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Universidade Federal de Uberlândia

FEELT – Faculdade de Engenharia Elétrica

Experimental de Circuitos Elétricos 2

CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS


RELATÓRIO 4

Docente: Wellington Maycon Santos Bernades


Discentes:
Leonardo Humberto Tavares Pereira 11611EEL003
Pedro Henrique de Miranda Nogueira 11921EBI008
Renes Nogueira Júnior 11311EBI027

Uberlândia, Maio de 2021.


Sumário
1. Objetivos............................................................................................................... 3

2. Introdução Teórica................................................................................................ 3

2.1. Medição de potência no sistema trifásico……………………………………….5

3. Preparação do Experimento.................................................................................. 5

3.1 Materiais Empregados...........................................................................................5

3.2 Montagem..............................................................................................................5

3.2.1 Carga em Delta....................................................................................................5

3.2.2 Carga em Estrela………………………………….............................................7

4. Simulação Computacional.....................................................................................9

5. Cálculos dos resultados........................................................................................ 15

6. Produtos, Tecnologias e Situações do Cotidiano..................................................18

7. Conclusão..............................................................................................................19

8. Referências bibliográficas.....................................................................................20
1. Objetivos
Verificar experimentalmente os conceitos teóricos sobre as relações existentes entre tensões de fases
e de linhas em cargas ligadas em estrela, e correntes de fases e de linhas em cargas ligadas em triângulo.
Além disso, comparar os resultados com os valores obtidos utilizando uma análise teórica.

2. Introdução Teórica
Os sistemas trifásicos são a forma mais comum de geração, transmissão e distribuição de corrente
alternada. Comparado com três sistemas isolados, este tipo de sistema é mais eficiente porque utiliza três
ondas senoidais distantes 120º uma da outra para equilibrar o sistema. Esse recurso permite que os motores
trifásicos aumentem a eficiência fazendo uso mais completo do circuito magnético. Em uma linha de
transmissão, o acoplamento entre as fases irá reduzir significativamente o campo eletromagnético,
aumentando assim seu fator de potência, reduzindo assim a perda de potência na linha. Além disso, o
sistema trifásico permite a conversão efetiva entre dois níveis de tensão diferentes.
O sistema de geração de energia é composto de elementos responsáveis pela conversão de certas
fontes importantes de energia em energia elétrica e quaisquer outros componentes da unidade de geração de
energia. Já o sistema de transmissão composto por componentes responsáveis por transmitir a energia
obtida por diversos sistemas de geração de energia ao sistema de distribuição de energia interligado pelo
sistema de transmissão. Contudo o sistema de distribuição é composto por elementos responsáveis pela
energia suficiente para grandes, médios e pequenos consumidores. A transmissão da energia elétrica é
realizada por meio de um sistema transformador e condutor elétrico, também denominado linha de
transmissão, que transmite a energia elétrica gerada na unidade geradora de energia para a unidade
consumidora ou carga. O sistema de transmissão permite que a tensão do terminal gerador localizado na
unidade de geração de energia atinja o fornecimento de energia da unidade consumidora atendida pelo
sistema.

Existem dois modos distintos no qual consiste que as cargas trifásicas podem ser interligadas ao
sistema, são elas em delta e estrela.

Na configuração delta, um dos terminais das cargas é conectado a outro terminal de outra carga e as
fases do sistema são interligadas nos pontos de junção dos terminais da carga, aplicando as tensões de linha
na carga.

Em estrela, também chamado de Y, um dos terminais das cargas é conectado a uma das fases do
sistema enquanto o outro terminal é conectado a um ponto comum que é o neutro, aplicando as tensões de
fase na carga.
Na configuração em estrela, as relações entre tensão de linha e fase, e corrente de linha e fase são as
seguintes:

Em delta, também chamado de triângulo: nessa ligação, as cargas têm seus terminais
interconectados, formando um triângulo, e após isso, conecta-se uma fase da fonte para cada ponto de
junção dos terminais das cargas.

Na configuração em delta, as relações entre tensão de linha e fase, e corrente de linha e fase são as
seguintes:

Figura 1. Carga Estrela e Carga Delta.

FONTE: Oficina Brasil.

Um sistema trifásico genérico pressupõe, no mínimo, o triplo de trabalho para modelar o circuito de
cada fase e as interações entre eles. Um método de estudo consagrado são as componentes simétricas, no
qual um circuito trifásico pode ser decomposto em três circuitos monofásicos. Cada circuito representa uma
componente: zero, positiva e negativa (ou homopolar, direta e inversa).
2.1. Medição de potência no sistema trifásico

Nesse experimento, utilizaremos o método de 3 wattímetros para medição de potência (auxiliados


pelo medidor trifásico Kron Mult-KI) . A potência total do sistema pode ser medida por:

𝑃𝑇 = 𝑃𝐴 + 𝑃𝐵 + 𝑃𝐶

Onde PT é a potência total, e PA, PB, PC, são a potência medidas nas fases A, B e C
respectivamente.

3. Preparação do Experimento

3.1. Materiais

● Regulador de tensão (varivolt);


● Resistores de 50 Ω;
● Reatores de 160 mH;
● Medidor Trifásico Kron Mult-K;
● Amperímetro Analógico AC.

3.2. Montagem

3.2.1. Carga em Estrela


Primeiramente o estudo desse experimento restringiu-se a seis montagens, duas para a carga em
delta e quatro para a carga em estrela (com e sem o neutro), que se constituíram basicamente na utilização
de um varivolt trifásico como fonte, e impedâncias de igual valor a fim de se obter assim um circuito
equilibrado foi realizada a medida das grandezas presentes em um sistema trifásico equilibrado em ligação
estrela da seguinte forma: na figura abaixo, VL representa um voltímetro conectado para medir a tensão
entre linhas, enquanto VF representa um voltímetro conectado para medir a tensão fase-neutro, e AL
representa um amperímetro para medir as correntes de linha. Será aplicada uma tensão de linha igual a VL
= 100V com frequência de 60Hz.
Além disso, os parâmetros R, RL, e L utilizados são referentes aos equipamentos citados no tópico.
Figura 2. Ligação em estrela em sequência de fases abc (n = n’).

A partir da montagem acima, são obtidas as medidas da Tabela 1.

VL(V) VF(V) IL(A) IN(A) PF(W) PT(W) QF(Var QT(Var) SF(VA) ST(VA)
)

99,80 57,84 0,621 ZERO 22,24 67,32 28,30 84,47 35,77 108,7

100,90 57,80 0,628 22,30 28,49 35,19

100,40 58,52 0,628 22,71 28,72 36,57

Tabela 1. Com neutro conectado.

Após isso, o neutro é desconectado, e realizamos as medições novamente, assim alimentando os


dados da Tabela 2.

VL(V) VF(V) IL(A) IN(A) PF(W) PT(W) QF(Var QT(Var) SF(VA) ST(VA)
)

99,78 57,82 0,621 - 22,15 66,68 28,12 84,82 35,80 108,0

100,5 57,48 0,626 22,16 28,29 35,92

100,8 58,27 0,625 22,43 28,44 36,24

Tabela 2. Sem neutro conectado.


Sequencialmente, removemos as ligações das fases B e C, assim mantendo apenas a fase A e o
neutro conectados, e obtemos as medidas para a Tabela 3.

VL(V) VF(V) IL(A) IN(A) PF(W) PT(W) QF(Var) QT(Var) SF(VA) ST(VA)

100,4 57,96 0,613 ZERO 22,33 66,99 27,48 82,46 35,43 106,3

100,4 57,96 0,613 22,33 27,48 35,43

100,4 57,96 0,613 22,33 27,48 35,43

Tabela 3. Com neutro conectado.

Terminando o circuito carga em estrela, removemos o neutro na ligação descrita, e obtemos as


medidas para a Tabela 4.

VL(V) VF(V) IL(A) IN(A) PF(W) PT(W) QF(Var) QT(Var SF(VA) ST(VA)
)

100,4 57,96 0,613 ZERO 22,33 66,99 27,48 82,46 35,43 106,3

100,4 57,96 0,613 22,33 27,48 35,43

100,4 57,96 0,613 22,33 27,48 35,43

Tabela 4. Sem neutro conectado.

3.2.2. Carga em Delta

Para a segunda ligação, foi realizada a montagem de um sistema trifásico equilibrado em ligação
delta. Na figura abaixo, VL representa um voltímetro conectado para medir a tensão entre linhas, AL
representa um amperímetro para medir as correntes de linha e AF representa um amperímetro utilizado para
se medir a corrente de fase. Será aplicada uma tensão de linha igual à VL = 100V com frequência de 60Hz.
Além disso, os parâmetros R, RL, e L utilizados são referentes aos equipamentos citados no tópico 3.1.
Figura 3. Ligação em delta em sequências de fases abc.

VL(V) IF(V) IL(A) PF(W) PT(W) QF(Var) QT(Var) SF(VA) ST(VA)

1001,1 1,1 1,861 67,80 202,2 85,57 256,9 109,4 327,6

100,07 1,873 68,73 85,52 109,5

100,02 1,872 66,92 86,42 109,2

Tabela 5. Ligação em triângulo (TL = 0048)

VL(V) IF(V) IL(A) PF(W) PT(W) QF(Var) QT(Var) SF(VA) ST(VA)

100,2 1,1 1,86 67,05 200 84,71 254,1 108,1 323,8

100,4 1,875 66,92 85,01 108,1

99,69 1,864 66,01 85,12 108,0

Tabela 6. Ligação em triângulo (TL = 0049)


4. Simulação
Para realização da simulação utilizou-se o MultiSim.

Figura 4. Delta equilibrado sem IB.

Figura 5. Delta equilibrado.


Figura 6. Y equilibrado com neutro.

Figura 7. Y equilibrado sem neutro.


Figura 8. Y equilibrado A com neutro.

4.1 Gráficos da Simulação

Figura 9. Equilibrado Delta (Gráfico Corrente Fase).


Figura 10. Equilibrado Delta (Gráfico Corrente Linha).

Figura 11. Equilibrado Delta (Gráfico Tensão).


Figura 12. Equilibrado Y com Neutro (Gráfico Corrente).

Figura 13. Equilibrado Y com Neutro (Gráfico Tensão).


Figura 14. Equilibrado Y sem Neutro (Gráfico corrente).

Figura 15. Equilibrado Y sem Neutro (Gráfico de tensão).


Figura 16. Equilibrado Y só A com Neutro.

Durante a simulação, percebeu-se que a tensão e a corrente permaneceram as mesmas. Através da


análise, concluímos que o problema é razoável devido à impedância dos fios e conexões, portanto, quanto
mais o equipamento se desgastar, maior será o aumento da resistência, reduzindo assim a corrente medida
no experimento. Também é importante notar que esta simulação pode detectar correntes com um valor
neutro de 10 amperes (10-15), mesmo que seja trivial. E em todas as etapas da simulação, o número pode
ser o mesmo, mas na verdade a diferença entre eles é muito pequena, pois nenhum sistema consegue atingir
o equilíbrio perfeito.

5. Cálculos

5.1. Relação entre a tensão de fase e a tensão de linha


𝑉𝐿
Como podemos observar os valores obtidos na tabela 3, podemos comprovar a fórmula 𝑉𝐹 = ,
√3

uma vez que os valores obtidos para tensão de linha correspondem a os valores de tensão de fase vezes √3.

5.2. Soma das correntes no ponto “n”

Como podemos observar na tabela 1, a soma das correntes neste ponto correspondeu a 0, devido a
soma fasorial destas correntes serem nulas.
5.3. Corrente de linha senoidal

As correntes de linha senoidais, quando somadas fasorialmente na ligação direta ABC, para o
circuito em estrela, se igualam as correntes do neutro uma vez que, a soma de seus ângulos
(0 °, 120 °, −120 °) geram um resultado nulo e a soma de 𝐼𝑛 = 𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 = 0.

5.4. Interrupção do fio neutro

Concluímos que os valores encontrados não se alteraram significativamente se compararmos os


valores obtidos com o fio neutro interrompido, representados na tabela 4, e os valores com o fio neutro
normal, tabela 3.

5.5. Desconectando o fio neutro e adicionando-se um voltímetro

Quando colocamos o voltímetro no lugar do fio neutro, é medida a potência total do circuito, ou seja,
o voltímetro representa a parcela real da soma fasorial total do sistema.

5.6. Relação 𝑽𝑳 = √𝟑 × 𝑽𝑭
Sim, a relação de tensão entre 𝑉𝐿 e 𝑉𝐹 foi comprovada experimentalmente, a partir dos
cálculos encontrados na tabela 1.

Fase A 𝑉𝐿= √3 ∗ 𝑉𝐹 => 𝑉𝐿= √3 ∗ 57,84 => 𝑉𝐿= 99,80 𝑉, valor experimental
𝑉𝐿= 100 𝑉

Fase B 𝑉𝐿= √3 ∗ 𝑉𝐹 => 𝑉𝐿= √3 ∗ 57,60 => 𝑉𝐿= 100,9𝑉, valor experimental
𝑉𝐿= 100 𝑉

Fase C 𝑉𝐿= √3 ∗ 𝑉𝐹 => 𝑉𝐿= √3 ∗ 58,52 => 𝑉𝐿= 100,4 𝑉, valor experimental
𝑉𝐿= 100 𝑉
1

Assim, a partir dos resultados teóricos e práticos que foram apresentados, podemos
notarque os valores da relação 𝑉𝐿= √3 ∗ 𝑉𝐹 são bem próximos dos valores dos dados coletados
experimentalmente, dessa forma a relação foi comprovada.

5.7. Relação corrente de fase e corrente de linha

A relação 𝐼𝐿 = √3 ∗ 𝐼𝐹 , foi respeitada como podemos observar na tabela 1, uma vez


que √3 ∗ 1,1 ≃ 1,9, todos os valores encontrados de 𝐼𝐿 durante as simulações se aproximam a
este.

5.8. Conexão em estrela e em triângulo

Podemos observar que tanto a potência real quanto a reativa tem valores maiores
quando se trata da mesma impedância nos dois tipos de conexão. Apesar das potências serem
diferentes na ligação delta, os valores das tensões seguem aproximados.

5.9. Tensões de linha e de fase

A diferença está no desgaste dos componentes que estão em constante uso, apesar de o
equipamento ser preciso. Com o tempo os valores vão sendo alterados de forma gradativa.

5.10. Medidor Kron

Sendo o circuito equilibrado, podemos considerar que as três fases são iguais, podendo
realizar os cálculos teóricos com um circuito de uma fase equivalente, para obter as 3 fases de
uma só vez. A vantagem de se utilizar esse método é a praticidade para se obter o que
queremos.

5.11. Encontrando o tipo de tensão

𝑉𝐿= √3 ∗ 𝑉𝐹 => 𝑉𝐿= √3 ∗ 57,84 => 𝑉𝐿= 99,80 𝑉, valor experimental 𝑉𝐿= 100 𝑉

Assim, 𝑉𝐹 = 57,84 𝑉 e 𝑉𝐿= 99,80 𝑉.

Com relação ao experimento, é importante prestar atenção para não jogar a tensão de
fase multiplicada pela raiz de três, podendo sobrecarregar os componentes e queimando-os
com uma tensão muito elevada.

5.12. Ao aumentar gradativamente a tensão do varivolt, é importante verificar se


os amperímetros não sofreram alterações bruscas devido a um provável curto-circuito.
Um aluno observa AN no primeiro experimento. Está incorreto? Por quê?
2

Está correto devido aos procedimentos de segurança, mas a corrente será nula tanto
por estar aterrada, quanto pelo fato de suas somas fasoriais se anularem.

5.13. À medida que se altera o valor de tensão no varivolt, é verificado que a


corrente IN está crescendo também. Está correto?

Não, devido a corrente observada ser nula.

6. Produtos, Tecnologias e/ou Situações do Cotidiano.

Em sistemas reais, não existe circuito trifásico completamente equilibrado pois


sempre haverá perdas como calor, desfasamento angular entre fases, perdas pelo condutor,
perdas magnéticas, entre outras. Mas podemos citar tecnologias ou produtos que utilizam os
circuitos trifásicos, o motor elétrico trifásico possui grande aplicabilidade em diversas
máquinas no nosso cotidiano. Ele é conhecido como motor de indução com mais utilizações
devido às diversas vantagens como: Baixo Custo com manutenção, montagem, fabricação e
simplicidade em descrição aos motores de corrente contínua. Um exemplo seria o motor
trifásico tipo Moto freio WEG encontra aplicações mais comuns em: elevadores de carga,
talhas, máquinas-ferramentas, teares, máquinas de embalagem, transportadores, máquinas de
lavar e engarrafar, dobradeiras, enfim, em equipamentos onde são exigidas paradas rápidas
por questões de segurança, posicionamento e economia de tempo.

Fonte: Feis Unesp.

Figura 17. Motor trifásico tipo Moto freio WEG.

Outros exemplos são os motores trifásicos para bombas combustíveis podem ser
utilizados em bombas de combustível, filtros de óleo ou equipamentos para manipulação de
fluídos inflamáveis. São utilizadas para áreas classificadas: Zona I, Grupo IIA - T4.
3

Figura 18. Motor para bomba de combustível.

7. Conclusão

Podemos concluir a partir de uma análise dos dados dos cálculos juntamente com as
análises feitas verificou-se que podemos concluir que os resultados obtidos neste experimento
se mostraram satisfatórios, com pequenos erros e que o valor de potências ativa, reativa e
aparente são três vezes maiores na ligação delta que na ligação em estrela, portanto, as
tensões de linha se mantêm iguais, os mesmos parâmetros propostos no exercício, obtivemos:
VL(estrela) = VL(triângulo) =100V.
Para obter a mesma potência nos dois componentes (ou seja, no delta e na estrela),
deve-se seguir a impedância equivalente, regra a seguir: a impedância no triângulo é três
vezes a impedância estrela. Porém, quanto maior for a circulação da corrente, maior será IL
(delta) > IL (estrela). Observe que em um circuito trifásico balanceado, cada fase possui a
mesma tensão e corrente, que é encontrada no experimento, devido ao erro no equipamento
de medição e não é um circuito ideal, portanto a variação é pequena. Podemos observar
também que não há alteração da potência de fase em relação à outra fase, o que ocorre em
ambos os tipos de conexões.
4

Referências Bibliográficas

BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos. São Paulo: Pearson, 2012.

KRON Medidores. Multimedidor Multi-K Série 2: Manual do Usuário. Revisão 1.2,


Novembro 2017.

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