palavrão A esquerda, o palavrão e o teatro.

20 O único jovem A revolta estudantil e a eleição de De Gaulle.

21 A vaca premiada A vaidade dos premiados.

22 Festa de cabeças cortadas A liderança dos idiotas.

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n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL

23 A grande tosse Os poucos amigos de Nelson Rodrigues e a tosse misteriosa.

24 Os idiotas da objetividade A objetividade nos textos e nas manchetes dos jornais.

25 Nossos amores Os assassinatos sem explicação e as mortes por amor.

26 As duas cabeças O que é o desenvolvimento?

27 O bom menino A impossibilidade de existirem dois Kennedys incríveis.

28 A feia nudez A nostalgia dos anos de 1968.

O subdesenvolvimento do povo brasileiro usado como


29 Saúde dentária
auto-promoção de intelectuais.

30 Alienação O suicídio de Getúlio Vargas e a esquerda brasileira.

31 “O velho” O desconhecimento sobre o que Marx e Engels realmente pensavam.

32 A doença infantil do palavrão O uso aleatório do palavrão e a perda de seu sentido agressivo.

33 Velho mito Os últimos heróis do século XX.

34 As cabeças rolantes A impessoalidade dos movimentos coletivos.

35 Terreno baldio A “entrevista imaginária” com D. Hélder Câmara e a mentira.

36 Caça-níqueis A moda de ser comunista e ex-católico.

37 Nelsinho A nudez desnecessária no Carnaval e a fome no Brasil.

38 Os abnegados A liberdade de expressão e da imprensa.

39 Os ceguinhos A necessidade e o valor de um elogio.

40 Os assassinados O estímulo aos assassinatos.

41 O paulista O silêncio e a solidão do paulista.

42 A mulher interessante A beleza não está no aspecto físico da mulher.

43 Da linha chinesa A razão atribuída ao jovem revolucionário.

44 O irmão adquirido O início da amizade entre Carlos Heitor Cony e Nelson Rodrigues.

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n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL

45 Os dráculas As violências justificadas são o futuro de um Brasil repleto de assassinos.

46 Admirável defunto A “razão da idade” permite ao jovem qualquer ato criminoso.

O teatro de Flávio Rangel, Carlinhos de Oliveira e


47 O nu e o grito
José Celso Martinez Corrêa.

48 Os falsos canalhas Os falsos canalhas e Alceu Amoroso Lima.

D. Hélder Câmara: “mais importante formar um sindicato


49 “El Arzobispo de la Revolución”
que construir um templo”.

50 A frase Problemas importantes são trocados por questões fúteis.

A idealização que se faz por Marx e Engels e o desconhecimento


51 O marxista brasileiro
das ideias defendidas em suas correspondências.

52 Os centauros A violência contra Caetano Veloso no Festival da Canção.

Três ódios: fotografia do vietnamita morto; falta de socorro médico


53 A fotografia do ódio
que leva à morte; suicídio provocado pela justiça arbitrária.

54 Negro azul A necessidade de se ter sempre razão em tudo.

55 Bonita demais As mulheres belas não são realmente amadas.

56 O único De Gaulle Não há mais grandes homens no Brasil e no mundo.

57 Herói e mártir A inexistência de grandes frases brasileiras no século XX.

58 A fome agradecida A miséria na Índia.

59 O esquecido O esquecimento das pessoas que morrem.

60 A morte do teatro A transformação do teatro brasileiro em classe política.

61 O antiteatro A infinitude do teatro e os artistas que se converteram em ativistas políticos.

Pobreza de Nelson Rodrigues e a necessidade de haver


62 Veterinários
amor na atividade sexual.

A tristeza dos ativistas de esquerda no Brasil que bebem


63 Otto
para se tornarem eufóricos.
A interdição da peça Toda nudez será castigada
64 O cachorro atropelado
e a vergonha de ser brasileiro.

65 A maior dor A morte não é mais chorada publicamente.

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n.° TÍTULO DA CRÔNICA ASSUNTO PRINCIPAL

66 De educação sexual A educação sexual de crianças em uma escola de freiras católicas.

67 Flor de obsessão O ultraje da nudez no Carnaval.

68 A patusca O irônico poder emagrecedor das passeatas.

69 Os militares Questionamentos sobre o poder dos militares no Brasil.

70 Católicos em pânico A moda é ser ex-católico.

71 A messalina gaga Entrevista imaginária com D. Hélder Câmara sobre amor e sexo.

72 Agonia da palavra O Brasil e o Imperialismo.

73 Anti-Brasil A proibição do amor e permissão do ódio.

A permissividade dos mais velhos autoriza o comportamento


74 A bofetada
autoritário dos jovens.

75 Sobre vaidade O fascínio e o poder da televisão.

76 Contra a violência A utopia do cinema hollywodiano sem violência.

77 A inteligente A falta de inteligência dos brasileiros, dos artistas e das elites.

78 O bom padre “Padres de passeata” pedem desculpas pelos dois mil anos da Igreja.

79 O guarda-chuva O distanciamento da classe artística da verdadeira Arte.

80 Velhos espartilhos A mudança dos hábitos com o passsar dos tempos.

81 As bolachas A ostentação do novo rico brasileiro.

82 A surra O habitual erro da surra educativa.

83 O espantoso silêncio do paulista A importância da palavra e do silêncio.

84 “O falso defunto” As regalias que vêm de Brasília.

85 Madrugada de 13 de janeiro Duas tragédias por amor.

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5. BREVE ANÁLISE DE irônica.


A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES Havia um leque amplo de alvos de Nelson Rodrigues e
muito do que não pode apresentar no programa de televisão
As crônicas de memória e confissão de Nelson o autor transferia para suas crônicas-confissões. Che
Rodrigues reúnem cinco livros: O óbvio ululante, A cabra Guevara, Marx, Cacilda Becker, Nelson Motta, militantes
vadia, O reacionário, O remador Ben Hur e A menina sem políticos, cineastas, diretores teatrais, artistas,
estrelas, estes dois últimos publicados após a morte do personalidades internacionais, como os Kennedys, Onassis,
autor. Sartre, pessoas comuns, estudantes, a grã-finagem carioca,
Em A cabra vadia: novas confissões, a maioria dos qualquer pessoa podia ser mote dos textos de Nelson
textos data de 1968, período de turbulência política no Rodrigues, principalmente seus adversários ideológicos.
Brasil. A ficção e a realidade misturam-se nas crônicas de Os padrões de comportamento modernos também são
Nelson Rodrigues, que não perde a oportunidade de alvos do cronista, o qual se declara conservador e, por
criticar, muitas vezes por meio da ironia, personalidades isso, não aceita algumas mudanças, como, por exemplo, a
da época, costumes urbanos, modernidades religiosas, a prática da atividade sexual sem amor. Uma figura
juventude inconsequente, as manifestações populares, a representativa dessa sexualidade livre é Palhares, o
classe teatral, o jornalismo, temas avaliados pelo olhar “canalha”, que não respeitava nem a cunhada e valia-se,
agudo e, às vezes, subjetivo do autor. até de um retrato de Che Guevara para conquistar as
As crônicas de Nelson Rodrigues enfocam o dia-a-dia mulheres. Além disso, a nudez, a falta de pudor, o sexo
comum, mesclado a assuntos de interesse geral, a partir livre, são apresentados por Nelson Rodrigues como um
de convicções do autor, que, muitas vezes, despertam no comportamento desregrado e condenável.
leitor questionamentos e discordâncias, meta principal de A situação política, social e econômica do País
Nelson Rodrigues. também ganham uma abordagem questionadora por parte
Ideologicamente contrário a Comunismo, o cronista do cronista, numa linguagem repleta de metáforas fortes,
frequentemente ataca intelectuais, grã-finos, jovens, mesclada com a oralidade e diversas referências ao leitor.
religiosos defensores da perspectiva socialista, em defesa O Brasil passava por um período de intensas
de comportamentos mais tradicionais, privilegiando a transformações políticas, o regime militar dominava o
manutenção da família e do amor. poder e as ideologias de esquerda ganhavam adeptos que
D. Hélder Câmara e Alceu Amoroso Lima são citados se manifestavam frequentemente em passeatas contra os
constantemente como representantes da esquerda católica, desmandos autoritários e inibidores do livre pensamento.
sobre os quais o autor lança dúvidas quanto o verdadeiro Nesse contexto, Nelson Rodrigues se alinhava ao
pensamento deles, desencadeando dúvidas ligadas à real pensamento da direita e considerava a necessidade de não
missão religiosa e registrando a possibilidade de as haver uma única ideologia, pois, para ele, a unanimidade
defesas ideológicas de ambos serem apenas divulgadas ideológica configuraria a “burrice” brasileira.
em favor da autopromoção de D. Hélder Câmara e Alceu É importante destacar que Nelson Rodrigues sempre
Amoroso Lima. foi contrário à aplicação do poder por meio da força, da
As suposições comportamentais e ideológicas que tortura, fosse ele praticado pela direita ou esquerda
Nelson Rodrigues lança sobre algumas figuras públicas políticas. Assim, o que despertava no cronista um certo
da época ganham espaço nas “entrevistas imaginárias”, inconformismo, era a defesa no meio intelectual e artístico
nas quais, segundo o autor, os entrevistados revelariam de um consenso ideológico, de uma convicção de que
seus mais íntimos segredos, sempre com o testemunho de apenas a ideologia socialista poderia salvar o mundo.
uma cabra vadia em um terreno baldio. A partir de uma proposta questionadora que amplia os
A origem das “entrevistas imaginárias” foi um quadro horizontes do pensamento e não os restringe a apenas uma
apresentado no programa “Noite de Gala”, da TV Globo, verdade absoluta, poderemos ler as crônica de Nelson
em 1966. Nele, denominado “A cabra vadia”, personalida- Rodrigues concordando com um de seus aforismos mais
des brasileiras eram entrevistadas, imaginariamente ou célebres: “Toda unanimidade é burra. Quem pensa como
não, e Nelson Rodrigues desfilava sua mais forte crítica a unanimidade não precisa pensar”.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Nelson Rodrigues. São Paulo: Editora Abril, 1981.


ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. 43.a ed. Rio MAGALDI, Sábato. Nelson Rodrigues: dramaturgia e
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. encenações. São Paulo: Perspectiva, 2010.
CASTRO, Ruy. O Anjo Pornográfico: a vida de Nelson _______, Sábato. Teatro da obsessão: Nelson Rodrigues.
Rodrigues. 2.a ed., 10.a reimpressão. São Paulo: São Paulo: Global Editora, 2004.
Companhia das Letras, 2016. PEREIRA, Victor Hugo Adler. Nelson Rodrigues e a
CUNHA, Francisco Carneiro da. Nelson Rodrigues obscena contemporânea. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999.
Evangelista. São Paulo: Editora Giordano, 2000. RODRIGUES, Nelson. A cabra vadia. 3.a ed. São Paulo:
FACINA, Adriana. Literatura e Sociedade. Rio de Companhia das Letras, 2016.
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. Coleção Ciências _______, Nelson. O remador de Ben-Hur. 1.a reimpressão.
sociais passo a passo. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
_______, Adriana. Santos e canalhas: uma análise _______, Nelson. Nelson Rodrigues por ele mesmo
antropológica da obra de Nelson Rodrigues. Rio de (organização Sonia Rodrigues). Rio de Janeiro: Nova
Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. Fronteira, 2012.
GODOY, Alexandre Pianelli. Nelson Rodrigues: o fracasso VENTURA, Zuenir. 1968: o ano que não terminou. Rio
do moderno no Brasil. São Paulo: Alameda, 2012. de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
LOPES, Ângela. Nelson Rodrigues: Trágico, então VIEIRA, Adriana Lopes. Nelson Rodrigues na perspecti-
moderno. 2.a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. va paulista: de autor maldito à consagrado. 1v. Mestrado.
MARTINS, Maria Helena Pires. Literatura Comentada: Universidade de São Paulo – Sociologia. 01/11/2001.

Exercícios
1. A partir do que Nelson Rodrigues expõe em suas comportamento religioso tradicional católico?
crônicas, em A cabra vadia: novas confissões, é I) O sacerdote não usava batina e parecia um
possível afirmar que o autor anúncio das lojas de roupa “Ducal”.
a) manifesta-se favorável ao pensamento marxista, II) O padre fazia conferências sobre sexo e Che
considerando-os incontestáveis e como verdade Guevara.
absoluta. III) O religioso fingiu não se lembrar da história que
b) poupa seus desafetos, especialmente D. Hélder a grã-fina pediu-lhe que narrasse.
Câmara e Alceu Amoroso Lima, por considerá-los IV) O representante da Igreja Católica teve receio de
vulneráveis a um sistema político inevitável. que a prostituta o confundisse com um pederasta
c) evita empregar a metalinguagem, intertextualidade e, por isso, mentiu.
e conversa com o leitor, a fim de imprimir em seus São adequadas ao comportamento de um padre
textos a objetividade crítica. católico as afirmações:
d) é solidário à classe artística, no que concerne à luta a) I, II e III. b) I, II e IV.
pelos ideais comunistas. c) II, III e IV. d) I, III e IV.
e) vale-se frequentemente da ironia para afirmar seus e) Nenhuma das alternativas.
pensamentos anti-esquerda e pró-liberdade de
expressão. 3. O comportamento desregrado do jovem dos anos de
1960, segundo Nelson Rodrigues, ganha aval de
2. Na crônica intitulada “A gratificação”, Nelson alguns elementos da sociedade da época, exceto de
Rodrigues conta que a grã-fina, “amante espiritual” a) intelectuais e religiosos.
de Che Guevara, convidou-o para ir à sua casa b) psicólogos e sociólogos.
conhecer um padre “mais inteligente do que D. c) professores e velhos.
Hélder”. Dentre as características do padre, d) operários e classes trabalhadoras.
apresentadas a seguir, qual corresponde ao e) artistas e elites.
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GABARITO
PORTUGUÊS
AS OBRAS DA UNICAMP

A CABRA VADIA: NOVAS CONFISSÕES

1. Nelson Rodrigues emprega em seus textos a ironia


para apresentar pontos de vista simpáticos à
liberdade de expressão e, também, críticos em
relação à esquerda ideológica que se apresenta
como única possibilidade política no Brasil.
Resposta: E

2. Na crônica “A gratificação”, Nelson Rodrigues


desfila uma variedade crítica quanto aos “padres
de passeata”, dentre os quais as citadas nos itens I,
II, III e IV.
Resposta: E

3. Não há referência aos operários e às classes


trabalhadoras na chancela aos comportamentos
dos jovens revoltados, alicerçados pela “razão da
idade” discutida nas crônicas de Nelson Rodrigues.
Resposta: D

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