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Avaliação Do Dimensionamento e Da Instalação de Resistor de Aterramento No Neutro
Avaliação Do Dimensionamento e Da Instalação de Resistor de Aterramento No Neutro
Para isso ser possível, uma técnica muito utilizada na indústria é a colocação de resistor para o
aterramento do neutro dos transformadores, com o objetivo de reduzir os valores de corrente de
defeito à terra. Este artigo pretende avaliar o desempenho do sistema elétrico industrial,
considerando o aterramento do neutro do transformador por meio do resistor.
Em sistemas aterrados por resistor, exceto em casos excepcionais, a corrente de falta da terra é,
basicamente, limitada pelo resistor, devido ao fato de que a resistência do resistor ser mais elevada
do que a reatância equivalente do sistema no local do defeito. Genericamente, a corrente de falta é
dada por (valores expressos em pu):
Em que:
P = R (Ifalta)2 (2)
Em que:
Vo , V1 e V2 são as tensões de sequência zero, positiva e negativa, respectivamente
Casos analisados
Com relação ao tema abordado, foram analisados dois casos. O primeiro diz respeito sobre a
colocação de um único resistor aterrando os neutros dos três transformadores (lado de 15 kV). Já o
segundo é com a colocação de resistor individual no neutro, lado de 15 kV, de cada transformador.
Para cada situação, foi considerado um defeito à terra na fase A no barramento de 15 kV.
A Tabela 1 indica, para cada valor de resistência do resistor de aterramento, representada por R(?),
a corrente de defeito (Icc ø t), a potência dissipada no resistor (P) e as tensões, em pu, nas fases sãs
(Vb e Vc).
Para melhor visualização, apresenta-se, na Figura 2, o gráfico com a potência dissipada no resistor
de neutro, no caso de um defeito à terra no barramento de
15 kV.
Figura 2 – Gráfico com o resultado do caso 1
A Figura 3 indica, para cada valor de resistência do resistor de aterramento, representada por R(?), a
corrente de defeito (Icc ø t), a potência dissipada no resistor (P) e as tensões, em pu, nas fases sãs
(Vb e Vc).
Figura 3 – Sobretensões nas fases sãs do caso 2
A Figura 4 apresenta o gráfico com a potência dissipada no resistor de neutro no caso de um defeito
à terra no barramento de 15 kV.
Figura 4 – Gráfico com o resultado do caso 2
Conclusões
Dos dois casos exemplificados, pode-se concluir que baixos valores da resistência de aterramento
produzem elevados valores de potência dissipada no resistor. Ou seja, para dissipar a quantidade de
calor produzida durante um defeito à terra sobre o resistor, o custo seria elevado. É comum que
sejam definidos valores de corrente na faixa de 400 A – 10s para transformadores com capacidades
nominais da ordem de
10 MVA a 20 MVA.
Além disso, pode-se demonstrar que a potência dissipada no resistor será máxima, quando a
resistência do resistor de neutro for igual a (Xo + 2X1)/3 (teorema da máxima transferência de
potência].
É preciso levar em consideração também que, dependendo do valor da resistência de aterramento a
ser adotada, poderão surgir sobretensões elevadas nas fases sãs, quando de defeitos à terra. Este fato
exigirá a especificação de supressores de surto (para-raios) para neutro “isolado”, especificamente
no que se refere à tensão máxima continua de operação, o MCOV (do inglês Maximum Continuous
Over Voltage).
Tem que ser considerado ainda o fato de, quando ocorrer um defeito à terra, a resistência de arco
pode apresentar valor elevado. É usual, em nível de distribuição (níveis de tensão de 15 kV até 34,5
kV), ter uma resistência de arco (ou de contato) na faixa de 40 a 100 ?.
É importante ressaltar que o resistor de aterramento será item adicional para manutenção na
subestação industrial.
Para o caso de utilizar um resistor de neutro em cada transformador da SE com valor de resistência
de 0,75 ?, deve ser registrado, para um curto circuito à terra, uma corrente total (soma da
contribuição por cada transformador) de aproximadamente
25 kA. Nessa situação, cada resistor dissipará uma potência de 52 MW.
Ainda, os fabricantes aconselham dimensionar o resistor de neutro para a corrente de defeito
circulando por um período de tempo não superior a 10 segundos.
Referências
Electrical Transmission and Distribution Reference Book, Westinghouse Electric Corporation, East
Pittsburgh, 1950.
Aterramento Elétrico Impulsivo, em Alta e Baixas Freqüências. Com Apresentação de Casos. Telló,
M. et ali. Edição 1, EDIPUCRS, 2007.
Guilherme Alfredo Dentzien Dias é doutor em engenharia, foi professor de engenharia, além de ter
trabalhado por mais de 22 anos como engenheiro na Companhia Estadual de Energia Elétrica
(CEEE). Atualmente, é diretor da empresa DDias Assessoria Empresarial, atuando na área de
compatibilidade eletromagnética.