O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou parcialmente procedente o recurso de apelação interposto por um banco contra uma sentença em ação revisional de contrato de financiamento. O Tribunal corrigiu um erro material na sentença e determinou que a correção monetária incidente sobre valores a serem restituídos deve incidir a partir da data dos desembolsos efetivos e não da assinatura do contrato.
O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou parcialmente procedente o recurso de apelação interposto por um banco contra uma sentença em ação revisional de contrato de financiamento. O Tribunal corrigiu um erro material na sentença e determinou que a correção monetária incidente sobre valores a serem restituídos deve incidir a partir da data dos desembolsos efetivos e não da assinatura do contrato.
O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou parcialmente procedente o recurso de apelação interposto por um banco contra uma sentença em ação revisional de contrato de financiamento. O Tribunal corrigiu um erro material na sentença e determinou que a correção monetária incidente sobre valores a serem restituídos deve incidir a partir da data dos desembolsos efetivos e não da assinatura do contrato.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº
1035370-22.2020.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante BANCO PAN S/A, é apelada MARIA ELIZA DA COSTA SILVA LIMA.
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 15ª Câmara de Direito Privado
do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram parcial provimento ao recurso, com determinação, de ofício. V.U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores ACHILE ALESINA
(Presidente sem voto), JAIRO BRAZIL FONTES OLIVEIRA E VICENTINI BARROSO.
São Paulo, 28 de junho de 2021.
ELÓI ESTEVÃO TROLY
Relator Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
15ª Câmara de Direito Privado
Apelação Cível nº 1035370-22.2020.8.26.0002
Apelante: Banco Pan S/A
Apelado: Maria Eliza da Costa Silva Lima Comarca: São Paulo Juiz(a): Anderson Cortez Mendes Voto nº 7998
Apelação. Ação revisional de contrato bancário.
Financiamento de veículo. Sentença de parcial procedência. Recurso da parte ré. 1. Sentença. Dispositivo. Denominação equivocada da parte ré. Evidente erro material. Recurso provido nesse ponto, para corrigir o dispositivo. 2. Seguro prestamista. Instituição financeira que não demonstrou ter oportunizado à parte autora a livre escolha de seguradora de sua preferência. Venda casada (art. 39, inc. I, do CDC). Ilegalidade da cobrança. Precedente do STJ (REsp nºs 1.639.259/SP e 1.639.320/SP). 3. Indébito. Correção monetária. Data da assinatura do contrato. Descabimento. Termo inicial na data dos efetivos desembolsos, pena de se caracterizar enriquecimento sem causa. 4. Sentença reformada. Recurso parcialmente provido, para correção de erro material na sentença, determinando-se, de ofício, a incidência da correção monetária, sobre o indébito, a partir dos efetivos desembolsos.
Trata-se de apelação interposta contra a r. sentença, que
julgou parcialmente procedente ação revisional de financiamento de veículo, para: (a) declarar a abusividade do seguro prestamista; (b) condenar a parte ré ao refazimento dos cálculos do financiamento, mediante compensação ou repetição de eventual indébito, de forma simples, com atualização monetária, segundo a Tabela Prática do TJSP, desde a data
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da celebração do contrato, e com juros moratórios de 1% ao mês, a contar da citação; (c)
condenar a parte autora ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa, corrigido desde o ajuizamento da ação pela tabela prática do TJSP, com juros moratórios a partir do trânsito em julgado (fls. 165/181).
A parte ré, ora apelante, nota que o dispositivo da sentença
indicou como ré instituição financeira diversa, e aduz a legalidade do seguro prestamista, motivo por que pleiteia a retificação do polo passivo e improcedência do pedido (fls. 183/196).
Vieram aos autos contrarrazões (fls. 200/202).
Recurso tempestivo, preparado e regularmente processado.
Sem oposição ao julgamento virtual.
É o relatório.
1. De fato, constou, no dispositivo da sentença, a condenação
de Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento S.A. (fl. 180), pessoa jurídica alheia ao processo, caracterizando-se, porém, mero erro material, que fica corrigido, para constar Banco Pan S/A.
2. No que se refere ao seguro de proteção financeira, o
Superior Tribunal de Justiça, fixou entendimento que aproveita ao presente caso pela essência de seu fundamento: “A inclusão desse seguro nos contratos bancários não é vedada pela regulação bancária, até porque não se trata de um serviço financeiro, conforme manifestou o BCB em seu parecer, litteris: (...) No caso da presente afetação, os contratos celebrados nos dois recursos representativos encaminhados a esta Corte Superior dispõem sobre o seguro de proteção financeira como uma cláusula optativa. (...) Apesar dessa liberdade de contratar, inicialmente assegurada, a referida cláusula
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contratual não assegura liberdade na escolha do outro contratante (a seguradora). Ou
seja, uma vez optando o consumidor pela contratação da seguradora integrante do mesmo grupo econômico da instituição financeira, não havendo ressalva quanto à possibilidade de contratação de outra seguradora, à escolha do consumidor [...]” (STJ, 2ª Seção, Recursos Especiais nºs 1.639.259/SP e 1.639.320/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. em 12/12/2018).
Na hipótese dos autos, parte ré não comprovou, em sua
contestação (fls. 77/87), a contratação por instrumento em apartado, do que se conclui que o seguro foi contratado diretamente na cédula de crédito bancário (fl. 21), e sem campo específico para a escolha de outras seguradoras da preferência da parte autora, o que caracteriza, por si só, o abuso da oferta (art. 39, inc. I, do CDC), motivo porque o valor do seguro (R$ 855,00 fl. 21) deve ser devolvido à parte autora.
3. Quanto à correção monetária sobre o valor a ser
restituído, o termo inicial deve ser fixado na data dos efetivos desembolsos, e não a data da assinatura do contrato, sob pena de enriquecimento sem causa da mutuária.
4. Portanto, dá-se parcial provimento ao recurso, apenas
para correção de erro material na sentença, nos termos acima expostos, com determinação, de ofício, para que a correção monetária fixada na sentença -- matéria de ordem pública cognoscível de ofício por força do art. 404 do Código Civil -- incida a partir dos efetivos desembolsos, e não da data da assinatura do contrato, sob pena de enriquecimento ilícito da mutuária.
Diante do ínfimo provimento do recurso da parte ré, mantém-
se os ônus sucumbenciais tais como fixados na sentença, inclusive honorários advocatícios, já considerado o trabalho advocatício nesta fase recursal.
Destaca-se que a eventual oposição de embargos de
declaração manifestamente protelatórios pode motivar condenação do embargante ao pagamento de multa sobre o valor atualizado da causa, não isenta pelo benefício de justiça
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gratuita, nos termos do artigo 1.026, § 2º do Código de Processo Civil.
Para o fim de interposição de recursos aos Tribunais
Superiores, consideram-se prequestionadas as matérias alegadas pelas partes, sendo desnecessária a menção do preceito legal ou constitucional, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 88.365/SP, 4ª T., rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j. em 14.5.1996).
Ante o exposto, dá-se parcial provimento ao recurso, com
determinação de ofício.
Elói Estevão Troly
Relator
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