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» FLAVIO DE CAMPOS
Graduado em História pela PUC/SP
Mestre em História Social pela USP
Professor Doutor do Departamento de História da USP
Coordenador Científico do LUDENS (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas
sobre Futebol e Modalidades Lúdicas)
Autor de livros didáticos e paradidáticos
» REGINA CLARO
Graduada em História pela USP
Mestra em História Social pela USP
Doutoranda Faculdade Educação da USP
Especialista em História e Cultura Africana e Afro-americana
Desenvolve projetos de capacitação para professores da rede pública em
atendimento à Lei 10.639/03
Autora de livros didáticos e paradidáticos
TÓRIA
3
OH_V3_Book.indb 1 18/05/16 09:36
Oficina de História – volume 3
© 2013 Leya
Uma História plural, repleta de olhares cruzados e por vezes antagônicos: tal é
a base de uma proposta de ensino de História que alimente a prática de uma cida-
dania crítica, participativa e democrática.
Bons estudos!
Os autores
Sumário 5
Sumário 7
COMPETÊNCIAS HABILIDADES
Competência de área 1. H1 - Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais
Compreender os elementos acerca de aspectos da cultura.
culturais que constituem H2 - Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
as identidades.
H3 - Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
H4 - C
omparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre
determinado aspecto da cultura.
H5 - I dentificar as manifestações ou representações da diversidade do
patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência de área 2. H6 - Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços
Compreender as geográficos.
transformações dos espaços H7 - Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder
geográficos como produto entre as nações.
das relações socioeconômicas
e culturais de poder. H8 - Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica
dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem
econômico-social.
H9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e
socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
Os filmes contam histórias por meio de imagens, sons, Para interpretar uma imagem – obras de arte, fotos e
diálogos e efeitos especiais que conduzem o especta- ilustrações –, esteja atento a alguns procedimentos.
dor através de uma narrativa recheada de mensagens
e informações. De olho em sua marcante presença na
PAULO CARUSO
sociedade em que vivemos, ao final de cada capítulo
há a subseção Em Cartaz, para que você possa explo-
rar os conteúdos a partir dessa linguagem.
Mesmo que baseados em fatos considerados reais, os
filmes que possuem como tema uma situação histó-
rica devem ser compreendidos como representações
dessa situação. Ou seja, não são “a História”, mas
discursos e visões “sobre a História”. Apesar disso,
podem auxiliar na produção de reflexões e conheci-
mentos, pois a partir deles podemos discutir deter- Diretas Já, Paulo Caruso. Charge extraída do jornal
minadas visões sobre uma dada sociedade e organi- Folha de S.Paulo, caderno Ilustrada, 24 de abril de
zar informações e conceitos a seu respeito. 1984.
10
MÁRIO YOSHIDA
2A GUERRA MUNDIAL_CAP4_P108.eps
PAÍSES DO EIXO VERSUS FORÇAS ALIADAS
assunto representado.
2 Identifique quais são as partes do mundo
Guerra Global
Máxima extensão de poder
do Eixo
Britânicos ÁL
R
IA
Colônias Britânicas
S
O C EAN O PAC Í
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ESTADOS UNID
NDICO
CHINA
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AS REPÚBL
ÉTICAS
OCEANO
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mapa.
EA
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tação. DO
Procedimentos metodológicos 11
12
Quadros Estante
interdisciplinares Dicas de livros para
Nesses quadros também aprofundar seus
são estabelecidas relações conhecimentos.
e contextualizações
com outras áreas do
conhecimento.
Mapeando o livro 13
Referências e índices
Dividida em: Bibliografia,
com as principais referências
bibliográficas utilizadas para
elaborar a coleção; Índice
de mapas e infográficos,
para uma busca rápida por
mapas, infográficos e tabelas
do livro; e Índice remissivo e
onomástico, para uma busca
rápida por nomes, conceitos e
temas mais importantes.
14
A sociedade industrial:
economia, política e ideologias
DE OLHO nos
A
o tentar resumir os significados do século XX, o músico bri-
Conceitos
tânico Yehudi Menuhin (1916-1999) afirmou que: “ [o século
XX] despertou as maiores esperanças já concebidas pela huma- • Maquinofatura
nidade e destruiu todas as ilusões e ideais”.
• Imperialismo
No século XIX, a velocidade das
comunicações e dos transportes per-
efeito cumulativo. As rivalidades eco-
nômicas, o nacionalismo e a amplia-
• Cercamentos
(enclosures)
mitiu o deslocamento de pessoas e ção da capacidade destrutiva forma-
culturas numa escala jamais vista. A ram o combustível que incendiaria o • Ideologia
movimentação humana coincidia com
a estruturação política dos Estados, a
mundo a partir de 1914. • Liberalismo
• Nacionalismo/
A reprodução técnica de imagens
elaboração de identidades nacionais e sua multiplicação também seriam
sentimento nacional
como ingredientes de coesão ideológi- marcas da industrialização. A inven-
ca e o aparecimento do fenômeno das ção da fotografia criou um novo • Internacionalismo
minorias étnico-culturais.
O “breve século XX” caracteri-
suporte para as imagens de pessoas,
monumentos, guerras, genocídios,
• Federalismo
zou-se pela afirmação dos Estados manifestações, paisagens, esportes, • Oligarquias
Unidos da América como a principal
potência capitalista do planeta.
shows e até de pinturas. Mais do que
a captura de um instante, a fotografia
• Positivismo/
positivista
As revoluções sociais, políticas capturou o espírito do século XX. Dis-
e econômicas foram fomentadas por posta numa sequência veloz, virou
ideologias que estiveram no vocabu- cinema.
lário político de todos os continentes: Neste livro, as fotografias for- SUPERSTOCK
Volume 3 15 15
MÁRIO YOSHIDA
O MUNDO EM 1900
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO
Trópico de Câncer
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO OCEANO
Equador ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
Meridiano de Greenwich
Trópico de Capricórnio
0 2350 4700 km
Fonte: Elaborado com base em BLACK, J. World history atlas. London: Dorling Kindersley, 2008; DUBY, Georges. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987; KINDER, H.;
HILGEMANN, W. Atlas histórico mundial. Madrid: Akal, 2006; LARREA DAVALILLO, J. L. Atlas histórico mundial. Desde el paleolítico hasta el siglo XX. Madrid: Sintesis, 2001.
Mário,
colocar relevo
16
MÁRIO YOSHDA
Europa, alcançando os Estados Unidos e o Japão. ÁFRICA (1914)
O desenvolvimento da eletricidade, de moto-
EUROPA
res a combustão, da siderurgia do aço e da indús-
tria química marcou esse novo impulso tecnológico MARROCOS
E
vistas ao controle desses mercados marcou a ação
U
RODÉSIA
Q
SUDOESTE
BI
DO NORTE
M
AFRICANO
MADAGÁSCAR
ÇA
imperialista das principais potências industrializa-
O
M
BECHUANALÂNDIA
UNIÃO
das do planeta. SUL-AFRICANA
SUAZILÂNDIA
BASUTOLÂNDIA
A economia mundial começava a sentir a pre-
sença estadunidense na passagem do século XIX
para o século XX. Após a expansão territorial, com ESCALA
0 930 1 860 km
a conquista do Oeste, os Estados Unidos transforma-
ram a América Central em sua área de influência. Fonte: Elaborado com base em AJAYI, J. F. A.; CROWDER, M. Historical atlas of Africa. Essex:
Longman, 1985.
1 No processo de industrialização mundial até o iní- 2 Em 1869, o jornalista Blanchard Jerrold sugeriu ao
cio do século XX pode ser identificada a ocorrência desenhista e ilustrador francês Paul-Gustave Doré
de duas revoluções industriais. (1832-1883) que trabalhassem juntos num projeto
ilustrado que visava realizar um retrato de Londres
a) Quais as características de cada uma delas?
da época. Doré aceitou e assinou um contrato com
→ DL/CF/SP/H17/H19
os editores da Grant & Co. que envolvia permancer
b) No seu caderno, monte uma linha do tempo em em Londres três meses ao ano. O livro Londres: uma
que sejam contemplados os seguintes elementos: peregrinação, com 180 gravuras, foi publicado em
• a acumulação de capitais decorrente da con- 1872. Foi um enorme sucesso comercial, mas não
quista colonial da América e da escravidão; agradou à crítica londrina, que o criticou por focar
• o processo de emancipação política da América; apenas a miséria. Um influente jornal da época
• a Primeira Revolução Industrial;
acusou-o de “inventar e não retratar”. De qualquer
maneira, entre 1869 e 1871, Doré realizou um notá-
• a Segunda Revolução Industrial;
vel estudo sobre os efeitos da industrialização e da
• a Partilha da África. → DL/SP/H7/H19
urbanização descontrolada na cidade.
Recapitulando 17
SUPERSTOCK
As raças selvagens e confusas nos arreios,
Gente desgraçada, recém-capturada
Meio demônio, meio criança [...]”
KIPLING, Rudyard. “O fardo do homem branco”.
McClure’s Magazine, 1899.
18
Recapitulando 19
20
Recapitulando 21
1 Elabore uma definição para cada um dos seguintes c) Relacione tais diferenças às características dos
conceitos: processos que levaram à implementação da
a) federalismo → DL/SP/H9/H10 República no Brasil e nos Estados Unidos.
→ DL/CF/H1/H2/H13/H24
b) caudilhismo → DL/SP/H10/H11
22
10
1 Guerra e revolução
DE OLHO nos
D
esde 1871, quando transcorrera a Guerra Franco-Prussiana, Conceitos
não acontecera nenhum conflito entre as grandes potências
da Europa. A maioria dos europeus que nasceu e cresceu • Paz armada
nesse período enxergava o mundo de forma positiva e via seu con- • Pan-eslavismo
tinente como o centro de todas as decisões. Acreditava que a diplo- • Hegemonia
macia conseguira criar caminhos para resolver, na paz, as ocasionais
divergências que surgissem entre os Estados nacionais e que as ciên- • Futurismo
cias e o desenvolvimento tecnológico do século XIX haviam libertado • Marxismo-leninismo
as pessoas de seus limites físicos. O presente e o futuro eram vistos, • Revolução/
em geral, como tempos de estabilidade e progresso. contrarrevolução
Em meio ao aparente otimis- diam que as trevas da guerra avan- • Comunismo/
mo, a produção cultural passava çassem subterraneamente. A tão socialismo
por turbulências e sucessivas ondas
de renovação. Cubismo, abstracio-
celebrada tecnologia também se
prestava para invenções letais:
• Kolkhozes/Sovkhozes
nismo, expressionismo, dadaísmo: metralhadoras, tanques blindados, • Caudilhismo
as vanguardas estéticas rompiam
padrões clássicos de representação,
torpedos, armas químicas. Quando
a Primeira Guerra Mundial come-
• Reformismo
rejeitavam a objetividade, explora- çou, em agosto de 1914, todo o oti- • Democracia
vam limites do inconsciente e exi- mismo ruiu; no seu lugar, cresceu • Colonialismo
biam novas percepções do mundo. o pavor e o horror diante da des-
Na tela Composição VII, de truição que se aproximava. Composição VII, Vassily Kandinsky.
1913, o russo Vassily Kandisnky Óleo sobre tela, 200 x 300 cm, 1913.
(1866-1944) orquestrava cores e
GALERIA ESTATAL TRETYAKOV, MOSCOU
formas em uma intensidade sinfô-
nica, com explosões cromáticas em
partes diferentes do quadro. Segun-
do o pintor, a arte abstrata procura-
va expressar essências impossíveis
de explicar por meio da objetivida-
de ou da centralidade do olhar ou
da luz. De certo modo, como outros
artistas do período, indicava que os
tempos eram mais instáveis e difí-
ceis do que pareciam.
As luzes da razão que anima-
vam tantos europeus não impe-
23
O
historiador britânico Eric Hobsbawm resumiu da seguinte maneira
o significado da Primeira Guerra Mundial:
"A Primeira Guerra Mundial [...] assinalou o colapso da civilização
(ocidental) do século XIX. Tratava-se de uma civilização capitalista na
economia; liberal na estrutura legal e constitucional; burguesa na imagem
de sua classe hegemônica característica; exultante com o avanço da ciên-
cia, do conhecimento e da educação e também com o progresso material e
moral; e profundamente convencida da centralidade da Europa, berço das
revoluções da ciência, das artes, da política e da indústria e cuja econo-
mia prevalecera na maior parte do mundo, que seus soldados haviam con-
quistado e subjugado; uma Europa cujas populações (incluindo-se o vasto
e crescente fluxo de emigrantes e seus descendentes) haviam crescido até
somar um terço da raça humana; e cujos maiores Estados constituíam o
sistema da política mundial."
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX. 1914-1991.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 16.
A REGIÃO BALCÂNICA
doura. Os nacionalistas ganhavam
força e defendiam saídas armadas.
No Leste do continente, as divergên-
cias quanto a fronteiras, a desagre-
gação do Império Turco-Otomano e o
BÓSNIA-
expansionismo russo colocavam em
xeque as iniciativas diplomáticas. No
-HERZEGOVINA
ESCALA
ção alemã, que sofria com a repressão 0 política,
300 a fome,
600 km as
científico de armas químicas, de novos meios de comu-
epidemias e as longas jornadas de trabalho. Desde 1915 nicação e transporte a novos instrumentos Creta de guerra,
OH_U6_pag634
ocorriam greves contra a guerra, e, em janeiro de 1917, os como o submarino, o tanque e o avião.
MÁRIO YOSHIDA
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
FINLÂNDIA
NORUEGA
Helsinque
Oslo São Petersburgo
Estocolmo
(Petrogrado)
Gibraltar (GB)
GRÉCIA IMPÉRIO OTOMANO
Atenas Fonte: Elaborado com
base em PARKER, G. Atlas
ESCALA
Verbo de história universal.
0 300 600 km
Lisboa/São Paulo: Verbo,
Creta 1996. p. 125.
(Fuvest-SP) Os Tratados de Paz assinados ao fim da dicionamentos aos novos Estados do Leste europeu
Primeira Guerra Mundial "aglutinaram vários povos através dos Tratados das Minorias, o que criou con-
num só Estado, outorgaram a alguns o status de 'povos dições de conflitos entre diferentes povos reunidos
estatais' e lhes confiaram o governo, supuseram silencio- em um mesmo Estado.
samente que os outros povos nacionalmente compactos b) o surgimento de novos Estados-nações se fez res-
(como os eslovacos na Tchecoslováquia ou os croatas e peitando as tradições e instituições dos povos antes
eslovenos na Iugoslávia) chegassem a ser parceiros no reunidos nos impérios que desapareceram com a
governo, o que naturalmente não aconteceu e, com igual Primeira Guerra Mundial.
arbitrariedade, criaram com os povos que sobraram um c) os Tratados de Paz e os Tratados das Minorias resta-
terceiro grupo de nacionalidades chamadas minorias, beleceram, no mundo contemporâneo, o sistema de
acrescentando assim aos muitos encargos dos novos dominação característico da Idade Média.
Estados o problema de observar regulamentos especiais,
d) apesar dos Tratados de Paz estabelecidos depois da
impostos de fora, para uma parte de sua população. Primeira Guerra terem tido algumas características
[...] Os Estados recém-criados, por sua vez, que haviam arbitrárias em relação aos novos Estados-nações do
recebido a independência com a promessa de plena Leste europeu, o desenvolvimento histórico destas
soberania nacional, acatada em igualdade de condições regiões demonstra que foi possível uma convivência
com as nações ocidentais, olhavam os Tratados das harmoniosa e gradativamente ocorreu a integração
Minorias como óbvia quebra de promessa e como prova entre as minorias e as maiorias nacionais.
de discriminação."
e) os Tratados de Paz depois da Primeira Guerra conse-
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. guiram satisfazer os vários povos do Leste europeu. O
São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
que perturbou a convivência harmoniosa foi o movi-
A alternativa mais condizente com o texto é: mento de refugiados das revoluções comunistas.
a) após a Primeira Guerra, os Tratados de Paz estabe- → DL/SP/H7/H8/H9
lecidos solaparam a soberania e estabeleceram con- → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
MÁRIO YOSHIDA
A EUROPA PÓS-PRIMEIRA GUERRA
Primeira Guerra, não se cumpriu, mas Sér-
via, Croácia e Eslovênia associaram-se num só Novos países
Renânia desmilitarizada
reino, que posteriormente recebeu o nome de Alsácia-Lorena (ganho francês)
Mar do RÚSSIA
internacional oficialmente destinada à preser- IRLANDA
Norte
LETÔNIA
DINAMARCA LITUÂNIA
vação da paz. OCEANO REINO
UNIDO PRÚSSIA
ATLÂNTICO HOLANDA ORIENTAL
IUGOSLÁVIA
GA
ITÁLIA Negro
ESPANHA
TU
BULGÁRIA
era usada como sinônimo de "antes de 1914".
POR
ALBÂNIA
Os tratados do final da guerra proporcionaram
Mar Mediterrâne GRÉCIA TURQUIA
uma paz bastante precária, dado o desequilí- ESCALA o
0 405 810 km
brio interno do continente, a insatisfação alemã ÁFRICA
e a instabilidade das novas fronteiras no Leste. Fonte: Elaborado com base em VIDAL-NAQUET, P.; BERTIN, J. Atlas histórico. Lisboa: Círculo
de Leitores, 1990.
Símbolos da modernidade
A Estátua da Liberdade foi um presente do
governo francês por ocasião do centenário da
independência dos Estados Unidos, em 1876.
Liberdade foi uma das palavras mais repetidas
desde o século XVIII. A Torre Eiffel, inaugura-
da na Exposição Universal de 1889 em Paris no
centenário da Revolução Francesa, é um monu-
mento à sociedade industrial. As duas imagens
Estátua da Liberdade, anônimo. Torre Eiffel, Exposição
são símbolos da chamada "civilização ociden- Universal. Paris, França, 1889.
Nova York, Estados Unidos, 1900.
tal", que produziu a Primeira Guerra Mundial.
1 Identifique os principais focos de tensão e conflito tos sociais internos por que a Alemanha passava".
que contribuíram para o início da Primeira Guerra → DL/CF/SP/CA/H6/HH8/H10/H13/H15
Mundial. → DL/CF/SP/CA/H7/H8/H9/H15 4 Compare a visão da tecnologia hegemônica antes da
2 Caracterize as dificuldades da guerra de trincheiras Primeira Guerra com a visão predominante depois
a partir dos relatos de pessoas que dela participa- dela. → DL/CF/SP/H16/H17/H19
ram. → DL/CF/SP/CA/H1/H2/H11/H14 5 Explique a noção freudiana de "mal-estar na civili-
3 Justifique a afirmação: "O fim da Primeira Guerra zação". → DL/CF/SP/H1/H23
ocorreu devido às dificuldades militares e aos confli-
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Releia os fragmentos de cartas e diários de partici- 3 Explique a afirmação: "A experiência da guerra, tão dis-
pantes da Primeira Guerra, citados no capítulo, e os tante, persiste nele como um sonho sonhado na noite
relacione ao texto acima. anterior. Igualmente confuso, igualmente sem sentido, ele
→ DL/CF/SP/CA/H1/H2/H4/H11/H14 tenta, de alguma forma, construir uma versão coerente."
2 Por que o narrador acredita que o avô só "teve cons- → DL/CF/SP/CA/H1/H2/H3
ciência do que acontecia" quando passou a atuar no 4 Como o avô do narrador analisa a relação dos solda-
escritório dos correios? dos com as armas que eles manejavam?
→ DL/CF/SP/H1/H2/H21 → DL/CF/SP/CA/H16/H17/H28
K
arl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto Comunista
em 1848. Logo na abertura do texto, afirmavam: "Um espectro
ronda a Europa – o espectro do comunismo". No entanto, nenhum
dos autores supunha que a revolução proletária pudesse ocorrer num
país agrário e pouco industrializado. Ou seja, o espectro rondava a
Europa, mas esperava-se que sua transformação em experiência histó-
rica deveria acontecer, primeiramente, em países industrializados, com
movimento operário organizado e capaz de conceber conscientemente
suas ações políticas e armadas.
A Rússia do princípio do século XX era o oposto disso. Vivia sob um
regime monárquico rigidamente centralizado, em que o czar governava
com poderes plenos e mantinha grande proximidade com autoridades
religiosas. 80% da população eram camponeses, pouco organizados e
vivendo em condições precárias.
Foi exatamente na Rússia, porém, que, pela primeira vez, ocorreu
uma revolução proletária vitoriosa e se implantou um regime comu-
nista. Num texto publicado em 1902, o líder socialista Vladimir Ilitch
Limpando a Terra Ulianov (Lênin) buscou conciliar o pensamento de Marx e Engels com a
A imagem russa de 1920 mostra Lênin circunstância histórica vivida pela Rússia. Já no título, ele perguntava:
varrendo reis, religiosos e capitalistas, e
"Que fazer?" para tornar possível a revolução proletária no país. E res-
simboliza o trabalho político e militar da
revolução. pondia: a revolução deveria ser liderada por uma vanguarda revolucio-
nária, que orientasse e conduzisse os trabalhadores, mostrando o rumo
MUSEU ESTATAL, SÃO PETERSBURGO, RÚSSIA
A Revolução de 1905
Desde meados do século XIX, a Rússia assistiu a diversos episódios
de rebelião e a ações armadas contra o regime monárquico dos czares.
Diversos grupos atuaram nos campos do país. Um deles, chamado "Terra
e Liberdade", defendia a revolução camponesa como forma de libertar os
trabalhadores do controle aristocrático.
Outro grupo, conhecido como "Vontade do Povo", recorreu a ações
terroristas individuais e assassinou, em 1881, o czar Alexandre II,
Camarada Lênin limpa o lixo da Terra,
Viktor N. Deni. Litografia colorida, tendo sido posteriormente dizimado pela violenta repressão política do
1920. Estado russo. O jornalista e pensador russo Alexandre Herzen (1812-
1870) identificava, em artigos publicados no jornal Kolokol, a comuni-
CORBIS/LATINSTOCK
História E Literatura>> C
ome
ananás
"Come ananás, mastiga perdiz.
Teu dia está prestes, burguês.
(Iech ananáci, riabtchicov jui,
Dienh tvoi posliédnii prihódit, burjui.)
'Come Ananás…' é um exemplo
de poesia de luta. Jornais dos dias da
Revolução de Outubro noticiaram que os
marinheiros revoltados investiam con-
tra o Palácio de Inverno cantando esses
versos. É fácil compreender sua popula-
ridade: o dístico incisivo, de ritmo tão
martelado, à feição de provérbios rus-
sos, fixava-se naturalmente na memória
e convidava ao grito, ao canto." Homens e mulheres acompanhando soldados que aderiram à causa
SCHNAIDERMAN, B. et al. Maiakóvski – Poemas. bolchevique durante a revolução. Moscou, c. 1917.
5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1992. p. 19.
CULTURE-IMAGES/OTHER IMAGES
e industrial para um período de cinco anos, com o objetivo
de potencializar o crescimento econômico.
O primeiro período, até 1932, pretendia criar os fun-
damentos da economia socialista, com a coletivização
da agricultura e o estímulo à indústria pesada, à produ-
ção de energia e de armamentos, à eletrificação e ao setor
de transportes, sobretudo ferroviário. A baixa produção
de bens de consumo provocou forte desabastecimento
no comércio, inclusive de itens de vestuário e uso cotidia-
no. A maioria das pessoas dispunha de apenas um par de
sapatos e as roupas de todos se assemelhavam. Nos cam-
pos, o impacto do plano quinquenal foi maior. A coletivi-
zação da produção implicava a junção de terras, rebanhos
e instrumentos de trabalho. A adaptação dos trabalhado-
res foi difícil: muitos preferiam abater seus animais a cedê-
-los às cooperativas de camponeses (kolkhozes) ou às
propriedades rurais do Estado (sovkhozes) e rejeitavam
as novas técnicas e máquinas introduzidas na produção.
O regime, por meio do Partido, combateu a resistência dos
O papel do Estado e o trabalho
camponeses, matando ou deslocando milhões de pessoas O regime soviético implantou uma rigorosa ética do tra-
para campos de trabalhos forçados e áreas industriais. balho. Todos deviam dedicar-se à produção, e o bom
O segundo plano quinquenal (1933-1937) completou desempenho no trabalho era identificado à adesão ao
o processo de coletivização da agricultura e ampliou ainda novo modelo de sociedade. Inúmeras campanhas ofi-
mais os investimentos na indústria, que intensificou a ciais enfatizavam a justiça social representada pelo
produção de metais e armas e passou a voltar-se também socialismo e exigiam compromissos e sacrifícios dos tra-
aos bens de consumo. Quando o país entrou na Segunda balhadores na construção da nova ordem. A baixa pro-
Guerra Mundial, em 1941, o terceiro plano estava em exe- dutividade de uma indústria ou setor e as discordâncias
cução e os resultados dos dois primeiros eram notáveis: a em relação às ordens vindas do Partido eram encaradas
produção de aço crescera quase cinco vezes, a extração de como traição nacional. Diversos gerentes e administra-
carvão triplicara e a União Soviética havia se tornado uma dores foram levados a julgamento, acusados de sabota-
potência industrial e militar. rem a produção, pois as fábricas em que trabalhavam
não haviam alcançado as metas estipuladas.
1 Como Lênin concebia a revolução proletária na Revolução Russa é o acontecimento mais importante
Rússia? → DL/CF/SP/H9/H10/H11/H13 da Guerra Mundial". → DL/SP/CA/H7/H9/H15
2 Explique a importância do pensamento revolucio- 4 Identifique os principais objetivos da NEP e dos
nário russo do século XIX e da Revolução de 1905. planos quinquenais. → DL/CF/SP/CA/H8/H11/H18/H20
→ DL/CF/SP/CA/H1/H10/H11/H13 5 Caracterize a propaganda política e a produção cul-
3 Justifique a afirmação de Rosa Luxemburgo: "A tural na União Soviética. → DL/CF/SP/H3/H5/H11/H15/H21
A
expressão “América Latina” surgiu em meados do século XIX e, a
princípio, indicava as áreas de colonização espanhola do continente.
O adjetivo era uma forma de diferenciar uma parte da América que
não pertencia aos Estados Unidos. Para alguns dos autores que difundiram
seu uso, nos primeiros anos do século XX, era ainda uma forma de rejeitar
qualquer controle estadunidense. Aos poucos, a expressão expandiu-se e pas-
sou a ser associada também ao Brasil e a países da região que receberam colo-
nização francesa, inglesa ou holandesa, como o Haiti, a Jamaica e o Suriname.
"América Latina" não foi o único termo criado para designar a América que
◀ ANOS
A revolução
não é America (sem acento, em inglês, significando Estados Unidos). No século
mexicana
XIX, o poeta maranhense Sousândrade usava "Transamérica". O cubano José
Porfírio Díaz torna-se 1876 Martí preferiu "Nossa América". Expressões como Ibero-América, Afro--Améri-
presidente da República, ▾
inaugurando o"Porfiriato". ca ou Ameríndia são também empregadas para se referir aos diversos povos e
Francisco Madero 1908 culturas que participaram da formação das nossas sociedades. "América Lati-
assume a liderança na ▾ na", porém, acabou por ser aceita como a maneira mais ampla, capaz de repre-
oposição a Porfírio Díaz.
sentar a extrema diversidade desse pedaço da América.
Cresce o descontentamento 1909
com Porfírio Díaz. ▾
Levantes camponeses.
Emiliano Zapata lidera 1910 A ditadura de Porfírio Díaz
movimento camponês ▾ Situado imediatamente ao Sul dos Estados Unidos e na porção mais ao norte
de ocupação de terras
em Morelos, sul do México. do que chamamos de América Latina, o México enfrentou sérias disputas e
Queda de Porfírio Díaz e chegada 1911 conflitos por terras desde o período colonial. Durante a luta pela independên-
ao poder de Francisco Madero. ▾
cia, algumas lideranças, como os padres Miguel de Hidalgo (1753-1811) e José
Zapata proclama
o Plano de Ayala. María Morelos (1765-1815), defenderam a distribuição de terras para campo-
Assassinato de Madero 1913 neses e comunidades indígenas, mas foram derrotados e assassinados. Quan-
e chegada ao poder ▾ do o México se tornou um país definitivamente livre do domínio metropolita-
de Victoriano Huerta.
no, persistia a aguda concentração de terras em mãos de um grupo restrito e
Queda de Huerta. 1914
Venustiano Carranza ▾ extremamente poderoso de grandes proprietários.
assume o poder. No decorrer do século XIX, essa situação foi ainda agravada. O país per-
Entra em vigor constituição com 1917 deu quase 40% de seu território numa guerra com os Estados Unidos, no final
forte caráter nacionalista. ▾
da década de 1840. Além disso, os liberais mexicanos, interessados em ace-
Assassinato de Zapata.
1919 lerar o crescimento econômico e construir as bases de um capitalismo nacio-
▾
nal moderno, transformaram terras da Igreja e dos grupos indígenas em áreas
1920 de plantio voltado à exportação e espaço de atuação de investidores, muitos
Pancho Villa depõe as armas. ▾
deles estrangeiros.
1923 O conservador Porfírio Díaz (1830-1915) chegou à presidência, pela primei-
Assassinato de Pancho Villa. ▾
ra vez, em 1876 e estimulou o processo de expropriação das terras de pequenos
Lázaro Cárdenas assume a 1934 proprietários e de comunidades indígenas e camponesas. No plano externo, seu
presidência e dá início a um ▾
plano de reforma agrária. governo pretendia aproveitar o crescimento da demanda por matérias-primas
É criada a organização 1994 num mercado internacional movido pela industrialização acelerada.
guerrilheira Exército Zapatista de ▾ Em sucessivas reeleições, marcadas por fraudes e perseguições políticas aos
Libertação Nacional (EZLN).
opositores, Díaz manteve-se na presidência, quase ininterruptamente, até 1911.
Nesse período, facilitou o ingresso de tecnologia e capitais estrangeiros no país.
O movimento operário, que crescera juntamente com A repressão política não impedia também que o
a industrialização, era rigidamente reprimido e greves movimento operário, alimentado por ideias anarquis-
e protestos eram contidos com violência. A principal tas e socialistas, organizasse sucessivas greves e mani-
atuação do aparato armado do porfiriato, porém, ocorria festações contra a ditadura e por melhores condições de
no campo. Camponeses e indígenas eram mantidos sob trabalho nas fábricas e nas minas. Os sindicatos e fede-
contínua vigilância por tropas oficiais e pelos rurales, rações operárias divulgavam suas propostas em jornais
grupos paramilitares de apoio ao regime. e panfletos que circulavam rapidamente nas regiões de
Descontentamento e resistência concentração industrial, no Norte do México.
Camponeses e indígenas agitavam-se no Norte e,
No princípio do século XX, um grupo de intelectuais
especialmente, no Sul do país. Rejeitavam os recruta-
fundou o Partido Liberal, que reunia diversas tendên-
mentos para trabalhos em grandes propriedades, exi-
cias políticas contrárias ao porfirismo. O programa do
giam a revogação de leis que autorizavam o confisco de
novo partido mostrava alguns dos descontentamentos
terras de pequenos proprietários endividados e o apoio
presentes na sociedade mexicana. Entre outras propos-
oficial à expropriação das terras comunais.
tas, o PL defendia: fim da reeleição, limitação de tama-
Setores liberais burgueses também reagiam ao por-
nho das propriedades rurais e da influência econômica
firismo. No final da década de 1900, Francisco Madero
estrangeira, nacionalização dos bens imóveis da Igreja,
(1873-1913) encabeçou um movimento pelo fim da reelei-
distribuição de terras para os camponeses, proteção às
ção, que permitia a persistência de Díaz no poder. Parte da
comunidades indígenas, criação de uma legislação tra-
burguesia mexicana desejava a democratização do país e
balhista para a cidade e o campo, melhorias no sistema
rejeitava a concentração fundiária excessiva, que pratica-
educacional.
mente suprimira as pequenas propriedades rurais.
Do porfirismo à Revolução:
Porfírio Díaz, ministros e cortesãs,
David Alfaro Siqueiros. Pintura
acrílica em madeira, 1957-1965.
A Revolução Mexicana 39
A Revolução Mexicana 41
As mulheres revolucionárias
A Revolução mobilizou toda a sociedade mexicana por retirado de uma canção que celebrava a coragem e a força de
quase uma década e envolveu homens, mulheres e crianças. uma revolucionária. Nem todos os objetivos das mulheres
Todo o cotidiano foi alterado e a participação política femi- foram atingidos. A Constituição de 1917 não introduziu o voto
nina ampliou-se bastante. Antes da Revolução, as mulhe- feminino, nem aprovou a proposta de pena de morte para
res atuavam no ensino, no trabalho fabril e na agricultura. estupradores. Mas determinou a equiparação salarial entre
Algumas, também, trabalhavam na imprensa e se organi- homens e mulheres e criou a licença maternidade (um mês
zavam em torno de reivindicações de melhoria das condi- depois do parto).
ções da mulher e de questionamento da hegemonia mascu-
lina. O tema apareceu, ainda, nos escritos de Ricardo Flores
1 Caracterize a política agrária durante o porfirismo. "Quem teme a Revolução? Os mesmos que a provoca-
→ DL/SP/H7/H11 ram". → DL/SP/H1/H8/H10/H13
2 Identifique algumas diferenças entre as propostas 4 Por que o Exército Zapatista de Libertação Nacional
revolucionárias de Francisco Madero e Emiliano se considera herdeiro das lutas de Villa e Zapata?
Zapata. → DL/CF/SP/CA/H8/H9/H10/H13/H15/H22 → DL/CF/SP/CA/H8/H9/H10/H13/H15
3 Explique a afirmação de Ricardo Flores Magón:
O
fim da Primeira Guerra Mundial significou, para o continente africa-
no, uma nova virada em sua história. A derrota da Alemanha trou-
xe uma nova subdivisão das possessões coloniais entre as potências
vencedoras, sob controle internacional. Camarões e Togo seriam adminis-
trados por França e Grã-Bretanha conjuntamente; a União Sul-Africana
(atual África do Sul) ficou com o Sudoeste Africano; Bélgica e Grã-Bretanha
partilharam o mandato da África Oriental Alemã. A Bélgica ainda obteve as
províncias de Ruanda e Burundi.
Esse foi o período de consolidação do sistema colonial na África. De acor-
do com a ideologia da época, a presença europeia se definia em termos de res-
ponsabilidade ou de tutela. Divulgava-se a justificativa de desenvolvimento
social e econômico, para o "bem" tanto da África como do restante do mundo.
Contudo, o colonialismo transformou-se num sistema de organização
da produção baseado na exploração de uma força de trabalho desprovida de
direitos políticos e sociais no âmbito do Estado colonial. Tornou-se um siste-
ma de conquista de mercados baseado no monopólio, tanto para os produtos
industriais europeus como para o investimento de capitais.
As sociedades colonizadas, qualquer que fosse o seu estatuto formal
(colônia ou protetorado), após a conquista, foram submetidas e profunda-
mente transformadas. Toda a economia, bem como as infraestruturas físi-
cas e administrativas, voltou-se para a produção de exportação. Os sistemas
sociopolíticos preexistentes foram destruídos ou modelados para garantir a
OH_U6_pag652 preservação da ordem colonial.
MÁRIO YOSHIDA
ÁFRICA (1939)
Políticas coloniais
As políticas coloniais na África podem ser definidas,
grosso modo, como de assimilação (impérios portu-
P í
Península
l
Arábica
guês, francês e belga) ou indiretas (como o britâni-
co e o alemão).
A política colonial de assimilação evocava a iden-
tidade entre a Colônia e a Metrópole, que tinha a "mis-
são" de "civilizar" os povos submetidos. O objetivo era
ato
nc and
fra b m
)
ês
(So
Portugueses
União Sul-Africana)
Por fim, estabeleciam a divisão da sociedade em civi-
Espanhóis
Belgas lizados, assimilados e indígenas.
Italianos
União Sul-Africana ESCALA Os civilizados gozavam de direitos políticos ple-
Estados livres 0 1025 2050 km
nos. Em geral, eram os conquistadores europeus
Fonte: Elaborado com base em SELLIER, J. Atlas dos povos de África. Lisboa: Campo da e seus descendentes. O status de assimilado era
Comunicação, 2004.
A Grande França
As exposições coloniais: Material: Litografia colorida
zoológicos humanos Datação: 1931
Em geral, nas maiores cidades do mundo, há um zoo-
lógico. Tornou-se "normal" observar aniamsis silves- Encontra-se conservado na Biblioteca Histórica
tres (leões, girafas, elefantes, rinocerontes e gorilas) da Cidade de Paris (França).
em pequenos espaços que procuram reconstituir seu
ambiente original. 1 Primeiro olhar: Do final do século XIX até a primei-
ra metade do século XX, desenvolveu-se o concei-
A ideia de promover exposições e feiras com elemen- to de Euráfrica. Tratava-se de uma maneira de jus-
tos "exóticos" surgiu na Europa a partir do final do sécu- tificar o expansionismo dos Estados europeus, que
lo XIX. Tinha o objetivo de mostrar o estranho, o curio- passaram a considerar as sociedades como sua
so, o diferente, por oposição a uma construção racional extensão e os territórios coloniais sob seu domínio.
1 Quais eram os sentidos econômicos do colonialis- 3 Por que o genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994,
mo praticado na África? vincula-se às políticas coloniais na África?
→ DL/SP/H9 → DL/SP/H7/H11
2 Aponte quais eram os dois grandes tipos de políti- 4 Por que os zoológicos, as feiras e as exposições
cas coloniais adotadas pelas potências europeias? representaram mecanismos eficazes na constru-
→ DL/SP ção de preconceitos contra as populações coloni-
zadas? → DL/CF/SP/H2/H7
Kronstadt e a imprensa
"Pequenos cartazes colados nos muros das ruas ainda Os boatos, em todo esse drama, desempenharam um
desertas anunciavam que, por complô e traição, o gene- papel funesto. Com a imprensa oficial ocultando tudo o que
ral contrarrevolucionário Kozlovski tinha-se apoderado de não fosse sucesso e louvor ao regime e a Tcheka [polícia
Kronstadt e convocava o proletariado às armas. Mas, antes secreta soviética] agindo nas trevas absolutas, nasciam a
mesmo de chegar ao Comitê de Seção, encontrei camara- cada instante rumores catastróficos. [...]
das, que acorriam como suas mausers [pistolas], e me dis- O Burô Político decidiu negociar com Kronstadt, depois
seram que era uma mentira abominável, que os marinhei- de lhe dirigir um ultimato, e, como último recurso, atacar a
ros tinham se amotinado, que era uma revolta da armada fortaleza e os couraçados da armada imobilizada no gelo.
e dirigida pelo Soviete. Não era menos grave, talvez; pelo Na verdade, não houve negociações. Foi afixado um ultima-
contrário. O pior era que a mentira oficial nos paralisava. to assinado por Lênin e Trótski, concebido em termos revol-
Jamais tinha acontecido antes que nosso partido nos men- tantes: 'Rendam-se ou serão metralhados como coelhos'. [...]
tisse dessa forma. [...]
O assalto final, desencadeado [...] a 17 de março, termi-
Panfletos distribuídos nos subúrbios deram a conhe- nou com uma audaciosa vitória sobre o gelo. Não dispondo
cer as reivindicações do Soviete de Kronstadt. Era o pro- de bons oficiais, os marinheiros do Kronstadt não souberam
grama de uma renovação da revolução. Eu resumo: reelei- utilizar sua artilharia [...]. Uma parte dos rebeldes alcançou
ção dos Sovietes por voto secreto; liberdade de expressão a Finlândia. Outros se defenderam encarniçadamente, de
e imprensa para todos os partidos revolucionários; liber- forte em forte e de rua em rua. Caíam fuzilados aos gritos de
dade sindical; libertação dos prisioneiros políticos revolu- 'Viva a revolução mundial!', 'Viva a Internacional comunis-
cionários; abolição da propaganda oficial; supressão ime- ta!'. Centenas de prisioneiros foram levados a Petrogrado e
diata dos destacamentos de portagem que impediam que entregues à Tcheka, que, meses mais tarde, ainda os fuzilava
a população se abastecesse à vontade. O Soviete, a guar- em pequenos grupos, estupidamente, criminosamente. Esses
nição de Kronstadt e as tripulações da 1.ª e 2.ª esquadras vencidos pertenciam de corpo e alma à revolução, tinham
se levantavam para fazer triunfar esse programa. exprimido o sofrimento e a vontade do povo russo [...]."
A verdade se infiltrava aos poucos, de hora em hora, SERGE, Victor. Memórias de um revolucionário: 1901-1941.
através da cortina de fumaça da imprensa [...]. E era a São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 150-155.
nossa imprensa, a imprensa da nossa revolução, a primei-
Victor Serge(1890-1947) foi jornalista e escritor, lutou contra
ra imprensa socialista, isto é, incorruptível e desinteressa- o czarismo e participou da revolução de outubro. Crítico do
da, do mundo! [...] autoritarismo de Stálin, foi preso, mas conseguiu fugir da
União Soviética, vivendo no exílio até a morte.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
Engenho e Arte 47
5 Em 1934, o governo português organizou sua Primeira Exposição Colonial na cidade do Porto. Observe atentamente
o mapa abaixo, apresentado durante essa exposição, e responda:
6 Explique a frase do cientista político Mauricio 9 (Fuvest-SP) "Somos produto de 500 anos de luta: pri-
Tragtenberg: "É impossível entendermos a Revolução meiro, contra a escravidão, na Guerra de Independência
de 1917 sem passarmos em revista o que foi chamado contra a Espanha, encabeçada pelos insurgentes;
seu ensaio geral: a Revolução de 1905 e a formação dos depois, para evitar sermos absorvidos pelo expansionis-
novos partidos políticos." → DL/SP/CA/H1/H8/H10/H13 mo norte-americano; em seguida, para promulgar nossa
Constituição e expulsar o Império Francês de nosso solo;
7 Identifique as diversas manifestações artísticas relacio- depois, a ditadura porfirista nos negou a aplicação
nadas à Revolução Mexicana. → DL/CF/SP/CA/H1/H4/H11 justa das leis de Reforma e o povo se rebelou criando
8 (Unesp) "O levante urbano venceu rapidamente a resis- seus próprios líderes; assim surgiram Villa e Zapata,
tência das tropas do general Porfírio Díaz, subindo ao homens pobres como nós, a quem se negou a prepara-
poder Francisco Madero... Simultaneamente, porém, ção mais elementar, para assim utilizar-nos como bucha
alastraram-se as insurreições camponesas cujos líderes de canhão e saquear as riquezas de nossa pátria, sem
não se contentaram com os propósitos de Madero, exigi- importar que estejamos morrendo de fome e enfermi-
ram a reforma agrária. Era o começo da Revolução...". dades curáveis, sem importar que não tenhamos nada,
Engenho e Arte 49
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
País: E
stados Unidos
Mireau e do coronel Dax? Eles mantêm as mesmas
Ano: 1957 atitudes durante todo o filme ou transformam-se
gradualmente?
• De que forma o filme apresenta o tribunal militar e a
lógica que orienta seu funcionamento?
Ação
Um general francês ordena um ataque bastante arriscado
a posições alemãs. A ação fracassa e o general, para punir "Isto não é um ataque, é uma carnificina. Você já sabe do nosso
seus subordinados, determina que a artilharia abra fogo fracasso. Não pode pôr a culpa nos soldados, eles fizeram tudo
contra suas próprias forças. O coronel responsável pela arti- que estava a seu alcance. Tampouco podemos culpar os oficiais
lharia recusa-se a cumprir a ordem e o general, então, sub- do front. A culpa toda é do quartel-general. Para dizer a verda-
mete-o, juntamente com alguns soldados, à corte marcial, de, esse último ataque me fez perder a vontade de continuar
acusando-os de covardia diante do inimigo. lutando. Já vi gente pôr em risco milhares de vidas, apenas com
o intuito de ganhar a própria medalha. No momento não há a
Luzes menor possibilidade de derrotarmos os alemães."
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes Carta de um soldado russo, em 1916. Extraído de: ENGLUND, Peter.
nos Procedimentos metodológicos da página 10. A beleza e a dor: uma história íntima da Primeira Guerra Mundial.
Leia o item A Primeira Guerra Mundial (p. 24). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 208-209.
• Caracterize o tipo de ação militar que predominou na A partir da comparação do fragmento de carta com o
Primeira Guerra Mundial e as dificuldades enfrenta- filme, elabore um texto com a seguinte proposta: "'Glória
das pelas tropas. feita de sangue' e a responsabilidade diante da guerra".
• Identifique os blocos de alianças e as potências em Seu texto deverá abordar os seguintes aspectos:
disputa. • Como o filme apresenta a hierarquia militar;
• O respeito às ordens superiores, dentro de uma
Câmera guerra, deve ser irrestrito, mesmo quando a ordem
Durante a exibição do filme, sugerimos que você faça anota- é absurda ou atenta contra si mesmo?
ções sobre os seguintes temas: • Como o filme caracteriza os anseios e as responsa-
• Observe como a iluminação contribui para caracte- bilidades individuais e coletivas dos personagens.
rizar os personagens e suas atitudes, ora iluminan- → D L/CF/SP/CA/EP/H1/H2/H3/H4/H10/H11/H12/H13/H14/
H15/H21/H23/H24
Estante • REED, John. Dez dias que abalaram o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Radar 51
10
2 O destino bate
à sua porta
DE OLHO nos
O
sol parece escaldante. Um olho. Talvez uma flor. Ou uma Conceitos
fruta tropical. A figura humana é distorcida. A pequena cabe-
ça, distante, apoia-se sobre um fino braço. Quem sabe, uma • Modernismo
diminuta dimensão para a vida intelectual. Um enorme pé descalço • Tenentismo
encaminha o olhar do espectador para o chão, verde, da cor do cacto • Ditadura
que se ergue na vertical. O país é grande, quase um gigante sonolento
e inerte. Sonho e realidade, passado e futuro, verde e amarelo. E azul. • Nazifascismo
Essa é uma descrição do qua- nome a uma revista de circulação
• Antissemitismo
dro da pintora brasileira Tarsila entre a vanguarda cultural do país. • Corporativismo
do Amaral, batizado de Abaporu,
que em tupi significa "aquele que
Tupi or not tupi, that is the question
era o dilema satírico dos modernis-
• Totalitarismo
come". Ele se tornou um dos sím- tas anunciado por Oswald nesse • Proletariado/
bolos do movimento modernista mesmo ano.
classe operária
brasileiro, por sua tentativa de com- Desde o início do século, as • Estado de
binar as particularidades nacio- oposições marcantes da realida- compromisso
nais com as tendências artísticas de brasileira (campo/cidade, bran-
mundiais, a herança cultural e os co/mestiço, rico/pobre, cosmopoli-
impulsos de modernização. Tenta- ta/brasileiro, imigrante/nacional)
va-se entender o Brasil para trans- eram apresentadas nas obras de
formá-lo, procurando alimentar-se autores como Graça Aranha, Lima
MUSEU LATINOAMERICANO, BUENOS AIRES, ARGENTINA
do que lhe seria particular e do que Barreto e Euclides da Cunha. A
seria proveniente de fora. Em resu- inquietação com os problemas
mo, devorar o que a cultura ociden- nacionais esteve no centro da pro-
tal tinha a oferecer, sem perder a dução de artistas e escritores de uma
identidade nacional. Comer o inva- nova geração capitaneada por Mário
sor, como alguns nativos antropó- de Andrade, Oswald de Andrade,
fagos fizeram com os portugueses. Sérgio Milliet, Anita Malfatti, Heitor
A antropofagia virou teoria nas Villa-Lobos, Lasar Segall, Tarsila do
mãos do escritor Oswald de Andra- Amaral, Manuel Bandeira, Menotti
de. Anos depois, em 1928, deu del Picchia e tantos outros.
53
F
uturismo, cubismo, expressionismo, modernismo. Diversas
tendências artísticas eram incorporadas às expressões cultu-
rais dessa elite brasileira que se empenhava em redescobrir
o Brasil. Buscavam-se novas linguagens para expressar os elemen-
tos nacionais. Os temas urbanos, as questões sociais e o folclore
brasileiro seriam tratados em versos livres, distantes das rígidas
métricas acadêmicas. A língua portuguesa deveria se desligar das
padronizações lusitanas e assumir sua feição mais genuína e, por-
tanto, particular. A pintura e a escultura disporiam de formas geo-
métricas, fazendo a defesa da tecnologia e do progresso científico.
As palavras de ordem eram renovação e compromisso com a civili-
zação técnica.
Os modernistas Evidenciando uma tendência mundial, os modernistas brasilei-
René Thiollier (1); Manuel Bandeira (2); ros dividiram-se, basicamente, em dois grupos: o Movimento Pau
Mário de Andrade (3); Manoel Vilaboin -Brasil, que aglutinava, em sua maioria, artistas e intelectuais de
(4); Francesco Pettinati (5); Cândido Motta esquerda, muitos dos quais, nos anos seguintes, ingressariam no
Filho (6); Paulo Prado (7); não identifica-
do (8); Graça Aranha (9); Afonso F. Schmidt
Partido Comunista; e o Grupo Verde-Amarelo, depois transforma-
(10); Goffredo da Silva Telles (11); Couto do em Grupo da Anta, defensor de um nacionalismo ufanista e que
de Barros (12); Tácito de Almeida (13); tendia à direita. Alguns dos integrantes deste último grupo, como
Luís Aranha (14); Oswald de Andrade (15); Plínio Salgado, organizariam, na década de 1930, a versão tupini-
Rubens Borba de Moraes (16).
quim do nazifascismo, o integralismo.
Integrantes do Movimento
Apesar de contundentes, as armas da cultura não consegui-
Modernista, São Paulo, 1922.
ram pôr fim ao regime oligárquico. A revolta das letras, dos acor-
des e das tintas não ia além dos sofisticados salões e teatros da
ACERVO ICONOGRAPHIA
MÁRIO YOSHIDA
A COLUNA PRESTES-MIGUEL COSTA (1924-1927)
rança do capitão Luís Carlos Pres-
tes, formava-se a Coluna Gaúcha.
Manaus
De São Paulo, partia a Coluna Belém Pau-
AMAZONAS
lista. Com a fusão, o comando foi Fortaleza
1924 Teresina
entregue a Miguel
PARÁ
1924
Costa e aMARANHÃO
chefia CEARÁ RIO GRANDE
DO NORTE
Iguatu
Natal
do Estado-maior, a Prestes.Uruçuí Com Picos
Manaus
Belém
Piancó PARAÍBA Paraíba
Floriano
efetivo militar que chegou a con- PIAUÍ AMAZONAS
Pedro Afonso PERNAMBUCO Recife
Fortaleza
1924 Teresina
tar 1 500 homens e a percorrerBomanso 24 Sento Sé
Maceió
PARÁ
1924 MARANHÃO CEARÁ RIO GRANDE
DO NORTE
ALAGOAS Iguatu
Porto Nacional Natal
mil quilômetros, a Coluna Pres- BAHIA SERGIPE 1924 Aracaju Uruçuí
Picos
PARAÍBA Paraíba
MATO GROSSO Lençois Floriano Piancó
tes-Miguel
1924 Costa cortou GOIÁSo territó-
Taguatinga
Salvador Pedro Afonso PIAUÍ PERNAMBUCO Recife
Rio das Contas
rio brasileiro, adotando
Niquelândia táticas de
ACREPosse
Bomanso
Sento Sé
Maceió
Porto Nacional ALAGOAS
BOLÍVIA guerrilha contra Goiás
Cuiabá as forçasAnápolis
leais ao OCEANO
BAHIA SERGIPE
1924 Aracaju
MATO GROSSO Lençois
San Martingoverno. Já exauridos, no começo
Jataí ATLÂNTICO 1924 GOIÁS Taguatinga
Salvador
Coxim MINAS GERAIS Rio das Contas
de 1927 os rebeldes exilaram-se Niquelândia Posse
Camapuã Belo Horizonte ESPÍRITO SANTO
na Bolívia e no Paraguai. BOLÍVIA
Vitória Cuiabá Goiás
Anápolis OCEANO
Campo Grande
SÃO PAULO San Martin
ATLÂNTICO
Programa reformista
Porto Murtinho Ponta Porã 1924 Jataí
RIO DE JANEIRO (1922) MINAS GERAIS
Rio de Janeiro Coxim
PARAGUAI (Distrito Federal) Belo Horizonte ESPÍRITO SANTO
O tenentismo, que promoveuSão
PARANÁ uma
Paulo Camapuã
OCEANOCuritiba Vitória
Foz do Iguaçu
intensa campanha de desestabi-
PACÍFICO Porto Murtinho
Campo Grande
SÃO PAULO
SANTA Ponta Porã 1924 RIO DE JANEIRO (1922)
lização do governo ArturFlorianópolis
Santo Ângelo CATARINA Bernar- PARAGUAI
Rio de Janeiro
São Luís Gonzaga Cruz Alta (Distrito Federal)
des, não foi capaz de fortalecer a PARANÁ
São Paulo
RIO GRANDE Curitiba
participação dos grupos
DO SUL urbanos
Porto Alegre Foz do Iguaçu
ARGENTINA 1924 SANTA
na política nacional. Defendia um Santo Ângelo CATARINA Florianópolis
URUGUAI 0 365 São730
Luískm
Gonzaga Cruz Alta
programa reformista, calcado no
RIO GRANDE
nacionalismo e na purificação das DO SUL Porto Alegre
ARGENTINA 1924
instituições republicanas, com a
URUGUAI 0 365 730 km
diminuição do poder das oligar- Coluna Paulista (1924)
Coluna Gaúcha (1924-25)
quias regionais e, se necessário, a Coluna Prestes
Fonte: Elaborado com base em PRESTES, A. L. Uma epopeia
implantação de uma ditadura. Con- Do Paraná a Minas Gerais brasileira: a Coluna Prestes. São Paulo: Moderna, 1995.
(dezembro de 1924 a abril de 1925)
teúdo ameno e intervenção radical De Minas Gerais à Bolívia
Coluna Paulista (1924)
(abril de 1926 a fevereiro de 1927) Coluna Gaúcha (1924-25)
foram as marcas de um movimento Coluna Prestes
Do Paraná a Minas Gerais
(dezembro de 1924 a abril de 1925)
56 Capítulo 2 O destino bate à sua porta De Minas Gerais à Bolívia
(abril de 1926 a fevereiro de 1927)
1 O que era a antropofagia cultural defendida pelos 3 Defina tenentismo. Quais eram as propostas desse
modernistas? → DL/SP/H11 movimento? → DL/SP/H9/H10/H11
2 Quais eram os dois principais grupos do modernismo 4 Modernismo, tenentismo e BOC constituíram três
brasileiro? Quais as suas diferenças ideológicas? formas de contestação ao regime oligárquico.
→ DL/SP/H9/H11 Identifique os pontos em comum dessas vanguardas.
→ DL/CF/SP/H9
C
oke, jazz, Ford, United Fruit, Lee, Singer, dollar: a economia mun-
dial começava a sentir a presença dos Estados Unidos no início
do século XX. Os impressionantes avanços tecnológicos verifica-
dos na época lançaram as principais potências capitalistas numa inten-
sa disputa por mercados consumidores de seus produtos industrializados
◀ ANOS
cronologia
e fornecedores de matérias-primas. Os Estados Unidos, uma das bases da
da crise
Segunda Revolução Industrial, transformaram a América Central em sua
O presidente dos Estados 1920 principal área de influência, controlando a economia e a política dos países
Unidos, Woodrow Wilson, ▾
recebe o Nobel da Paz por seus da região.
esforços diplomáticos ao final
da Primeira Guerra.
No início da década de 1920, os Estados Unidos viviam um perío-
do de incrível crescimento econômico. A Primeira Guerra Mundial havia
Produção industrial 1928
dos Estados Unidos representa ▾ abalado a economia das potências europeias, que tiveram áreas de plan-
45% da produção mundial.
tio destruídas e sua capacidade industrial severamente reduzida. Fran-
Terça-feira, 3 de setembro: 1929 ça e Grã-Bretanha, embora vencedoras na guerra, estavam endividadas;
O índice da Bolsa de Nova ▾
York atinge o recorde a Alemanha, arrasada. Ampliou-se, assim, significativamente, o mercado
de 381,17 pontos. consumidor para as exportações estadunidenses e os Estados Unidos tor-
Quinta-feira, 24 de outubro:
naram-se, em poucos anos, responsáveis por quase um terço da produção
A Bolsa cai 9%. Doze milhões de
ações trocaram de mãos, quando industrial do mundo e o principal exportador.
a média diária era de 4 milhões. A classe média estadunidense aproveitava a explosão de crescimen-
O pânico toma as ruas
de Nova York. to e elevava significativamente seu padrão de consumo, valendo-se do
Quarta-feira, 13 de novembro: aumento de recursos e da ampliação do crédito. Bens duráveis, como
A Bolsa fecha a 198,6 pontos, geladeiras e enceradeiras, alimentos industrializados e roupas compra-
o menor índice do ano.
das prontas tornaram-se comuns nas casas. A oferta de energia elétrica,
Uma perda de quase
48% em relação ao pico a construção civil e a indústria automobilística ampliaram-se, oferecen-
de 3 de setembro.
do bases para o avanço nos demais setores da economia. O automóvel
Adoção de medidas 1930 ganhou as ruas: havia um para cada seis pessoas – na Europa, a propor-
protecionistas por parte do ▾
governo dos Estados Unidos ção era de um para quase 90. O presidente Herbert Hoover (1874-1964)
tentando reduzir as importações.
celebrava o momento, proclamando "Com a ajuda de Deus, logo chegará o
A Bolsa fecha a 41,22 pontos, 1932 dia em que a pobreza será banida da nação".
uma queda de 89% em relação ▾
ao pico de setembro de 1929. A Bolsa de Valores também se expandiu em meio à efervescência dos
Eleição de Franklin Delano recursos disponíveis e à ótima condição das empresas. O valor de merca-
Roosevelt como presidente
dos Estados Unidos. do das ações subia rapidamente e gerava a crença num crescimento inin-
A taxa de desemprego nos 1933 terrupto e na riqueza rápida. Grandes e pequenos investidores aposta-
Estados Unidos atinge 25%. ▾ vam no mercado financeiro, que também atraía, com seu vigor, recursos
Início do New Deal.
estrangeiros.
Início da Segunda 1939
Guerra Mundial. ▾
História E Atualidades>> O
funcionamen-
ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
to da Bolsa de Valores
Quando uma empresa deseja captar recursos, ela abre
seu capital ao mercado, vendendo ações. Cada ação
representa uma parcela da empresa e seu valor real é
proporcional ao valor da empresa. A princípio, quan-
do os lucros da empresa crescem, o valor das ações
sobe; quando eles declinam, as ações caem. No entan-
to, se houver grande procura por certas ações, seu preço
– valor de mercado – pode subir, independentemente
da condição financeira da empresa. Da mesma forma,
uma notícia ruim, verdadeira ou não, sobre determina- Operadores da Bolsa de Valores de São Paulo, 1997.
da empresa pode derrubar o valor de mercado de suas MAURICIO LIMA/AFP
O New Deal do deveria aumentar os tributos dos mais ricos para, com
Desgastado pela crise, o presidente Hoover, que pou- os recursos, financiar a abertura de frentes de trabalho,
cos anos antes previra o fim da pobreza, foi facilmente gerando empregos.
derrotado por Franklin Delano Roosevelt (1883-1946), Com mais trabalhadores empregados e recebendo
candidato do Partido Democrata, nas eleições presiden- salários regulares, ocorreria um reaquecimento do con-
ciais de 1932. Ao contrário de Hoover, Roosevelt prega- sumo que, por sua vez, ajudaria na recuperação econô-
va a forte intervenção do Estado na economia, para ace- mica e iniciaria um novo ciclo de abertura de postos de
lerar a recuperação econômica. Desde a campanha, ele trabalho, de mais consumo e mais produção.
já defendia a aplicação de um conjunto de ajustes, inti- Entre outras medidas, o governo Roosevelt reduziu a
tulado New Deal (Novo Acordo). jornada de trabalho, para abrir novos postos. Coordenou
O princípio que orientava a proposta de Roosevelt a construção de hospitais, aeroportos, barragens, estra-
era privilegiar a criação de empregos por meio de obras das, pontes, usinas hidrelétricas e sistemas de águas e
públicas gerenciadas pelo Estado. O programa coinci- esgotos. A abertura de 40 mil novas escolas, além da
dia com as ideias do economista liberal britânico John mão de obra necessária para a construção civil, gerou
Maynard Keynes (1883-1946), que defendia que o Esta- empregos para dezenas de milhares de professores.
que haviam caído em função do excesso de oferta. Ao (Cesgranrio) A política "New Deal" (1933-39),
mesmo tempo, ofereceram-se facilidades para a expor- implementada nos Estados Unidos pelo presidente
tação, como redução ou abolição de impostos e baratea- Franklin Roosevelt, significou um(a):
mento do custo do transporte. Foram criadas linhas de a) combate ao liberalismo através da contenção dos
empréstimos com baixas taxas de juros para a recupe- níveis de consumo interno.
ração de empresas que enfrentavam dificuldades e para b) estímulo à política de criação de empregos com
estimular a retomada da produção industrial. grandes investimentos em infra-estrutura.
c) proibição da emissão monetária, o que impediu o
A crise mundo afora crescimento da inflação.
Os resultados do New Deal foram significativos, mas
d) retração da produção industrial, o que provocou o
insuficientes para, a curto prazo, superar plenamen-
recrudescimento da economia.
te a crise. Em 1935, os índices de consumo já haviam
e) redução acentuada dos gastos governamentais, o
aumentado em 50%, mas o ritmo de crescimento eco-
que estabilizou as finanças públicas.
nômico ainda era insuficiente e o número de desempre-
gados persistia alto: cerca de 9 milhões de pessoas, que → DL/CF/H9
→ conforme tabelas das páginas 8 e 9.
representavam 7% da população.
Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) durante sua passagem por Itararé (SP), a caminho do Rio
de Janeiro, logo após a derrubada de Washington Luís pela Revolução de 1930. São Paulo, 1930.
Granger/Glow Images
da década de 1920. Havia muitas razões para que, naqueles
anos, as cotações das ações comuns começassem a subir. As
empresas estavam bem e cresciam. O prognóstico parecia
positivo. No início dos anos 1920, as cotações das ações
estavam baixas e os rendimentos, favoráveis.
Nos últimos seis meses de 1924, as cotações das
seguradoras começaram a subir, e o aumento prosseguiu
e ampliou-se ao longo de 1925. [...] Em 1928, mudou a
natureza do boom. Mais do que olhar para a realidade,
muitos refugiaram-se na crença do contínuo crescimento
e, então, iniciou uma verdadeira orgia especulativa. Ainda
era necessário, porém, dar algumas garantias àqueles que
exigiam algum lastro, mesmo se tênue, com a realidade. [...] Wall Street Stock Market Crash. United States, 1929.
"However, the time had come, as in all periods of
speculation, when men sought not to be persuade of the "$100 will buy this car. Must have cash. Lost all on the stock
reality of things but to find excuses for escaping into the market"
new world of fantasy."
GALBRAITH, John Kenneth. The Great Crash 1929. John Kenneth Galbraith(1908-2006), foi economista,
New York: Houghton Mifflin, 1997. p. 7-12. diplomata e um dos mais influentes pensadores liberais do
(traduzido pelos autores) século XX, tendo atuado nos governos de Franklin Delano
Faça Roosevelt, Harry Truman, John Kennedy e Lyndon Johnson.
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Leia o texto, observe a imagem e responda: c) Traduza e explique a frase e seu significado no
a) Traduza para o português o que está escrito no contexto da especulação do final dos anos 1920:
cartaz apoiado no automóvel e caracterize o tipo "However, the time had come, as in all periods of
de texto. → DL/CF/H1 speculation, when men sought not to be persuade of
the reality of things but to find excuses for escaping
b) Estabeleça uma relação entre o cenário financeiro
into the new world of fantasy."
da década de 1920, citado no texto, e a foto.
→ DL/CF/SP/H11/H15
→ DL/CF/H1/H4/H11/H15
"S
enhores, o que venho fazer hoje nesta Câmara é um ato formal de res-
peito, mas não peço, em troca, qualquer gesto recíproco de reconhe-
cimento especial. [...] Devo advertir a todos os senhores que estou
aqui para defender e desenvolver a revolução dos camisas-negras, que haverá
de se tornar uma força pelo crescimento, o progresso e o prestígio da nação.
Eu poderia ter vencido completamente. Mas impus-me limites. [...] Com 300 mil
jovens armados dispostos a tudo e esperando minhas ordens em atitude mística,
eu poderia ter punido todos aqueles que haviam falado mal do fascismo, tentan-
do arrastá-lo na lama. Poderia ter transformado essa câmara cinzenta e sombria
num acampamento para meus pelotões. [...] Poderia ter fechado o Parlamento
e formado um governo exclusivamente fascista. Poderia, mas, pelo menos por
enquanto, não quis."
Benito Mussolini, 16/11/1922.
Apud SASSOON, Donald. Mussolini e a ascensão do fascismo.
◀ ANOS
O fascismo e o nazismo 65
O fascismo e o nazismo 67
O fascismo e o nazismo 69
4 Da cabeça cortada
do aristocrata sai um
Em primeiro plano, um
3 soldado a cavalo. Ele
aristocrata segurando porta uma suástica
uma caneca de cerveja na gravata.
e uma espada.
1 Por que os fascistas afirmavam que a Itália havia 3 Como se estruturava a propaganda política no fascis-
obtido, na Primeira Guerra, uma "vitória mutilada"? mo e no nazismo? → DL/CF/SP/CA/H9/H11/H15/H17/H21
→ DL/SP/CA/H2/H7/H8/H9/H11/H13 4 Relacione a ascensão nazista à Primeira Guerra
2 Explique a frase de Mussolini: "Com 300 mil jovens Mundial e à Crise de 1929.
armados dispostos a tudo e esperando minhas ordens → DL/SP/CA/H2/H7/H8/H9/H11/H13
em atitude mística, eu poderia ter punido todos aque- 5 Identifique os elementos centrais do ideário nazista.
les que haviam falado mal do fascismo, tentando → DL/CF/SP/CA/H7/H8/H11/H15
arrastá-lo na lama." → DL/CF/SP/CA/H1/H8/H10/H15
O fascismo e o nazismo 71
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Como emoção e racionalidade combinavam-se nas a) Nos dias de hoje, quais são as circunstâncias em
manifestações nazistas? → DL/CF/SP/H2/H21 que ocorre o aparecimento do homem-massa?
→ DL/CF/SP/H21
2 Como participantes de uma manifestação coletiva, que
reunia milhares de pessoas, os homens assumem uma b) Como tal fenômeno está relacionado com a vio-
identidade também coletiva. É o fenômeno denomina- lência urbana verificada nas grandes cidades do
do "homem-massa" por Wilhelm Reich. mundo? → DL/CF/SP/H9
1 (Enem) "João de Deus levanta-se indignado. Vai até parecimento no Rio de Janeiro. Hoje, se houver desafo-
a janela e fica olhando para fora. Ali na frente está a ro, a gente o engole calado e humilhado. Já não se pode
panificadora italiana de Gamba & Filho. Ontem era nem brigar. Não há clima, nem espaço."
uma casinhola de porta e janela, com um letreiro torto ALENCAR, E. "Os cafés do Rio". In: GOMES, D. Antigos cafés
e errado: "Padaria Nápole". Hoje é uma fábrica… João do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Kosmos, 1989. (adaptado)
de Deus olha e recorda… Quando Vittorio Gamba che- O autor lamenta o desaparecimento dos antigos
gou da Itália com uma trouxa de roupa, a mulher e um cafés pelo fato de estarem relacionados com:
filho pequeno, os Albuquerques eram donos de quase
a) a economia da República Velha, baseada essen-
todas as casas do quarteirão. […] O tempo passou. Os
cialmente no cultivo de café.
negócios pioraram. A herança não era o que se espe-
rava. Com o correr dos anos os herdeiros foram hipo- b) o ócio (pausa revigorante) associado ao escravis-
tecando as casas. Venciam as hipotecas, não havia mo que matinha a lavoura cafeeira.
dinheiro para resgatá-las. As propriedades, então, iam c) a especulação imobiliária que diminuiu o espaço
passando para a mão dos Gambas, que prosperavam". disponível para este tipo de estabelecimento.
VERÍSSIMO, E. Música ao longe. Porto Alegre: Globo, 1974. (adaptado) d) a aceleração da vida moderna, que tornou incom-
O texto foi escrito no começo da década de trinta e patíveis com o cotidiano, tanto o hábito de "jogar
revela, por meio das recordações do personagem, conversa fora" quanto as brigas.
características sócio-históricas desse período, as e) o aumento da violência urbana, já que as brigas,
quais remetem: cada vez mais frequentes, levaram o cidadão a
a) à ascensão de uma burguesia de origem italiana. abandonar os cafés do Rio de Janeiro.
b) ao início da imigração italiana e alemã, no Brasil, → DL/CF/SP/H1/H9
a partir da segunda metade do século. 4 (Enem) "A crise de 1929 e dos anos subsequentes teve
c) ao modo como os imigrantes italianos impuse- sua origem no grande aumento da produção indus-
ram, no Brasil, seus costumes e hábitos. trial e agrícola, nos EUA, ocorrido durante a 1.ª Guerra
d) à luta dos imigrantes italianos pela posse da terra Mundial, quando o mercado consumidor, principalmen-
e pela busca de interação com o povo brasileiro. te o externo, conheceu ampliação significativa. O rápi-
do crescimento da produção e das empresas valorizou
e) às condições socioeconômicas favoráveis encontra- as ações e estimulou a especulação, responsável pela
das pelos imigrantes italianos no início do século. "pequena crise" de 1920-21. Em outubro de 1929, a
→ DL/CF/SP/H1/H11 venda cresceu nas Bolsas de Valores, criando uma ten-
2 "Ode ao burguês dência de baixa no preço das ações, o que fez com que
muitos investidores ou especuladores vendessem seus
Eu insulto o burguês! O burguês níquel, O burguês-
papéis. De 24 a 29 de outubro, a Bolsa de Nova York teve
burguês!
um prejuízo de US$ 40 bilhões. A redução da receita tri-
A digestão benfeita de São Paulo! butária que atingiu o Estado fez com que os emprésti-
O homem-curva! O homem-nádegas! mos ao exterior fossem suspensos e as dívidas, cobra-
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, das; e que se criassem também altas tarifas sobre pro-
dutos importados, tornando a crise internacional".
É sempre um cauteloso pouco a pouco!"
RECCO, C. História: a crise de 29 e a depressão do capitalismo.
ANDRADE, M. Poesias completas.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/
Belo Horizonte: Villa Rica, 1993. p. 88.
ult305u11504.shtml. Acesso em: 26 out. 2008. (adaptado)
Essa estrofe do poema de Mário de Andrade revela uma Os fatos apresentados permitem inferir que:
clara disposição ideológica de seu autor. Compare-a ao a) as despesas e prejuízos decorrentes da 1.ª Guerra
poema-marcha de Maiakóvski: "Come ananás, mastiga Mundial levaram à crise de 1929, devido à falta de
perdiz, / Teu dia está prestes, burguês" (ver p. 34). capital para investimentos.
→ DL/CF/SP/H1/H10/H11 b) o significativo incremento da produção industrial
3 (Enem) "Desgraçado o processo que escamoteia as e agrícola norte-americana durante a 1.ª Guerra
tradições saudáveis e repousantes. "O café" de anti- Mundial consistiu num dos fatores originários da
gamente era uma pausa revigorante na alucinação da crise de 1929.
vida cotidiana. Alguém dirá que nem tudo era paz nos c) a queda dos índices nas Bolsas de Valores pode
cafés de antanho, que havia muita briga e confusão ser apontada como causa do aumento dos preços
neles. E daí? Não será por isso que lamento seu desa- de ações nos EUA em outubro de 1929.
Engenho e Arte 73
Engenho e Arte 75
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
País: Itália
Ano: 2000 Para que você possa construir sua leitura do filme é
importante prestar atenção aos elementos que ele ofere-
ce. Por isso, sugerimos que tome notas sobre:
• os objetos utilizados pelo diretor como elementos
simbólicos (espelhos, janelas e bondes);
• a maneira como os dois concorrentes lidavam com
O ano é 1938. Itália e Alemanha vivem sob regimes tota- suas lojas e profissões;
litários que se opõem aos modelos liberal ou comunis- • as principais características de cada família apre-
ta e objetivam a modernização da sociedade e o triunfo sentada;
de uma suposta raça ariana a ser alcançado pela elimina- • a maneira como os cunhados de Umberto se viam
ção das ditas "raças inferiores". Esse é o pano de fundo em relação ao governo fascista;
para a narrativa das histórias de Umberto, Leone e res- • a posição assumida por Umberto após os decretos
pectivas famílias. Umberto herdou da família a tradição que sucederam à visita de Hitler.
da alfaiataria, que exerce em sua loja de tecidos e confec-
ções. Leone, um judeu, é o novo vizinho que abandonou Ação
o ramo de venda de cortinas e abriu uma loja de confec-
1 Retome as anotações feitas no item "Luzes" desta
ções ao lado do estabelecimento de Umberto. Os vizinhos
seção e indique como aparecem no filme os aspectos
brigam por clientes, enquanto seus filhos, Lele e Paolo,
do regime fascista.
nutrem forte amizade entre si. Os rumos dessas famílias
são bruscamente alterados após a visita de Hitler à cida- 2 Tendo em mente as informações estudadas no módulo
de de Roma. e suas observações sobre o filme, responda:
a) como você interpreta o título do filme?
Luzes
b) em sua opinião, em que consiste a deslealdade a
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes que o título se refere?
nos Procedimentos metodológicos da página 10. → DL/CF/SP/CA/H8/H9/H10/H11/H13/H14/H15
Leia novamente o item O fascismo e o nazismo (p.
65) e identifique as principais características do discurso
Estante • BRENER, Jayme. 1929 – A crise que mudou o mundo. São Paulo: Ática, 1996.
ELEIÇÕES
PARTIDOS 1928 – 1930 – 1932 – 1932 – 1933 –
20/maio 14/set. 31/jul. 6/nov. 5/mar.
Radar
Comunista Alemão 10,6 13,1 14,2 16,8 12,3
Social-Democrata Alemão 29,6 24,5 21,5 20,4 18,3
Católico de Centro 11,9 11,7 12,4 11,9 11,2
Popular Bávaro 3,9 3,0 3,2 2,9 2,7
Democrático Alemão 4,9 3,7 1,0 0,9 0,8
Popular Alemão 8,7 4,5 1,1 1,7 1,0
Popular Nacional Alemão 14,2 7,0 5,9 7,2 8,0
Nazista 2,6 18,3 37,2 33,1 43,9
Outros 14,5 14,2 3,5 5,2 1,8
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Faça
em se
cadernu Todas as alternativas são confirmadas pelos 4 – Apesar da importância da cultura do café, já
o
dados dessa tabela, exceto: existiam, nos anos 1920, investimentos em
→ conforme a) Ao longo do período, o Partido Católico de diversos setores da economia brasileira.
tabelas das Centro é o que apresenta o eleitorado mais 5 – Os anos 1920 representaram a ascensão
páginas 8 e 9. fiel. dos comunistas dentro do movimento
b) Ao longo do período, o comportamento do operário da Primeira República.
eleitorado tende a se deslocar da esquerda Estão corretas apenas:
Tá na rede!
(PCA e PSDA) para a direita (PPA, PPNA e a) 1, 2 e 4
QUESTÕES Nazista).
b) 2, 3 e 4
DE ENEM c) Ao longo do período, o PSDA é o único par-
c) 1 e 3
Digite o endereço tido que mantém tanto o eleitorado de
abaixo na barra esquerda quanto o de centro. d) 3, 4 e 5
do navegador de e) 1 e 5
d) Após a crise de 1929, todos os partidos,
internet: http://goo.
gl/xog0Jb. Você com exceção do Comunista, perdem votos → DL/SP/H9
pode também tirar para o Nazista. 3 (Unirio/Ence-RJ) As crises política, social e
uma foto com um e) Em 1933, a direita (PPA, PPNA e Nazista) cultural das décadas de 20 e 30 no Brasil estão
aplicativo de QrCode detinha a preferência da maioria absoluta associadas a vários movimentos, entre eles o
para saber mais sobre
dos eleitores. tenentismo, que pode ser definido como:
o assunto. Acesso em:
4 abr. 2016. → DL/CF/SP a) Movimento social com marcada participa-
2 (UFPE) Leia as afirmativas abaixo, referentes ção das classes populares urbanas.
aos anos 1920, no Brasil. b) Manifestação de parcela do exército repre-
1 – Os anos vinte reforçaram o poder das oli- sentada pelos oficiais mais jovens.
garquias e não envolveram lutas por rei- c) Expressão das dissidências político-eleito-
vindicações políticas democráticas. rais entre as oligarquias dominantes.
2 – O movimento tenentista expressava as d) Revolução agrária caracterizada pelo levan-
insatisfações políticas do momento ape- te das populações rurais em função da
Página dedicada a
questões já aplica- nas do ponto de vista da estratégia militar. Coluna Prestes.
das em provas do 3 – O movimento modernista significou, entre
ENEM. Busque exer- e) União das classes médias urbanas com
cícios sobre os temas outras coisas, uma reflexão sobre a identi- as oligarquias cafeeiras em oposição aos
desenvolvidos neste dade cultural brasileira, apesar das influên- movimentos populares.
capítulo.
cias europeias modernistas.
→ DL/SP/H11
Radar 77
10
3 Retratos do Brasil
DE OLHO nos
N
o início do governo provisório de Getúlio Vargas (1930- Conceitos
-1934), as divergências entre os grupos no poder eram evi-
dentes. Com uma ponta de arrependimento e muita inse- • Constitucionalismo
gurança, os representantes das oligarquias regionais viam chegar • Sufrágio universal
interventores, geralmente tenentes, nomeados pelo presidente, para
dirigirem seus Estados com amplos poderes. • Feminismo
No Norte-Nordeste havia até ventores, que muitas vezes aproxi- • Integralismo
um "vice-rei", como ironicamen- mavam-se perigosamente dos ope- • Antissemitismo
te era chamado o "tenente" Juarez
Távora, responsável pela super-
rários e trabalhadores rurais com
propostas de apelo popular. Medi- • Trabalhismo
visão política de toda a região. A das como redução do preço de alu- • Populismo
cúpula do Exército também esta-
va apreensiva com o poder exces-
guéis, melhorias nos serviços de
saúde, organização de sindicatos e • Territorialização do
sivo dos tenentes, por eles comba- expropriação das terras dos fazen-
mercado de trabalho
tidos na década de 1920. À frente
de todos estava Vargas, mas naque-
deiros comprometidos com o anti-
go governo punham em confronto
• Substituição de
importações
les primeiros meses não se sabia ao interventores e oligarcas.
certo quem ocupava de fato o poder. De outro lado, era visível a
A instabilidade política decor- intenção de Vargas de não se tornar
ria da incapacidade de os principais refém dos grupos regionais. Assim,
atores sociais (oligarquias regionais, o presidente dissolveu de imediato
classes médias, militares e trabalha- o Congresso Nacional, espaço privi-
dores) imporem um projeto de orga- legiado de representação das elites
nização do poder à nação e exerce- brasileiras, concentrando os pode-
rem, com isso, sua hegemonia sobre res no Executivo federal. A mesma
os demais. No núcleo do governo, medida foi aplicada aos estados e ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO/ALESP
79
E
mpossado em 3 de novembro de 1930, Vargas assumiu o compro-
misso de convocar uma Assembleia Constituinte, a fim de elabo-
rar uma nova Constituição para o Brasil. No entanto, os "tenentes",
organizados no Clube 3 de Outubro, procuravam prolongar o governo
provisório, com o objetivo de enfraquecer o poder regional no Brasil e
consolidar suas posições políticas. Com Getúlio Vargas, os tenentes viam
a possibilidade de estabelecer um Estado forte e centralizado no Brasil,
um velho projeto acalentado desde o final do século XIX por grande parte
do Exército.
Os descontentamentos logo se transformaram em clara oposição. As oli-
garquias regionais exigiam o restabelecimento do jogo parlamentar. Anti-
gos aliados ergueram-se contra o governo e exigiram a convoca-
ção da Constituinte e o fim do governo provisório. A maior parte
Propaganda paulista dos estados do Norte-Nordeste, Minas Gerais e até mesmo o Rio
No cartaz de propaganda da revolta de 1932, um Grande do Sul, terra de Vargas, voltaram-se contra o presidente.
bandeirante, símbolo da história paulista, segura
Mas o principal foco de oposição residia em São Paulo.
em uma mão o presidente Vargas. Atrás, um solda-
do carrega a bandeira de São Paulo. A chamada Revolução Constitucionalista de 1932, derrota-
da em menos de três meses, era indicativa das dificuldades polí-
Abaixo a dictadura, anônimo.
Litografia colorida, 1932. ticas daquele momento. Apesar de contar com simpatias entre
oligarquias de várias partes do país, os paulistas ficaram isola-
dos. Nenhum grupo se arriscou nem viu perspectivas de sucesso
CPDOC/FGV, RIO DE JANEIRO, BRASIL
A Constituinte de 1934
Nas eleições para a Constituinte, realizadas em maio de
1933, o governo estabeleceu um conjunto de regras que
aperfeiçoava o processo eleitoral ao mesmo tempo que
enfraquecia o poder oligárquico. O estabelecimento do
voto secreto diminuía a ocorrência de fraudes e a cor-
Propaganda convocando jovens paulistas para a Revolução rupção eleitoral. Por outro lado, a extensão do direito
Constitucionalista. Cartaz, 1932. (detalhe) de voto para as mulheres ampliava o eleitorado. Por
A moldura oligárquica 81
ACERVO ICONOGRAPHIA
liberdade. Na Inglaterra, Mary Wollstonecraft escreveu,
em 1792, o livro Defesa dos direitos da mulher, baseado no
princípio dos "direitos naturais" do indivíduo.
Em 1848, na França, uma nova revolução resultou na
instituição do sufrágio universal, o direito de voto. Mas só
os homens poderiam votar. A República que utilizava as
mulheres como símbolo excluía-as do jogo político. No
mesmo ano, a Convenção dos Direitos Femininos realiza-
da em Nova York publicava a "Declaração dos Sentimen-
tos", que defendia o direito de voto para as mulheres. Sua
principal palavra de ordem era: "Homens, seus direitos
e nada mais! Mulheres, seus direitos e nada menos!".
Foram insultadas, ridicularizadas e agredidas.
O início do século XX foi marcado por manifesta- Mulher votando nas eleições para a Assembleia
ções sufragistas, como foram designadas as mulheres Constituinte. Rio de Janeiro, maio de 1933.
1 Quais eram as principais divergências entre tenen- 3 Como Vargas limitou o poder das oligarquias?
tistas e oligarquias durante o governo provisório de → DL/CF/SP/H9
Getúlio Vargas? → DL/CF/SP/H9 4 Em que termos realizou-se o enquadramento das
2 Em que medida tais divergências eram seme- oligarquias no novo jogo político? → DL/CF/SP/H9
lhantes àquelas verificadas, durante a República 5 Por que a Revolução de 1932 não obteve apoio de
Oligárquica, entre o Exército e as oligarquias? outros grupos regionais? → DL/CF/SP/H9
→ DL/CF/SP/H9
"A
gora eu vou mudar minha conduta,
Eu vou pra luta
Pois eu quero me aprumar.
Vou tratar você com força bruta,
Pra poder me reabilitar.
Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa,
Com que roupa eu vou
Ao samba que você me convidou?"
Noel Rosa, Com que roupa, 1931.
"A Constituição é como as virgens. Foi feita para ser violada." Essa frase,
atribuída a Getúlio Vargas, teria sido proferida alguns anos depois da ela-
boração da Constituição de 1934. Àquela altura, a deselegância e o des-
prezo pelos princípios liberais e democráticos não eram particularidades
de Vargas. Na Alemanha, desde 1933, Adolf Hitler governava com mão
de ferro, exterminando seus opositores políticos, perseguindo os judeus
e estabelecendo a ditadura nazista. Em outras partes da Europa, presen-
ciava-se a escalada de regimes autoritários, inspirados nas ideias fas-
cistas: Hungria, Polônia, Áustria, Romênia, em breve também Portugal
e Espanha.
Na União Soviética, implantara-se a ditadura do proletariado como o
recurso para consolidar a revolução e estabelecer a sociedade comunista.
Voltada inicialmente contra os representantes das classes dominantes rus-
sas, logo a ditadura passou a perseguir outras tendências do movimento
operário, como anarquistas e socialistas. O berço do sonho socialista, uma
das mais belas construções utópicas da cultura ocidental, transformava-se
numa ditadura que glorificava seu líder máximo, Josef Stálin.
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO (RJ), BRASIL
Integralistas e comunistas
No Brasil, diversos grupos de direita organizaram-se, em 1932, na Ação
Integralista Brasileira (AIB), liderada por Plínio Salgado, Gustavo Bar-
roso e Miguel Reale. A AIB, que chegou a ter um contingente de mais de
600 mil adeptos, possuía um projeto de Estado totalitário, no qual não
se verificariam a separação e a independência de poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário). Como razão suprema da sociedade e da nação,
os interesses do Estado deveriam prevalecer sobre os direitos e interes-
ses particulares de seus membros. Estabelecia-se, assim, uma concepção
corporativista, pela qual a sociedade, tida como um corpo, deveria ser
dirigida por um líder supremo, no caso, o fundador do movimento, o jor-
Caricatura de Plínio Salgado,
principal líder do movimento
nalista e escritor Plínio Salgado. Nacionalistas ardorosos, os integralistas
integralista, Álvaro Cotrim saudavam-se mutuamente, erguendo o braço direito e gritando "Anauê",
(Alvarus). Gravura, 1938. expressão tupi que quer dizer "você é meu parente". Uniformizados com
A moldura autoritária 83
ACERVO ICONOGRAPHIA
ponsabilidade pelos problemas nacionais foi ampla-
mente difundida no Brasil pelo integralista Gustavo
Barroso, considerado o Führer do integralismo por
nazistas argentinos. Em um dos seus muitos escritos
contra os judeus podemos ler:
"Os insaciáveis judeus da Sinagoga Paulista, contra-
riados momentaneamente em todas as suas pretensões
pela Revolução de 1930, aliaram-se a políticos despeita-
dos e envenenaram o povo paulista contra o governo cen-
tral e o resto do Brasil, conduzindo-o à Guerra Civil de
1932. Fizeram crer à mocidade que o sr. Getúlio Vargas
era inimigo de São Paulo, aplicando o processo judiciá-
rio a que alude Ford: 'incitar o ódio contra as pessoas a
quem se quer aniquilar'. Entretanto, nós, Integralistas,
técnicos por dever de ofício, sabemos que os únicos ini-
migos de São Paulo são os judeus que o sugam […]"
Integralistas no Rio Grande do Sul, década de 1930.
BARROSO, G. A sinagoga paulista. Rio de Janeiro: ABC, 1937. p. 13.
ACERVO PARTICULAR
Olga Benário presa, a caminho de uma Exijam sua libertação – Olga Benário Prestes,
audiência. Rio de Janeiro, 1936. Honório Peçanha. Litografia, 1936.
A moldura autoritária 85
ACERVO ICONOGRAPHIA
Getúlio Vargas reunido com integralistas no Palácio Guanabara pouco antes do golpe de novembro de 1937.
A moldura autoritária 87
D
urante a República oligárquica (1889-1930), a política era exercida e
◀ ANOS
Estado definida, principalmente, nos gabinetes e câmaras legislativas, esta-
populista I duais e federais, e nos currais eleitorais pelo Brasil afora. A chamada
Deposição de Washington Luís. 1930 Revolução de 1930 ampliou o espaço e o ambiente do exercício do jogo políti-
Governo provisório ▾
de Getúlio Vargas.
co. Aos gabinetes e currais somaram-se as praças e ruas das grandes cidades
Criação do Ministério brasileiras. As manifestações de apoio popular a Vargas, iniciadas durante a
do Trabalho. campanha eleitoral e intensificadas desde os primeiros dias de seu governo,
O governo federal ajuda os 1931 tornaram-se um ingrediente constante do seu modo de fazer política.
cafeicultores com a queima de ▾
toneladas de sacas de café. Os gabinetes, no entanto, eram pequenos para acomodar as massas popu-
Revolução Constitucionalista. 1932 lares. Vargas consolidaria um novo estilo de atuação, no qual a figura do pre-
Formação da Ação ▾
Integralista Brasileira (AIB). sidente estaria mais próxima da população de seu país. Alguns, mais afor-
Eleições para a 1933 tunados, conseguiriam até um aperto de mão ou um autógrafo. Outros iriam
Assembleia Constituinte. ▾ espichar-se em meio à multidão para enxergar aquele presidente de peque-
As regras eleitorais
estabelecem o voto secreto e o na estatura. Por quinze anos seguidos, de 1930 a 1945, a maioria conseguiria
direito de voto para as mulheres. ouvir sua voz aguda e penetrante, que assim iniciava seus discursos: "Traba-
Nova Constituição brasileira. 1934 lhadores do Brasil".
Getúlio Vargas é eleito ▾
pelos parlamentares para Num país onde as questões sociais eram tratadas como caso de polícia, em
um mandato de 4 anos. que as reivindicações dos trabalhadores eram vistas como desordem e baderna,
Regulamentação de as atitudes de Vargas indicavam uma nítida mudança de rumos. A classe operária
direitos trabalhistas.
Criação do programa de rádio passava a figurar nos discursos de parte da pomposa elite brasileira.
Hora do Brasil.
Formação da Aliança 1935
Nacional Libertadora (ANL).
Criação da Lei de
▾ Os direitos trabalhistas
Segurança Nacional (LSN). Desde o início de seu governo, Getúlio procurou fixar uma imagem paternalista
Intentona Comunista. junto aos operários, uma espécie de "pai dos pobres". Ao final de 1930, era cria-
Prisão de Luís Carlos Prestes 1936 do o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, a cargo do gaúcho Lindolfo
e Olga Benário. ▾
Extradição de Olga Benário Collor, com o objetivo de impulsionar a industrialização e de "atender" a determi-
para a Alemanha nazista. nadas reivindicações da classe trabalhadora. Na verdade, o Poder Executivo cha-
Instauração do Estado Novo. 1937
▾ mava para si a tarefa de "arbitrar" os conflitos entre a classe operária e a burgue-
Extinção de todos os
partidos políticos no Brasil. sia industrial.
Desmantelamento da AIB. Como vimos, o movimento operário mostrou-se particularmente ruidoso
Fundação da União
Nacional dos Estudantes (UNE).
nas primeiras décadas do século XX. Nesses momentos, apesar de contar com a
Criação do Departamento de 1939 ação repressiva dos diversos governos, a nascente burguesia industrial brasilei-
Imprensa e Propaganda (DIP). ▾ ra inquietava-se diante das mobilizações do proletariado. Ao contê-las, o Estado
1940 enquadrava tanto a classe operária quanto a burguesia.
Criação do salário mínimo. ▾
A regulamentação de direitos trabalhistas, consagrada na Constituição de
Criação do Conselho Nacional 1941 1934, fruto de inúmeras lutas e contestações operárias desde a República Oligár-
dos Desportos (CND). ▾
Fundação da Companhia quica, foi anunciada à nação como uma doação do presidente aos trabalhado-
Siderúrgica Nacional (CSN). res, "concedendo" jornada de trabalho de oito horas diárias, férias remunera-
O governo brasileiro declara 1942 das, descanso semanal, proibição do trabalho de menores de 14 anos e licença
guerra às forças do Eixo. ▾
para as mulheres gestantes. A "concessão" tinha um sentido muito claro: apagar
Consolidação das Leis do 1943
Trabalho (CLT). ▾ da memória coletiva a importância da organização operária e de suas lutas e dar
ênfase à atenção de Getúlio Vargas para com a classe trabalhadora.
MÁRIO YOSHIDA
MIGRAÇÕES INTERNAS (1930-1943)
do mercado de trabalho
Desde a sua construção, o Estado Sentido das migrações
nacional teve como uma de suas prin- Cidades
O corporativismo Fonte: Elaborado com base em SIMONSEN, R. Ensaios sociais, políticos e econômicos. São Paulo: Fiesp, 1943.
A moldura operária 89
A moldura operária 91
1935 1937
Cancelamento das
eleições de 1938
1940
Criou-se o
salário mínimo
1940
1945
Exército derruba
o presidente
PIB: Produto Interno Bruto (%)
PI: Produto Industrial (%)
PA: Produto Agrícola (%)
1945 Exp.: Exportações (milhões de dólares)
Imp.: Importações (milhões de dólares)
0 10 0 10 0 10 0 700 0 700
Fonte: Elaborado com base em ABREU, M. de P. (Org.). A ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana (1889-1989). Rio de Janeiro: Campus, 1990. p. 398.
ANÁLISE DE IMAGEMPINTURA
1 Primeiro olhar:
Os corpos dos O cenário é formado por
trabalhadores são vários edifícios em constru-
desproporcionais, o ção. O observador é levado
que acentua o fato de 5 a colocar-se no andaime, ao
serem trabalhadores lado dos trabalhadores que
braçais. aparecem em primeiro plano.
Assim, o observador assume
o ponto de vista original do
operário antes da queda.
A reação das pessoas
que rodeiam o operário
caído é de prosseguir
a rotina, como se 4 Se traçarmos um
esse fosse um evento corte vertical na tela,
sem importância verificamos ao centro a
ou corriqueiro. 2 figura do operário caído: a
luz e a posição o colocam
Parte do grupo de no foco principal. Os
operários transita prédios em construção
produzem zonas de luz
no escuro da tela e 3 e de sombra. O corpo do
não possui rosto.
operário está estendido
exatamente na principal
zona de luz.
1 Identifique a periodização utilizada por Weffort para 3 Demonstre, a partir do texto, que o populismo ultra-
a existência do populismo no Brasil. → DL/H1/H11/H24 passou a mera manipulação das massas.
2 Quais são as características do populismo na visão de → DL/CF/H1/H11/H24
Weffort? → DL/CF/H1/H11/H24 4 O conceito de populismo desenvolvido por Weffort
pode ser aplicado ao Brasil nos dias de hoje?
Justifique. → DL/CF/H1/H3/H11/H24
1 Por que a classe operária passou a fazer parte dos 4 Quais eram as características da ideologia traba-
discursos e das preocupações de Getúlio Vargas? lhista? → DL/SP
→ DL/SP/H8/H11 5 Quais são as diferenças entre o modelo econômi-
2 A partir de quais elementos processou-se o enqua- co agroexportador e o modelo de substituição de
dramento político da classe operária brasileira? importações? → DL/SP/H9
→ DL/SP/H8/H9 6 A industrialização brasileira durante o Estado Novo
3 Qual foi o papel desempenhado pelo Estado nacional foi promovida sob a orientação do liberalismo eco-
desde a independência na questão da mão de obra? nômico? Justifique sua resposta.
→ DL/SP/H7/H8/H11 → DL/CF/SP/CA/H8/H9
A moldura operária 93
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Para o autor, qual é a principal característica do jogo 2 Como você relaciona o papel das instâncias parlamen-
político brasileiro desde o século XIX? Por quê? tares no Brasil com o momento atual? → DL/CF/SP/CA
→ DL/CF/SP/H9/H11
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 Faça uma linha de tempo da 1.ª fase do Estado popu- Brasil de 1934, por sua vez, estabelece que:
lista (1930-1945), destacando os seguintes momentos Art. 180. São eleitores os brasileiros de um e de
e fatos: outro sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na
a) governo provisório, governo constitucional e ins- forma da lei.
tauração do Estado Novo; Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito
b) Revolução Constitucionalista; Constituinte; elei- ao gênero dos eleitores, depreende-se que:
ção indireta de Vargas; Intentona Comunista. a) a Constituição de 1934 avançou ao reduzir a
→ DL/CF/SP/H9 idade mínima para votar.
2 (Enem) A definição de eleitor foi tema de artigos b) a Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos,
nas Constituições brasileiras de 1891 e de 1934. Diz referia-se também às mulheres.
a Constituição da República dos Estados Unidos do c) os textos de ambas as Cartas permitiam que qual-
Brasil de 1891: quer cidadão fosse eleitor.
d) o texto da carta de 1891 já permitia o voto feminino.
Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos
que se alistarem na forma da lei. e) a Constituição de 1891 considerava eleitores ape-
nas indivíduos do sexo masculino.
A Constituição da República dos Estados Unidos do
→ DL/CF/SP/H1/H8/H11
e) Vargas seria o homem capaz de exercer o poder 7 (Enem) Houve momentos de profunda crise na histó-
de modo inteligente e correto. ria mundial contemporânea que representaram, para
o Brasil, oportunidades de transformação no campo
→ DL/SP/H8/H11
econômico. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
5 (Enem) "A partir de 1942 e estendendo-se até o final e a Quebra da Bolsa de Nova York (1929), por exem-
do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria plo, levaram o Brasil a modificar suas estratégias
e Comércio de Getúlio Vargas falou aos ouvintes da produtivas e contornar as dificuldades de importa-
Rádio Nacional semanalmente, por dez minutos, no ção de produtos que demandava dos países indus-
programa "Hora do Brasil". O objetivo declarado do trializados.
governo era esclarecer os trabalhadores acerca das
inovações na legislação de proteção ao trabalho". Nas três primeiras décadas do século XX, o Brasil:
a) impediu a entrada de capital estrangeiro, de
GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ/ modo a garantir a primazia da indústria nacional.
Vértice. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988. (adaptado)
b) priorizou o ensino técnico, no intuito de qualificar
Os programas "Hora do Brasil" contribuíram para: a mão de obra nacional direcionada à indústria.
Engenho e Arte 95
Manifestação trabalhista de apoio a Vargas, estádio de São Januário. Rio de Janeiro, em 1.º
de maio de 1942.
a) Aponte dois elementos que possam ser associa- "O que me parece essencial é reconhecer no grande
dos ao enquadramento político da classe traba- homem um indivíduo proeminente, que é ao mesmo
lhadora realizado por Vargas durante o Estado tempo um produto e um agente do processo históri-
Novo. → DL/CF/SP/H1/H11 co, ao mesmo tempo representativo e criador de forças
b) Quais são as diferenças básicas entre o Estado oli- sociais que mudam a forma do mundo e os pensamen-
gárquico e o Estado populista? → DL/SP/H8/H9/H11 tos dos homens."
c) A política nas primeiras décadas desse século foi E. H. Carr
marcada pelas grandes manifestações de mas-
sas. Quais são as semelhanças entre as cerimô- "Perguntas de um trabalhador que lê
nias nazistas e as promovidas por Getúlio Vargas Quem construiu a Tebas de sete portas?
durante o Estado Novo? → DL/CF/SP/H21
Nos livros estão nomes de reis.
9 Vargas, Prestes, Hitler, Lênin, Trótski, Stálin são figu- Arrastaram eles os blocos de pedra?
ras de destaque na primeira metade do século XX. A
E a Babilônia várias vezes destruída –
relação entre os indivíduos e a História é muito polê-
mica e ainda divide os estudiosos. A seguir são for- Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas
necidas possibilidades para o entendimento dessa Da Lima dourada moravam os construtores?
relação. Leia-as atentamente e aponte as diferenças Para onde foram os pedreiros, na noite em que a
essenciais entre as três afirmações.
Muralha da China ficou pronta?
"A História é a biografia dos grandes homens." A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
T. Carlyle Quem os ergueu? Sobre quem
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
Câmera
De posse de material para fazer anotações durante a exi-
O filme é baseado no livro homônimo de Fernando Morais
bição do filme, sugerimos que você preste atenção nos
e conta a história de Olga Benário, uma judia alemã que seguintes aspectos e registre-os:
é designada, pela Internacional Comunista, para acompa-
• Tipo de narrativa escolhido pelo diretor.
nhar o retorno de Luís Carlos Prestes ao Brasil e partici-
• Cores predominantes no filme.
par da tentativa de tomada do poder no país. Na viagem,
eles se envolvem amorosamente. Prestes e Olga são pre- • Como o diretor utiliza a cor e a expressão dos olhos
do personagem.
sos pelo governo brasileiro. Olga, grávida, é deportada
para a Alemanha nazista e enviada a um campo de con- • Como foi feita a contextualização histórica.
centração, onde é morta.
Ação
Luzes 1 Analise o formato do filme e relacione-o com o gêne-
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes ro de telenovelas. Quais são as implicações narrativas
nos Procedimentos metodológicos da página 10. dessa relação?
Antes de analisar o filme, é necessário retomar infor-
2 De que maneira o diretor apresentou o momento his-
mações e conceitos contidos no capítulo.
tórico brasileiro e mundial na trama?
• Releia os itens Integralistas e comunistas (p. 83) e
A radicalização política (p. 84). 3 Como foi representada o personagem principal?
→ DL/CF/SP/H1/H11/H12
Estante • TOTA, Antonio Pedro. O Estado Novo. São Paulo: Brasiliense, 1987.
Engenho e Arte 97
b) foi um movimento sem expressão política, pois não Os dois fragmentos acima expõem visões contradi-
tinha líderes intelectuais, nem adesão popular. tórias a respeito do mundo do trabalho nas décadas
c) tinha como principais marcas o nacionalismo, a de 1930/40 no Brasil. A esse respeito, podemos
base sindical corporativa e a supremacia do Estado. afirmar que:
d) elegeu católicos, comunistas e positivistas como I. a política econômica intervencionista do gover-
antagonistas mais significativos. no Vargas desprezou o apoio norte-americano e
aproximou-se aos países do Eixo na 2.ª Guerra –
e) foi um movimento financiado pelo governo getu-
Alemanha e Itália –, o que permitiu investimentos
lista, o que explica sua sobrevivência.
em infraestrutura e na indústria de base, contra-
→ DL/SP/H11 riando os interesses da burguesia nacional, defen-
5 (PUC-RS) Entre as características da nova ordem polí- sora da modernização nas relações trabalhistas.
tica brasileira implantada com o Estado Novo estava: II. o antagonismo expresso nos dois fragmentos
a) a formação de um governo democrático que fizesse evidencia as dificuldades do Estado getulista
frente à escalada da Ação Integralista Brasileira. em promover sua política de controle da classe
trabalhadora. Apesar de a legislação sindical e
b) a mobilização política do campesinato, para fortale-
social garantir determinados direitos que prote-
cer as bases de apoio das oligarquias tradicionais.
giam os trabalhadores, como o salário mínimo, a
c) a participação do Estado na economia, para asse- CLT criou dificuldades para a organização de gre-
gurar a industrialização no contexto internacional, ves e a legalização de sindicatos.
caracterizado pela ascensão de regimes fortes. III. o governo estimulava o peleguismo e o assis-
d) a formação de uma aliança da esquerda com os tencialismo dos sindicatos. Por esta prática,
liberais, numa frente única nacionalista. os líderes trabalhistas aceitavam sua política,
e) a retirada do apoio brasileiro aos sistemas de dobrando-se às vontades do governo, corrobora-
acordos interamericanos. dos pela distribuição das contribuições sindicais
pelo Ministério do Trabalho, no sentido de esva-
→ DL/SP/H7/H8
ziar o movimento operário.
6 (PUC-RS) Em março de 1931, o Decreto n.º 19.770 IV. a aproximação do varguismo aos fascismos euro-
criava, no Brasil, o Ministério do Trabalho, Indústria peus pode ser identificada na visão de ordem social
e Comércio. Considerando-se o contexto histórico, do primeiro fragmento do jornal, responsável pela
pode-se afirmar que esse ato do Poder Executivo tinha "comunhão" dos trabalhadores ao governo e ao
como um de seus objetivos: espírito de nação. Esta visão foi, porém, combati-
a) promover a expansão do setor primário. da pelos intelectuais ligados ao movimento moder-
b) desregulamentar o sistema de contratação e de nista, tais como Alberto Torres, Villa-Lobos e Mário
impostos. de Andrade, os quais, junto com a Igreja Católica,
c) concentrar a renda nacional nas camadas médias defendiam a democratização do Estado e uma apro-
urbanas. ximação ao modo de vida americano.
d) acabar com a organização autônoma do movi- Assinale a alternativa correta.
mento operário. a) Apenas I e IV são corretas.
e) intervir nas relações de trabalho no campo. b) Apenas I e II são corretas.
→ DL/SP/H11/H12 c) Apenas II e III são corretas.
7 (UFU) Leia os trechos de documentos a seguir: "Há d) Apenas III e IV são corretas.
doze anos que o Dr. Getúlio representa a ordem para o → DL/SP/H1/H8/H9/H11/H12
Radar 99
10
4 A Segunda Guerra
Mundial
DE OLHO nos
F
ascínio. Excitação. Obsessão. Assim é o comportamento de Conceitos
milhões de pessoas diante dos mais diversos tipos de jogos.
Dos esportes aos games eletrônicos, passando pelos bingos e • Esportização da
sociedade
pelas competições de programas de auditório, tais atividades ocu-
pam um lugar privilegiado nos dias de hoje. A rigor, os jogos não pro- • Política de
duzem nada, opõem-se ao trabalho e são essencialmente estéreis. apaziguamento
São inutilidades saborosas apreciadas por todas as classes sociais e • Franquismo
por todas as idades.
• Resistência
A esportização da socieda-
de remonta à segunda metade do
afirmação de ideologias. Os espor-
tes tornavam-se espetáculos para
• Política da boa
vizinhança
século XIX. A competição capitalis- as massas. O potencial de mobiliza-
ta contagiou as atividades recreati- ção política das modalidades espor- • Holocausto
vas. De certo modo, começou a sur- tivas não passou desapercebido
gir uma espécie de modernização do pelas lideranças da época. Em 1934,
corpo, envolvendo disciplina, condi- a segunda Copa do Mundo de fute-
cionamento e a busca por recordes, bol foi disputada na Itália. O tor-
marcas e escores. Em 1896 foram neio, vencido pela seleção italiana,
organizados os primeiros Jogos tornou-se palanque do regime fas-
HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES
Olímpicos da Era Moderna. Em cista de Mussolini. Em 1936, a Ale-
1904 era criada a FIFA (Fédération manha nazista foi palco dos Jogos
Internacionale de Football Associa- Olímpicos. Em 1938, a seleção ita-
tion). Do ponto de vista tecnológico, liana conquistava o bicampeonato
o desenvolvimento da vulcanização mundial de futebol, disputado na
da borracha permitiu o aperfeiçoa- França. A partir de 1939, porém, no
mento de bolas de tamanhos dife- lugar das praças esportivas, os Esta-
rentes. Regras de diversos esportes dos nacionais se enfrentariam nos
(futebol, rúgbi, tênis, voleibol, bas- campos de batalha.
quetebol, natação, corridas, pugilis- Da mesma forma que a diplo-
mo) foram padronizadas em escala macia, definida como a "guerra por
internacional. outros meios", os esportes também
O futebol, em particular, tor- podem ser comparados à guerra.
nou-se uma verdadeira febre, pro- Entre 1939 e 1945, um "bombar-
pagando-se, sobretudo, no inte- deio à meta adversária" não era
rior da classe operária. As disputas apenas uma maneira de se referir
Jesse Owens durante a prova dos
olímpicas tornaram-se o terreno de a muitos chutes perigosos ao gol de 100 metros rasos. Olimpíada de
representação de nacionalidades e um outro time. Berlim, Alemanha, 1936.
101
E
m 1931, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu, por
KUNSTBIBLIOTHEK STAATLICHE MUSEEN, BERLIM, ALEMNAHA
ico
Riga do mundo desde 1917)
lt
IRLANDA DINAMARCA
Bá
Dublin Copenhague LITUÂNIA(1932)
ar
REINO M
UNIDO PRÚSSIA Kaunas
HOLANDA
Londres Berlim Varsóvia
das indenizações. Mas os nazistas (1933) pretendiam contra-
ALEMANHA
BÉLGICA POLÔNIA (1926) tos tímidos e não tomaram qualquer medida de força
Paris Praga
riar as determinações militares LUXEMBURGO
do acordo e retomar
TCHECOSLOVÁQUIA
LIECHTENSTEIN Viena
contra a Alemanha nazista. Alguns líderes ocidentais
FRANÇA Berna
sua escalada belicosa. Em março SUÍÇA de 1935,
ÁUSTRIA
(1933) Hitler
Budapeste decla-
HUNGRIA
acreditavam, também, Mar Cáspio
que o nazismo fosse um “mal
OCEANO
rou que
ATLÂNTICO a Alemanha não respeitaria
PORTUGAL ITÁLIA mais os termos
Belgrado ROMÊNIA
do
Bucareste menor”
Mar Negro
e que pudesse ser um aliado numa eventual
(1932) (1922) IUGOSLÁVIA
Tratado. UmESPANHA
Lisboa
ano depois, as tropas
Madri
Córsega alemãs foram envia-
BULGÁRIA disputa contra o comunismo soviético. Hitler aprovei-
ALBÂNIA Sófia
MADEIRA (1923-1929
das para a Renânia que, segundo
Sardenha o Tratado, Tiranadeveria ser tou a política de apaziguamento dos antigos inimigos
Roma
(Port.) e 1939-1976) Ankara
Baleares Teerã
TURQUIA
mantida desmilitarizada.
Tânger MARROCOS
Espanha Argel SobMo pretexto
M a r
Sicília
de
GRÉCIAnão pro-
(1936) Atenas
e oficializou a decisão de retomar a produção de equi-
(1923)
vocar confrontos e disputas internas na Europa, Fran- pamentos militares, restabelecer o recrutamento mili-
Fez
e
I. CANÁRIAS EGITO
Túnis RHODES
d
(Esp.) i MALTA CHIPRE (Fr.) PÉRSIA
MARROCOS Francês t (It.) IRAQUE
e (Brit.) (Brit.)
OH_U7_pag723
ARGÉLIA Creta (Brit.)
ça, Grã-Bretanha e Liga das Nações emitiram protes- tar e ampliar o poderio das Forças Armadas.
TUNÍSIA r LÍBANO
(França) r (Fr.)
(França) â n
Trípoli e KUWAIT
o PALESTINA
ESCALA (Brit.)
JORDÂNIA
REINO
DE
Cairo (Brit.)
0 460 920 km LÍBIA HEYAZ E NEYED
MÁRIO YOSHIDA
(Itália) EGITO
REGIMES POLÍTICOS – DÉCADA DE 1930(Brit.)
ISLÂNDIA
Reykjavík
I. Faroe
(Din.)
ico
GHLPSODQWDomR Riga do mundo desde 1917)
lt
IRLANDA DINAMARCA
Bá
Dublin Copenhague LITUÂNIA(1932)
&RO{QLDVHXURSHLDV REINO
UNIDO ar
M
PRÚSSIA Kaunas
2XWURVHVWDGRV Londres
HOLANDA
Berlim Varsóvia
0RQDUTXLDV BÉLGICA ALEMANHA
POLÔNIA (1926)
(1933)
&DSLWDO Paris
LUXEMBURGO
Praga
TCHECOSLOVÁQUIA
LIECHTENSTEIN Viena
FRANÇA Berna
ÁUSTRIA Budapeste Mar Cáspio
SUÍÇA (1933) HUNGRIA
MULAR OCEANO
ATLÂNTICO PORTUGAL ITÁLIA
Belgrado ROMÊNIA
Bucareste
Tirana Ankara
Baleares
tituir cor das Colônias europeias para laranja (trocar cor com Ditadura comunista)
Teerã
TURQUIA
Tânger MARROCOS M a r (1923)
Argel M GRÉCIA
Espanha Atenas
tituir cor Outros estados para uma cor neutra (cinza claro)
Sicília (1936)
Fez
e
I. CANÁRIAS EGITO
Túnis RHODES
d
Fonte: Elaborado com base em DUBY, G. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987.
A música do Reich
"O controle [da programação da Orquestra Filarmônica música, mas de politizar a música, utilizando-a como
de Berlim] foi se acirrando não apenas em relação à ori- instrumento motivador. Peças 'problemáticas' confli-
gem étnica da música, mas quanto a seu caráter. Em tavam com as necessidades urgentes de organização e
1942, um comunicado do Ministério da Propaganda ordem político-sociais. O provável, quando da tomada
dizia: '[...] no que concerne à música séria, nenhuma da Polônia, em 1939, é que o próprio Goebbels tenha
obra que não tenha provado seu valor pode ser execu- ordenado a transmissão de um programa radiofônico
tada. Obras novas e problemáticas não podem ser exe- com obras beethovenianas. A ocasião pedia uma música
cutadas.' Essa mensagem foi encaminhada a todas as heroica, que movesse e mobilizasse a nação e ninguém
orquestras alemãs, não apenas à Filarmônica. O pro- poderia tocá-la melhor que a orquestra berlinense."
jeto de 'unificação' não era mais uma simples questão ASTER, Misha. A orquestra do Reich: a Filarmônica
de converter princípios ideológicos em programas de de Berlim e o Nacional-Socialismo, 1933-1945.
São Paulo: Perspectiva, 2012. p. 204-205.
MÁRIO YOSHIDA
A GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936)
8-1936
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Fonte: Elaborado com base em KINDER, H.; HILGEMANN, W. Atlas histórico mundial. Madrid: Akal, 2006.
MÁRIO YOSHIDA
A GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939)
ÁFRICA
Fonte: Elaborado com base em KINDER, H.; HILGEMANN, W. Atlas histórico mundial. Madrid: Akal, 2006.
Torcedores protestam
com faixa 'Catalunha
não é Espanha' durante
o jogo amistoso entre
a seleção da Catalunha
e da Argentina, no
estádio Camp Nou.
Barcelona, Espanha, 22
de dezembro de 2009.
1 Que ações de Hitler demonstraram sua disposição de 3 O que foi o Acordo Germano-Soviético e quais eram
desrespeitar o Tratado de Versalhes? → DL/CF/H7/H8 os principais interesses dos dois países nele?
2 Como França e Grã-Bretanha reagiram à desobediên- → DL/CF/H7/H9/H15
cia alemã dos termos do Tratado de Versalhes? 4 Caracterize as dois lados que lutaram na Guerra
→ DL/SP/H7 Civil Espanhola e que apoios externos recebiam.
→ DL/SP/H7/H9/H10/H11/H15
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Alemanha havia se preparado para um tipo de guerra diferente das
que haviam ocorrido até então. Uma guerra que não dependeria
prioritariamente dos avanços por terra, nem correria o risco de se
arrastar por anos em encarniçadas disputas de trincheiras, como aconte-
cera entre 1914 e 1918. Os alemães queriam guerras rápidas, com grande
volume de bombardeios aéreos e destruição completa do inimigo.
Na invasão da Polônia, a Luftwaffe atacou os aviões poloneses antes
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que eles decolassem. Grupos de paraquedistas foram lançados por trás das S
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linhas de defesa e as atacaram pela retaguarda, enquanto choviam bombas
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sobre as incrédulas e desesperadas tropas do Exército polonês. Varsóvia foi
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alcançada em uma semana, a Polônia rendeu-se após vinte dias e desapa- ÁRTIC
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A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1941)
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setembro de 1939 – dezembro de 1941
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A guerra 111
MÁRIO YOSHIDA
PAÍSES DO EIXO VERSUS FORÇAS ALIADAS
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Máxima extensão de poder
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Fonte: Elaborado com base em BLACK, J. World history atlas. London: Dorling Kindersley, 2008.
A política externa brasileira res para a construção de uma usina siderúrgica no país.
Em troca, o governo estadunidense ganhou o direito de
O governo brasileiro soube tirar proveito da tensa situa-
ção internacional ao final da década de 1930. Desen- estabelecer bases militares, utilizar portos, aeroportos,
volvendo uma política pragmática, o Brasil manteve meios de comunicação e estradas de ferro e de rodagem
estreitas relações diplomáticas e econômicas tanto com no Brasil, em caso de necessidades militares. O terri-
os Estados Unidos quanto com a Alemanha. tório brasileiro serviria de base de operações para os
A indefinição do quadro internacional e a divisão Estados Unidos.
interna das lideranças políticas brasileiras impediam o Em abril de 1941, Vargas anunciou o início da cons-
alinhamento direto com qualquer das duas potências. trução da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em
Em 1942, alegando o torpedeamento de navios Volta Redonda, Rio de Janeiro. No mês seguinte, os esta-
brasileiros pelos alemães, o presidente Getúlio Vargas dunidenses já estavam na guerra. Em janeiro de 1942 o
declarou guerra às forças do Eixo. governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com
A agressão alemã não foi gratuita, como pode pare- o Eixo. O Brasil já tinha feito a sua escolha política. E
cer à primeira vista. Após quase três anos de negocia- ganhara com ela. Quando os submarinos alemães ataca-
ções, o Brasil chegara a um importante acordo com os ram as embarcações brasileiras, o país, na prática, não
Estados Unidos, que emprestaram 20 milhões de dóla-
estava mais em posição de neutralidade.
A guerra 113
Faça
Tá ligado?! em se
cadernu
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(Fatec – adaptada) A criação de um personagem brasileiro por um estúdio americano em 1942, fazia parte,
a) da política de boa vizinhança praticada pelos EUA, que viam a América do Sul como parte do círculo de
segurança de suas fronteiras durante a Segunda Guerra Mundial.
b) do claro descaso dos norte-americanos com o Brasil, ao criar um personagem malandro como forma de
desqualificar o povo brasileiro.
c) do medo que os norte-americanos tinham, porque o Brasil se tornava uma grande potência dentro da América
do Sul e começava a suplantar o poderio econômico americano.
d) do projeto de expansão territorial norte-americana sobre o México, projeto que necessitava de apoio de outros
países da América Latina, entre eles o Brasil.
e) da preocupação norte-americana com a entrada do Brasil na Segunda Guerra, ao lado da Alemanha nazista, e
com a implantação de bases navais alemãs no porto de Santos.
→ DL/CF/SP/H7/H15
→ conforme tabelas das páginas 8 e 9.
A guerra 115
O holocausto
Durante o período nazista, os judeus foram submetidos a Extermínio em massa
perseguições sistemáticas. Comunidades judaicas na Ale-
Após a rendição alemã, o campo de Belsen foi descoberto
manha, na Polônia e nas demais áreas ocupadas eram pelas tropas britânicas. Nesta foto, nazistas mostram a cova
confinadas em guetos ou dissolvidas e seus membros aberta onde eram lançados os corpos dos prisioneiros mortos.
enviados a campos de concentração. Nesses campos, jun-
1 Que países compunham os dois blocos de alianças ra gotejante, mas que não tem água potável, esperan-
que atuaram na Segunda Guerra? → DL/SP/H7/H9 do algo certamente terrível acontecer, e nada aconte-
2 Explique a afirmação de Hitler e sua referência à ce, e continua não acontecendo nada. Como é possível
Conferência de Munique: "A Grã-Bretanha e a França pensar? Não é mais possível; é como se estivéssemos
contraíram compromissos, mas nenhum desses mortos. Alguns sentam no chão. O tempo passa, gota
Estados tem o desejo de cumpri-los [...]. Em Munique a gota." → DL/CF/SP/CA/H1/H2/H11/H15
[na Conferência], vimos estes miseráveis vermes do 5 O que provocou a entrada da União Soviética e dos
Chamberlain e Daladier. Eles não se decidirão a ata- Estados Unidos na Segunda Guerra?
car-nos." → DL/CF/SP/CA/H1/H7/H8/H15 → DL/SP/H7/H9/H15
3 O que as "resistências" representaram na Segunda 6 Qual era a característica da política externa brasi-
Guerra? → DL/SP/H leira durante o Estado Novo? → DL/CF/CA/H7/H15
4 Explique a constatação de Primo Levi: "Hoje, em nos- 7 O que foi a política de boa vizinhança levada a cabo
sos dias, o inferno deve ser assim: uma sala grande e pelos Estados Unidos? → DL/CF/CA/H7/H15
vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma tornei-
A guerra 117
"A decisão de destruir Guernica foi tomada em conjunto de Franco. Para piorar, os nacionalista organizaram uma
com o alto comando dos nacionalistas. Repleta de refu- enganadora campanha alegando que os anarquistas em
giados, a pequena cidade não apresentava nenhuma retirada tinham dinamitado Guernica para fabricar uma
importância militar ou estratégica. A atrocidade, delibe- história falsa com objetivos de propaganda. A tragédia da
radamente programada para coincidir com o horário mais pequena cidade basca ficou imortalizada como um símbo-
movimentado de um dia de feira na cidade, foi uma puni- lo dos horrores da guerra no quadro de Picasso, exibido
ção aos traidores bascos católicos por decidirem apoiar naquele mesmo ano na Feira Mundial de Paris."
os comunistas em troca de autonomia. Também foi uma SALVADÓ, Francisco J. Romero. A guerra civil espanhola.
clara mensagem [...] aos que resistiram à nova ordem Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 196.
Francisco J. Romero Salvadó(1960-), historiador espanhol, professor na Universidade de Bristol (Inglaterra) e autor de diversas
obras, como Historical dictionary of the Spanish civil war e España, 1914-1918: entre la guerra y la Revolución.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
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I. Depoimento de um soldado italiano, durante a Primeira netas. Já no terceiro dia, cinquenta e quatro cadáveres de
Guerra. soldados alemães estavam espalhados pelos porões, pelos
"Esta é a guerra. Não o risco de morrer, não a granada deto- patamares e pelas escadas. Nossa frente é um corredor ao
nada que nos cega [...], mas a sensação de ser uma marionete longo de quartos incendiados [...] Pelas chaminés e esca-
nas mãos de um titereiro desconhecido, e este sentimento às das de incêndio das casas vizinhas é que chegam refor-
vezes esfria o coração de tal maneira que é como se a morte ços. A luta não cessa nunca. De um andar para o outro, ros-
já tivesse feito o seu papel. Estamos presos às trincheiras até tos enegrecidos pelo suor, nós nos bombardeamos uns aos
recebermos ordens de deixá-las, presos ao perigo iminente outros com granadas, em meio a explosões, nuvens de poei-
e ao destino marcado com o número de nosso pelotão ou o ra e fumaça, montes de argamassa, em meio ao dilúvio de
nome de nossa trincheira, Sem possibilidade de tirar a cami- sangue, aos destroços de mobiliário de seres humanos.
sa quando desejamos, ou escrever para casa. As mais sim- Perguntem a qualquer soldado o que significa meia hora de
ples necessidades da vida são comandadas por regras sobre luta corpo a corpo numa luta desse tipo. Depois imaginem
as quais nenhum de nós tem influência. Tudo isso é guerra." Stalingrado oitenta dias e oitenta noites só de luta corpo a
Paolo Monelli, soldado italiano. Apud: ENGLUND, Peter. corpo. As ruas já não se medem em metros, mas por cadá-
A beleza e a dor: uma história íntima da Primeira Guerra Mundial. veres [...] Stalingrado já não é mais uma cidade [...] Quando
São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 220. chega a noite [...] causticante de sangue e gemidos, os cães
lançam-se as águas do Volga e nadam desesperadamente à
II. Depoimento de um tenente alemão, durante a Segunda
outra margem [...] Só os homens resistem."
Guerra.
"Para tomarmos uma única casa lutamos quinze dias, lan- Testemunho de um tenente do Exército alemão. Apud: TOTA, Antonio
çando mão de morteiros, granadas, metralhadoras e baio- Pedro. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Atual, 1986. p. 33.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
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1 Identifique a principal preocupação de cada um dos 2 Compare os dois depoimentos e aponte diferenças e
militares em seus depoimentos. → DL/SP/H1/H4/H11 semelhanças entre eles. → DL/SP/CA/H1/H4/H11/H15
Faça
Mãos à Obra em se
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1 (Enem) Em discurso proferido em 17 de março de na Europa, e que não queria incluir na Alemanha
1939, o primeiro-ministro inglês à época, Neville outros povos que não os alemães".
Chamberlain, sustentou sua posição política: "Não Disponível em: www.johndclare.net. (adaptado)
necessito defender minhas visitas à Alemanha no outo-
no passado, que alternativa existia? Nada do que Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler
pudéssemos ter feito, nada do que a França pudes- em 1938, mencionado no texto, foi rompido pelo
se ter feito, ou mesmo a Rússia, teria salvado a líder alemão em 1939, infere-se que:
Tchecoslováquia da destruição. Mas eu também tinha a) Hitler ambicionava o controle de mais territórios
outro propósito ao ir até Munique. Era o de prosse- na Europa além da região dos Sudetos.
guir com a política por vezes chamada de 'apazigua- b) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia
mento europeu', e Hitler repetiu o que já havia dito, ou poderia ter salvado a Tchecoslováquia.
seja, que os Sudetos, região de população alemã na c) o rompimento desse compromisso inspirou a polí-
Tchecoslováquia, eram a sua última ambição territorial tica de "apaziguamento europeu".
COLEÇÃO PARTICULAR
40 milhões em 1950?
[...] Sua capacidade de falar simultaneamente a incontá-
veis milhões, cada um deles sentindo-se abordado como
indivíduo, transformava-o numa ferramenta inconcebivel-
mente poderosa de informação de massa, como governan-
tes e vendedores logo perceberam, para propaganda polí-
tica e publicidade. No início da década de 1930, o presi-
dente dos EUA já descobrira o potencial da 'conversa ao pé
da lareira' pelo rádio, e o rei da Grã-Bretanha o das trans- Os cartazes acima circularam durante a Guerra Civil
missões de Natal da família real (1932 e 1933, respectiva- Espanhola (1936-1939).
mente). Na Segunda Guerra Mundial, com sua interminá- a) Identifique, em cada um dos cartazes, um elemen-
vel demanda de notícia, o rádio alcançou a maioridade to que permita associá-los, respectivamente, às
como instrumento político e meio de informação. […] principais forças políticas envolvidas nessa guerra.
É difícil reconhecer as inovações da cultura do rádio, pois b) Caracterize as principais propostas das forças
muito daquilo que ele iniciou tornou-se parte da vida diá- políticas representadas nos cartazes.
ria – o comentário esportivo, o noticiário, o programa de
entrevistas com celebridades, a novela, e também todos os → DL/CA/H1/H2/H3
tipos de seriado. [...] Contudo, curiosamente, esse veícu- 4 (Enem) A deflagração da Segunda Guerra Mundial se
lo – e, até o surgimento do vídeo e do videocassete, e sua deu quando a Alemanha de Hitler invadiu a Polônia em
sucessora, a televisão –, embora essencialmente centrado 1.º de setembro de 1939, forçando França e Inglaterra
no indivíduo e na família, criou sua própria esfera públi- a reagirem à agressão nazista.
ca. Pela primeira vez na história pessoas desconhecidas
Da mesma forma, a Primeira Guerra Mundial iniciou-
que se encontravam provavelmente sabiam o que cada
-se quando o Arquiduque Francisco Ferdinando foi
uma tinha ouvido (ou, mais tarde, visto) na noite anterior:
morto em Sarajevo, em 1914.
o grande jogo, o programa humorístico favorito, o discur-
so de Winston Churchill, o conteúdo do noticiário." Estes dois episódios fazem parte de um contexto
HOBSBAWM, E. J. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991).
internacional muito mais amplo do que a agressão
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 194-195. pontual verificada nestes casos. No caso da Primeira
Guerra, as disputas envolvendo territórios coloniais
a) O rádio incorporou-se rapidamente ao cotidiano
e a exacerbação dos ânimos referentes aos naciona-
das pessoas do mundo inteiro. A que se deve a
lismos eslavos e germânicos foram fatores interna-
sua intensa aceitação? → DL/CF/SP/H21
cionais mais abrangentes e fundamentalmente mais
b) O rádio criou uma integração poderosa jamais incisivos na eclosão do conflito.
vista na História até então. Quais eram as caracte-
rísticas políticas dessa integração? → DL/CF/SP/H21 Sabendo disso, podemos, resumidamente, explicar o
contexto da Segunda Guerra através de:
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Em Cartaz em se
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Estante • PEDRO, Antonio. A segunda guerra mundial. São Paulo: Atual, 2004.
Radar 123
a) representou a primeira grande derrota dos alia- A partir dessa leitura, é CORRETO afirmar que, nesse
dos, uma vez que os japoneses passaram a utilizar trecho de poema, se expressa, mais do que as ideias
armas atômicas contra cidades asiáticas, porque do autor, o pensamento de um grupo de intelectuais
estas defendiam os aliados. brasileiros que:
b) criou condições favoráveis para os aliados na a) se entusiasmavam pelo heroísmo dos cidadãos
luta contra as forças nazi-fascistas, pois foi um de Londres e Madri, que souberam resistir brava-
fato histórico decisivo para a entrada dos Estados mente à agressão fascista.
Unidos da América na guerra. b) começavam a ser seduzidos pelo Comunismo,
c) contribuiu para o aumento do poderio estratégico ao final da Guerra, por estarem descontentes em
e militar dos alemães, haja vista o aniquilamento relação ao quadro político em vigor no País.
quase total das forças americanas e de seus alia- c) desenvolviam uma consciência pacifista ante o
dos no Leste Europeu. risco de uma guerra nuclear que poderia decorrer
d) marcou a derrota final dos países que faziam da polarização EUA/URSS.
parte da Tríplice Entente, tornando-se o símbo- d) torciam, em meio à guerra civil russa, pela vitó-
lo da restauração da democracia e do liberalismo ria dos democratas, que lutavam pelo restabele-
em toda a Europa. cimento da liberdade.
→ DL/CF/SP/H1/H9/H11
10
5 A Guerra Fria
DE OLHO nos
D
e um lado, elegantes e sofisticados espiões estaduniden- Conceitos
ses, britânicos e franceses. De outro, cruéis e rudes agentes
soviéticos. Os primeiros defendiam a liberdade. Os segun-
• Guerra Fria
dos eram a expressão do mal a ser combatido. Esse era o enredo • Áreas de influência
básico e recorrente dos filmes de espionagem que viraram moda • Bipolarização
no Ocidente dos anos 1960. • Descolonização
O cinema soviético também
criou seus heróis. Eles tinham a mis-
do como superpotências. Os acordos
assinados ao final do conflito con-
• Neorrealismo
são de proteger a ordem social igua- firmaram o declínio dos países da • Macarthismo
litária, existente nos países comunis-
tas, das ameaças que o capitalismo
Europa, abriram espaço para lutas
de descolonização na África, Ásia
• Sionismo
ocidental representava, com seus e Oceania – antes controladas, em • Pluripartidarismo
banqueiros e empresários ganancio-
sos e ferozes.
grande parte, por potências euro-
peias – e geraram um novo equilí-
• Queremismo
Nas telas da União Soviética, o brio mundial. Abria-se um tempo • Justicialismo
trabalhador era sempre o persona- de paz, mas uma paz armada, ins-
gem principal. Ele tinha emprego, tável, marcada pela ameaça ininter-
moradia, educação e alimentação, rupta de que uma nova guerra estou-
desconhecia as dificuldades sociais e rasse a qualquer momento. Uma paz
a miséria. Vivia num mundo de sere- que deixava a humanidade inquieta.
nidade e harmonia, desfrutava da Uma paz que era como uma guerra –
vida feliz que a coletivização da pro- uma Guerra Fria.
dução lhe proporcionava.
DMITRY KOSTYUKOV/AFP PHOTO
UNITED ARTISTS/LATINSTOCK
125
D
urante a Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Sovié-
tica haviam demonstrado seu poderio militar. Os soviéticos, amar-
gando milhões de mortos, contiveram as tropas alemãs, derrota-
ram-nas em Moscou e em Stalingrado e avançaram, por terra, até Berlim.
Os estadunidenses auxiliaram os britânicos e a Resistência francesa a afas-
tar os nazistas de Paris, lideraram a libertação da Itália, venceram a guer-
ra no Pacífico e, ao final dela, exibiram seu domínio da tecnologia nuclear,
ao explodir duas devastadoras bombas atômicas no Japão. As tropas sovié-
ticas haviam ocupado o Leste da Europa; os estadunidenses impunham-se
sobre o Ocidente europeu.
A aliança entre Estados Unidos e União Soviética, durante o conflito,
fora circunstancial, fruto da existência de um inimigo comum. Com o final
da guerra, as profundas diferenças ideológicas voltaram à cena. Além disso,
o trabalho de reconstrução interna na Europa do pós-guerra afetou a pre-
sença das potências do continente em outras partes do mundo, provocou
o declínio de seus impérios coloniais e ampliou o espaço de interferência
estadunidense e soviética. As duas superpotências ofereceram recursos para
auxiliar a retomada econômica europeia e para a reorganização dos recursos
militares do continente.
Estados Unidos e União Soviética mantinham sistemas econômicos dife-
rentes: capitalismo e comunismo, respectivamen-
Bettmann/Corbis
MÁRIO YOSHIDA
PAÍSES SOCIALISTAS E CAPITALISTAS (1955-1960)
OCEANO
OCEANO
PACÍFICO
PACÍFICO
OCEANO OCEANO
OCEANO
PACÍFICO OCEANO
PACÍFICO ATLÂNTICO
ATLÂNTICO
OCEANO
OCEANO
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0 2300ESCALA
4600 km
0 2300 4600 km
OTAN (Organização do Países sob influência Pacto de Varsóvia Outros países aliados
TratadoOTAN
do Atlântico Norte)do
(Organização dos Estados
PaísesUnidos
sob influência Pacto de Varsóvia à UniãoOutros
Soviética
países aliados
Países Tratado do Atlântico Norte)
aliados dos dos Estados Unidos Países socialistas à União Soviética
Colônias europeias Países não alinhados
EstadosPaíses
Unidosaliados dos Colônias europeias aliadosPaíses
à União Soviética
socialistas Países não alinhados
Estados Unidos aliados à União Soviética
Fonte: Elaborado com base em BLACK, J. (Org.). World history atlas. London: Dorling Kindersley, 2008; JOLLY, J. L'Afrique et
son environnement européen et asiatique. Paris: L'harmattan, 2008.
MÁRIO YOSHIDA
MÁRIO YOSHIDA
PLANO DA ONU PARA A FRONTEIRAS DO ESTADO PALESTINA APÓS A GUERRA
PARTILHA DA PALESTINA (1947) DE ISRAEL (1949) DOS SEIS DIAS (1967)
LÍBANO LÍBANO
LÍBANO
SÍRIA SÍRIA
L. L.
SÍRIA
Tiberíades T
Tiberíades Mar GOLAN
Mediterrâneo
Rio Jordão
Rio Jordão
Rio Jordão
Mar CISJORDÂNIA
Mediterrâneo Mar
PALESTINA PALESTINA
Mediterrâneo
TRANSJORDÂNIA
Jerusalém Mar
TRANSJORDÂNIA
EGITO
SINAI
EGITO Elat
Fronteiras da Palestina
sob mandato britânico
até 15 de maio de 1948 Israel 1949-1967
Estado de Israel após os
Estado judeu armistícios de 1945 Ocupação militar israelense
(junho de 1967)
Estado árabe Estado árabe EGITO
ESCALA Jerusalém ocupada
Zona internacional
0 75 km Outros estados árabes Campos de refugiados
Outros estados árabes palestinos
Fonte: Elaborados com base em KINDER, H.; HILGEMANN, W. Atlas histórico mundial. Madrid: Istmo, 2007.
1 O que foi a Guerra Fria? → DL/SP/SP/H7/H8 4 Quais foram os interesses políticos e as condições
2 Cite algumas estratégicas e organismos criados e históricas que levaram à criação do Estado de Israel
utilizados durante a Guerra Fria. → DL/CF/SP/CA/H7/H8 em 1948? → DL/SP/H7/H9/H21
3 Qual foi a importância e o significado do Muro 5 Quais as características do sionismo? → DL/SP/H9
Berlim? → DL/CF/SP/H7/H9/H15
A
participação do Brasil na guerra, ao lado das forças antifascistas,
expôs as contradições do regime brasileiro. Apesar da forte influên-
cia fascista, o Brasil lutava contra os Estados autoritários europeus,
ao lado de países democráticos e da Rússia comunista. A Força Expedicio-
nária Brasileira (FEB), com cerca de 25 mil homens, combateu de 1944 a
1945. Curiosamente, o envio dos contingentes militares ocorreu por inicia-
tiva do governo brasileiro, contra a vontade dos governos dos Estados Uni-
dos e da Inglaterra.
A guerra era o último esteio do regime autoritário do Estado Novo. Com
o avanço das forças aliadas a partir de 1943, Vargas comprometeu-se a con-
vocar eleições gerais ao final dos conflitos militares. Pelo rádio, milhões de
brasileiros acompanhavam os noticiários das frentes de batalha: a resistên-
cia heroica de Stalingrado (atual Volgogrado), o desembarque na Norman-
dia, a campanha da Itália e, finalmente, a tomada de Berlim pelos soviéti-
cos. Uma verdadeira aula de Geografia. E de Política.
Manifestações de apoio à participação do Brasil na guerra foram,
pouco a pouco, tomando a feição de contestações à ditadura getulista. Em
24 de outubro de 1943, no aniversário de 13 anos da Revolução de 1930,
representantes ilustres da oligarquia de Minas Gerais lançaram o Manifes-
to dos Mineiros, defendendo o estabelecimento da normalidade democráti-
ca no país.
No mesmo ano, estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Fran-
cisco (USP), em São Paulo, organizaram uma passeata duramente reprimi-
da pela polícia e que resultou na morte de dois jovens. Apesar da repressão,
a União Nacional dos Estudantes (UNE) levantava-se em todo o país contra
a ditadura. Pouco a pouco a oposição encontrava brechas para se manifes-
tar e a imprensa escapava ao controle da censura.
A campanha pelo fim da ditadura ganhava as ruas. Intelectuais,
artistas, estudantes, advogados e jornalistas engrossavam as fileiras dos
defensores da democracia. Em janeiro de 1945, no 1.º Con-
Acervo Iconographia
Política de massas
"[...] Por força da clássica antecipação das 'elites', as pretação legítima dos interesses populares. Em todas
massas populares permaneceram neste período (e per- as crises, desde 1945, a intervenção do povo apare-
manecem ainda nos dias atuais) o parceiro-fantasma no ceu como possibilidade, mas o jogo dos parceiros reais
jogo político. Foram a grande força que nunca chegou consistiu em avaliar, tacitamente, a importância desta
a participar diretamente dos grandes embates, sempre intervenção e em blefar sobre este cálculo."
resolvidos entre os quadros políticos dos grupos domi- WEFFORT, F. O populismo na política brasileira. 4. ed.
nantes, alguns dos quais reivindicando para si a inter- Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. p. 15.
A+ COMUNICAÇÃO
PARTIDOS POLÍTICOS: 1945-1965
Integralistas PRP
As siglas
ED Esquerda PL
Democrática Partidos
MTR Movimento Trabalhista republicanos PR
estaduais
Renovador
PAN Partido Agrário Nacional Grupos
PCB Partido Comunista
Brasileiro
católicos
anti-Getúlio
PDC
1965
PRP
PCdoB Partido Comunista do Brasil
Grupos PPS PSP
PDC Partido Democrata Cristão anti-Getúlio
PL Partido Libertador PAN Extinção
PPB Partido Proletário Brasileiro – Oligarquias de todos
PPS Partido Popular Sindicalista getulistas os partidos
– Burocratas do PSD
PRD Partido Republicano políticos
Estado Novo
Democrático
– Ex-interventores
PRP Partido de
O DO
L, BRASIL
(integralistas) anti-Getúlio
FEDERA
– Partido UDN
PRP Partido Republicano
ARQUIV
constitucionalista
Progressista
DISTRITO
– Liberais
PRT Partido Republicano – Intelectuais
Trabalhista
Esquerda e ED PSB
PSB Partido Socialista Brasileiro intelectuais
PSD Partido Social Democrático anti-Getúlio PTN
MTR Em 27 de
PSP Partido Social Progressista outubro de 1965
PST Partido Social Trabalhista – Grupos pró-Getúlio PTB foi lançado o Ato
PTB Partido Trabalhista – Sindicalistas Institucional
Brasileiro n.º 2, que aboliu os
PPB PST
PTN Partido Trabalhista Nacional partidos políticos
PRD PRT existentes. Em 20 de
UDN União Democrática Nacional
novembro, pelo do
PCB (1922)* PCB Ato Complementar
n.º 4, o governo de
PC
(*) Cassado em 1947. Atuação do B Castelo Branco
clandestina a partir desta data. estabeleceria as
Ano de formação
Seus militantes candidataram-se normas para a
19
19
19
19
19
19
19
19
48
45
47
62
59
65
6
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1994. p. 56.
A+ COMUNICAÇÃO
1945 a março de 1964, o Brasil teve quatro eleições ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS (1945-1960) (em %)
presidenciais e dez presidentes, dos quais três foram
PSD e PTB
depostos, dois eram vice-presidentes, quatro assumi-
Os anos da democracia populista foram regidos
ram interinamente, um renunciou e outro suicidou-se
pelo arranjo político composto por Vargas ao final
no exercício do poder. Apenas dois completaram seus
do Estado Novo. Os representantes do PSD e do PTB
mandatos, apesar das corriqueiras ameaças de golpes
venceram três das eleições disputadas no período.
de Estado. Destes dois, apenas um era civil.
Foi sempre a mão de Getúlio, ou a sua sombra, que
Em tal oceano de instabilidade, os governantes decidiu os destinos políticos do país.
populistas tiveram que navegar aproveitando-se ou des- Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitschek e
viando-se das correntezas das pressões sociais dos gru- Jango (João Goulart) estiveram vinculados aos parti-
pos dominantes e dos setores populares. A incorporação dos varguistas. De certo modo, tal articulação só se
das massas urbanas ao processo político, agora também encerrou com o golpe militar de 1964 e a derrubada
por meio do voto, realizava-se pela intermediação dos de João Goulart.
líderes populistas. Timoneiros que diziam conhecer os Yedo Fiúza 0,1 Rolim Teles
PCB PAN
problemas das classes desfavorecidas e prometiam solu- 9,9
Eduardo Gomes
cioná-los, os líderes populistas eram obrigados a vencer UDN
verdadeiras tempestades sociais, decorrentes do acúmu- 35 1945 55 Eurico Gaspar Dutra
PSD/PTB
lo dos interesses divergentes represados por tantas déca-
das. Muitos naufragaram.
A continuidade com o período anterior é evidente. 0,1 João Mangabeira
CristianoMachado PSB
No plano político, o populismo apresentava-se democrá- PSD 21,5
tico, repleto de partidos e lideranças carismáticas, capazes
de arrastar multidões a seus comícios e pronunciamen- 1950 48,7 Getúlio Vargas
PTB/PSP
Eduardo Gomes 29,7
tos. A ausência de um setor hegemônico era compensa- UDN
da, mais uma vez, pelo papel de árbitro que o Estado tinha
Plínio Salgado
de desempenhar. No entanto, com o voto, a população PRP
podia influir na composição das elites políticas e nos des- Ademar de Barros
8
Juscelino Kubitschek
PSP PSD/PTB
tinos do país. Em termos econômicos buscava-se o desen- 26 36
1955
volvimento nacional pela industrialização, orientada pelo
modelo de substituição de importações. Do ponto de vista 30
ACERVO ICONOGRAPHIA
crescimento econômico. Além da repressão aos comu-
nistas, ocorreram intervenções em sindicatos e prisões
de lideranças operárias. As greves e as manifestações
dos trabalhadores eram provocadas pelas perdas sala-
riais decorrentes da inflação do período pós-guerra. Em
lugar de elevar os salários, Dutra promoveu uma libera-
lização da economia, permitindo ampla entrada de pro-
dutos estadunidenses no mercado brasileiro. Por meio
da livre concorrência, os economistas do governo acre-
ditavam que ocorreria uma redução geral nos preços Integrantes da bancada do Partido Comunista do
praticados. Brasil (PCB). Assembleia Nacional Constituinte, Rio de
O alto índice de importações provocou uma enor- Janeiro, 1946.
me evasão de recursos acumulados durante a Segunda
Guerra, obrigando o governo a rever sua política econô-
mica liberal. Em 1947, foi estabelecido um sistema de
controle de importações e valorização da moeda nacio- Sucessão presidencial
nal, com o objetivo de estimular a produção para o mer- Do ponto de vista político, o governo Dutra foi melancó-
cado interno. No mesmo ano era anunciada a elabora- lico. Já no final de 1946, Vargas retirou o apoio concedi-
ção do Plano SALTE, que previa a aplicação de recursos do ao presidente e ocupou-se do fortalecimento do PTB,
públicos nas áreas de Saúde, Alimentação, Transpor- com vistas à sucessão presidencial. A partir da metade
tes e Energia. Por falta de investimentos, o plano foi um do mandato, a agenda política foi atropelada pela suces-
estrondoso fracasso. Ao mesmo tempo que os indicado- são. Vargas lançou-se candidato pelo PTB (o terceiro par-
res sociais eram negativos, principalmente pelas perdas tido do país em número de parlamentares), em aliança
salariais, a economia brasileira prosperava, registrando com o Partido Social Progressista (PSP), do governador
crescimento médio de 8% ao ano entre 1948 e 1951. paulista Ademar de Barros. Para a aliança ficara combi-
O primeiro governo brasileiro do pós-guerra con- nado que, uma vez eleito, Vargas apoiaria Ademar para
solidou o alinhamento do país com os Estados Unidos. sua sucessão. Era a união dos dois maiores líderes popu-
Aceitando a liderança internacional dos estaduniden- listas daquela época. O "pai dos pobres", símbolo da
ses, Dutra rompeu relações diplomáticas com a União nação durante o Estado Novo, e o "tocador de obras",
Soviética em 1947 e participou da onda anticomunista popularizado pela máxima "aos amigos tudo, aos inimigos
que se alastrava pela América Latina. a lei" e autodefinido pela expressão "rouba mas faz". Era
uma dupla e tanto.
O Partido Comunista Brasileiro O presidente Dutra recusou-se a apoiar Getúlio Var-
Com 14 deputados e um senador (Luís Carlos Prestes), gas e lançou a inexpressiva candidatura do mineiro Cris-
o PCB dispunha de uma aguerrida bancada no Congres- tiano Machado, pelo PSD. Pela UDN, que relutava em
so Constituinte de 1946. Entre seus representantes figu- participar das estratégias populistas, concorria nova-
ravam Jorge Amado, João Amazonas, Gregório Bezerra, mente o brigadeiro Eduardo Gomes. Em meio à campa-
Carlos Marighella e Maurício Grabois. Mas o período de nha, o brigadeiro declarou ser favorável à extinção do
legalidade durou pouco. Em 1947, o Tribunal Superior salário mínimo, uma medida que o tornou impopular.
Eleitoral cancelou o registro do PCB, baseado em denún-
cia de que se tratava de um partido controlado por Mos- Getulismo e Udenismo
cou, antidemocrático e subversivo. Seus parlamenta- As eleições de 1950 incendiaram o país. A marchinha
res perderam o mandato e suas sedes foram fechadas. de campanha de Vargas virou sucesso nacional: "Bota o
Recomeçava um longo período de clandestinidade para retrato do velho outra vez/ Bota no mesmo lugar/ O sorriso
os comunistas. do velhinho faz a gente trabalhar".
ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Unidos. Milhões de dólares e de cruzeiros são gastos na
compra de armamentos, na construção de bases aéreas
e navais, na construção e melhoramento de trechos de
vias férreas e de alguns portos com o objetivo de facili-
tar o transporte e o embarque de matérias-primas para a
máquina de guerra norte-americana e de permitir a movi-
mentação de grandes efetivos militares e o reabasteci-
mento de grandes esquadras navais e aéreas. […]
2. A causa desta política de traição nacional está no
próprio regime de latifundiários e grandes capitalistas,
cujos interesses o atual governo representa. Enquanto
existir este regime, a política dos governantes brasileiros
será sempre determinada pelos latifundiários e grandes
capitalistas, a serviço do imperialismo norte-americano.
Os latifundiários e grandes capitalistas submetem-se
aos imperialistas norte-americanos porque, como estes, Manifestação de trabalhadores em greve na Avenida São
estão interessados na exploração e na escravização do João. São Paulo, 1953.
povo brasileiro e desejam uma nova guerra mundial, com
1 Qual era o principal partido de oposição a Getúlio midas pelo populismo a partir de 1945?
Vargas em 1945? → DL/SP/H9/H11 → DL/SP/H9/H11
2 Tanto o PSD quanto o PTB foram criados por lide- 4 Por que o PCB foi colocado na ilegalidade?
ranças políticas próximas a Getúlio Vargas. Quais → DL/SP
eram as diferenças entre esses dois partidos? 5 Quais foram as características econômicas e políti-
→ DL/SP/H9/H11 cas do governo Dutra? → DL/SP/H7/H8/H9
3 Francisco Weffort é um dos maiores estudiosos do 6 Quais foram as características do governo Vargas
fenômeno populista. Em seu livro O populismo na entre 1951 e 1953? → DL/SP/H8
política brasileira, o sociólogo afirma que "o popu- 7 Quais as maiores dificuldades enfrentadas por
lismo foi um fenômeno político que assumiu diversas Vargas para implementar sua política econômica
facetas" de 1945 a 1964. nacionalista? → DL/SP/H7/H8/H11
a) Quais as características mais importantes 8 Quais eram os grupos de oposição a Vargas entre
assumidas pelo populismo durante o Estado 1951 e 1954? → DL/SP/H9/H11
Novo? → DL/SP/H8/H9/H11 9 Por que Jango era tão visado pela oposição udenista?
b) Quais as características mais importantes assu- → DL/SP
M
uitos fascistas e nazistas que fugiram da Europa, ao final da Segun-
da Guerra Mundial, elegeram a América do Sul como destino. Com
novas identidades, procuravam ocultar sua atuação na guerra e os cri-
mes que haviam cometido. Um dos países que mais receberam foragidos foi a
Argentina. Além de uma parte grande da população local ser composta de imi-
grantes italianos e alemães, representantes diplomáticos argentinos na Euro-
pa facilitaram a emissão de passaportes falsos. O próprio governo argentino era
◀ ANOS
A Argentina e composto por militares que, em 1943, haviam dado um golpe de Estado, decla-
o peronismo rando sua aversão aos Aliados e insinuando simpatia pelos países do Eixo. Ape-
sar disso, a pressão política e comercial estadunidense forçou o país, no mesmo
1945
Final da Segunda Guerra. ▾ ano, a declarar guerra ao Eixo. Muitos membros do governo, entretanto, conti-
nuaram a manter contato com representantes dos regimes fascista e nazista.
Juan Perón é eleito presidente 1946
com o apoio dos sindicatos. ▾ Em 1946, Juan Domingo Perón (1895-1974) foi eleito presidente da Argen-
tina, com apoio dos trabalhadores, de parte expressiva da classe média e da
Após campanha liderada por 1947
Evita Perón, é aprovado pelo ▾ Igreja. Nos anos 1930, ele havia sido adido militar em Roma e Berlim. Também
congresso o voto feminino.
participara do governo militar argentino entre 1943 e 1946, exercendo diversas
Perón inicia aproximação 1950 funções, como vice-presidente, Ministro da Guerra e Ministro do Trabalho e da
com os Estados Unidos. ▾
Previdência Social. Neste último cargo, aproximou-se bastante dos sindicatos,
Reeleição de Perón, com Evita 1951 implantou políticas de assistência social e conquistou o apoio da maioria dos
como vice-presidente. ▾
trabalhadores. Em plena Guerra Fria, Perón procurava manter equidistância de
1952 Estados Unidos e União Soviética: era anticomunista ferrenho, mas também
Morte de Evita Perón. ▾
acusava o capitalismo de ser nocivo aos interesses argentinos. Em seu discur-
Perón é derrubado por um golpe 1955 so, defendia uma "terceira via" de desenvolvimento e afirmava lutar pelo cres-
de Estado e parte para o exílio. ▾
O Partido Justicialista (peronista) cimento nacional, para que a Argentina retomasse a importância comercial que
é proibido de participar tivera no início do século XX e que fora corroída pela crise de 1929.
da política argentina.
A doutrina peronista, alardeada pela propaganda interna do regime, defi-
Presidência de Arturo 1958
Frondizi, da União Cívica ▾ nia-se como "justicialista" e afirmava lutar pela justiça social. Sua concepção
Radical Intransigente.
de ampliação dos direitos dos trabalhadores, no entanto, não implicava a auto-
Presidência de Arturo Illia, da 1963 nomia do movimento operário. Ao contrário: o peronismo estabeleceu rígido
União Cívica Radical do Povo. ▾
controle do Estado sobre as associações de trabalhadores e vinculou o acesso
Golpe de Estado. 1966 à recém criada legislação trabalhista ao apoio incondicional a Perón. Durante
Presidência do general ▾
Juan Carlos Onganía. a Segunda Guerra, o país havia aumentado significativamente suas reservas, o
1972 que permitiu a estabilização financeira e a implantação de política sociais.
Perón retorna do exílio. ▾ Reeleito em novembro de 1951, Perón manteve o controle autoritário do
Perón vence as 1973 Estado e continuou a defender a união nacional como prioridade máxima. Num
eleições presidenciais. ▾ discurso de 1952, afirmou:
Sua esposa, Maria Estela Martinez
de Perón é eleita vice-presidente. "Nosso apoio, como sistema, está baseado, precisamente, nessas duas for-
ças, a política – representada pelo justicialismo – e a sindical – representa-
Morte de Perón. 1974
Governo de Maria Estela Perón. ▾ da pelo verdadeiro sindicalismo. [...] Porque estamos os dois defendendo um
mesmo objetivo, que é o objetivo da Nação e eles o sabem, e no preâmbulo
Golpe militar liderado pelo 1976
general Jorge Rafael Videla. ▾ de cada declaração das organizações sindicais está colocado que o interesse
supremo que se defende é a Nação."
Apud PRADO, Maria Lígia. O populismo na América Latina.
São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 51-52
A Argentina 141
Eva Perón
María Eva Duarte (1919-1952) casou-se com Perón em
1945 e, no ano seguinte, tornou-se primeira-dama argen-
tina. Evita Perón – como ficou conhecida – rapidamente
se transformou num mito entre os peronistas. A propa- Eva Perón em discurso diante de uma multidão de
ganda difundia a ideia de que ela era a "mãe dos pobres". mulheres. Buenos Aires, 24 de agosto de 1951.
Por meio de uma associação que levava seu nome, foi a
Bettmann/CORBIS
responsável pela política de assistência social, mante-
ve contato contínuo e direto com os descamisados, dis-
tribuiu alimentos, roupas e máquinas de costura para
milhares de argentinos. Abriu linhas de crédito para
que pessoas com poucos recursos obtivessem financia-
mento para a compra de imóvel e estimulou a constru-
ção de escolas e hospitais. Liderou a seção feminina do
Partido Peronista (futuro Partido Justicialista) e man-
teve suas atividades mesmo depois que descobrir que
estava em estado terminal – a imagem de Evita doente
e ativa ampliou sua popularidade. Morreu logo no início
do segundo mandato de Perón e hoje continua a ser cele- Eva Perón ao lado de seu marido Juan Perón, c. 1950.
brada pelos peronistas.
1 A que provavelmente se deve a fuga de muitos fas- 3 Caracterize os pontos principais da doutrina pero-
cistas e nazistas, depois da Segunda Guerra, para a nista → DL/SP/H10/H13
Argentina? → DL/CF/SP/CA/H7/H11 4 Qual foi a importância de Evita, durante o governo
2 Explique a afirmação de Perón: "no preâmbulo de de Perón? → DL/SP/H11/H13
cada declaração das organizações sindicais está 5 Há semelhanças entre os governos de Perón e de
colocado que o interesse supremo que se defende é a Getúlio Vargas? Quais?
Nação." → DL/CF/SP/CA/H1/H8/H11 → DL/CF/SP/H8
A+ COMUNICAÇÃO
MERCADOS DE EXPORTAÇÃO DA AMÉRICA LATINA (em %)
8,7 20,4
24,7
Chile
11,1 29,2 Europa
América Latina
72 51,4 2,5 52,4 54,1
Outros
Fonte: Elaborado com base em UNITED NATIONS. Yearbook of international trade statistics. New York, 1954.
Muitas vezes ouvimos falar que "os números não men- qual foi o crescimento relativo dessas vendas, devemos
tem" e que a matemática é uma disciplina "exata". Não comparar os dados de outra forma: 11,4%/9% = 126,67%.
é bem assim. Por mais precisos que sejam os cálculos, é Com esse cálculo, ficamos sabendo que o aumento de
sempre necessário relativizar os resultados e compreen- 11,4% representou, na prática, um aumento de mais de
dê-los dentro de seu contexto. Por exemplo, um aumento 126% no conjunto das exportações.
de R$ 1,00 no preço de uma geladeira não tem o mesmo No estudo de História – e nas demais áreas do conhe-
significado que o aumento de R$ 1,00 na tarifa de ônibus. cimento – a análise de tabelas e gráficos oferece infor-
Da mesma forma, um crescimento de 50% nas atividades mações e permite interpretações importantes. Os oito
comerciais entre dois países pode ou não representar um gráficos acima mostram os mercados de exportação de
grande impacto e uma mudança significativa na relação Argentina, Brasil, Chile e México antes da Segunda Guerra
entre eles. Mundial (1938) e depois dela (1950) e as participações
É possível perceber, a partir dos gráficos acima, que percentuais dos Estados Unidos, de países europeus, de
as exportações argentinas para os Estados Unidos repre- países latino-americanos e de outros países do mundo.
sentavam, em 1938, 9% do total exportado pelo país. Em Uma leitura atenta e uma boa análise dos dados permi-
1950, elas significavam 20,4% do mesmo total. Ou seja, te perceber alguns interessantes processos históricos que
elas cresceram 11,4% (20,4% – 9%). Se quisermos saber estavam em curso naquele período.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 A partir do exemplo dado acima, calcule o cresci- 3 O que você pode ter provocado essa mudança no
mento relativo das exportações de Brasil, Chile e conjunto das exportações desses quatro países?
México para os Estados Unidos, de 1938 para 1950. → DL/CF/SP/CA/H6/H7/H9/H18
2 As exportações desses quatro países para a Europa
tiveram crescimento ou decrescimento relativo nesse
mesmo período?
A Argentina 143
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 O que foi a "caça às bruxas anticomunista", liderada 4 Como é tratada a questão da orientação sexual no
por Joseph McCarthy? → DL/CF/H7/H9/H15 Brasil de hoje? Que tipo de ações afirmativas dos direi-
tos LGBT existem atualmente no país?
2 Por que o macarthismo voltou-se também contra os
homossexuais? → DL/CF/SP/H7/H9/H15 → DL/CF/SP/EP/H11/H22/H24/H25
5 Pesquise sobre a existência de direitos LGBT nos
3 Explique a comparação que o texto estabelece, no últi- seguintes países: Canadá, Egito e Rússia.
mo parágrafo, entre as perseguições a comunistas e a
→ DL/SP/CA/H3/H11/H12/H22
homossexuais, nos Estados Unidos dos anos 1950.
→ DL/CF/SP/H7/H9
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 (Enem) A primeira metade do século XX foi marca- c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações
da por conflitos e processos que a inscreveram como e a Revolução Cubana.
um dos mais violentos períodos da história humana. d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o
Entre os principais fatores que estiveram na origem expansionismo soviético.
dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a uni-
século XX estão: ficação da Alemanha.
a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalis- → DL/CF/SP
mo e do totalitarismo.
2 (Enem) "O Massacre da Floresta de Katyn foi noticia-
b) o enfraquecimento do Império britânico, a Grande
do pelos alemães pela primeira vez em abril de 1943.
Depressão e a corrida nuclear.
Numa colina da Rússia, soldados nazistas encontra-
b) Faça uma pequena pesquisa com seus vizinhos, a) Como se deu o avanço comunista na China?
professores e amigos a respeito de Vargas. Eles → DL/CF/H8/H10/H15
sabem quem foi e conhecem algumas medidas b) Caracterize a intervenção ocidental na Guerra da
que implementou? → DL/CF/SP/H2 Coreia e os resultados do conflito. → DL/SP/H8/H9
c) Nos dias de hoje, há tendências políticas que se c) Pesquise o que foi a intervenção soviética no
admitem herdeiras de Vargas? Quais? Afeganistão. → DL/CA/H7/H8/H9/H10
→ DL/CF/SP/H3 d) Explique a afirmação do texto: "As potências
d) Na cidade de São Paulo, não há nenhuma grande nucleares se envolveram em três grandes guerras
avenida com o nome de Getúlio Vargas. Com base (mas não umas contra as outras)".
na história, como você explicaria essa ausência? → DL/CF/SP/H7/H8/H9/H15
→ DL/CF/SP/CA/H9 e) Por que o texto conclui que "o material caro e de
11 (Unicamp-SP) A roupa de Eva Perón foi um negócio de alta tecnologia da competição das superpotências
Estado para um regime que descobriu as formas moder- revelou-se pouco decisivo". → DL/CF/CA/H7/H8/H15/H19
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
País: E
stados Unidos ideológica, durante a Guerra Fria.
Ano: 1964
Câmera
Durante a exibição do filme, sugerimos que você faça
anotações sobre os seguintes itens:
• Como o gestual dos atores contribui para a sátira
ao militarismo e aos temores da Guerra Fria.
Na versão original, o filme tinha um subtítulo – "Como • Qual a simbologia do emprego do mesmo ator em
aprendi a parar de me preocupar e passei a amar a três papéis diferentes: o presidente dos Estados
bomba" – que já mostrava seu caráter satírico, paro- Unidos, um oficial da Real Força Aérea e um cien-
diando os filmes de espionagem e a obsessão, constan- tista ex-nazista.
te durante a Guerra Fria, de uma guerra nuclear. Um mili-
tar estadunidense determina um ataque nuclear à União
Ação
Soviética. Ao tomar conhecimento da ordem, o presiden- Elabore um texto com a seguinte proposta: É possível rir
te dos Estados Unidos convoca seus assessores políticos da ameaça nuclear?
e militares, que, junto com membros da Real Força Aérea Seu texto deverá abordar os seguintes aspectos:
britânica, tentam impedir o ataque e, dessa forma, evitar • como o filme representa o contexto geral da Guerra
a terceira guerra nuclear. Fria;
Luzes • que vínculo o filme sugere entre as pesquisas milita-
res e científicas nas superpotências e o período da
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes Segunda Guerra;
nos Procedimentos metodológicos da página 10. • como a sátira contribui para o desenvolvimento de
Leia novamente o item Estados Unidos e União uma abordagem crítica.
Soviética: a bipolarização (p. 126).
→ DL/CF/SP/CA/EP/H1/H4/H5/H7/H8/H11/H15/H16/H20
Após a leitura:
Estante • ARBEX JR, José. Guerra fria: terror de Estado, política e cultura. São Paulo: Moderna, 1997.
Radar 149
a) caráter autoritário do governo, com forte organi- Pode-se afirmar que o trecho acima faz parte da
zação das massas e constantes acusações de cor- a) proposta de reformas de base do presidente João
rupção e de tortura dos opositores. Goulart, de 1964.
b) ingresso de imigrantes europeus que ampliavam a b) carta de renúncia do presidente Fernando Collor
mão de obra especializada na construção de fer- de Mello, de 1992.
rovias e na industrialização.
c) carta-testamento do presidente Getúlio Vargas,
c) refúgio aos nazistas e aos seus colaboradores de 1954.
europeus, causando tensões com o governo dos
EUA. d) declaração ao povo brasileiro feita pelo governa-
dor Leonel Brizola, de 1962.
d) surgimento do Grupo de Oficiais Unidos no inte-
rior do exército, que atuava em nome da ordem e e) carta de abdicação de Dom Pedro I, de 1831.
dos valores cristãos. → DL/CF/SP/H1/H11/H15
e) apoio à União democrática, frente eleitoral que
aglutinava conservadores, radicais, democratas
progressistas, socialistas e comunistas.
→ DL/CF/SP/H11/H13
10
6 Terra em transe
DE OLHO nos
"
Bossa-nova mesmo é ser presidente Conceitos
Desta terra descoberta por Cabral.
Para tanto basta ser tão simplesmente • Nacional-
-desenvolvimentismo
Simpático, risonho, original."
• Golpe militar
• Plano de Metas
Juca Chaves, Presidente bossa-nova.
151
A
agenda política pautava-se agora nas eleições presidenciais, mar-
cadas para outubro de 1955. Agrupados, os herdeiros do getulis-
mo lançaram a candidatura à presidência da República de Jusce-
lino Kubitschek, governador de Minas Gerais pelo PSD, tendo como vice
o ex-ministro do Trabalho João Goulart, do PTB. A UDN indicou o general
Juarez Távora. Ademar de Barros, pelo PSP, e Plínio Salgado, pelo PRP,
completavam o quadro dos candidatos.
A composição PSD-PTB era praticamente imbatível. Reunia o apoio
das massas urbanas e representantes das oligarquias regionais. Agrupava
as classes médias, setores da burguesia (industrial, agrária e comercial)
e sindicalistas. Formava uma "frente nacional" que tinha como programa
a expansão da indústria brasileira, reunindo os dois conceitos-chave do
período: nacionalismo e desenvolvimento.
Mesmo assim, as eleições de 1955 foram as mais disputadas de todo o
período populista. Juscelino alcançou 36% dos votos, contra 30% de Távo-
ra, 26% de Ademar e 8% de Plínio Salgado. A UDN praticamente mantinha
os mesmos índices da eleição de 1950. Ademar e Plínio fizeram a diferença.
Nacional-desenvolvimentismo
Pelo Plano de Metas, o governo apontava as áreas prio-
ritárias para o investimento estatal: energia, transporte,
alimentação, indústria de base e educação. Dando conti-
nuidade à política econômica do governo Vargas, procu-
rava estimular a industrialização mediante associação
com o capital estrangeiro.
A política econômica de JK, denominada nacional-
-desenvolvimentismo, era semelhante à bossa nova.
Esse novo ritmo musical, surgido na década de 1950 no
Brasil, combinava a música nacional e o jazz estaduni-
dense. A política nacional-desenvolvimentista repre-
sentava uma variação melódica dentro do modelo de
substituição de importações, visando superar um de
seus aspectos mais problemáticos: a obtenção de inves-
timentos estrangeiros no país. Nesse período, diver-
sas empresas multinacionais instalaram-se no Brasil:
O presidente Juscelino Kubitscheck entre o jazzista Louis indústrias automobilísticas, farmacêuticas, petroquími-
Armstrong e o ator Grande Otelo durante almoço oferecido
pelo presidente ao músico estadunidense. Rio de Janeiro,
cas e eletroeletrônicas. A economia diversificou-se, e a
setembro de 1957. produção industrial atingiu o extraordinário índice de
80% de crescimento entre 1956 e 1961. Era, na verdade,
As aparências cotidianas um desenvolvimentismo associado.
Além do capital externo, JK utilizou largamente a
A rígida moral não resistia ao Carnaval. Nos recatados
expansão da base monetária para financiar o déficit do
bailes de salão, a classe média alta apartava-se do con-
orçamento, bancar aumentos salariais e estimular as ati-
vívio com os grupos subalternos, mas ouvia as marchas
vidades produtivas. Como resultado, o governo deixou
e sambas produzidos nos morros cariocas, permitindo-
-se roupas e rebolados mais ousados, máscaras e farto para seus sucessores uma pesada taxa inflacionária de
consumo de lança-perfume. Nas ruas, sem as molduras cerca de 30% em 1961 e a elevada dívida externa de 3,1
dos salões, a massa ruidosa subvertia por alguns dias a bilhões de doláres. Em 1959, diante das pressões para
hierarquia social, ocupando o espaço público sem pudo- que fossem adotadas medidas de contenção de gastos
res. Ao pé dos morros e nas vielas, a malandragem de públicos, o governo JK rompia as negociações da dívida
terno e navalha vivia seu Carnaval o ano inteiro. externa com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Numa época em que se presumia que as aparências Como a bossa nova, o governo JK era elitista. Favo-
não enganavam, mulher "honesta" não podia fumar receu os setores empresariais ligados direta ou indire-
em público, usar calça comprida ou entrar num cine- tamente ao capital transnacional. Estimulou também
ma desacompanhada; o homem era obrigado a demons- o consumo de bens duráveis na classe média, simboli-
trar sua valentia e proteger as zado na capacidade de aquisição de um automóvel e a
damas de quaisquer grosse- ampliação numérica desse grupo social, empregado nas
Mandraque: gíria da
rias; os filhos deviam manter- época que significava diversas funções de gerência e direção das novas indús-
"homossexual trias instaladas.
se respeitosos aos pais, mesmo masculino."
diante de suas maiores arbitra- No entanto, a divisão da renda nacional aprofundou
riedades; o uso de uma camisa a desigualdade social. Os mais ricos haviam ampliado
lilás ou rosa por um homem não deixava dúvidas: trata- seus rendimentos. Os mais pobres participavam de uma
va-se de um "mandraque". parcela menor da riqueza nacional. É certo que a clas-
Tempos de práticas preconceituosas, de discrimi- se média ampliou sua participação na riqueza nacional.
nação, de maniqueísmo, de inconciliáveis oposições, de Mas, em 1960, 1% da população detinha quase 30%
afirmação do bem contra o mal. Também nos comporta- da renda nacional, enquanto os 50% mais pobres pos-
mentos cotidianos vivia-se a Guerra Fria. suíam apenas 15%.
Esplanada dos Ministérios e catedral metropolitana Nossa Senhora Aparecida ao amanhecer. Brasília (DF), 2010. DUDU CONTURSI/PULSAR IMAGENS
1 Quais eram os grupos sociais reunidos na aliança 5 Analise o Plano de Metas. → DL/SP/H9
PSD-PTB? → DL/SP/H11 6 O que foi o nacional-desenvolvimentismo?
2 Por que o governo JK foi um sucesso do ponto de → DL/SP/H7/H8
vista populista? → DL/SP/H8 7 Em que o nacional-desenvolvimentismo se diferen-
3 O governo JK transcorreu num período de profundas cia do programa econômico do governo Vargas?
contradições comportamentais. Explique essa afir- → DL/CF/SP/H9
mação. → DL/SP/H7 8 Explique a seguinte afirmação: "Como a bossa nova,
4 Quais eram as áreas de investimento estabelecidas o governo JK era elitista". → DL/CF/SP/H11
pelo Plano de Metas? → DL/SP
E
m 1960, pela primeira vez desde o estabelecimento da democra-
cia populista, o resultado das eleições presidenciais não favoreceu
o arranjo que orquestrou a política brasileira desde o final do Estado
Novo. Integrando a coligação que conseguiu levar Jânio Quadros à vitória,
a UDN quebrou a hegemonia da aliança PSD-PTB ao derrotar o candidato
governista Teixeira Lott. Também pela primeira vez um presidente recebia
a faixa presidencial em Brasília, a nova capital.
As eleições de 1960 marcaram uma espécie de inversão de papéis
entre a UDN e a aliança PSD-PTB. Enquanto os udenistas – tradicionalmen-
te avessos à incorporação das massas populares ao jogo político – apoia-
vam um político personalista, que se dizia acima dos partidos e campeão da
moralidade pública, o PSD lançava um militar, identificado com as posições
nacionalistas e constitucionais, mas sem os apelos carismáticos dos líderes
populistas. Extremamente popular e temperamental, Jânio aceitou encabe-
çar a aliança conservadora, prometendo, antes de sua posse, deixar a direi-
ta indignada e a esquerda perplexa. Conseguiu.
Apesar da derrota, a aliança PSD-PTB conseguiu eleger João Gou-
lart para a vice-presidência da República. De acordo com as regras eleito-
rais vigentes, era possível votar no candidato à presidência de uma chapa
e no vice de outra. As eleições de 1960 consagraram o voto Jan-Jan (Jânio
e Jango). Era um sinal da divisão e da confusão que começavam a tomar
conta do panorama político nacional. Nenhum dos grupos sociais dominan-
tes, fosse a elite conservadora, fosse a elite nacionalista, era capaz de sus-
tentar a política de reformas estruturais de que o país necessitava.
ACERVO UH/FOLHAPRESS
Jânio Quadros
O professor e advogado Jânio Quadros obteve seu
primeiro cargo eletivo em 1948, com a cassação
dos parlamentares comunistas, quando assumiu
o cargo de vereador pelo Partido Democrata Cris-
tão (PDC) em São Paulo. Sua carreira foi meteó-
rica: em 1953 foi eleito para a prefeitura de São
Paulo; em 1955 assumiu o governo do Estado de
São Paulo; em 1960, com mais de cinco milhões
de votos, ganhou a disputa pela presidência da
República.
Dotado de peculiar estilo populista, Jânio pro-
curava apresentar-se como um homem do povo.
Espalhava talco sobre os ombros para parecer
Ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros desembarca em que tinha caspa. Simulava desmaios em apari-
Santos e é recebido por correligionários. Santos, 22 de setembro ções públicas, atribuídos ao cansaço. Fazia refei-
de 1959. ções com operários. Como administrador, pro-
A+ COMUNICAÇÃO
REPRESENTAÇÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS DE 1947 a 1962 (em %)
5,6 16,2
13,9 37 15,4 15,3
4,9 52,8 35 35,3 30,3
5,4
7,7 7,9 9,8 7,7
29 16,8 24,4 20,2 21,5 29,8
17,2 22,7 23,4
UDN PSP Pequenos Fonte: Elaborado com base em SOUZA, M. do C. C. de. Estados e
partidos políticos no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976. p. 144.
Desafinado 157
FOLHAPRESS
A crise política
Do ponto de vista econômico, Jânio lançou mão de
medidas liberais (desvalorização da moeda e corte nos
gastos públicos) para tentar conter a inflação e honrar
os serviços da dívida externa. Ao mesmo tempo, prome-
teu estabelecer uma lei de remessa de lucros que limi-
tasse a saída do capital estrangeiro investido e demons-
trou apoio à ideia de uma reforma agrária no país. Ele
cumpria o que prometera: a direita estava indignada e a
esquerda, perplexa.
Completamente isolado em apenas sete meses de
Presidente Jânio Quadros condecora o ministro
governo, o presidente lançou uma cartada decisiva com cubano Ernesto Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem
a criação do que previa ser um verdadeiro impasse polí- Nacional do Cruzeiro do Sul. Brasília (DF), 19 de
tico. O vice-presidente João Goulart fora enviado à China agosto de 1961.
comunista em missão diplomática. Na sua ausência, em
25 de agosto de 1961, numa sexta-feira, dia tradicional-
mente marcado pela pequena presença de parlamenta-
res em Brasília, Jânio surpreendeu a nação com o enca- O Governo de João Goulart
minhamento de um pedido de renúncia ao Congresso
A UDN, mais uma vez, voltou à carga, procurando impe-
Nacional.
dir a todo custo a posse de Jango. O vice-presidente,
Sua intenção era criar um fato político com a solici-
ainda na China, foi ameaçado de prisão caso retornas-
tação da renúncia, que, em virtude da falta de quórum
se ao Brasil. No entanto, significativas manifestações
parlamentar, não poderia ser votada e seria intensamen-
populares ocorreram no Sul e nos estados do Rio de
te explorada pela imprensa durante o final de semana.
Janeiro, São Paulo e Bahia pelo cumprimento da Cons-
Acreditava que o povo sairia às ruas para clamar por sua
tituição. No Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, então
permanência no cargo e que os militares poderiam ade-
governador, liderou o Movimento de Resistência Demo-
rir a uma saída golpista como alternativa a entregar o
crática e a chamada "rede de legalidade", obtendo o
poder ao temido João Goulart. Com o apoio popular, tal-
apoio do III Exército. Havia greves. Havia multidões. E
vez tentasse estabelecer uma ditadura no país.
havia armas. Era necessário negociar ou o país experi-
Naquela sexta-feira, porém, tudo saiu diferen-
mentaria uma guerra civil.
te para o presidente. Havia quórum no Congresso, que
A adoção do sistema parlamentarista de governo
aceitou seu pedido de renúncia, e as massas não esboça-
foi a solução encontrada para o impasse. Goulart assu-
ram nenhuma reação. Os setores militares, de fato, veta-
miria a presidência, mas a chefia do Executivo passava
ram a posse de Jango. Abria-se uma nova luta política
a ser exercida por um primeiro-ministro, indicado pelo
no país, mas Jânio Quadros já era carta fora do baralho.
presidente e aprovado pelo Congresso. Em 1965, já ao
Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados,
final do mandato de Jango, seria realizado um plebis-
assumiu interinamente a presidência da República.
cito popular sobre a manutenção do regime parlamen-
Desafinado 159
19
19 3
19
19
46
64
6
61
sanciona Presidente da República
Congresso nacional
Leis federais
Vice-presidente plebiscito (1963)
Regime presidencialista (1946-1961 e 1963-1964)
Deputados Senadores
federais nomeia
elaboram Presidencialismo 82%
Ministros Forças armadas
Parlamentarismo 18%
sancionam
Assembleias legislativas Leis estaduais Governadores estaduais
Deputados estaduais
elaboram
Secretários
nomeiam
Supremo Tribunal Federal
sancionam
Câmaras municipais Leis municipais Prefeitos
Vereadores Tribunal federal de recursos
elaboram
Secretários
nomeiam
ELEITORES
voto direto Tribunal Tribunal Tribunal do
eleitoral militar trabalho
sanciona
Tribunais regionais
Congresso nacional indica indica
Leis federais Presidente da República
Deputados Senadores
federais indica e preside
elaboram Primeiro-ministro Justiça Justiça Justiça Justiça do
Conselho de ministros comum eleitoral militar trabalho
Regime parlamentarista (1961-1963)
sancionam
Assembleias legislativas Leis estaduais Juízes locais
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1994. p. 59.
Fonte: Elaborado com base em Boletim da ABRA (Associação Brasileira de Reforma Agrária).
Desafinado 161
1 Quais eram as características da crise econômica 5 Que tipo de hegemonia buscava-se estabelecer com
dos primeiros meses do governo Jânio? → DL/SP/H9 as Reformas de base? Como tal hegemonia se pro-
2 Quais eram as características da crise social provo- cessaria? → DL/SP/H8/H9/H11
cada pelo desenvolvimento econômico? → DL/SP/H9 6 A adoção das Reformas de Base implicaria uma
3 O que representava, em termos político-ideológi- mudança de rumos no modelo de substituição de
cos, a candidatura de Jânio Quadros? → DL/SP/H9 importações? Justifique sua resposta. → DL/SP/CA/H8
4 Quais foram os principais aspectos do Plano 7 Quais eram as características da crise do regime
Trienal? → DL/SP/H8 populista? → DL/SP/H8/H9/H10/H11
MÁRIO YOSHIDA
cólicas passeatas de usuários, no rumo dos empregos.
O ANTAGONISMO DOMINANTE
Com as greves, subiam os custos da produção, aumentan-
do o processo inflacionário.
A majoração de salários (o mínimo geral ou profis-
sional, o de certas categorias econômicas, a lapsos cada
vez menores) repercutia imediata e intensamente nos
custos industriais e comerciais, consumindo logo, na
voracidade inflacionária, o aumento demagógica e iluso-
riamente concedido.
[...] Para contrabalançar a propaganda subversiva
vinda de emissoras oficiais, radiodifusoras de vários pon-
tos do país congregaram-se na Rede da Democracia. A
LIMDE (Liga das Mulheres Democráticas) impediu a realiza-
ção de um congresso vermelho em Belo Horizonte. No Rio
de Janeiro, formava-se a CAMDE (Campanha da Mulher pela
Democracia) – era a sensibilidade nacional despertando.
[...] a hierarquia das Forças Armadas preparava-se
para exercer, mais uma vez, a função de Poder Moderador,
incluída no costume político-administrativo da República Estados Unidos
Pacto anti-União
nos casos extremos de regime em perigo. Fonte: Elaborado com base em SILVA, G. do C. e. Soviética
Principais zonas
Satélites
de instabilidade
Iugoslávia
União Soviética
e China
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9. Mário, Satélites
cadernu Iugoslávia
o
Mário,
aplicar cores:
a) QuaisEUA
1 Como o autor justifica a ação militar de 31 de marçoaplicar cores: eram =os azul
inimigos internos, segundo a visão
de 1964? → DL/CF/SP/H14 militar corrente no Brasil após-aazul
Pactos anti-URSS Segunda
maisGuerra
claro
EUA = azul Mundial? → DL/SP/H9/H11/H14
2 Qual é o papel das Forças Armadas na visão dePactos anti-URSS Neutralismo
- azul
b) Quais poderes mais
eram
=claro
cinzaporclaro
ameaçados esses "inimi-
Giordani? → DL/CF/SP/H9/H14
Neutralismo =Principais
cinza claro xonas
gos internos"? → DL/SP/H11/H14 de instabilidade = verde esc
3 O reconhecimento de "inimigos internos" foi uma cons-Principais xonas URSSdepodem
instabilidade
e China = verde
= vermelho escuro
tante durante a democracia populista e, posteriormen-URSS 4 Quais relações ser estabelecidas entre o mapa
e de
China = vermelho
Satélites
Golbery do Couto e=Silva
roxoe o texto de Giordani?
te, durante a ditadura militar. Pergunta-se:
Satélites→ = roxoIugoslávioa = hachurado de vermelho
DL/CF/SP/H4/H7/H9/H14
Iugoslávioa = hachurado de vermelho
texto sem ser em curvas Desafinado 163
texto sem ser em curvas
1 Como Roberto Campos justifica a intervenção do 3 O liberalismo econômico tem bastante prestígio nos
Estado na economia durante a República Populista? dias de hoje. O atual governo brasileiro segue a car-
→ DL/CF/SP/H8/H14 tilha liberal? Justifique e apresente pelo menos duas
medidas como exemplo. → DL/CF/SP/H8/H9
2 Qual é o receituário básico do liberalismo?
→ DL/SP 4 Como o liberalismo propõe solucionar o problema das
desigualdades sociais? → DL/SP
ACERVO ICONOGRAPHIA
FOLHAPRESS
Comício da Central ou Comício das Reformas organizado Marcha da Família com Deus pela Liberdade, organizada
por João Goulart e realizado em frente à estação Central do com o objetivo de mobilizar a opinião pública contra o
Brasil. Rio de Janeiro, 13 de março de 1964. governo de João Goulart. São Paulo, 19 de março de 1964.
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
a) A trilha sonora.
Os desafinados
b) A divisão dos tempos históricos dentro da narrativa.
Diretor: Walter Lima Jr.
DIVULGAÇÃO
Ação
1 Identifique o momento histórico do Brasil apresenta-
do na primeira parte da narrativa.
O filme conta a história de cinco músicos que partem para
Nova York, onde conhecem uma musicista brasileira que 2 Como é representado o presente da narrativa, ou seja,
comporá a voz feminina do grupo. No regresso ao Brasil, os o ano de 2008?
personagens encontram o país à beira de um golpe militar. 3 A primeira parte do filme se passa em Nova York.
Aponte algumas das ambiguidades e contrastes pre-
Luzes sentes no Brasil daquela época.
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes 4 Quais as semelhanças e diferenças entre os tipos de
nos Procedimentos metodológicos da página 10. mulher representados pelas personagens Glória e
• Leia novamente os itens Juscelino Kubitschek (p. 153), Luísa? O que elas poderiam simbolizar?
O regime populista (p. 153), A mobilização popular (p. 5 Quais as classes sociais representadas no filme?
161) e Guinada à esquerda (p. 161). 6 Em uma das cenas, Dico reclama da música que os
• Pesquise sobre a Bossa Nova e o Cinema Novo. amigos fazem. Segundo ele, a Bossa Nova exagerava
no "pertinho", "banquinho", "barquinho" e deixava de
Câmera lado questões sociais importantes para o país. Aponte
De posse de material para fazer anotações durante a exibi- as características do Cinema Novo representadas pelo
ção do filme, sugerimos que você preste atenção nos aspec- projeto do personagem de Dico, o cineasta do grupo.
tos a seguir e registre-os. → DL/CF/H1/H3/H5/H11
Estante • TOLEDO, C. N. de. O governo Goulart e o golpe de 64. São Paulo: Brasiliense, 1982.
Radar 167
10
7 A era da contestação
DE OLHO nos
N
a mitologia greco-romana, os deuses foram criados pelo Conceitos
Universo. O Céu (Urano) unido à Terra (Geia) produzia filhos
que, tão logo nasciam, eram devolvidos ao seio materno. Em • Autodeterminação
nome da liberdade, Saturno, o filho caçula, revoltou-se contra o pai. • Desobediência civil
Castrou-o, libertou seus irmãos e, logo em seguida, tomou seu lugar • Pan-africanismo
e passou a governar o mundo. No entanto, com receio de perder o
poder, aprisionou seus irmãos nas trevas e passou a devorar seus • Revolução cultural
filhos assim que vinham à luz. No Brasil, a aliança entre os seto- • Movimento civil/
res civil e militar pôs fim ao populismo. Em nome da liberdade, da movimento social
ordem, da segurança nacional, o presidente Goulart foi deposto. Um • Luta armada
novo governo viria a se formar a partir dessa aliança. No entanto,
como na mitologia grega, o golpe de 1964 também devoraria seus
• Teologia da
Libertação
filhos. E muitos de seus pais.
Nos Estados Unidos, uma entranhas do sistema capitalista,
• Foquismo
impressionante explosão demo- onde acreditavam que seriam devo- • Maoísmo
gráfica verificou-se após a Segunda rados. Desconfiados, cunharam um • Contracultura
Guerra Mundial, com um aumento
de mais de 40% na taxa de nasci-
dos slogans mais famosos da Histó-
ria: "Não acredite em ninguém com
• Pop art
mentos. A geração do chamado baby mais de 30 anos". • Cinema Novo
boom viveria uma época de otimis-
mo e euforia econômica, distante ACERVO HÉLIO OITICICA, RIO DE JANEIRO, BRASIL
169
R
efugiado no Rio Grande do Sul e depois asilado no Uruguai, João
Goulart recusou-se a tentar uma resistência armada ao golpe civil-
-militar. Em 2 de abril de 1964, a presidência da República foi decla-
rada vaga e novamente empossado, interinamente, Ranieri Mazzilli, presi-
dente da Câmara dos Deputados.
A intervenção militar era anunciada como passageira e saneadora dos
"desmandos provocados pela infiltração esquerdista no país". Tratava-
-se, segundo seus atores, de uma verdadeira missão salvacionista, na qual
as Forças Armadas assumiam uma função tuteladora da sociedade, como
haviam ensaiado à época da crise do regime monárquico e, posteriormente,
com o movimento tenentista, a Revolução de 30, o golpe de 1937 e diversas
vezes durante o regime populista. Confiante, a maioria dos jornais de todo o
país saudava a vitória do movimento "democrático".
Às forças sociais que efetuaram a ruptura constitucional cabia agora a
tarefa de reorganizar o país. Praticamente consensual era a necessidade de
um Poder Executivo forte, que desmobilizasse e desarticulasse as diversas
organizações populares e impedisse a ação de seus principais dirigentes.
Por outro lado, caberia formar o novo governo a partir das alianças entre os
representantes da UDN e do PSD, das principais lideranças militares e dos
diversos setores do empresariado.
No seio das Forças Armadas, unidas contra o comunismo e a esquerdi-
zação da República, restavam ainda os setores "reformistas" ou "nacionalis-
tas", cuja adesão ao golpe contra João Goulart fora obtida graças às seguidas
insubordinações hierárquicas relevadas pelo Presidente. Gradativamente,
esse grupo foi alijado do centro das decisões, e alguns de seus representan-
tes passaram à oposição ao regime. Os militares distinguiam-se ainda em
dois outros agrupamentos: a chamada "Sorbonne" ou os moderados, como
eram conhecidos os ideólogos da Escola Superior de Guerra (ESG), que for-
neceriam as bases doutrinárias para a intervenção político-social, e os repre-
sentantes da "linha dura", que comandavam as principais
EQUIPE JB/AJB
REAGRUPAMENTO PARLAMENTAR (1966) MDB, como o agrupamento do "acho que sim". A contes-
tação ao regime não se daria no Parlamento.
(em %) 1964 1966
Cassações
PRP 100 Enquanto o novo núcleo do poder se organizava, trans-
corria uma ampla campanha arquitetada pelos setores
PR 100
mais conservadores do país. Exigiam-se expurgos nas
UDN 91 9 ARENA
Aliança universidades, nos serviços públicos e nas Forças Arma-
PSP 85 15 Renovadora das. Intelectuais de esquerda, lideranças políticas e sin-
Nacional
PL 80 20 dicais e militares nacionalistas foram alvo de intensa
PDC 76 24 perseguição. A linha dura controlava as comissões espe-
ciais de inquérito, criadas para investigar crimes de sub-
PST 75 25
versão e corrupção. O Inquérito Policial-Militar (IPM)
PSD 66 34 MDB
Movimento era uma poderosa arma de intimidação, à qual foram
PTN 57 43 Democrático
Brasileiro submetidas milhares de pessoas. Em junho de 1964, foi
PRT 50 50 criado o Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão
PTB 31 69 que reunia agentes de segurança civis e militares, que se
infiltravam em jornais, empresas, escolas, universida-
PSB 25 75
des, associações e sindicatos para investigar suspeitos
e reprimir atividades oposicionistas. Ao longo de 1964,
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História aproximadamente cinquenta membros do Congresso,
do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997. p. 65.
dezenas de vereadores e deputados estaduais, cerca de
ACERVO ICONOGRAPHIA
"No fundo, chegamos à conclusão de que fizemos a revo-
lução contra nós mesmos." Essa lamentosa frase de Ade-
mar de Barros sintetizava o ânimo de alguns conspira-
dores civis em relação aos rumos do governo militar.
Após duras críticas ao regime, Ademar chegou a exigir a
renúncia do presidente Castelo Branco em um manifes-
to à nação. Em junho de 1966, teve seus direitos políti-
cos cassados por dez anos.
Muito mais agitado, Carlos Lacerda não se limitou
a discursos e artigos nos jornais contra a ditadura que Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.
Lisboa, Portugal, novembro de 1966.
ajudara a instaurar. Procurando organizar um tercei-
ro partido político que viabilizasse suas pretensões pre-
ACERVO ICONOGRAPHIA
sidenciais, ele recorreu até mesmo aos ex-presidentes
exilados Jango e Juscelino, seus antigos inimigos, para
formar a Frente Ampla. Aproveitando-se do desconten-
tamento geral e com a gradativa perda de espaço políti-
co, o ex-governador da Guanabara tentava uma cartada
desesperada. Passou a adotar um discurso nacionalista e
exigia o retorno do país à democracia. Desde 1965, inten-
sificou seus ataques contra líderes do golpe militar. Renato Archer, João Goulart e Carlos Lacerda.
Montevidéu, Uruguai, setembro de 1967.
1 Leia com atenção os textos abaixo e depois respon- a) O trecho a respeito da mitologia grega mencio-
da às questões: na alguns personagens: Urano, Geia, Saturno,
irmãos de Saturno e filhos de Saturno. Associe
"Na mitologia greco-romana, os deuses foram criados
cada personagem a um grupo social participan-
pelo Universo. O Céu (Urano) unido à Terra (Geia) pro-
te do golpe de 1964 no Brasil. → DL/CF/SP/H11
duzia filhos que, tão logo nasciam, eram devolvidos
ao seio materno. Em nome da liberdade, Saturno, o b) O movimento de 1964 foi uma revolução?
filho caçula, revoltou-se contra o pai. Castrou-o, liber- Justifique sua resposta. → DL/SP/H9
tou seus irmãos e, logo em seguida, tomou seu lugar c) Quais eram as implicações políticas decorren-
e passou a governar o mundo. No entanto, com receio tes do exercício do Poder Constituinte por parte
de perder o poder, aprisionou seus irmãos nas trevas e da junta militar? → DL/SP/H9/H11/H12
passou a devorar seus filhos assim que vinham à luz."
d) Por que se pode dizer que a ditadura devorou
Trecho da introdução deste capítulo, p. 169. alguns de seus líderes? → DL/CF/SP/H9
"A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder e) Quais eram as três alas mais importantes das
Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular Forças Armadas no período? → DL/SP
ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e f) O que foi a Frente Ampla? → DL/SP
mais radical do Poder Constituinte."
Preâmbulo do Ato Institucional n.º 1.
N
a lógica colonialista, os domínios europeus na Ásia e na África
◀ ANOS
DESCOLONIZAÇÃO eram extensões das metrópoles. Seus habitantes também seriam
filhos das pátrias europeias. Filhos inferiores que deveriam mani-
A Libéria torna-se o primeiro 1847 festar gratidão pela tutela dos Estados europeus.
país independente da África. ▾
A partir da década de 1950, a situação colonial passou a ser dura-
1896
A Etiópia torna-se independente. ▾ mente questionada. Os filhos da Ásia e da África negavam tal paternida-
Campanha de resistência pacífica 1919 de forçada e retomavam outras ancestralidades para servirem de base
liderada por Gandhi na Índia. ▾ para novas nacionalidades.
1930 O processo que sacudiu as colônias e enfrentou o colonialismo europeu
Prisão de Gandhi. ▾
ficou conhecido como descolonização. No entanto, o termo descolonização,
Invasão da Etiópia 1936
por tropas italianas. ▾ para alguns historiadores, carrega uma visão eurocêntrica da História, pois
Independência da Indochina. 1945 não retrata a luta das diferentes nações africanas na conquista de suas inde-
Guerra da Indochina até 1954. ▾ pendências e parece ser resultado apenas da ação do colonizador, que abri-
Independência da Índia. 1947 ria mão de pretensos direitos adquiridos em determinado momento.
Conflitos entre hindus ▾
Em seu lugar, seria preferível utilizar o conceito de "emancipação" ou
e muçulmanos.
Criação do Paquistão. "processo de independência", que enfatiza os processos históricos desen-
1948 cadeados pelos países afro-asiáticos, sujeitos históricos capazes de decidir
Assassinato de Gandhi. ▾ sobre sua própria realidade.
Reconhecimento da 1954 Foram vários os fatores que impulsionaram o processo de emancipa-
independência do Laos, Camboja ▾
e Vietnã pelo governo francês. ção política das colônias europeias localizadas na África e na Ásia. Em pri-
Conferência de 1955 meiro lugar, as duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) e a depres-
Bandung (Indonésia). ▾
são econômica entre elas abalaram a confiança da Europa ocidental na sua
Independência total do Egito. 1956
Nacionalização do Canal de Suez. ▾ "missão civilizadora", e provocaram um declínio considerável na capacida-
Independência do Sudão de real de manter seus domínios imperiais.
(Núbia) e do Marrocos. A derrota do nazifascismo alavancou a criação da Organização das
1957 Nações Unidas (ONU), que estabelecia como eixo principal de atuação o
Independência de Gana. ▾
Primeira Conferência de 1958 "princípio da autodeterminação dos povos e a descolonização" (capítulo
Estados Africanos Independentes ▾ XI de sua Carta de Fundação), princípio que seria reforçado em 1962, com a
em Acra (Gana).
1960 criação do "Comitê Especial de Descolonização".
"Ano africano": independência de
diversos países do continente. ▾ A Guerra Fria alimentou os movimentos de contestação ao colonialismo
1962 que começaram a pipocar na Ásia e na África. Mas o processo de indepen-
Independência da Argélia. ▾ dência afro-asiático também decorreu de seus movimentos nacionalistas,
Fundação da Organização para a 1963 que proclamavam os ideais de união, autonomia e liberdade. Associações
Unidade da África (OUA). ▾
Independência do Quênia. estudantis, elites nativas, intelectuais e outros setores sociais foram atraídos
Início da Guerra do Vietnã, que se 1964 por movimentos pela conquista das liberdades civis e dos direitos humanos.
estenderia até 1975. ▾
No entanto, os caminhos rumo à independência variaram, dependen-
1965 do da região e do tipo de colonização. A conquista da liberdade muitas vezes
Independência da Rodésia. ▾
1973 foi arrancada à força, com lutas sangrentas e prolongadas. O desenlace da
Independência da Guiné-Bissau. ▾ luta anticolonial esteve articulado, portanto, às especificidades das antigas
1974 potências e de seus domínios, às expectativas ideológicas e aos rearranjos
Revolução dos Cravos em Portugal. ▾
políticos estabelecidos ao final da Segunda Guerra Mundial.
Independência de 1975
Angola, Moçambique e ▾ Por meios pacíficos ou através de longas lutas internas, os velhos impé-
São Tomé e Príncipe.
rios coloniais chegavam ao fim.
MÁRIO YOSHIDA
cres de muçulmanos e hindus, cada vez mais fre- ÍNDIA E PAQUISTÃO APÓS A INDEPENDÊNCIA (1947)
quentes. Gandhi considerou a divisão inaceitável RÚSSIA
e passou a trabalhar pela reconciliação dos dois
NA
CHINA
Estados. No entanto, no dia 30 de janeiro de 1948, AFEGANISTÃO
após uma cerimônia religiosa, Mahatma Gandhi
foi assassinado por um jovem extremista hindu. PAQUISTÃO
OCIDENTAL
Até hoje as rivalidades religiosas e políticas mar- Nova Délhi NEPAL
cam as relações entre a Índia e o Paquistão. Carachi
PAQUISTÃO
ORIENTAL
A desobediência civil Dacca
REPÚBLICA CHINA
DEMOCRÁTICA
BIRMÂNIA
POPULAR DO VIETNÃ
NÃ
Ã
Hanói
LAOS
TAILÂNDIA
REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
DO VIETNÃ
CAMBOJA
Saigon
ESCALA
0 230 460 km
Mário,
ampliar para 138%
OH_V3_Book.indb 176 18/05/16 09:40
passou a ser governada por um colaborador das auto-
O processo de emancipação ridades coloniais e com o apoio de Francisco Franco.
política africana O Saara Ocidental foi anexado pelo Marrocos e consti-
O desenvolvimento dos transportes a partir do final do tui o único caso de território colonial que permaneceu
século XIX possibilitou o contato mais estreito entre sob dependência.
africanos e afrodescendentes. Estudantes africanos diri- Possessões francesas
giam-se para os Estados Unidos, onde se matriculavam
A França concentrou todos os seus esforços na resis-
em escolas e universidades para negros. Afrodescen-
tência ao movimento de libertação na Argélia. A guer-
dentes deixavam a América em direção à Libéria. Con-
ra da Argélia foi longa e violenta (1954-1962). Tal situa-
ferências e atividades literárias estreitaram os conta-
ção favoreceu o processo de independência em outras
tos entre negros da África e negros da América, também
regiões sob dominação francesa. Na esteira dessa luta,
conhecidos como os "negros da diáspora".
Tunísia e Marrocos obtiveram a emancipação política
Desse estreitamento começou a se formar um con-
em 1956. Até 1960, catorze colônias francesas haviam
junto de ideias de valorização da cultura africana. Essa
obtido sua independência.
valorização germinou nos Estados Unidos e no Caribe e
depois circulou pela Europa e África, trazida por estu- Possessões belgas
dantes e intelectuais africanos. Em relação à Bélgica, os territórios tutelados de Ruan-
Tal conjunto de ideias ficou conhecido como pan- da e Burundi conquistaram a independência sem con-
-africanismo. Negros de todo o mundo, dispersados frontos e sob supervisão da ONU. Os conflitos, como
ao longo de séculos devido ao tráfico negreiro, possui- vimos no capítulo 1 (p. 43), ocorreriam após o processo
riam uma pátria comum: o continente africano. Have- de emancipação política.
ria também um destino comum a todos os povos da No Congo Belga ocorreu um dos processos de inde-
África por pertencerem a uma única raça. A unida- pendência mais sangrentos. Antiga joia concedida ao rei
de africana repousaria, portanto, em uma identida- Leopoldo II, tornou-se colônia da Bélgica em 1908, pos-
de étnico-cultural. Alguns, como o jamaicano Marcus suindo um vasto território rico em cobalto, ferro, potás-
Garvey (1887-1940), chegaram a defender o retorno de sio e diamante. Os belgas reivindicavam uma retirada
todos os negros do mundo ao continente e uma separa- gradual, ao longo de trinta anos, e a manutenção dos
ção radical com as sociedades dos brancos. Seu slogan, laços por meio de uma federação. Mas os congoleses
que teve efeito em milhões de seguidores, era "A África exigiam emancipação política imediata, influenciados
para os africanos". pelo processo de autonomia do Congo Francês. Os con-
Apesar de tais ideias unitaristas, a emancipação frontos entre colonos e congoleses se intensificaram até
política na África não se deu de maneira homogênea a independência, em 1960.
nem foi o resultado de um movimento conjunto e arti-
culado de suas lideranças. Iniciou-se nas possessões Possessões britânicas
italianas e nos domínios britânicos da costa atlântica. Para a Grã-Bretanha, a perda do controle do canal de
Estendeu-se às regiões sob dominação francesa e depois Suez, em 1956, que havia sido nacionalizado pelos
à África belga. Chegou ao coração da África, nos territó- egípcios, marcou o início das dificuldades em manter
rios próximos às nascentes do Nilo, controlados pelos seu império na África. De maneira geral, na maioria
britânicos. Por fim, o movimento derrubou a última for- das regiões sob sua dominação, a retirada foi gradual,
taleza colonialista mantida pelos portugueses. com manutenção de sua influência de forma indireta.
Foi o caso da antiga Costa do Ouro, a qual, rebatizada
Possessões espanholas de Gana, conquistou a independência (1957) depois de
No caso das possessões espanholas, a maior parte do um movimento pacífico liderado por Kwane Nkrumah,
território do Marrocos espanhol foi devolvida à sobe- que se tornou o primeiro presidente da nova República.
rania marroquina. Com exceção da cidade de Ceuta, A retirada britânica de Gana acelerou a indepen-
que a Espanha franquista se recusou a entregar, pois dência de outras possessões. Entretanto, no Quênia,
era estratégica para assegurar o controle do estrei- os colonos se envolveram numa luta sangrenta trava-
to de Gibraltar. Os territórios no golfo da Guiné se uni- da contra os revoltosos Mau-Mau, organização apoia-
ram para dar lugar à República da Guiné Equatorial, que da pelos povos kikuyu, que deixou milhares de mortos.
Rastafári
Haile Selassié I (1892-1975), nascido com nome Tafari
Makonnen e posteriormente conhecido como Ras Tafa-
ri, foi regente da Etiópia entre 1916 e 1930. Coroado
imperador (1930), governou a Etiópia até 1974. Anun-
ciava-se como o herdeiro da dinastia salomônica, que
remonta ao século XII e que, segundo a tradição etíope,
descenderia diretamente do Rei Salomão e da Rainha
Makeda, também conhecida como Rainha de Sabá. Haile Selassié, imperador da Etiópia,
durante visita à Jamaica, abril de 1973.
guesa à Metrópole.
MÁRIO YOSHIDA
AS CORES PAN-AFRICANAS
No início da década de 1960, enquanto boa parte EUROPA
das colônias francesas e britânicas na África havia se
tornado independente, nada parecia tirar os portugue- M a r
M
e
d i
ses de seu destino ultramarino. As revoltas começaram MARROCOS
TUNÍSIA t e r r â n e
o
CABO
No início dos anos 1970, metade do orçamento por-
rV
VERDE
erm
e l ho
MAURITÂNIA
se revoltaram. A revolta pôs fim a uma ditadura instalada SERRA LEOA COSTA NIGÉRIA
GANA
DO ETIÓPIA
MARFIM REPÚBLICA
LIBÉRIA CENTRO-AFRICANA
CONGO
novo governo foi estabelecer uma nova política em rela- GABÃO QUÊNIA
GUINÉ REPÚBLICA RUANDA OCEANO
OCEANO EQUATORIAL DEMOCRÁTICA
DO CONGO BURUNDI ÍNDICO
ção aos movimentos de independência nas colônias. ATLÂNTICO
TANZÂNIA SEYCHELLES
ZIMBABWE
descolonização e que transformou os territórios inde-
GÁ
NAMÍBIA
MAURÍCIO
DA
MOÇAMBIQUE
BOTSUANA
MA
MÁRIO YOSHIDA
INDEPENDÊNCIAS AFRICANAS
EUROPA M a r
M
e
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MARROCOS TUNÍSIA t e r r â n e o
1956 1956
ARGÉLIA
1962 LÍBIA
SAARA
M
1951 EGITO
ar
OCIDENTAL* 1922
Ve
Península
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Arábica
MAURITÂNIA
o
CABO 1960
VERDE MALI
1975 SENEGAL 1960 NÍGER ERITREIA
1960
GÂMBIA 1960 CHADE 1993
1965 ALTO 1960 SUDÃO
VOLTA 1956
GUINÉ-BISSAU GUINÉ 1960 DJIBUTI
1974 1950 NIGÉRIA 1977
TOGO 1960
SERRA LEOA COSTA DO 1960
ETIÓPIA
1961 MARFIM BENIN
REP. CENTRO-
LIBÉRIA 1960 GANA 1960
CAMARÕES -AFRICANA
1957 SOMÁLIA
1960 1960
1960
GUINÉ UGANDA
EQUATORIAL REPÚBLICA 1962
1968 DO CONGO QUÊNIA
GABÃO 1960 RUANDA 1963
SÃO TOMÉ 1960 1962
E PRÍNCIPE ZAIRE BURUNDI SEYCHELLES
1975 1960 1962 1976
Fonte: Elaborado com base em CHALIAND, G.; RAGEAU, J-P. Atlas politique du XX siècle. Paris: Seuil, 1988.
Faça
O Terceiro Mundo Tá ligado?! em se
cadernu
o
O surgimento de numerosos novos Estados na Ásia e na
África depois da Segunda Guerra Mundial deu origem (PUC-MG) Em 1955, realizou-se na Indonésia a
"Conferência de Bandung", quando os governantes
a um grupo de países que procuravam, muitas vezes,
dos países afro-asiáticos se reuniram para tomar
escapar da áreaMário,
de influência tanto dos Estados Unidos posição diante da bipolarização do mundo,
quanto da União Soviética. Ou seja, eles não queriam se produzida pela Guerra Fria. É CORRETO afirmar que
aplicar relevo
alinhar nem com o capitalismo nem com o socialismo. essa Conferência resultou:
Foram chamados,enviar eps
por isso, semnão
de países texto em. curvas
alinhados a) na indicação dos rumos da política a ser seguida
A Conferência Afro-Asiática de Bandung foi a pri- pelos países não alinhados, para se aproximarem
meira manifestação política desses países independen- dos interesses das grandes potências.
tes que surgiam no cenário mundial. b) no alinhamento dos países do chamado "Terceiro
Essa conferência foi organizada por iniciativa da Bir- Mundo" ao bloco socialista contra a hegemonia
mânia (atual Myanmar), do Ceilão (atual Sri-Lanka), da norte-americana.
Índia, da Indonésia e do Paquistão. Realizou-se em Ban- c) na garantia de neutralidade dos países
participantes frente às disputas que envolviam
dung, na Indonésia, entre os dias 18 e 24 de abril de
as duas superpotências.
1955. Dela participaram ainda mais 24 nações: Afeganis-
d) no apoio à política externa norte-americana para
tão, Camboja, China, Egito, Etiópia, Costa do Ouro (atual
impedir que o modelo socialista se estendesse
Gana), Irã, Iraque, Japão, Jordânia, Laos, Líbano, Libéria, pela América Latina.
Líbia, Nepal, Filipinas, Arábia Saudita, Sudão, Síria, Tai-
→ DL/CF/H7/H9
lândia, Turquia, Iêmen, República Democrática Popular
→ conforme tabelas das páginas 8 e 9.
do Vietnã e República Democrática do Vietnã.
1 Quais os fatores que alavancaram o processo de 6 Patrice Lumumba, líder das lutas pela emancipação
emancipação das colônias europeias na Ásia e na do Congo belga e primeiro-ministro da República
África? → DL/SP/H7/H9/H10/H11 Democrática do Congo, em discurso proferido em
2 Qual foi a estratégia utilizada por Mahatma Gandhi 30 de junho de 1960, dia da independência, procla-
na luta contra o colonialismo britânico na Índia? mou: "A República do Congo foi proclamada e agora
→ DL/SP se encontra nas mãos de seus próprios filhos [...].
Nesse momento os próprios povos escrevem sua his-
3 Apresente pelo menos um dos elementos responsá- tória [...] não mais aquela feita em Londres, Paris ou
veis pelos enfrentamentos entre Índia e Paquistão
Washington, mas em Hanói, Luanda, Bissau, Maputo
nos dias de hoje. → DL/SP/H3/H7
[...]".
4 Aponte um aspecto em comum entre o processo de Escreva, em seu caderno, qual o significado dessas
emancipação da Argélia e o das possessões portu-
palavras no contexto colonial.
guesas. → DL/CF/SP/H7
→ DL/CF/SP/CA/H1
5 Considerando-se o contexto histórico em que se
7 O que significa a expressão Terceiro Mundo?
deu a libertação dos países afro-asiáticos, explique
a inadequação do termo "descolonização". → DL/SP/H7/H9
→ DL/CF/SP/H7/H9/H10
R
adical. Hoje a palavra pode significar uma manobra arrojada sobre um
skate ou uma prancha de surfe. Uma ousada forma de se vestir ou um
difícil passo de dança. Até mesmo um refrigerante de sabor exótico e
RENE BURRI/MAGNUM PHOTOS/LATINSTOCK
A Revolução Cubana
"A Revolução cubana de 1959 também foi uma festa simbólica, uma libertação da
palavra", definiu o historiador cubano Rafael Rojas. Num país que atravessara
toda sua história sob forte influência estrangeira e enfrentara diversos governos
ditatoriais, a revolução parecia finalmente trazer a liberdade e a chance de os
cubanos expressarem-se livremente.
Cuba havia sido a última grande colônia da Espanha no continente. A inde-
pendência foi tardia e conturbada, fruto de duas guerras de emancipação e de
um intenso debate interno, que opunha os "autonomistas" (que defendiam que
Cuba se tornasse um país livre e autônomo) e os "anexionistas" (que desejavam
A série de retratos feita por René que Cuba se separasse da Espanha e fosse anexada aos Estados Unidos). A pri-
Burri está entre as mais famosas
meira guerra de independência aconteceu entre 1868 e 1878 e se encerrou com
fotos de Che Guevara. Havana,
Cuba, 1963. a vitória dos espanhóis. A segunda foi mais breve e mais violenta. Começou
Depois da revolução "Isto é o que [os Estados Unidos] não podem nos
Os primeiros meses tornaram-se um período de arranjos perdoar: que estejamos aqui, sob o seu nariz, e que
e negociações políticas internas e externas. Os diversos tenhamos feito uma revolução socialista sob o pró-
grupos que participaram da luta contra Fulgêncio Batista prio nariz dos Estados Unidos! Esta revolução socia-
tinham projetos e ideias diferentes para o futuro de Cuba lista, nós a defendemos com estes fuzis; esta revolu-
e era preciso definir qual rumo seria tomado. Represen- ção socialista, nós a defendemos com o valor com que
ontem nossa artilharia antiaérea crivou de balas os
tantes da sociedade civil formaram o primeiro governo
aviões agressores."
pós-revolução. Os guerrilheiros foram saudados como
heróis da luta armada contra a ditadura, mas não se con- CASTRO, Fidel. Textos – política. São Paulo: Ática, 1986. p. 61.
ANÁLISE DE IMAGEMSerigrafia
1 Primeiro olhar: Andy Warhol produziu uma sequência de telas gigan- 2 Warhol criou a série a partir do retrato oficial
tescas, de cerca de quatro metros, preenchidas com o rosto do líder do de Mao reproduzido no frontispício do Livro
Partido Comunista Chinês, denominadas Mao. Mao se tornara um objeto Vermelho. Ele reelabora as representações de
de consumo para o bem e para o mal. Um deus e um demônio. propaganda veiculadas em toda a China.
3
A escala da com-
posição evoca o
4 poder ditatorial do
governo de Mao
Aplicações de tinta na China. A repeti-
colorida sobre o ção da mesma ima-
rosto de Mao, como gem, a importância
se fosse maquia- da propaganda na
gem, dão ao ditador Revolução Cultural
militarista uma apa- chinesa.
rência feminina.
FUNDAÇÃO ANDY WARHOL, NOVA YORk, Estados Unidos
quer forma. Uma grande vitória para o movimento negro. (Enem) Nós nos recusamos a acreditar que o banco
No entanto, as leis por si só não foram suficientes da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que
para eliminar a realidade de discriminação e precon- há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação.
ceito contra os negros. Movimentos racistas como a Ku Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que
Klux Klan reapareceram com força, promovendo uma nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade
e a segurança da justiça.
onda de assassinatos e violência, em oposição à políti-
ca de integração racial. KING JR, M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963.
Disponível em: www.palmares.gov.br.
Em abril de 1968, Martin Luther King foi assassi-
Acesso em: 30 nov. 2011. (adaptado)
nado na cidade de Memphis, no Tennessee. Os protes-
tos dos negros alastraram-se por todo o país. A revolta O cenário vivenciado pela população negra, no
contra séculos de opressão e violência tomava conta dos sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu
à mobilização social. Nessa época, surgiram
Estados Unidos.
reivindicações que tinham como expoente Martin
Malcolm X Luther King e objetivavam:
Enquanto Martin Luther King apostara no princípio da a) a conquista de direitos civis para a população
resistência não violenta e na integração entre negros e negra.
brancos, outros ativistas defendiam ideias mais radi- b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos
cais. Malcolm Little, conhecido como Malcolm X, negros em espaço urbano.
defendia uma ação ofensiva contra aqueles que nega- c) a supremacia das instituições religiosas em meio
vam aos negros seus direitos. Tornou-se muçulmano à comunidade negra sulista.
e trocou seu sobrenome "Little" por "X", por entender d) a incorporação dos negros no mercado de
que, "neste país, o negro é tratado como animal e os ani- trabalho.
mais não têm sobrenome". e) a aceitação da cultura negra como representante
Em 21 de fevereiro de 1965 foi assassinado na cida- do modo de vida americano.
de de Nova York, enquanto discursava. Suas ideias con- → DL/CF/H1/H24/H25
tinuaram a ser divulgadas por meio de outros movimen- → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
tos, como Black Power e os Panteras Negras.
Esse é um trecho de uma das mais conhecidas can- pós-guerra, os jovens negros queriam os mesmos direi-
ções de Bob Dylan, cantor e compositor estaduniden- tos que os jovens brancos. Mas, enquanto a América era
se. Tornou-se um hino para os jovens dos anos 1960. Na o "país das grandes oportunidades", os negros continua-
Marcha pelos Direitos Civis sobre Washington, em agos- vam isolados da riqueza. Na opressão dos guetos, os
to de 1963, Bob Dylan estava na comissão de frente. E negros revigoraram o grito ancestral amplificando-o, ele-
durante algum tempo a música estadunidense seria por- trificando-o, deixando-o mais agressivo.
ta-voz de grandes causas. Como na canção de Dylan, esses jovens sem rumo se
Após 1945, o velho blues ressurgiu nos guetos dos sentiam como andarilhos em busca de suas raízes.
negros das grandes cidades com uma nova roupagem. E as lutas pelos direitos civis foram acompanhadas
Com um ritmo mais rápido e acompanhado de guitarras de perto pelo som amplificado do rock'n'roll. Som feito
elétricas, o blues tornava-se rock'n'roll. Na América do por negros e brancos.
AP PHOTO/GLOW IMAGES
BRUCE FLEMING/AP IMAGES/GLOW IMAGES
Jimi Hendrix no Festival de Música Pop Internacional. Martin Luther King, Washington D.C., Estados Unidos,
Monterey, Califórnia, Estados Unidos, 18 de junho agosto de 1963.
de 1967.
Em 28 de agosto de 1963, na Marcha pelos Direitos Civis
Com suas roupas coloridas e o som eletrizante de sua gui- sobre Washington Martin Luther King, diante de cerca de
tarra, James Marshall, conhecido como Jimi Hendrix (1945- 250 mil pessoas, proferiu seu mais famoso e inspirado dis-
-1970), é considerado o maior pop star negro do rock. Seu curso, chamado "I have a dream" (Eu tenho um sonho).
som revolucionário, que fundia blues, rock e música eletrô-
nica, abalou as estruturas da música.
Radicalização
O Partido dos Panteras Negras para Legítima Defe-
sa (Black Panther Party for Self Defense) foi fundado em
1966, na cidade de Oakland, Califórnia (Estados Uni-
dos). A proposta original do grupo era patrulhar os gue-
tos negros e proteger seus moradores da brutalidade da
polícia branca. Faziam suas rondas armados, uniformi-
zados com boina e camisas negras. Escolheram a pante-
ra como símbolo, pois, segundo eles, a pantera só ataca
quando também é atacada.
Os Panteras Negras tinham muitos adeptos entre os
jovens dos guetos das grandes cidades. Desenvolviam
programas de alimentação, assistência médica e publi-
cavam um jornal diário. No entanto, o uso da violência,
as ideias radicais contra os brancos e os constantes con-
flitos com a polícia levaram ao fim do grupo em meados
da década de 1970.
1 À luz das informações deste capítulo, procure expli- 2 Procure explicar as relações entre os Estados
car o seguinte trecho: Unidos e a Revolução Cubana. → DL/SP/H7/H8
"A Revolução Cubana era tudo: romance, heroísmo 3 Defina o foquismo. → DL/SP/H10
nas montanhas, ex-líderes com a desprendida genero- 4 Explique os motivos que levaram à derrota dos
sidade de sua juventude – os mais velhos mal tinham Estados Unidos na Guerra do Vietnã.
passado dos 30 –, um povo exultante, num paraíso → DL/SP/H7/H10/H21
turístico tropical, pulsando com os ritmos da rumba." 5 Aponte os motivos da invasão soviética à
HOBSBAWM, E. Era dos extremos. Tchecoslováquia em 1968. → DL/SP/H7/H8
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 427.
6 Compare as propostas de Martin Luther King às de
→ DL/CF/SP/H7/H10/H11 Malcom X. → DL/CF/SP/H9/H10/H11
N
o Brasil, apesar das crescentes medidas repressivas e das dificul-
◀ ANOS
A REPRESSÃO dades políticas estabelecidas para a oposição, crescia o sentimen-
MILITAR to contrário à ditadura. Incursões armadas no Rio Grande do Sul e
31/3. Golpe militar derruba o 1964 atentados a bomba foram frequentes em 1965 – um deles visando a um dos
presidente João Goulart. ▾ líderes da linha dura, o general Costa e Silva. No ano seguinte, apesar da
2/4. O deputado Ranieri
Mazilli é empossado como
repressão, os estudantes voltaram a se manifestar em todo o país e procura-
presidente da República. ram reorganizar a UNE, posta na ilegalidade desde 1964. A esquerda estu-
7/4. O Ato Institucional n.º 1 dantil voltou a protestar.
concede ao governo
o direito de cassar mandatos Além disso, a insatisfação popular era alimentada pelos insuficientes
e direitos políticos e de
demitir ou aposentar resultados econômicos obtidos pelo governo. Herdeiro de uma grave crise
funcionários públicos. econômica, Castelo Branco encarregou os economistas Roberto Campos e
10/4. Cassações dos direitos Octávio Bulhões de implementar medidas que resolvessem o déficit públi-
políticos de João Goulart,
Jânio Quadros, Luís Carlos co e contivessem a taxa inflacionária. Através do Programa de Ação Econô-
Prestes, Leonel Brizola.
mica do Governo (PAEG), os salários foram comprimidos, reduziram-se os
11/4. O General Castelo
Branco é eleito presidente da gastos públicos, cortaram-se subsídios, ampliou-se a arrecadação de impos-
República pelo
Congresso Nacional.
tos e procurou-se conceder facilidades ao capital estrangeiro, revogando a Lei
13/6. Criação do Serviço de Remessa de Lucros regulamentada por João Goulart. Apesar da redução
Nacional de Informações (SNI). da inflação de quase 100% ao ano, em 1964, para cerca de 35%, em 1965, e
08/6. Cassação dos
direitos políticos 40%, em 1966, a taxa permanecia elevada e em alguns setores específicos
de Juscelino Kubitschek. (eletricidade, combustíveis e trigo) foi ainda mais forte, provocando o des-
27/10. O Ato Institucional n.º 2 1965 contentamento dos assalariados. O terreno era propício a contestações.
estabelece eleições indiretas ▾
para a Presidência e extingue
os partidos políticos.
5/2. O Ato Institucional n.º 3
estabelece as eleições
1966
▾
Sucessão presidencial
indiretas para governadores e Em 1967 a linha dura chegou ao poder. A sucessão de Castelo Branco foi
prefeitos de capitais
e municípios considerados decidida pelo alto comando das Forças Armadas. Desde 1964 o general Artur
de segurança nacional.
da Costa e Silva vinha angariando simpatias para sua candidatura. Em maio
6/6. Cassação dos direitos
políticos de Ademar de Barros. de 1966, a convenção da Arena simplesmente ratificou o nome do general.
28/10. Criação da Frente Ampla. O MDB não lançou candidato, em protesto contra as seguidas mudanças das
7/12. O Ato Institucional n.º 4 regras eleitorais, intimidações, cassações e impugnações de candidatos da
convoca o Congresso
Nacional para votação oposição, que resultaram na ampla maioria parlamentar de governistas.
da nova Constituição
a substituir a de 1946.
Para vice-presidente foi escolhido o udenista Pedro Aleixo.
24/1. Nova Constituição 1967 Poucos dias antes de deixar o governo, Castelo Branco lançou o decreto
do Brasil. ▾ que instituía a Lei de Segurança Nacional, pela qual toda ação considerada
13/3. Promulgada a Lei de
Segurança Nacional (LSN). desestabilizadora do regime – entenda-se greves, manifestações, pronuncia-
15/3. Posse de Arthur da Costa e mentos e articulações políticas – passou a ser alvo de severas punições. Na
Silva como presidente do Brasil.
prática, todos aqueles que fossem enquadrados nessa lei teriam seus direi-
5/4. Proibição de atividades 1968
da Frente Ampla. ▾ tos civis suspensos.
13/12. O Ato Institucional n.º Em 7 de dezembro de 1966, pelo Ato Institucional n.º 4 (AI-4), os depu-
5 permite o fechamento do
Congresso Nacional, cassações tados e senadores foram convocados para a eleição do novo presidente e para
políticas pelo governo e suspende a elaboração de uma nova Constituição para o país. A Constituinte foi convo-
direitos civis e constitucionais.
30/12. Cassação dos direitos
cada com prazo definido para terminar seus trabalhos e funcionou sob forte
políticos de Carlos Lacerda. pressão militar. Em 24 de janeiro de 1967, foi aprovada uma nova Constituição,
◀ DATA
ACERVO ICONOGRAPHIA
confrontos (SP) durante o 30.º
Congresso da UNE. Em
em 1968 São Paulo, grupos de
esquerda matam Charles
A polícia invade o 28/3 Chandler, capitão do
restaurante universitário ▾ exército estadunidense e
Calabouço, no Rio de 12/10 agente da CIA.
Janeiro. Edson Luís,
de 17 anos, é morto. Confronto na Rua Maria
É criado o slogan: Antônia, São Paulo,
"Mataram um estudante! envolvendo estudantes
Podia ser seu filho!". de esquerda e direita
do Mackenzie e da
Cerca de 50 mil pessoas 29/3 Faculdade de Filosofia da
vão ao enterro, na maior ▾ USP. Militares fornecem
manifestação contra a armas para os estudantes
ditadura até então. 2/10 de direita.
1 Quais eram as principais diferenças entre os pode- mento do movimento estudantil e qual seu papel no
res constituintes de 1945 e 1967? → DL/SP/H7/H9 Brasil em 1968? → DL/SP/H7/H9
2 No movimento estudantil, pelo menos duas pala- 4 Quais as características do AI-5? → DL/SP/H7/H9
vras de ordem disputavam a hegemonia política: 5 Que tipo de Estado se consolida a partir do AI-5?
"Só o povo organizado derruba a ditadura" contra → DL/SP/H7/H9
"Só o povo armado derruba a ditadura". Quais são as 6 Quais são as diferenças entre o radicalismo juvenil
diferenças entre elas? → DL/SP/H7/H9 dos anos 1960 e o dos dias de hoje? → DL/SP/H7/H9
3 Que circunstâncias históricas estimularam o cresci-
"
[…] que várias vezes seguidas procederam à imersão da cabeça do interro-
gando, a boca aberta, num tambor de gasolina cheio d'água, conhecida essa
modalidade como 'banho chinês' […]
[…] que, inclusive, ameaçaram de tortura seus dois filhos; que torturaram seu
marido também; que seu marido foi obrigado a assistir a todas as torturas que
fizeram consigo; que também sua irmã foi obrigada a assistir às suas torturas; […]
[…] sofreu violências sexuais na presença e na ausência do marido; […]
[…] a interroganda quer ainda declarar que durante a primeira fase do
DIVULGAÇÃO
resistência civil, começou a ganhar corpo a opção pelo confronto militar. Muitos
grupos de esquerda, compostos em sua maioria por estudantes e intelectuais,
passaram a organizar a luta armada como instrumento de oposição à ditadura.
Entusiasmados com os sucessos revolucionários chinês e cubano, grupos guer-
rilheiros desejavam estabelecer uma república socialista no Brasil. Audaciosas
operações político-militares – como assaltos a bancos, treinamentos de tropas,
fugas de presos políticos, ataques a quartéis militares e roubos de armamentos
e explosivos – alimentaram o sonho dos revolucionários brasileiros.
A repressão
Um grande aparato repressivo foi montado para combater a oposição arma-
da. Ligado diretamente ao Conselho de Segurança Nacional, o poderoso Servi-
ço Nacional de Informações (SNI) subordinava todas as secretarias estaduais de
Capa do livro Brasil: nunca
mais, organizado por J. Wright. Segurança e os respectivos Departamentos de Ordem Política e Social (DOPS),
Petrópolis: Vozes, 1985. além de coordenar os serviços secretos e centros de operações das três Armas.
A+ COMUNICAÇÃO
AS ORGANIZAÇÕES DE ESQUERDA NO BRASIL (1961-1970)
Extintas
1961 POLOP
Continuaram existindo
1962 depois de 1970
1963 PC do B
LIGAS
1964 MNR AP CAMPONESAS
1965 MRT
DI-GB DI-RJ/ CORRENTE PC do B ME-
1966 MR-8
MR-26 MR-21
ALA Vermelha
PCR
-1.º MAIO
ORGANIZACÃO MAR DI-RS DI-SP
1967 ALN DI-DF
MCI
1968 COLINA VPR REDE POC PCBR PRT
FB
OCML- POC- OC-
1969 MR-8 DVP VAR-PALMARES VPR PLN -PO -COMBATE
M3G MRT
-1.º MAIO
1970 MOLIPO
Fonte: Elaborado com base em REIS FILHO, D. A. A revolução faltou ao encontro: os comunistas no Brasil. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990. p. 13.
A GUERRILHA DO ARAGUAIA
sações políticas, intervenções nos sindicatos, com pri-
sões e intimidações dos principais líderes, fim da esta-
bilidade no emprego, eliminação do direito de greve etc.)
determinou uma nova correlação de forças na sociedade,
absolutamente diversa da do período anterior.
Assim, foi possível implementar uma política que,
além do achatamento salarial dos trabalhadores de menor
qualificação, alterou qualitativamente as relações de tra-
balho no país, provocando maior subordinação à discipli-
na das empresas e menor atenção às necessidades e direi-
tos do trabalhador. A ditadura fazia o Brasil crescer. Na
marra. "Sem desenvolvimento não há segurança."
Crescimento econômico e
propaganda política
A partir de 1968, a economia brasileira integrou uma
nova divisão internacional do trabalho. A expansão
industrial brasileira passou a ser dominada pelo capital
multinacional, aumentando a tendência à desnaciona-
ESCALA lização, presente desde o governo de Juscelino Kubits-
0 50 100 km
chek. Incentivos a exportadores de manufaturados alte-
Fonte: Elaborado com base em MARTINS, J. de S. "A guerrilha do Araguaia". raram a composição da pauta de exportações.
In: História imediata. São Paulo: Alfa-Omega, 1978. v. 1. p. 25.
Ao contrário do desenvolvimento vivido nos anos
da democracia populista, as prioridades industriais
O milagre brasileiro passaram a ser ditadas pelas necessidades do merca-
" Sem desenvolvimento não há segurança. " A máxima do mundial, e não mais pelo mercado interno. Assim, o
do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert grande capital dirigia-se ao Brasil atraído pelos baixos
McNamara, foi levada ao pé da letra pelas autorida- custos dos fatores de produção, principalmente da mão
des brasileiras. de obra, e pelos incentivos concedidos às exportações.
Na doutrina elaborada pela ESG, a segurança nacio- A queda da inflação e os índices de crescimento do
nal completava-se com o desenvolvimento econômico. PIB – acima de 10% ao ano – foram suficientes para que
A integração das regiões Norte e Centro-Oeste ao Sudes- os propagandistas do regime apontassem a existência de
te e o estabelecimento de um complexo industrial-mili- um milagre econômico brasileiro semelhante ao que
tar deveriam sustentar a defesa nacional por meio da teria ocorrido na Alemanha e no Japão no pós-guerra.
A+ COMUNICAÇÃO
também pela expansão das linhas de crédito ao consu- TAXA DE CRESCIMENTO DO PRODUTO INTERNO
midor – privilegiando a classe média, ávida por bens de BRUTO (PIB): 1964 a 1973 (em %)
consumo duráveis – e pelo estímulo à poupança inter- 14
na, atualizada pela correção monetária das taxas de 13,3
juros. Dirigido por tecnoburocratas civis e militares, o
Brasil era anunciado pelas campanhas oficiais como um
iminente integrante do Primeiro Mundo. 11,2
11,7
O governo Médici marcou definitivamente a Repú-
blica Militar e a história do país. No auge da repressão 10
política, com o progressivo desbaratamento da oposi-
ção armada, o silenciamento da oposição legal e o con-
trole absoluto dos meios de comunicação, o Brasil viveu 8,8
a euforia do "milagre econômico". Os índices de cresci-
mento na ordem de 10% ao ano, a ampliação do poder
de compra da classe média e as inúmeras obras de "inte-
gração nacional" fizeram os brasileiros acreditarem
num destino glorioso a eles reservado. 4,8
Na Copa do Mundo de 1970, a seleção de futebol 3,8
concretizava, nos campos mexicanos, as esperanças de 2,9 2,7
90 milhões de brasileiros. A alegria pelo tricampeona-
to foi aproveitada pelo regime como mais uma de suas
conquistas. Uma intensa guerra de propaganda inun-
19
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71
dou o país com seus slogans ufanistas: "Este é um país
que vai pra frente"; "Ninguém segura este país"; "Brasil: Fonte: Elaborado com base em ALVES, M. H. M. Estado e oposição no Brasil (1964-
-1984). 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1989. p. 145.
ANTÔNIO GAUDÉRIO/FOLHAPRESS
A Rodovia Transamazônica
"Se houve um projeto a que o governo Médici se dedicou
com a máxima satisfação foi a Rodovia Transamazônica.
Ele tinha dois poderosos atrativos para a liderança mili-
tar: segurança nacional e desenvolvimento econômico.
Tornou-se uma cruzada nacional abrir uma fronteira tão
vasta em tão pouco tempo, e isso dava aos oficiais do
Exército uma chance de mostrar que podiam cumprir
grandiosos projetos de construção que os políticos civis
só atrapalhariam. Não houve prolongadas discussões
por parte dos civis sobre para onde a estrada deveria ir
e que cidades e vilas deveria interligar. Os oficiais mili-
tares e seus aliados tecnocratas traçaram uma reta atra-
vés da bacia amazônica, e era por aí que a estrada pas-
saria. Os engenheiros do Exército foram encarregados
de construir metade da estrada com o objetivo de assu-
mir a responsabilidade onde os construtores particula-
res não quisessem se arriscar."
DROSDOFF, D. Linha dura no Brasil – O governo Médici: Quilômetro 85 do trecho da Rodovia Transamazônica,
1969-1974. São Paulo: Global, s/d. p. 60. BR-230, entre Altamira e Itaituba. Pará, 1991.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Realize uma pesquisa para explicar o funcionamento 3 A utilização da pílula anticoncepcional provocou
da pílula anticoncepcional como inibidora da gravi- mudanças comportamentais na sociedade contempo-
dez. → DL/CF/SP rânea? Justifique sua resposta.
→ DL/CF/SP/H13
2 Explique como o desenvolvimento da pílula anticon-
cepcional relaciona-se com a questão do feminismo.
→ DL/CF/SP/CA
1 Em que medida o Estado de Segurança instituciona- nossa santa criatura / Chame, chame, chame lá /
lizou a tortura no país? → DL/SP/H12 Chame, chame o ladrão, chame o ladrão […]."
2 Os efeitos da prática de torturas durante a ditadura Essa é uma das canções de autoria de Julinho da
podem ser sentidos ainda hoje no Brasil? Justifique. Adelaide. Qual é a importância desse compositor
→ DL/CF/SP/CA/H3/H11 na resistência contra a ditadura militar? Que
3 Explique como o endurecimento do regime e a exemplos de duplo sentido você consegue perce-
opção pela luta armada fortaleciam-se reciproca- ber na letra? → DL/CF/SP/H1/H9/H11
mente. → DL/CF/SP/H9 6 Que condições permitiram o crescimento da econo-
4 Qual foi o papel da Igreja Católica na resistência à mia brasileira durante a ditadura militar?
ditadura após o AI-5? → DL/SP/H9/H11 → DL/SP/H8
5 "Acorda amor / Eu tive um pesadelo agora / sonhei 7 O chamado "milagre brasileiro" beneficiou a todos
que tinha gente lá fora / batendo no portão, que afli- os brasileiros? Justifique sua resposta.
ção / Era a dura, numa muito escura viatura / Minha → DL/CF/SP/CA/H11
A Teologia da Libertação
"Somente quando a Igreja brasileira, e latino-americana anticristão. A alternativa: o socialismo. 'Percebemos hoje
em geral, já acumulara uma larga experiência de traba- em dia', observa Frei Leonardo, 'que o ideário cristão é
lho pastoral popular, através dos vários movimentos que mais afim com aquele socialista do que com aquele capi-
pudemos registrar, é que se formula teoricamente uma talista. Não se trata de criar um socialismo cristão, trata-
nova teologia, centrada na libertação social, e não mais se de poder dizer que o ideário socialista, quando cumpri-
na salvação eterna individual. 'A teologia surge só depois do e realizado, permite ao cristão melhor viver os ideais
do meio-dia, na sesta', comenta com bom humor Frei humanitários e divinos de sua fé'.
Leonardo Boff, franciscano, nascido em Santa Catarina, O filósofo Karl Marx não mais encarna, como no pas-
o pioneiro e talvez o mais importante teólogo da liberta- sado, a imagem do diabo. Ao contrário. Ele deve ser estu-
ção no Brasil. Os teólogos da libertação fazem uma relei- dado, assimilado, como pretende Frei Betto, dominicano,
tura das Sagradas Escrituras, a partir do ponto de vista […] outro representante da mais nova geração de teólo-
dos oprimidos. E tudo o que diz respeito à libertação é gos: 'Só a partir da prática dos oprimidos, das lutas dos
destacado e enfatizado: 'O próprio povo, produtor dos tex- trabalhadores, podemos entender a estrutura interna
tos escriturísticos, como povo oprimido e espremido entre desse sistema [...] que, para perpetuar-se, gera no oprimi-
as grandes potências do Oriente Médio e Egito, a temática do sua própria negação. A via teórica desse entendimen-
do êxodo, do exílio, da libertação messiânica, a figura de to é a concepção científica da história, especialmente do
Jesus de Nazaré como libertador a um tempo histórico e modo de produção capitalista, sistematizada nas obras
transistórico, sua mensagem do Reino de Deus como total de Marx".
libertação dos homens e da criação, a cruz e a ressurrei-
SALEM, H. "Dos palácios à miséria da periferia". In: Brasil hoje:
ção como mistério pascal paradigmático de todo processo a Igreja dos oprimidos. São Paulo: Brasil Debates, 1981. p. 39-42.
de libertação autêntica, a opção preferencial pelos pobres
por parte do Jesus histórico e dos Apóstolos, a conversão
Helena Salem(Rio de Janeiro, 1948-1999), jornalista, formou-
como ruptura com um mundo que se basta a si mesmo e -se em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de
abertura para a novidade libertadora do Reino'. Janeiro, em 1970. Foi correspondente internacional e vinculou-
Finalmente, o capitalismo é condenado explicitamen- -se à imprensa de esquerda no Brasil. Foi exilada e retornou ao
te como um sistema político-econômico anti-humano e Brasil em 1979, com a Anistia.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Observe as fotos abaixo e analise o papel da Igreja Católica durante a ditadura militar: → DL/CF/SP/CA/H1/H9/H10/H11
1 2
ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
Marechal Castelo Branco e Sebastião Bazzio, Padres tentam proteger a multidão de manifestantes da repressão
núncio apostólico do Brasil, Brasília, setembro militar, após a missa pelo estudante Edson Luís, morto pela
de 1964. polícia, Rio de Janeiro, 1968.
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 "Onde pode estar a razão de ser dessa preocupação? Só 3 O cartaz abaixo foi elaborado por representantes da
pode preocupar-se com este problema quem não este- esquerda francesa em maio de 1968 e servia como
ja seguro de suas convicções revolucionárias. Pode se instrumento de propaganda do movimento que se pre-
preocupar com este problema quem tenha desconfiança tendia revolucionário. Analise as mensagens contidas
com relação à sua própria arte [...]. E pode-se perguntar nesse cartaz. → DL/CF/SP/H1/H10/H21
se um revolucionário verdadeiro, se um artista ou inte-
A propaganda age sobre os consumidores informando, A propaganda, dessa forma, age sobre o indivíduo, a
argumentando, comparando. Tanto de forma lógica e família, os grupos sociais, a comunidade, enfim, a socie-
racional como subjetiva e emocional. dade como um todo, em um processo de grande sinergia,
no qual cada anúncio interfere em muitos outros, atra-
Nesse somatório de ações sobre os instintos humanos e vés dos meios de comunicação."
de suas formas de agir, o resultado não é uma adição, é
uma multiplicação. SAMPAIO, R. Propaganda de A a Z.
São Paulo: Campos, 1995. p. 23-24.
ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
Ontem hoje sempre Brasil, Assessoria Ninguém mais segura este país. Até 1964 o Brasil era apenas o país
Especial de Relações Públicas (AERP). Cartaz Semana da Pátria, Assessoria do futuro. E então o futuro chegou,
Cartaz de propaganda do regime Especial de Relações Públicas Assessoria Especial de Relações
militar. (AERP), 1970. Públicas (AERP). Cartaz de
propaganda do regime militar.
ARQUIVO DO ESTADO
DE SÃO PAULO, BRASIL
Brasil, ame-o ou deixe-o, Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP). Adesivo de propaganda do regime militar.
a) Identifique as principais mensagens de cada uma sobre os cidadãos brasileiros. Que efeitos e atitu-
das peças de propaganda. → DL/CF/SP/H1 des provocavam?
b) Com base no contexto da ditadura militar, levan- → DL/CF/SP/CA/H1/H2/H4/H8/H21
te hipóteses sobre como tais mensagens agiam
Como seria bom e agradável, diante de Deus "O que explodiu mesmo foi a alma, foi a paixão do
e do homem, povo: uma explosão incomparável de alegria, de entu-
ver a unificação de todos os africanos como já tem sido siasmo, de orgulho. [...] Debruçado em minha varanda
de Ipanema, [um velho amigo] perguntava: – Será que
dito, deixe ser feito, nós somos as crianças do homem rasta
algum terrorista se aproveitou do delírio coletivo para
nós somos as crianças do homem mais elevado. adiantar um plano seu qualquer, agindo com frieza e
Portanto, África, te une porque nossas crianças querem precisão? Será que, de outro lado, algum carrasco poli-
vir para casa. cial teve ânimo para voltar a torturar sua vítima logo
que o alemão apitou o fim do jogo?"
África, te une porque estamos saindo da Babilônia e
estamos preparando a terra de nosso pai. BRAGA, Rubem. Última Hora, 25/6/1970. (adaptado)
Como seria bom e agradável, diante de Deus Avalie as seguintes afirmações a respeito dos dois
e do homem, textos e do período histórico em que foram escritos.
I. Para os dois autores, a conquista do tricampeo-
ver a unificação de todos os homens rastas como já tem
nato mundial de futebol provocou uma explosão
sido dito, deixe ser feito,
de alegria popular.
eu te digo quem nós somos embaixo do sol, nós somos
II. Os dois textos salientam o momento político que o
as crianças do homem rasta,
país atravessava ao mesmo tempo que conquista-
nós somos as crianças do homem mais elevado. va o tricampeonato.
Então, África, te une, te une para o bem do nosso povo, III. À época da conquista do tricampeonato mundial
Te une, pois está mais tarde do que tu pensas, de futebol, o Brasil vivia sob regime militar, que,
embora politicamente autoritário, não chegou
Te une para o benefício de tuas crianças, a fazer uso de métodos violentos contra seus
Te une, pois está mais tarde do que tu pensas. opositores.
A África espera por seus criadores, a África espera por É correto apenas o que se afirma em:
seus criadores. a) I. c) III. e) II e III.
África, você é meu antepassado fundamental. b) II. d) I e II.
→ DL/CF/SP/H1/H4
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
Estante • COHN, Sergio; PIMENTA, Heik (Org.). Maio de 68. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008.
Radar 209
→ DL/SP/H7 → DL/CF/SP/H8/H9/H11
6 (PUC-SP) "Circo russo na cidade: não alimentem os 8 (PUC-RS) A organização da chamada Frente Ampla
animais." de Oposição (1966), por iniciativa de Carlos Lacerda,
Grafite nos muros de Praga em 1968. após o golpe de 1964, deveu-se ao fato de que,
naquele contexto, o regime militar brasileiro:
"Os conselhos eram: ignorem os soviéticos, tratem-
a) combatia com excessiva violência a oposição
-nos como coisas, beijem e namorem sob seus narizes.
armada nos grandes centros urbanos.
Vivam. Mas façam em torno deles barragens invisíveis."
b) implantava uma política econômica contrária aos
GODFELDER, Sonia. A primavera de Praga. interesses do empresariado industrial.
São Paulo: Brasiliense, 1981.
c) afastava do exercício direto do poder lideranças
A indisposição dos tchecos em relação aos soviéticos civis que haviam apoiado o golpe de Estado.
na circunstância indicada pelas citações anteriores
d) censurava de forma indiscriminada a produção
era devida:
artístico-cultural.
a) à grande presença, em território nacional, de dis-
sidentes soviéticos asilados pelo Estado, os quais e) anulava direitos trabalhistas, como o Fundo de
gozavam de privilégios não desfrutados pelos Garantia por Tempo de Serviço.
cidadãos tchecos. → DL/CF/SP/H8/H9
10
8 A esperança
equilibrista
DE OLHO nos
A
s músicas não compõem apenas os momentos íntimos e os Conceitos
sentimentos de nossas vidas particulares. Algumas delas
tornam-se trilhas sonoras de gerações e de determinados • Bipartidarismo e
pluripartidarismo
momentos históricos.
Ao final de 1970, era lançado o rock contestador, surgia o sofistica-
• Neoliberalismo
álbum John Lennon Plastic Ono Band. do "progressivo", que propunha uma • Democracias liberais
Na canção God, Lennon anunciava
não acreditar na magia, na Bíblia, em
forma de sonho que procurava eva-
dir-se da realidade e não lutar com
• Apartheid
Hitler, em Jesus, em Buda, em Elvis, ela. Ou então o rock "pesado", meta-
em Zimmerman (Bob Dylan) e nos leiro, de cabeludos performáticos e
Beatles. Após a dissolução da maior polpuda conta bancária. Ou ainda
banda de rock dos anos 1960 e desen- a disco music, o ambiente das disco-
cantado com os rumos do movimento tecas, traduzido de forma magistral
hippie, Lennon afirmava que só acre- por um grupo denominado As frenéti-
ditava nele e em Yoko (sua esposa). cas: "Abra suas asas, solte suas feras/
E completava: "And that's reality. The Caia na gandaia, entre nessa festa/E
dream is over." ("E esta é a realidade. leve com você, seu sonho mais louco/
O sonho acabou."). Eu quero ver seu corpo lindo, leve e
O início dos anos 1970 parecia solto/A gente às vezes sente, sofre,
marcado pelo pesadelo ou pela res- dança/Sem querer dançar/Na nossa
saca da década anterior. O sonho era festa vale tudo/Vale ser alguém como
enquadrado pela realidade. A morte eu, como você/Dance bem, dance Manifestação de mulheres
violenta de líderes como Che Gueva- mal, dance sem parar/Dance bem, por eleições diretas,
Congresso Nacional.
ra e Martin Luther King. A prolifera- dance até sem saber dançar".
Brasília (DF), 1984.
ção das ditaduras militares na Amé-
Cynthia Brito/olhar imagem
211
E
nceradeiras, ventiladores, ferros elétricos, geladeiras, bate-
Cultura e alienação deiras, torradeiras, aspiradores de pó, ar-condicionados, apa-
"O Homo brasiliensis reproduzido pela relhos de som, televisores. A julgar pela enxurrada de ele-
máquina modernizadora do governo trodomésticos que invadia as casas da classe média e os sonhos de
pós-1964 ficou vazio de interesses cul- consumo da sociedade brasileira, o país não deixava nada a dever
turais. Bibliotecas, exposições de arte, aos ricos e invejados primos estadunidenses. A felicidade era tradu-
espetáculos de dança e música, teatros, zida por um carrinho de supermercado lotado e o aumento crescente
produção massiva de livros e revistas,
nas contas de eletricidade.
enfim, todas as formas de refinamento
Os mais felizes e afortunados ostentavam a concretização do
da expressão artística não foram man-
tidas no horizonte de aspirações públi- "sonho da casa própria", com jardim, garagem, cachorros, gatos, papa-
cas como prioritárias, segundo o plane- gaios, crianças e, por que não?, pinguins de geladeira. Os Fuscas já
jamento socioeconômico posto em exe- haviam se tornado carros populares. Chique era ter um Opala, um
cução. Na verdade, sequer constaram Mustang, um Dodge Charger, um Puma, um Maverick.
como atividades suplementares. Foram Todos participavam da aldeia global. Criada em 1965, a Rede
deslocadas para significar meramente Globo de Televisão conseguia alcançar a liderança de audiência ao
formas ornamentais da vida. final da década de 1960 com suas novelas, programas humorísticos,
Extraída a dimensão política do
programas de auditório e documentários. Mas o campeão de audiên-
cidadão, pouco restou para a área esté-
cia era o Jornal Nacional. Seguindo à risca as orientações da censura e
tica da cultura. Retirado do cidadão o
acesso à consciência de si, ele ficou veiculando matérias favoráveis ao regime militar, tornou-se a princi-
encarcerado, sem força objetiva para pal fonte de informações em um país censurado e com altos índices
se libertar, pois somente na prática de analfabetismo.
política a sua consciência se desdobra- Com a prisão e o exílio de muitos de seus maiores intelectuais e
ria em ação libertadora." artistas, e com a ofensiva da televisão, o país ficou menos crítico e
LUCAS, F. "A crise da cultura literária no reflexivo. Ouviam-se cada vez mais músicas estadunidenses, de cujas
Brasil pós-64". In: SOSNOWSKI, S.;
SCHWARTZ, J. (Orgs.). Brasil:
letras a imensa maioria mal conseguia compreender o título. Na estei-
o trânsito da memória. ra da Jovem Guarda, tendência musical iniciada na década de 1960,
São Paulo: Edusp, 1994. p. 135-136. intérpretes e compositores elaboravam versões de sucessos interna-
cionais ou criavam suas baladas românticas para delírio das multi-
ARNALDO/AGÊNCIA ESTADO/AE
CLÁUDIA CARMINATI
única entrevista coletiva à imprensa, o general revelava ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS (1945-1984)
sua visão particular sobre a democracia:
1945-1964 Presidente 1964-1973 Presidente
"A democracia plena é um ideal que, se em algum
lugar já se realizou, não foi certamente no Brasil. Pelo
Eleitores Senadores
menos eu, que tomei parte na primeira revolução, em
1930, à procura desse ideal, ainda não a vivi. Entre Deputados
federais
nós não se pode, pois, falar com propriedade, em
retorno à democracia plena." Eleição Eleição Eleitores
Direta Indireta
Mas o efeito devastador do governo Médici, que
inquietava amargamente os oposicionistas, residia em
sua popularidade. Nas eleições parlamentares de 1970 1973-1984 Presidente
Futebol e política
Entusiasmados pelo efeito político obtido com a con- Martinez de Perón. O governo de Isabelita, como era
quista do tricampeonato mundial de futebol, os milita- conhecida, seria breve como a participação do sele-
res depositaram muitas esperanças em um novo suces- cionado argentino na Copa da Alemanha. As Forças
so na Copa de 1974, na Alemanha. Sem Pelé e apresen- Armadas organizavam-se para retomar o poder. A pró-
tando um futebol sofrível, a seleção não lembrava em xima Copa do Mundo, a ser disputada na Argentina em
nada aquela que quatro anos antes havia sido apontada 1978, teria botas militares em vez de chuteiras.
como o melhor time de todos os tempos. Derrotada pela
Argentina e Perón
No mesmo 3 de julho em que a seleção brasileira foi
derrotada pela Holanda, o selecionado argentino entrou
de luto para disputar sua última partida na Copa. Dois
dias antes, o seu presidente, Juan Domingo Perón, havia
morrido em Buenos Aires devido a um ataque cardíaco.
O mestre da persuasão, que esteve exilado desde 1955,
havia retornado ao seu país devido à força do movimen-
to das massas vinculado ao peronismo. Golpes milita-
res em 1966, 1970 e 1971 evidenciavam a instabilida-
de política argentina. Perón elegera-se presidente pela Brasil 0 x Polônia 1. Copa do Mundo, Olympiastadion,
Munique, Alemanha, 6 de julho de 1974.
terceira vez, tendo como vice a sua esposa, Maria Estela
A+ COMUNICAÇÃO
SALÁRIO MÍNIMO E ÍNDICE DO SALÁRIO MÍNIMO REAL (em %)
em dólares
Índice do salário
mínimo real Salário 1936 Foi regulamentado
111 Salário mínimo mínimo real no Brasil.
aplicado pelos
50 100 governos brasileiros Remuneração 1940 São fixados os valores
98 (em dólares) necessária para pelo Decreto-Lei
atender as n.º 2 162.
89 necessidades
básicas de uma 1943 Primeiro reajuste
40 família de dois no salário mínimo.
adultos e duas 1984 Unificação do salário
67 69 crianças, mínimo para todo o país,
62 tais como:
30 57 • moradia,
medida consolidada pela
Constituição de 1988.
• alimentação,
• educação, 2007 O salário mínimo
40 • saúde, passa a ser corrigido
20 • lazer, todos os anos pela
• vestuário, inflação do ano
• higiene, anterior, somada à
10 • transporte, variação do PIB de
• previdência social. dois anos anteriores.
2013 O salário mínimo
de R$ 678,00 equivale
0 a cerca de 340 dólares
(cotação de 26 abr. 2013).
19
19
19
19
19
19
19
19
19
6
80
4
50
7
65
45
55
75
0
"As greves de 1978 espalharam-se a partir dos metalúrgi- que ponto mudanças sociais eram possíveis e os tipos de
cos de São Bernardo para pelo menos outras 24 catego- instituições que melhor implementariam o movimento
rias profissionais e mais de 500 mil trabalhadores em seis em direção à democracia."
estados e o Distrito Federal. No ano seguinte, aconteceram KECK, M. E. "O 'novo sindicalismo' na transição brasileira".
greves em todo o Brasil. Mais de 3000000 de trabalha- In: STEPAN, A. (Org.). Democratizando o Brasil.
dores de 113 categorias pararam aquele ano, parte deles Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 398 e 400.
MÁRIO YOSHIDA
DITADURAS MILITARES NA AMÉRICA
LATINA (SÉCULO XX) política aos adversários políticos. Ao contrário do que
ocorreu no Chile, as juntas militares que governaram a
Ditaduras militares
Regime socialista Argentina não contaram com apoio irrestrito e contínuo
Países sem ditaduras
(1961-1966)
militares dos Estados Unidos e houve intensa fuga dos capitais
Colônias europeias
estrangeiros investidos no país.
(1917-1919/1985-1990)
BETTMANN/CORBIS
1 Utilizando um único termo, defina o comportamen- um desenvolvimento intimidador das Forças Armadas
to da maioria dos brasileiros no início dos anos britânicas, que estão ameaçando com um uso indis-
1970. Justifique sua opção. → DL/CF/SP criminado da força’. Em meio ao clima de euforia que
2 Como a anticandidatura de Ulysses Guimarães em tomou conta do país, após o sucesso da operação de
1973-1974 fortaleceu a oposição? → DL/SP/H9/H10 ocupação das Malvinas, Galtieri anunciou uma medida
excepcional: foram postas em liberdade todas as 107
3 Quais eram as características da política de disten-
pessoas detidas durante um recente ato de protesto da
são de Ernesto Geisel? → DL/SP/H8
Confederação Geral do Trabalho."
4 Como a primeira crise do petróleo afetou a econo-
mia brasileira? → DL/SP/H7 O Estado de S. Paulo, 3 abr. 1982. (adaptado.)
O
governo Figueiredo deu continuidade à distensão ensaiada por
ALCYR CAVALCANTI/AGÊNCIA O GLOBO
Miguel Arraes, Luís Carlos Prestes, João Amazonas, além de alguns mais
jovens como Fernando Gabeira, José Dirceu, José Serra, e vários outros.
Três nomes ilustres da República Populista não sobreviveram para des-
frutar da anistia: Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda.
O retorno dos exilados e a restituição de seus direitos políticos forta-
leceram a oposição. Velhas lideranças passaram a estabelecer contatos
com os novos dirigentes sindicais, intelectuais, estudantes e políticos do
MDB. Caberia, agora, pressionar por uma transição mais rápida que esta-
Congresso de reconstrução da UNE.
Salvador, Bahia, 1979. belecesse, enfim, o regime democrático.
O novo sindicalismo
Em 1979, logo no início do governo Figueiredo, uma nova onda grevis-
ta tomou conta do ABC paulista. Uma rápida ação repressiva acarretou
a intervenção nos sindicatos e a cassação de seus líderes. Imediatamen-
te, organizou-se em torno dos operários um forte movimento de resistên-
JUCA MARTINS/OLHAR IMAGEM
cia civil, contando com a participação de muitos setores que lutavam pela
redemocratização do país.
Destituídos de seus sindicatos, os operários obtiveram o apoio da Igre-
ja Católica, que cedeu a catedral de São Bernardo do Campo como sede do
movimento grevista. Políticos do MDB, estudantes, intelectuais e jorna-
listas tomaram parte em várias assembleias, que excederam o número de
cem mil participantes. Por todo o país uma grande rede de solidariedade
arrecadou fundos e alimentos para as famílias dos trabalhadores.
Assembleia de metalúrgicos do ABC,
Estádio de Vila Euclides. São Bernardo Amadurecido pelas vitórias de 1978, o movimento grevista agora diri-
do Campo, São Paulo, 1979. gia suas baterias contra a estrutura sindical vigente. Afora as reivindica-
1987 PV
1988 PSDB
1989 PRN
1990 PPS
1993 PPR
2000 PTC
PP
2003
PRM PSOL
2005 PRB
2006 PR DEM
2007
2010 PSD
2011
2012
2013 SD
2014
2015 REDE
2016
* Outros partidos criados a partir de 1985: PTN (19) Partido Trabalhista Nacional PTC (36) Partido Trabalhista Cristão
PSL (17), PTN (19), PSDC (27), PRTB (28), PSC (20) Partido Social Cristão PSB (40) Partido Socialista Brasileiro
PCO (29), PHS (31), PRP (44), PEN (51), PPL (54), PCB (21) Partido Comunista Brasileiro PV (43) Partido Verde
PT do B (70), NOVO (30), PMB (35), PROS (90). PR (22) Partido da República PRP (44) Partido Republicano Progressista
PPS (23) Partido Popular Socialista PSDB (45) Partido da Social Democracia Brasileira
PRB (10) Partido Republicano Brasileiro DEM (25) Democratas PSOL (50) Partido Socialismo e Liberdade
PP (11) Partido Progressista PRDC (27) Partido Social Democrata Cristão PEN (51) Partido Ecológico Nacional
PDT (12) Partido Democrático Trabalhista PRTB (28) Partido Renovador Trabalhista Brasileiro PPL (54) Partido Pátria Livre
PT (13) Partido dos Trabalhadores PCO (29) Partido da Causa Operária PSD (55) Partido Social Democrático
PTB (14) Partido Trabalhista Brasileiro NOVO (30) Partido Novo PC do B (65) Partido Comunista do Brasil
PMDB (15) Partido do Movimento Democrático Brasileiro PHS (31) Partido Humanista da Solidariedade PT do B (70) Partido Trabalhista do Brasil
PSTU (16) Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado REDE (34) Rede Sustentabilidade SD (77) Solidariedade
PSL (17) Partido Social Liberal PMB (35) Partido da Mulher Brasileira PROS (90) Partido Republicano da Ordem Social
Fonte: Elaborado com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Disponível em: www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos. Acesso em: 30 abr. 2016.
239
110,2
99,7
10% mais ricos
97
40% intermediários
77,2
50% mais pobres
17,4%
39,6%
44,1
40,8
41,9
1960
43%
32,7
31,5
20,5
18,2
17,4
17,3
14,9%
46,7%
1970 1975 1980 1983
1970 Fonte: ALVES, M. H. M. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1989. p. 331.
38,4%
32 037,0
11,4%
48,7%
19
19
19
19
80
70
65
75
1980
1975
Tancredo Neves
1 O que significa anistia política e quais as diferenças 4 Quais foram os partidos criados em 1980 e que
entre a proposta da oposição e a lei aprovada pelo setores representavam? → DL/SP/H9/H11
governo em 1979? → DL/CF/SP/H8 5 Quais eram as características da economia brasilei-
2 Quais eram as características do novo sindicalismo ra no início da década de 1980? → DL/SP
surgido ao final da década de 1970? → DL/SP/H9 6 A transição, a partir da derrota da emenda Dante de
3 Em que medida a participação dos trabalhadores Oliveira, tornou-se um pacto das elites. Isso é novo
no processo político a partir do final da década em se tratando da história brasileira? Justifique sua
de 1970 diferia da registrada durante a República resposta. → DL/CF/SP/H9/H11
Populista? → DL/SP/H9/H11
C
omparada a outros regimes latino-americanos, a ditadura no Brasil não
foi a mais sangrenta. No entanto, o autoritarismo ficou alojado nas estru-
turas sociais e políticas do país. A remoção do "entulho autoritário" foi
tarefa do primeiro governo civil, e até hoje não foi completamente concluída.
Em 15 de março de 1985, data da posse do novo presidente, o país foi infor-
mado de que Tancredo Neves fora internado às pressas em um hospital de Bra-
sília. José Sarney subiu a rampa do Palácio do Planalto e recebeu a faixa presi-
dencial. Significativo. Durante a ditadura, o ex-presidente do PDS, ex-governador
e ex-senador da Arena aprendera bem o percurso, realizado diversas vezes em
busca dos gabinetes do poder militar. Era acompanhado por antigos colaborado-
res do regime, como Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel, e pelos principais
representantes da oposição, como Ulysses Guimarães e Franco Montoro.
Em 21 de abril, data da morte de Tiradentes, morria o mineiro Tancredo
Neves, logo transformado em ídolo pelo PMDB e em santo milagreiro pela cren-
ça popular. Milhões de pessoas saíram às ruas para acompanhar o cortejo fúne-
bre em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João del Rei, sua cidade natal.
Em muitas faixas empunhadas pelos manifestantes lia-se a frase: "Nós não
vamos nos dispersar".
Sem respaldo popular, cercado de desconfianças dos oposicionistas e con-
duzindo uma coalizão política extremamente heterogênea, num contexto de
Fisiologismo: clien-
telismo, prática de acentuada crise econômica, o governo Sarney pautou-se pelo imobilismo e pelo
favorecimento a apa- fisiologismo. A oposição petista e pedetista não perdoava: "O povo não esquece,
drinhados, utilização
indevida de postos e Sarney é PDS" e "Sarney não dá, diretas já".
recursos públicos. Por outro lado, o estabelecimento de uma ordem democrática impunha a
elaboração de uma nova Carta constitucional em substituição à legislação do
regime autoritário. Para tanto, foram delegados poderes constituintes ao Con-
gresso Nacional, renovado pelas eleições de 1986. Em 1985, uma complacente
legislação havia permitido a livre criação partidária, que tirou da clandestinida-
de o PCB e o Partido Comunista do Brasil (PC do B), propiciando o surgimen-
Fonte: Elaborado com base em A dívida externa to de um grande número de legendas, muitas de reduzida expressão política.
e a fome. In: Programa Educativo Dívida Externa
(Pedex). p. 5.
A+ COMUNICAÇÃO
1 973%
Dívida externa em
bilhões de dólares 36 850 000%
de inflação acumulada
durante a década de 1980
JACQUES LEPINE/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
O FMI, Fundo
Monetário 2 477%: maior
Internacional, inflação anual (1993)
980%
363% sempre foi o 1,6%: menor
242% principal credor inflação anual (1998)
79% do governo
brasileiro 5,84%:
1985 1986 1987 1988 1989 inflação de 2012
Presidente Fernando Henrique Cardoso sobe a rampa do Congresso Nacional, tendo à esquerda o presidente do Senado,
senador Antônio Carlos Magalhães, e à direita o vice-presidente, Marco Maciel, e o presidente da Câmara, deputado Michel
Temer. Congresso Nacional, Brasília (DF), 1999.
1 Apesar da composição política denominada Aliança 3 Quais as consequências políticas do Plano Cruzado?
Democrática, os primeiros anos do governo Sarney → DL/SP
foram marcados por uma intensa polarização ideo- 4 Quais foram as principais medidas econômicas
lógica. implementadas por Collor? → DL/SP/H8
a) Descreva em termos político-partidários tal 5 Como as relações viciosas entre as esferas pública
situação. → DL/SP/H9 e privada no Brasil ficaram evidenciados no caso
b) Que espaço institucional foi privilegiado para do impeachment de Collor? → DL/CF/SP
tal confronto? → DL/SP 6 Acompanhando a política brasileira, você é capaz
c) Quais as consequências dessa polarização para de fornecer outros exemplos em que tais esferas se
a bancada governista? → DL/SP/H9 confundem? → DL/CF/SP
2 Em termos econômicos, qual era o principal pro- 7 Por que a República brasileira pode ser chamada de
blema a ser enfrentado por Sarney e que medidas vice-presidencialista em 1992? → DL/CF/SP
foram implementadas pelo Plano Cruzado? 8 Quais foram as principais características do Plano
→ DL/SP/H8 Real? → DL/SP/H8
E
m março de 1985, quase o mundo inteiro ouvia a mesma canção: We
are the world, composta por Michael Jackson e Lionel Richie e grava-
da por 45 artistas estadunidenses. A gravação fazia parte do progra-
ma USA for Africa (Estados Unidos pela África) e pretendia arrecadar recur-
sos para países africanos. Calcula-se que a venda de discos e a divulgação do
videoclipe tenham arrecadado cerca de 55 milhões de dólares. Mais do que o
dinheiro, a canção tinha função simbólica: mostrava um mundo em que os
continentes estavam articulados, as ações tinham efeitos globais e era preci-
so superar muitas dificuldades políticas e sociais.
De fato, naquele momento, o mundo passava por profundas mudanças. A
América Latina libertava-se dos regimes militares e se democratizava. A União
Soviética passava por profunda reestruturação interna. Árabes e israelenses
reuniam-se e discutiam a paz no Oriente Médio. Os mais de quarenta anos de
Guerra Fria pareceram mesmo encerrar-se, em 1989, quando o Muro de Berlim
foi derrubado numa festa que reuniu alemães ocidentais e orientais. No ano
seguinte, o governo sul-africano libertou Nelson Mandela, em meio a um pro-
cesso que provocou o fim do regime segregacionista do apartheid.
Os primeiros versos de We are the world diziam: "There comes a time when
we hear a certain call / When the world must come together as one" (Chega a hora
em que ouvimos um certo apelo / Quando o mundo deve unir-se num só). As
décadas seguintes mostrariam que não houve essa união. Mas aqueles dias
pareciam concluir um ciclo bastante difícil e abrir um novo, e melhor, tempo.
SCHNÜRER/GLOW IMAGES
Alemães celebrando a abertura da fronteira entre Berlim ocidental e oriental, 10 de novembro de 1989.
ÁFRICA DO SUL À ÉPOCA DO APARTHEID (ENEM) "Tendo encarado a besta do passado olho
(1948-1990) ZIMBABWE
BI
Q
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no olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo feito
M
ÇA E
SUDOESTE BOTSUANA
ZIMBABWE
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correções, viremos agora a página – não para esquecê-
M
ÇA
AFRICANO
(Administrado pela
BOTSUANA
M
O -lo, mas para não deixá-lo aprisionar-nos para sempre.
SUDOESTE
Avancemos em direção a um futuro glorioso de uma
África do Sul)
AFRICANO
(Administrado pela
África do Sul)
Windhoek Johannesburgo
Pretória
nova sociedade sul-africana, em que as pessoas
TRANSVAAL SUAZILÂNDIA
Windhoek Johannesburgo
Pretória valham não em razão de irrelevâncias biológicas ou de
TRANSVAALORANGE SUAZILÂNDIA
outros estranhos atributos, mas porque são pessoas de
NATAL
Kimberley
ORANGE valor infinito criadas à imagem de Deus."
LESOTO NATAL
Kimberley Durban
LESOTO
Desmond Tutu, no encerramento da
PROVÍNCIA DO CABO
Durban Comissão da Verdade na África do Sul.
PROVÍNCIA DO CABO
No texto, relaciona-se a consolidação da democracia
East London
Cidade na África do Sul à superação de um legado
do Cabo Porto Elisabeth
East London
Cidade a) populista, que favorecia a cooptação de
do Cabo Porto Elisabeth
ESCALA
dissidentes políticos.
0 265 530 km
0
ESCALA
265 530 km
b) totalitarista, que bloqueava o diálogo com os
movimentos sociais.
c) segregacionista, que impedia a universalização
Bantustões
Lebowa
da cidadania.
Venda
Bantustões
Ciskei
Venda
Kwandebele
Lebowa
d) estagnacionista, que disseminava a pauperização
Bophuthatswana Owa Owa social.
Ciskei Kwandebele
Transkei Divisão internacional
Bophuthatswana Owa Owa e) fundamentalista, que engendrava conflitos
Gazankulu Divisão de províncias
Transkei Divisão internacional
Kwazulu
Gazankulu
Áreas metropolitanas
Divisão de províncias
religiosos.
Kangwane
Kwazulu Áreas metropolitanas → DL/CF/SP/H12/H15
Kangwane
Fonte: Elaborado com base em CHRISTOPHER, A. J. The Atlas of → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
Changing South Africa. New York: Routledge, 2001.
Arafat e Rabin
O aperto de mãos entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, tendo tenha estampado tal foto em sua primeira página. No Brasil,
Bill Clinton ao fundo, tornou-se uma das fotos mais divulgadas um periódico elaborou uma manchete perfeita, simples e pre-
no ano de 1993. Difícil imaginar um jornal no mundo que não cisa: "Eu sou, tu és".
Yitzhak Rabin, Bill Clinton e Yasser Arafat durante Acordo de Paz de Oslo, Casa Branca, Washington D.C., Estados
Unidos, 13 de setembro de 1993.
1 Explique o que foram a perestroika e a glasnost. 3 O que era o apartheid? Aponte três de suas carac-
→ DL/SP/H8 terísticas. → DL/SP
2 Relacione a queda do Muro de Berlim com as 4 Caracterize o acordo de paz de 1993, entre Rabin e
mudanças realizadas por Gorbatchev. Arafat. → DL/SP/H7/H9
→ DL/SP/CA/H7/H8/H10/H13
1 Analise o trecho da canção de Cazuza e Frejat e o poema de Augusto de Campos. Leve em consideração o processo
político e social brasileiro, bem como o papel da cultura e da mobilização dos estudantes e intelectuais, na época
em que foram compostos.
Ideologia
Meu partido é um coração partido
E as minhas ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos […]
E aquele garoto que ia mudar o mundo
Frequenta agora as festas do grand monde
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia, eu quero uma pra viver.
Cazuza e Frejat, 1988. Augusto de Campos, 1985.
→ DL/CF/SP/H1/H4/H10/H11
2
Diretas Já, Paulo Caruso. Charge extraída do jornal Folha de S.Paulo, caderno Ilustrada, 24 de abril de 1984.
Analise a charge acima: mesmo aqueles que possuem uma pequena proprie-
a) Identifique o maior número possível de persona- dade sentem-se cidadãos de pleno direito.
gens retratados. → DL/CF/SP/H1 Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir
b) Procure interpretar a posição que cada um ocupa socialmente os cidadãos é:
na charge. → DL/CF/SP/H1/H9/H11 a) submeter o indivíduo à proteção do governo.
c) Que mensagens você consegue perceber nessa b) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
imagem? → DL/CF/SP/CA/H1/H9/H11 c) estimular a formação de propriedades comunais.
3 (Enem) Na democracia estadounidense, os cidadãos d) vincular democracia e possibilidades econômicas
são incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos individuais.
direitos políticos e também pela ideia geral de direi- e) defender a obrigação de que todos os indivíduos
to de propriedade. Compete ao governo garantir que tenham propriedades.
esse direito não seja violado. Como consequência, → DL/CF/SP/H8/H9
a) b)
OSPAAL
OSPAAL
Jornada Internacional de Solidariedade Capitalismo: Negação dos Direitos Humanos.
com a América Latina, Asela Pérez. Silk Rafael Enríquez. Silk screen, 1970.
screen, 1970.
→ DL/CF/SP/H1/H7/H9/H21 → DL/CF/SP/H1/H9/H21
c) d)
OSPAAL
OSPAAL
Dia de Solidariedade com o Povo da África Sandino Vive, Rafael Enríquez. Offset, 1984.
do Sul, Berta Abelenda. Offset, 1968.
→ DL/CF/SP/H1/H7/H21 → DL/CF/SP/H9/H21
O capitão da seleção brasileira de futebol, Carlos Alberto, e Militantes pela anistia política abrem faixa por "anistia
o presidente Emílio Garrastazu Médici. Brasília (DF),1970. ampla, geral e irrestrita" nas arquibancadas do estádio
do Morumbi, junto à torcida Gaviões da Fiel, durante jogo
entre Corinthians e Santos. São Paulo, 1979.
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
Radar 247
10
9 A globalização
DE OLHO nos
A
ll that jazz. O show não pode parar para a indústria do entre- Conceitos
tenimento estadunidense. O show deve ser um espetácu-
lo pirotécnico, capaz de deixar o mundo embasbacado. No • Biotecnologia
cinema, na Disneylândia, na política, na televisão, na ciência ou na • Biodiversidade
Broadway, o que conta é a tecnociência como espetáculo, efeitos, • Terrorismo
miragens. Um show que seduz os mais miseráveis habitantes do pla-
neta, que parecem sonhar em um dia serem integrados ao "mundo • Globalização
maravilhoso das compras". • Governabilidade
O espetáculo tornou-se coti- se torna mercadoria. O político que • Presidencialismo
diano em grande parte do planeta se candidata a um cargo eletivo, o de coalizão
– Las Vegas, cidade estadunidense novo modelo de celular ou a mos-
de shows e cassinos, é exemplo pri- tra de obras de um pintor famoso
vilegiado de uma tendência global. são propagandeados intensamente
Os meios de comunicação de massa e criam a ilusão de que se vive num
repetem exaustivamente imagens mundo meio mágico, em que o pas-
e ícones, criam celebridades, mis- sado pode ser moldado de todas as
turam o mundo da arte com o da formas e o futuro é condicionado ao
política e com o do consumo. Tudo avanço técnico.
Catherine Krulik/Cia. de Ética
Serviços de
internet disponíveis
na Oca Digital
instalada nos I
Jogos Mundiais
Indígenas, Palmas,
Tocantins, 2015.
249
N
um ensaio do início dos anos 1970, o escritor mexicano Octavio Paz
◀ ANOS
Tecnologia (1914-1998) relembrou um episódio curioso e instigante: a visita
e sociedade
de um hindu muçulmano a Londres, no final do século XVIII. Ele
Invenção do transistor, 1947 chamava-se Mirza Abu Taleb Khan e, de volta à sua terra, fez um relato de
tecnologia de processamento ▾
de impulsos elétricos em sua viagem e do que mais o impressionou:
grande velocidade.
Dois computadores na UCLA 1969 "Os ingleses têm opiniões muito estranhas a respeito do que é a perfei-
(Universidade da Califórnia, ▾ ção. Insistem que é um qualidade ideal e que é totalmente baseada na com-
Los Angeles) trocam dados no
primeiro teste da Arpanet, paração; dizem que a humanidade se elevou gradualmente do estado de
rede militar experimental selvageria à dignidade exaltada do filósofo Newton, mas que, longe de ter
de computadores.
alcançado a perfeição, é possível que em idades futuras os filósofos vejam
Fundação do Greenpeace, 1971
organização ligada à preservação ▾ os descobrimentos de Newton com o mesmo desdém com que vemos agora
do meio ambiente e ao o estado rústico das artes entre os selvagens."
desenvolvimento sustentável.
Invenção do microchip, Apud: PAZ, Octavio. Os filhos do barro. São Paulo: Cosac Naify, 2013. p. 28.
que permite a ampliação
da capacidade de O hindu fez, em poucas linhas, uma síntese precisa da modernidade no
processar informações.
Ocidente. Para Octavio Paz, Abu Taleb notou que nossa concepção de pro-
Surge o primeiro sistema de 1978
troca de mensagens entre ▾ gresso é ideal e relativa: acreditamos que o avanço da técnica e da tecno-
usuários de computador. logia seja irrefreável e, ao mesmo tempo, jamais nos sentimos satisfeitos,
É inaugurado em Brasília 1991 sempre esperamos por algo maior e melhor, por um futuro que nos redima.
o serviço de telefonia ▾
móvel celular. A crença na tecnologia não impede que ela também se torne ameaça-
Eco-92, no Rio de Janeiro. 1992 dora. De Frankenstein a Star Wars, a literatura e o cinema mostraram que
Conferência das Nações Unidas ▾
para o Meio Ambiente e o o domínio técnico pode gerar monstros. No livro de Mary Shelley (1797-
Desenvolvimento resulta em -1851), publicado em 1818, o Dr. Victor Frankenstein conta como criou,
tratados visando estabilizar a
concentração de gases do efeito em seu laboratório, uma criatura gigantesca, que depois escapou ao con-
estufa na atmosfera. trole do criador e passou a agir brutalmente. Na saga Star Wars, inicia-
Embratel lança, 1994 da em 1977, o incrível progresso tecnológico presta-se tanto àqueles que
em caráter experimental, o ▾
Serviço Internet Comercial. valorizam a vida e a liberdade, quanto aos que matam para impor um
Criada a ovelha Dolly, 1997 império totalitário.
clone nascido de uma ▾
única célula de uma ovelha. Antes e depois de Star Wars, o cinema explorou os temores das pessoas
Lançamento do principal 1998 perante a tecnologia e o futuro. O cineasta alemão Fritz Lang construiu em
site de buscas na internet. ▾
Metropolis, filme de 1927, uma denúncia da submissão e da alienação dos
É descoberto o vírus Melissa, 1999 homens num mundo de máquinas. Charlie Chaplin transformou a auto-
que infectou mais de um milhão ▾
de computadores em uma noite. mação humana numa comédia ácida em Tempos modernos (1936). Stan-
Lançamento do principal 2005 ley Kubrick alertou para a opressão das máquinas em 2001: uma odisseia
site de compartilhamento ▾
de vídeos na internet. no espaço, de 1968. Os riscos da engenharia genética foram mostrados em
A temperatura na superfície 2007 Blade Runner (1982), de Ridley Scott, que também ofereceu uma perspecti-
terrestre aumentou em média ▾
0,76 °C entre 1850 e 2005. va sombria do futuro, marcada pela degradação ambiental e pela violência.
A maior parte do aumento de
temperatura observado foi
A série Matrix, iniciada em 1999, associou o fascínio do desenvolvimento
causada por concentrações da informática e das formas da realidade virtual a uma artificialização da
crescentes de gases de efeito
estufa, emitidos por atividades vida e a animação Wall-e, de 2008, apresentou um mundo futuro terrível,
humanas como a queima repleto de lixo e poluição; os poucos humanos que sobreviveram haviam
de combustíveis fósseis e a
destruição de florestas. abandonado o planeta e agora vagavam pelo espaço numa nave controla-
da por máquinas.
História E Biotecnologia>> M
anipulação genética
Uma das principais questões que a engenharia genéti- um risco alto demais, que envolve questões éticas, políti-
ca gerou e ainda gera é sua aplicação em seres humanos. cas e comerciais. Haverá um momento em que se deseja-
Diversos países têm hoje legislações que vedam a manipu- rá obter humanos com um só biótipo, com o planejamen-
lação genética de genes humanos. Entre as muitas preocu- to prévio do padrão corporal, da cor dos olhos e da pele,
pações que percorrem os debates, uma prevalece: quais do sexo e das habilidades motoras? Um regime fechado e
são os limites toleráveis e as aplicações da manipulação autoritário poderia empregar as ferramentas da engenha-
genética? Para alguns cientistas, é um caminho importante ria genética em suas estratégias de dominação? O corpo e
para desenvolver medicamentos e tratamentos para doen- a vida se transformarão definitivamente em mercadorias
ças hoje consideradas incuráveis. Para outros, corre-se controláveis e sujeitas às leis e necessidades do mercado?
CREATIVE COMMONS
Os dois camundongos
das extremidades foram
geneticamente modificados para
que carregassem uma proteína
verde fluorescente que brilha
verde sob luz azul, 2012.
BRAD RICKERBY-FILES/REUTERS/LATINSTOCK
A renovação tecnológica e os novos relacionamen-
tos pessoais, mediados ou não pela internet, acompa-
nharam a reorganização geoestratégica do mundo pós-
Guerra Fria. Para muitos, o fim da União Soviética daria
aos Estados Unidos plena hegemonia política e militar
sobre o planeta. O próprio governo estadunidense bus-
cou estabelecer essa liderança e o primeiro alvo do novo
intervencionismo estadunidense foi o Oriente Médio.
O Iraque, um dos principais produtores de petró-
leo, era governado há mais de vinte anos por Sad-
dam Hussein (1937-2006) e participara, entre 1980
e 1988, de uma violenta guerra contra o Irã, que con-
sumiu amplos recursos financeiros e comprometeu a
Ataque às Torres Gêmeas (World Trade Center). Nova York,
exploração petrolífera iraquiana. Hussein, nesse perío- Estados Unidos, 11 de setembro de 2001.
do, havia se aproximado do Kuwait e contraído dívida
estimada em mais de 10 bilhões de dólares. Em agosto
de 1990, tropas iraquianas invadiram o Kuwait, numa 11 de setembro
tentativa de pressionar o país vizinho a perdoar a dívi- A aparente hegemonia planetária dos Estados Unidos,
da e entregar campos de petróleo e portos importantes. juntamente com sua intervenção militar no Oriente
A Organização das Nações Unidas (ONU) reagiu à Médio, desencadeou reações de grupos terroristas, que
invasão e exigiu a retirada das tropas iraquianas. Hus- realizaram atentados contra representações diplomá-
sein não cedeu à pressão internacional e declarou a ticas e comerciais estadunidenses em diversas partes
anexação do Kuwait ao Iraque. No início de 1991, uma do mundo.
coalizão liderada pelos Estados Unidos atacou o Ira- O ataque mais violento, no entanto, ocorreu den-
que. Iniciava-se a primeira Guerra do Golfo que, como tro do próprio território dos Estados Unidos, no dia
Manifestação anticapitalismo com integrantes vestindo a máscara Anonymous. Paris, fevereiro de 2012.
1 Explique a afirmação de Denise Bernuzzi Sant’Anna: guerra podem levar as massas fundamentalistas do
"Las Vegas tem valor indicativo. Indica pelo menos Oriente a tomar o poder nos vários Estados muçulma-
duas tendências contemporâneas, dentro e fora da nos, e até naqueles que hoje apoiam os Estados Unidos;
América: a transformação da história em pastiche e o por outro lado, a intensificação dos atentados insusten-
táveis podem levar as massas ocidentais a considerar o
estreito vínculo construído entre cultura, lazer e con-
conjunto do Islã como o inimigo." → DL/CF/SP/CA/H7/H8
sumo, tendo por resultado a transformação de centros
culturais em supermercados." 5 Caracterize o neoliberalismo, exemplificando-o com
medidas tomadas por Ronald Reagan e Margaret
SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. Corpos de passagem. Thatcher. → DL/CF/SP/H7/H8
São Paulo: Estação Liberdade, 2001. p. 55.
6 Quais as características da "outra globalização" pro-
→ DL/CF/SP/CA/H11 postas por ativistas antiglobalização?
2 Indique duas preocupações que o desenvolvimento → DL/CF/SP/H10/H11/H13/H15
da biotecnologia provoca. 7 Como a crise de 2008 afetou o projeto neoliberal?
→ DL/CF/SP/H16/H17/H20/H28 → DL/CF/SP/H8
3 Caracterize a maneira como a Guerra do Golfo foi 8 O que foi a Primavera Árabe e quais seus principais
televisionada. → DL/CF/CA/H3/H7/H8/H15/H21 desdobramentos?
4 Explique a afirmação de Umberto Eco, após o ataque → DL/CF/SP/H7/H8/H10/H11/H13/H15
ao World Trade Center: "Por um lado, as operações de
STRINGER/REUTERS/LATINSTOCK
Subcomandante Marcos em evento na Universidade Cerca de 20 000 membros do EZLN marcharam em silêncio
Autônoma. Cidade do México, 21 de março de 2001. em quatro municípios para comemorar o 15.º aniversário
do massacre de Acteal. Chiapas, 21 de dezembro de 2012.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
N
a década de 1980, a África apresentava uma constelação de 53
JON HICKS/CORBIS
1 Que fatores podem ser apontados como obstáculos 4 Que tipos de problemas são provocados pela ação
ao desenvolvimento econômico da África? de indústrias farmacêuticas no continente africano?
→ DL/SP/H7/H9 → DL/SP/H16/H23
2 Quais são os interesses da China no continente afri- 5 Quais as diferenças de objetivos entre a Organização
cano? → DL/SP/H7 da Unidade Africana (OUA) e a União Africana (UA)?
3 Quais elementos podem ser considerados como → DL/SP/H9
facilitadores nas relações entre Brasil e África?
→ DL/SP/H7
N
a noite de 27 de outubro de 2002, no Brasil, milhares de pessoas saí-
ram às ruas. Em grandes cidades europeias, como Berlim, Lisboa,
Londres e Paris, brasileiros abraçavam-se em meio a bandeiras verde-
-amarelas e vermelhas. No país, de norte a sul, a comemoração arrastou mul-
tidões para as ruas e avenidas.
Mais uma vez, a avenida Paulista, na capital do estado de São Paulo, serviu
de palco para uma gigantesca manifestação popular. A manifestação comemo-
rava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2002.
Com 61,3% dos votos válidos, Lula conseguiu vencer o candidato do governo,
José Serra (PSDB), que obteve 38,7%. Pela primeira vez na História do Brasil, o
candidato de um partido ideologicamente identificado com a esquerda chega-
va ao poder. As bandeiras do PT, PC do B, PDT, PSB, PPS e PCB tingiam o Bra-
sil de vermelho.
Desde a campanha eleitoral, o discurso do PT evitava assustar o empresa-
riado e as classes médias do país. Uma propaganda menos agressiva, ao lado
de uma política de alianças mais ampla, que incluía partidos e setores de cen-
tro-direita (o vice-presidente era José Alencar, do PL de Minas Gerais), trouxe
uma imagem mais conciliadora ao PT e reforçava o chamado presidencialis-
mo de coalizão, marca dos governos de FHC. Após o primeiro turno, o apoio
dos candidatos Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) garantiu a vitó-
ria nas eleições.
A primeira equipe do governo Lula caracterizou-se pela presença de anti-
gos representantes da esquerda brasileira. Ex-militantes da luta armada,
ex-exilados e ex-opositores da ditadura militar agora tinham a incumbência
de governar o Brasil. Ainda assim, os setores mais à esquerda do próprio PT
foram preteridos na formação do ministério. O governo optou por uma política
de composição e aproximação com outros partidos, como PV, PL, PMDB, PTB,
PP (antigo PPB), além dos partidos mais identificados com a esquerda.
Por essas posições, o PT sofreu críticas de antigos companheiros. Em outu-
bro de 2003, quase um ano após a eleição de Lula, o depu-
COLEÇÃO PARTICULAR, SÃO PAULO, BRASIL
A+ COMUNICAÇÃO
além das paixões políticas e dos interesses eleitorais. O PARTICIPAÇÃO DA POBREZA NO TOTAL
DA POPULAÇÃO (em %)
Partido dos Trabalhadores que chegou ao governo fede-
66
ral em 2002 não manteve as mesmas propostas políti- Renda mensal per capita abaixo
cas do início dos anos 1980. Reforma agrária radical, de 151 reais define a pobreza
rompimento com o FMI (Fundo Monetário Internacio- 34,6 30,3
nal), luta contra o imperialismo e não pagamento da 20,5 21,7
15,5
dívida externa são bandeiras que foram deixadas de 8,5
lado nesses últimos trinta anos.
1970 1981 1990 1995 2001 2006 2011
Por outro lado, deve-se notar que o Brasil experi-
Fonte: Elaborado com base em O Brasil e a economia criativa. Um novo mundo nos
mentou quatro governos seguidos (cinco, se conside- trópicos. Rio de Janeiro: José Olympio/Fórum Nacional, 2008. p. 184.
rarmos o governo de Itamar Franco de 1992-1994) com
uma política econômica semelhante. Ao contrário do TAXAS DE CRESCIMENTO DO PIB
que se poderia supor, o governo Lula deu continuida- Período 30 anos 23 anos 3 anos
de ao programa econômico iniciado por FHC (e Itamar).
Crescimento
Do ponto de vista social, através de programas médio anual 7,1 2,2 3,5
bem-sucedidos como o Bolsa-Família e o Bolsa-Esco- (em %)
la (e vários outros), o governo estabeleceu uma tími-
Anos 1950 - 1980 1980 - 2003 2003 - 2006
da, porém eficiente, política de inclusão social e dis-
Fonte: Elaborado com base em PASTORE, A. C.; PINOTTI, M. C.; ALMEIDA,
tribuição de renda. Mais uma vez, deve-se lembrar que L. P. "A retomada do crescimento: em que velocidade?". In: VELOSO, J. P. R.;
muitos desses programas foram concebidos durante os ALBUQUERQUE, R. C. (Orgs.). Chegou a vez do Brasil? Rio de Janeiro: José Olympio/
Fórum Nacional, 2007. p. 297.
governos de FHC. Porém, a sua intensificação e amplia-
ção ocorreram na gestão de Lula. Governo Dilma
Tais programas permitiram a ascensão social de As pesquisas de opinião apontavam que cerca de 87%
setores subalternos, diminuição da pobreza no país e da população brasileira consideravam o governo de
ampliação no poder de compra das camadas médias. Lula ótimo ou bom em dezembro de 2010. Esse altíssi-
Tais medidas, apesar do caráter assistencialista, dina- mo índice de popularidade foi decisivo para a vitória da
mizaram o mercado interno. ministra Dilma Vana Rousseff sobre José Serra (PSDB).
As jornadas de junho
Mídia Ninja
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014 Com números tão ruins na economia, com as inves-
tigações na operação Lava Jato atingindo cada vez mais
integrantes do governo, a crise política instaurou-se ple-
Aécio Neves namente. Mesmo com denúncias e acusações de envol-
Aloysio Nunes vimento de integrantes da oposição como Aécio Neves
e Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputa-
51,64% 2.º turno dos), a indignação da opinião pública voltou-se princi-
PT
palmente contra o PT e o governo de Dilma.
48,36% Vestidos de verde e amarelo, milhões de manifes-
PSDB
tantes tomaram as ruas em protestos ao longo de 2015.
Dilma Rousseff As manifestações atingiram seu ápice em 13 de março de
Michel Temer 2016, quando cerca de cinco milhões de brasileiros saí-
ram às ruas em diversas cidades do país. A maior mani-
Fonte: Elaborado com base em boletins do Tribunal Superior Eleitoral. festação ocorreu em São Paulo, na mesma avenida que
Manifestantes pró-impeachment (cerca de 500 mil). Manifestantes contra o impeachment (cerca de 100 mil).
Avenida Paulista, São Paulo, 13 mar. 2016. Avenida Paulista, São Paulo, 18 mar. 2016.
1 A chamada "crise do Mensalão" causou grande des- da geração de 1968 chegou ao poder no Brasil".
gaste político ao presidente Lula. No entanto, não → DL/CF/SP
houve a instauração de processo de impeachment. 3 Do ponto de vista econômico, houve ruptura entre
Aponte três razões para isso. as políticas adotadas por FHC e as adotadas por
→ DL/CF/SP/H9/H21 Lula? Justifique sua resposta. → DL/CF/SP/H9
2 Comente a seguinte afirmação do texto: "Uma parte
a liberdade de expressão
"Nos últimos dias, aconteceu uma execução de jornalis- de de expressão. A segunda questão é o fato de se incitar
tas. [...] Para os europeus, é necessário conservar a liber- à violência. Você diz que não concorda com nada na reli-
dade de expressão e evitar represália da parte do terro- gião ou na política, mas os que não concordam com isso
rismo. [...] não podem ameaçar a liberdade de expressão. É muito
forte essa ideia, muito difícil. A terceira medida que fez a
Hoje os terroristas são fundamentalistas islâmicos.
França ter essa manifestação espontânea foi o desejo de
Eles vêm de várias regiões, são frutos de uma mistura cul-
fraternidade. Houve muitas ameaças terroristas na França.
tural, linguística e política. Nunca esqueça que os seres
Nós assumimos essa responsabilidade humana, republi-
humanos, assim como vocês e eu, provêm de sua cultura,
cana, democrática. Os franceses não são heróis, não são
de sua língua, de sua visão de mundo, de sua liberdade, de
melhores que outros povos. Simplesmente é defender o
sua política, de seu patrimônio, de sua representação his-
direito fundamental de um país. [...]
tórica. Estamos todos no mesmo barco, porque a cultura é
a mais importante. Charlie Hebdo é o exemplo de quem exagera na liber-
dade de expressão, mas, de todo modo, deve ser defen-
Quando os terroristas dizem que estamos proibidos
dido. Não há concessão possível para a liberdade de
de representar Maomé, é porque o Islã proíbe a represen-
expressão. [...]
tação de Maomé [...]
Essa é a radicalização da democracia, é a liberdade
O assassino dos jornalistas de Charlie Hebdo entrou
por tudo e para todos, seja pela religião, seja pela política,
na redação e atirou em todos que estavam lá, somente por
seja pela comunicação, seja no poder ético. Não se pode
eles terem ousado representar o profeta. Esse é o grande
interditar a liberdade de expressão, mesmo se não gostar
debate. Se a França fizer alguma concessão, terá que assu-
do que foi dito. Esse é o arranjo político de Charlie Hebdo.
mir para o mundo que a Europa é uma parte do mundo em
Por isso que o mundo inteiro se manifestou, porque mui-
que não há liberdade de expressão total. [...]
tos países viram que o que se passou na França diz respei-
Com a manifestação de hoje, a França, que é um to à liberdade de expressão do mundo inteiro. [...]
pequeno país, com 60 milhões de habitantes, levou qua-
Eu repito que a lição desse massacre é a liberdade de
tro milhões de pessoas às ruas. Algumas pessoas liam o
expressão absoluta, a fraternidade, liberdade e, finalmen-
Charlie Hebdo. Era um jornal que tinha a tiragem de 100
te, a França como símbolo de certa concepção de univer-
mil exemplares. Não era um jornal popular, mas o massa-
salidade [...]."
cre dos jornalistas fez com que, espontaneamente, milha-
res de pessoas saíssem às ruas por três questões essen- WOLTON, Dominique. "A liberdade de expressão e o Charlie Hebdo".
Líbero, v. 18, n.º 35, junho de 2015. p. 11-12.
ciais: não se deve tocar na liberdade de expressão. Mesmo
se ela for inconveniente, ela é absoluta, como ocorre na Dominique Wolton(1947-) é sociólogo e diretor de pesquisas do
Suécia, na Finlândia. É preciso ter respeito com a liberda- CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), na França.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Relembre os princípios da Revolução Francesa de dade e, finalmente, a França como símbolo de certa con-
1789 (estudada no volume 2) e os relacione à afir- cepção de universalidade."
mação: "Charlie Hebdo é o exemplo de quem exagera → DL/CF/CA/H3/H9/H10/H15/H21/H24
na liberdade de expressão, mas, de todo modo, deve ser
defendido. Não há concessão possível para a liberdade 2 É possível afirmar que vivemos um período de plena
de expressão. [...] Eu repito que a lição desse massacre é liberdade de expressão? Justifique a resposta.
a liberdade de expressão absoluta, a fraternidade, liber- → DL/CF/CA/EP
1 "Após oito anos de negociação, Estados Unidos, Japão 4 O petróleo é o resultado de uma lentíssima decom-
e mais dez países fecharam em Atlanta, EUA, o Tratado posição de resíduos orgânicos. Esse material acumu-
Transpacífico, no que o jornal americano The New York lou-se em camadas sedimentares há dezenas ou cen-
Times definiu como o maior acordo comercial regional tenas de milhões de anos formando uma substância
da história. [...] o TTP, na sigla em inglês, abrange 40% oleosa. A formação das reservas de petróleo remonta,
da economia global." portanto, às eras geológicas dos períodos Paleozoico,
Folha de S. Paulo, 5 out. 2015. Mesozoico e Cenozoico, nos quais se desenvolveram
Explique o que é o Tratado Transpacífico e indique os primeiros organismos vegetais e animais, como os
dois de seus principais objetivos. dinossauros e os primeiros mamíferos.
→ DL/CA/H7/H8/H9 O petróleo é hoje a principal fonte de energia do
2 (Enem) O índio do Xingu, que ainda acredita em Tupã, mundo contemporâneo e teve sua utilização iniciada
assiste pela televisão a uma partida de futebol que acon- na segunda metade do século XIX, no decorrer do
tece em Barcelona ou a um show dos Rolling Stones na desenvolvimento industrial e tecnológico conhecido
praia de Copacabana. Não obstante, não há que se ilu- como Segunda Revolução Industrial. Sua utilização
dir: o índio não vive na mesma realidade em que um em larga escala esteve vinculada ao desenvolvimen-
morador do Harlem ou de Hong Kong, uma vez que são to de motores a explosão que utilizavam gasolina ou
distintas as relações dessas diferentes pessoas com a óleo diesel como combustível.
realidade do mundo moderno; isso porque o homem é As maiores reservas de petróleo encontram-se na
um ser cultural, que se apoia nos valores da sua comu- região do Oriente Médio, responsável por mais de
nidade, que, de fato, são os seus. 60% do total mundial. Em 1960, os principais
GULLAR, F. Folha de S. Paulo. São Paulo: 19 out. 2008. (adaptado) países exportadores do produto fundaram a Opep
(Organização dos Países Produtores de Petróleo),
Ao comparar essas diferentes sociedades em seu
visando valorizar o petróleo no mercado interna-
contexto histórico, verifica-se que
cional. Hoje em dia são integrantes da Opep: Arábia
a) pessoas de diferentes lugares, por fazerem uso de Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait,
tecnologias de vanguarda, desfrutam da mesma Qatar, Líbia, Nigéria, Argélia, Angola, Venezuela e
realidade cultural. Equador.
b) o índio assiste do futebol ao show, mas não é capaz
Pode-se notar que a maior parte desses países
de entendê-los, porque não pertencem à sua cultura.
exportadores de petróleo são islâmicos e adversá-
c) pessoas com culturas, valores e relações diversas rios, no plano internacional, dos Estados Unidos.
têm, hoje em dia, acesso às mesmas informações.
A descoberta de reservas de petróleo no litoral brasi-
d) os moradores do Harlem e de Hong Kong, devido à leiro em 2007 provocou fortes discussões nos meios
riqueza de sua História, têm uma visão mais apri- políticos e empresariais do Brasil. A chamada camada
morada da realidade. pré-sal constitui-se de uma faixa ao longo da costa,
e) a crença em Tupã revela um povo atrasado, entre Santa Catarina e o Espírito Santo. Abaixo de
enquanto os moradores do Harlem e de Hong 7 mil metros de profundidade e sob uma extensa
Kong, mais ricos, vivem de acordo com o presente. camada de sal, encontram-se as reservas petrolíferas
→ DL/CF/SP/H5/H11/H16/H20/H21 que podem fazer do Brasil um dos maiores produtores
3 "Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano, desempre- de petróleo do mundo. Se as estimativas estiverem
gado, ateou fogo ao próprio corpo como manifestação corretas, com tais reservas o país pode triplicar a sua
contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas produção de óleo e gás natural.
o ato desesperado, que terminou com a própria morte, A divisão dos rendimentos entre as unidades da
seria o pontapé inicial do que viria a ser chamado mais federação e o destino dos altíssimos lucros esti-
tarde de Primavera Árabe." mados tornaram-se pontos de acirradas discussões
"Um ano de Primavera Árabe, a primavera no país. Se as previsões estiverem certas, há uma
inacabada". estadao.com.br, 8 out. 2012. oportunidade de se estabelecerem novos rumos para
a resolução dos problemas sociais e econômicos
Explique o que foi a "Primavera Árabe", exemplifi-
brasileiros. A respeito do assunto, leia o texto e o
cando alguns de seus efeitos.
infográfico a seguir.
→ DL/CF/H7/H8/H10/H11/H15
Navio de
7 mil metros transporte
de profundidade
e sob extensa
camada de sal. Navio-sonda
93 bilhões 2 000
Camadas metros Tubos de
de dólares em
1 Água perfuração
investimentos.
50 a 100 bilhões
2 Pós-sal
de barris de petróleo Abriga a maioria das
em toda a área. reservas do Brasil. 1 000
metros
3 Sal
Camada irregular
cuja espessura vai
de 1 000 a 2 000 2 000
metros
metros.
4 Pré-sal
Por suas características Rocha-reservatório
de petróleo
geológicas, marca o
início de um novo modelo A reserva
exploratório, com
tecnologia mais resistente
à corrosão, a altas
temperaturas e pressão.
Produção
MG
2012 – 200 mil barris/dia
SP
ES
2017 – 1 milhão de barris/dia PR RJ
Em 1 barril 300 km
10% GLP
Fonte: Elaborado com base em Petrobrás. Disponível em: http://goo.gl/hlI0MQ. Acesso em: 30 mar. 2016.
Pré-sal, Fundo Social, Fundo Soberano e a questão A mesma lei preceitua que o FS está vinculado direta-
social no Brasil mente à presidência da República, a quem cabe definir
"[...] O Fundo Social (FS) é construído em meio às pers- a composição e o funcionamento do Comitê de Gestão
pectivas da descoberta do pré-sal. É gerido pela Lei n.º Financeira do Fundo Social (CGFFS) e o Conselho
Deliberativo do Fundo Social (CDFS) esses dois orga-
12.351, de 22/12/2010, tendo "finalidade de constituir
nismos definem a política de investimento e propor as
fonte de recursos para o desenvolvimento social e regio-
prioridades e a destinação dos recursos.
nal, na forma de programas e projetos nas áreas de com-
bate à pobreza e de desenvolvimento: I – da educação; II O Fundo Social, embora possua finalidades e objetivos
– da cultura; III – do esporte; IV – da saúde pública; V – da diferentes do Fundo Soberano do Brasil, tem em comum
ciência e tecnologia; VI – do meio ambiente; VII – de miti- com este o fato de, na sua instauração, não contar com
gação e adaptação às mudanças climáticas". nenhum ministro das áreas mais sensíveis às questões
14 (Enem) Na América do Sul, as Forças Armadas a) De acordo com Singer, como se deram as relações
Revolucionárias da Colômbia (Farc) lutam, há déca- entre as classes sociais durante os governos Lula
das, para impor um regime de inspiração marxista no e Dilma?
país. Hoje, são acusadas de envolvimento com o nar- b) O final do primeiro governo Dilma foi marcado por
cotráfico, o qual supostamente financia suas ações, uma profunda crise econômica e política. Analise
que incluem ataques diversos, assassinatos e seques- as condições e características dessa crise e seus
tros. Na Ásia, a Al Qaeda, criada por Osama Bin Laden, desdobramentos.
defende o fundamentalismo islâmico e vê nos Estados
Unidos da América (EUA) e em Israel inimigos pode- → DL/CF/SP/H13/H14/H15/H22/H23/H24
rosos, os quais deve combater sem trégua. A mais
DIVULGAÇÃO
País: E
stados Unidos campanha da Anistia Internacional.
Ano: 2006
Câmera
De posse de material para fazer anotações durante a exi-
bição do filme, sugerimos que você preste atenção nos
seguintes aspectos e registre-os:
• Qual a situação de Serra Leoa apresentada pelo filme.
A trama se passa em Serra Leoa, em finais da década de
• De que maneiras as crianças estão envolvidas com
1990, durante a guerra civil que assolava o país. A trama
a guerra.
tem dois personagens centrais: um ex-mercenário nasci-
do no Zimbabwe, branco, que se aproveita da desorga- • Quais os grupos envolvidos na trama.
nização gerada pela guerra para traficar diamantes da • Qual o papel desempenhado pelos países desenvol-
área de conflito para a Europa, financiando de modo dire- vidos.
to as atrocidades cometidas, e um "aldeão" negro que • Como são representados os guerrilheiros.
é separado de sua família por milicianos e passa a ter
como objetivo de vida reencontrá-a. Ao ser forçado pelos
Ação
rebeldes a trabalhar numa área de mineração, encontra e 1 Qual a temática do filme?
esconde um valioso diamante, o que fará com que o trafi- 2 Como foi caracterizado o personagem Danny Archer?
cante passe a ajudá-lo a encontrar a família para receber
3 Em sua opinião, qual é a imagem da África que o filme
em troca o diamante.
transmite?
Luzes 4 Como são apresentadas as relações entre os países
desenvolvidos do Ocidente e os países subdesenvol-
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes
vidos africanos?
nos Procedimentos metodológicos da página 10.
Antes de analisar o filme, é necessário retomar informa- 5 Em sua opinião, o filme cumpre seu objetivo de mos-
trar a realidade enfrentada pela população africana?
ções e conceitos contidos no capítulo.
Justifique sua resposta.
• Releia o item Diamantes de sangue e a indústria
petrolífera (p. 263-264). → DL/CF/SP/H1/H7/H11/H15/H18
ANISTIA INTERNACIONAL, FRANÇA
Radar 281
284
Bush (George e George W.) / 255, 257, Coronelismo / 22, 159 Dívida externa / 84, 154, 158, 167, 216,
282 217, 221, 227, 228, 231, 232, 247, 265,
Corporativismo, corporativista(s) / 53, 269
67, 83, 86, 89, 150, 167, 232
285
286
287
Queremismo, queremista(s) / 125, 134 Sarney (José) / 229, 231, 232, 233, 235, Territorialização do mercado de
237, 267 trabalho / 79, 89
R Terrorismo, terrorista(s) / 32, 130, 194,
Segunda Guerra Mundial / 30, 36, 58,
Rastafári / 178 70, 74, 101, 105, 107, 110, 111, 112, 196, 206, 226, 249, 254, 255, 259, 273,
114, 117, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 278, 279
Realismo socialista / 37, 42 125, 126, 128, 129, 130, 131, 133, 136, Thatcher (Margaret) / 256, 259
Rebelião / 25, 32, 40, 42, 52, 63, 81, 107, 137, 141, 142, 143, 148, 149, 163, 164,
259 169, 174, 176, 179, 180, 182, 185, 194, Totalitarismo / 29, 53, 69, 144, 242, 251
254, 255 Trabalhismo, trabalhista(s) / 39, 62, 65,
Reformas de base / 151, 159, 161, 162,
163, 168, 209 Segunda (II.ª) Internacional / 25 79, 82, 88, 89, 90, 93, 95, 96, 98, 99,
100, 106, 133, 134, 135, 141, 149, 159,
Reformismo, reformista(s) / 23, 56, 79, Segurança Nacional / 88, 89, 169, 172, 161, 167, 210, 217, 224, 225, 232, 247,
159, 170, 219, 239, 279 192, 193, 194, 196, 197, 199, 200, 213, 248, 256
224
Reichstag / 65, 69, 77, 123 Tratado de Brest-Litovsk / 34
Selassié (Haile) / 178
Repressão / 25, 27, 32, 33, 35, 39, 85, 86, Tratado de Versalhes / 28, 68, 103, 104,
100, 121, 124, 128, 132, 136, 142, 178, Sentimento nacional / 15, 19 105, 109, 121, 123
182, 185, 192, 193, 194, 196, 197, 198, Serviço Nacional de Informações (SNI) /
199, 200, 202, 203, 210, 213, 215, 216, Tríplice Aliança / 25, 26
172, 192, 196, 217
217, 218, 219, 220, 222, 223, 224 Tríplice Entente / 25, 27, 28, 124
Sindicalismo, sindicalista(s) / 133, 138,
República / 20, 21, 35, 38, 40, 50, 55, 141, 149, 152, 218, 223, 224, 230, 256 Trótski / 34, 36, 37, 47, 48, 51, 96
56, 62, 63, 66, 68, 71, 73, 74, 75, 77, 78,
82, 88, 91, 94, 95, 98, 100, 106, 107, Sionismo / 125, 130, 131 Trotskista / 198
108, 115, 124, 127, 128, 131, 133, 134,
Socialismo, socialista(s) / 15, 19, 23, 25, U
138, 139, 151, 152, 155, 156, 158, 160, 26, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 39, 42, 47,
161, 162, 163, 164, 165, 166, 170, 172, 48, 51, 52, 61, 63, 65, 66, 67, 68, 69, Ulysses Guimarães / 213, 222, 228, 231,
176, 177, 180, 181, 192, 194, 196, 197, 71, 78, 83, 84, 89, 105, 107, 124, 125, 233
200, 205, 206, 210, 213, 217, 223, 224, 129, 133, 144, 145, 149, 158, 168, 176,
225, 226, 228, 230, 232, 235, 236, 237, União Europeia / 145, 256, 258
180, 181, 182, 184, 185, 193, 196, 202,
239, 244, 247, 262, 263, 264, 265, 267, 216, 218, 219, 224, 225, 226, 232, 242, Utopia / 242
268, 270, 275 247, 282
República de Weimar / 65, 68, 69, 71, V
Soviete(s) / 33, 34, 35, 47, 52
103 Vargas (Getúlio) / 62, 63, 74, 79, 80, 81,
Stálin / 36, 37, 47, 48, 49, 83, 96, 105,
Republicanismo / 21 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91,
112, 127, 129, 144, 145
92, 93, 94, 95, 96, 98, 99, 100, 113,
Resistência(s) / 25, 26, 35, 36, 39, 49, Stalinismo, stalinista(s) / 36, 37, 48, 114, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138,
81, 86, 101, 104, 109, 111, 112, 115, 107, 145, 187, 198, 242, 251 139, 140, 142, 145, 146, 147, 151, 154,
117, 122, 126, 132, 146, 158, 161, 162, 155, 157, 162, 164, 165, 166, 167, 168,
170, 174, 175, 176, 177, 185, 187, 189, Subcomandante Marcos / 41, 50, 260
209, 224, 244, 247, 277
196, 197, 198, 199, 201, 215, 223
Substituição de importações / 79, 91, 93,
Vietnã / 147, 174, 176, 180, 185, 186,
Revolta(s) / 21, 26, 33, 34, 47, 54, 80, 95, 135, 150, 154, 157, 162, 164, 277
188, 191, 205, 208, 211, 245, 254, 281
85, 139, 146, 162, 179, 189
Sufrágio universal / 19, 79, 82, 98, 124
Voto censitário / 20, 21
Revolução / 16, 17, 19, 20, 21, 23, 26, 30,
Sufragista(s) / 82
32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, Voto direto / 142, 160
42, 47, 48, 49, 51, 52, 56, 57, 61, 63, T Voto secreto / 47, 57, 62, 81, 88, 142
64, 65, 66, 68, 74, 75, 77, 78, 79, 80,
81, 82, 83, 84, 87, 88, 93, 94, 98, 100, Tancredo Neves / 95, 159, 215, 228, 229, Y
128, 132, 137, 144, 145, 146, 169, 170, 231
171, 173, 174, 182, 183, 184, 185, 186, Yitzhak Rabin / 241
187, 188, 191, 198, 203, 205, 209, 210, Tecnologia(s) / 23, 25, 27, 28, 30, 38, 54,
213, 218, 219, 220, 247, 260, 273 126, 147, 153, 164, 167, 250, 251, 256, Z
261, 263, 275
Revolução Industrial / 16, 17, 58, 274 Zapata (Emiliano) / 38, 40, 41, 42, 49,
Teixeira Lott / 152, 156
Roosevelt (Franklin) / 58, 60, 61, 74, 52, 260
103, 112, 127 Tenentismo, tenentista(s) / 53, 55, 56,
Zapatismo, zapatista(s) / 38, 41, 42, 50,
57, 75, 77, 78, 80, 81, 85, 87, 170
52, 252, 260
288