Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
POCH-03-5470-FSE-000666
Objetivos:
❖Descrever a composição química da uva e identificar a sua relação com a qualidade do vinho.
❖Caracterizar os diferentes tipos de maturação das uvas.
❖Explicar a variação dos principais compostos da uva no decorrer da maturação.
❖Determinar índices de maturação.
❖Determinar as datas da floração média da vinha e do pintor e referir o seu interesse prático.
❖Realizar o controlo analítico de mostos.
❖Aplicar métodos de controlo de maturação e proceder à marcação da data da vindima no estado de
maturação ótima e adequado aos vinhos a produzir.
❖Identificar os critérios de valorização da matéria-prima à receção na adega.
❖Orientar e realizar a vindima numa exploração vitivinícola, utilizando os critérios de qualidade
adequados.
Conteúdos:
❖Composição da uva Fases da evolução do bago de uva
Componentes do cacho e sua proporção Variação dos principais compostos da uva ao longo
da maturação (açúcares, ácidos orgânicos,
Constituição do bago substâncias azotadas, substâncias aromáticas,
aromas no bago, compostos fenólicos, atividade
Composição química do bago (película, polpa e enzimática, vitaminas)
grainha)
Migração das matérias minerais
Composição química do engaço
Modificação das paredes celulares
❖Maturação da uva
Determinação das datas da floração e do pintor
A maturação e a sua importância enológica
A importância da superfície foliar na maturação
Tipos/conceitos de maturação (fisiológica, vitícola,
aromática, fenólica, industrial, enológica
/tecnológica)
Composição da uva
Composição da uva
Pincel – parte do bago que fica presa ao engaço quando as uvas são
desengaçadas na vinícola ou arrancadas durante a colheita mecânica;
Polpa – em volume. Este é o principal ingrediente do vinho, contendo
açucares, ácidos e principalmente água. A polpa de quase todas as uvas
tem esta cor cinza;
Grainha – semente/caroço - a forma, o tamanho e o numero de
grainhas difere para as diversas variedades de uvas. Todas as grainhas
libertam taninos (os taninos encontram-se principalmente nas cascas,
sementes e engaços - os cabinhos da uva. Assim como os açúcares da
uva, eles também passam por um amadurecimento e, conforme se
atinge esta maturidade, perdem agressividade, tornando-se macios e
sedosos) amargos quando esmagados;
Composição da uva
Pele – casca, pelicula – o ingrediente principal na produção do vinho tinto,
contendo uma lata concentração de taninos, corantes e compostos que
determinam o sabor do vinho.
Engaço – talo – á medida que as uvas chegam ao amadurecimento fisiológico
completo, os engaços transformam-se de carnudos de cor verde para
enrijecidos de cor castanha. Os engaços podem dar um gosto azedo ao vinho.
Componentes
do cacho
Componentes do cacho e sua proporção
Constituição do bago
Composição química do
bago (película, polpa e
grainha)
Composição
química do
engaço
Maturação
da uva
A maturação e a sua importância
enológica
A maturação fenólica em uvas tintas é uma importante ferramenta
de ajuda na decisão de vindima.
O conceito de maturação depende não só do grau ou estado de
acumulação dos compostos químicos da uva e do volume do bago,
mas também dos objetivos a dar à produção: uva de mesa, uva-
passa, ou uva para vinho, e, dentre estes, quais os tipos e níveis de
características qualitativas. O crescimento do bago, processa-se,
desde o vingamento à maturação.
A maturação e a sua importância
enológica
A análise da maturação fenólica é baseada na evolução dos compostos fenólicos
presentes nas peliculas e nas grainhas da uva. Considera-se que a uva está
madura quando a extratibilidade dos taninos das sementes diminui, a
concentração das antocianinas e taninos da pelicula aumenta e a degradação
das paredes celulares da pelicula facilita a extração destes compostos (Glories,
1991; Guerra, 2002).
O acompanhamento da maturação fenólica é útil para determinar a melhor
época de colheita das uvas tintas, para testar a adaptação das variedades às
diferentes regiões de cultivo e para adaptar as condições de vinificação à uva
produzida, visando a elaboração de vinhos de qualidade.
Tipos/conceitos de maturação (fisiológica,
vitícola, aromática, fenólica, industrial,
enológica /tecnológica)
A maturação fisiológica – atinge-se quando as grainhas estão aptas a germinar.
Não tem importância tecnológica;
Maturação industrial – privilegia a concentração máxima de açúcar ou mínima
de acidez total. Embora sejam importantes, a marcação da data da vindima não
deve reduzir-se a estes parâmetros;
Maturação aromática – considera o momento em que se atinge um teor
elevado em compostos aromáticos agradáveis, e baixo teor em aromas
desagradáveis, como os que imprimem aromas herbáceos. Pretende-se
maximizar aqueles compostos em teros de quantidade e qualidade. É muito
difícil de determinar e devem-se realizar degustações simples dos bagos para
avaliar e prever a concentração aromática máxima;
Tipos/conceitos de maturação (fisiológica,
vitícola, aromática, fenólica, industrial,
enológica /tecnológica)
Maturação fenólica – considera a riqueza em antocianas (derivados de sais flavílicos, solúveis
em água, que na natureza estão associados a moléculas de açúcar. São pigmentos pertencentes
ao grupo dos flavonóides responsáveis por uma grande variedade de cores de frutas, flores e
folhas que vão do vermelho-alaranjado, ao vermelho vivo, roxo e azul. Em particular, são os
responsáveis pela cor rubi-violácea (cor "bordô") do vinho tinto jovem. Sua função é a
proteção das plantas, suas flores e seus frutos contra a luz ultravioleta (UV) ) e também a
evolução dos taninos, a sua estrutura e origens.
Maturação enológica – momento em que os principais composto do bago (açucares, ácidos,
compostos aromáticos, fenólicos, ….) estão na concentração e nas relações mais favoráveis
para a obtenção de um determinado tipo de vinho;
Fases da
evolução
do bago
de uva
Fases da evolução do bago de uva
❖Formação do bago;
❖Período de crescimento herbáceo;
❖Pintor
❖Maturação
❖Sobre maturação;
Formação do bago:
Período de crescimento herbáceo:
Pintor:
Maturação
Variação dos principais compostos da
uva ao longo da maturação
O processo de maturação das uvas inclui um conjunto de reações físicas e bioquímicas,
que começa no pintor e acaba com a uva madura, ou seja, quando esta atinge o
potencial máximo de cada componente, para ser sujeita a transformações enológicas
ou consumo (González-Sanjosé M. B., 1991) (Palacios, 1986).
As transformações que ocorrem nas uvas durante a maturação não ocorrem
simultaneamente. De forma gera podemos distinguir vários estados diferentes de
ótimos de maturação que não costumam coincidir no tempo, são esses; maturidade
fisiológica (germinação), industrial (quando atinge maior peso e concentração em
açúcar sem decréscimo dos ácidos) e tecnológica (quando atinge as características
ótimas para o seu destino final tendo em conta o tipo de vinho que se deseja produzir).
(Perez-Magariño S. G.-S., 2006) (Robredo, 1991).
Variação dos principais compostos da
uva ao longo da maturação
o processo de maturação vai determinar a qualidade da uva, daí que o momento
da vindima seja um importante fator na produção de vinhos com qualidade .
Para uvas tintas pode-se ainda empregar a medida da cor como método
complementar do acompanhamento da maturação. O objetivo é colher a uva
no ponto máximo de intensidade da cor, visando à produção de vinhos tintos
encorpados e de alta qualidade.
Para uvas brancas, pode-se avaliar a qualidade aromática. Como os métodos
de análise de aromas são caros, emprega-se usualmente a degustação de bagas
como ferramenta de análise. Nela, avalia-se a qualidade dos aromas, que
devem ser relativamente intensos e característicos de cada cultivar. A presença
de aromas de cozido ou uva passa denota que esta já está na fase de
sobrematuração.
Índice de maturação
Em resumo, um controle completo da maturação de uvas tintas
visando à elaboração de vinho de qualidade compreende o
acompanhamento da evolução de açúcares, ácidos, taninos e
antocianinas. Para uvas brancas, dever-se-ia proceder ao
acompanhamento da evolução de açúcares, ácidos e aromas. Como
o acompanhamento destes últimos via análises químicas é de difícil
execução, uma ferramenta complementar de acompanhamento da
maturação (também muito usada para uvas tintas) é a degustação de
bagas.
Índice de maturação
A degustação consiste em avaliar os atributos da uva que estão em
relação direta com a qualidade do vinho. Assim, em uma amostra
de uva, a mais representativa possível do vinhedo, avalia-se a cor e
a aptidão ao esmagamento das bagas, a aptidão do grão a
destacar-se do pedicelo, a doçura, a acidez e os aromas herbáceos
e frutados da polpa, a espessura, a facilidade de dilaceração, a
intensidade tânica, a adstringência, a acidez, a secura dos taninos e
os aromas herbáceos e frutados das cascas e, por fim, a cor, a
textura, a intensidade tânica, a adstringência e o amargor das
sementes.
Controlo
da
maturação
Métodos vulgarmente utilizados (empíricos e
científicos) e sua aplicação na vinha
As vindimas devem ser realizadas casta a casta. A uva deve estar com a maturidade desejada e deve ser
colhida rapidamente. Um modo de determinar com mais rigor a data de vindima, alem de utilizar os
índices já descritos ou interpretar os valores encontrados, é realizar o controlo da maturação. A partir de
uma amostragem determinam-se os teores dos vários constituintes mensuráveis da uva. Ao faze-lo o
viticultor pode prever, dentro de certos limites, a data da vindima.
Este controlo deve ser iniciado durante a fase de maturação com periocidade cada vez menor, á medida
que caminha para o final desta fase. Estes controlos permitem seguir a marcha da maturação.
Existem vários tipos de amostragem:
•Por cepas
•Por cachos
•Por bagos
Amostragem e preparação da amostra
de bagos
A amostragem deve ser realizada uma vez por semana, no inicio da maturação, e posterior mente duas vezes
por semana.
Existe uma heterogeneidade de maturação na parcela, na casta, na videira e no bago. Para que a
amostragem seja representativa do estado de maturação global, devem seguir-se regras na amostragem.
▪A amostragem através de cepas é um método de controlo de maturação que consiste na escolha de uma
cepa representativa da parcela em estudo e posterior recolha de todos os seus cachos. Esta deve ser
realizada uma vez por semana, no início da maturação, e posteriormente duas vezes por semana.
A amostragem através de bagos é um método de controlo de maturação que consiste na recolha aleatória,
na parcela, e para que esta seja representativa do estado de maturação global e como tal, devem-se seguir
regras de amostragem. Usualmente são escolhidas quatro cepas por parcela, dezasseis cachos e de cerca de
250 bagos.
Quando se está a fazer uma amostragem com castas que possuem cachos compactos, deve-se proceder à
recolha do próprio cacho, uma vez que os bagos do interior apresentam um menor nível de maturação do que
o cacho do exterior, e como tal para uma representação real da parcela devem ser todos recolhidos
(RibéreauGayon et al., 2006).
Amostragem e preparação da amostra
de bagos
A forma de amostragem que se apresenta como a mais fidedigna é a
amostragem pelo método da colheita de bagos, uma vez que representa
melhor a heterogeneidade da parcela, abrangendo um maior número de
videiras, podendo as condições destas variarem, seja devido à exposição solar,
à altitude, à concentração de minerais, entre outros.
Durante a seleção, devemos excluir as videiras que não representem da melhor
maneira a realidade da parcela em estudo, excluindo-se desta forma, as videiras
mais vigorosas, as mais débeis, as que se encontram posicionadas numa maior
altitude, bem como as que se encontram plantadas em altitudes mais baixas.
Metodologia a seguir para a colheita de
bagos na vinha
Na amostragem por cepas devem ser colhidas 4 cepas por parcela, na de cachos devem ser
colhidos 16 cachos e na de bagos cerca de 250 bagos.
Esta recolha deve ser feita de forma aleatória, sem escolha, podendo adotar-se uma
metodologia de colheita (de 2 em 2 linhas, 2 bagos por cada videira….)
Devem seguir-se alguns princípios:
• Atender-se à alternância entre os cachos expostos ao sol e à sombra;
• Exclusão de videiras doentes;
• Atender-se à alternância da face interna e externa do cacho;
• A colheita dos bagos deve ser realizada sempre à mesma hora (evitar desvios
•dos dados e minimizar as variações).
• Exclusão de bagos atacados de podridão.
Pesagem dos bagos e extração do mosto
Depois da recolha dos bagos, estes são pesados, esmagados e é analisado o
mosto nos vários parâmetros físico-químicos, como a concentração de açúcar,
acidez total, pH, teor em ácido tartárico e ácido málico, glucose e frutose,
polifenóis totais, intensidade corante e antocianinas.
Para além dos métodos analíticos, a prova organolética dos bagos também é
uma importante ajuda no estudo da maturação e na determinação da data de
vindima, constituindo inclusive um método indispensável para uma melhor
definição da data de vindima (Magalhães, 2008).
Pesagem dos bagos e extração do mosto
No laboratório, os bagos devem ser separados, contados e pesados, e o seu mosto
recolhido através de uma prensa manual ou através de um separador centrifugo de
fruta.
O volume de mosto recolhido deve ser medido e os seus resultados expressos em
litros de mosto, sendo posteriormente determinadas quer as concentrações de
açúcares, quer as concentrações de ácidos.
Já para o estudo dos compostos fenólicos das uvas tintas é necessário fazer-se a
separação manual da pelicula das sementes, escolhendo-se cerca de 200 bagos da
amostragem, de forma aleatória.
Após esta separação, as peliculas e as grainhas são secas e liofilizadas para facilitar a
extração e a determinação do seu conteúdo fenólico, por outro lado para a
monitorização das substâncias cromáticas, mais precisamente das uvas brancas é
necessário recorrer-se à maceração das partes sólidas dos bagos com o mosto
(Ribéreau-Gayon et al., 2006).
Análises físico químicas
de uvas e mostos
Análises físico químicas de uvas e mostos
Para além dos métodos analíticos, a prova organolética dos bagos
também é uma importante ajuda no estudo da maturação e na
determinação da data de vindima, constituindo inclusive um método
indispensável para uma melhor definição da data de vindima
(Magalhães, 2008). Nos quadros seguintes poderão ser encontradas
fichas de prova dos bagos e da respetiva maturação.
Análises físico químicas de uvas e mostos
Dada a importância da prova organolética dos bagos, hoje em dia,
é usual assistir-se à realização de provas de bagos na própria vinha,
de modo, a que possa apreciar o equilíbrio entre açúcares e a
acidez, a adstringência, os sabores e os aromas primários, o grau de
maturação das grainhas, podendo-se deste modo, e de acordo com
a casta em questão, ter uma maior perceção de quando se deverá
iniciar a colheita da casta em questão (Magalhães, 2008).
Massa volúmica a 20ºC /grau “Brix”
(areometria e refractometria)
A massa volúmica do mosto e vinho foi determinada, por areometria, de acordo com a técnica
analítica descrita em OIV (2014), no laboratório da empresa. As determinações foram efetuadas
ao longo de todo o processo de fermentação. Em simultâneo era medida a temperatura através
de um termómetro de mercúrio.
A evolução da massa volúmica depende da temperatura do mosto ao longo da fermentação
alcoólica das três cubas monitorizadas. A massa volúmica inicial ronda os 1085 g/L e ao longo
do processo de fermentação vai diminuindo até atingir um valor de cerca de 992 g/L no final da
fermentação alcoólica.
Relativamente à temperatura podemos verificar que, ao longo da fermentação, aumenta
gradualmente desde os 13°C no início até aproximadamente 18°C no final.