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celia aaron

Eva

Ligia e Juzita

Faby

Eva

celia aaron
Não preciso de uma mulher na minha vida — especialmente uma
com uma boca inteligente e um corpo curvilíneo. Molly Gale não
tem sido nada além de problemas desde que apareceu no
rancho vizinho. E agora, logo antes de uma enorme tempestade
de neve nos atingir na véspera de Natal, eu tenho que ir à sua
fazenda. Preciso vê-la, tenho que ter mais um pouco do seu
perfume de morango. É o suficiente para deixar um homem
louco. Mas vou manter as coisas profissionais, manterei minhas
mãos para mim e farei o que precisa ser feito. É o plano
perfeito...
Até que meu cavalo me jogue no chão e eu precise da ajuda de
ninguém menos que a mulher com a língua afiada e os quadris
deliciosamente grandes.
Uepaaaaa e Feliz Natal para mim!!!

celia aaron
CAPÍTULO 1

INGRAM

O sol brilha intensamente à medida que cavalgo ao longo


da cerca que separa a minha terra da intolerável propriedade de
Molly Gale. Olho ao longe em direção ao seu rancho, mas nada
além de uma ampla extensão de colinas cobertas de grama e
sálvia encontram minha visão. Bom. Já tive problemas
suficientes com ela.

Apesar do dia ensolarado, o ar do inverno gira em torno de


mim, prometendo uma noite ainda mais fria pela frente. A
previsão indicou neve durante a noite, mas a formação do banco
de nuvens no horizonte ameaça soltar os flocos ainda mais cedo.

“É melhor se mexer, meu velho.” Estimulo Slingshot


suavemente para frente ao longo da linha da cerca.

Ele mantém uma caminhada constante enquanto examino


as vigas de madeira que ficaram cinza pelo ar e sol implacável, a
oeste das montanhas rochosas. Hectares e hectares de terra
espalhadas diante de mim, cada colina e planície perfeitas para
criação de gado. Meu pai sempre disse que era perfeito para criar
uma família, também, mas não tenho interesse nisso. Nunca tive,
nunca terei.

Instigo Slingshot para se mover um pouco mais rápido. O


vento começa a aumentar do nordeste, e a neve não estaria muito
atrás. No momento em que os primeiros flocos começam a cair,
eu queria estar protegido em casa, meu cachorro Earl aos meus
pés e um livro no meu colo.

celia aaron
Percorremos os quilômetros, Slingshot manteve um ritmo
acelerado enquanto olho cada pedaço de cerca do lado de Molly.
Não tolerarei outra de suas insinuações de que estou roubando
seu gado. De novo não. Franzo a testa e puxo o meu chapéu mais
apertado quando me lembro de como ela caminhou até mim na
cooperativa e começou a fazer perguntas sobre o meu gado.
Quando Molly disse que algumas cabeças do seu gado tinham
desaparecido, e olhou para mim com aqueles olhos azuis cheios
de acusação, só queria colocá-la sobre meu joelho.

Em vez disso, mantive a paciência e disse-lhe para recuar.


“Não há nenhuma mulher no Brady Mountain Ranch por um
motivo, Molly. Este é um excelente exemplo do porquê. Agora,
gentilmente, saia do meu caminho. Preciso ver alguém sobre
algumas ferraduras.”

Molly estreitou aqueles olhos brilhantes e levantou a


cabeça, a aba do seu chapéu inclinando para trás e seu cabelo
vermelho espalhando-se sobre os ombros. Ela sempre usava um
lenço brilhantemente colorido — no pescoço ou enfiado no bolso,
apenas um adicional feminino que chamava a minha atenção
como uma mariposa para a luz noturna. “Você não poderia
manter uma mulher para salvar sua vida. Ninguém iria te querer.”

Tex no balcão tinha parado de falar com Fred e Len, os três


homens se viraram para me olhar.

“Não vejo nenhum homem batendo em sua porta.” Gostaria


de usar minhas mãos, mas não tenho certeza se queria
estrangulá-la ou puxá-la e mostrar que eu sabia todos os tipos de
formas de agradar uma mulher.

“Isso é porque eu os chuto para fora antes do amanhecer.”


Molly se vira e sai, seus quadris balançando, seu traseiro
parecendo perfeito naquele jeans apertado.

Envio uma oração silenciosa para seu pai pedindo um


pouco de força para lidar com sua filha atrevida. Ele foi meu
vizinho durante anos, foi meu mentor por muito tempo. Quando

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seu pai faleceu, Molly finalmente decidiu aparecer. Não vi nem
sombra dela durante o tempo que seu pai esteve doente, mas ela
veio para reivindicar o rancho depois que ele morreu.

Ficando à vontade, ela imediatamente começou a destruir


meu rancho com suas grandes ideias sobre como desviar a água
para o seu gado e o meu. Isso, além de um monte de outras
tolices, levaram ao nosso eventual impasse. Não ajudou que cada
vez que cheguei perto dela, eu quisesse tanto espancá-la ou
beijá-la. Nunca tive certeza de qual. Mulher irritante.

Seguro as rédeas com mais força e puxo Slingshot para


casa. O céu ficou mais escuro, e perdi a noção do tempo. A
massa de nuvens virou um roxo profundo na luz desvanecida.
Pela manhã, todo o rancho estaria coberto com trinta centímetros
de neve, talvez mais. A previsão indica um degelo rápido, então
outra tempestade de neve ainda mais forte começaria apenas dois
dias depois, dando à toda a área um natal branco.

Lançando mais um olhar sobre a cerca, pego um ponto


com problema.

“Merda.” Direciono Slingshot novamente em direção à


ruptura no padrão. Com certeza a cerca havia caído, alguns
troncos ásperos estavam caídos de lado. O aspecto disso me
parece errado. Não parece uma deterioração simples ou rompido
por algum animal.

Desmonto e acaricio Slingshot antes de caminhar até a


cerca. Em uma inspeção mais próxima, encontro os troncos que
haviam sido retirados quase perfeitamente. Ajoelho-me e
inspeciono o chão ao lado da ruptura. Não foi preciso um
rastreador para ver que vários cavalos atravessaram o portão
junto com o gado. Eu não mantive cavalos neste pasto, e estou
quase certo de que Molly também não os manteve nessa área.

Ficando de pé, tiro o chapéu e passo a mão pelo meu


cabelo desgrenhado. Ladrões. Tinha que ser. Isso explicaria o
gado desaparecido de Molly. Quando foi a última vez que fiz uma

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contagem? Terei que pedir ao meu ajudante Zane para tratar
disso e ver se algum do meu estoque foi roubado. Esta é a última
coisa que preciso.

À medida que ando ao redor, um brilho chama minha


atenção. Ajoelhando, passo meus dedos ao redor de algo
brilhante pressionado na sujeira por vários quilos de animal.
Puxo meu canivete do bolso e o abro, em seguida, desenterro a
ponta do objeto brilhante. Ele parece um isqueiro destruído, a cor
prateada está desgastada e riscada. Virando-o, encontro um
conjunto de iniciais que faz meu sangue ferver em minhas veias.

Levanto-me e chuto a sálvia mais próxima. “Porra!”

Slingshot relincha, e procuro ficar sob controle. “Desculpe


companheiro. Odeio ladrões, é tudo.” E não posso me dar ao luxo
de perder o gado, não depois que o último rodeio rendeu menos
dinheiro do que qualquer outro na história. O rancho está em
terreno instável, e eu tive que hipotecar a casa e vários hectares
de pasto apenas para manter o lugar à tona.

Sobre os ladrões — um em particular— eu tenho que


deixar Molly saber. O isqueiro é a evidência que preciso para
limpar meu nome. Não que me importe com o que ela pensa de
mim, eu me lembro. De modo nenhum. Mas tanto quanto não
quero ver seu rosto ou ouvir sua boca atrevida, ela merece um
aviso. Seu pai rolaria no túmulo se eu nem tentasse fazer o certo
por sua filha oportunista. De olho no mau tempo se
aproximando, percebo que terei tempo suficiente para chegar até
seu lugar e voltar para casa antes que a neve realmente
começasse a cair.

Corro a mão pela crina de Slingshot, em seguida, levo-o


para a propriedade de Molly. Depois que ele atravessa, substituo
as placas e fortaleço a cerca. Isso não pararia os ladrões, mas
odeio a aparência de uma cerca quebrada. Sempre odiei. Além
disso, algum cara inteligente disse que ‘boas cercas fazem bons
vizinhos’. Bem, eu seria o vizinho modelo se isso significasse que
Molly manteria sua língua afiada para si mesma.

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“Maldita mulher.” Monto Slingshot e o guio para a
propriedade de Molly. Seu pai e eu fomos bons amigos pelos
últimos vinte anos. Trabalhamos juntos em nossas fazendas, ele
como um veterano com toda a experiência e eu como um novato
tentando manter a fazenda do meu pai. Sem William Gale, eu já
teria falido e me afastado.

Quando William morreu, perdi o meu mentor e o que é


pior— Molly apareceu, voltou, e começou a encher meu saco. Ela
ocupou muito espaço na minha cabeça estes dias, e estou feliz
por manter distância dela. Ela me deixa tenso, e em mais de uma
maneira. Aquela boca inteligente precisa de disciplina, precisa de
um homem como eu para domá-la. Mas não a tocaria, não
importa o quanto eu quisesse. Apenas o pensamento de sua
bunda deliciosamente cheia na palma da minha mão tem meu
sangue correndo quente. Deixo pra lá. Eu preciso. Há trabalho a
ser feito.

O vento aumentou, o aviso de neve agora é uma promessa


à medida que o ar engrossa com umidade. Puxo meu casaco de
lona mais perto de mim e abaixo a cabeça, deixando Slingshot
fazer o trabalho.

Nós galopamos por um largo barranco, o fluxo efêmero no


fundo está seco como um osso. Na primavera, ficaria cheio
novamente, regando o gado de Molly e todas as outras criaturas
nesta parte do pasto.

“Vamos, meu velho.”

Slingshot escala o declive distante e apressa-se em direção


à propriedade Gale. Ele conhece o caminho de cor, sem dúvida,
conhece esta terra tão bem quanto a minha. Olho para o
horizonte, a crescente escuridão escondendo a fazenda de dois
andares, embora uma fita de fumaça subisse na noite,
prometendo um fogo quente. Não que eu quisesse um. Iria
embora antes que tivesse a chance de apreciá-lo.

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Outro barranco corta a vegetação à frente, e Slingshot leva
o aterro com facilidade. Na curva ascendente, ele para e relincha.

“O que é isso?” Olho para a sálvia, mas não vejo nada.


“Sentiu o cheiro de alguma coisa?”

Seu relincho soa mais agudo quando ele recua, seu


traseiro desliza para baixo do aterro.

“Whoa.”

Um silvo familiar surge da sálvia à nossa frente. Slingshot


empina-se. Seguro firme quando ele cai de volta, seus cascos
perdendo contato com o solo argiloso perto do leito. O assobio
aumenta, era nada mais do que uma cascavel disfarçada com a
sálvia.

Puxo minha arma do coldre, mas não poderia mirar


enquanto Slingshot está ameaçando empinar novamente. “Whoa,
rapaz.”

Um movimento chama minha atenção, uma das cascavéis


lançando-se para atacar a perna de Slingshot.

“Merda!” Levanto minha espingarda. Slingshot empina


novamente. Minha mão escorrega das rédeas à medida que
disparo um tiro. O boom é a última coisa que ouço.

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CAPÍTULO 2

MOLLY

O tiro de espingarda à distância afasta Tanya, seus latidos


ricocheteando pela casa quando abro a porta da frente e olho
para o escuro. Ela correu para os degraus da varanda, latindo
com seus pelos eriçados. A velha vira-lata sempre foi boa para a
segurança, embora não muito mais. Sua visão está quase no fim,
suas patas traseiras dão-lhe problemas no período da manhã,
mas ela ainda é a melhor maldita companheira de quarto que já
tive.

“Quem é, menina?” Afago seu pelo e em seguida, puxo meu


xale mais perto ao redor dos meus ombros. O vento está
aumentando de forma constante durante a última hora, a
tempestade que se aproxima avançando mais rápido do que
qualquer um tinha antecipado.

A porta para a resistente cabana perto do celeiro se abre e


minha funcionária durante o ano, Julia, sai. “Que diabos foi
aquilo?”

“Não tenho certeza.” Não queria sair para a vegetação se


pudesse ser evitado. O tempo está mudando rapidamente. Então,
novamente, se alguém estiver lá fora roubando o gado, eu preciso
saber. “Talvez seja o Papai Noel aparecendo mais cedo?”
Acrescento com um sorriso irônico.

“Trazendo uma espingarda em vez de bastões de doces?”


Julia caminha até os degraus, seu coxear um pouco menos
pronunciado, pés de galinha ao lado de seus olhos enrugando
enquanto ela olha para mim. “Acha que eu deveria ir dar uma
olhada?”

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Uma rajada sopra e envia um pouco de neve à medida que
nós olhamos para a noite.

“O tempo não permanecerá bom.” Balanço minha cabeça.


“Mas tenho que dar uma olhada.”

“Eu farei isso.” Julia dá um passo em direção a sua


cabana.

“Não, sua perna precisa de mais um mês. Se não curar


direito, o doutor disse que teria que mandar você para Denver
para uma cirurgia.” Não poderia arriscar, não agora. Ela é uma
rancheira experiente, uma viúva que tinha tomado o lugar no
meu rancho quando mais precisei dela. Eu nunca soube da sua
história, e isso é bom para mim. Estou preocupada com o futuro.
Ela parece estar também. Tenho que mantê-la em boa forma para
passar o inverno e todo o trabalho que a primavera traria. “Vou lá
fora.”

“Eu posso montar.” Julia é teimosa, também.

“Sei disso. Mas quero você olhando a propriedade. Se forem


ladrões, estaremos em um mundo de merda, se nós duas
estivermos presas na sálvia quando a tempestade chegar. Uma de
nós precisa ficar aqui e pedir ajuda se chegar a esse ponto.”

Julia balança a cabeça. “Não gosto disso.”

“Eu também não.” Viro-me para voltar para a casa e me


preparar.

“Aguarde.”

“O quê?” Eu olho atrás de mim.

“Alguma coisa vem de lá.”

Tanya late, e olho para a escuridão. Uma série de passos


abafados levados pelo vento.

“Cavalo,” Julia diz exatamente enquanto eu pensava a


mesma coisa.

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Nós colocamos todos os nossos cavalos no celeiro no início
da tarde, antes do clima mudar.

Desço os degraus em direção à cerca de madeira no limite


da propriedade. Um cavalo marrom galopa em minha direção, a
sela escura em suas costas vazia.

“Aquele é o cavalo de Ingram, Slingshot.” Julia me alcança.

O animal abranda e trota até a linha da cerca. Ele relincha


conforme estendo a mão para passar ao longo de seu nariz.
Sinais de alerta tocam em minha mente. Preciso ir até lá para
encontrar Ingram. Que diabos está acontecendo? Se ele está
tentando roubar meu gado, certamente escolheu uma noite ruim
para fazer isso. Julia e eu tínhamos colocado nossos animais
premiados no celeiro e colocado os outros em um curral protegido
com quebra-ventos, do outro lado da propriedade. É a única
maneira de mantê-los vivos durante as próximas tempestades.

“Vou pegar o meu equipamento. Fique com ele até eu


voltar.” Corro para dentro de casa e coloco minhas botas, um
casaco de inverno, meu chapéu, e pego uma lanterna antes de
voltar lá fora. Julia está confortando Slingshot enquanto
caminho, pulo a cerca, coloco minha espingarda no coldre vazio
ao lado, e então monto o cavalo.

“Estou com o rádio no bolso. Deixarei você saber o que está


acontecendo quando eu descobrir. Se você não ouvir de mim em
meia hora, ligue para o xerife. Se você ouvir mais tiros, chame o
xerife.”

“Ainda não gosto disso.” Ela agarra o topo da cerca, as


mãos bronzeadas por uma vida vivida ao ar livre.

“Voltarei logo.” Aperto meus calcanhares levemente.


Slingshot não reclama, em vez disso, vira e vai pelo caminho por
onde veio.

Outra rajada de ar congelante passa por mim e sacode as


portas do celeiro. Os cavalos dentro relincham, em seguida, se

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acalmam enquanto nós passamos. A noite cai rapidamente, e as
nuvens que se aproximam obscurecem o pouco luar que existe.
Não é uma noite para estar nas colinas.

“Ingram, é melhor que você esteja morto ou morrendo.”


Puxo meu chapéu para baixo para bloquear o vento.

Instigo Slingshot para frente, e ele acelera o passo quando


entramos em campo aberto. O cavalo está firme e, embora nunca
o tenha montado antes, ele recebeu bem os comandos. Meus
pensamentos retornam ao seu dono. Ingram Brady tornou-se
uma instituição nesta área desde que seu pai morreu e ele
assumiu a fazenda ao lado. O conheci quando eu era
adolescente, mas não mais do que como amigo do meu pai.
Ingram era uns bons dez anos mais velho que eu, o que sempre o
colocava na categoria ‘adulto’ na minha mente jovem. Eu estava
muito ocupada planejando ir para a faculdade ao invés de me
preocupar com o vizinho que parecia ter sido criado para manter
o seu rancho bem-sucedido. Ele era todo negócio, e se eu
estivesse mais interessada em meninos na época, certamente
teria percebido o quão bonito ele era. Mas não me importava.
Pretendia deixar o rancho para trás e fazer o meu caminho em
Chicago ou New York, ou algum local longe daqui.

Balanço minha cabeça. Todos os planos bem definidos, no


final, totalizaram dois diplomas, nenhuma perspectiva de carreira
real e vários empregos servindo mesas e café. Quando meu pai
morreu, voltei para o rancho. Isso trouxe um tornado de
memórias, muitas delas eram tristes. A morte de minha mãe, foi
a principal. Mas havia as felizes também. Papai e eu mantemos a
tradição do pão de mel da minha mãe a cada Natal — mesmo que
nossas casas de pão de mel se transformassem em estruturas
irregulares com quantidades ridículas de gelo ou com o cheiro
familiar do cachimbo do meu pai. Durante todo o tempo que vivi
aqui, pensei que meu futuro estava em outro lugar, em algum
lugar ‘lá fora’.

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Mas quando voltei para o rancho — e para o meu choque
total — percebi que essa era minha verdadeira casa. A terra, os
animais e as pessoas deram ao meu coração uma sensação de
conforto que não senti desde a minha partida. Então, fiquei e
assumi o rancho.

Slingshot esforça-se em uma subida de um barranco


profundo e sai no topo de um pequeno cume que percorre
algumas centenas de metros ao longo da parte de trás da área
cultivada.

“Onde ele está?” Sei que Ingram está aqui fora. Apesar das
minhas maldições anteriores, espero que ele não esteja em mau
estado, mas o cavalo sem o cavaleiro não é um bom presságio.

Ele trota ao longo do cume e mergulha em outro barranco,


o ritmo diminui conforme ele se aproxima do fundo. Um gemido
encontra meus ouvidos enquanto Slingshot derrapa até parar.

Aponto minha lanterna ao longo do matagal e encontro


Ingram deitado de costas, uma mão esfregando seu rosto
enquanto ele tenta se sentar. “O que diabos aconteceu com
você?”

“Tire essa porra de luz da minha cara.”

“É bom ver você também, Ingram.” Desmonto e caminho


até ele. “Quão ruim você está?”

“Vou ficar bem.” Ele se senta e dispara um olhar duro em


Slingshot. “Você simplesmente fugiu no primeiro sinal de
problemas?”

“Ele veio procurar ajuda. Você deveria agradecê-lo.”

Seu olhar desliza para mim, e seus olhos se estreitam.


“Você é a ‘ajuda’, hein?” Ingram agarra o joelho e faz uma careta.

Concentro a luz da lanterna em sua perna e ajoelho-me ao


lado dele. “Você vai me dizer o que aconteceu ou vai continuar
sendo um idiota mal-humorado?” Um toque de frio pousa na

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parte de trás do meu pescoço. Flocos de neve aparecem na luz da
lanterna.

“Idiota mal-humorado?” Sua voz é o mesmo grunhido que


eu me lembrava de dez anos atrás — baixa e áspera como uma
plantação de tumbleweed1.

“Se a carapuça serviu.” A carapuça serve sim.

Ele continua resmungando e estremece quando move a


perna. “Uma cascavel assustou Slingshot. Eu a matei, mas fui
jogado no processo.”

Passo a mão por seu joelho, seu jeans está rasgado da


queda de seu cavalo.

Ingram geme novamente. “Está bem. Deixe isso.”

Bunda teimosa. “Se está bem, então levante-se e saia da


minha propriedade.” Levanto-me e cruzo os braços. “O que você
está fazendo aqui de qualquer maneira? À procura de algum
gado?”

Uma carranca que poderia derreter rocha atravessa seu


rosto. “Lá vai você me acusando de novo com essa boca
inteligente.”

“Não sou eu quem está em propriedade alheia.” Será que


realmente suspeito que ele seja o responsável pelo gado
desaparecido? Não. Será que gosto de irritá-lo sobre isso?
Definitivamente.

“Eu vim até aqui para fazer a coisa certa, a coisa de boa
vizinhança, e é isso o que ganho.” Ingram luta até que esteja
equilibrado em seu joelho direito. “Você está certa. Eu deveria ter
ficado na minha propriedade em vez de vir aqui para avisá-la
sobre os ladrões.”

1 Plantas típicas do deserto americano, parecem galhos retorcidos (Aparecem em filmes rolando pelo
chão).

celia aaron
“Ladrões?” Como se já não tivesse minha atenção, essa
palavra conseguiu tudo de mim.

Ele nivela seu olhar em mim, as linhas quadradas de sua


mandíbula sombria chamam atenção à medida que a fraca luz da
lua toca seu rosto. “Essa é a razão pela qual estou aqui.” Ele
tenta colocar seu pé esquerdo para baixo e empurrar-se para
cima, mas não consegue sair do chão. “Merda.”

Suspiro e inclino-me para agarrar seu braço e ajudá-lo.

“Eu não preciso da sua ajuda, mulher.” Sua voz fica mais
baixa, e seu bíceps grossos flexionam sob minhas palmas.

Nunca estive tão perto dele, exceto, talvez, a única vez na


cooperativa quando o provoquei. Robusto, bonito, mas
desagradável como o inferno. Há uma razão pela qual ele mora
sozinho. Mas nada disso impede a reviravolta em meus
batimentos cardíacos à medida que fortaleço meu aperto em seu
braço e o ajudo a se levantar.

“Já disse que estou bem.” Ele tenta dar um passo, mas
vacila.

Coloco seu braço sobre meus ombros e sustento-o. Ele


cheira a couro, feno e um árduo dia de trabalho.

“Você pode andar?” Assobio para Slingshot.

“Claro que posso andar.” Os resmungos aumentam, mas


suspeito que seja apenas uma maneira de esconder a dor. “Eu já
cavalgava antes de você nascer.”

“Eu comecei a cavalgar aos três. E posso garantir que sou


uma amazona melhor do que você.”

“Você ganhou algumas corridas de barril quando você


tinha quinze anos. Isso não faz de você uma amazona melhor.”

“Não?” Levo-o para o lado de Slingshot. “Quantas corridas


de barril você ganhou?”

celia aaron
Ingram me lança um olhar de soslaio e, ao invés de
responder, atira-se nas costas de Slingshot. Sua mão vem em
minha direção, embora ele não olhe para mim, agarro-a e subo
atrás dele.

“Nenhuma. Foi o que pensei.” Meus quadris pressionam


contra ele, graças à curva da sela. Eu clico no rádio. “Julia?”

Sua voz estala de volta. “O que está acontecendo aí fora?”

“Ingram caiu do seu cavalo.”

Ele balança a cabeça e uma lista de palavrões rolam de sua


língua enquanto sorrio e aperto o botão do rádio novamente.
“Estou levando-o comigo. Ele tem uma lesão no joelho, então
coloque o kit de primeiros socorros na sala de estar e, se não se
importar, atice o fogo para nós.”

“Está bem, chefe.”

A neve tinha começado, em grandes flocos à deriva pelo


chão, criando um branco empoeirado em cima da terra marrom.
Em pouco tempo, a neve seria fria, profunda e perigosa. Ele vira o
cavalo em direção a sua propriedade.

“Ei, nós vamos para minha casa.” Envolvo meus braços


frouxamente em torno de sua cintura.

“Não. Vamos para a minha casa, e te levarei para a sua


casa depois.”

Alguma vez existiu um homem tão teimoso? “Não. Nós


vamos para a minha casa para que eu possa cuidar da sua perna
e então levarei você e Slingshot para a sua casa.”

“Prefiro apenas uma carona para casa.”

“Ingram, se você não virar Slingshot e cavalgar para a


minha propriedade, há uma boa chance de eu tirá-lo do cavalo e
deixá-lo aqui.”

Ele bufa. “Nem no seu sonho mais selvagem, querida.”

celia aaron
Abaixo-me e dou um tapa no joelho ruim.

“Ai!” Ele reclama. “Jesus, mulher!”

“Não me chame de querida. Agora vamos.”

Ingram se queixa por dez segundos seguidos antes de virar


o cavalo e seguir até a ravina em direção a minha propriedade.

Slingshot enfrenta bem o terreno, mas a neve cai forte e


rápida. Aconchego-me mais perto das costas de Ingram para que
os flocos não caiam entre nós. Nossos chapéus e casacos nos
mantêm secos, embora minhas mãos comecem a formigar de frio
a meio caminho de casa. Estico meus dedos e fecho os punhos
algumas vezes para que o sangue circule. Ingram nota isso,
porque ele segura minhas mãos e as empurra dentro do seu
casaco com outro resmungo.

Espalho meus dedos ao longo de seu abdômen quente, a


flanela de sua camisa macia sob meus dedos. “Obrigada.”

Ele não responde, apenas estimula Slingshot a andar um


pouco mais rápido através da vegetação.

Com a pouca luz da lua e a neve pesada, já estávamos nos


aproximando das condições da tempestade. Não percebi que
estávamos tão perto da casa até que a cerca surgisse através da
névoa branca.

“Esquerda.” Tiro a mão do calor de sua jaqueta e aponto


para a abertura mais próxima na cerca.

Ingram toma a direção e dirige Slingshot para o quintal e


até a varanda.

Julia abre a porta e caminha até nós. “Ingram, é um


prazer, como sempre.”

Ele reflete seu tom sarcástico. “É bom te ver de novo,


Julia.”

celia aaron
“Você pode colocar o Slingshot no celeiro?” Deslizo de suas
costas e desço para o chão, imediatamente perdendo o calor do
corpo de Ingram. “Ele foi um bom menino de verdade, assim
jogue algumas maçãs em seu caminho enquanto o leva.”

“Sem problema.” Julia esfrega seu nariz.

Ingram luta para sair da sela, mas quando estendo a mão


para ajudar, ele afasta minhas mãos. Ele pousa em sua perna
direita com um estremecimento e quase cai, mas agarro em torno
de sua cintura e o apoio.

“Ajude-me a levá-lo em casa primeiro, por favor.” Passo seu


braço esquerdo por cima do meu ombro, enquanto Julia segura o
outro.

Nós o apoiamos até as escadas enquanto ele solta outra


série interessante de maldições que fariam meu pai orgulhoso. Os
ornamentos em minha pequena árvore de Natal tilintam
enquanto nós lutamos para passar com Ingram entre nós. Tanya
solta alguns latidos baixos de seu assento ao lado do fogo, mas
ela não faz qualquer esforço para investigar mais. Desde que ela
pertenceu primeiramente ao meu pai, Tanya conheceu Ingram
por algum tempo.

Uma vez que ele está instalado no sofá em frente ao fogo,


Julia pergunta se precisamos de alguma coisa antes de cuidar de
Slingshot.

“Eu não sei. Você teria uma mordaça? Talvez você pudesse
trazer uma focinheira para ele?” Olho por cima do ombro e pego o
olhar fulminante de Ingram.

Julia ri. “Boa sorte com tudo isso. Apenas me avise se


precisar de mais alguma coisa.”

“Nós ficaremos bem. Proteja-se na cabana durante a noite.


Será uma noite fria.”

celia aaron
“Sim, senhora.” O vento gelado entra quando ela abre a
porta, mas dissipa-se, uma vez que é fechada novamente.

Viro-me para Ingram e tiro minha jaqueta. “Vamos avaliar


os danos.”

Seu olhar passa pelo meu corpo, e uma emoção inesperada


dispara através de mim. Eu já sabia que Ingram era um homem
bonito, mas na baixa luz do fogo e com um pouco mais do que
uma sombra de barba de cinco horas em sua mandíbula, ele é
um bruto atraente. Especialmente quando olha para mim assim,
com os olhos ligeiramente semicerrados e sua atenção fixada em
cada curva que eu tenho para oferecer.

Ele limpa a garganta e encontra meus olhos. “Você tem


algum uísque?”

celia aaron
CAPÍTULO 3

INGRAM

Ela ajoelha-se na minha frente conforme engulo o uísque e


pego a garrafa. Neve — do tipo que cobre a paisagem até que você
não possa dizer para que lado ir — cai em uma torrente. Sua
árvore de natal brilha, as luzes coloridas e os ornamentos
caseiros dando a antiga casa um pouco de aspecto de férias.

Jogo meu chapéu na parte de trás do sofá. “Seu pai nunca


teve uma árvore depois que você foi embora.”

Molly puxa minha bota e tenta enrolar a perna da minha


calça para dar uma olhada no meu joelho. “Eu sei.”

“Ele sentiu muita saudade de você.” Bebo da garrafa.


“Quando você parou de visitar.”

“Eu sei.” Seu tom é baixo, como um arame sendo esticado.


“Você terá que tirar isso. As malditas coisas não soltam.” Molly
senta-se à mesa de centro esculpida e aponta para o meu jeans.

“As senhoras costumam pedir gentilmente.” Sorrio.

Ela revira os olhos. “Dá um tempo.”

Não perco a cor subindo em suas bochechas. Molly tem


vinte e cinco ou algo assim, se calculei direito. Bonita, não posso
negar. Seu longo cabelo vermelho cai ao redor de seus ombros e
molda seu rosto, seus olhos azuis brilham na luz baixa. Como
seu pai grisalho criou uma criatura tão adorável está além da
minha compreensão, e presumo que Molly tem seus genes de sua
mãe.

celia aaron
“Você vai tirá-la ou o quê?” Ela cruza os braços e me
prende com um olhar penetrante.

Exigir que ela colocasse Slingshot em um trailer e nos


desse uma carona de volta para minha casa parece um bom
plano, mas a dor em meu joelho me diz que não irei a lugar
algum — não sozinho, de qualquer maneira. “Desde que você
pediu tão gentilmente.” Inclino-me para frente e coloco a garrafa
ao seu lado.

Sua respiração engata quando chego perto. Afasto-me. A


última coisa que preciso é de um atrevido fogo de artifício na
minha vida, mesmo que algumas partes minhas ao sul acordem
da hibernação e reajam com interesse imediato. O que é um
problema, já que acabei de concordar em tirar minhas calças.
Merda.

Limpo a garganta e olho para seu rosto novamente. O lenço


azul e amarelo brilhante no bolso da camisa tira a profunda cor
de safira de seus olhos. Maldição, ela é linda.

“Você é tímido?” Molly desafia, seu pequeno queixo


inclinando-se quando encontra o meu olhar.

Nem um pouco. “Talvez. Você tem algum problema com


isso?”

Ela levanta-se e caminha até a árvore de natal, de costas


para mim. “Vamos logo com isso. Deixe-me saber quando estiver
pronto.”

Nunca estaria pronto para uma mulher como Molly, isso é


certo. Olho para o seu traseiro redondo, a curva de seus quadris,
o jeito que o jeans lhe molda como uma segunda pele. Meu pau
sobe um pouco, empurrando o zíper. Desvio o olhar, forçando-me
a acalmar, porra. Ela me acusou de ser um ladrão, pelo amor de
Deus. Para não mencionar o que ela fez com seu pai. Esse último
pensamento é como um balde de água fria. Molly e eu não somos
amigos. Nós somos apenas vizinhos. E pretendo manter isso
dessa forma.

celia aaron
Fico de pé, equilibrando-me sobre a minha perna boa, e
solto meu cinto. Tanya, a velha cadela do seu pai, mal me dá um
olhar do seu lugar junto ao fogo. Nos conhecíamos há muito
tempo. Uma vez que meu jeans está sobre o braço do sofá ao meu
lado, sento-me e casualmente certifico-me de que minha camisa
de flanela cubra minha virilha.

“Estou pronto.”

Ela se vira e mantém os olhos no meu joelho enquanto está


sentada no chão, na minha frente.

Eu queria que meus pensamentos sujos fossem ignorados.


É difícil, mas Molly ajuda quando limpa o sangue no meu joelho
com um pouco de álcool. Porra, isso queima.

“O corte não é tão ruim.” Ela limpa com cuidado, em


seguida, coloca uma mão atrás de minha panturrilha e puxa para
frente. “Mas acho que o pior dano é do tipo que eu não posso
ver.”

Gemo quando a dor me atravessa e tomo outro gole da


garrafa.

“Os ligamentos do joelho parecem bem. Nada parece


quebrado.” Molly pressiona ao longo do meu joelho. “Acho que é
uma contusão profunda e uma distensão.”

“Você foi para a faculdade de medicina e ninguém me


disse?”

Ela franze a testa, uma ligeira ruga se formando em sua


testa lisa. “Não. Mas estive em torno de rancheiros idiotas o
suficiente para saber quando eles precisam ir para o pronto-
socorro.”

Sento-me à frente e olho para ela. “Eu não sou um


rancheiro idiota.”

celia aaron
“Vagando ao redor da propriedade alheia ao anoitecer antes
de uma grande tempestade? Isso soa exatamente como um
rancheiro amador.”

Maldita seja. Por que ela sempre tem que me irritar? “Eu
estava em sua propriedade por uma única razão.” Pego meu
jeans e cavo no bolso até que meus dedos atingem o metal frio e
arenoso. Entregando o isqueiro para ela, eu digo: “Achei isso em
um lugar onde alguém destruiu a cerca entre nossas
propriedades. Há muitas trilhas por lá, também. Suspeito que
vamos encontrar algumas cabeças de gado que estamos
perdendo.”

Ela vira o isqueiro na palma da mão, os olhos fixos nas


iniciais esculpidas no lado. “Os garotos Piper?”

Concordo. As iniciais—TP—só poderiam pertencer a um


filho da puta, Trey Piper. Sua família possuía alguns milhares de
hectares mais abaixo da montanha, mas ganharam a maior parte
do seu dinheiro em jogos ilegais, prostituição e roubos. Eles são
pessoas rudes, não o tipo que você gostaria de se meter. Sorte
minha que sou bem difícil, então não tenho nenhum problema
em foder com eles por tomar o que é meu.

Molly senta-se, seus olhos azuis claros como um céu de


verão. “Quero esclarecer uma coisa.”

“O quê?” O jeito que ela me olha envia calor em erupção no


meu peito. É provavelmente apenas a bebida. Tem que ser.

“Eu realmente nunca acreditei que você estava roubando.”

“Claro que parecia isso. Mentir dizendo que acredita em


mim agora que eu trouxe evidências de que outra pessoa fez isso
não causa uma boa impressão para você.”

“Não estou mentindo.” Molly coloca o cabelo atrás das


orelhas, lembrando-me de como fazia a mesma coisa quando era
adolescente e era muito tímida para falar muito. “Eu só estava
tentando atraí-lo um pouco, é tudo.”

celia aaron
De que tipo de tolice ela está falando? “Atrair-me?”

Ela inclina a cabeça. “Acho que nós dois sabemos que você
está me evitando e sendo frio comigo desde que vim para cá. E
não sei por quê. Mas quero que sejamos amigos. Somos vizinhos,
depois de tudo. Papai queria—”

Levanto minha mão. “Deixe-me interrompê-la aí. Você não


pode me dizer o que o seu pai queria.”

Molly encolhe-se como se eu a tivesse atingido.

Eu deveria ter cortado o teatro, mas não pude. Não quando


ela está olhando para mim com aqueles olhos de anjo, quando sei
que lá dentro, ela não é um anjo. Não, Molly é uma pirralha
egoísta. Nada mais. “Eu estava aqui quando ele estava doente,
quando não podia sair da cama, quando ele estava morrendo.
Você não estava. Assim, você não pode me dizer que vamos ser
amigos, e você com certeza não pode me dizer o que seu pai
queria.”

Para o seu crédito, ela não vira as costas e corre. Mas toda
a cor desaparece do seu rosto, ela vira-se para o kit de primeiros
socorros, com as mãos tremendo enquanto procura nos
compartimentos.

Minha ira diminui enquanto a observo, e uma emoção


diferente surge em seu lugar. Vergonha. Eu não deveria ter falado
com ela assim. Porra. A dor e o uísque trouxeram o pior em mim.
E, o que é mais desanimador do que qualquer outra coisa, ela
não se defende. Apenas toma suas pancadas e segue em frente.

Sou um idiota. Talvez ela seja uma pirralha ingrata, mas


não é minha função fazê-la enxergar isso. “Olha, eu sin—”

“Eu-eu vou envolvê-lo, e você vai precisar ficar de repouso


por um tempo.” Molly tira alguns comprimidos e entrega-os para
mim, mas não encontra meu olhar. “Tome-os para a dor. Vou
buscar um pouco de gelo.” Ela sai correndo, e acho que vi
lágrimas em seus olhos brilhantes.

celia aaron
Talvez seja uma coisa boa. Molly não precisa se envolver
com um bastardo amargo como eu. Termino o uísque e coloco
minha cabeça de volta no sofá familiar enquanto tento não
pensar na dor que vi em seus olhos.

celia aaron
CAPÍTULO 4

MOLLY

Abro as bandejas de gelo, torcendo-as até que os cubos


caiam em uma tigela que coloquei no balcão de fórmica
desgastado. Duas lágrimas escapam e mergulham na tigela,
congelando com os cubos. As palavras de Ingram foram como um
punhal, um punhal que ainda está alojado entre minhas
costelas. Mas ele está certo. Eu não estava lá para o papai.

Enxugando o rosto com as costas da mão, afasto as


lágrimas. É tarde demais para chorar sobre isso. Papai se foi. E
não importa que ele tinha me dito tantas vezes para não voltar
para casa, para não vê-lo deteriorar-se. Ele não queria que eu me
lembrasse dele dessa forma, especialmente quando tive que ver a
mamãe desvanecer diante dos meus olhos quando eu era criança.
Todas as suas palavras fizeram sentido, seu raciocínio, mas eu
deveria estar aqui.

Suspiro e pego um saco plástico, em seguida, jogo o gelo


dentro. Uma vez que consegui me recompor, caminho de volta
para sala e sento-me na frente de Ingram.

Ele está ao telefone, falando baixo. “Mantenha-se atento


para problemas. A gangue Piper está de volta. Com certeza eles
são os que estão roubando gado. Volto em breve. Aguente firme
até então.” Depois de mais algumas palavras concisas, ele coloca
o fone no gancho e caminha de volta para o sofá, cada passo
arrancando um gemido dele.

“Tudo está bem em sua casa?”

celia aaron
“Zane disse que estamos bem. O lugar está fechado
firmemente. Os animais protegidos.” Ele me olha com uma
expressão pensativa enquanto desenrolo a atadura e começo a
envolver seu joelho.

“Zane é uma boa ajuda.”

“Tive muita sorte com ele, com certeza. Segue bem as


ordens.”

Uma vez que seu joelho está coberto, fecho a atadura e


aponto para o sofá. “Vá em frente e deite-se. Vou colocar o gelo
em cima quando estiver deitado.”

“Eu preciso ir.” Ingram pega sua calça jeans.

“Você não pode andar.” Olho pela janela. “A neve não está
diminuindo. As estradas já estão geladas como o inferno. E nós
temos alguns negócios para discutir.”

“Negócios?”

“Os Pipers.” Tive desentendimentos com eles antes, mas


nada nessa escala. Trey tentou conversar comigo na cooperativa
quando voltei para casa. Ele queria comprar minha terra. Minha
recusa não foi fácil com ele, especialmente considerando que sua
proposta também incluía que ele e eu passássemos algum ‘tempo
de qualidade’ juntos. Bonito e loiro como todos os outros homens
Piper, ele não está acostumado a ser rejeitado no lado comercial
ou pessoal. Ele só não tinha me encontrado ainda.

O olhar de Ingram escurece. “Pretendo resolver isso, logo


que eu possa chegar lá.”

“E o xerife?”

Ele estreita os olhos. “O xerife Crow está no bolso deles.


Eles o mantêm bem pago para olhar para o outro lado enquanto
atropelam os fazendeiros do município.”

celia aaron
“Ótimo. Vamos, deite-se.” Levanto sua perna boa e giro-a
para o sofá.

Com uma careta, ele traz a perna ferida para cima, depois
se acomoda nas almofadas. “Eu preciso voltar para casa.”

“Você disse que Zane tinha o lugar fechado.” Coloco o gelo


sobre o joelho, em seguida, espalho uma malha vermelha e
branca sobre ele.

“Sim.”

“Então por que você está com tanta pressa para voltar?”

Ingram coloca uma mão atrás de sua cabeça e olha para


mim à medida que dobro a malha em torno dele. “Eu não
pertenço aqui. Assim como você não pertence à minha casa.”

“Você já esteve aqui muitas vezes. Não vejo por que isso
tem que mudar só porque eu estou no comando agora.” Fico de
pé e caminho até o fogo, adicionando uma tora grossa para
manter o fogo até altas horas. Suas palavras sobre meu pai dão
voltas, me pegando como um bumerangue. Engulo em seco e fico
vermelha enquanto as chamas consomem a parte de baixo do
combustível fresco.

“Não quero que você saia da estrada em seu caminho de


volta. Então, partirei assim que amanheça.” Ele suspira, como se
isso fosse uma grande concessão por parte dele.

Queria argumentar, para informá-lo de que eu poderia


dirigir muito bem, muito obrigada, mas não tenho energia para
isso. Os pensamentos sobre o papai rodeiam-me como um
fantasma, drenando-me da maneira que só a culpa poderia.

“Como quiser.” Caminho até a porta e finalmente tiro as


minhas botas. Empilho-as ao lado das dele em um pequeno
tapete, fazendo o meu melhor para evitar que o exterior estrague
o piso de madeira áspera mais que o necessário.

celia aaron
“Posso pelo menos me desculpar pelo que disse antes?”
Sua voz não é dura como eu esperava. É uma carícia suave, uma
que me faz voltar para ele e sentar-me em uma cadeira puída.

Ingram passa a mão pelo cabelo escuro, alguns fios


grisalhos aparecendo nas têmporas. “Não sei o que aconteceu
entre você e seu pai, ok? E realmente não é da minha conta.” Faz
uma pausa e parece meditar em suas próximas palavras. “Eu não
tinha nenhum direito de dizer aquilo para você. Então, sinto
muito por isso.”

Aceito seu pedido de desculpas, um que eu não mereço e


certamente não esperava. O silêncio cai entre nós, o tipo
desconfortável que sufoca.

Pensamentos de papai correm pela minha mente, e tenho


que quebrar a tensão ou vou chorar de novo. “Como ele estava?”
Coloco meus pés debaixo de mim, tentando preencher o menor
espaço quando faço a pergunta que me assombrou por meses.
“No final, como ele estava?”

Ingram solta um suspiro e inclina a cabeça para trás.


“Depende. Quando tinha poucos meses, ele não estava em plena
faculdade mental.” Ele bate na testa. “Ainda inteligente e com
uma língua tão afiada quanto a sua. Mas quando o seu tempo
ficou mais curto, ele meio que recuou para si mesmo. Não queria
visitas. Não queria que ninguém o visse na cadeira de rodas ou
tivesse um vislumbre de todos os medicamentos que tomava.”

Já sabia que a última parte era verdade. Tinha feito tudo


que podia para convencê-lo de que eu deveria voltar para casa e
cuidar dele. Mas papai não queria. Ele me disse que se eu
chegasse à sua porta, ele não me deixaria entrar. Deus, isso
doeu. Mas papai não era de medir palavras. Ele disse isso. E quis
dizer isso.

“Fique na faculdade. Consiga esse mestrado. Eu estou


orgulhoso de você, Molly. Tão orgulhoso. Sua mãe está olhando

celia aaron
para você agora, sorrindo como ela costumava fazer.” Ele tem uma
crise de tosse, e seguro o telefone mais apertado.

“Papai?”

Mais algumas tosses profundas, aquelas que significam


problemas, e então volta ao telefone. “Quero dizer isso, agora. Não
se incomode em vir aqui. Tenho Ingram no meu pé metade do
tempo, e a outra metade estou dormindo graças a essas pílulas
malditas. Você não está perdendo coisa alguma.”

“Eu ainda acho que deveria estar aí—”

“Não!” Sua recusa estala como um chicote. “Você tem


memórias ruins suficientes quando Lurleen faleceu. Não terei você
acrescentando esse mesmo tipo de memórias de mim. Eu te amo. E
preciso que você respeite meus desejos e fique longe. Você pode
fazer isso por mim, esquilo?”

Esquilo. Ele não tinha me chamado assim desde que eu


tinha doze anos. Quando eu era criança, tinha o hábito de subir
qualquer árvore que conseguia pegar. Às vezes papai viria me
procurar, e eu ficava a seis metros no ar e tentando ir mais alto.
Ele começou a me chamar de seu pequeno esquilo.

Eu não queria aceitar.

“Por favor, esquilo. Por favor?” Sua voz falha.

“Tudo bem.” Cedi. “Eu não irei.”

“Obrigado.” Seu suspiro sopra através do telefone.


"Obrigado. Agora volte aos seus estudos. Já estou cochilando.
Pílulas malditas.”

“Ok, pai. Eu te amo.”

“Também te amo, Molly.”

celia aaron
“Molly?” Ingram senta e inclina-se, a ponta áspera do seu
polegar enxugando uma lágrima do meu rosto.

“Desculpe.” Esfrego a manga da minha blusa no meu rosto.


“Apenas pensando em uma das últimas vezes que conversei com
o papai.”

Ele se move e senta-se à mesa de centro, estremecendo


apenas ligeiramente enquanto apoia a perna ruim no sofá.

“Não.” Faço um gesto em direção ao seu joelho. “Você vai


feri-lo mais.”

“Não posso sentir nada. Graças a quaisquer pílulas que


você me deu e o uísque.” Seus lábios elevam-se nos cantos, e eu
não tinha percebido que lindo sorriso ele tem.

“Por que você nunca sorri?” A pergunta sai antes que eu


tenha a chance de pensar sobre isso.

Ingram encolhe os ombros. “Eu sorrio.”

“Quando?”

Ele coça o queixo enquanto o fogo crepita e Tanya ronca


levemente. “Bem, vamos ver aqui. Talvez quando nasce um
bezerro? Sinto que eu sorrio.” Suas palavras afastam a tensão
que ameaçava me consumir.

“Sério?” Podia imaginá-lo ajudando com um nascimento, as


mangas da camisa arregaçadas e suas mãos grandes e fortes
prontas para puxar se o bezerro estivesse lutando.

“Certo.”

Fico maliciosa. “Qualquer outra coisa que te faz sorrir?”

Ingram segura o meu olhar, embora seus olhos tenham


uma qualidade ligeiramente vítrea — o álcool e as pílulas para
dor é uma mistura potente. “Talvez uma coisa.”

celia aaron
Um tremor passa por mim com a insinuação nessas três
pequenas palavras. Apesar de toda sua aspereza, Ingram já tinha
feito incursões ao meu coração, cuidando do meu pai. Papai me
disse todas as coisas que Ingram o ajudou; era um dos pontos de
discussão de papai quando tentei voltar para casa. “Ingram está
cuidando de mim, esquilo, eu prometo.”

Era uma das razões pelas quais não me incomodava com a


arrogância de Ingram e seu comportamento teimoso. Ele estava lá
para o papai quando eu não podia. Ele tem um grande coração
escondido debaixo de sua casca dura. E não faz mal que se
parece um cowboy na capa de um livro de romance.

Aperto minhas coxas juntas e mexo-me no assento. Talvez


não devesse ter adicionado outra tora ao fogo; está ficando
quente aqui. Mais quente a cada segundo que ele olha para mim
com aquele olhar direto, seus pensamentos fervendo logo abaixo
da superfície.

“Você deveria, hum... você deveria descansar um pouco.”


Deslizo para frente, prestes a ficar de pé, mas ele coloca as mãos
em ambos os braços da minha cadeira, me prendendo.

“Só me diga uma coisa.”

Minha respiração engata, e me pergunto se ele pode ouvir a


batida tumultuada do meu coração.

“Ok.” Minha voz é hesitante, minha mente correndo de


uma possível questão para a próxima. O que ele quer saber?

“Por que você não veio ver seu pai?”

Tudo dentro de mim congela, e afasto-me dele.

Sua mandíbula se aperta e ele começa a estender a mão,


em seguida, puxa a mão de volta. “Eu só preciso saber, é tudo.
Seu pai nunca me disse. Não importa quantas vezes perguntei,
ele disse que eu precisava me preocupar com meus próprios

celia aaron
negócios e deixar de me preocupar com o que você estava
fazendo.”

“Você estava?”

“O quê?” Ele inclina a cabeça um pouco para o lado, e eu


tenho a sensação de que ele sabe exatamente o que estou
perguntando.

“Preocupado com o que eu estava fazendo?”

Ingram coloca alguma distância entre nós neste momento,


endireitando as costas e olhando para mim com seus olhos
escuros. “Eu queria saber por que você nunca voltou para casa.”
Ele para, aparentemente lutando com as palavras que estão em
sua mente. “Comecei a me perguntar se alguma coisa ruim
aconteceu entre você e seu pai. Nós dois sabemos que ele tinha
um temperamento, e—”

“Oh, não.” Balanço a cabeça com veemência. “Não foi nada


disso. Papai sempre foi bom para mim, especialmente depois que
a mamãe morreu. E sempre costumava vir visitar-me na
faculdade todos os meses. Pelo menos, ele ia até que ficou
doente. Depois disso, eu queria voltar.”

Seus olhos se arregalam. “Por que não voltou?”

“Papai me disse para não voltar.” Minhas palavras saem


apressadas. “Implorei que ele me deixasse voltar, mas ele não
queria que eu o visse sofrer. Foi inflexível que eu ficasse longe. E
fui tola e concordei.” O buraco que papai deixou no meu coração
ainda está cru, raivoso, mesmo que ele tenha partido há seis
meses.

Uma ruga forma-se entre as sobrancelhas, depois


desaparece à medida que Ingram digere o que eu disse.

Minha respiração fica presa em um soluço, mas continuo.


“Toda vez que conversamos, prometi que não viria vê-lo.
Implorou-me para ficar longe.” As lágrimas voltam. “E eu

celia aaron
concordei, porque ele estava tão fraco, e eu não queria perturbá-
lo. Mas todos os dias eu liguei, tentei fazê-lo mudar de ideia. Ele
não mudou. Nem mesmo no final. Nem mesmo quando sabia que
eram os últimos dias. Papai me implorou para não vir porque ele
queria apenas memórias felizes para mim. Especialmente depois
da mamãe.” Fico sem fôlego quando Ingram aperta minhas mãos
repentinamente frias em suas calorosas.

“Eu deveria ter vindo,” as palavras deixam meus lábios em


um sussurro.

celia aaron
CAPÍTULO 5

INGRAM

Ela poderia ter dito que se juntou ao circuito de rodeio,


como um palhaço e eu ficaria menos surpreso. Pensei que Molly
estivesse na faculdade tendo o momento de sua vida e deixando
seu velho sofrer. Mas, tendo em conta o quão teimoso ele era,
deveria ter adivinhado que ele a fez ficar longe. Sempre que lhe
perguntei sobre isso, ele me disse para cuidar da minha maldita
vida e me bateu com a bengala.

“Merda.” É a única palavra que eu poderia formar,


especialmente tendo em conta o coquetel de uísque e analgésicos
que gira no meu estômago.

Molly balança a cabeça, uma lágrima deslizando sobre seus


cílios inferiores. “Eu deveria ir para a cama.” Empurrando a
cadeira para trás e puxando suas mãos da minha, ela se levanta.
“Você precisa descansar. Vou verificar seu joelho pela manhã.”

“Espere, Molly—”

“Apenas grite se você precisar de alguma coisa.” Seu olhar


viaja para todos os lugares, menos para o meu rosto. “O fogo deve
mantê-lo aquecido, e eu posso pegar um cobertor extra apenas
no caso.”

“Molly.” Suavizo a voz, usando o mesmo tom que eu faria


com um potro arisco. “Por favor sente-se. Só por um instante.”

Ela limpa a garganta. “Por quê? Então, você pode jogar o


papai no meu rosto um pouco mais?” As palavras deveriam ter
sido transmitidas com raiva, mas em vez disso, uma tristeza
ressoa em sua voz.

celia aaron
Porra, sou um idiota ainda maior do que pensei. Estendo a
mão para ela. “Por favor?”

Molly olha para a minha mão como se fosse uma cobra


venenosa.

“Parei de ser um idiota...” sorrio. “Bem, sobre este tema, de


qualquer maneira.”

Essa última pequena adição causa uma fenda em sua


fachada, a leve sugestão de uma contração em seus lábios
dizendo que minha pequena tentativa de charme está
funcionando.

“E, ei, se isso te faz sentir melhor, deixarei você bater meu
joelho?” Aponto para ele e dou-lhe o que espero seja um sorriso
cativante.

Ela olha para as escadas, hesitando no modo como suas


mãos entrelaçam a sua frente. Finalmente, depois de alguns
momentos tensos, Molly encontra meu olhar e retoma seu lugar
na cadeira. “Posso cobrá-lo sobre isso mais tarde.”

“Não irei culpá-la, nem mesmo um pouco.” Deito-me no


sofá, dando-lhe algum espaço.

Ela coloca seus pés ao lado dela e puxa o xale mais


apertado em volta dos ombros. Uma posição defensiva. Uma em
que eu a coloquei.

“O que você estudou na faculdade?” Tenho que começar de


algum lugar.

Ela levanta uma sobrancelha. “Teatro, principalmente.”

“Isso é... hum. Interessante?”

Um riso sai, mas ela não encontra meu olhar. “Você pode
dizer que foi um desperdício de tempo. Não ficarei brava.”

celia aaron
“Nem um pouco.” Mal consegui fazer o ensino médio, então
eu não tenho nenhuma grande experiência. “Parece que isso foi
divertido? Você estrelou algumas peças ou algo assim?”

“Não é bem assim. Eu era mais uma pintora de cenários,


fazia figurinos e trabalhava nos bastidores. Às vezes, eu atuava
em um papel de fundo. Como uma das criaturas do mar em
Piratas de Penzance ou uma Montague aleatória em Romeu e
Julieta.”

“Isso é um desperdício.” Eu disse o óbvio. “Você deveria


estar na frente e no centro.”

Molly ri. “Sou muito desajeitada, e quando os holofotes


brilham em mim, eu esqueço como falar. Então, não, fiquei mais
feliz quando fazia a mágica acontecer com o guarda-roupa e
adereços, não quando eu também estava executando os feitiços.”

“Ainda uma vergonha. Uma menina bonita como você.”

Ela inclina a cabeça para o lado. “Eu posso ter tido um


lapso momentâneo de consciência, mas posso jurar que você
acabou de me elogiar.”

Agora eu sou o único olhando para a árvore de natal ou


para o teto em vez de olhá-la. Sempre a achei uma garota bonita.
Mas desde que Molly voltou para o rancho, uma mulher adulta,
tenho muitos pensamentos não tão inocentes sobre ela. Eles
parecem se multiplicar a cada vez que ela me irrita. Mas me
recuso a deixar-me pensar nela dessa maneira, especialmente
quando eu estava sob a impressão de que ela abandonou seu pai
quando ele mais precisou. Mas eu estava errado. Não pela
primeira vez.

“Não deixe isso subir à cabeça,” Adiciono.

“Vou tentar não fazer isso.” Posso ouvir o sorriso em sua


voz, e ele me aquece quase tanto como o uísque.

“O rancho parece bem.”

celia aaron
“Obrigada. Nós passamos uma nova camada de tinta sobre
a casa, renovamos os quebra-ventos, e Julia está tentando
montar as cercas, pelo menos a cada dois dias. Mas ela
machucou a perna na semana passada. Parece ser uma coisa
comum por aqui.”

“Julia caiu de um cavalo, também?”

Molly bufa. “Se tiver caído, ela nunca admitirá isso. Nós
estávamos trabalhando no celeiro, espalhando feno. Ela foi até o
sótão. Voltou e pulou os últimos degraus.” Molly parece
estremecer com a lembrança. “Não foi bonito.”

“Espero que Julia fique bem.”

“Ficará sim. Só preciso que ela fique de repouso tanto


quanto possível. Sem ela, eu não seria capaz de administrar o
rancho. Há muita coisa, e tantas coisas que papai nunca me
disse.” A preocupação aparece na sua voz, o tipo que a manteve
acordada à noite.

“Olha, se você precisar de alguma coisa, tiver alguma


dúvida, basta perguntar-me. Seu pai não te ensinou, mas posso
lhe garantir que ele me ensinou. Seu pai me deixou exausto nos
primeiros anos por aqui.”

“Eu me lembro.” Ela ri. “Você aparecia para o jantar


coberto de sujeira, lavava as mãos, abaixava a cabeça para orar,
então comia cada última coisa no seu prato. Nem sequer dizia
uma palavra até que seu estômago estivesse cheio, e mesmo
assim era somente uma série de respostas sim ou não para o
papai.”

“Sou um homem simples.” Dou de ombros e meus olhos se


fecham.

“Não acho que isso seja verdade. Nem um pouco.” Molly me


cobre novamente, prendendo o cobertor ao longo dos meus lados
quentes e deixando-o solto sobre meu joelho frio.

celia aaron
“Molly,” Abro os olhos, pegando uma visão próxima de seu
rosto doce quando ela se inclina sobre mim.

“Sim?” Ela encontra meu olhar, e apesar dos remédios, o


álcool e a dor, eu a quero. Mais do que jamais quis alguém na
minha vida. Um sentimento como esse é muito grande para que
eu processe, maior do que o céu à noite ou a grande extensão de
terra deste lado das montanhas rochosas.

Ela paira sobre mim, os lábios entreabertos, sua camisa


com botão aberta abre um pouco no topo, me dando uma visão
do sutiã branco abaixo. Minhas mãos coçam para agarrá-la e
puxá-la para baixo, para mim, para ver se realmente tem o leve
toque de morangos que aromatizam o ar quando ela está por
perto. Luto para ficar parado quando Molly olha para os meus
lábios, seus cílios piscando.

Limpo a garganta. “Não se preocupe com os ladrões. Vou


lidar com eles.”

“Oh.” Ela recua e fica em pé, o momento se foi como o


estalo de um elástico. “Podemos discutir isso amanhã. O
meteorologista disse que teremos um degelo ao meio-dia antes
que tenhamos que nos proteger novamente para mais neve nos
próximos dias. Talvez possamos fazer uma viagem para ver os
Pipers.”

Isso não é uma boa ideia, não mesmo. Não a quero em


qualquer lugar perto daquele ninho de víboras, mas minhas
pálpebras pesam mais do que meu touro premiado, e não tenho
energia para discutir.

“Boa noite, Ingram.” Sua voz sedosa me empurra para um


sono pesado, um cheio de sonhos com ela em um campo de
morangos.

celia aaron
Bacon. Abro meus olhos, a sala ainda está escura, mas não
poderia perder o aroma delicioso de bacon no ar e o chiado de
uma panela. Um olhar para a janela me diz que o sol está a cerca
de quinze minutos de espreitar sobre a borda das montanhas
distantes.

“Como você gosta dos seus ovos?” Molly pergunta da


cozinha.

“Três mal passados.” Sento-me e inspeciono meu joelho.


Dói com um maçante latejar constante que combina com o meu
batimento cardíaco.

O gelo já derreteu, então coloquei o saco na mesa de centro


no meio da noite. Desenrolando a atadura, encontro um
hematoma roxo e profundo na parte superior do meu joelho e
pelos lados. Cutuco suavemente, em busca de algum sinal de
quão ruim está. Mas a dor parece estar distribuída
uniformemente, nada cedendo sob meu toque. O curativo ainda
está limpo, o corte está fechado sob a gaze branca.

Satisfeito que eu não tinha feito nenhum dano


permanente, giro minhas pernas para o lado do sofá e fico de pé,
minha perna direita tomando o meu peso. O sangue corre para o
meu joelho e o baixo pulsar se transforma em uma sensação de
esfaqueamento aguda.

Tomo um fôlego, depois outro, até que a dor diminui e sou


capaz de puxar minha calça jeans e mancar até o telefone sobre
uma mesa lateral. Não há torres de celular nestas partes, isso
significa que tínhamos que fazer tudo da maneira antiga; isso ou
usar um telefone via satélite. Ligo e espero um pouco até Zane
atender.

“Como estão as coisas por aí?”

“Está tudo bem. O gado está bem e aquecido. Eu trouxe


Earl para minha casa. Ele roncou na frente do fogo a noite toda.”

celia aaron
“Melhor do que em sua cama.” Sorrio. Meu cão ronca mais
alto do que a maioria dos humanos.

“Como está a perna?”

“Melhor.”

“Como está Molly?” Seu tom contém muita malícia para o


meu gosto.

“O que você quer dizer com isso?”

Ele limpa a garganta. “Só perguntando, chefe. Sem querer


ofender.”

“Ela está bem. Olha, tenho alguns negócios para tratar,


mas voltarei mais tarde. Apenas aguente firme, tudo bem?”

“Entendo. Falo com você mais tarde.”

Desligo e continuo pelo corredor até o banheiro. Molly


cantarola na cozinha, o som alto e doce. Depois de limpar um
pouco — não tinha percebido a quantidade de sujeira que tinha
no meu rosto da queda — eu pulo pelo corredor até a cozinha.

As costas de Molly estão viradas, a calça jeans abraça sua


bunda redonda enquanto ela pega o bacon de uma frigideira e
vira os ovos com facilidade. Sento na cadeira mais próxima e faço
o meu melhor para não gemer de alívio.

Ela lança um olhar por cima do ombro. “Eu teria levado


para você.”

“Precisava me levantar.” Alongo meu corpo. “Esse sofá


velho viu dias melhores.”

“Como está o joelho?” Ela coloca o bacon e duas canecas


de café na mesa antes de colocar os ovos e sentar-se na minha
frente.

“Dolorido, mas vou viver.” Olho pela janela atrás dela, a


paisagem brilhando a cada minuto que passa enquanto o sol se

celia aaron
eleva. A neve cobriu cada pedaço de terra, e as montanhas ao
longe parecem talvez um pouco mais branca do que o habitual. O
termômetro não subiria acima de zero até o meio-dia, muito
provavelmente. Então a neve derreteria um pouco, as estradas
descongelando o suficiente para que Molly me leve de volta para
casa.

“Creme ou açúcar?” Ela toma um gole de café preto.

Bufo e dou um grande gole da minha xícara, a leve picada


é o que eu preciso para passar o dia.

“Tudo bem, então.” Molly empilha alguns ovos em um


pedaço de torrada.

“Obrigado pela comida.” Começo a comer, feliz por ter um


café da manhã quente feito por outra pessoa.

“Sem problemas. Fica meio solitário aqui. Julia fica em sua


cabana, ela preza por autonomia, gosta de ter um lugar próprio.
E não recebo visitantes. Você provavelmente é a primeira pessoa,
além de Julia, que esteve na casa desde que voltei.”

A solidão é uma doença comum por estas bandas. Grandes


fazendas se espalham por quilômetros e poucos membros da
família para cuidar delas. A nova geração não está interessada
em criar gado, optando, em vez disso, por carreiras universitárias
e empregos longe do campo. Não posso culpá-los. Se eu tivesse
sido capaz de fazer qualquer outra coisa, provavelmente teria.
Mas meu pai me fez prometer administrar seu rancho, mantê-lo
na família e permanecer fiel às minhas raízes. Mantive minha
promessa, embora às vezes pensamentos do que poderia ter sido
me mantiveram acordado durante a noite. Não quero isso para
Molly. Então, novamente, ela parece ter se adaptado a vida no
rancho muito mais fácil do que eu.

“Ei, o que se passa nessa cabecinha?” Ela estende o braço


sobre a mesa e descansa a mão no meu pulso.

celia aaron
“Desculpe.” Encontro o seu olhar. “Apenas pensando em
quando comecei a administrar o meu rancho. Quão semelhantes
essas coisas foram para mim. Meu pai morreu e eu era o único
que poderia manter isso vivo.”

Ela aperta meu pulso antes de retornar ao seu café da


manhã. “Também penso sobre isso às vezes. Você começou a
administrar seu rancho quando você tinha o quê, vinte?”

“Vinte e dois.” Muito jovem.

“Certo. Eu nunca teria pensado que estaria fazendo isso,


você entende?”

“Você se arrepende de ter voltado?”

Ela balança a cabeça. “Nem um pouco.”

A certeza em seu tom me impressiona. Esta é uma vida


dura, mas Molly parece tê-la escolhido de braços abertos.

Nós terminamos nosso café da manhã em um silêncio


confortável, o sol atingindo a paisagem em uma explosão de luz
branca cintilante.

Molly pega nossos pratos vazios e coloca na pia.

“Vou lavar.” Saio da mesa.

“Não. Descanse sua perna.” Ela limpa o velho fogão branco.

“Sem chance. Se você cozinha, você pode ter a maldita


certeza de que eu vou limpar. É justo.” Manco até a pia e começo
a trabalhar enquanto tento ignorar seu queixo caído.

Posso ser um cowboy rude, mas nunca a trataria como


nada menos que uma dama.

celia aaron
CAPÍTULO 6

MOLLY

Ingram está na janela, suas costas largas bloqueando a


visão do inverno encantado para além dos painéis. “Julia já saiu
para trabalhar. Parece que ela irá para os quebra-ventos.”

“É por isso que eu pago ela.” Puxo a primeira bota, depois a


outra.

“Aonde você vai?” Ele senta na cadeira lateral e coloca o pé


em cima da mesa de centro.

“Preciso pegar mais um pouco de lenha do galpão, para


começar, depois vou ao celeiro colocar mais feno quando
necessário, encher os bebedouros, e verificar tudo.”

Ele coloca a perna direita para baixo como se fosse levantar


de novo.

“Nem sequer pense nisso. Apenas descanse. Estou


administrando este rancho tempo suficiente para saber como
fazer tudo isso sozinha. Para não mencionar que Julia é uma
grande ajuda. Então, fique aí.”

“Posso pegar a lenha.” Sua voz rouca eriça com orgulho.

Com o chapéu na minha cabeça, abro a porta e atiro-lhe o


que espero que seja um olhar duro. “Mantenha seu belo traseiro
sentado até eu voltar.” Acabei de dizer que ele tem um belo
traseiro?

Aparentemente, sim, porque Ingram não tem uma


resposta, apenas um olhar surpreso ridiculamente adorável que

celia aaron
se transforma em um sorriso quente no rosto angular quando
fecho a porta e piso na neve na varanda.

Minha respiração condensada aparece na minha frente


quando o ar gelado bate no meu rosto. A neve está ofuscante, as
nuvens limpas no momento, o sol cai sobre a paisagem branca e
nítida. O celeiro parece algo saído de um cartão postal, o telhado
coberto por um manto de flocos macios. Mas eu não paro para
tirar uma fotografia. Estou mais preocupada com o telhado
caindo no abrigo dos animais que tínhamos deixado na neve sem
proteção além de alguns quebra-ventos.

Faço um trabalho rápido de levar lenha e faço uma


pequena pilha ao lado da porta da frente para recolher mais
tarde. Depois de uma difícil caminhada para o celeiro, abro a
porta, empurrando-a de volta para revelar os melhores animais
do rancho. As vacas mugem e alguns cavalos relincham em
saudação. Um raio de luz do sol brilha pela porta no extremo
oposto do celeiro. Estranho. Julia não teria deixado uma
abertura na porta do celeiro em uma noite tão fria. Trabalho no
celeiro, colocando a alimentação, adicionando água para os
bebedouros, certificando-me de que os animais não estavam
sofrendo nas baias estreitas. Julia e eu teríamos que limpar os
estábulos mais tarde. Quero tudo limpo e pronto para a próxima
tempestade de neve. A primeira foi apenas um tapinha de amor, e
o estranho e caloroso espetáculo esperado nesta tarde só
estimularia a atmosfera para a neve mais pesada. A próxima
cobertura de neve duraria semanas, especialmente com a
temperatura mergulhando nos dígitos negativos.

Quando chego à parte de trás do celeiro, quatro baias estão


vazias, incluindo a baia grande reservada para o meu touro,
Bruiser de Nelly. Fico de pé, a incredulidade e a ira guerreando
dentro de mim, e olho as baias vazias. Não havia absolutamente
nenhuma maneira de que os animais poderiam ter saído por
conta própria. Viro-me para a porta de trás do celeiro e abro o
resto. Não há rastros, só neve, tanto quanto eu posso ver.

celia aaron
Mas há uma coisa errada. A cerca que tem em torno de 46
metros atrás do celeiro tem uma ruptura. Grande o suficiente
para deixar o gado passar. Mas não há trilhas. Então, quem quer
que tenha feito isso — e eu sei que foram os Pipers — tinha
aproveitado a tempestade e invadido o celeiro, provavelmente
quando a neve começou a cair.

Tiro minhas luvas, junto-as e as jogo no chão. “Foda-se!”


Grito no topo dos meus pulmões para a paisagem de neve vazia.
Sem esses animais, esta fazenda está praticamente acabada. Não
havia como conseguir outro touro da mesma qualidade que o
Bruiser de Nelly.

O rádio do meu lado apita, e a voz de Julia estala. “Chefe,


temos um problema.”

“Não merda. O que está acontecendo aí?” Eu diria a ela


sobre o celeiro, mas ela receberia o impacto assim como eu, e eu
ainda estou tentando processar isso. Julia ama esse rancho,
tanto quanto eu.

“Os quebra-ventos. Alguém veio aqui e incendiou vários


deles. O resto foi picado em pedaços nos suportes e jogados.”

Engulo meu medo, e pergunto o que precisa ser


perguntado. “O gado?”

“Eles estão vivos. Sua ideia de alimentá-los tarde manteve


a temperatura do corpo elevada, assim eles não sofreram com as
temperaturas na noite passada. Mas eles não passarão por outra
nevasca sem os quebra-ventos.”

“Talvez possamos reconstruir alguns deles. Temos dois dias


antes da tempestade de neve.”

O rádio fica em silêncio por muito tempo, Julia sabe a


resposta tão bem quanto eu. “Chefe, não temos tempo para isso,
ou a mão de obra para isso, e suspeito que não temos o dinheiro
também.”

celia aaron
Julia está certa em todos os aspectos. Gostaria que eu
pudesse recorrer ao papai e perguntar-lhe o que fazer. Ele
saberia. Ele encontraria uma solução num instante. Mas o papai
não está aqui, e não sei o que fazer.

“Nós, ah, também temos problemas no celeiro. Mas direi


quando você voltar. Não há nada que você possa fazer lá agora. O
tempo está aquecendo, então o estoque estará bem por enquanto.
Dirija-se para casa.”

“E o celeiro?” A nota afiada de alarme em sua voz me corta


até o osso.

“Apenas volte.” Desligo o rádio, não estou pronta para dar


voz ao quão ruim a situação realmente é. Termino no celeiro,
movendo-me como um zumbi quando meu cérebro faz todos os
tipos de acrobacias para tentar encontrar um remédio para a
situação. Nada surge.

Quando volto para casa, toda a lenha desapareceu da


varanda da frente.

Entro, arranco minhas botas e penduro meu casaco e


chapéu na porta.

Ingram olha para cima de seu lugar no sofá. “O que diabos


aconteceu?” Ele se concentra no meu rosto, seus olhos
arregalados de alarme.

“Oh nada. Apenas meu touro premiado se foi, várias


novilhas com ele, e alguém destruiu todos os meus quebra-ventos
durante a noite.” Sento na cadeira e embalo a cabeça em minhas
mãos.

“Fodidos Pipers,” ele rosna. Um Ingram furioso é uma visão


para contemplar, um fogo em seus olhos para combinar com
aquele que ruge em sua barriga. Mas não há nada a ser feito.

Não posso reconstruir o quebra-ventos com a promessa de


pagar com uma piscadela e um sorriso. E eu não poderia esperar

celia aaron
ter uma temporada de parto sem um touro. “Trey me disse que
queria comprar essa terra. Ele disse que conseguiria de uma
maneira ou de outra. Suponho que essa é a maneira que ele
escolheu.”

“Foda-se essa merda.” Ingram levanta-se e manca até a


porta.

“O que você está fazendo?”

“Vou até os Pipers recuperar os seus animais.” Ele pega o


chapéu do pino e pressiona-o em sua cabeça.

Ingram está certo. Não posso sentar aqui e cair em


desespero. Isso não é o que papai teria feito. Ele teria marchado
direto para os Pipers e exigido que devolvessem o que eles
roubaram. O rancho tem sido um desafio nada fácil, mas este
seria o meu primeiro teste real. Será que eu realmente pertenço
aqui? Será que tenho o aço para manter a minha casa no campo
e comandar uma operação bem sucedida? Esta é a maneira de
descobrir.

Levanto-me e caminho até o armário do corredor. “Vou com


você.”

Ingram balança a cabeça. “Estas pessoas são perigosas,


Molly. Eu prefiro que você deixe-me lidar com isso.”

“Este é o meu rancho. Não permitirei que os Pipers o


peguem, e serei amaldiçoada se deixar alguém lutar as minhas
batalhas por mim.” Pego a espingarda de dois canos de papai do
topo do armário, juntamente com uma caixa de cartuchos.

“Espere.” Ele corre pelo corredor e pega o telefone enquanto


eu me visto na porta. Ele desliga e se junta a mim.

“Quem era?”

“Verificando com Zane. Organizando algum apoio se


precisarmos.”

celia aaron
Quando encontro seus olhos, uma leve insinuação de
sorriso vira o canto de seus lábios.

De repente, autoconsciente, pergunto: “O quê?”

“Você só parece durona, é tudo. Seu pai ficaria orgulhoso.”

Calor espalha-se por mim com seu elogio, mas tento


disfarçar, abrindo a porta. “Espero que possamos chegar à
propriedade dos Pipers.”

****

A água pinga constantemente das calhas, e um grande


pedaço de neve cai do telhado do celeiro com um assobio e um
barulho. O sol está fazendo seu trabalho, derretendo a neve à
medida que a temperatura aquece.

Julia aparece, caminhando em nossa direção em botas de


neve e fazendo em um bom tempo, apesar de sua lesão na perna.
“Onde você está indo?” Ela pergunta à distância.

“Indo ver um homem sobre algumas cabeças de gado.”


Seguro a arma perto da minha perna e espero que ela não
perceba isso. “Nós estaremos de volta em breve. Mantenha um
olho nas coisas para mim.”

“Como diabos eu vou!” Ela pega o ritmo, o coxear ficando


mais pronunciado a cada passo.

“Ingram e eu temos isso sob controle. Preciso que você


fique aqui e certifique-se de que nada mais aconteça.” Descemos
os degraus e encontro-a enquanto ela xinga em seu caminho
para nós.

Seus olhos se estreitam. “O que aconteceu no celeiro?”

celia aaron
“Alguém veio no meio da noite. Pegou o touro e algumas
novilhas.”

“Não.” Ela balança a cabeça, seus olhos duros com a


negação. “Não. Eu teria ouvido. Teria feito alguma coisa.”

“Você tomou um analgésico para o joelho na hora de


dormir?” Mantenho o meu tom mais suave possível.

Seu rosto empalidece, a pele bronzeada quase translúcida


na luz do dia. “Meu Deus. Isso é tudo minha culpa.”

“Não, não é,” Ingram diz antes que eu possa, e coloca uma
mão no ombro dela. “Foram os Pipers. Eles estão atrás do
rancho.”

“Mas eu deveria estar observando. É o meu trabalho


manter este rancho.” Ela vira-se para mim, lágrimas
transbordando em seus olhos. “Sinto muito, Molly.”

Encosto a espingarda contra Ingram, e ele a pega


silenciosamente, em seguida, puxo Julia em meus braços. “Não
se desculpe. Estamos nisso juntas. Eu não poderia ter chegado
tão longe sem você. Não é sua culpa. E eu sei como você é, e que
você vai culpar-se sobre isso. Mas prometo que eu não a culpo e
não é culpa sua.” Aperto-a para dar ênfase. Embora nunca
admita isso em voz alta, principalmente porque eu não quero
deixa-la desconfortável, Julia é a coisa mais próxima que eu
tenho de uma mãe desde que minha própria mãe morreu. Ela é o
coração batendo neste rancho. Ingram parece entender isso
também, porque ele dá um tapinha nas costas e tranquiliza Julia
junto comigo.

Ela funga e recua, a sua força em exibição após as


lágrimas momentâneas. “O que posso fazer para ajudar?”

celia aaron
CAPÍTULO 7

INGRAM

Molly dirige com cuidado pela estrada que leva a sua


propriedade. As estradas tinham derretido mais rápido que a
vegetação rasteira, mas ainda estava acontecendo devagar.

Ela morde o lábio, seu cérebro claramente trabalhando em


uma alta velocidade. “Quando chegarmos lá, eu quero entrar e
convencê-los a entregar o meu gado. Não transformar isso em
uma briga que não precisamos.”

“Então, para que é a espingarda?”

A sugestão de um sorriso cruza seus lábios. “Espero que


seja mais para mostrar, para eles entenderem que estou falando
sério. Espero não precisar usá-la.”

“Mas se você precisar?”

“Se eles tentarem ferir qualquer um de nós, eu não


hesitarei.”

Balanço a cabeça. Os Pipers eram um bando sem lei, e eu


estava certo de que não tinham a intenção de entregar o gado
para Molly sem brigar. Olho para ela de relance, seu cabelo
vermelho solto debaixo de seu chapéu em ondas de fogo. Embora
eu nunca gostei de brigas – levar um soco no rosto dói como o
inferno – eu sabia que não teria qualquer dificuldade ao brigar
por ela.

Só de estar perto dela durante o dia me fez repensar os


meus planos para um futuro solitário no Brady Ranch. Eu
conheci muitas mulheres ao longo dos anos, mas nunca uma que

celia aaron
me surpreendeu tanto quanto Molly. Ela tinha me tratado bem,
mesmo que eu a tivesse insultado na primeira chance que tive.
Cuidou do meu joelho, cuidou do meu cavalo, e conseguiu virar
minha cabeça ao mesmo tempo. Tudo o que eu pensava sobre ela
estava errado. E eu não poderia ter ficado mais feliz sobre isso.

O que Molly não sabia é que tinha um problema ainda


maior em suas mãos do que os Pipers. Eu. Quando decido que
quero algo, vou com tudo até conseguir isso. Eu trabalharia
mais, seria mais inteligente, e faria o que fosse preciso. Enquanto
seguimos pela estrada coberta de gelo em direção a casa dos
Pipers, meu coração derrete junto com a estrada.

Ela se vira para mim. “Por que você tem esse olhar no seu
rosto?”

“Que olhar?”

Ela encolhe os ombros. “Eu não sei. Com um sorriso de


bobo?”

Forço meu rosto em sua forma habitual. “Não sei do que


está falando.”

Suas sobrancelhas levantam, e ela se vira para a estrada.


“Se você diz.”

“Prefiro que você me deixe ir primeiro e ter uma conversa


com Trey.”

A linha dura em seus lábios me disse que isso não ia


acontecer.

“É meu rancho.” Ela freia ao fazer uma curva, os pneus


traseiros deslizam pelo gelo antes de aderir ao asfalto embaixo.
“Se não posso defendê-lo, então não o mereço.”

Sua impertinência estava totalmente garantida neste caso,


e meu respeito por ela cresceu ainda mais. Mas eu tinha que
mantê-la segura. Entrar em um vespeiro com uma espingarda
não parece ser a melhor maneira de fazer isso.

celia aaron
Acalmo minha voz. “Escute, eu conheço Trey há muito
tempo. Dê-me uma chance de falar com ele. Talvez resolver isso
sem precisar usar armas.”

“Posso muito bem falar com eles.”

Sorrio quando ela assustou um cervo pastando através da


neve perto da estrada. “Você é como uma banana de dinamite
esperando para explodir.”

“E você é tão sangue-frio?” Ela responde.

Na verdade, eu era, não apenas onde ela estava


preocupada. Molly parecia ter um talento especial para me
provocar – e em mais de uma maneira.

“Posso lidar com os Pipers.” Estendo a mão e cubro uma


das suas no volante.

Ela me lança um olhar confuso, mas seu rosto começa a


ficar rosado para combinar com o lenço rosa que foi enfiado em
seu bolso. “O que você está fazendo?”

“Tentando fazer você confiar em mim.” Arrasto meus dedos


ao longo do braço de sua jaqueta e a pele nua de sua garganta.
“Você confia?”

Ela engole em seco. “Sim.”

“Bom. Devemos ser capazes de passar por isso muito bem,


nesse caso.” Solto-a quando ela nos leva em direção ao pequeno
cume e depois desce em direção ao rancho Piper.

“Eles estão comprando muitas propriedades aqui. Talvez


seja por isso.” Ela balança a cabeça ligeiramente. “Talvez eles
estiveram incentivando seus vizinhos a saírem do negócio. Tem
que ser isso. Quem entrou no celeiro na noite passada e destruiu
nossos quebra-ventos, veio com um plano e homens suficientes
para fazer isso.”

celia aaron
Eu tinha pensado nisso. “Eles têm abundância de mão de
obra. O que vamos fazer sobre os seus quebra-ventos?”

“Nós?” A nota de esperança na voz dela apertou meu


coração.

“Sim. Nós.” A conheci durante anos, e me indignei com ela


um pouco demais. Mas agora estávamos na mesma equipe. Não
deixarei seu rancho falhar. Não quando eu pudesse fazer algo
para ajudar.

“Bem, eu estava pensando que temos alguns fardos de feno


no celeiro mais distante. Mas não o suficiente, não o suficiente
para substituir os que perdemos. E então pensei que nós
poderíamos coloca-los ao lado do celeiro, deixar que sirvam como
um quebra-vento e dispersar os fardos de feno em torno disso da
melhor maneira possível. O problema com isso é que a área não
tem uma cerca que os mantivessem no lugar, não está
organizado para apoia-los, não está organizado para qualquer
coisa na verdade.”

“E o meu rancho?”

Ela pisa no freio e deslizamos para frente, a caminhonete


parando torta, bloqueando as duas pistas, embora não houvesse
mais ninguém na estrada com este tempo. “Seu rancho?”

“Claro.” Tentei manter minha voz tão indiferente quanto


possível. “Nós poderíamos reuni-los amanhã. Deixá-los bem
arrumados antes da tempestade-”

“Nem 24 horas atrás você me disse que não pertencia ao


meu rancho, e eu não pertencia ao seu. O que deu em você?”

“É diferente agora. Tudo isso. Eu tive a ideia errada -”

“Sobre Papai.”

“Sim, sobre isso. Eu não vi isso claramente. Eu deveria


saber que ele lhe disse para não vir. Mas acho que eu estava
assim, não sei a palavra para isso...” queria dizer a ela como me

celia aaron
senti ao perdê-lo, vê-lo desaparecer mais e mais a cada dia. Mas
eu não podia suportar machucá-la, de novo não. “Despreparado
para isso quando o fim finalmente chegou. Era demais. Eu já era
um idiota insuportável antes que-” um pequeno sorriso cruza
seus lábios, isso, então me aproximo dela. “E quando seu pai
morreu, fiquei duplamente insuportável. E esse é o homem que
você viu quando voltou. Pensei que estivesse fora aproveitando a
vida enquanto eu fiquei aqui sozinho para lidar com ele.”

O sorriso desapareceu e seus olhos lacrimejaram.

“Não.” Seguro seu rosto em minhas mãos e me aproximo


mais no banco para me sentar ao lado dela. “Não quero mais
lágrimas suas. Não por minha causa.”

“Mas você estava certo. Eu deveria ter ficado aqui.” A


angústia nela me rasga em pedaços. “Fui uma filha horrível-”

“Eu estava errado, Molly. Errado sobre tudo isso.”

Ela abre a boca para protestar, mas eu não podia suportar


ouvi-la repreender-se por mais tempo. Pressiono minha boca na
dela, roubando sua respiração enquanto a provo, um sabor
delicado que ateia fogo em minhas veias. Ela congela por um
momento, então me beija de volta, sua boca movendo-se contra a
minha enquanto inclino a cabeça para o lado e passo minha
língua na junção dos seus lábios. As abas dos nossos Stetsons
entram em conflito, e eu empurro o meu para cima tirando do
caminho.

Suas mãos agarraram meus lados, e me inclino para


frente, fixando-a ao assento enquanto eu invisto novamente,
passando minha língua pelos seus lábios. Ela abre para mim com
um gemido, e acaricio sua língua com a minha. Levo uma mão
atrás do seu pescoço, colocando-a ali enquanto uso a outra para
agarrar sua cintura.

Ela dá a menor lamúria – o som mais sexy registrado na


história – quando inclino a minha boca sobre a dela. Nada jamais
foi tão delicioso. Seu gosto tomou conta de mim, o menor indício

celia aaron
de morango misturado com café. Molly aperta mais forte em
minhas laterais, seus seios pressionando contra o meu peito. Eu
os queria em minhas mãos, em minha boca. Naquele momento,
eu queria tudo que pensei que nunca teria – uma mulher que eu
amasse, e apenas talvez, que me amasse também. Tudo isso em
um único beijo que queimou através do meu coração endurecido
e o estimulou a bater novamente.

A caminhonete começa a se mover, e preciso interromper o


beijo e pará-la antes de sairmos fora da estrada e acabar a nossa
missão de vingança em um monte de neve.

Molly olha para mim com os olhos vidrados, então pisca


algumas vezes. “Ah merda. Eu tirei meu pé do freio.”

“Esqueceu onde estava?” Sorrio. “Estou feliz por ter esse


tipo de efeito em você.”

Ela suspira, mas não nega, o que faz meu ego – e outras
partes – incharem um pouco.

“Eu só, hum,” Ela olha para mim. “Eu não esperava isso.”

Chego mais perto, desesperado por mais uma prova do seu


sabor.

Seu pulso acelera, a veia em sua garganta vibra


descontroladamente.

Avanço para outro beijo quando uma buzina toca alto o


suficiente para fazer meus ouvidos zunirem.

celia aaron
CAPÍTULO 8

MOLLY

“Jesus!”

Engato a marcha na caminhonete e dirijo para a pista


correta quando um jipe passa por nós, o motorista mostrando-
nos o dedo do meio. Meu coração estava galopando, mas não
tanto da buzina do outro carro, e sim pelos lábios de Ingram nos
meus. Estrelas brilharam na minha visão, e eu tinha me
permitido aquele momento em seus braços.

Eu tinha ficado acordada ontem à noite pensando como


seria ele encostado em mim assim? Sim. Eu tinha pensado que
nunca realmente aconteceria? De jeito nenhum.

“É melhor irmos.” Ele não se moveu do meu lado, seu calor


envolvendo-me enquanto sigo o longo caminho para a casa dos
Pipers. “As estradas limpam rapidamente, mas quando a noite
cai, ela vai congelar novamente. E nós temos um monte de
trabalho para fazer no rancho.”

Ele continua dizendo ‘nós’, e a cada vez eu sorrio.

“Agora quem tem o sorriso bobo?” Ele joga o braço sobre


meus ombros.

Eu não tinha certeza se tinha caído em algum devaneio


com Ingram Brady – da qualidade impertinente – ou se tínhamos
quase transado no meio da estrada após uma tempestade de
neve. Ele me deixou nervosa, olhando para todos os lados para
tentar descobrir o que estava acontecendo entre nós. Eu estava
atraída por ele, desde que eu tinha voltado, mas não sabia que o
sentimento era mútuo. A tensão sexual? Claro. Mas aquele beijo

celia aaron
não era apenas sobre ele tentar entrar em minha calça. Eu podia
sentir isso em todo o meu corpo, arrepios escaldantes da cabeça
aos pés. Ingram estava atrás de mais. Muito mais. E não sabia se
eu estava pronta para isso.

Limpo a garganta. “Você está ficando muito fresco, Sr.


Brady.”

“Não fresco o suficiente, Srta. Gale.” Ele empurra seu


chapéu mais firme sobre sua cabeça.

Seguro a caminhonete em uma curva, minha testa


enrugando com a concentração. “Eu não esperava isso. Não,
assim. Não…”

“Você não esperava que eu beijasse bem?”

Ingram definitivamente beijava bem. Mas não estava


prestes a lhe dar aquele pequeno pedaço de satisfação. “Não
esperava que você me beijasse.”

“Acho que você deve começar a esperar por isso.” Sua


declaração paira no ar entre nós, e minhas coxas ficam quentes.

Mudo de direção, apenas ficando na estrada porque o sol


estava acelerando o processo de fusão.

Ingram aperta meu ombro. “Você consegue. Estamos quase


lá.”

Minha mente gira, e tento conciliar esse Ingram com o


desagradável que eu tinha esperado. Mas suponho que eles não
estavam tão distantes. Na verdade não. Quando Ingram pensou
que eu maltratei papai, ele ficou na defensiva, irritado de
verdade. E ele tinha razão nisso? Não. Sempre carrego essa culpa
comigo, sempre desejo que eu tivesse vindo ver papai.

“Não quero ouvir mais sobre você ser nada menos do que
uma grande filha.”

celia aaron
Ele estava em meus pensamentos agora também? “O que
você quer dizer?”

“Eu sei quando você está pensando sobre isso. Você fica
imóvel. Isso destaca, especialmente quando você está
normalmente tão cheia de energia. Você brilha, mas você tem
uma mancha de escuridão que não pode afastar.”

“Eu deveria ter vindo.” Pensei nessa frase tantas vezes, me


martirizei com isso.

“Não.” Ele balança a cabeça resoluto. “Você não deveria. Eu


não lhe disse o pior de tudo. Nem mesmo passei perto. E eu não
vou. Porque seu pai queria que você se lembrasse dele forte,
capaz e feliz. E posso te dizer, sem sombra de dúvida, que você o
deixou orgulhoso. Ele a amava muito. Você foi corajosa por
respeitar seus desejos. Portanto, chega disso. Nem um pio. Se
você quiser se sentir culpada, posso dar-lhe outras opções. Como
daquela vez que você me encontrou na cooperativa e me acusou
de roubar o gado. Sinta-se mal sobre isso, e escolha uma
punição.”

“O quê?” Olho espantada para ele.

“Você me ouviu. Escolha uma punição.” Sua voz rouca


atinge minha pele e meus mamilos contraem quase
dolorosamente. Inclinando-se mais perto, ele sussurra, “Escolha
com sabedoria.”

Seguro o volante mais forte quando um calor curioso


domina meu corpo. Deus, suas palavras, tão claras por fora, mas
sujas por baixo. Minhas coxas flexionam, pressionando para
afastar a sensação de formigamento entre elas. Ele se afasta, mas
seus dedos acariciam meu ombro, o movimento tentando roubar
a minha atenção da estrada.

“Então, o que você pretende fazer? Apenas ir lá e falar com


eles agradavelmente?”

“Algo assim,” ele responde.

celia aaron
“Você percebe que não vai funcionar, certo?”

“Eu tenho um plano.”

“Importa-se de compartilhar?”

“Não.”

Homem insuportável. “Por que não?”

“Você não vai gostar.”

“Ótimo,” eu brinco.

O arco de madeira que dá acesso a propriedade Piper


finalmente aparece, e entro na estrada particular. A casa Piper
era a mais nova no lugar, uma grande estrutura de pedra que foi
projetada sobre as pastagens e vegetação rasteira. O caminho até
a sede está limpo e salgado2, provavelmente foi feito em algum
momento na noite anterior. Provavelmente no momento que eles
conduziram o meu gado em seu celeiro.

Entro no caminho circular na frente da casa cinzento de


pedra, as janelas largas olhando para nós.

“Seja paciente, por favor.” Ingram abre a porta e salta para


fora antes que eu pudesse ter uma palavra. Ele lança um olhar
para mim, seus olhos implorando. Eu queria entrar e resolver
isso com os idiotas dos Piper. Afinal, era o meu rancho. Mas
papai havia confiado em Ingram. Talvez eu deva também.

Merda. Libero meu aperto na maçaneta da porta e me


recosto no assento, cruzando os braços enquanto ele toca a
campainha. Depois de apenas alguns segundos, a porta se abre,
e ele desaparece dentro da monstruosidade de pedra.

2 Costuma-se jogar sal sobre a neve para derretê-la mais rápido e gerar aderência ao solo congelado.

celia aaron
CAPÍTULO 9

INGRAM

“Não esperava ver você, Ingram.” Perry Piper, o mais jovem


do grupo, sorriu quando ele me levou através do seu corredor de
entrada exagerado até um escritório nos fundos da casa. Livros
intocados cobrem as paredes, e Trey descansa atrás de uma
mesa de mogno grossa, seu rosto uma máscara de costumes
enquanto ele gesticula para uma cadeira.

“A que devo o prazer desta pequena visita?” A voz confiante


de Trey paira na sala. Seu impecável Stetson, camisa passada e
calça jeans ridiculamente limpas dava a impressão de que ele
estava estrelando uma novela sobre cowboys. Ele não conheceria
um dia de trabalho duro mesmo se isso mordesse seu traseiro
perfeitamente engomado.

“Acho que você sabe por que estou aqui.” Não aceito a
cadeira oferecida, e em vez disso, encosto na estante mais
próxima.

“Nenhum palpite. Talvez apenas uma visita para o


vizinho?”

“Devolva o gado, e não vamos ter problema.”

“Que gado?” Perry segue para ficar atrás do seu irmão mais
velho. Apenas vinte anos e ele já era um jovem desagradável com
músculos crescidos graças ao seu hábito de malhar diariamente.

“Pule essa merda. Você roubou o gado de Molly Gale na


noite passada, arruinou seus quebra-ventos, e sem dizer quantas
cabeças você roubou de nós dois antes disso.”

celia aaron
Trey altera de divertido a frio no espaço de um segundo.
“Você precisa cuidar com o que diz. Acusações como essa
poderiam causar algum desconforto.”

“Espero um monte de desconforto se aquele gado não


reaparecer. Hoje.” Mantenho o olhar de Trey, tão frio quanto o
dele.

“Eu sugiro que você se vire e saia da porra da minha


propriedade.” Ele se levanta e aponta para a porta.

“Não sem aqueles animais.” Afasto-me da estante e


endireito minha postura nivelando com a dele, pronto para brigar
se for necessário. Não havia nenhuma dúvida em minha mente
que eles iriam negar todas as minhas acusações, me ameaçar e
me chutar para fora de sua propriedade. Mas o que eles não
perceberam foi que, enquanto eles estavam focados em mim,
Zane estaria passando por seu gado, separando o que pertencia a
mim e Molly, e pastoreando-os para a fazenda do Len ao lado. Eu
tinha falado com Len mais cedo naquela manhã e combinado
tudo; ele estava tão cansado de ser pressionado pelos Pipers
como todos os outros.

Trey faz uma careta. “Perry, escolte o nosso amigo para


fora.”

O merdinha estala os dedos e dá a volta na mesa vindo na


minha direção.

“Não vou sair.” Mantenho minha posição firme, mas estou


pronto para reagir.

“Sim, você vai, filho da puta.” Perry ergue seu punho e


aponta para mim. Muito devagar.

Eu abaixo. “Você não quer fazer isso.”

“Com certeza quero.” Ele avança, balançando


descontroladamente – muito músculo, mas pouca esperteza.

celia aaron
Deixo seu punho voar, então, respondo com um soco forte
em sua mandíbula. Meus dedos formigam com o impacto, mas
ele fica mais machucado, um som sufocado sai de sua garganta
enquanto ele cambaleia para o lado.

“Perry, reaja!” O grito de Trey parece revigorar Perry,


porque ele avança para mim de novo, jogando um soco que
acerta meu nariz.

Porra, isso dói. Bloqueio seu próximo soco, em seguida,


acerto outro na sua bochecha, meus dedos direitos queimam
quando o som oco do soco reverbera pela sala. Mas só o irritei, a
raiva aumenta assumindo o controle quando ele avança
novamente e nós caímos no chão de madeira, ele me jogando de
costas.

Tento atingir sua cabeça várias vezes, mas ele tinha me


prendido e começou a golpear em cima de mim. Minhas mãos
subiram, instintivamente me protegendo. O gosto de sangue fluiu
através de minha língua, meu lábio se partiu e meu nariz
quebrou. Eu levei soco após soco até que meus braços ficaram
dormentes. Minha defesa foi desaparecendo, e muito em breve ele
estaria golpeando livremente o meu rosto.

“Sai de cima dele!” A voz de Molly irrompe na sala. Ela está


na porta, sua espingarda apontada para o rosto de Perry.

celia aaron
C A P Í T U L O 10

MOLLY

Minhas mãos tremem enquanto eu aponto para a cara


estúpida de Perry. Ele se inclina para trás, e Ingram deixa cair os
braços, o rosto já inchaço da punição que ele tinha acabado de
resistir.

“Este era o seu plano?” Não consegui esconder o pânico em


minha voz.

“Largue isso, Molly.” Trey aproxima de mim.

Aponto a arma para ele. “Sem chance.”

Trey ergue as mãos. “Não sei sobre o que é tudo isso, mas
estou certo de que podemos conversar.”

“Sobre o que é tudo isso?” Levanto a arma para que eu


possa prendê-la em uma das mãos enquanto enfio a outra no
bolso. “Isso.” Jogo o isqueiro para ele. “Ingram encontrou isso em
uma parte rompida da cerca entre nossas propriedades. Você
esteve roubando nossos animais. E você destruiu meus quebra-
ventos na noite passada!”

Ele pega o isqueiro e analisa-o. “Isso é meu.”

“Não me diga.” Ergo a espingarda de volta, apoiando firme


contra o meu ombro.

“Perdi algumas semanas atrás.” Ele aproxima de seu rosto


e examina as iniciais. “Minha mãe me deu isso alguns anos atrás,
apenas alguns meses antes de morrer. O carrego em todos os
lugares comigo. Fiquei chateado em perdê-lo.”

celia aaron
“O quê?” Ingram senta e empurra Perry de cima dele. “Isso
é um monte de besteira.”

“Não, é verdade.” Perry se levanta. “Nós viramos este lugar


do avesso tentando encontrá-lo.”

“Então, o que você está dizendo?” Ingram se levanta e


caminha mancando para o meu lado, seu calor me dá a força
para manter a arma apontada para Trey.

“Eu estou dizendo que quem roubou isso de mim plantou


em sua propriedade para fazer parecer que nós somos os
responsáveis pelo desaparecimento do seu gado.” A nota de
verdade toca na voz confiante de Trey, e minha determinação
vacila um pouco.

Ainda não fazia sentido, embora. Se não foi Trey, então


quem foi? “Mas você esteve tentando colocar as mãos no meu
rancho desde que eu voltei para casa.”

“Claro.” Trey ainda está inspecionando o isqueiro. “Eu


quero o seu rancho. Não vou mentir sobre isso. Mas eu não
roubo gado. Esses rumores são apenas rumores.”

Estreito os olhos. “E sobre as drogas e as mulheres?”

Ele encolhe os ombros, seu sorriso repulsivo deslizando de


volta no lugar. “Nem tudo são rumores.”

“Não foi Trey.” Perry sente o nariz, o inchaço já está


começando. Pelo menos Ingram acertou alguns golpes tanto
quanto ele recebeu.

Abaixo a espingarda, embora Ingram a pegou e manteve-a


perto.

“Olha, eu vou te dizer o quê.” Trey esfrega o queixo. “Vai


dar uma olhada em meus animais. O celeiro subindo por trás da
casa cerca de oitocentos metros. Empresto um cavalo e verifique
as pastagens se quiser. Temos o gado na sálvia perto de nossos
quebra-ventos para a próxima tempestade. Você não encontrará

celia aaron
uma única cabeça de vocês por lá. Posso ser um monte de coisas,
mas meu pai teria curtido minha pele se eu tentasse roubar gado
de outras pessoas.”

“Temos a sua palavra de que não irá se mover para nos


prejudicar?” Ingram dá um passo adiante, olhando para Trey.

“Você tem a minha palavra.” Trey estende a mão.

Após um momento de hesitação, Ingram aceita. Trey, em


seguida, me oferece sua mão. Eu aceito, embora quando ele
segurou por muito tempo, Ingram deu um tapa na mão dele com
um ríspido “cai fora, idiota.”

Trey ri e volta a sua cadeira. “Deixe-me saber quando você


descobrir quem está roubando.” Ele gentilmente coloca o isqueiro
em sua mesa. “Eu gostaria de ter algumas palavras com ele.”

Um frio percorre minha coluna, e eu estava certa de que a


pessoa que tinha roubado o isqueiro de Trey estaria em um
mundo de dor se Trey colocasse as mãos sobre ele. Viro-me e sigo
rapidamente pelo corredor. Ingram seguindo, embora ele nunca
deu aos Pipers as costas, apenas virando e me acompanhando
quando chegamos a porta da frente.

“Vamos até no celeiro. Dar uma olhada.”

“Concordo.” Entro na caminhonete.

Ele acomoda do meu lado.

“Dói?” Eu ligo a caminhonete e olho para o sangue em seu


lábio.

“Não é ruim. Parece pior do que é.”

“Isso foi um plano horrível, a propósito.” Não pude resistir


repreendê-lo.

“Acontece que, você está certa. Eu queria distrair os Pipers


enquanto Zane localizava seu gado desaparecido, mas se eles não

celia aaron
estão aqui, só estou com meu rosto transformado em uma polpa
por nada.” Ingram franze a testa, em seguida, faz uma careta.

“Droga.” Balanço a cabeça e acelero na estrada limpa


entrando mais no território Piper. “Mas obrigada.”

“De nada. Eu levaria outra surra se isso significasse ajudar


você.”

Se o meu coração já não estivesse derretido, ele garantiu


isso com essas palavras. “Nem sei o que dizer sobre isso.”

“Você não precisa dizer nada.” Ele aponta para um celeiro


moderno prata logo mais acima, painéis solares cobrindo a parte
superior. “Isso é ridículo. Parece uma nave espacial.”

“Provavelmente custa tanto quanto uma também.” Dirijo


até lá e desligo o motor. “Onde está Zane?”

“Provavelmente já veio e já foi, se os animais não estão


aqui.” Nós pulamos para fora da caminhonete e entramos no
celeiro. Sistemas de alimentação e água de última geração,
espaços confortáveis para os animais, e animais bem cuidados
nos encontram quando entramos. Um olhar me disse que meu
rebanho não estava aqui. Trey estava dizendo a verdade.

“Quer verificar o pasto?” Ingram se inclina para


inspecionar um alimentador cronometrado.

“Não.” Suspiro. “Apesar dele ser um idiota, acho que Trey


está dizendo a verdade.”

“Eu também.” Ingram aperta um botão no alimentador e


uma medida de grão desce em uma calha. As vacas mugem e
aproximam-se, prontas para uma festa inesperada. “Ops.” Ele se
afasta do aparelho quando uma nova carga de grão desce de um
cano no teto, recarrega a rampa em preparação para a próxima
servida.

“Chique.” Não podia negar a maravilha que era o rancho


Piper. Mas eu preferia fazer isso da maneira antiga. Verificar os

celia aaron
animais, fazendo um árduo dia de trabalho – tudo isso era o que
um rancho significava para mim. Não automação, não importa
como era adequado.

A sensação incômoda persiste. Se os Pipers não eram


responsáveis, o ladrão ainda estava lá fora. Meus animais ainda
estão desaparecidos, e se não pegá-los de volta em breve, eu
corria o risco de perdê-los para sempre. Eles poderiam ser
enviados para qualquer lugar, talvez já atravessado o país. O
pensamento de alguém enviando o meu touro para um curral
para fazer dinheiro rápido revira meu estômago.

Ingram bate na rampa de grãos. “Você sabe o que usamos


quando é hora da alimentação?”

“Baldes?”

“Você está certa.”

“Nós usamos também.” Eu sigo para a caminhonete e


entramos. “Vamos voltar para o rancho. Tenho um mau
pressentimento.”

celia aaron
C A P Í T U L O 11

INGRAM

Ela cruza a longa estrada para o seu rancho, e pela


primeira vez na minha vida eu comecei a sentir um pouco de
enjoo com viajem de carro, mais ainda quando ela fez curvas no
gelo com mais velocidade do que eu jamais ousaria.

“Por que você está agindo como se o diabo estivesse em


nosso encalço?” Puxo o cinto sobre seu peito, certificando-me que
está no lugar e apertado.

“Não é o que está atrás de nós. É o que vem pela frente.”

“O que você quer dizer?”

Ela acelera pela colina ensolarada, os pneus agarrando o


asfalto molhado. “O isqueiro. Foi plantado, certo?”

“Sim.” Foi difícil de acreditar, mas Trey foi convincente. O


fato de que o gado de Molly estava longe de ser encontrado em
sua propriedade confirmou isso, ele não era culpado do roubo.

“Eu acho que talvez alguém plantou o isqueiro e queria que


nós fossemos para a propriedade Piper. Queria nos tirar do
caminho.”

“Para o que?”

Ela bate no volante. “Não sei. Mas isso não pode ser bom.”

“Olha.” Coloquei o que eu esperava que fosse uma mão


calmante no seu braço. “Vamos falar com Julia quando
chegarmos a sua casa, então e vou chamar Zane e certificar-me

celia aaron
de que tudo está bem do meu lado. Então vamos começar a
mover seu gado para o meu rancho. Tudo vai ficar bem.”

“Eu espero que sim.” Ela morde o lábio durante o resto do


caminho.

Sua preocupação lentamente drena para mim quando


comecei a tentar descobrir quem estava interessado em destruir
seu sustento.

“Tem algum inimigo?”

“O quê? Não.”

“Alguém está claramente atrás de você, e não é Trey Piper.”

Ela enruga o nariz. “Antes de ontem, eu teria dito que o


único por aqui que não gostava de mim era você.”

“Bom ponto.” Solto um suspiro de alívio quando ela entra


na estrada de acesso ao seu rancho, o fim da viagem
desconfortável chegando ao fim.

“Aquilo é fumaça?” Ela aponta.

Um tufo escuro gira para cima, a primeira prova de fogo.

“Isso tem que ser a casa ou o celeiro.” Os nós dos seus


dedos ficam brancos no volante e ela acelera um pouco mais indo
em direção a sua casa.

Quando subimos o topo da colina, a fumaça aumentou. A


frente do celeiro estava pegando fogo, chamas lambendo as
portas.

“Jesus!” Ela olha incrédula. “Quem é aquele?”

Estreito meu olhar contra o sol e vejo uma figura. “Zane.”

Ele arrasta a mangueira de água em volta do celeiro


enquanto nós paramos abruptamente e saltamos da
caminhonete.

celia aaron
“Chefe!” Ele aponta a água no celeiro enquanto as vacas
mugem e cavalos relincham lá dentro. Eles estão presos. “A porta
está acorrentada.”

Molly sai correndo, seguindo para a parte de trás do celeiro


comigo mancando atrás dela.

“Tenha cuidado, Molly!” Eu ajudo Zane e puxo mais da


mangueira livre enquanto as chamas cresceram, chegando a
lamber a porta do piso de cima. Se o fogo chegar ao sótão rico em
feno, todo o lugar acabará em um piscar de olhos, os animais
com ele.

“Aponta para cima.” Falo, e Zane aponta a pulverização de


água na parte superior das chamas, a água escorrendo e
impedindo o incêndio de subir. “Tenho que ir ajudar a Molly.”

Corro ao redor do celeiro, agarrando uma segunda


mangueira comigo. A porta dos fundos está aberta, e Molly está
lá dentro do celeiro invadido pela fumaça espantando os animais
para fora. Chamas atingiram as vigas centrais e fumaça invadiu o
piso superior e obscureceu minha visão de Molly.

Puxando a mangueira, eu pulverizo as chamas. Mas é


como lutar contra Golias com um palito. A mangueira pouco
ajudou.

“Molly, saia daí!” Cavalos passam correndo, suas crinas


voando enquanto eles escapam. Vacas seguem, todo o rebanho
em movimento e trotando para fora. Eu tive que encostar contra
a parede do celeiro para evitar ser pisoteado quando os animais
passam apressados.

A fumaça fica mais espessa, e as chamas espalharam-se,


iluminando o feno em chamas e criando um inferno acima de
nós.

“Molly!” Largo a mangueira e coloco meu braço contra o


nariz. Meus olhos lacrimejam enquanto eu corro pelo celeiro
vazio, a fumaça espessa tornando quase impossível ver alguma

celia aaron
coisa. Grito o nome dela, o ar escaldante invadindo minha
garganta.

Eu me agacho e arrasto pelo chão onde o ar está um pouco


mais claro. No meio do celeiro, encontro ela, seu corpo flácido.

“Molly!” Sacudo seu corpo, mas ela não se move. “Porra!”


Meus olhos lacrimejam tanto que mal posso ver, mas pego-a em
meus braços e me viro para correr.

Uma viga cai no chão e pedaços de feno em chamas


também, criando uma parede de fogo na nossa frente. Ficamos
presos. Eu recuo e sigo para o outro lado do celeiro. Meus
pulmões queimam e o cheiro de lenha misturado com o cabelo
chamuscado. Segurando-a perto, eu alcanço a porta do celeiro e
chuto. “Zane!”

“Patrão!”

“Tire-nos daqui!” Mais feno queimando caiu, incendiando


os restos deixados no chão do celeiro. Não havia ar suficiente.

“Eu não consigo quebrar o cadeado!” Pânico domina sua


voz.

Caio de joelhos, abraçando a forma inerte de Molly. “Eu


peguei você.” Minha voz estava rouca, quase sem som. “Peguei
você, Molly.” Escuridão domina nós dois.

celia aaron
C A P Í T U L O 12

MOLLY

Acordo tossindo e tento me sentar.

“Shh.” Uma mão firme pressiona contra o meu ombro.


“Deite-se. Está tudo bem.”

Na fraca luz da árvore de natal, vejo o perfil de Ingram.


Estou no sofá, ele sentado ao meu lado em uma cadeira. Juntos,
nós cheiramos a um incêndio florestal.

“Os animais?” Eu mal podia forçar as palavras através da


minha garganta.

“Você salvou todos eles.” Sua voz estava rouca também.

“Celeiro?”

Ele balança sua cabeça. “Perda total.”

Lágrimas queimam meus olhos, súbitas e grossas. “Não.”

“Sinto muito, Molly. Tentamos salvá-lo.” Ingram afasta o


meu cabelo do rosto, as mãos ásperas estranhamente
reconfortantes. “Aqui.” Ele alcança um copo de água. O deixo
pressioná-lo em meus lábios enquanto tomo alguns goles,
acalmando o fogo na minha garganta. Quando eu me acomodo no
sofá, pergunto, “O que aconteceu? Onde estava Julia?”

“Nós a encontramos em sua cabana, desmaiada. Com uma


grande pancada aparecendo em sua testa. Zane tinha ido para o
rancho Piper, não encontrou seus animais, então voltou para
esperar por nós. Ele diz que quando chegou aqui, o celeiro já

celia aaron
estava em chamas, embora não estivesse há muito tempo
queimando.”

“Foi ele?”

Ingram muda de posição e esfrega a mão pelo rosto coberto


de fuligem, as contusões da briga com Perry pouco visível abaixo
da camada de sujeira. “Honestamente, eu não sei. Ele tem sido
uma boa ajuda, mas sua sincronização não deixa de ser
suspeita.” Suspiro e Tanya se aproxima, sua cauda abanando e
me cheirando.

“Ei menina.” Dou-lhe alguns tapinhas antes do pequeno


cão se aproximar estacionar sob a árvore de natal.

“Julia sabe quem bateu nela?”

“Não.” Ele balança a cabeça. “Ela estava em sua casa


prestes a fazer o almoço quando alguém veio por trás dela e
bateu-a contra a parede. Acordou em sua cabana quando Zane
foi lá procurá-la.”

“Deus, eu espero que ela esteja bem.” Um tremor sacudiu a


minha voz enquanto pensei sobre o quão perto eu tinha chegado
de perdê-la.

“Zane está cuidando dela. Julia é forte. Não se preocupe.


Ela tem sido uma rancheira por muito mais tempo do que nós.
Ladrões e sabotagem são provavelmente um velho chapéu para
ela.”

Uma sombra cruza minha mente. “Você não acha que


Julia-”

“Ela teria que ser realmente forte para derrubá-la sozinha.”

“Certo.” Relaxo e olho para a janela. “Já está escuro. Meu


rebanho. Eu tenho que encontrar um lugar para abrigá-los até
que possamos levá-los para o seu rancho.” Sento-me, apesar de
uma dor de cabeça começar em minhas têmporas.

celia aaron
“Zane já está pastoreando. Tivemos que derrubar uma
seção da cerca para um atalho. Espero que você não se importe.”

Gratidão me domina, e jogo meus braços ao redor de seu


pescoço, puxando-o para perto.

Ele retorna meu abraço, seus braços fortes envolvendo em


torno de minhas costas. “Parece que terei que arrebentar nossas
cercas mais vezes.”

Sorrio, alívio me deixando quase tonta. Tanta coisa havia


acontecido. Mas ter o que restava dos meus animais seguros era
um bom começo para salvar meu rancho.

“Vamos levá-los e abriga-los antes da neve cair amanhã.”

“Natal com nevasca, assim como o meteorologista


prometeu.”

“Sim. O Papai Noel pode ter alguma dificuldade em voar


através da nevasca amanhã à noite.”

“Você não está velho demais para acreditar em Papai


Noel?” Afasto e olho em seus olhos brilhantes.

“Claro que não.” Sem aviso, ele me pega no colo e segue


para as escadas.

“Uau. Seu joelho!”

“Já está melhor. Provavelmente porque achei mais alguns


daqueles comprimidos que você me deu na noite passada.”
Ingram sobe as escadas, sua marcha irregular ficando mais
pronunciada a cada passo.

“Eu posso andar. Me coloque no chão.”

“Não.” Ele vira à direita no final da escada e me leva para o


banheiro principal.

“O que você está fazendo?” Meu coração salta quando ele


me coloca no chão e vira-se para ligar a água na banheira antiga.

celia aaron
“Tomando banho. Nós estamos muito sujos.” Ele desabotoa
a camisa, revelando sua pele bronzeada limpa por baixo, que
estava em grande contraste com as manchas de fuligem ao longo
do seu pescoço e rosto.

Recuo um passo. “Você está um, você vai e -”

“Tirar minha roupa?” Ele estende a mão para seu cinto.


“Sim. Você também.”

Cor rosa aquece meu pescoço e rosto. “O quê?”

Ele vem na minha direção e continua até que estou presa


entre ele e o balcão da pia. “É assim que será daqui em diante,
Molly. Eu e você. Nós íamos ficar nus juntos, mais cedo ou mais
tarde. Eu apenas preferi ser mais cedo.”

Minha pele arrepia, prazer aquecendo entre as minhas


pernas, mas eu não ia ser rude. “Você não pode a-apenas decidir
que vamos ficar nus juntos e-e-”

Seu beijo foi tão repentino como foi escaldante. Nós dois
estávamos cheirando como fumaça, sujos e cansados, mas eu
não podia negar a reação em cadeia de ‘oh meu deus’ que ocorreu
dentro de mim no momento em que nossos lábios se
encontraram. Seguro-o enquanto ele me inclina para trás, suas
mãos grandes fixando-se em minha cintura e puxando a minha
camisa de dentro do meu jeans.

Se ‘não’ estivesse na ponta da minha língua, seu beijo


apagou-o com facilidade. Eu pensei que tinha sido beijada antes.
Quer dizer, eu fui para a faculdade. Tive alguns namorados. Fiz
tudo isso. Mas não, eu nunca tinha sido beijada. Assim não. Não
com esse nível de confiança e posse primitiva.

Deslizo minhas mãos dentro de sua camisa, sentindo os


músculos rígidos por tantos dias trabalhando no campo. Minhas
unhas marcam sua pele, subindo por suas costas para sentir
tudo dele enquanto Ingram desabotoa minha camisa. Mal posso
respirar, mas não vou abandonar seu beijo. Sem chance. Seus

celia aaron
lábios firmes dominam os meus, sua língua fazendo uma dança
que me derrete.

Quando Ingram desce minha camisa pelos meus ombros,


ele alcança atrás e desabotoa meu sutiã.

Estávamos indo rápido demais? Meu cérebro disse que


sim. Minha perna enrosca no seu quadril em um definitivo ‘não’.
Ele agarra minha bunda e pressiona seus quadris para frente,
esfregando seu comprimento substancial contra o meu núcleo
quente. Estremeço com o prazer desses movimentos simples
cheios de promessas.

Ele recua e puxa meu sutiã, soltando-o no chão e


segurando meus seios. “Olhe para esses mamilos cor de rosa.
Provavelmente tem gosto de morangos.” Ingram abaixa a cabeça e
suga um em sua boca.

Gemo e agarro a borda do balcão enquanto ele esfrega sua


língua sobre o mamilo duro. Ingram aperta o outro seio, depois
troca, sua boca quente e deliciosa na minha pele. Arrepios
aparecem na minha barriga, e seus dedos os segue.

Ele solta meu cinto com facilidade, e então desce o meu


zíper. “Tire.” Sua voz rouca vibra contra meu peito.

Endireitando sua postura, ele olha, observando cada


movimento que faço quando enrosco meus polegares nos lados
do meu jeans e calcinha, então, lentamente, deslizo-os pelas
minhas pernas. Ingram não usa qualquer sedução enquanto se
livra do jeans e da cueca, seu pau grosso aparecendo livre
quando ele se levanta e me puxa para os seus braços.

Me levantando, ele nos acomoda na banheira, a água


quase quente o suficiente para queimar. Ele desliga a torneira,
em seguida, pega um frasco de sabonete líquido – de repente
interessado em outra coisa apesar da ereção pressionando em
minhas costas.

Viro-me para outro beijo, mas Ingram balança a cabeça.

celia aaron
“Quero que tomemos banho o mais rápido possível, então
eu posso foder você como um cavalheiro. Em uma cama.”

Solto uma risada, mas Ingram não estava brincando. Ele


cuida do meu corpo, me lavando com uma esponja, lava também
o meu cabelo, e depois faz o mesmo com ele até que nós dois
estamos praticamente estridentes. Não havia nem mesmo
qualquer sujeira suspeita.

“Terminamos.” Ingram joga a toalha como um homem que


tinha chegado cinco horas em uma sexta-feira e estava pronto
para começar seu fim de semana de diversão.

Nós nos enrolamos nas toalhas, e eu começo a pensar que


isso era loucura. Afinal, Ingram e eu somos vizinhos. Talvez não
devêssemos nos envol-

“Ei!” Mais uma vez, estou em seus braços enquanto ele me


leva para a cama, colocando-me sobre a colcha natalina que eu
tinha usado todos os anos desde que era criança.

Ele sobe em cima de mim, algumas gotas de água


brilhando em seu corpo magro, e seu cabelo molhado faz cócegas
minha testa. “Não posso esperar por isto. Por você. Eu já esperei
demais. Porque fui um burro teimoso.” Ingram me beija. “Porque
não perguntei sobre sua história.” Outro beijo, desta vez por mais
tempo. “Porque fiz suposições idiotas.” Esse beijo roubou minha
respiração e limpou minha mente.

Abro minhas pernas e ele se estabelece entre elas, a única


coisa que nos separa é minha toalha branca e fofa. Nossas
línguas guerreiam quando ele para de explicar e faz o que é
melhor – me beija. Depois de alguns momentos de beijos que
entorpecem a mente, Ingram beija minha garganta e chega à
beira da minha toalha. Com um movimento de seu pulso, ele
solta, revelando como um presente debaixo dele.

“Jesus, mulher. Este corpo-” beija o vale entre os meus


seios, em seguida, arrasta a língua ao meu umbigo. “É uma obra
de arte.”

celia aaron
Sempre pensei que meus quadris eram muito grandes e
minhas coxas um pouco gordas, mas não estava prestes a dizer-
lhe isso. Quando ele beija lá embaixo, eu afundo meus dedos em
seu cabelo. Isso realmente estava acontecendo? Eu não tenho
que perguntar a mim mesma novamente, porque Ingram enterra
o rosto na minha buceta, lambendo e me devorando.

“Oh!” Afasto meus quadris, mas ele agarra minha bunda,


me puxando em sua direção e segurando, seus dedos afundando
enquanto sua língua faz as coisas más.

Ingram diminui o ataque, lambendo lentamente, dando-me


um momento para ajustar-me às sensações – sua barba
esfregando contra as minhas coxas, seu lábio superior
encostando de leve no meu clitóris, e sua língua afundando
dentro de mim.

“Ingram,” resmungo. Eu deveria ter dito a ele para


abrandar. Mas minha buceta era totalmente contra a ideia. Para
não mencionar que o meu coração ecoou o sentimento anterior
de Ingram: era apenas uma questão de tempo até que ficássemos
nus juntos. O calor que ele criou em mim confirmou suas
palavras. Eu queria Ingram, e o queria assim. Selvagem, quente e
agora.

Ingram geme e levanta minha bunda, apertando-me ao


rosto como se eu fosse algum tipo de sobremesa que ele queria
cada pedaço. Seguro seu cabelo, os meus seios são pressionados
entre meus braços, os meus mamilos apontando para o teto.
Arqueando as costas, eu me abro ainda mais para ele, e ele geme,
lambendo mais rápido enquanto massageia minha bunda.

Tudo dentro de mim vai contraindo e ficando mais


apertado enquanto sua língua faz mágica entre as minhas coxas.
Sua barba contra meus pontos sensíveis só aumenta o
sentimento, e sua boca parece criar novas formas de pecados
com cada pequeno movimento que ele faz. Minhas coxas
começam a tremer, tremores incontroláveis que irradiam do meu
núcleo.

celia aaron
Ele geme e mergulha sua língua dentro de mim antes de
voltar para o meu clitóris. “Olhe para mim. Quero ver quando
você gozar.”

Eu não podia negar fazer isso. Ingram poderia ter me


pedido para fazer uma série de coisas, e eu teria feito, se isso
significasse que ele não parasse de me lamber. Encontro seu
olhar e ele se concentra em meu clitóris, o pequeno feixe de
nervos tão sensível que beirava a nada. Mas não foi nada. Foi
tudo. Ele sugou-o com cuidado, em seguida, lambeu mais e mais
rápido.

Minha respiração falha, e meus quadris travam. Queria


jogar a cabeça para trás, mas mantenho seu olhar enquanto meu
orgasmo flui através de mim. Gemo, seu nome misturado com
um longo suspiro enquanto avanço sobre a borda, mergulhando
profundamente nas ondas do orgasmo. Uma e outra vez o meu
corpo aperta e relaxa até que derreto na cama, meu corpo inerte,
até a última gota de prazer ser liberada na língua de Ingram.

Ele vem subindo, beijando meu corpo, sua boca


carregando meu próprio sabor quando seus lábios encontram os
meus. Envolvo meus braços em seu pescoço, e ele pressiona sua
dureza contra a minha carne sensível. Um arrepio passa por
mim, e Ingram mexe os quadris, esfregando seu pau para frente e
para trás, revestindo-se com minha umidade.

“Acho que não tenho preservativos,” sussurro contra seus


lábios.

“Isso está bem para mim.” Ingram sorri, seus olhos me


olhando muito mais profundamente do que deveria ser possível.
“Você pode não ter notado, Molly, mas não tenho saído por aí.
Nem me lembro a última vez que fiz isso. Já faz muito tempo.”
Ele beija o canto da minha boca. “Ainda não conheci uma mulher
que queria fazer isso até você.”

Pergunto na suavidade de sua voz, a maneira reverente que


ele olha para mim. “Como você pode dizer essas coisas doces?

celia aaron
Como pode um cowboy grosseiro entrar em minha calcinha tão
fácil?”

“Gosto de pensar que é meu charme.” Ele me beija de novo,


com uma mão no meu rosto e outra emaranhada no meu cabelo.
“Talvez minha boa aparência rude?” Pontilha beijos ao longo da
minha mandíbula e sussurra no meu ouvido, “Minha – como foi
que você disse – ‘bela bunda’?”

“Não posso negar essa parte.” Alcanço e passo minhas


mãos ao longo de seus músculos rígidos.

“Não negue o resto.” Ingram encontra meu olhar de novo,


uma seriedade em seus olhos, seu tom de voz. “Não negue que
você e eu estamos destinados a ficar juntos assim. Bem aqui.
Agora mesmo.”

Foi muito repentino. Demais. Muita coisa. Mas quando ele


me segurou assim, quando ele falou comigo como se eu fosse a
coisa mais preciosa do mundo para ele, eu não poderia dizer não.
Meu coração não me deixou.

“É verdade.” Inclino-me para cima e capturo seu lábio


inferior entre os dentes. “Tudo isso.”

“Essa é minha garota.” Ingram se afasta e empurra dentro


de mim.

Engasgo com a intrusão repentina, mas ele cobre o leve


formigamento com outro beijo que me transforma em geleia. Ele
se afasta e empurra mais uma e outra vez até que está enterrado
completamente dentro de mim, e meu corpo estica para
acomodá-lo.

Acalmando, ele apoia-se no cotovelo. “Você está bem?”

“Sim.” Passo minhas mãos pelo seu peito. “Melhor do que


bem.” Erguendo meus quadris movimento em seu eixo.

“Jesus, mulher.” Ele geme e bombeia dentro de mim, cada


golpe mais forte que o anterior. A cama começa a ranger,

celia aaron
combinando seu ritmo quando enrosco minhas pernas em volta
da sua cintura.

“Você tem alguma ideia de como você é gostosa?” Suas


palavras são mais grunhido que qualquer outra coisa, mas eu
entendi.

Ele segura minhas mãos, fixando-as ao lado da minha


cabeça enquanto impulsiona dentro de mim, nossos corpos
batendo juntos e um ligeiro brilho de suor nos revestindo. Meus
mamilos duros deslizam contra seu peito, e Ingram não ignora
isso. Continuando o seu ritmo forte, ele abaixa a cabeça e
mordisca um. Engulo em seco e arqueio quando ele pega o
máximo do meu peito em sua boca.

Gemo e abro as pernas, espalhando-as de modo que cada


impacto atinge o meu clitóris.

“Porra.” Ele se inclina para trás e olha para os meus seios


enquanto eles saltam, então seus olhos seguem para onde
estamos unidos.

Seu pau engrossa. “Vou explodir só de olhar para a sua


buceta doce e rosa aceitando cada centímetro meu.”

“Oh Deus.” Contorço-me, sua boca suja provocando os


neurônios extras a queimar no centro de prazer do meu cérebro.

“Olhe para isso.” Ele tira para fora até a ponta, em seguida,
enterra-se novamente. “Tão molhada e quente para mim. Vou
gozar em cima de você, pintar esta buceta de branco.”

“Ingram!” Seguro a colcha quando ele pressiona o polegar


contra o meu clitóris.

Ele aumenta o ritmo, bombeando em mim e me


acariciando enquanto seus olhos continuam devorando o meu
corpo. Não fiquei envergonhada. Em vez disso, queria que ele
visse tudo. Queria espalhar minhas pernas para ele e deixá-lo

celia aaron
olhar seu pau me preenchendo. Me excita saber que ele quer ver
tudo de mim.

“Jesus, vou explodir. Preciso que você goze.” Seu polegar


trabalha em dobro, me manipulando enquanto coloco meus
quadris ao seu ritmo.

“E-eu vou-” meu orgasmo me inunda, como uma barragem


quebrando. Congelo, tudo dentro de mim incidindo sobre a
explosão de liberação.

“Foda-se, olhe para você.” Ingram empurra mais algumas


vezes enquanto eu me perco no meu orgasmo, meu corpo
torcendo até a última gota de felicidade. Puxando para fora, ele se
masturba e atira jatos grossos de sêmen sobre minha buceta, me
revestindo enquanto saio na nuvem de euforia que ele tinha me
envolvido. Ingram resmunga através disso, com o rosto enrugado
enquanto ordenha seu pau.

Quando acaba, ele senta-se sobre suas panturrilhas e


coloca uma mão sobre minha coxa, me mantendo aberta. “Isso é
a coisa mais quente que já vi na minha vida.”

Coloco meus braços sobre minha cabeça e apenas tento


respirar. Ele havia me desgastado, mais prazer do que senti em
um longo tempo, talvez nunca.

Ingram olha por mais alguns momentos, então pisca. “Acho


que preciso limpar você. É uma pena, no entanto.” Ele se levanta,
vai ao banheiro e volta com uma toalha quente.

Uma vez que estou limpa, puxamos a colcha sobre nós, e


fico deitada sobre seu peito. “Isso foi …”

“Perfeito,” ele diz.

Foi uma boa palavra para isso. Ingram e eu nos


encaixamos como se fôssemos feitos um para o outro, e ele
certamente sabia o que eu gostava. Tremo quando me lembro do
seu rosto entre as minhas pernas.

celia aaron
“Frio?”

“Não.” Traço círculos preguiçosos em seu abdômen duro.


“Só surpresa, eu acho.”

“Surpresa?”

“Sim. Quer dizer, eu não costumo dormir com caras tão


rapidamente.”

Ele coloca o dedo embaixo do meu queixo e levanta o meu


rosto até que encontro seus olhos. “Você não dorme com
ninguém além de mim a partir de agora.”

Devo ter mostrado o meu choque, porque ele riu. “Quero


dizer isso, Molly. É você e eu.”

Minhas sobrancelhas demonstram irritação. “Não sou uma


vaca que você pode marcar.”

“Não, mas coloquei minha marca em você, isso é certo.”

Senhor, ele colocou. Aperto minhas coxas juntas. “Nós não


estamos casados. Você não tem que-”

“Ainda não, não.”

“Ainda não?” Olho pasma para ele.

Ele sorri. “Você está propondo?”

“Eu? O quê? Não!” Empurro contra ele para tentar me


sentar, mas Ingram me puxa para mais perto, seu peito tremendo
de tanto rir.

“Estou apenas te provocando. Acalme-se.”

Bato em seu abdômen, mas aconchego-me contra ele,


principalmente porque ele estava quente e cheirava bem e tinha
acabado de me dar o melhor sexo da minha vida. Não porque eu
queria casar com ele. Isso era louco. Não era?

celia aaron
C A P Í T U L O 13

INGRAM

Molly lutou para ficar acordada, falando sobre seu celeiro


perdido e querendo verificar Julia. Assegurei-lhe que Julia estava
descansando e Zane tinha cuidado dos animais durante a noite.
Teríamos a manhã para abriga-los antes que a neve da véspera
de natal se instalasse. Depois de mais alguns momentos de
preocupação o cansaço venceu, e ela roncava levemente contra o
meu peito. Quando o ronco se tornou bonito? Eu não sei, mas de
alguma forma, Molly tornou isso adorável.

Depois que ela estava dormindo por um tempo, beijei sua


testa e gentilmente me desembaracei dos seus braços. Indo lá
embaixo, paro no telefone e ligo para Zane. “Está tudo bem aí?”

“Sim. Estou com eles acomodados nos quebra-ventos. O


único problema é um casal deles que estavam sem marcas
auriculares. Assim, podemos ter dificuldade em separar alguns.”

“Isso não é um problema. Nós podemos fazer uma


contagem de cabeça e descobrir a partir daí.”

“Coisa certa. Eles têm comida e água, devem ser capazes


de ficar aquecidos a noite, pois esta noite não está tão fria quanto
será amanhã. Irei repartir mais comida no fim do dia amanhã
para prepará-los para a queda de temperatura. Eu não consegui
organizar os fundos do celeiro hoje para mais fardos de feno,
apenas por causa do trabalho com os animais de Molly, mas vou
conseguir isso na parte da manhã.”

“Bom trabalho, Zane. E obrigada pelo que você fez no


celeiro. Você salvou nossas vidas.”

celia aaron
Ele ri. “Salvei meu trabalho. Sem Brady para administrar o
Brady Ranch, eu estaria desempregado.”

“Acho que é uma maneira de ver isso.”

“Não se preocupe, chefe. Vejo você pela manhã.”

“Claro e cedo.” Desligo e arrasto até a lareira. Restam


somente algumas brasas, então carrego com mais madeira para
continuar acesa.

A árvore de Natal brilha, as luzes me lembrando que era


momento de alegria e contentamento, não incêndios de celeiro e
gado roubado. Mas nós temos que trabalhar com o que nos foi
dado.

Passos na escada atrás de mim me chamam a atenção.


Molly desce vestida com calça de moletom e uma camiseta, seu
cabelo vermelho selvagem solto ao redor de seus ombros.

“Estava apenas verificando as coisas.” Ando até ela,


fazendo o meu melhor para esconder o meu coxear e a dor no
meu joelho enquanto eu a pego em meus braços na base das
escadas. “Você está linda, sabe disso?”

Molly sorri e belisca meu queixo. “Você vai me estragar.”

“Espero que sim.” Coloco minhas mãos sob sua bunda e a


levanto até que estamos olho no olho. “Agora, o que você está
fazendo acordada?”

“Vou rapidamente verificar Julia. Cinco minutos e estarei


de volta.”

“Cinco minutos é muito tempo.” Beijo seu pescoço.

Ela suspira. “Eu não tinha ideia que você era tão para
frente, Sr. Brady. Não até hoje.”

“Posso ser muito mais para frente.” Esfrego minha ereção


crescente contra ela. “Apenas me dê um segundo.”

celia aaron
Molly ri quando eu beijo sua garganta. “Deixe-me ver como
ela está primeiro, e depois podemos continuar esta discussão
sobre boas maneiras.”

Resmungo, mas a coloco no chão. “Vou com você.”

“Julia atiraria em você no segundo que te visse na soleira


da porta. Ela não gosta de homens em sua cabana.”

“Julia é uma mulher inteligente.” Puxo o casaco do gancho


e a ajudo a se vestir, em seguida, entrego as luvas depois que ela
calçou as botas. “Volte depressa.”

“Eu vou.” Molly estica-se na ponta dos pés para outro


beijo, que eu felizmente dei.

Como algo tão novo pode parecer tão certo? Eu não estava
prestes a questionar isso. Algo dentro de mim tinha estalado,
dizendo-me que Molly era a única e que eu precisava fazer tudo
ao meu alcance para convencê-la de que eu era o homem para
ela. Chame isso de imperativo biológico ou qualquer outra coisa,
é real, e posso senti-lo profundamente em meus ossos.

“Tome cuidado.” Abro a porta para ela.

“São apenas dezoitos metros de distância. Acho que posso


fazer isso.” Ela dá passos cuidadosos pela varanda gelada e desce
para o caminho. “Mantenha a cama quente para mim.”

“Sim senhora.” Eu queria segui-la e arrastá-la de volta para


cima comigo, mas escolho não fazer isso. A noite estava calma,
estrelas cintilantes acima como partes do celeiro ainda
queimando aqui e ali. Molly para quando se aproxima dele,
estudando sua destruição carbonizada sob o luar. Seus ombros
caem um pouco, e eu quero abraçá-la, mas ela dá mais um
passo, e depois outro, depois vira as costas para ele enquanto
caminha pelo resto do caminho até a cabana de Julia.

Assim que a porta se abre e ela está segura lá dentro, fecho


a porta da frente e subo as escadas para aquecer a cama assim

celia aaron
como ela pediu. Pretendo ter algo agradável e quente para ela em
seu retorno.

celia aaron
C A P Í T U L O 14

MOLLY

“Julia?”

Bato e entro.

Ela está sentada à mesa da cozinha pequena, um saco de


gelo em sua testa. “Olá.”

“Uau, isso parece ruim.” Sento-me na sua frente quando


ela afasta o gelo para me mostrar o dano.

“Obrigada.” Julia dá um sorriso irônico e substitui o saco.


“Como você está? Eu queria ir até lá e ver você, mas Ingram me
garantiu que tinha resolvido tudo.”

Minhas bochechas aquecem quando ela diz o seu nome, e,


claro, Julia notou. Malditos olhos de águia.

“Acho que ele resolveu melhor do que eu tinha imaginado.”


Ela sorri, então se encolhe com a dor.

“Você não deveria ir para a cama?”

“Ingram chamou o Dr. Baker. Ele disse para eu ficar


sentada um tempo. Garantir que não é uma concussão ou se
tenho algum sintoma estranho.” Ela segura o meu olhar. “Sinto
muito sobre o celeiro.” Um suspiro pesado escapa dos seus
pulmões. “Talvez eu tenha ficado muito velha para ser uma
funcionária de qualidade. Primeiro os quebra-ventos, agora o
celeiro. Não estou fazendo nenhum bem.” A tristeza que cobriu
suas palavras me atinge como uma chuva fria.

celia aaron
“Você está fazendo o melhor que pode.” Alcanço sobre a
mesa e agarro sua mão. “Isso é o melhor que qualquer um de nós
pode fazer.”

“Mas com certeza não parece bom o suficiente.”

“É.” Aponto um polegar no celeiro. “Talvez possamos


conseguir algum tipo de celeiro ultramoderno com o dinheiro do
seguro? Basta pensar em todos os acessórios que poderemos
comprar. Modernizar as coisas um pouco mais. Diminuir nosso
trabalho, sabe?”

Ela assente depois pergunta, “Você acha que o seguro vai


pagar?”

“Não vejo por que não.”

“Deixe-me lidar com o investigador do seguro. Direi a ele


que foi um raio e ele que se atreva a me chamar de mentirosa.
Isso vai ser pago.”

“Vai funcionar?”

Ela me lança um olhar sério. “Trabalhei para o meu


marido.”

“Seu marido?” Eu nunca tinha ouvido ela falar dele


diretamente, embora eu sabia que ele tinha morrido alguns anos
antes dela vir trabalhar no meu rancho. “Pensei que ele teve
algum tipo de acidente no rancho que você dois tinham?”

Seus lábios pressionam em uma linha fina. “Lembro-me de


um tempo em que eu tive muitos acidentes. Cair das escadas,
cair em maçanetas de porta. Durante anos tive todos os tipos de
contratempos. Algumas vezes minhas costelas quebravam, vários
olhos roxos, não poderia contar todas as contusões. Perdi um
bebê no início da gestação. Porque eu caí.” Seus olhos
endureceram. “Então, um dia, Bart foi quem teve um acidente.”

“Oh.” Eu não podia formar qualquer outra resposta para o


segredo monumental que tinha acabado de passar entre nós.

celia aaron
“O seguro pode ter suspeitado, mas eles pagaram sua
ninharia de seguro de vida.” Ela respira fundo e quase consegue
esconder a agitação nela. “Então você pode me deixar lidar com
isso.”

“Ok. Não é um problema.” Eu queria abraçá-la, dizer-lhe


que estava tudo bem, mas isso não era o tipo de mulher que ela
era. Difícil era colocar o mínimo. “E não culpo você. Nem um
pouco. Seu segredo está seguro comigo.”

Julia me dá um breve aceno. “O celeiro maldito. Eu não


posso acreditar. Filho da puta, quem quer que seja. Um minuto
eu estava abrindo a caixa de pão, no próximo eu acordo e um
cara está de pé em cima de mim. Ele tem sorte que eu estava
desorientada-” ela faz um gesto em direção a testa com a mão
livre. “Ou poderia tê-lo matado pensando que foi quem tinha feito
isso.”

“Estou feliz que você não matou Zane. Ele que está
mantendo nosso gado quente esta noite.”

“Isso foi uma coisa bem poderosa para Ingram fazer.” Ela
estreita os olhos. “Ele não forçou você, sabe, para recompensá-lo
ou qualquer coisa assim?”

“O quê?” Inclino minha cabeça para o lado, então entendi a


pergunta. “Não!” Puxo meu casaco em torno de mim, embora a
cabana estivesse quente. “De jeito nenhum. Ele não é assim.”
Enrugo o meu nariz. “E nem eu.”

“Eu sei que você é boa como o ouro. É que Ingram não foi
exatamente acolhedor com você desde que voltou.”

“Aquilo foi um mal-entendido. Ele pensou…”

“O quê?” Julia ajusta o gelo para o outro lado de sua


contusão.

“Ele pensou que eu tinha abandonado o papai. Que era eu


que não queria estar aqui.”

celia aaron
Ela deixa cair o gelo e levanta. “Vou pendurar esse
merdinha para secar por pensar tal coisa.”

“Julia, espere.” Levanto e sigo para o seu lado da mesa


assim que a porta abre.

“Ingram, você não deve ter-” minha voz desaparece


enquanto eu me concentro no cano da arma apontada para mim.

“Cale a boca, e vem comigo. Faça um som, e vou atirar em


vocês duas.”

celia aaron
C A P Í T U L O 15

INGRAM

O som fraco de um motor me fez virar e olhar pela janela.


Luzes de freio desapareceu no carro escuro, dirigindo para longe
do rancho. Eles não pareciam com os de Molly. Um gemido baixo
vem do andar de baixo, me deixando nervoso.

“Que porra é essa?” Levanto, um mau pressentimento


substituindo a expectativa que esteve borbulhando em minhas
veias enquanto esperei por Molly retornar. Visto-me rapidamente
e desço rapidamente as escadas. Tanya aponta para a porta, o
pelo arrepiado, o grunhido baixo em sua garganta.

Não é bom. Calço as botas e coloco o casaco, em seguida,


agarro meu chapéu e a espingarda de Molly, que estava
encostada na parede ao lado da porta. Procurando no resto dos
ganchos, encontro as chaves da sua caminhonete.

Quando alcanço a maçaneta da porta, Tanya começa a


latir, seu latido áspero estalando no ambiente calmo. “Espere
aqui, menina. Vou descobrir o que está acontecendo.” Deslizo
pela porta, não dando-lhe espaço suficiente para seguir, então
fecho-a atrás de mim.

A caminhonete da Molly ainda está estacionado no lugar,


uma fina camada de gelo cobre o para-brisa. A noite está clara e
fria, sem vento balançando a vegetação rasteira. Marcho através
da neve restante, minhas botas batendo pesado no chão
enquanto me aproximo da pequena cabana de Julia. As luzes
estão acesas lá dentro, e um pequeno fio de fumaça sai da
chaminé.

celia aaron
Arrasto-me até os degraus e inclino ao lado da porta. Meu
mal-estar aumenta quando eu percebo que não há vozes,
nenhum som vindo de dentro. Tentando a maçaneta, eu a
encontro desbloqueada e então abro a porta.

“Molly, Julia?” Eu entro.

Ninguém responde. A cabana é austera, mas caseira, um


fogo baixo queimando em um fogão a lenha. Mas havia uma
cadeira virada na cozinha, um saco de gelo no chão, o saco
estourado e vazando água. Parecia errado. Todos os tipos de
errado.

Meu senso de urgência aumenta consideravelmente


enquanto corro para fora da cabana e sigo pelo caminho de
cascalho. Pulo na caminhonete da Molly e giro a chave. O motor
faz a rotação, mas não liga. Tento novamente. Mesmo resultado.
“Merda!” Dou algumas bombeadas no pedal do acelerador, mas
não muitas – não quero inundar o motor e tento ligar novamente.
Faz a rotação e liga, e apaga novamente.

Por favor, se há um Deus aí em cima, ou um anjo, ou um


Papai Noel, ou mesmo uma rena voadora, me ajude aqui!

Mais uma bombeada, e finalmente o motor funciona.


Obrigado, Rudolph. Eu acelero, esquentando o motor, em
seguida, engato a marcha e acelero o mais rápido que posso, sem
avançar na vala de cada lado. Dirigir na neve era uma coisa.
Dirigir no gelo era outra. Seguro o volante, meu coração batendo
em meus ouvidos enquanto eu tento descobrir o que tinha
acontecido com Molly e Julia. Tinha sido os ladrões. Essa era a
única explicação. Mas quem?

Quando chego à estrada principal, eu tenho que escolher.


Direita ou esquerda. Não há luzes de freio à vista de qualquer
forma, e não há trilhas de pneus que poderia seguir. Qual o
caminho que eles teriam ido? Virando à direita levaria ao rancho
Piper, a esquerda para o meu. Cada momento que passo aqui
sentado tentando decidir era tempo perdido.

celia aaron
Viro o volante para direita, em seguida, olho mais uma vez
para minha propriedade. Um toque colorido diferente na
paisagem chama minha atenção. Estreitando os olhos, giro o
volante de volta para a esquerda seguindo lentamente na estrada
até que estaciono a caminhonete. Um lenço verde e vermelho é
visível ao lado da estrada. Um sinal de Molly.

A coisa cavalheiresca a fazer seria parar e pega-lo. Mas não


tenho tempo para isso. Eu coloco sua velha caminhonete para
andar, arrancando em direção ao meu rancho. O que quer que
estava acontecendo, estava acontecendo lá. E é lá que eu
encontraria minha Molly.

celia aaron
C A P Í T U L O 16

MOLLY

“Qualquer coisa que você esteja planejando, não vai


funcionar.” Estou pressionada contra a porta da caminhonete,
Julia sentada no meio e tentando me proteger com seu corpo.

“Vai funcionar, e então vou possuir seu rancho e do


Ingram.” Perry Piper lança um sorriso que provoca arrepios na
minha coluna. Ele mantinha uma pistola na mão esquerda,
apontada para Julia, enquanto dirige com a direita. “Agora cale a
boca, porra. Tenho coisas importantes acontecendo.”

Perry vira à direita para a estrada que leva à Brady Ranch.


Por que ele estava nos levando para a casa de Ingram? Zane
estava participando desse plano? E onde estava Trey? Cada
pergunta surge da anterior, mas não faço nenhuma delas. Perry
tinha deixado claro que ele não estava com vontade de falar. Não
importava. Eu tinha que descobrir uma maneira de sair desta
situação antes que fosse tarde demais. Minha dica para Ingram
não iria mesmo importar se ele não viesse atrás de nós. Então eu
teria que resolver isso.

“Se você nos deixar ir, nós podemos resolver isso, Perry.”

“Eu já resolvi.” Ele suspira como se estivesse sendo forçado


a explicar o conceito mais simples para o idiota da cidade, e o ar
assobiou através de seu nariz quebrado. “Ingram Brady vai matar
vocês duas. Muito sangue e tudo isso. Todo mundo já viu vocês
dois discutindo na cooperativa. Então, vocês duas perambulavam
na propriedade do Ingram procurando seus animais roubados.
Você os encontra em seu celeiro mais afastado. Em seguida, ele
aparece, pega vocês e mata para manter o segredo. Então,

celia aaron
quando ele não pode viver com o que fez, ele coloca uma pistola
na boca e termina tudo.”

“O quê? Você nunca vai conseguir acabar com isso. Trey-”

“Trey?” Sua raiva brilha e o tom da sua voz aumenta. “Isto


não é sobre Trey. Esta é a minha ideia. Eu sou a pessoa que vai
conseguir seu rancho. Ele não. Eu.”

Julia tenta achatar-se contra mim ainda mais. “Toda essa


competição trivial que você tem com seu irmão não precisa ser
assim, Perry.”

“Já está feito.” Ele encolhe os ombros e passa pela entrada


larga e sombria do rancho Brady. “Vou ficar com os dois ranchos,
ter o meu próprio lugar.”

“Você pode comprar o seu próprio lugar sem cometer um


triplo assassinato.” Olho para a maçaneta da porta, mas
estávamos indo rápido demais. Se eu pulasse fora, não poderia
garantir que Julia não cairia sob os pneus atrás de mim. E
mesmo que nós fizéssemos isso, para onde é que vamos? Perry
poderia atirar assim que conseguisse mirar em nós.

“Trey controla todo o dinheiro da família. Tenho apenas o


suficiente para comprar esses lugares, especialmente porque
ninguém vai querer eles uma vez que tiverem uma história tão
feia.”

Eu tinha pensado que Perry era estúpido. Eu estava


errada. Embora ele não tenha cabeça para os negócios como
Trey, ele definitivamente tinha uma mente para atos criminosos.
E falava como se já tivesse nos matado. Em sua mente, isso
estava resolvido.

Pânico subiu na minha garganta, ameaçando me


estrangular e apagar quaisquer planos que eu tinha para
escapar. Minha respiração fica rápida e superficial, manchas
aparecendo em minha visão.

celia aaron
“Calma, Molly.” Julia pega minha mão e aperta. “Tudo vai
ficar bem.”

Perry bufa enquanto pegamos a estrada irregular através


das colinas que conduz ao celeiro mais afastado de Ingram. “Sim,
apenas relaxe. Tudo vai acabar logo.”

Obrigo-me a tomar respirações profundas. Não faria


qualquer bem a Julia eu cair aos pedaços. Sair daqui precisaria
de toda a minha inteligência.

“Você acha que Trey vai respeitá-lo mais quando descobrir


que você matou a concorrência?” Coloquei tanto ácido no meu
tom quanto ousei. “Soa como traição para mim.”

“Cale a boca.” Os nós de seus dedos ficaram brancos no


volante. O celeiro aparece a vista, a tinta vermelha desbotada e
apenas uma pequena luz brilhando nas vigas.

O aperto de Julia aumenta na minha mão, mas eu


continuo, “Quer dizer, tenho certeza que ele nunca descobrirá
que foi você quem roubou meus animais, me matou, então matou
Ingram e Julia. Não vai ser completamente óbvio quando você
arrematar os dois ranchos bem debaixo do nariz dele.”

“Eu disse cale a boca!” Ele levanta a pistola então ela fica
apoiada sobre seu braço direito. “Ou vou matar a velha senhora
agora.”

“Velha senhora?” O desdém de Julia me fez prender a


respiração.

Talvez a gente tenha pressionado muito, mas Perry fala


calmamente agora. “Eu estava me perguntando se poderia fazer
isso. Matar vocês duas sem problemas. Agora eu sei que posso.
Só para calar você. E então vou dormir como um bebê.”

Nós derrapamos até parar na frente do celeiro, e Perry faz


sinal para nós sairmos.

celia aaron
Com dedos trêmulos, eu abro a porta e piso na terra
congelada. Julia segue enquanto Perry dá a volta na frente da
caminhonete, a arma na mão.

“Entre no celeiro.” Ele acena com o cano para nós.

De mãos dadas, Julia e eu caminhamos, sua instabilidade


estremecendo nossos passos em direção ao celeiro. Ele segue de
perto, em seguida, puxa a porta do celeiro aberta o suficiente
para nós entrarmos. No interior, o meu gado roubado tinha sido
separado em compartimentos adjacentes. Meu touro, Bruiser de
Nelly, estava preso em uma baia muito estreita para ele, e ele
bufou uma respiração quente pelo nariz quando entramos. Duas
vacas estão na frente da sua baia, suas pernas retas como varas
– elas estavam no cio, e Bruiser de Nelly não é amável quando
alguém o impede de reproduzir.

Julia e eu trocamos um olhar. Se uma de nós pudesse


destrancar a porta, talvez ele estaria apenas irritado o suficiente
para criar problemas.

“Continue andando.” Perry fecha a porta atrás dele e nos


segue mais para dentro do celeiro, os aromas familiares de feno e
mistura de estrume.

Aproximamo-nos da baia do touro, e Julia se afasta um


pouco mais de mim, sua instabilidade ao caminhar ficando mais
pronunciado.

“O que você está fazendo?” Perry pergunta irritado, fazendo


algumas das vacas mugir e recuar, duas delas são as que estão
no cio.

Bruiser de Nelly bufa de novo e bate os seus chifres contra


o telhado de madeira que está apoiado em ambos os lados de sua
baia.

Julia agarra a porta do touro, sob o pretexto de apoiar a si


mesma.

celia aaron
“Levante-se, sua puta velha!”

“Ela machucou a perna.” Dou um passo entre a arma e


Julia. “Dê-lhe um segundo.”

“Você sabe o quê? Foda-se. Vamos acabar com isso.” Ele


levanta a arma, o cano apontado bem entre os meus olhos.

celia aaron
C A P Í T U L O 17

INGRAM

Escancaro a porta do celeiro e corro para dentro quando o


maior touro deste lado do Mississippi avança para fora de sua
baia. Julia e Molly se afastam, correndo atrás de uma pilha de
fardos de feno quando o mundo desaba.

Perry Piper está à três metros na minha frente, ainda que


tenha se afastado rapidamente quanto o touro escapou
pisoteando em tudo, sua respiração vindo em rajadas quentes.

“Pare!” Perry aponta e dispara um tiro quando o ataco por


trás. A arma desliza pelo chão de concreto, e pela segunda vez
naquele dia, eu me encontro em uma briga com o idiota.

Nós brigamos até que eu consigo levantar em um joelho


acertar meu punho em seu rosto. Ele uiva quando seu nariz
esmaga contra o meu punho – novamente – e tenta me tirar de
cima dele enquanto me mantenho sobre ele, atingindo-o com
toda minha força. Minhas mãos ardem pelo esforço, mas o
pensamento dele tentando machucar minha Molly me
transformou em um demônio. Eu não vou parar até que ele esteja
destruído no chão.

“Ingram, o touro!” Molly espia por trás da pilha de feno, e


eu me jogo para o lado bem quando o touro avança mais, seu
casco da frente somente a alguns centímetros de distância da
cabeça de Perry.

Ele tosse e cospe, em seguida, rola para longe do touro.


Sangue escorre pelo seu rosto enquanto ele luta para ficar de
joelhos. Quando ele fica de quatro, estende a mão para a arma

celia aaron
em um pequeno monte de feno. Corro para agarrá-la primeiro,
mas o touro bate as patas no chão e avança, deixando cair a
cabeça e fixa Perry abaixo dela.

“Que porra é essa?” Perry grita quando o touro dobra seus


joelhos e agacha-se em cima dele.

Chuto a arma, mas o touro bufa para mim, seus olhos


escuros tão ameaçadores como seus ruídos.

Recuando, ergo minhas mãos, tentando parecer inofensivo.


“Whoa, rapaz.”

Um grunhido profundo soa em seu peito, e sua cauda


agita. Ele começa a empurrar, os movimentos tão fortes que Perry
se arrasta pelo chão em minha direção.

“Pare!” Perry tenta escapar do touro. Não havia nenhuma


maneira de escapar. O touro não ia parar até que conseguisse o
que queria. E, naquele momento, inseminar Perry era a única
coisa na mente do animal.

Agarrando a arma, corro para onde Molly e Julia estão


agachadas. “Vocês estão bem?” Puxo Molly para o meu peito.

Ela coloca os braços em volta de mim, seu aroma de


morango fazendo cócegas no meu nariz. “Estou bem. Estamos
bem. Você nos salvou.”

Os gritos de Perry ecoam pelo celeiro, mas não me importo.


Tanto quanto estou preocupado, seria uma vitória se o touro
sufocasse ele com um balde de esperma.

Julia fala irritada. “Tenho certeza que eu nos salvei


deixando Bruiser de Nelly escapar.” Ela olha por cima dos fardos
de feno. “Perry ficará com a bunda doendo quando isso tudo
acabar.”

Coloco o rosto de Molly em minhas mãos. “Tem certeza que


não está ferida?”

celia aaron
“Sim.” Ela encontra meus olhos, seus azuis
impressionantes, mesmo na luz baixa do celeiro. “Estou bem.
Estamos bem. Perry estava tentando ficar com nossas fazendas.
Ele ia incriminar você trazendo meus animais aqui. Então, ele ia
nos...” a voz dela desaparece enquanto minha raiva assume uma
nova vida. Se Perry não estivesse levando uma surra do touro, eu
o teria matado com minhas próprias mãos.

Em vez disso, eu beijo Molly, não tão suavemente como


deveria, mas com todo o sentimento que eu possuía. Ela se
derrete em meus braços enquanto Julia resmunga e manca se
afastando para verificar os outros animais. Levanto-a,
segurando-a perto de mim, e ela me abraça apertado.

Os lábios dela junto a minha orelha causam arrepios na


minha coluna. “Pensei que nunca iria vê-lo novamente.”

“Eu não deixaria isso acontecer. Nem você deixaria.”

“Chefe?” Zane entra no celeiro, seu rosto pesado com o


sono. “Que diabos?” Ele avança, como se para tentar impedir a
sessão do touro com Perry.

“Deixe-o!”

“Mas chefe...” seus olhos ficam mais largos do que os meus


pratos de jantar.

Molly dá um passo adiante, embora suas pernas parecem


um pouco fracas. “Ele trouxe Julia e eu até aqui para nos matar.
Então ia matar Ingram e tomar nossos dois ranchos. Foi ele que
esteve roubando por aqui.”

“Oh.” Zane assente então bate palmas para o touro. “Nesse


caso, continue, meu amigo.”

“Vamos.” Pego a mão de Molly e levo-a para fora do celeiro.


“Zane, vou chamar o xerife quando voltar para a casa, por isso
esperamos companhia em breve. Você pode querer afastar o

celia aaron
touro dele antes de chegarem aqui, mas não muito tempo antes
disso. Você entendeu?”

“Claro que sim.” Zane tira o chapéu para mim. “Vou olhar
estrada. Droga, esse é um belo touro.”

Perry grita um pouco mais, mas Bruiser de Nelly não


mostra sinais de desistir. Viro as costas para a visão, e espero
que o tempo a apague.

Quando saímos do celeiro, Molly para de repente. “Mas


Julia-”

“Está segura com Zane,” termino para ela e a ajudo entrar


na caminhonete. Corro para o lado do motorista, a dor no meu
joelho mal registrada depois da noite que tive. Eu precisava levá-
la em algum lugar seguro e quente, em algum lugar que eu
pudesse fazer uma análise dela, garantir que não ficou ferida.

Acionando o aquecedor, dou marcha ré e volto para a


minha casa. “Você está quente? Venha aqui.” Puxo-a mais perto
de mim e envolvo meu braço em torno dela.

Ela estremece, e isso saiu com sua voz. “Estou bem.”

“Não, não está. Você provavelmente está entrando em


choque.” Raiva me domina em pensar no que Perry tinha feito.
Mas outro pensamento afasta esse. Olho para o horizonte,
procurando mais faróis. “Onde estava aquele bastardo do Trey?”

“Ele não sabia. Pelo menos acho que ele não sabia. Perry
armou tudo. Ele estava tentando enganar o seu irmão.”

Não estou inteiramente certo se Perry estava dizendo a


verdade sobre suas intenções, mas eu não dou a mínima.
Enquanto ele recebesse o que viria para ele – tanto do touro
quanto do xerife – isso era tudo que eu precisava. “Você está
segura. Isso é tudo o que importa para mim.” Meus olhos
começam a arder, e a estrada fica nebulosa. “Quando pensei que
tinha perdido você,” e essas lágrimas? Se controle, Ingram.

celia aaron
“Quase fiquei louco. E então descobri a pista que você deixou. Eu
a segui. E teria te seguido até os confins da terra.”

“Shh.” Seus lábios macios sussurram em meu rosto.


“Estou bem agora. Tão segura quanto posso estar.” Ela limpa
meu rosto, então aconchega a cabeça sob a minha, meu coração
provavelmente batendo em seu ouvido. Ele era dela – meu
coração, meu tudo, tudo.

celia aaron
C A P Í T U L O 18

MOLLY

O que era aquele cheiro tentador?

Rolo na cama e olho para o mundo branco lá fora. A


tempestade de neve tinha chegado logo após o almoço do dia
anterior. Ingram, Julia, Zane e eu tínhamos trabalhado até o
último momento para conseguir alimentar todos os animais, e
abriga-los antes que a neve se tornasse muito intensa para fazer
qualquer coisa.

O Xerife Crow tinha levado Perry sob custódia, e Trey tinha


aparecido, seu rosto definido em uma máscara imponente de
fúria. Eu seriamente duvidava que Perry teria a justiça que
merecia – não neste condado fraudulento – mas pelo menos ele
não seria capaz de escapar da ira do seu irmão. Além disso, eu
estava certa que se Ingram visse aquele idiota novamente, Perry
desejaria outro encontro com Bruiser de Nelly ao invés de lidar
com o meu homem.

Meu homem. Sorrio no meu travesseiro e sinto o cheiro de


canela subindo as escadas. Levanto e coloco uma roupa, desço as
escadas para ver o que Ingram estava cozinhando. Zane ronca no
sofá, com o chapéu cobrindo o rosto e Tanya dorme ao seu lado,
com Earl, o cão de caça, envolto em seus pés. Julia tinha se
retirado para sua cabana, tranquilizando a todos que ela poderia
cuidar de si mesma. Ela nunca muda, não que eu quisesse isso.

Ingram está de pé na frente do fogão, sem camisa e assobia


enquanto o bacon frita. “Maldição.” Ele vira uma torrada francesa
em uma das minhas frigideiras de ferro e cutuca o bacon à
distância.

celia aaron
Eu estava prestes a sugerir que, se ele colocasse uma
camisa, não seria um problema, mas segurei minha língua. Ter
esse tipo de corpo em exibição na minha cozinha enquanto
prepara meu café da manhã vale qualquer dor que ele pode estar
sofrendo. Deslizo atrás dele e pressiono beijos por suas costas
fortes.

“Bom dia.” Seu tom baixo excita os meus mamilos, e eu


pressiono meu corpo contra o dele.

“Feliz Natal.” Arrasto os dentes sobre seu tríceps.

“Mulher, você tem que parar com isso ou não serei capaz
de terminar seu café da manhã. Eu quero você bem alimentada
para o que planejei.”

“Você planejou alguma coisa?”

“Claro.” Ele serve o bacon e a torrada francesa. “O café está


pronto, se você estiver interessada.”

“Sempre.” Pressiono mais alguns beijos em suas costas


antes de servir duas canecas com o néctar dos deuses e sentar-
me à mesa. “Devo acordar o Zane?”

“Deixe-o dormir. Ele merece. Além disso, quero passar todo


o meu tempo com você.” Ele me dá um sorriso preguiçoso que
parece ficar mais atraente cada vez que o vejo. “Calda?”

Balanço a cabeça e ele derrama um pouco em cima da


minha torrada antes de encharcar a sua também. A primeira
mordida foi nada menos do que o céu. “Meu Deus, essa torrada
está incrível. É como a melhor torrada francesa do mundo. Vou
precisar da receita.”

“Não, você não precisa.” Ele coloca um pedaço crocante de


bacon em sua boca.

“Oh?”

celia aaron
“Porque eu estarei aqui sempre que quiser torrada
francesa.”

Eu queria me jogar sobre a mesa e lamber a calda


diretamente dos seus lábios. Mas tento acalmar meu coração e
pensar com a minha cabeça. Isso tudo era muito rápido?

“Pare de fazer isso.” Ele segura outro pedaço de torrada


entre seus lábios pecaminosos, e parece completamente rude e
desordenado com os hematomas ao redor de seu olho esquerdo
em consequência da sua briga com Perry.

“O que?”

“Você pensa demais sobre isso.” Ele faz um gesto entre nós
com o garfo. “O que nós vamos fazer.”

“Eu não estou-”

“Você está.” Ele sorri novamente. “Suas sobrancelhas


unem no meio quando você está fazendo isso.”

“Você não sabe disso.” Forço meu rosto a relaxar e dou


outra mordida em sua deliciosa refeição, intercalando com o café.

“Conheço você, Molly. Eu sei que você acha que isto é tudo
muito repentino, e que talvez nós estamos apenas, eu não sei,
ainda muito agitados com tudo o que aconteceu ontem, mas não
é desse jeito.”

“Então, como é?”

“Eu acho que você sabe.” Ingram me olha por cima da


borda de sua xícara de café enquanto toma um grande gole,
balançando seu pomo de Adão.

“Amor?” Eu tinha pensado muito na palavra. Toda vez que


olhava para ele, essas quatro letras balançavam nas bordas da
minha mente.

Ele assente. “É isso. Eu nunca me senti assim. Nem uma


única vez em trinta e cinco anos. Você já?”

celia aaron
Lentamente balanço minha cabeça. “Mas eu tenho apenas
vinte e cinco anos,” acrescento com um sorriso.

“Exatamente.” Ele ignora o meu último golpe e termina seu


café. “Eu entendo se você estiver nervosa, mas posso te fazer
algumas promessas agora. Eu nunca vou te machucar, não
intencionalmente. Se alguma vez levantar a mão para você, você
tem a minha permissão para se afastar de mim e nunca olhar
para trás. Vou viver cada dia com a intenção de fazer você feliz. E
farei o meu melhor para te merecer, embora nunca irei. Mas não
será tudo arco-íris e rosas. Espero que vamos discordar, às vezes.
E eu posso ser teimoso-” ele arqueia uma sobrancelha para mim.
“Ou assim me disseram. Além disso, sou ciumento. É apenas a
minha natureza quando se trata de você. Não vou te
compartilhar. Nunca. Mas prometo a você, aqui mesmo, mais da
melhor torrada francesa do mundo, e que eu irei amar você cada
momento que meu coração bater. Ele vai bater por você e só
você.”

Meu coração nunca esteve tão cheio. O amor em seus


olhos, a convicção em sua voz – tudo isso corta minhas camadas
até que toca a minha alma. Suas promessas foram feitas com
couro, trabalho duro, e aço. Todas as coisas que eu conhecia e
respeitava, e as coisas que eu sabia que nunca poderiam ser
quebradas.

Ele se levanta e caminha ao redor da mesa. “Peguei uma


coisa para você quando fui na minha casa ontem à noite. Um
presente de natal.” Ficando de joelho, ele tira um anel do bolso,
uma safira brilhando em seu centro. “Este pertencia a minha
mãe. Eu nunca pensei que teria um uso para ele. Não até que
você apareceu de volta na minha vida.”

Pressiono minhas mãos no meu rosto enquanto o olho,


descrença somando-se as emoções aumentando dentro de mim.
“Ingram.” Minha voz falha.

“Quer se casar comigo?” Ele oferece o anel para mim, a


safira brilhando junto com as lágrimas nos seus olhos.

celia aaron
Havia apenas uma resposta. Uma palavra que era tão certa
que praticamente saltou da minha língua. “Sim.”

Ele coloca o anel no meu dedo e me puxa em seus braços.


Facilmente me pega no colo e leva pelo corredor.

“Mas o café da manhã...” olho para a torrada francesa,


uma vez que desapareceu de vista.

“Farei um novo para você. Mas neste exato momento, eu


preciso selar o negócio.”

“Com medo que eu vou mudar de ideia?”

“Com medo de você voltar aos seus sentidos e fugir. Quero


você satisfeita, muito cansada para se mover, muito menos
mudar de ideia.”

Sorrio quando passamos por Zane, que estava começando


a se mexer.

“O café da manhã está na cozinha. Se você não quer ouvir


todas as coisas ilegais que estou prestes a fazer à minha futura
noiva, sugiro que você o pegue e vá embora.”

“Uh.” Zane senta-se e esfrega os olhos enquanto Ingram


sobe as escadas comigo em seus braços. “Parabéns?”

“Obrigada,” respondo e afundo minhas unhas nos ombros


de Ingram quando o calor sobe em minhas bochechas. “Você é
incorrigível.”

“Você não tem ideia, Molly.” Ingram sorri, e de repente o


calor espalha mais abaixo, muito embaixo, e eu me contorço em
seus braços.

Ele me leva para o meu quarto e me senta na cama. “Quero


ver você inteira. Cada pedaço de pele.”

“Acho que você já viu.”

celia aaron
“Como se eu pudesse ter o suficiente.” Ele balança a
cabeça e recua um passo, as mãos indo para sua cintura. “Tire a
roupa para mim.”

Ingram empurra as calças para baixo, sua grossa ereção


apontando para seu umbigo.

Minha boca saliva com a visão, e eu tiro minha camiseta


lentamente, em seguida, jogo-a no chão.

Ele agarra seu pau, acariciando lentamente.

É tão errado, tão erótico. Eu posso sentir meu coração


entre as minhas pernas, enquanto ele olha para os meus seios
nus, os mamilos endurecendo sob seu olhar. Meu instinto era
para me envergonhar, mas o fogo em seus olhos me diz que ele
gosta de tudo que vê. E eu me alegro com o poder que isso me dá,
o desejo puro que acende dentro de mim.

“Mais.” Sua voz caiu uma oitava.

Levanto e viro de costas para ele, em seguida, empurro


minha calça e calcinha pelos meus quadris, curvando-me um
pouco mais do que o habitual para retirar tudo.

“Jesus, mulher. Eu poderia gozar apenas com esse ponto


de vista.”

Viro e caminho em direção a ele, levantando-me na ponta


dos pés para reivindicar seus lábios enquanto deslizo a mão em
torno do seu pau. Ele coloca a mão em cima da minha,
orientando-me a acariciá-lo de forma constante. Seu gemido
retumba contra mim, e cada golpe o faz enrijecer mais e mais. A
excitação escaldante dentro de mim fez um milhão de
pensamentos selvagens correrem pela minha mente, cada um
deles envolvendo posições e cenários que eu queria tentar com
ele. O primeiro, porém, era experimenta-lo.

celia aaron
Depois de mais um golpe da minha língua contra a dele,
caio de joelhos e reivindico a cabeça do seu pau entre meus
lábios.

Ingram olha para baixo, cada músculo nele se contraindo.


“Pelo amor de Deus.”

Sorrio e o coloco em minha boca, a gota salgada do pré-


gozo desliza em minha língua.

Seus quadris empurram para a frente, e ele afunda as


mãos no meu cabelo. “Droga, Molly. Droga.”

Pressiono a ponta contra o fundo da minha garganta, então


abrando antes de engasgar. Agarrando sua base, balanço a
cabeça sobre ele, esfregando seu pau contra o céu da boca e
pressionando contra a parte inferior com a minha língua. Pressão
constante e golpes suaves. Seus quadris balançam no meu ritmo,
e ele nunca afasta os olhos de mim enquanto estou lambendo e
chupando.

“Se você não parar, eu vou gozar.”

Faço um som de “mmm” e continuo.

“Molly,” Sua voz está como vidro quebrado quando ele


agarra meus ombros e me puxa para cima, então me leva de volta
para a cama. “Vou gozar dentro da sua buceta doce. Quando eu
disser. Não antes.”

Senhor, eu não queria que ele parasse, mas respondo, “Eu


não estou no controle de natalidade.”

“Bom.” Ele paira sobre mim, a cabeça do seu pau


empurrando contra o meu núcleo liso. “Nós somos para sempre,
Molly. Você e eu. Com filhos ou sem filhos. Vai ser sempre nós
dois. Está tudo bem com você?”

A intensidade em seus olhos, o puro amor em suas


palavras – eu queria tudo, tudo o que ele descreveu e muito mais.

celia aaron
Uma palavra sussurrada, e assim foi feito. “Sim.”

Ingram empurra para dentro.

Solto um gemido lamentando o formigamento repentino e a


deliciosa onda de sensação. “Ingram.”

“Amo o meu nome saindo dos seus lábios vermelhos.” Ele


me beija e empurra de novo, acomodando-se totalmente dentro
de mim ao ponto que é quase desconfortável. Então ele desliza
para fora, seu pau revestido com minha umidade, e faz amor
comigo. Lentamente no início, com doces beijos e toques
reverentes.

“Mais forte.” Arrasto minhas unhas pelas suas costas.

“Oh, inferno, mulher.” Era como se ele estivesse esperando


por mim pedir, porque ele imediatamente aumentou o ritmo.
Cada golpe batendo contra o meu clitóris, seu peito esfregando
meus mamilos enquanto ele belisca e chupa meu pescoço.

“Preciso olhar você montando meu pau. Mostre-me.” Ele


rola, mantendo-se firmemente dentro de mim, e eu me sento.

Estou completamente nua, junto com ele na maneira mais


íntima e estou livre. Ele segura meus seios enquanto levanto e
afundo em seu pau.

A maneira como ele olha para mim – como se eu fosse a


coisa mais sexy viva – me faz enroscar as mãos no meu cabelo
enquanto eu deslizo meus quadris para trás e para frente, o meu
clitóris esfregando contra ele com cada impulso. Inclinando-se,
ele reivindica um mamilo em sua boca e belisca o outro. Eu
balanço sobre ele, levando seu pau mais profundamente
enquanto eu afundo contra ele, perseguindo minha libertação.

Não consigo parar, minha respiração rápida e forte, e meus


quadris assumem. Ingram me puxa para ele e agarra minha
bunda, me empurrando contra ele de modo que cada movimento
criado fica ainda mais delicioso com o atrito.

celia aaron
“Eu não consigo segurar, não assim.” As palavras dele
saem através de seus dentes cerrados.

“Não posso parar. Eu vou gozar.” Minha respiração falha,


meus quadris sobrecarregam e gozo. Ele rouba meu grito com um
beijo profundo enquanto desço pela cachoeira de felicidade.

“Posso sentir você me apertando. Tão bom.” Ele impulsiona


forte, e seu pau golpeia dentro de mim quando geme alto com sua
libertação. “Molly.” Seus dedos afundam em meus quadris
enquanto eu gemo através de cada onda perfeita de prazer.

“Essa é minha garota.” Ele acaricia minhas costas quando


desabo sobre o seu peito. “Essa é a minha Molly.”

Nossas respirações voltam ao normal, nós dois saímos da


nuvem de euforia que apenas nós poderíamos criar um para o
outro.

“Aquilo foi …”

Ele beija minha testa. “Perfeito.”

“Eu ia dizer ‘um bom começo’.”

Ele suspira alto. “O quê?”

Olho para ele através dos meus cílios. “Eu só acho que
talvez devêssemos fazer isso oficial novamente.”

Ele passa a mão pelo meu cabelo e segura. “Acho que você
está certa, mas desta vez, vou precisar montar você no estilo
rancheiro.”

Sorrio contra seu peito. “Você é sujo, Sr. Brady.”

“Sobe e desce, querida.” Ele bate na minha bunda. “Sobe e


desce para selarmos o negócio.”

celia aaron
Aconchegamo-nos em frente ao fogo, Earl e Tanya roncam
em harmonia no tapete. O luar brilha através do manto branco
cobrindo o rancho, e a árvore de natal emite um brilho amigável.
Olho para o anel de safira no meu dedo e admiro o rumo dos
acontecimentos.

“Você acha que papai ficaria feliz?”

“Sobre você se casar com um velho grosseiro como eu?” Ele


ri. “Não posso dizer que sim.”

Sorrio. “Ele amou você como um filho. Você sabe disso tão
bem quanto eu. Acho que ele ficaria contente por nós estarmos
juntos.”

“Isso acabou de desviar para um território estranho. Quer


dizer, se sou como o seu irmão, então-”

Bato em seu braço. “Você sabe o que eu quis dizer!”

“Eu sei.” Ingram ri. “Acho que ele ficaria feliz sabendo que
nos encontramos. E às vezes eu me pergunto se ele não queria
isso o tempo todo. Mas você nunca poderia dizer com ele, sabe?”

“Papai sempre disse que queria que eu fosse feliz, acima de


qualquer outra coisa.”

“Você é?” O ligeiro toque de tensão em sua voz acalma toda


preocupação que eu possa ter tido. Ingram se importa o
suficiente para perguntar, e estava realmente interessado na
minha resposta.

“Mais do que pensei ser possível.”

“Eu te amo.” Ele beija o topo da minha cabeça e passa as


pontas dos dedos sobre meu braço. “Mais do que jamais pensei
que pudesse amar qualquer coisa. E obrigado.”

“Pelo quê?” Viro-me e olho em seus olhos, a vacilante luz


do fogo aquecendo-os.

celia aaron
Ele me beija, firme mas suave, sua boca me aquecendo
mais do que o fogo.

Com mais uma pressão de seus lábios, ele se afasta e


passa seu polegar em minha bochecha. “Por me dar o melhor
natal da minha vida.”

celia aaron

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