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Disciplina Físico-Química para Processos Ambientais

Professor Eduardo Brocchi


Aluna Isabele de Brito Fortes

Trabalho 7
“21/05 – Semana 10 – Processos de Geração de Precursores. Ustulações (ex.: Sulfetos).”

● Introdução / Contextualização

Este processo segue a mesma linha de raciocínio que a ustulação cloretante, é utilizado na
metalurgia para separar metais em um concentrado mineral a altas temperaturas, em outras palavras, é uma
transformação de um composto sólido em outro.
A ustulação com sulfetos procura-se formar também sulfetos em óxidos ou em sulfatos, conforme
reação genérica abaixo:
𝑀𝑆 + 3⁄2 𝑂2 → 𝑀𝑂 + 𝑆𝑂2
𝑀𝑆 + 2𝑂2 → 𝑀𝑆𝑂4
E K, a constante de equilíbrio é dada por:
𝑝𝑆𝑂2
𝐾= 3
(𝑝𝑂2 ) ⁄2

log(𝑝𝑆𝑂2 ) = 𝐾 1,5 log(𝑝𝑂2 ) + 𝑐𝑡𝑒

As inúmeras razões para o emprego da ustulação são variadas, mas podemos citar por exemplo:
i. Os sulfetos são difícil redução pelo carbono;
ii. Os sulfetos podem ser dissolvidos seletivamente em meio aquoso.

A ustulação dos sulfetos é realizada normalmente em uma temperatura abaixo do ponto de fusão
das duas fases sólidas envolvidas, usualmente abaixo de 1000°C. Por outro lado, de ordem para que as
reações se realizem em uma velocidade suficiente, em geral a temperatura é acima de 400°C. Para produção
de sulfatos, a temperatura não pode ser muito elevada; idealmente, o processo deve ser conduzido no
entorno de 800°C, pois as substâncias tendem a se decompor quando submetidas a temperaturas muito altas.
Outra característica importante da ustulação dos sulfetos é a sua exotermicidade. Ela permite
economia de energia, porém, traz risco de transformações indesejadas (fusão ou ebulição da substância),
provocadas pelo aquecimento excessivo.
Portanto, há duas rotas clássica dos sulfetos:
1. Ustulação Oxidante (passagem de ar ou oxigênio): onde o sulfeto vira óxido, para que assim
possa ser reduzido. Mas deve verificar a característica da matéria e a termodinâmica.
2. Ustulação Parcial: onde o sulfato vira óxido e outros elementos. Nesse processo, as
condições operacionais são determinadas e a termodinâmica é fundamental.
Em alguns casos, não é possível reduzir o sulfeto metálico direto para sua forma metálica, assim se
faz necessário utilizar uma rota de ustulação parcial; oxidar o sulfeto, obtendo-se um óxido e assim reagir
o sulfeto com o óxido para formar o metal.
Quando se tem uma substância mineral constituída por sulfetos metálicos, o tratamento se dá pela
separação no estado líquido, que é chamada de Fusão Mática. Este procedimento se constitui em uma rota
viável em termo de temperatura, pois a maioria dos sulfetos metálicos possui um baixo ponto de fusão,
possibilitando a utilização de temperaturas inferiores àquelas que seriam empregadas na fusão dos
respectivos óxidos. Os produtos líquidos da Fusão Mática são os sulfetos do metal de interesse e de “ganga”
e o óxido do metal de “ganga”. Os sulfetos formam o Matte enquanto o óxido é denominado de escória. As
duas fases formam inicialmente uma emulsão, apesar de serem imiscíveis. As partículas do matte afundam,
por sua maior densidade, separando-se a escória por gravidade.
Para maior compreensão, segue abaixo a Figura 1, com o fluxograma do processo:

Figura 1. Fluxograma do Processo de Obtenção do Metal (Adaptação Brocchi, 2021)

O primeiro sopro possui o intuito de retirar quaisquer óxidos que ainda permaneça no processo,
deixando apenas o sulfeto, quase puro, que pode ser chamado de metal branco. E essa etapa pode acontecer
mais de uma vez.

Já as duas escórias presentes no processo, elas se unem em um forno, com o intuito de recuperar
parte do metal que se encontra presente. Sabe-se que nenhum processo possui eficiência de 100%, então há
uma separação possível da escória, recuperando o suficiente e o resto é caracterizado como rejeito
industrial. Assim, o teor da escória é reduzido, recuperando ao máximo o mineral de interesse.

Para o trabalho proposto, apresentar diagramas de predominância, aplicar a ustulação parcial e


formação do matte de sulfetos metálicos e inclusão de um blend de sulfetos metálicos, em uma determinada
faixa de temperatura, utilizei o banco de dados do Software HSC Chemistry 6.0, Programa Excel para
elaboração dos gráficos e Programa Word para exposição dos resultados.
● Dados e Discussões

Os sulfetos escolhidos foram sulfeto de níquel e sulfeto de cobre, e uma faixa de temperatura para
o diagrama de predominância de 450°C.
Os diagramas de predominância determinam as pressões de equilíbrio entre fases, onde plota-se
retas no gráfico e uma vez que as linhas o dividem em áreas, implica-se que em cada área possui sua fase
predominante. Podemos chamar também como Diagrama de Kellogg, onde ficará cada vez mais completa
quanto maior for o número de fases que resolvemos considerar.
A Figura 2 apresenta o digrama de predominância para o Sistema Ni-S-O, a 450°C:

Figura 2. Diagrama de Predominância para o Sistema Ni-S-O a 450°C (HSC 6.0, 2021)

Equações Equilíbrio (a 450°C)

𝑀𝑆 + 3⁄2 𝑂2 → 𝑀𝑂 + 𝑆𝑂2
𝑁𝑖(FCC) 𝑝𝑆𝑂2
𝐾= 3
(𝑝𝑂2 ) ⁄2
Linha 1:
2𝑁𝑖 + 𝑂2 (𝑔) → 2𝑁𝑖𝑂 1
𝐾𝑒𝑞 = = 9,5 × 1024 ; log 𝐾 = −24,978
𝑝𝑂2
Linha 2:
𝑁𝑖3 𝑆2 + 3.5𝑂2 (𝑔) → 3𝑁𝑖𝑂 + 2𝑆𝑂2 (𝑔) (𝑝𝑆𝑂2 )2
𝐾𝑒𝑞 = = 5,0 × 1066 ; log 𝐾 = −66,700
(𝑝𝑂2 )3.5
Linha 3:
𝑁𝑖𝑆 + 1.5𝑂2 (𝑔) → 𝑁𝑖𝑂 + 𝑆𝑂2 (𝑔) 𝑝𝑆𝑂2
𝐾𝑒𝑞 = = 2,8 × 1028 ; log 𝐾 = −28,448
(𝑝𝑂2 )1.5
Linha 4:
0.5𝑁𝑖𝑆 + 𝑂2 (𝑔) → 0.5𝑁𝑖𝑆𝑂4 1
𝐾𝑒𝑞 = = 8,1 × 1018 ; log 𝐾 = −18,907
(𝑝𝑂2 )2
Tabela 1. Constante de Equilíbrio para Ni-S-O a 450°C
A Figura 3 apresenta o digrama de predominância para o Sistema Cu-S-O, a 450°C:

Figura 3. Diagrama de Predominância para o Sistema Cu-S-O a 450°C (HSC 6.0, 2021)

Equações Equilíbrio (a 450°C)

𝑀𝑆 + 3⁄2 𝑂2 → 𝑀𝑂 + 𝑆𝑂2
𝐶𝑢 𝑝𝑆𝑂2
𝐾= 3
(𝑝𝑂2 ) ⁄2
Linha 1:
4𝐶𝑢 + 𝑂2 (𝑔) → 2𝐶𝑢2 𝑂 1
𝐾𝑒𝑞 = = 5,3 × 1016 ; log 𝐾 = −16,729
𝑝𝑂2
Linha 2:
2𝐶𝑢2 𝑂 + 𝑂2 (𝑔) → 4𝐶𝑢𝑂 1
𝐾𝑒𝑞 = = 1,7 × 1016 ; log 𝐾 = −9,244
𝑝𝑂2
Linha 3:
𝐶𝑢2 𝑆 + 1,5𝑂2 (𝑔) → 𝐶𝑢2 𝑂 + 𝑆𝑂2 (𝑔) 𝑝𝑆𝑂2
𝐾= = 6,44 × 1022 ; log 𝐾 = −22,810
(𝑝𝑂2 )1,5
Linha 4:
𝐶𝑢𝑆 + 2𝑂2 (𝑔) → 𝐶𝑢𝑆𝑂4 1
𝐾= = 3,24 × 1032 ; log 𝐾 = −32,510
(𝑝𝑂2 )2
Linha 5:
4𝐶𝑢𝑂 + 3𝑆𝑂2 (𝑔) → 2𝐶𝑢𝑂 ∗ 𝑆𝑂4 + 𝑆 (𝑝𝑆𝑂2 )3
𝐾= = 4,74 × 10−5 ; log 𝐾 = −4,324
1
Linha 6:
2𝐶𝑢𝑂 ∗ 𝑆𝑂4 + 3𝑆𝑂2 (𝑔) → 4𝐶𝑢𝑆𝑂4 + 𝑆 (𝑝𝑆𝑂2 )3
𝐾= = 2,71 × 10−6 ; log 𝐾 = −5,566
1
Linha 7:
𝐶𝑢2 𝑂 + 3,5𝑆𝑂2 (𝑔) → 2𝐶𝑢𝑆𝑂4 + 1,5𝑆 (𝑝𝑆𝑂2 )3,5
𝐾= = 7,411 × 10−6 ; log 𝐾 = −11,130
1
Tabela 2. Constante de Equilíbrio para Cu-S-O a 450°C
Podemos identificar que nos dois diagramas possui mudanças de espécies em diferentes intervalos
de pSO2 e pO2, juntando os diagramas de predominância, temos o diagrama de predominância do sistema
Ni-Cu-O-S a 450°C (Figura 4).

Figura 4. Diagrama de Predominância para o Sistema Ni-Cu-S-O a 450°C (HSC 6.0, 2021)

E assim podemos apontar uma janela operacional para a fusão mática (hachurado), onde o metal
cobre (Cu), permanece em sua forma de sulfeto (Cu2S) e o metal níquel (Ni) passa para sua forma de óxido
(NiO), formando assim a suspensão do matte, que poderá ser separado, como a escória formada (Figura 5).

Figura 5. Diagrama de Predominância para o Sistema Ni-Cu-S-O a 450°C, com janela de operação da fusão
mática (HSC 6.0, 2021)
Após a separação da escória na fusão mática, têm-se o sulfeto de cobre líquido com pequeno teor
de sulfeto de níquel, que não transformou em NiO. Assim, o líquido segue para a etapa de recuperação do
cobre metálico, podendo ser em condições operacionais diferente da anterior, ou não. Como o cobre possui
um alto valor agregado, é válido incluir a etapa do refino, com intuito de obter o metal com um teor de
99,9%. A Figura 6 mostra, novamente, o diagrama de predominância a 450°C, porém com a janela de
operação para obtenção do cobre metálico (hachurado).

Figura 6. Diagrama de Predominância para o Sistema Ni-Cu-S-O a 450°C, com janela de operação para
obtenção do metal Cu (HSC 6.0, 2021)

● Conclusões

Os diagramas de predominância se tornam fundamentais para análise das fases dos metais que estão
envolvidos no processo de separação de minerais, onde com a determinação das pressões de equilíbrio entre
as fases é possível escolher a melhor janela operacional para realizar a ustulação, fusão mática, conversão
e por fim refino.
Neste caso, para o Sistema Ni-Cu-S-O a 450°C foi possível identificar uma janela operacional para
fusão mática, encontrando o matte e a escória (Figura 5) e a janela operacional para a conversão,
encontrando o metal puro (Figura 6).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROCCHI, Eduardo A. Notas de Aula. Acesso em 21 de Maio de 2021.
HECK, Nestor Cezar. Capítulo 4 – Ustulação. ENG06632-Metalurgia Extrativa dos Metais Não-Ferrosos
II-A. UFRGS. Disponível em: <http://www.ct.ufrgs.br/ntcm/graduacao/ENG06632/Ustulacao.pdf>.
Acesso em 23 de Maio de 2021.
HSC Chemistry 6.0. Tpp – Diagrams. Acesso em 24 de Maio de 2021.
OLIVEIRA, Victor A. Ustulação. Disponível em:
<https://sites.google.com/site/metalurgiaextrativa/home/operacoes-pirometalurgicas/ustulacao>. Acesso
em 23 de Maio de 2021.

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