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465, DE 11 DE
SETEMBRO DE 2017) E A (RE)PRODUÇÃO DOS CONFLITOS PELA
TERRA, NA AMAZÔNIA RONDONIENSE.
Resumo
A presidência de Michel Temer sancionou, no dia 12 de maio de 2017, em Brasília, a Lei
13.465/2017, que flexibiliza a regularização fundiária de terras da União, com o nome de Programa
Nacional de Regularização Fundiária. Essa “nova” legislação das terras devolutas do Brasil é
baseada na medida provisória 759. O presente artigo buscar analisar os conflitos de classe na
(re)produção do espaço agrário do estado de Rondônia, gestados no seio do processo de
regularização fundiária, promovido pela Lei 13.465/2017.O referido reordenamento jurídico, uma
agenda territorial do agronegócio, possui como principal inovação, alargamento da área de
regularização em terras da União de 1.500 para 2.500 hectares, em todo território nacional (Brasil,
2017). O que inclui o aumento de posses a ser legalizadas pelo Programa Terra Legal na Amazônia
(PTLA). Essa privatização da terras, é inseparável às necessidades de acumulação primitiva do
capital, sendo regra e não exceção do movimento do capital . A Lei 13.465/2017 possui como
movimento dialético a condição-meio-produto a transformação de terras devolutas em mercadoria.
Uma brecha para o sepultamento do legado da reforma agrária. Segundo Paulino (2017) essa
“liquidação” das terras públicas é o maior atentado à Constituição brasileira, pois permite ampla
legalização da grilagem, no qual os ruralistas ficarão a vontade, para apropriar os fundos territoriais
(Moraes, 1999); que são terras de domínio comum, ou seja, patrimônio mais fundamental de uma
sociedade. Terras que deveriam ser destinadas a reforma Agrária. O que separa a contradição
histórica do valor de uso e valor de troca é a violência. Segundo Mitidiero Júnior (2017), a “nova”
jurisdição para campo brasileiro arquitetada pela bancada ruralista, intensifica a barbárie no campo,
ao representa uma derivação violenta da privatização de terras e apropriação dos bens da natureza
para a expansão do capital. Como reflexo deste panorama a geografia dos conflitos agrários em
Rondônia cresceu (re)produzindo conflitos pela terra e pelo território, uma vez que a mencionada
regularização fundiária aqueceu o mercado de terras na Amazônia rondoniense, resultando em
invasões, desmatamento e loteamento de terras indígenas da etnia Uru-Eu-Wau-Wau, por
1
Acadêmico do curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Geografia/ UFS (Brasil).
Bolsista Capes. E-mail de contato: alyson_pop17@hotmail.com
madeireiros ilegais que buscam a legalização da terra invadida. Desta forma, a Lei 13.465/2017
representa o sequestro da reforma agrária, ao aprofunda o fosso entre a terra de negócio e a terra de
Buen Vivir, fortalecendo a necessidade de luta pela terra, como sinônimo de luta contra a acumulação
primitiva do capital: fórmula sine qua non de expansão e concentração do capital.
Abstract:
The presidency of Michel Temer sanctioned, on May 12, 2017, in Brasilia, Law 13.465 / 2017, which
eases the land regularization of the Union, under the name of National Program for Land
Regularization. This "new" legislation of the vacant lands of Brazil is based on the provisional measure
759. This Article to seek to analyze the class conflicts in the (re) production of the agrarian space of
the state of Rondônia, originated in the process of land regularization, promoted by Law 13.465 /
2017.This juridical reorganization, a territorial agribusiness agenda has as main innovation the
enlargement of the area of regularization in lands of the Union of 1,500 to 2,500 hectares, throughout
the national territory (Brazil, 2017). This includes the increase of land legalized by the Land Legal
Program in the Amazon (PTLA). This privatization of land is inseparable from the needs of primitive
accumulation of capital, being a rule and not an exception to the movement of capital. Law 13.465 /
2017 has as a dialectical movement the condition-medium-product the transformation of vacant lands
into merchandise. A breach for the burial of the legacy of agrarian reform. According to Paulino
(2017), this "liquidation" of the public lands is the greatest attack on the Brazilian Constitution, since it
allows a broad legalization of land ownership, in which the ruralists will be free to appropriate the
territorial funds (Moraes, 1999). which are common domain lands, that is, the most fundamental
patrimony of a society. Land that should be destined for agrarian reform. Based on Lefebvre's reading
(2013) what separates the historical contradiction of use value and exchange value is
violence. According to Mitidiero Júnior (2017), the "new" jurisdiction for Brazilian countryside,
designed by the ruralist group, intensifies barbarism in the countryside, and represents a violent
derivation of the privatization of land and appropriation of the assets of nature for the expansion of
capital. As a reflection of this panorama, the geography of the agrarian conflicts in Rondônia grew (re)
producing conflicts for the land, since the mentioned land regularization warmed the market of lands in
the rondoniense Amazon, resulting in invasions of indigenous lands of the Uru-Eu-Wau- Wau, are
being invaded, deforested and parceled out by illegal loggers.Thus Law 13.465 / 2017 represents the
abduction of agrarian reform, deepening the gap between business land and the land of Buen Vivir,
strengthening the need to fight for land, as a synonym of struggle against the primitive accumulation of
capital: sine qua non of expansion and concentration of capital.
Keywords: Law 13.465 / 2017. Agrarian conflicts. Invasion of land. Uru-Eu-Wau-Wau. Primitive
Accumulation.
1-Introdução
A presidência de Michel Temer sancionou, no dia 12 de maio de 2017, em
Brasília, a Lei 13.465/2017, que flexibiliza a regularização fundiária de terras da
União, com o nome de Programa Nacional de Regularização Fundiária. Essa “nova”
legislação das terras devolutas do Brasil é baseada na medida provisória 759.
O presente artigo buscar analisar os conflitos de classe na (re)produção do
espaço agrário do estado de Rondônia, gestados no seio do processo de
regularização fundiária, promovido pela Lei 13.465/2017.
A Lei 13.465/2017 possui como movimento dialético a condição-meio-
produto a transformação de terras devolutas em mercadoria. O referido
reordenamento jurídico, possui como principal inovação o alargamento da área de
regularização em terras da União de 1.500 para 2.500 hectares, em todo território
nacional (Brasil, 2017). O que inclui o aumento de posses a ser legalizadas pelo
Programa Terra Legal na Amazônia (PTLA).
Um cenário doloroso, integrante desse movimento de privatização da terra
desencadeado pela ampliação da regularização de terras da União pela Lei
13.465/2017, na Amazônia brasileira é a invasão de terras indígenas da etnia Uru-
Eu-Wau-Wau, no estado de Rondônia. Um reflexo da materialidade dos conflitos
na\pela terra, cuja amplitude na Amazônia brasileira manifesta sua terrível potencia:
a barbárie.
Sendo assim, o referido artigo colocar em xeque o limite à pretensa
neutralidade jurídica, da regularização fundiária e da Lei 13.465/2017. Essa
privatização da terras, é inseparável às necessidades de acumulação primitiva do
capital, sendo regra e não exceção do movimento do capital.
A ordem veio de fora Amanhã vem mais de 200 pessoas aqui, vocês fiquem
esperando. Vem gente de todo canto. Nessa primeira invasão, eles
praticamente entraram na aldeia, ficaram a apenas dois quilômetros. Muito
perto Depois da ação da polícia, eles estão se mudando para outros locais
(Puré. Liderança-Uru-Eu-Wau-Wau, CPT, 2019).
4 – Considerações finais
Referências
CPT. Comissão Pastoral da Terra. Pelo menos seis terras indígenas sofrem com
invasões e ameaças de invasão no início de 2019.
https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/conflitos-no-campo/4603-pelo-
menos-seis-terras-indigenas-sofrem-com-invasoes-e-ameacas-de-invasao-no-inicio-
de-2019, acesso em 08 de junho de 2019
CONJUR. Novo marco legal: lei da regularização fundiária privatiza terras públicas,
dizem entidades. Revista Consultor Jurídico, 2017. Disponível em
<www.conjur.com.br/2017-jul-30/lei-regularizacao-fundiaria-privatiza-terras-publicas-
dizem-entidades > Acesso em 28 de junho 2019.
RIBEIRO, Alyson. F. A.; SILVA, Ricardo. G. C.; SANTOS, Josefa. L.; RODRIGUES,
Cíntia. B. P.A agenda territorial do agrohidronegócio em tempos de golpe: análise da
“nova” lei de terras do Brasil. Revista OKARA: Geografia em debate, v.12, n.2, p.
678-698, 2018. ISSN: 1982-3878 João Pessoa, PB, DGEOC/CCEN/UFPB.
http://www.periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/okara/article/view/41336/20730, acesso
em 01 de junho de 2019.