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Preparado pelo Prof. Artur Paiva Vasconcellos, ESPM RS, com a colaboração de Samuel
Freire, aluno de MBA Executivo.
2008
Destinado exclusivamente ao estudo e discussão em classe, sendo proibida a sua utilização ou reprodução em
qualquer outra forma. Direitos reservados ESPM.
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RESUMO
O caso da Conte Freire, loja multimarcas de luxo de Porto Alegre mostra a construção de um posicionamento de marca,
através da aplicação das ferramentas de marketing estratégico. Premiado com o TOP de Marketing da ADVB-RS em
2007, o caso mostra como a empresa buscou em processos analíticos consistentes como pesquisa de mercado e da
concorrência, conhecer bem o cenário competitivo e traçar as estratégias adequadas.
Sinteticamente, a construção deste posicionamento mercadológico foi baseada em estratégias de marketing experi-
mental, trabalhando ambiente, cuidado com vários detalhes em todos os pontos de contato com a marca e a utilização
de um ícone da cultura e do comportamento local em campanha publicitária.
PALAVRAS-CHAVE
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ESTRUTURA
1. Introdução
2. Cenário Competitivo
3. Análise de PFOA
4. Estratégias de Marketing
5. Planos de Ação
8. Anexos
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INTRODUÇÃO
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como barreira e que concentrava os consumidores Poder de barganha dos fornecedores:
de alto poder aquisitivo da cidade em dois grandes
segmentos: os que não valorizavam artigos de luxo, - Concentração em fornecedores de infra-estrutura
ainda que tivessem poder de compra, e os que valori- (energia elétrica, telefonia, etc.) e outros itens de su-
zavam, mas realizavam suas compras em viagens. O porte, o que é um grande problema. São geralmente
desafio era então de atrair este segundo grupo, der- grandes, poucos e fortes.
rubar mitos e talvez conquistar parcela do primeiro, - Fornecedores (grifes) de produtos, com poder gran-
e, principalmente, explorar e descobrir outros seg- de, dependendo da marca e do formato de contrato
mentos potenciais. (exclusividade).
Foi a partir destes desafios impostos que a Conte Poder de barganha dos compradores:
Freire partiu para uma profunda análise do macro-
ambiente e do setor, principalmente da concorrência - Existem muitos consumidores e, via de regra, sua
e do mercado comprador, resultando no cenário com- concentração de compras não resulta em poder de
petitivo descrito a seguir. barganha.
SITUAÇÃO DE MERCADO:
O Brasil é considerado o segundo mercado mundial
para bens de luxo, em termos de potencial de expan-
são (UPDATE, 2000), representando 40% do merca-
do sul-americano desses produtos. Chama a atenção
que cresça no país um mercado aparentemente tão
restrito quanto esse. De fato, a chamada classe A1
representa apenas 1% da população brasileira (ANEP,
CARACTERÍSTICAS DE MERCADO: 2003), pouco para sustentar um mercado estimado
em quase US$ 1 bilhão no país em 2000 (CASADO,
Ameaça de entrantes / barreiras de entrada: HORTA, 2001), mas que se soma aos outros 5%,
constituintes da chamada classe A2 – aquela que se
- Economias de Escala: pouco relevantes permite desfrutar de alguns produtos caros e sofis-
- Necessidade de capital: média (investimento tradicional) ticados. Os integrantes desta classe – profissionais
- Custos de mudança: baixos liberais, executivos, pequenos e médios empresá-
- Acesso aos canais de distribuição: inexistente rios – valem-se de compras parceladas e formam,
- Política governamental: inexistente hoje, cerca de 40% da clientela da Louis Vuitton, por
exemplo, e representam entre 60% e 65% das ven-
Ameaça de produtos substitutos: das da Emporio Armani (VARELLA, 2000).
- “Sacoleiras de luxo”: cada vez mais comum. Pessoas Dentro do contexto acima, que revela um cenário
conhecidas do meio social dos clientes. mais influenciado pelo mercado paulistano, a capi-
- Viagens: a partir da consciência da inexistência de tal dos gaúchos ainda aparece em estudos nacionais
lugares de luxo na cidade e no aumento da freqüência como um mercado pouco explorado no setor de luxo
de viagens, presença importante desta alternativa. e de grande potencial de crescimento. No que tan-
- Falsificações: crescimento e aprimoramento das ge à segmentação, mais do que o poder de compra,
cópias de grifes famosas.
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tradicionalmente identificado pela classe social, o CONTEXTO DA EMPRESA:
perfil psicográfico e as motivações de compra são
fundamentais no entendimento do comportamento - Clientes: A Conte Freire percebeu duas informa-
de compra e na classificação dos segmentos. ções relevantes a partir da análise de seu banco de
dados e do dia-a-dia no contato com clientes:
- Por que as pessoas compram luxo:
a) alto grau de conversão em compra e de fidelida-
• Utilidade: performance, durabilidade ou rendi- de: ou seja, rompida a barreira de entrada na loja, os
mento e praticidade clientes efetivamente compravam e se tornavam fiéis.
• Sentimental: relações afetivas, apego O grande desafio era efetivamente tornar a marca
• Sinalização: exibir, pertencer a algum grupo, ex- mais conhecida junto ao público-alvo e seduzi-los a
teriorizar personalidade entrar na loja.
• Gratificação sensorial: excitar os sentidos humanos
• Raridade: peça única, exclusiva b) um número significativo de clientes que efetiva-
• Gratificação psicológica: orgulho / privilégio / mente compravam, pertenciam à classe chamada de
compensação aspirante, ou seja, com média capacidade de com-
• Reserva de valor: fins de investimento como pra, mas alto interesse em adquirir produtos de gri-
obras de arte, jóias fes para pertencer a um determinado grupo social.
- Perfis psicográficos dos consumidores de luxo: Estas duas informações foram relevantes para uma
série de ações que foram planejadas, somando-se à
• Utilitários: Adquirem algum bem de luxo pela sua elas, a informação do grande número de visitantes e
performance, porque dura mais, tem mais qualidade. clientes da loja, moradores de cidades do interior.
Alguns automóveis são adquiridos sob essa premis-
sa. É uma minoria. - Produtos/Serviços: Neste campo o diagnósti-
co apontou como mais importante a necessidade
• Desfrutadores: São os que pretendem premiar da loja de gerenciar seu mix de produtos dentro de
seus sentidos, presenteando a si mesmos com mú- uma lógica comercial de moda sem prejudicar o po-
sica, perfume, alimentos e bebidas. Aproveitam uma sicionamento da marca. Isto quer dizer, que havia
situação mesmo que sozinhos. a necessidade de se aumentar o volume de produ-
tos chamados básicos, e que garantiriam maior giro
• Auto-indulgentes: A gratificação dos bens de luxo e caixa, sem deixar de se ter os produtos concei-
se traduz muito mais por uma premiação psicológica. to, vanguarda e mais caros. Além disso, crescia o
É uma recompensa por um esforço. número de homens que procuravam na loja, grifes
e produtos sofisticados não encontrados em outros
• Exibidos: A maioria dos consumidores do luxo cos- pontos da cidade. Na esfera dos serviços, itens já
tuma adquiri-lo pela capacidade de irradiar uma aura citados como inibidores (segurança e manobrista) te-
de riqueza e sucesso, como também por significar o riam que dar lugar a uma grande política de gestão
passaporte para a entrada no fechado circulo “privê” de talentos para construir uma parte fundamental da
dos abençoados pelo glamour. idéia de experiência diferenciada: a atendimento dos
vendedores e caixas.
- Escopo de produtos de luxo por sexo:
- Concorrentes: Poucos e equilibrados, como cita-
• Mulheres: jóias, roupas, calçados e bolsas. do na análise setorial anterior, com características
• Homens: carros, roupas, relógios, canetas, gas- como: concentração geográfica, espaços menores,
tronomia, eletrônicos. poucas marcas exclusivas, menor capacidade de in-
vestimento e ausência de esforços de comunicação,
a não ser no ponto de venda.
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3) ANÁLISE PFOA: SEGMENTAÇÃO:
1º Mulher “Profissional” 35
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se dedica á sua beleza, estética e bem-estar. CONVIVÊNCIA: Freqüentar, estar, curtir, comprar,
• Valoriza status e produtos sofisticados sem ser fútil olhar, conversar na Conte Freire.
• Freqüenta lugares da moda, é bem informada, mas
seguidora (clássicos + fashion e vanguarda) Como traduzir este posicionamento em um conceito cla-
• “Esposas”, Médicas, advogadas, juízas, promoto- ro e conectado com a linguagem e os anseios dos con-
ras, arquitetas, empresárias, dentistas, psicólogas, sumidores da Conte Freire? Mais do que roupas e aces-
executivas, etc. sórios de luxo, Conte Freire é sinônimo de bem-estar,
• Valorizam reconhecimento e status. de prazer, de felicidade, de satisfação, de SENSAÇÕES.
E sentir faz parte da natureza humana. Sendo assim, o
1º Mulheres 20 conceito nasce de uma necessidade bem definida: dei-
xar claro que a Conte Freire é um lugar para se sentir.
• São mais vanguarda, curtem rave, e vestir-se e con- Um lugar que não vende apenas roupas e acessórios,
sumir vanguarda, o diferente, não só fashion mas experiências e sensações agradáveis.
• Têm menor poder de consumo, mas são referência
para as mulheres com mais de 30 (o querer ser...) Porém, só isso não seria suficiente. Mais do que dei-
• Devem estar presente como consumidora do futuro, xar claro que Conte Freire é sinônimo de sensações,
imagem e referência, mas não prioritariamente como é preciso convencer que cada consumidor, dentro de
compradora. seus anseios, merece viver essas sensações. Deixar
claro que cada um de nós merece se dar a esse luxo.
2º Socialites Merece se dar este presente. Cada um de nós merece
uma pequena indulgência. Merece sentir tudo aquilo
• Valorizam e “vivem” em função de eventos, festas que nos faz bem e nos dá prazer.
e colunas sociais
• Fazem parte de “grupo seleto” onde todos se conhecem... O resultado deste caminho foi o conceito / slogan:
• São referências, devemos considerá-las, mas não
prioritariamente como compradoras VOCÊ MERECE SE SENTIR ASSIM!
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5) PLANO DE AÇÃO • Criado nome e mote da campanha (anexos)
• Divulgado em reunião com todo o grupo (mini
1. Ampliar o mix de produtos “masculinos” evento), murais e outros meios internos disponíveis
(sms, por exemplo)
• Foi criado o espaço exclusivo dentro da operação • Período trimestral
para expor e atender o público masculino. • Disponibilizados prêmios desejados e que motivariam
• Foi composto um mix formal (com marcas como (eletroeletrônicos, viagens curtas e top premium)
Ermenegildo Zegna e Ricardo Almeida) e um casual • Estabelecidos critérios coletivos: ex: redução de custos
(com marcas como Diesel, D&G e Osklen). (telefone, material de expediente) e individuais: vendas
• A enoteca do piso superior passou também a ter (para vendedores), atitudes (cliente oculto) etc.
uma importância nesta estratégia de captar o público
masculino. A presença de um sommelier, produtos 5. Desenvolver Produtos com Marca Própria
diferenciados e parcerias com restaurantes, torna-
ram além de um atrativo aos homens, uma parte im- • Feitos contatos e criação de processos para lan-
portante do faturamento da loja. çamento em 2006 de produtos básicos com marca
CONTE FREIRE:
2. Gerenciar a composição do mix de produtos • Selecionados fornecedores
• Estabelecidos processos, regras, contrato e funcionamento
• Comprar e gerir estoques de acordo com histórico das relações com fornecedores (controle de padrão de quali-
de vendas, mas também, seguindo um equilíbrio en- dade, entregas, devoluções, compras, distribuição, etc.)
tre tipo de peças conforme esquema abaixo: • Escolhido modelo de solução: estilista, P&D, desen-
volvimento de coleção.
• Lançada através de desfile e assessoria de imprensa
• Elaborado cronograma semestral com eventos in- • Utilizado o jardim como elemento convidativo e não
ternos (eventualmente externos) com os seguintes como mais uma barreira.
propósitos: • Criado o deck na frente da loja.
• TÉCNICOS: Moda, tendências, marcas, atualidades, • Retirada do segurança e manobrista na porta da loja.
tecidos, padrões, estética, etc. Ministrados por pro- • Desenvolvido junto à perfumaria um aroma / essên-
fissionais externos contratados, convidados e sócios. cia Conte Freire, agradável, sofisticada e que marca
• OPERACIONAIS: Acompanhamento de performan- presença na loja. Borrifada freqüentemente na loja e
ces, problemas a serem dirimidos, novidades, atua- vendida como produto.
lizações da empresa, “dia-a-dia”. Conduzidos pelos • Realizada seleção musical (lounge – “house chic”)
sócios semanalmente. criando um astral no ponto de venda.
• COMPORTAMENTAIS: Reforçar atitudes e comporta- • Aumentada a iluminação da fachada à noite.
mento, criar clima de comprometimento e pró-ativi-
dade, despertar sentimentos agradáveis e positivos. 7. Movimentar o PDV com público selecionado
Ministrados por profissionais externos contratados. e de interesse
4. Campanha Interna de Incentivos (endomarketing) • Estabelecidos contatos para realização de eventos se-
lecionados vinculados à arte, alta gastronomia e assun-
• Criada campanha interna de incentivos, para pro- tos de interesse dos segmentos-alvo. Ex: lançamento
mover e reconhecer atitudes dos colaboradores al- de autógrafo de livro, encontros de confrarias e pa-
mejadas pela empresa: lestras / cursos para investidores.
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8. Construir e tornar a marca mais conhecida • Endomarketing: utilização de canais formais de
comunicação interna e programa de capacitação e
• PROPAGANDA: Veiculada campanha institucional / incentivos;
conceitual ao longo do ano, intercalada com calendá-
rio promocional de datas especiais do varejo (campa- • Marketing Experimental: explorar todos os sentidos
nhas e peças em anexo). no ponto de venda;
• RELAÇÕES PÚBLICAS (eventos): Foi “pega carona”
nos principais eventos e movimentos de Porto Ale- • Buzz Marketing: eleição de pessoas-chave para
gre (Casa e Cia., The Best Jump, Atlântida, Gramado) propagarem em seus meios de influência a idéia da
e presente com espaço (aparecer bem com investi- loja e suas novidades;
mento baixo – guerrilha).
• RELAÇÕES PÚBLICAS (imprensa): Enviados siste- • Gestão de Portifólio: matriz BCG, ciclo de vida de
maticamente releases e sugestões de pauta à medida produtos para direcionamento quanto à composição
que houver notícias e novidades. Realizadas coletivas do mix de produtos.
em momentos especiais.
7. QUESTÕES PARA REFLEXÃO
9. Implementar ações de marketing de relacio-
namento (CRM) 1. Quais os riscos que a Conte Freire correu ao utili-
zar para o início de sua campanha de novo posiciona-
• Produzido e enviado para o endereço dos principais mento, uma personalidade da cultura local?
clientes 2 catálogos por ano
• Enviados SMS com textos nas seguintes situações 2. Você identifica alguma estratégia do mix de marketing
de relacionamento: primeira compra, nova coleção, relevante que não tenha sido contemplada no caso?
novidades, promoções.
• Enviado e-mail marketing com material a ser pro- 3. Se você tivesse que segmentar o mercado com-
duzido nas seguintes situações: convites eventos e prador da Conte Freire, usaria alguma outra variável
aniversário. não utilizada no plano?
Todas as ações foram implementadas sob a respon- 4. Discuta sobre a importância das ações de endo-
sabilidade dos sócios, com colaboração na implemen- marketing no case, e o que você faria diferente a
tação de dois colaboradores, bem como de terceiros respeito das mesmas.
como: agência de publicidade (VOSSA), assessoria
de imprensa (Eliana Camejo), entre outros. 5. Que ação de comunicação poderia ter sido rea-
lizada para dar mais força e visibilidade ao novo
6) UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DE MARKETING posicionamento?
(ver anexos)
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8) Anexos
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