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Document - Onl Apostila Linguistica Textual
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SUMÁRIO
LINGUÍSTICA Textual 7
-
Atenção
Atenção
Atenção
-
Atenção
Atenção
Atenção
No momento em que, a exemplo da prática escolar, numa época na qual se estudar
uma língua
significava estudar textos, os seus sentidos, inclusive a partir de disciplinas
intituladas “compreensão
de texto”, Saussure apresenta uma nova abordagem LINGUÍSTICA. Ele propõe não
mais se ater à função
significativa de texto, à prática da linguagem, e sim ao seu funcionamento, a sua
teoria. Com o referido
deslocamento, separa-se, portanto, a prática da linguagem de sua teoria. Nesse
sentido, a língua passa a ser
pensada como sistema de signos e a fala fica excluída dos estudos científi cos da
linguagem.
Sua tese é de que, assim como num jogo de xadrez, o “jogo da língua” apresenta
um sistema de valores. Bem, vamos ver o que ele próprio diz sobre isso:
– como a fala –, é tida como aparência, e não como essência. No jogo de xadrez,
por exemplo, as regras estão para a forma, já as peças do jogo, para a substância.
Se transferirmos essa lógica para a linguagem, poderemos fazer a seguinte
associação a partir
da frase abaixo:
LINGUÍSTICA Textual 9
Pronome + verbo + objeto
Os desvios ortográfi cos, por exemplo, estão ligados aos traços da fala. Esses
traços, para Saussure,
são de ordem individual, ou seja, peculiar a determinados falantes, e não social,
geral como o é a regra.
Os traços podem variar, a depender do falante, do momento em que se emite a
frase. Portanto, é um ato
individual. Assim, apesar do desvio à norma culta, sua estrutura continua a ser de
uma frase da língua
portuguesa.
o nosso propósito nesse módulo. Por isso, é importante internalizar tudo o que foi
até agora trabalhado
aqui, tá?!
OS ESTUDOS GERATIVISTAS
Agora que já vimos certos pontos básicos do estruturalismo, vamos relembrar alguns
pressupostos
de um estudo que também teve muita importância no século XX, por volta do fi nal
da década de 50, e
que infl uenciou muito o pensamento lingüístico: O gerativismo. Esse movimento
lingüístico vai, em um
momento, influenciar a LINGUÍSTICA Textual. Por isso, prestem bastante atenção,
meus amigos!
o corpo humano. Para ele, cada parte teria sua função. Portanto, uma parte do
cérebro seria responsável
pela linguagem.
Bem, se a linguagem é vista como uma propriedade da
mente/cérebro do falante, fi ca fácil começar a entender a afi r-
mação de que a linguagem é inata. Essa idéia difere do estruturalismo
americano, o qual vê a aquisição da linguagem como
resultado de repetição, estímulo/resposta, a partir da experiência,
sendo, assim, um constructo social, e não mental.
Lembre-se:
línguas têm pontos em comum, têm princípios gerais. Diante disso, fi ca clara
Atenção
Nos estudos de Chomsky, a sintaxe ganha um lugar de destaque. Dessa forma, ele
mesmo diz o
seguinte:
“Uma língua é um conjunto (fi nito ou infi nito) de orações, cada uma delas de
tamanho
fi nito e construída a partir de um conjunto finito de elementos”.
Assim, a sintaxe ganha uma autonomia, já que, a partir dela, são geradas as
orações gramaticais coerentes.
LINGUÍSTICA Textual 11
Como conseguimos falar?
A NECESSIDADE DE RENOVAÇÃO DO
HORIZONTE LINGÜÍSTICO
Nos itens anteriores, nós pudemos rever algumas características básicas de dois
importantes movimentos
lingüísticos do século XX. Lembramos de certos conceitos principais, além de
acompanharmos
como se cristalizaram diferenças que marcaram tanto o estruturalismo quanto o
gerativismo. Tais diferenças
também fi zeram essas duas vertentes muitas vezes percorrerem em suas
pesquisas caminhos opostos
(a começar da escolha do objeto de estudo) e dividirem a atenção de lingüistas e
pesquisadores.
Atenção
Os estudos formalistas
Atenção
Então, deu para perceber que o formalismo vai analisar a língua em sua forma.
LINGUÍSTICA Textual 13
O funcionalismo
vamos ver o que Dillinger tem a nos dizer, agora sobre o funcionalismo:
Atenção
Bem, nos estudos funcionalistas já podemos destacar alguns, como a
socioLINGUÍSTICA, a LINGUÍSTICA antropológica,
a análise do discurso, a LINGUÍSTICA textual (este último, foco de nossos estudos
neste módulo).
Portanto, tem-se essa gramática como descritiva. Assim, não confunda a gramática
descritiva com a gramática
com a qual nós temos contato na escola: a normativa. Para isso, vamos ver como
elas se diferenciam ok?!
Atenção
Ora! sabe aquelas palavras ou estruturas que, em um momento de descontração (ou
de descuido),
nós utilizamos e que alguém sempre aparece para dizer “Essa palavra não existe”,
ou “Você falou errado”?
Pois é, essas questões que extrapolam o uso gramatical (além de outras) não são
valorizadas devidamente
pela gramática normativa.
A gramática descritiva, dentro dessa visão estruturalista, vai ver a língua como um
sistema opositivo. Para se
realizar a análise, parte-se de unidades menores para unidades maiores que
justificam ou englobam as anteriores.
Bem, já deu para perceber que o nível fonológico se integra a um nível maior e
signifi cativo, que é
LINGUÍSTICA Textual 15
Portanto, nessa perspectiva, parte-se da análise da unidade mínima não signifi
cativa, que é o fone-
ma, e se estende até à unidade máxima de análise: a oração.
Atenção
1ª FASE – transfrástica.
Anteriormente, foi possível observar que as gramáticas de frase, até mesmo por ter
como unidade
máxima de estudo o enunciado, apresentavam limitações. Essas limitações também
se estabeleceram por
não se contemplar, nas aludidas gramáticas, fatores que ultrapassavam o limite das
frases e que só poderiam
ser analisadas no interior do texto, como é o caso da co-referência. Nessa fase,
muitos estudiosos
apresentaram conceitos sobre o texto. Harweg, por exemplo, definia o texto como
“uma seqüência pronominal
ininterrupta”. Já Isemberg o definiu como sendo uma “seqüência coerente de
enunciados”.
Atenção
Ao analisarmos a frase
João saiu correndo. Ele estava com muito medo.
veremos que há uma ligação entre o pronome ELE e o referente (João). Esta ligação
estabelecida
entre João e o pronome ELE (co-referente de João) se dá principalmente pela
predicação desses dois elementos,
e não somente por questões de concordância. Só que esse elemento coesivo por si
não garantiria,
ao longo de uma seqüência, a existência de um texto.
Ora! na frase
Já deu para perceber que a idéia de um texto se constituir apenas pela soma de
frases não estava dando
certo, não é?! Essa questão abriu espaço para a necessidade de uma outra forma
de tratar o texto. É a partir daí
que vários estudiosos se voltam para a criação das gramáticas textuais. É
justamente por isso que se diz que:
Nos primeiros assuntos deste bloco temático nós revisamos, além de outros,
conceitos básicos do
gerativismo. Vimos que Chomsky visou elaborar uma gramática gerativa de sentido.
Para tanto, procurou
se voltar para a competência LINGUÍSTICA do falante, levando em consideração
que o falante tem a propriedade
inata da linguagem e é capaz de produzir enunciados infinitos e inéditos em uma
dada língua.
A partir daí, preconizou-se que todo falante de uma língua é capaz de produzir
textos inéditos,
bem como de ter a propriedade de elaborar paráfrase. Além disso, seria possível ao
falante reconhecer os
diversos tipos textuais (narrativo, descritivo, dissertativo).
1. O que faz com que um texto seja um texto, isto é, como se dão os elementos
constituidores
da textualidade.
2. Como se pode delimitar um texto. Como se pode considerar completo o texto.
3. De que forma os textos podem se diferenciar.
Mesmo com o empenho em desenvolver uma gramática textual, tais itens não
puderam ser contemplados
devido à impossibilidade de se chegar aos devidos objetivos.
LINGUÍSTICA Textual 17
Atividade Complementar Atividade Complementar
1. Aponte algumas diferenças existentes entre: Língua X Fala
2. Defina a diferença existente entre a Sincronia e a Diacronia
3. Aponte algumas características presentes nos estudos funcionalistas.
4. Explique, com suas palavras, de que forma o gerativismo influenciou a
LINGUÍSTICA Textual.
5. Saliente algumas diferenças existentes entre o formalismo e o funcionalismo
FTC EaD | LETRAS18
OS PRIMEIROS PASSOS DA LINGUÍSTICA
TEXTUAL
Quando falamos em sujeito, o que vem à mente em primeiro lugar? A que nós
associamos tal palavra?
Lembrou? Bem, para ajudar, vou convocar um personagem muito simpático, criado
por Maurício
de Souza. Acompanhem um trecho da historinha abaixo e vejam os signifi cados do
sujeito que foram
mobilizados pela professora e por Chico Bento.
LINGUÍSTICA Textual 19
Observe que a professora trata da questão do sujeito gramatical, ao passo que
Chico Bento
associa a palavra “sujeito” a pessoas. A historinha se desenvolve dessa forma até o
final. Nesse
momento, ao dar um exemplo na lousa – “Chove lá fora” –, a professora trata do
sujeito inexistente.
Logo depois o sinal bate e ela libera os alunos. No entanto, Chico Bento apresenta
a
impossibilidade de sair da escola devido ao fato da presença do “sujeito inexistente”.
Como isso
ocorre? Ora, estava chovendo!
E aí, se divertiram com a historinha? Além do humor, ela também nos traz a idéia de
sujeito gramatical, aquele que a gente aprende nas gramáticas e que nos
acompanha por vários
anos letivos nos colégios. Sempre que se fala em sujeito, principalmente com
estudantes,
não raro vem a lembrança das subdivisões entre os sujeitos da gramática: simples,
composto,
oculto, entre outros. É, mas não se esqueçam, a partir de agora, que nós não iremos
tratar
desse tipo de sujeito.
Uma característica fundamental desse sujeito é que ele se apresenta como o “dono
do seu dizer”. Para
ele, tudo o que diz é fruto exclusivo dele mesmo. Entende-se o sujeito consciente
como um sujeito adâmico
preender a referida mensagem dessa maneira. A língua, a partir daí, é vista como
um produto mental do
falante. Por isso que se diz que essa é uma visão mentalista do sujeito.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos
LINGUÍSTICA Textual 21
pela ideologia. Exemplos de ARE são a polícia, o exército...
Uma importante característica desse sujeito é que ele só se confi gura como sujeito
na interação
com o outro. Nos dois primeiros, o papel do ouvinte é passivo, vez que ele recebe
as mensagens
como foram passadas e/ou as decodifi ca. Nessa terceira concepção, ele vai ter um
papel fundamental: o
de interagir e se constituir como sujeito nessa interação.
Afinal, o que é texto? Como ele se caracteriza? Bem, antes de responder essas
perguntas, vamos
rever algumas questões tratadas anteriormente neste módulo.
Já dá para perceber que, nesse primeiro momento, o texto era visto como um
produto acabado,
enfatizando, assim, a materialidade LINGUÍSTICA, o aspecto formal do texto.
Depois disso, passou-se a pensar o texto não mais como um produto acabado, mas
como um processo
de produção e recepção comunicativa. Dessa forma, o estudo sobre o texto passou
a analisá-lo a
partir de sua elaboração, de sua verbalização, de seu planejamento.
Portanto, tendo o texto como uma atividade verbal, chega-se à elaboração de uma
teoria do texto.
A partir da teoria da atividade verbal, você pôde perceber que o texto passou a ser
tratado não
como um produto acabado, e sim em seu processo de constituição. Dessa forma, o
caráter apenas formal
LINGUÍSTICA Textual 23
sai de cena e entram, também, questões extraLINGUÍSTICAs, sociais, cognitivas.
Para a realização do ato verbal, segundo Ingedore, antes o sujeito idealiza um plano
geral do texto
a partir dos seguintes fatores:
• A LÍNGUA PARTICULAR;
FTC EaD | LETRAS24
• O GRAU DE DOMÍNIO DA LÍNGUA;
• O FATOR FUNCIONAL-ESTILÍSTICO;
• O FATOR AFETIVO, EXPRESSIVO;
• AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS EM EXPERIÊNCIA VERBAL ENTRE FALANTE E
OUVINTE;
• O CONTEXTO VERBAL, NO SENTIDO DE “CONTEXTO LINGÜÍSTICO”;
• A SITUAÇÃO COMUNICATIVA.
Observe que, nesse ponto de vista apresentado, há várias situações infl uenciando
na realização
verbal. O texto não é simplesmente o produto pronto, acabado. Podemos, a partir
daí, ter o texto como
uma produção verbal que se constitui na atividade comunicativa a partir da interação
social. Nas palavras
de Ingedore, “a LINGUÍSTICA Textual trata o texto como um ato de comunicação
unifi cado num complexo
universo de ações humanas”.
Bem, como o texto não é mais visto como um produto acabado, fi nalizado, pronto,
já é possível
perceber que o sentido de um texto não está nele, mas se constrói a partir dele. É
certo que as marcas
LINGUÍSTICAs auxiliam na produção de sentido, porém, é importante também voltar
nossas atenções para o
contexto em que se deu a produção LINGUÍSTICA.
Vocês puderam perceber o que foi dito anteriormente a respeito do sentido do texto
(construído
a partir dele), bem como sobre a questão da infl uência do contexto na análise
textual, certo?! Do sentido
textual nós trataremos no próximo bloco, ao abordarmos a coesão e, principalmente,
a coerência. Mas o
contexto nós iremos abordar agora, ok?! Então vamos lá, pessoal!
O CONTEXTO NA LINGUÍSTICA TEXTUAL
S . SITUAÇÃO
P . PARTICIPANTES
E . FINS, PROPÓSITOS
LINGUÍSTICA Textual 25
A . SEQÜÊNCIA DE ATOS
K . CÓDIGO
I . INSTRUMENTAIS
N . NORMAS
G . GÊNEROS
Além de Hymes, outros autores, como Goodwin & Duranti, procuraram elaborar suas
teorias acer
Você se lembra?
Assim, a linguagem se viu marcada pela INTERATIVIDADE, bem como por uma
característica
de atividade SOCIAL. Bem, já que a linguagem apresenta-se como sendo utilizada
em um ambiente
social, constituindo-se na relação entre interlocutores, é natural entendermos que a
utilizamos com uma
determinada fi nalidade. Nós nos munimos da linguagem com uma intenção. É
justamente por isso que a
linguagem ganha uma outra característica: a INTENCIONALIDADE.
E a cor preta?
No entanto, para que possa haver interação e os sentidos possam “brotar” durante
esse “jogo”, é necessário
que todo esse conhecimento de mundo seja semelhante. Ora, como temos vidas
diferentes (muitas
vezes podem ser até parecidas, mas não são iguais), os conhecimentos de mundo
devem ser semelhantes.
apresentadas.
LINGUÍSTICA Textual 27
colocar todas as informações para que a mensagem pudesse ser compreendida.
Imagine o trabalhão que
daria, hein?!
NATAL
ÁRVORE PAPAI-NOEL
BRINQUEDOS
NATAL
.
NOTAS FINAIS
.
FINALIZAÇÃO DO ANO LETIVO
.
RECUPERAÇÃO
“Há um acidente grave na esquina, pois uma ambulância e um carro da polícia estão
parados lá”.
PLANOS – Estruturas cognitivas que mantêm uma ordem; porém, diferente dos
esquemas, o
leitor/ouvinte percebe a intenção do locutor/falante. O plano, assim como o próprio
nome designa, é
efetuado por um planejador. Isso pode ocorrer em vários momentos de nossa vida.
Veja como exemplo
um namorado que traceja um plano para pedir a sua amada em casamento. Que
romântico, não?! Ou um
fi lho que planeja pedir ao pai um aumento na mesada. Nesses exemplos, foram
utilizados planos para se
alcançar um objetivo. Com isso, percebe-se o plano utilizado para se chegar ao
objetivo.
Nesse texto, as ações remetem a uma fase específi ca da vida: a velhice. Os scripts
evidenciam, no
texto, essa sucessão de ações: “Já não enxerga mais como antes”, “andar já não
pode mais”, “Acometida
por um problema de coluna”. Conhecemos esse script vez que temos consciência
dessa seqüência estereotipada
das ações que remetem à velhice.
Vocês puderam ter contato, nesse momento, com algumas estruturas cognitivas.
Não se esqueçam
de que as estruturas não se encerram aqui. Há muito mais que essas. Quem quiser
se dedicar ao estudo
da LINGUÍSTICA Textual, poderá consultar a bibliografia apresentada no fi nal do
módulo e conhecer mais
dessas estruturas cognitivas. Agora é hora de testarmos os nossos conhecimentos.
Vamos ver o que conseguimos
compreender do assunto apresentado?
LINGUÍSTICA Textual 29
Atividade Complementar Atividade Complementar
1. Levando em consideração o contexto (a posição dos interlocutores, o
conhecimento de mundo,
as marcas LINGUÍSTICAs etc), analise a tirinha abaixo e seu(s) efeito(s) de sentido.
2. Com base no que você depreendeu dos assuntos estudados, apresente as
concepções clássicas
do sujeito, fundamentando-as.
3. Agora, indique a concepção de sujeito com a qual a LINGUÍSTICA Textual se
identifi ca, salientando alguns
pontos de imbricamento entre a LINGUÍSTICA Textual e o referido sujeito que
expliquem tal identificação.
4. Tendo como base o assunto apresentado anteriormente, faça algumas
considerações a respeito
da importância das estruturas cognitivas para a LINGUÍSTICA Textual.
5. Apresente sua visão a respeito de como se pode definir um texto.
FTC EaD | LETRAS30
PRINCÍPIOS E PROCEDIMENTOS
DA LINGUÍSTICA TEXTUAL
Como uma metáfora da condição humana, Leonardo Boff utiliza a águia e a galinha
como fi guras
representativas da vida do ser humano. A galinha representa o ser arraigado,
limitado; a águia é apresentada como a transcendência, o ilimitado.
Com isso, Boff sugere a união entre esses dois elementos como meio
ideal para a condição humana. A respeito desses símbolos, o referido
autor salienta:
águias que ganham altura e que projetam visões para além do galinheiro.
Acolhemos prazerosamente nossas raízes (galinha), mas não à custa da copa
(águia) que mediante suas folhas
entra em contato com o sol, a chuva, o ar e o inteiro universo. Queremos resgatar
nosso ser de águias.
As águias não desprezam a terra, pois nela encontram seu alimento. Mas não são
feitas para andar na
terra, senão para voar nos céus, medindo-se com os picos das montanhas e com os
ventos mais fortes”.
Tomado pelo espírito de águia, proponho sairmos do chão para utilizar nossa
capacidade ilimitada
de conhecer, de descobrir novos horizontes. Agora é o momento de mais uma vez
levantarmos vôo e
descobrirmos os elementos básicos da LINGUÍSTICA Textual. Então, não percamos
tempo. Vamos bater
asas e decolar!
A COERÊNCIA TEXTUAL
Vinicius de Moraes
São, na sua extrema juventude, a coisa mais antiga que há no parque, incluindo
velhas árvores que
por ali espapaçam sua verde sombra; e as momices e brincadeiras que se fazem
dariam para escrever
todo um tratado sobre a arqueologia do amor, pois têm uma tal ancestralidade que
nunca se há de saber
a quantos milênios remontam.
LINGUÍSTICA Textual 31
Eu os observo por um minuto apenas para não perturbar-lhes os jogos de mão e
misteriosos brinquedos
mímicos com que se entretêm, pois suspeito de que sabem de tudo o que se passa
à sua volta. Às vezes, para
descansar da posição, encaixam-se os pescoços e repousam os rostos um sobre o
ombro do outro, como dois
cavalinhos carinhosos, e eu vejo então os olhos da menina percorrerem
vagarosamente as coisas em torno,
numa aceitação dos homens, das coisas e da natureza, enquanto os do rapaz
mantêm-se fi xos, como a perscrutar
desígnios. Depois voltam à posição inicial e se olham nos olhos, e ela afasta com a
mão os cabelos de sobre
a fronte do namorado, para vê-lo melhor e sente-se que eles se amam e dão
suspiros de cortar o coração. De
repente o menino parte para uma brutalidade qualquer, torce-lhe o pulso até ela
dizer-lhe o que ele quer ouvir,
e ela agarra-o pelos cabelos, e termina tudo, quando não há passantes, num longo e
meticuloso beijo.
-Que será – pergunto-me em vão – dessas duas crianças que tão cedo começam a
praticar os ritos do
amor? Prosseguirão se amando, ou de súbito, na sua jovem incontinência,
procurarão o contato de outras bocas,
de outras mãos, de outros ombros? Quem sabe se amanhã quando eu chegar à
janela, não verei um rapazinho
moreno em lugar do louro ou uma menina com a cabeleira solta em lugar dessa
com cabelos presos?
É um tal milagre encontrar, nesse infi nito labirinto de desenganos amorosos, o ser
verdadeiramente
amado ... Esqueço o casalzinho no parque para deter-me por um momento na
observação triste, mas fria, desse
estranho baile de desencontros, em que freqüentemente aquela que deveria ser
daquele acaba por bailar com
outro porque o esperado nunca chega; e este, no entanto, passou por ela sem que
ela o soubesse, suas mãos
sem querer se tocaram, eles olharam-se nos olhos por um instante e não se
reconheceram.
E é então que esqueço de tudo e vou olhar nos olhos de minha bem-amada como se
nunca a tivesse
visto antes. É ela, Deus do céu, é ela! Como a encontrei, não sei. Como chegou até
aqui, não vi. Mas é ela,
eu sei que é ela porque há um rastro de luz quando ela passa; e quando ela me abre
os braços eu me crucifico
neles banhado em lágrimas de ternura; e sei que mataria friamente quem quer lhe
causasse dano; e
gostaria que morrêssemos juntos e fôssemos enterrados de mãos dadas, e nossos
olhos indecomponíveis
fi cassem para sempre abertos mirando muito além das estrelas.
E aí, você gostou do texto? Conseguiu entender o que ele expressa? Foi difícil?
REFERÊNCIA
Na frase:
Em:
“Bruna é uma excelente aluna. Ela tirou dez mais uma vez”.
SUBSTITUIÇÃO
ELIPSE
A elipse consiste na supressão de um termo que pode ser facilmente identifi cado a
partir do contexto.
Assim, substitui-se um léxico, uma oração, um enunciado por zero ( ø ).
CONJUNÇÃO
COESÃO LEXICAL
Em
temos também um exemplo de coesão lexical por reiteração. Dessa vez, ocorre pela
presença de um
termo genérico (coisa). O mesmo tipo de coesão se vê na frase
No trecho
A esses estudos de Halliday & Hassan, acerca dos mecanismos coesivos, vários
autores fi zeram
suas ressalvas, teceram suas críticas. Há pontos importantes em relação às
divergências existentes, como
a não aceitação da diferença entre a referência e a substituição. Além disso, muitos
autores não vêem a
coesão lexical como um mecanismo independente.
COESÃO REFERENCIAL
Vamos ver melhor como se dá esse processo?! Ok! Então, preste atenção.
SUBSTITUIÇÃO: Como o próprio nome nos adianta, esse tipo de coesão ocorre
com a substituição
do termo referente por um outro termo. Dessa forma, o sentido do termo referente é
retomado
por uma outra forma, a chamada pro-forma, a qual se caracteriza principalmente por
apresentar baixa
densidade de sentido. Repare como esse processo funciona:
A substituição também pode se dar por ø (zero). É o caso da elipse, que passa a se
encaixar aqui:
-ø Vou ø.
Você sabia?
Essa repetição pode se dar das seguintes formas:
• Por repetição do mesmo item lexical: “Ana chorou muito. Ana está triste”.
• Por sinônimos: “-A criança agitada caiu. Também o menino só vive correndo!”.
• Por hiperônimos: “Gosto muito de frutas. Adoro principalmente as bananas”.
• Por hipônimos: “Os macacos são muito espertos. Os animais vivem se divertindo,
pulando de
galho em galho”.
• Por expressões nominais defi nidas: “Admiro muito Castro Alves. O poeta dos
escravos ainda vive
em minha memória”.
• Por nomes genéricos: “Vi no céu a coisa mais linda. Um cometa rasgou o espaço”.
RECORRÊNCIA
“Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor”
Repare que no trecho acima o discurso progride, a recorrência faz com que o texto
caminhe, se
LINGUÍSTICA Textual 35
desenvolva. A recorrência é um recurso que não raro encontramos em poemas e
músicas. Ela também
pode destacar nos textos a propriedade rítmica, a entoação, entre outras.
SEQÜENCIAÇÃO
TEMPORAL – Quanto à coesão temporal, Fávero salienta que “embora todo texto
coeso tenha
uma seqüenciação temporal (já que a coesão é linear), uso o termo em sentido
restrito: para indicar o
tempo do ‘mundo real’”.
SEQÜENCIAÇÃO POR CONEXÃO – Como o próprio nome já nos adianta, esse tipo
de coesão
se dá a partir da conexão de partes de um texto, de sentenças, de frases,
principalmente mediante
conectivos:
Bem, vocês puderam acompanhar alguns tipos de coesão textual. É preciso lembrar
que a coesão
não se esgota diante do que foi abordado nesse módulo. Há mais elementos
coesivos, porém, como introdução,
esses tipos apresentados já nos são sufi cientes para ter uma idéia da relação
coesiva em textos,
um dos pontos principais da LINGUÍSTICA Textual. Agora vamos passar para um
outro item que também é
importantíssimo para os estudos da referida disciplina: a coerência textual.
A COESÃO TEXTUAL
Em algum momento de sua vida você ou uma pessoa que você conhece já deve ter
se deparado com
um texto e, após fazer uma leitura, ter dito: “Não entendi esse texto. Para mim, não
está coerente”, ou “O
que o texto apresenta está totalmente incoerente”. Pois é. Muitas vezes não
conseguimos compreender a
mensagem de um determinado texto, caracterizando-o como um texto incoerente.
Mas você sabe por que
isso acontece? Bem, a resposta para essa pergunta será dada a partir de agora.
Mas não se preocupe. Prometo
tentar ser muito coerente, tá?!
Primeiramente, podemos dizer que a coerência é o que dá textualidade a
uma determinada seqüência LINGUÍSTICA. É mediante a coerência que uma
seqüência
LINGUÍSTICA pode se tornar um texto.
Agora, vamos ver alguns fatores que contribuem para a constituição da textualidade,
ou seja, para
que a coerência se configure, proporcionando, assim, a compreensão textual.
CONHECIMENTO DE MUNDO
• FRAMES
• ESQUEMAS
• PLANOS
• SCRIPTS
CONHECIMENTO PARTILHADO
Para nós, não é difícil perceber que a fumaça citada na frase acima é produzida pelo
cigarro. Conseguimos
compreender o exemplo citado porque temos esse conhecimento compartilhado.
Por isso, não
foi preciso explicar que a fumaça sai do cigarro.
INFERÊNCIAS
LINGUÍSTICA Textual 37
Diante dessa frase, nós podemos fazer as seguintes inferências:
Pedro tem uma casa nova.
A nova casa de Pedro é uma mansão.
Pedro tem dinheiro para comprar uma mansão.
Pedro é rico.
Pedro é um ótimo partido!
É claro que as inferências dependem também do contexto. Se uma mãe tiver o
propósito de arru
mar um marido rico para sua fi lha, a última inferência estaria bem direcionada.
Porém, nesse caso, todas
as inferências seriam válidas.
FATORES DE CONTEXTUALIZAÇÃO
TÍTULO
NOME DO AUTOR
CARIMBO
DATA
ASSINATURA
Entre outros
SITUACIONALIDADE
Imagine uma pessoa indo à praia vestida com um paletó e uma gravata, e outra em
um casamento,
Não é prudente, por exemplo, utilizar gírias na linguagem durante uma entrevista de
emprego, a
não ser que o trabalho seja direcionado para uma situação comunicativa em que se
precise utilizar gírias
ou algo parecido. Porém, no mais, não se faz conveniente o uso da respectiva
linguagem em uma entrevista
de emprego. Assim, fi ca claro que a situação comunicativa, e também sócio-
cultural, é determinante
para a coerência na produção textual.
INFORMATIVIDADE
1. O oceano é água.
2. O oceano é água. Mas ele se compõe, na verdade, de uma solução de gases e
sais.
3. O oceano não é água. Na verdade, ele é constituído de gases e sais.
No primeiro exemplo, o grau de informatividade é muito pequeno. Isso porque todos
nós sabemos
que o oceano é constituído de água.
A partir desses exemplos, foi possível observar que um texto pode ter um grau
mínimo de informatividade,
por ser previsível demais, ou até chegar a um grau máximo de informatividade, pela
ausência
de previsibilidade.
FOCALIZAÇÃO
A focalização poderá, em casos como esse, evitar a incoerência. Essa frase poderia
ser dita em
contextos, tais como:
LINGUÍSTICA Textual 39
A fábula mostra que, ante a decisão dos que são maus, nem uma justa
defesa tem força.
O LOBO E O CORDEIRO
– indagou o cordeirinho. “Por mais limpo que esteja um cordeiro é sempre sujo
para um lobo” – retrucou dialeticamente o lobo. “E vice-versa” – pensou o
cordeirinho,
mas disse apenas: “Como posso eu sujar a sua água se estou abaixo da corrente?”
“Pois se não foi você foi seu pai, foi sua mãe ou qualquer outro ancestral
e vou comê-lo de qualquer maneira, pois como rezam os livros de lobologia, eu só
me alimento de carne de cordeiro” – fi nalizou o lobo preparando-se para devorar o
cordeirinho. “Ein moment! Ein moment!” – gritou o cordeirinho traçando lá o seu
alemão kantiano. “Dou-lhe toda razão, mas faço-lhe uma proposta: se me deixar
livre atrairei pra cá todo o rebanho.” “Chega de conversa” – disse o lobo – “Vou
comê-lo logo, e está acabado.” “Espera aí” – falou fi rme o cordeiro – “Isso não é
ético. Eu tenho, pelo menos, direito a três perguntas.” “Está bem” – cedeu o lobo
irritado com a lembrança do código milenar de jungle. – “Qual é o animal mais
estúpido do mundo?” “O homem casado” – respondeu prontamente o cordeiro.
“Muito bem, muito bem!” – disse o lobo, logo refreando, envergonhado, o súbito
entusiasmo. “Outra: a zebra é um animal branco de listras pretas ou um animal
preto de listras brancas?” “Um animal sem cor pintado de preto e branco para não
passar por burro” – respondeu o cordeirinho. “Perfeito!” – disse o lobo engolindo
em seco.” Agora, por último, diga-me uma frase de Bernard Shaw.” “Vai haver
eleição em 66” – respondeu logo o cordeirinho mal podendo conter o riso. “Muito
bem, muito certo, você escapou!” – deu-se o lobo por vencido. E já se ia preparando
para devorar o cordeiro quando apareceu o caçador e o esquartejou.
MORAL: QUANDO O LOBO TEM FOME NÃO DEVE SE METER EM FILOSOFIAS.
Agora, observe uma fábula, com o mesmo título, mas com sua produção datada por
volta do século
VII a.C.
O lobo e o cordeiro
Moral: A fábula mostra que, muitas vezes, a verdade tem seus efeitos até sobre os
inimigos. ESOPO,
2006, p.119 – 120)
INTENCIONALIDADE
Pois é. Até em fi lmes podemos ver esse tipo de cena, principalmente quando
tratam de estratégias jurídicas para inocentar um acusado.
ACEITABILIDADE
Nesta parte do módulo, foram apresentados alguns pontos importantes para que se
estabeleça a coerência
textual. Você também pôde ter a noção de que a coerência não é qualidade só das
seqüências LINGUÍSTICAs e de
que tampouco depende única e exclusivamente de fatores extralingüísticos. A
coerência se dá nesse processo de
constituição textual que envolve todos esses elementos. Agora já podemos
compreender a relação entre estes dois
fatores primordiais para a LINGUÍSTICA Textual: a relação entre a coerência e a
coesão.
LINGUÍSTICA Textual 41
mos, frases, orações... Esses elementos têm a propriedade de dar uma linearidade
ao texto, de estabelecer
uma ligação entre suas partes. Assim, podemos dizer que a coesão pode ser
visualizada na matéria LINGUÍSTICA
do texto, pode ser reconhecida na seqüência LINGUÍSTICA.
Por conta da relação existente entre a coerência e a coesão, muita gente pensa que
as duas estão
intimamente ligadas ao ponto de não poderem se separar. Nesse sentido, os
referidos elementos não
poderiam existir um sem a presença do outro. De acordo com esse ponto de vista,
vamos ver qual é a
posição de Koch & Travaglia diante da seguinte citação:
E continuam:
TEXTO 1 – O SHOW
O show
O cartaz
O desejo
O pai
O dinheiro
O ingresso
O dia
A preparação
A ida
O estádio
A multidão
A expectativa
A música
A vibração
A participação
O fim
A volta
O vazio
Apesar de podermos caracterizá-lo, em suma, como um texto não coeso, vimos que
há coerência.
TEXTO 2
João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também
os mísseis são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. Segundo a
teoria da Relatividade o espaço é curvo. A geometria Rimaniana dá conta desse
fenômeno.
O que vemos aqui é o oposto do texto “O show”. Está clara a presença da coesão.
No decorrer da
leitura, é notória a retomada de termos, a repetição de palavras. No entanto, se fi
zermos a pergunta que
não quer calar...
A POLIFONIA TEXTUAL
É possível constatar, pela contribuição de Ducrot (1987) com a sua teoria polifônica
da linguagem,
a não-unicidade do sujeito. Ao tratar da questão polifônica da linguagem, Ducrot
retoma a teoria de
Bakhtin ([1929], 1976), fundamentada pela idéia de dialogismo, retratando-a ao
campo da Semântica da
Enunciação, direcionando-a ao espaço lingüístico. Durante a formulação de sua
teoria, que se fez fundamental
para os estudos da linguagem, como objetivo principal a ser galgado, teve a
intenção de comprovar
a não-unicidade do sujeito, evidenciando um cenário enunciativo no qual várias
vozes circundam-no a
fi m de se fazerem presentes e predominantemente incontestes para a
concretização do ato de elocução.
LINGUÍSTICA Textual 43
presença de outros discursos (interdiscurso), de outras vozes que se digladiam
numa arena dialógica e se
fi rmam como parte produtora da enunciação.
“Por definição, entendo por locutor um ser que é, no próprio sentido do enunciado,
apresentado como seu responsável, ou seja, como alguém a quem se deve
imputar a responsabilidade deste enunciado”.
Diante do exposto, dá para perceber que o locutor é tido como o responsável pelo
enunciado; no
entanto, Ducrot assinala que o locutor é diferente do sujeito empírico, da pessoa em
si. Ainda em relação
ao locutor, Ducrot o separa em duas instâncias: “locutor enquanto tal” (L) e “locutor
enquanto ser do
mundo” (.).
Para tentar deixar essas concepções mais claras, Ducrot se baseia no trabalho de
Genette acerca da
teoria da narrativa. Assim, ele compara o locutor com o autor, e o enunciador com a
personagem:
LOCUTOR/AUTOR X ENUNCIADOR/PERSONAGEM
Vamos visualizar melhor a polifonia de Ducrot. Para isso, leia o exemplo abaixo e
perceba como é
possível efetuar o estabelecimento de locutores e enunciadores no decorrer de
seqüências LINGUÍSTICAs.
É, compreender todas essas idéias leva um pouco de tempo. Se tiver alguma difi
culdade, não se
aflija. Aos poucos, questões mais complexas passam a fazer sentido para nós.
Nesse momento, é necessário
que você tente internalizar os pontos principais da teoria polifônica da linguagem. A
parte teórica às
vezes se torna um pouco complexa, mas quando passamos a praticar, tudo fi ca
bem melhor. Você gostou
da análise feita a partir do exemplo apresentado? Achou difícil? Bem, quaisquer que
sejam as respostas,
uma coisa é certa: Temos de convir que Ducrot, ao questionar a noção da unicidade
do sujeito, acabou
apresentando uma forma diferente de ver o texto, de observar os enunciados. E isso
é importantíssimo
para o desenvolvimento dos estudos lingüísticos.
HIERARQUIA
Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais porque
tinha acabado de
brigar com a mulher e esta lhe dissera poucas e boas.1 Ainda com as palavras da
mulher o aborrecendo o
leão subitamente se defrontou com um pequeno rato, o ratinho mais menos que ele
já tinha visto. Pisou-
lhe a cauda e, enquanto o rato forçava inutilmente para fugir, o leão gritou:
“Miserável criatura, estúpida,
ínfima, vil, torpe: não conheço na criação nada mais insignifi cante e nojento. Vou te
deixar com vida apenas
para que você possa sofrer toda a humilhação do que lhe disse, você, desgraçado,
inferior, mesquinho,
rato!” E soltou-o. O rato correu o mais que pôde, mas, quando já estava a salvo,
gritou pro leão: “Será
que Vossa Excelência poderia escrever isso para mim? Vou me encontrar agora
mesmo com uma lesma
que eu conheço e quero repetir isso pra ela com as mesmas palavras!”2
No fragmento “não muito rei dos animais”, o L mobiliza três enunciadores (E).
LINGUÍSTICA Textual 45
O E1, ponto de vista que representa a voz sustentadora da idéia de o leão ser o rei
dos animais. O
E1 se assimila à perspectiva do senso comum, vez que a sociedade vê
convencionalmente no leão um ser
imponente, situado na camada mais alta do “reino dos animais”. Nesse caso, de
forma fi gurativa, o leão
representa a arquitetura social vigente, caracterizando uma sociedade estruturada
de acordo com uma
visão patriarcal, a partir da qual o homem ainda tem supremacia em termos de poder
e de direitos em
relação à mulher. O leão, portanto, encontra-se num lugar que deve ser mantido,
preservado. Além do
E1, manifestam-se dois outros enunciadores distintos mediante o grau de
intensidade, marcado discursivamente
pelo intensifi cador “muito”. Assim, tem-se o E2, que aplica um grau maior ao “rei
dos animais”,
indicando o ponto de vista de que o leão pode ser mais que o rei dos animais,
portanto, “muito rei dos
animais”. No entanto, em oposição ao referente grau ascendente, que é rejeitado no
discurso, passa a ser
estabelecido o E3 sob um caráter estrutural de litotes. Portanto, ao apresentar-se
como um enunciado
negativo: “não muito rei dos animais”, remete-se ao posicionamento do E3, confi
gurado mediante o sentido
de o leão estar pouco rei dos animais. Esse é o ponto de vista que se leva em
consideração na fábula.
A partir daí verifica-se a presença de um abalo, de um estremecimento nas bases da
arquitetura social. Tal
situação é observada mediante a caracterização do posicionamento do locutor e o
vínculo estabelecido
com o centro da perspectiva em questão. O acionamento das posições locutor /
enunciador efetua-se na
fábula em análise remetendo à teoria polifônica de Ducrot em consonância com o
discurso na AD, a partir
do qual se podem identifi car os efeitos de sentido considerando a sociedade e as
ideologias presentes,
já que várias vozes são firmadas, marcando o discurso mediante essa cadeia de
relações.
Simbolicamente, o leão é:
Considerado o “rei” dos animais na terra (ao lado da águia, a “rainha” dos pássaros)
(...) Outras
características de forte teor simbólico são, sobretudo, a coragem, a ferocidade e sua
suposta sabedoria.
É representado geralmente como símbolo de poder e de justiça nos tronos e
palácios soberanos (LEXIKON,
1990, p. 120-121).
No entanto, no momento em que aparece “andando chateado não muito rei dos
animais”, esse, por sua
vez, surge momentaneamente descaracterizado de seu valor simbólico, visto que
não se encontra tão feroz, nem
tão sábio. Na verdade, já que tivera “acabado de brigar com a mulher e esta lhe
dissera poucas e boas”, subentende
-se que o leão não se sentiu confortável por ter de ouvir as “poucas e boas”. Ao se
evidenciar um “poder”
apresentado pela mulher, percebe-se que o leão não está mais em sua posição
hegemônica que lhe é atribuída.
Nesse ponto de vista, ela passa a desmantelar toda uma concepção de poder que a
ele é instituído.
Ao se colocar que “esta lhe dissera poucas e boas”, o L mobiliza mais três
enunciadores: o primeiro,
E4, aponta para as mulheres oprimidas, pusilânimes, que não dizem nada. Nessa
concepção, tem-se um
lugar historicamente ocupado pela mulher, mediante o paradigma da concepção
machista. A partir daí, retoma
-se o ponto de vista daquele que vê a mulher subordinada à autoridade masculina,
numa condição préestabelecida
ao longo dos tempos. O E5 diz respeito às mulheres que realmente dizem “poucas
e boas”, em
seu sentido denotativo, no intuito de agradar, de servir. No entanto, na fábula, o
sentido de poucas e boas
é justamente o inverso, ou “muitas e más”, que é explicado com uma citação do
autor de forma irônica, já
que o referido sentido inverso é de conhecimento geral, por esta expressão, “poucas
e boas”, fazer parte do
contexto da referida sociedade, a qual é estabelecida no texto, mobilizando o E6.
Quando o leão, através de um discurso direto, grita: “Miserável criatura, estúpida, ínfi
ma, vil, torpe:
não conheço na criação nada mais insignifi cante e nojento. Vou te deixar com vida
apenas para que você
possa sofrer toda a humilhação do que lhe disse, você, desgraçado, inferior,
mesquinho, rato!”, passa a ser
desmantelado mais um símbolo que o caracterizava: o símbolo de justiça a que se
assimilara em palácios
soberanos, visto que o rato não lhe tivera feito mal algum. Além disso, presentifi ca-
se o L1, já que, para
Ducrot (1987, p. 182), o locutor é “um ser que é, no próprio sentido do enunciado,
apresentado como seu
responsável, ou seja, como alguém a quem se deve imputar a responsabilidade
deste enunciado”. Através
dos verbos “conheço”, “vou” e “disse”, apresentados em 1ª pessoa do singular,
constata-se a presença
do pronome elíptico “eu”, que revela L1 não apenas como “locutor enquanto tal”,
mas também como
ser do mundo, representado por .. A esse respeito, Ducrot (1987, p. 188) salienta:
“de um modo geral o
ser que o pronome eu designa é sempre ., mesmo se a identidade deste . só fosse
acessível através de seu
aparecimento como L”. Dessa forma, confi guram-se divididas duas instâncias
LINGUÍSTICAs estabelecidas
na enunciação: L1 e ..
A atitude do leão remete à teoria de Althusser ([1985] 2003) acerca dos Aparelhos
Repressores de
Estado, vez que o leão age preponderantemente através da violência física (mesmo
sem descartar a existência,
em um menor grau, da ideologia), ao pisar a cauda, impedindo que o rato possa
fugir, bem como
mediante a violência verbal, que se apresenta por meio de insultos e ofensas
destinadas ao rato. Apesar
disso, os valores, mesmo por meio de estruturas repressivas, são levados mediante
a ideologia. Tratando
LINGUÍSTICA Textual 47
leão. Porém, em uma primeira análise, isso não ocorre. Nesse sentido,
surpreendentemente o rato diz: “Será
que Vossa Excelência poderia escrever isso para mim? Vou me encontrar agora
mesmo com uma lesma que
eu conheço e quero repetir isso pra ela com as mesmas palavras!”
A “tirada” do rato é feita, nesse sentido, não como uma colocação sincera, mas
surge na forma
irônica. Por isso, o pedido expresso na verdade é de cunho absurdo para ele, já que
não pretende obter
resposta alguma do leão. Por “querer” que o leão repita a ofensa “com as mesmas
palavras” no intuito de
que possa dizer as mesmas coisas à lesma, a qual, para o rato, se apresenta como
ser mais insignifi cante
que ele próprio, o “mais menos”, gera um efeito de sentido que indica o não
afetamento moral do rato
pelas ofensas do leão, ser “superior”, que não consegue fazer com que um outro,
insignifi cante, se sinta
em sua condição de rebaixamento moral. O rato salienta que há um posicionamento
inferior ao dele, no
entanto não se sente afetado pelo leão, o que põe em dúvida uma possível
onipotência, vez que, em se
tratando do “rei dos animais”, o local soberano em que se encontra deveria lhe
instituir a centralização
do poder, o que, diante da posição irônica do rato, não ocorre.
A moral da fábula “Afinal ninguém é tão inferior assim” e a submoral “Nem tão
superior, por falar nisso”
são de responsabilidade do locutor L, o qual se assimila à voz dos contadores de
histórias e que, para tanto, se apresenta
a partir da perspectiva da voz genérica. Nesse sentido, na moral e na submoral são
resgatados L e o ponto
de vista a que L se assimila: o E0. Além disso, os referidos fragmentos resgatam a
idéia de poder desenvolvida
durante a análise, que marca a luta da mulher, a qual ganha maior relevo com o
posicionamento do ideal feminista
e o poder das classes dominantes, desenvolvido a partir de um movimento
capitalista de produção intensifi cada
e de exploração do trabalho, o que na década de 50 caracterizou a sociedade
moderna. Apesar de se ter um valor
hierárquico presentifi cado na fábula, o qual, mesmo corroído pelas estruturas
ideológicas que tendem a combater
Bem, agora que já vimos alguns pontos básicos da polifonia, vamos tentar aplicá-los
e realizar outras
façanhas em nossa atividade. Se você sentir difi culdade em algum momento, não
desista. Lembre-se
de que uma forma de aprender é analisando nossos erros e tentando superar
nossos limites. Não esqueça
de seu espírito de águia, tá?! Mãos à obra!
Geraldo Eustáquio
Os urubus e sabiás
Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho
de cada um urubuzinho,
instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem
todos chamavam
por Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia
dos urubus foi
estremecida. A fl oresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que
brincavam com os canários
e faziam serenatas com os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor
encrespou a testa, e eles
convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
“-Onde estão os documentos dos seus concursos?” E as pobres aves se olharam
perplexas, porque nunca
haviam imaginado que tais coisas houvesse. Não haviam passado por escolas de
canto, porque o canto nascera
com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas
cantavam, simplesmente...
-Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.
Rubem Alves
Esse texto é bem bacana, muito prazeroso de se ler. Agora, depois do prazer da
leitura vamos pôr
a mão na massa.
Esta pungente história se passou no meio de uma selva, nas areias de um deserto,
num velho navio abandonado
e sem rumo, em qualquer lugar em que há difi culdades de alimentação e o homem
começa a sentir a antropo
ou qualquer outra fagia a lhe espicaçar o estômago.
Brasil biafra. Breu. Barbárie boçal. Barraco barrento. Barata. Bacilo. Bactéria. Bebê
buchudo, borocoxô.
Bolso banido. Boca banguela. Barriga baldia. Barbeiragem. Bastaria bóia, baião-de-
dois.
Brasil Bélgica. Brancura. Black-tie. Badalação brega. Boa brisa. Bens. Banquetes.
Brindes. Brilho besta.
Bonança bifocal. BMW: blindagem. Bolsa balofa: babau, baby.
O letramento
Durante muito tempo, chamou-se aquele indivíduo que sabia ler e escrever de
LETRADO. Bem,
se tomarmos essa caracterização como parâmetro, chegaremos à conclusão de que
os analfabetos, as
pessoas que não sabem ler, são denominadas de ILETRADAS.
Diante disso, ao pensarmos na forma com que as pessoas viam (e muitas ainda
vêem) essa questão,
Embolou tudo aí dentro de sua cabeça? Não se afl ija! Vamos ajeitar tudo agora.
Primeiro, vamos
ver o que Marcuschi nos diz sobre o letramento:
“O letramento (...) envolve as mais diversas práticas da escrita (nas suas variadas
formas) na sociedade e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita,
tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em que identifi ca
o valor do dinheiro, identifi ca o ônibus que deve tomar, consegue fazer cálculos
completos, sabe distinguir as mercadorias pelas marcas etc., mas não escreve
cartas
nem lê jornal regularmente, até uma apropriação profunda, como no caso do
indivíduo que desenvolve tratados de Filosofi a e Matemática ou escreve romances.
Letrado é o indivíduo que participa de forma significativa de eventos de letramento
e não apenas aquele que faz um uso formal da escrita”.
E agora, fi cou mais claro? É preciso, portanto, pensar o letramento como uma
prática social. É o letramento
que permite que as pessoas “leiam” o mundo à sua volta. Ora, quem não conhece
ou nunca ouviu falar
E não podemos pensar o letramento como um só. Sabemos que existem várias
práticas sociais.
Então temos letramentoS, no plural. Nesse sentido, Marcuschi salienta que “o
letramento é um processo
de aprendizagem social e histórica da leitura e da escrita em contextos informais e
para usos utilitários,
por isso é um conjunto de práticas, ou seja, letramentos”.
Bem, já vimos como vem sendo pensado o letramento hoje em dia. Agora,
passemos para a oralidade.
A oralidade
Quando nos perguntamos o que vem a ser a escrita, não raro vem à mente a
seguinte resposta:
LINGUÍSTICA Textual 53
bem como o da aquisição de um raciocínio formal.
Porém, essa tese não é mais considerada hoje em dia. Autores como Jack Goody e
Walter Ong já
deixaram de lado esse pensamento.
É claro que a escrita já faz parte do nosso dia-a-dia. Até mesmo um analfabeto está
exposto
a sua influência.
Quantas vezes você já viu alguém ser tratado com preconceito por conta da escrita?
Pois é! A
escrita, desde que foi criada, pouco mais de 3.000 anos antes de Cristo, veio
ganhando um status impressionante,
tornando-se até motivo de preconceito, principalmente em nossa sociedade.
Sempre temos
conhecimento de pessoas que sofreram preconceitos por não saberem escrever ou
por não utilizarem o
modelo padrão da escrita corretamente. Sem sombra de dúvida, muitos de nós até
já fizeram isso.
A importância da escrita tem se tornado algo tão notório que até mesmo
organizações que primam
pelo desenvolvimento de nações atestam a importância da alfabetização. É o caso
da UNESCO, que atribui
à falta de alfabetização a presença da pobreza, da doença, do atraso.
Perspectiva dicotômica
Repare que nós, antes de sermos seres que dominam a escrita, somos seres que
utilizam a oralidade.
Assim, a fala ganha um caráter natural. A escrita, nesse ponto de vista, é um fato
histórico, diferente da
fala, um bem natural.
A partir daí, não se deve dizer que a fala, por sua primazia cronológica e por ser um
bem natural,
seja mais importante que a escrita. Hoje em dia, a fala e a escrita andam de mãos
dadas.
Perspectiva sociointeracional
LINGUÍSTICA Textual 55
do por Marcuschi a respeito dessa perspectiva:
Dialogicidade
Usos estratégicos
Funções interacionais
Envolvimento
Negociação
Situacionalidade
Coerência
Dinamicidade
Nesse sentido, Marcuschi sugere que a perspectiva interacionista seja integrada aos
estudos da Análise da
Conversação etnográfi ca e da LINGUÍSTICA Textual, para que os estudos
apresentassem melhores resultados.
Diante disso, dá para perceber que nos estudos da fala e da escrita não há
consenso, muito menos
nos da oralidade e do letramento. Segundo Marcuschi, “as diferenças entre fala e
escrita se dão dentro de
um continuum tipológico das práticas sociais de produção textual e não na relação
dicotômica de dois
pólos opostos”.
o seu uso na sociedade, vemos que muitas vezes os aspectos da fala e da escrita
se misturam. Vejam, a
exemplo disso, o bate-papo na internet. Ele representa a língua falada ou a língua
escrita? Ou deveríamos
observar esse tipo de texto como um texto misto? Bem, muitas respostas para essas
questões estão sendo
propostas, principalmente a de ser um texto misto. Mas o que importa nesse
momento é que a língua,
tanto falada como escrita, passe a ser vista de outra forma, que não como um
sistema dicotômico, formal
e rígido. É preciso acompanhar os novos estudos acerca desses aspectos e
compreender como essas
questões estão sendo tratadas ultimamente.
Além disso, é importante vermos alguns aspectos da conversação. Preste bastante
atenção para esse
outro trabalho em textos conversacionais. Prontos? Então vamos nessa!
A um poeta
É a força e a graça na
simplicidade.
Além de ser uma das grandes obras da literatura, esse poema nos traz a idéia que
traçávamos: a
LINGUÍSTICA Textual 57
• Repetições
• Correções
• Hesitações
• Paráfrase
• Elipse
• Digressões
Quanto à repetição, Marcuschi já chegou a afi rmar que é uma característica típica
da fala. Além
disso, ele diz que a repetição é fenômeno que representa mais de 20% da fala.
L1 silabados...
L1 é...
L2 para saber se ele tinha...ah::...boa dicção para falar em rádio...não é?...então ele
caprichava...é
isso que o Chico Anísio está...ah ah ah...caçoando...
L1 é...
L2 no programa dele...
L1 no programa dele
L2 e...mas eu noto que agora...sobretudo na nossa família que nós temos muita
preocupação...da
da linguagem simples e da linguagem::...correta
L1 exata
L1 dos cariocas
L2 adoram...
L2 artifi cial
Atividade Complementar
1. Diante do que estudamos, defina:
Oralidade
LINGUÍSTICA Textual 59
Letramento
Marcuschi, 2005, p. 26
LOCUTOR: é uma função enunciativa que o sujeito falante exerce e através da qual
se apresenta
como eu no discurso. É o ser apresentado como responsável pelo dizer, mas não é
um ser no mundo,
pois trata-se de uma ficção discursiva.
LINGUÍSTICA Textual 61
ORALIDADE: prática social interativa para fi ns comunicativos que se apresenta sob
variadas formas
ou gêneros textuais fundados na realidade sonora.
Fávero, 2005, p. 13
jara Inácio de. Tessitura textual: coesão e coerência como fatores de textualidade.
São Paulo: Humanitas,
2000.
BARROS, Diana Luz Pessoa de; FIORIN, José Luiz (Org). Dialogismo, polifonia,
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BURKE, Peter. A cultura popular na idade moderna. Trad. Denise Bottmann. São
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LINGUÍSTICA Textual 63
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LINGUÍSTICA Textual 65
FTC - EaD
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