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Educação Física
Educacionais Especiais – GEINE; pesquisadora do Observatório fragmentos dos trabalhos de Mestrado e Doutorado Tematizo meus estudos e pesquisas na área de formação
Nacional de Educação Especial – ONESSP. Sou cinéfila dos autores e teve como propósito inicial divulgar e e exercício profissional, a partir do Núcleo de Estudos e
assumida e apreciadora dos esportes, sobretudo, judô e futebol. trazer para avaliação de vocês, leitores, parte desse Pesquisas em Educação Física, Esportes e Lazer – NEPEEL,
Ouvir boa música, conversar com amigos e estar perto dos conhecimento produzido e sistematizado cientifica- que fica na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
filhos são meus grandes prazeres, se tudo isso acontecer em mente. Importante ressaltar, que se trata de um traba- onde leciono disciplinas da área de Estágio, Lazer e Futebol.
diversos lugares do planeta, o meu mundo estará completo. Atualmente considero-me um professor em evolução, que se
lho com seriedade e rigor, embora, balizado por uma
vê no desafio de aliar o conhecimento científico às demandas
relação entre os autores de diálogos/debates, mas
contemporâneas de uma juventude cada vez mais distante dos
sempre com muito afeto. Os textos aqui reunidos
Educação Física
para a reflexão e o avanço acadêmico, na área da Edu-
cação/Educação Física, bem como subsidiar e susci-
Leonardo de tar novas inquietações e outras produções científicas.
Carvalho Duarte Currículo, formação e inclusão
Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal da
Bahia em 2006, especialista em Metodologia do Ensino da Fernando Reis do Espírito Santo Fernando Reis
Educação Física e Esporte Escolar pela Faculdade da Cidade
César Pimentel Figueiredo Primo do Espírito Santo
do Salvador em 2008 e mestre em Educação pela UFBA em
Christiane Freitas Luna Doutor em Educação pela PUC/SP; mestre em Educação pela
2011. Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia e coordenador pedagógico da Escola Lua Nova, sou
Leonardo de Carvalho Duarte UFBA; graduado em Educação Física pela UCSAL. Atualmente
integrante dos grupos de pesquisa CORPO/CNPq/UFBA e sou professor da UFBA, lotado na Faculdade de Educação.
NEPEEL/CNPq/UESB onde desenvolvo estudos principalmente Líder do Grupo de Pesquisa Cotidiano, Pesquisa, Resgate e
nas linhas de Educação Física Escolar, Inclusão e Ginástica. Orientação – CORPO. Tenho experiência docente e estudos
Sou um jovem Professor/Educador que orienta sua práxis, com concentração em: Currículo; Formação Profissional;
especialmente, a partir das ideias de Levy Vigotsky, Paulo Freire Didática; Metodologia do Ensino; Metodologia da Pesquisa.
e Rubem Alves. Viajar, praticar esportes, apreciar as artes e a Admirador do cinema europeu, música MPB, teatro e futebol-
culinária me encantam. Mas a família, os amigos, a comunhão arte. Minhas leituras preferenciais: Paulo Freire; Rubem Alves;
com os irmãos e a fé em Jesus Cristo são as prioridades da Florbela Espanca; Jorge Luis Borges; Carlos Drumond de
minha vida. Andrade; Clarice Lispector e Nietzsche.
Vice-Reitor
Luiz Rogério Bastos Leal
Educação Física
Currículo, formação e inclusão
Salvador
Edufba
2012
ISBN 978-85-232-0974-2
CDD – 613.7
Editora filiada à
EDUFBA
Rua Barão de Jeremoabo, s/n, Campus de Ondina,
40170-115 Salvador-Ba Brasil
Tel/fax: (71)3283-6160/3283-6164
www.edufba.ufba.br | edufba@ufba.br
13 Prefácio
Edivaldo Machado Boaventura
19 Capítulo 1
Trajetória do currículo
Fernando Reis do Espírito Santo
47 Capítulo 2
Formação profissional em Educação
Física: notas introdutórias sobre o
papel docente na constituição de um
currículo marginal
César Pimentel Figueirêdo Primo
129 Capítulo 4
Educação Física e inclusão:
perspectivas para ação pedagógica de
professores em turmas inclusivas
Leonardo de Carvalho Duarte
E continua:
Há um jeito fácil de saber se o que se sente é prazer ou alegria.
Basta prestar atenção no corpo. Se ele for ficando cada vez mais
pesado, é prazer. Se for ficando cada vez mais leve, é alegria [...].
8 Primeiras palavras
10 Primeiras palavras
14 Prefácio
16 Prefácio
Edivaldo M. Boaventura
Professor emérito da Universidade Federal da Bahia
Trajetória do currículo
22 Trajetória do currículo
24 Trajetória do currículo
4 Tyler identifica três fontes nas quais se devem buscar os objetivos da educação, afirmando que cada
uma delas deve ser igualmente levada em consideração: 1) estudos sobre os próprios aprendizes;
2) estudos sobre a vida contemporânea fora da educação; 3) sugestões das diferentes disciplinas.
5 Segundo Kliebard (1975), essas duas vertentes se caracterizam da seguinte forma: uma voltada
para a elaboração de um currículo que valorizasse os interesses do aluno e outra para a construção
científica de um currículo que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta então considera-
dos “desejáveis”. A primeira representada pelos trabalhos de Dewey e Kilpatrick e a segunda pelo
pensamento de Bobbit. A primeira contribui para o desenvolvimento do no Brasil se chamou de
escolanovismo e a segunda, constituiu a semente do que aqui se denominou de tecnicismo.
6 Esse currículo foi herdeiro do currículo das chamadas “artes liberais” que, vindo da Antiguidade Clás-
sica, se estabelecera na educação universitária da Idade Média e do Renascimento, na forma dos
chamados trivium (gramática, retórica, dialética) e quadrivium (astronomia, geometria, música, arit-
mética).
7 O movimento de reconceptualização, tal como definido por seus próprios iniciadores, pretendia in-
cluir tanto as vertentes fenomenológicas quanto as vertentes marxistas, mas as pessoas envolvidas
nessas últimas recusaram, em geral, uma identificação plena com aquele movimento.
26 Trajetória do currículo
8 É importante ressaltar que a NSE é fruto de um conjunto de trabalhos que é usualmente associado
a uma série de eventos editoriais estreitamente relacionados: 1) o aparecimento do livro Knowledge
and control, Young (1971) que tinha o subtítulo new directions for the SOE; 2) o lançamento do
primeiro curso de Open University de Sociologia da Educação Escolar e Sociedade, para o qual
Knowledge and control era um livro de leitura; e 3) a publicação de uma pequena antologia organizada
por Nell Keddie (1973) que apresenta o trabalho do sociolinguista americano, William Labov. (SILVA,
T., 1999a)
28 Trajetória do currículo
Essa análise feita por Young nos leva a afirmar que, ao buscar ques-
tionar a objetividade e a autonomia do currículo acadêmico e ao de-
monstrar sua natureza social, a NSE estava atacando o problema
correto. Entretanto ela fracassou em ser específica e na forma como
conceptualizava o social. Esse foi o contexto no qual a NSE levantou
questões fundamentais sobre se a maior igualdade poderia ser alcan-
çada sem uma transformação substancial da organização do conheci-
mento nos currículos.
As propostas da NSE para o currículo, à medida que tentavam in-
verter o equilíbrio de poder, deslocando-o dos experts para a comuni-
dade, eram, em teoria, tanto progressistas como populares. Entretanto
elas precisavam de apoio popular. É somente quando o trabalho acadê-
mico crítico é ampliado para propor alternativas reais que ele pode ga-
nhar apoio popular e ser a base para a mudança democrática. Esse é
um comentário válido não somente para a NSE mas também para boa
parte da Sociologia da Educação de inspiração marxista do final da dé-
cada de 70 à década de 80 que lhe seguiu. (YOUNG, 1971)
Enquanto os modelos tradicionais de currículo restringiam-se à ati-
vidade técnica de como fazer o currículo, as teorias críticas sobre o cur-
rículo, ao contrário, começam por colocar em questão precisamente
os pressupostos dos presentes arranjos sociais e educacionais. As te-
orias críticas são teorias de desconfiança, questionamentos e transfor-
mação radical. Para as teorias críticas, o importante não é desenvolver
técnicas de como fazer o currículo, mas desenvolver conceitos que nos
permitam compreender o que o currículo faz.
10 Tomaz Tadeu da Silva em seu livro Documentos de identidade (1999b) nos apresenta uma breve
cronologia dos marcos fundamentais tanto da teoria crítica mais geral quanto da teoria crítica sobre
currículo: 1970 - Paulo Freire (1970), Pedagogia do oprimido; Louis Althusser (1970), A ideologia e os
aparelhos ideológicos de estado; Pierre Bourdieu e Jean Cloude Passeron (1970), A reprodução; Baude-
lot e Establet (1971), L’ecole capitaliste en France; Basil Bernstein (1971, v. 1), Class, codes and control;
Michael Young (1971), Knowledge and control: new directions for the sociology of education; Samuel
Bowles e Hebert Gintis (1976), Schooling in capitalist América; Willian Pinar e Madeleine Grumet
(1976), Toward a poor curriculum; Michael Apple (1979), Ideologia e currículo.
11 Althusser nesse ensaio iria fazer a importante conexão entre educação e ideologia que seria central
às subsequentes teorizações críticas da educação e do currículo.
30 Trajetória do currículo
32 Trajetória do currículo
12 Segundo Apple (1982), no papel reprodutivo, cabe à escola a seleção e a distribuição do conheci-
mento. O papel de produção é o que a escola exerce como instituição cultural, formas culturais
ideológicas para os grupos que estão no poder e, no papel de legitimadora, a escola justifica a ação
de um grupo e a sua aceitação social, fazendo com que o sistema econômico pareça natural.
13 I Conferência sobre Currículo organizada na Universidade de Rochester, Nova York, em 1973. O
movimento de reconceptualização exprimia uma insatisfação crescente de pessoas do campo do
currículo com os parâmetros tecnocráticos estabelecidos pelos modelos de Bobbit e Tyler.
34 Trajetória do currículo
14 Nos anos 60, além da influência do Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Ele-
mentar (PABAEE), o desenvolvimento do campo do currículo no Brasil foi marcado pela introdução
da disciplina Currículos e Programas nos cursos de Pedagogia, após a Reforma Universitária (Lei n º
5.540/1968). Desde então, o campo do currículo instalou-se no interior das faculdades e universida-
des, tornando-se campo de ensino e pesquisa.
Nos anos 70, permanece a influência americana no campo do currículo com características tecni-
cistas. Ver: Currículo Moderno: um planejamento dinâmico das avançadas técnicas de ensino, de Robert
S. Fleming (1970); Princípios básicos de currículo e ensino, de Ralph Tyler (1974). No Brasil, esse livro
chegou a ter nove edições, de 1974 a 1984.
Na década de 80, por influência dos estudos de Apple – ideologia e currículo, bem como educação e
poder –, há um grande impulso das produções no campo do currículo. Na segunda metade da déca-
da, com uma forte influência do educador Paulo Freire, surgem trabalhos significativos no Programa
de pós-graduação em Supervisão e Currículo da PUC/SP. Entre alguns trabalhos, destaca-se o da
No início dos anos 90, o campo do currículo vivia essas múltiplas influ-
ências. Os estudos em currículo assumiam um enfoque nitidamente so-
ciológico, em contraposição à primazia do pensamento psicológico até
então predominante. Os trabalhos buscavam, em sua maioria, a com-
preensão do currículo como espaço de relações de poder. Os estudos
que discutiam aspectos administrativo-científicos do campo foram to-
talmente superados, restando apenas pouquíssimas referências a esse
tipo de estudos nos primeiros anos da década, especialmente locali-
zadas na produção em periódicos. (MACEDO; FUNDÃO, 1996)
As proposições curriculares cediam espaço a uma literatura mais
compreensiva do currículo, de cunho eminentemente político. Na pri-
meira metade da década, a ampla maioria dos estudos se encaixava na
categoria de texto político, tal como define Pinar (1995). A ideia de que
currículo só pode ser compreendido quando contextualizado, política,
econômica e socialmente era visivelmente hegemônica. À exceção de
Paulo Freire, a maior parte das referências era a autores estrangeiros,
tanto no campo do currículo como Giroux, Apple e Young, quanto no
da Sociologia e da Filosofia, como Marx, Gramsci, Bourdieu, Lefebvre,
Habermas e Bachelard.
Nesse período, podemos situar como centrais as discussões sobre
currículo e conhecimento. Especialmente no Grupo de Trabalho (GT)
de Currículo15 da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa
Professora Ana Maria Saul (2000) – Avaliação emancipatória: desafio à teoria e à pratica de avaliação
e reformulação curricular. A importância dessa obra reside, sobretudo, na exposição de um novo
paradigma de avaliação denominada pela autora de Avaliação Emancipatória. Embora o livro trate
de avaliação de currículo e não do currículo propriamente dito, o esforço de teorização nessa área,
tão próxima , destaca-se como obra de especial relevância na produção sobre currículo nos anos 80.
(SOUZA, 1993)
15 Segundo Moreira (2002), a decisão de organizar o Grupo de Trabalho de Currículo foi tomada na
oitava reunião da ANPED. O primeiro encontro de seus membros ocorreu em dezembro de 1985,
no I Seminário Nacional de Currículo, promovido pelo Programa de Estudos de Pós-Graduados em
Supervisão e Currículo da PUC/São Paulo. Nessa oportunidade, o GT reuniu-se pela primeira vez,
coordenado pela Professora Ana Maria Saul. Decidiu-se, então, desenvolver a pesquisa em âmbito
nacional.
36 Trajetória do currículo
16 O ato de trazermos, neste trabalho, uma panorâmica da produção de um grupo de trabalho inte-
grante da estrutura organizacional da ANPED teve por base o significado dessa associação para a
comunidade acadêmica. Com efeito, a ANPED é uma das principais entidades científicas do campo
da Educação no Brasil (senão a principal) e, como tal, vem desempenhando um importante papel
legitimador do conhecimento produzido sobre esse campo.
17 A perspectiva pós-estruturalista alcançou destaque no campo do currículo no Brasil em virtude das
produções nessa área oriundas do grupo de Currículo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Esse grupo, liderado por Tomaz Tadeu da Silva e constituído por seus orientandos e colabo-
radores vem desde a primeira metade da década de 90, produzindo significativamente e conquistan-
do uma inserção expressiva nos congressos educacionais nacionais. (MACEDO; FUNDÃO, 1996)
38 Trajetória do currículo
Aproximações conclusivas
40 Trajetória do currículo
Referências
ABRAMOWICZ, Mere. Avaliando a avaliação da aprendizagem: um novo olhar.
São Paulo: Lúmen, 1996.
ACHOUR JR., Abdallah; ZAMBERLAN, Elói. Bacharel em ciências do esporte:
implantação. Revista da APEF, Londrina, v.12, n. 2, p.58-60, 1997.
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. Rio de Janeiro:
Graal, 1983.
APPLE, Michael W. Conhecimento oficial. 2. ed. Tradução: Maria Isabel
Edelweiss Bujes. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
______. Educação e poder. Porto Alegre: ArtMed, 1989.
______. Ideologia e currículo. São Paulo: Brasiliense, 1982.
______. Política cultural e educação. Tradução: Maria José do Amaral Ferreira.
São Paulo: Cortez, 2000.
42 Trajetória do currículo
44 Trajetória do currículo
46 Trajetória do currículo
Formação profissional
em Educação Física
notas introdutórias sobre
o papel docente na constituição
de um currículo marginal
20 Quando nos referirmos à globalização neste trabalho, estaremos compartilhando do ponto de vista
de Oreste Preti (2000) para quem esse processo é sinônimo de nova ordem mundial, mundiali-
zação do comércio e da produção industrial, alta modernidade, sistema mundial: não importa a
terminologia utilizada e sua base epistemológica. O que importa apanhar, nesse novo contexto, é o
processo de formação de uma nova ordem global tendo por base o poder econômico, ao invés do
poder político, deslocando a discussão sobre as relações de poder para as relações técnicas, de ge-
renciamento eficaz e eficiente de recursos. Há um processo de despolitização em face de uma visão
tecnocrática, gerencial e pragmática, em que a grande empresa capitalista é posta como modelo.
21 Com a promulgação da Constituição de 1937, a Educação Física passa a ser obrigatória nas escolas
brasileiras. Assim, nasce em 1939, com o Decreto-lei nº 1212, de 17 de abril de 1939, que cria, na
recém-nomeada Universidade do Brasil (UB), a Escola Nacional de Educação Física e Desportos
(ENEFD). Aí reside a primeira experiência em nível nacional de um currículo de formação na área.
(SOUZA NETO, 2002)
23 A compreensão do termo faz referência ao conceito desenvolvido por Moreira (1999, p. 15) que a
caracteriza por suas “contradições objetivas, decorrentes da perda do poder explicativo do aparato
conceitual e/ou da visão de mundo da teoria, e vivenciadas intersubjetivamente pelos sujeitos con-
cretos e históricos envolvidos”.
24 Os termos contra-hegemonia e contraesfera pública são aqui utilizados no sentido dado por Giroux
e McLaren (2000, p. 132) e dizem respeito à construção de esferas públicas alternativas e implicam
um entendimento mais político, mais teórico e mais crítico, não só da natureza da dominação, mas
também do tipo de oposição ativa que deveria engendrar.
Referências
BERCITO, S. D. R. Educação física e construção nacional (1932-1945). In:
FERREIRA NETO, A. (Org.). Pesquisa histórica na educação física brasileira.
Vitória, ES: Centro de Educação Física e Desportos/ UFES, 1996. p. 145-160.
BERTICELLI, I. A. Currículo: tendências e filosofia. In: VORRABER, Marisa
Costa. (Org.). O currículo no limiar do contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro:
DP&A, 1999.
BRASIL. Lei nº 9696, de 01 de setembro de 1998. Dispõe sobre a
regulamentação da Profissão de Educação Física e cria os respectivos
Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 set. 1998.
Portanto,
[...] a implementação da Educação Inclusiva no sistema educa-
cional brasileiro implica em enfrentar a problemática da inclusão/
exclusão e romper com um silêncio instaurado historicamente
sobre temas relativos à educação de “alunos com deficiência”, na
formação inicial dos docentes do ensino regular. Esse silêncio pode
dar lugar à reprodução de concepções e atitudes sociais de margi-
nalização e segregação no tratamento dado aos “alunos com defici-
ência”. (SANTOS, 2002, p. 37)
26 É sabido, contudo, que a reflexão epistemológica não se refere apenas à delimitação do objeto, mas
a compreensão deste, do sujeito epistêmico, da relação que os engendra e, por fim, do conhecimen-
to gerado nesse processo.
Era um currículo que trazia nas suas propostas uma visão técnico-
-linear de formação voltada para a organização e o desenvolvimento:
[...] depois de alguns anos sob a direção de militares, quando o pa-
drão de formação profissional se confundia com a preparação de
um cidadão segundo os padrões do Estado Novo, os médicos as-
sumiram os direcionamentos da ENEFD e passaram a imprimir ini-
ciativas cada vez mais substanciais de levar a Escola a ocupar seu
papel de Escola-Padrão. Tais iniciativas são percebidas na busca
da reformulação curricular, na preocupação com a realização de
pesquisas, de organização e oferecimento de cursos de aperfeiço-
amento e congressos, de envio de professores da Escola para o ex-
terior, no recebimento de professores renomados no exterior como
conferencistas e na publicação de um periódico específico, cuja
criação foi muito mais significativa do que uma medida de cumpri-
mento legal. (MELO, 1996, p. 35)
28 Não entravam no conteúdo dos programas temas como etiologias, discussões sobre estigma e
inserção social, políticas públicas referentes ao deficiente, enfim não se aprofundava em questões
relevantes para além do adestramento técnico adaptado.
29 Em bases científicas, consideraria os aspectos humanísticos (Conhecimento Filosófico do Ser hu-
mano, e da Sociedade) e técnicos.
30 Possibilitaria a cada aluno, por opção feita e/ou pela vocação ou disponibilidade dos meios dispo-
níveis em cada ISEF, a realização de pesquisas, estudos teóricos e/ou práticos, literalmente apro-
fundando seus conhecimento.
Algumas conclusões
Ver a escola como um espaço para todos é uma perspectiva que deve
exigir algumas mudanças na realidade, e algumas delas devem se con-
cretizar fora das instituições da educação básica, mesmo tendo cons-
ciência de que uma única escola não dará conta de todas as demandas
sociais e culturais.
Um dos espaços de mudança pode ser os currículos de formação do
educador, os quais precisam: reavaliar os conhecimentos que devem
ser almejados pelos cursos; discutir mais profundamente os conceitos
de inclusão e exclusão; perceber como os processos de exclusão se es-
tabelecem na prática docente; bem como observar as contribuições de
reforço da exclusão pela práxis do professor – e, a partir da conscienti-
zação, imprimir verdadeiras mudanças de postura.
Para se incluir a diversidade, deve haver modificações internas no
currículo e nas escolas. Mudanças na organização, na oferta de apoio a
professores e alunos, nas classes, na utilização de recursos humanos,
materiais pedagógicos, físicos da comunidade, alterações estruturais
e arquitetônicas, preparação do pessoal técnico-administrativo e tudo
mais que ocorra como necessário.
Referências
ALVES, Denise de Oliveira et al. Sala de recursos multifuncionais: espaços
para atendimento educacional especializado. Brasília: Ministério da
Educação, 2006.
31 Dentre as políticas públicas brasileiras que “garantem” o direito de todas as pessoas à educação,
independente de qualquer diferença, podemos citar a própria Constituição Federal de 1988 (art.
208, III); o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, (ECA, Lei n.º 8.069, art. 53); e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (Lei n.º 9394/96, Art. 4). Essas legislações
registram em seus textos a garantia legal da igualdade de acesso e atendimento educacional espe-
cializado para Pessoas com Deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
32 “Pessoa com deficiência” passou a ser a expressão adotada contemporaneamente para designar esse
grupo social. Em oposição à expressão “pessoa portadora”, “pessoa com deficiência” demonstra que a
deficiência faz parte do corpo e, principalmente, humaniza a denominação. Ser “pessoa com deficiên-
cia” é, antes de tudo, ser pessoa humana. É também uma tentativa de diminuir o estigma causado pela
deficiência. A expressão foi consagrada pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2006. (LANNA JUNIOR, 2010, p. 17)
34 São elas: Revista Movimento, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Lecturas: Educación Física y De-
portes – revista digital. Os autores registram que as revistas foram escolhidas pela sua regularidade
de publicação, bem como por serem periódicos de qualificação internacional na área da Educação
Física pelo Qualis da Capes.
35 Segundo Onrubia (2003, p. 127), proposta pelo psicólogo soviético l. S. Vygotski há mais de meio
século, no âmbito de uma posição teórica global que defende a importância da relação e da inte-
ração com outras pessoas como origem dos processos de aprendizagem e desenvolvimento hu-
mano, recuperada junto com o conjunto da obra vygotskiana nos últimos anos e objeto crescente
de interesse e aprofundamento no âmbito psicológico e educacional, a ZDP é definida como a
distância entre o nível de resolução de uma tarefa que uma pessoa pode alcançar atuando indepen-
dentemente e o nível que pode alcançar com a ajuda de um colega mais competente ou experiente
nessa tarefa. (VYGOTSKI, 1979 apud ONRUBIA, 2003) Em termos gerais, a ZDP pode ser definida
como o espaço no qual, graças à interação e à ajuda dos outros, uma pessoa pode trabalhar e resol-
ver um problema ou realizar uma tarefa de uma maneira e em um nível que não seria capaz de ter
individualmente. (NEWMAM; GRIFFIN; COLE, 1991 apud ONRUBIA, 2003)
36 Art. 3°. A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de
professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudio-
logia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de
ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas
acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos
conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, des-
de a educação infantil até à superior.
V - Apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de libras entre professores, alunos, funcioná-
rios, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos. (BRASIL, 2005)
37 De acordo com a caracterização de Vygotsky e os seus seguidores, é na ZDP que pode produzir-se
o aparecimento de novas maneiras de o participante menos competente entender e enfrentar as
tarefas e os problemas, graças à ajuda e aos recursos oferecidos por seu ou seus colegas mais com-
petentes ao longo da interação. [...] a ZDP é o lugar onde graças ao suporte e à ajuda dos outros,
pode desencadear-se o processo de construção, modificação, enriquecimento e diversificação dos
esquemas de conhecimentos definidos pela aprendizagem escolar. (ONRUBIA, 2003, p 128)
Não será possível superar essa visão nem mesmo reparar esse “dé-
bito histórico” do qual o autor fala sem enfrentar diretamente essa
questão. Parece-nos que essas ações dos professores apenas circun-
daram a problemática principal, popularmente diríamos que eles fi-
caram “comendo pelas beiradas”, mas não chegaram ao “X” da
questão, que ao nosso entender seria problematizar as diferenças e en-
contrar caminhos para a inclusão das crianças com deficiência nas ati-
vidades. Especialmente porque, segundo Silva (2000, p.100):
A questão da identidade, da diferença e do outro é um problema
social ao mesmo tempo em que é um problema pedagógico e cur-
ricular. Uma política pedagógica e curricular da identidade e da di-
ferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações
de boa vontade para com a diferença. Ela tem que colocar no seu
38 Segundo Díaz-Rodríguez e Begrow (2009) Vygotski caracteriza a mediação como momento espe-
cial, formando parte essencial da zona de desenvolvimento proximal, que é propiciado pela orien-
tação certeira e oportuna de outra pessoa, constituída numa ajuda eficiente e norteadora que não
oferece a solução e sim o caminho solucionador que abrevia e estimula o processo de obtenção de
aprendizados na criança.
Reflexões conclusivas
Objetivamos, com este trabalho, analisar a ação pedagógica de dois pro-
fessores de Educação Física em turmas inclusivas do ensino fundamental
I de uma escola da rede privada de ensino na cidade de Salvador-Bahia,
além de identificar o tratamento dado por esses professores às questões
das diferenças, especificamente, aquelas geradas pela presença de pes-
soas com deficiências nas aulas de Educação Física na escola.
As nossas análises se constituíram as partir de dezesseis horas de
observação das aulas dos professores em turmas inclusivas, que são
aquelas turmas regulares da escola comum cujos discentes matricu-
lados incluem alunos com algum tipo de deficiência. Nesta pesquisa,
foram analisadas quatro turmas, cada uma delas com uma criança com
deficiência. Destacamos que o nosso interesse esteve voltado para as
ações dos professores diante das diferenças geradas pela deficiência,
independente qual fosse ela. Além das observações, realizamos entre-
vistas com os professores e análise de documentos (projeto pedagó-
gico e curricular da escola e planos de aula) que constituem o trabalho
pedagógico do professor.
Os resultados desta investigação sugerem que os professores desen-
volvem ações pedagógicas que favorecem a inclusão das crianças com
deficiência nas aulas de Educação Física, na medida em que a maioria
das ações e intervenções dos professores possibilitou as interações
entre as crianças com deficiência e outros sujeitos sociais (professores,
crianças sem deficiência e monitora), o que pressupõe a possibilidade
de criação e avanços nas zonas de desenvolvimento proximal.
Tipologia Klavika 9/ 35 pt
Scala Sans 9/12 pt
LCD Plain 18/ 50 pt
Papel Miolo Alta Alvura 75 g/m²
Capa Cartão Supremo 300 g/m²
Impressão Edufba
Capa e acabamento Cartograf
Educação Física
Educacionais Especiais – GEINE; pesquisadora do Observatório fragmentos dos trabalhos de Mestrado e Doutorado Tematizo meus estudos e pesquisas na área de formação
Nacional de Educação Especial – ONESSP. Sou cinéfila dos autores e teve como propósito inicial divulgar e e exercício profissional, a partir do Núcleo de Estudos e
assumida e apreciadora dos esportes, sobretudo, judô e futebol. trazer para avaliação de vocês, leitores, parte desse Pesquisas em Educação Física, Esportes e Lazer – NEPEEL,
Ouvir boa música, conversar com amigos e estar perto dos conhecimento produzido e sistematizado cientifica- que fica na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
filhos são meus grandes prazeres, se tudo isso acontecer em mente. Importante ressaltar, que se trata de um traba- onde leciono disciplinas da área de Estágio, Lazer e Futebol.
diversos lugares do planeta, o meu mundo estará completo. Atualmente considero-me um professor em evolução, que se
lho com seriedade e rigor, embora, balizado por uma
vê no desafio de aliar o conhecimento científico às demandas
relação entre os autores de diálogos/debates, mas
contemporâneas de uma juventude cada vez mais distante dos
sempre com muito afeto. Os textos aqui reunidos
Educação Física
para a reflexão e o avanço acadêmico, na área da Edu-
cação/Educação Física, bem como subsidiar e susci-
Leonardo de tar novas inquietações e outras produções científicas.
Carvalho Duarte Currículo, formação e inclusão
Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal da
Bahia em 2006, especialista em Metodologia do Ensino da Fernando Reis do Espírito Santo Fernando Reis
Educação Física e Esporte Escolar pela Faculdade da Cidade
César Pimentel Figueiredo Primo do Espírito Santo
do Salvador em 2008 e mestre em Educação pela UFBA em
Christiane Freitas Luna Doutor em Educação pela PUC/SP; mestre em Educação pela
2011. Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia e coordenador pedagógico da Escola Lua Nova, sou
Leonardo de Carvalho Duarte UFBA; graduado em Educação Física pela UCSAL. Atualmente
integrante dos grupos de pesquisa CORPO/CNPq/UFBA e sou professor da UFBA, lotado na Faculdade de Educação.
NEPEEL/CNPq/UESB onde desenvolvo estudos principalmente Líder do Grupo de Pesquisa Cotidiano, Pesquisa, Resgate e
nas linhas de Educação Física Escolar, Inclusão e Ginástica. Orientação – CORPO. Tenho experiência docente e estudos
Sou um jovem Professor/Educador que orienta sua práxis, com concentração em: Currículo; Formação Profissional;
especialmente, a partir das ideias de Levy Vigotsky, Paulo Freire Didática; Metodologia do Ensino; Metodologia da Pesquisa.
e Rubem Alves. Viajar, praticar esportes, apreciar as artes e a Admirador do cinema europeu, música MPB, teatro e futebol-
culinária me encantam. Mas a família, os amigos, a comunhão arte. Minhas leituras preferenciais: Paulo Freire; Rubem Alves;
com os irmãos e a fé em Jesus Cristo são as prioridades da Florbela Espanca; Jorge Luis Borges; Carlos Drumond de
minha vida. Andrade; Clarice Lispector e Nietzsche.