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1 Mértola, constituindo um importante porto com ligação ao mar, apresenta uma dinâmica distinta, sendo a sua
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Esse papel será tanto maior quanto o facto de serem quase totalmente des-
conhecidos os espaços de enterramento claramente do final da Idade do Bronze,
apanágio aparente de todo o sudoeste peninsular, ao menos até há poucos anos
(Belén e Escacena 1995). Todavia, esta situação tem vindo progressivamente a ser
substituída por uma realidade algo mais complexa na qual não será de descartar por
completo a utilização de estruturas tumulares de planta circular, do tipo Atalaia, até
aos inícios do 1° milénio aC no Baixo Alentejo meridional. Os diversos conjuntos de
hipogeus que se têm vindo a registar nos últimos anos em todo o Baixo Alentejo (Al-
ves, et ai. 2010; Filipe, et ai. 2013) parecem, pontualmente, continuar em uso até ao
final da Idade do Bronze (Monge Soares, informação pessoal). Contudo, a grande no-
vidade é constituída por um número crescente de inumações em fossa, usualmente
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sem espólio, associadas a ocupações de fundo rural do final da Idade do Bronze (An-
tunes et al.2012; Mataloto et al.2013). Estas definem com clareza a utilização do rito
de inumação, num momento onde, a Sul do Tejo, eram já conhecidas as primeiras
incinerações, anteriores, portanto, à colonização fenícia (Vilaça et al.l999 ).
Assim, o que temos para o final da Idade do Bronze no interior Sul do território
actualmente português é um panorama dominado pelo rito da inumação, onde as
necrópoles propriamente ditas são quase por completo desconhecidas.
Será justamente perante este facto, que a profunda transformação da socieda-
de e da estrutura do povoamento ao início da Idade do Ferro se traduzirá na neces-
sidade de maior visibilidade das realidades funerárias, justamente como elementos
agregadores e identitários, legitimadores de uma nova Ordem. Os ancestros consti-
tuirão um elementos fulcral na nova expressão identitária dos grupos, gerando com
mais propriedade verdadeiros espaços de necrópole, centrados, como veremos, em
torno de um antepassado, real ou mítico.
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Sep. XVI
O 10cm
103
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As formas abertas, de tipo taça carenada e tijela, são algo mais de uma dezena,
das quais oito são de cerâmica cinzenta, de excelente qualidade de acabamento (v.
Fig.4). As duas formas carenadas em cerâmica cinzenta, produzidas a torno, parecem
remeter para contextos mais precoces, possivelmente ainda dentro do séc. VII aC, já
as formas simples, sem contradizer esta cronologia, são mais difíceis de enquadrar,
estando amplamente documentadas em todo o Sul peninsular, sendo frequentes até
aos meados do milénio, ou mesmo mais tarde (Arruda, 1999-2000, p. 198). O único
prato carenado apresenta uma forma pouco usual, sendo possível reconhecerem-se
traços de grande proximidade com algumas produções em cerâmica cinzenta, ainda
que neste caso corresponda a uma produção oxidante. Ao ser uma forma pouco usual
não é fácil de inserir nas tipologias conhecidas, ainda que o seu bordo exvasado, com
uma carena alta, o aproxima das produções mais conhecidas nos meados do milénio.
TP 2000.405.15
TP 10 002/5n8
TP 2000.405.9
Sep. XXX
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TP 2000.394.11
TP 2000.405.8
TP 2000.405. 12 TP 2000.405.11
Fig. 4 - Pratos
e taças da
necrópole
sidérica de Torre
de Palma
TP 2000.394.45
TP 2000.405.3
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RUI MATALOTO
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Parzinger, Sanz, 1986, p. 174), enquanto para outros se mantêm em utilização até
momentos bastante mais tardios, nomeadamente finais do séc. IV ou inícios do
séc. III a.C. (Schüle, 1969, p. 134; Argente, Díaz e Bescós, 2000, p. 109). Ainda que a
Meseta Oriental, ou a região "celtibérica", constitua, ainda hoje, uma das regiões de
maior concentração deste tipo de fechos de cinturão a nível peninsular, derivado,
em grande medida, da própria tradição de investigação em contextos funerários
sidéricos, dispõe-se actualmente de uma leitura bastante distinta da sua presença
e expansão, claramente afastada de perspectivas etnicamente condicionadas, asso-
ciando-se agora à tradição e disseminação das influências mediterrânicas, princi-
palmente gregas (Jiménez Ávila, 2003).
Foram documentados em Torre de Palma dois braceletes "acorazonados" com-
pletos e parte de um terceiro, que sofreu a distensão da curvatura central. Este tipo
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RUI MATALOTO
mentos identificados, deverá enquadrar-se entre os finais do séc. VII a.C. e os iní-
cios do séc. V a.C., não sendo improvável que ambos os extremos se aproximem,
concentrando as deposições funerárias dentro do séc. VI a.C.
Os diversos adereços metálicos, essencialmente relacionados com a indu-
mentária, deverão estar associados a um modelo de ostentação pública do posi-
cionamento social, materializado na conjugação de adereços de amplo espectro
de circulação, dado o seu registo nos diversos contextos regionais menciona-
dos.
Nesta medida, creio que esta nova vaga de acessórios de indumentária, mais
que revelar novas tendências de fundo mediterrâneo, vêm reforçar a imagem de
interligação milenar de todo o sudoeste peninsular, na partilha de elementos so-
cialmente significantes, anteriormente materializados não apenas no vestuário e
armas, mas também em toda a iconografia disponível nas designadas estelas de
guerreiros (Celestino, 2001).
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Fig. 6- Vista geral, planta de enterramentos e menires (seg. Calado, 2004) da necrópole da Tera.
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Tera se faz para Sudeste!, logo algo mais a Sul que a habitualmente seguida pe-
los monumentos megalíticos alentejanos (Hoskin e Calado, 1998, p. 79), orientados
principalmente a Este e Es-sudeste. Todavia, não deixa de ser relevante que se
mantenha, genericamente, o quadrante Sudeste, revelando-nos claras reminiscên-
cias de orientações ancestrais, associadas a uma arquitectura também ela milenar.
Regressando à necrópole, localizada cerca de 100m a NW e axializada gene-
ricamente com o alinhamento, importa realçar que foram documentados sobre o
cairn, ou parcialmente integrados nele, cerca de uma dezena de menires, não sen-
do os dados concludentes sobre a sua erecção durante o uso do espaço funerário;
contudo, alguns indícios parecem apontar nesse sentido. Um dos menires, relativa-
mente pequeno, tinha ainda a base in situ, apesar de estar tombado e partido, na
margem da área tumular, e não integrado nela (Fig. 6).
A cremação em ustrinum, com a deposição cuidada dos restos cremados no
interior de urnas, foi o único ritual documentado na necrópole 2• A área de ustrinum
não foi claramente identificada, contudo, uma estrutura de planta rectangular lo-
calizada na margem Sul da necrópole, que integrava um menir e se sobrepunha a
um espesso estrato de terras muito negras e compactas, poderia ter desempenhado
essa função. Na margem sudeste registou-se a presença de um conjunto de cova-
chos preenchidos e sobrepostos por uma área de terras muito negras, compactas
com restos milimétricos de ossos carbonizados, nas quais restava algum espólio
funerário, podendo constituir igualmente área de ustrinum (v. Fig. 6).
Os enterramentos são principalmente em urna, posteriormente depositada
num pequeno covacho, sendo com frequência estruturada por blocos pétreos, que
a envolviam, sobrepondo, por vezes, o espólio funerário. Em diversos casos era cla-
ro que parte das cinzas e dos restos cremados se depositavam no exterior da urna,
dentro do covacho desta. Em contadas situações registou-se a presença de várias
urnas agregadas. Num caso (enterramentos 34, 35, 38 e 39), esta agregação de urnas
parecia estar associada a um grupo familiar, ao registar a presença de um elemento
masculino, um feminino e uma criança (Gonçalves et al.np). Creio que será de men-
cionar ainda a deposição de uma urna dentro de uma das duas cistas identificadas,
estando a outra vazia de qualquer espólio preservado. Em ambos casos, e na justa
medida em que também no interior da urna [111] (Fig. 7) não foram documentados
ossos, não será de excluir a presença de inumações, apesar da exiguidade do espa-
ço, as quais se encontram bem documentadas mais a Sul, veja-se o caso da cista dos
Gregórios, no Algarve (Barros et al, 2005), ou poderem simplesmente corresponder
a cenotáfios.
Os enterramentos apresentam uma clara concentração numa zona relativa-
mente central do cairn, entre duas das estruturas tumulares identificadas sob aque-
le (v. Fig 6). No total foram registadas nesta segunda fase dos trabalhos cerca de 30
deposições funerárias, havendo que esperar pela conclusão da escavação integral
das urnas para obter um número exacto; contudo, deverá situar-se entre 3 e 4 de-
zenas.
As urnas são, em geral, recipientes de média dimensão, de bordo exvertido,
1 Inserimos aqui apenas indicações de orientação genéricas, tomadas com base nas plantas publicadas, não
nos tendo sido possível identificar qualquer medição mais exacta por parte da escavadora (Rocha, 2000).
Atendendo que o monumento foi reconstituído, e a estrutura tumular se encontra coberta, não cremos
fiável realizar agora medições mais exactas com base no visível de momento.
2 O estudo do espólio antropológico tem vindo a ser coordenado pelo Doutor David Gonçalves.
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RUI MATALOTO
com colo curto, produzidas a torno (Fig. 7). Alguns dos exemplares apresentam-se
em cerâmica cinzenta, seguindo morfologias conhecidas em contextos funerários
como Medellín (Lorrio 2008) ou Torre de Palma (Langley, et al.2007).
O espólio que acompanha as deposições raras vezes é extenso, por vezes ape-
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Fig. 8 - Elementos de adorno metálicos, unguentários, cálice e queimador da necrópole sidérica da Tera.
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3 A escavação das urnas [291] e [290] decorreu sob a responsabilidade da Dra. Margarida Figueiredo em
coordenação com o Dr. David Gonçalves, coordenador dos estudos antropológicos.
4 A cremação a altas temperaturas de que foram objecto, com a consequente fragmentação dos ossos,
deixa sempre grande dificuldade na identificação dos mesmos.
114
RUI MATALOTO
al. 2007-2008; Mataloto, 2010-2011; Rocha, 2014). Esta trata-se de uma pequena se-
pultura megalítica de 5 esteios, localizada na margem da Serra de Portel, implan-
tando-se, muito discreta, numa paisagem bastante ondulada, marcada por impo-
nentes afloramentos graníticos.
Na pequena área intervencionada foi registada uma deposição em urna
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Fig. 9 - Planta
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RUI MATALOTO
com o Mundo fenício num momento antigo da Idade do Ferro, que se perpetuará
numa clara matriz cultural de cariz mediterrâneo até à romanização (Fabião 1998;
Arruda 1999-2000). Estas ligações ficaram patentes nos trabalhos desenvolvidos no
povoado, ainda que se conte apenas com os resultados de um pequeno corte (Silva
etal. 1980-1981). Estes autores assinalam a presença de uma longa diacronia carac-
terizada por um conjunto material, principalmente cerâmico, claramente devedor
das influências coloniais fenícias, cuja matriz se manterá até momentos bastante
avançados do milénio. A suposta descontinuidade de ocupação no povoado não é
hoje sustentável, quer por indícios intrínsecos aos dados disponíveis, quer através
da própria necrópole anexa, onde se denota uma importante ocupação associada a
este momento (Fabião 1998; Arruda 1999-2000).
A necrópole do Olival dos Senhor dos Mártires terá sido, com toda a certeza,
uma das necrópoles associadas ao povoado de Alcácer do Sal. É, ainda hoje, a mais
emblemática necrópole da Idade do Ferro do território actualmente português.
Apesar de escavada e estudada desde os finais do séc. XIX até quase à actualida-
de, não dispomos ainda de um estudo monográfico abrangente, contando apenas
com estudos parcelares, saídos principalmente da mão de V. Correia (1925, 1928) na
primeira metade do séc. XX, e de Schüle (1969), Cavaleiro Paixão (1983) e Frankens-
tein (1997) mais recentemente. Duas importantes revisões efectuadas no final da
década de 90 do século passado permitiram estruturar novas perspectivas sobre
as sequências e características da necrópole à luz dos novos dados, estabelecendo
uma base bastante mais sólida de leitura actual (Fabião 1998; Arruda 1999-2000).
A análise efectuada por estes autores segue essencialmente as observações
efectuadas por V. Correia (1925; 1928), ainda assim o autor que mais extensamente
se debruçou sobre os achados dos seus próprios trabalhos. Vergílio Correia definiu
quatro tipos de sepulturas, todas de cremação, constando os dois primeiros tipos
da redução e deposição em urnas, e os dois seguintes de cremações in situ, com o
tipo 3 a ser atribuído a sepulturas de planta rectangular e o 4 a sepulturas de planta
rectangular com canal central, e perfil em "T", certamente para favorecer a combus-
tão da pira crematória. Uma vez mais, seguimos a linha interpretativa dos citados
autores que parece remeter o tipo 1 para as cremações mais recentes, enquadradas
a partir de meados do 1° milénio aC. Estas sepulturas parecem-nos transmitir, com
relativa clareza, o panorama cultural multifacetado onde conviviam elementos de
clara influência mediterrânea, a par de outros de cariz mais setentrional.
Os restantes três tipos de sepultura parecem associar-se a fases mais antigas,
não sendo, todavia, claro o modo como se estruturam cronologicamente, os es-
cassos dados disponíveis permitem diversas leituras. No entanto, os dois citados
estudos de síntese realizados mais recentemente parecem coincidir na aceitação
do tipo 4 como o mais antigo, tal como V. Correia sugeriu (Correia, 1925). Segundo
C. Fabião as sepulturas de tipo 2, principalmente urnas de tipo "Cruz dei Negro",
implantadas sobre pequeno covacho aberto no substrato rochoso, poderiam en-
quadrar-se na fase mais antiga da necrópole, acompanhando as sepulturas de tipo
4 (Fabião 1998, p. 356), hipótese aparentemente sustentada também por Mariano
Torres (2005, p.197). Ao invés, A. Arruda, ainda que defenda a contemporaneidade
das sepulturas de tipo 3 e 4, entende que as de tipo 2 seriam mais recentes, sendo
apenas parcialmente contemporâneas das sepulturas de tipo 3 (Arruda 1999-2000,
p. 81). O conjunto do espólio apresenta notáveis semelhanças com o conhecido em
outras necrópoles do Sul peninsular, nomeadamente na região dos Alcores de Car-
118
RUI MATALOTO
mona (Cruz dei Negro, Camino de Bencarrón, Acebuchal, etc), mas também na ne-
crópole de Medellín (Almagro-Gorbea 2008a ), não sendo aqui local para uma análi-
se concreta dos mesmos.
A cremação dos corpos manteve-se como ritual único de tratamento final do
féretro, que poderá ter conhecido a convivência de dois usos distintos numa fase
inicial, entre meados do séc. VII aC e finais do seguinte, com cremações in situ e em
ustrinum.
Alcácer do Sal terá sido, certamente, um polo de grande relevância na coor-
denação das ligações interior-litoral ao longo da Idade do Ferro, posição que terá
beneficiado da sua adjacência ao tramo navegável mais a montante no rio Sado.
Deste modo, cremos que este porto terá jogado um papel fulcral não apenas como
centro redistribuidor dos produtos de origem mediterrânea para o interior alen-
tejano, mas igualmente como um pólo de difusão das técnicas, conhecimentos e
culturas de igual origem no interior alentejano, quer por via directa, quer por via
indirecta, através de estreitos contactos com a área central da colonização fení-
cia. Não terá sido despicienda a relação de proximidade com Abul, situado apenas
uns quilómetros a jusante (Mayet e Silva 2000). Todavia, e como veremos, apesar
da grande proximidade geográfica com os plainos de Beja, tal não inviabilizou, de
modo algum, a manutenção nesta região de um cariz cultural próprio das entida-
des humanas aí estabelecidas.
Nos últimos anos, o conhecimento arqueológico da planície dos Barros de
Beja, especialmente a Poente da cidade, tem sofrido uma profunda transformação,
motivada pela implantação de uma extensa rede de rega subsidiária de Alqueva.
Todavia, já existiam alguns novos e velhos indícios que faziam suspeitar da inte-
gração desta região num amplo território de distribuição das influências de fundo
colonial durante um momento antigo da Idade do Ferro.
A necrópole da Herdade das Carretas (Quintos) (Viana 1945) foi, como já de-
vidamente assinalado (Santos et al. 2009, p. 778), a primeira necrópole da Idade do
Ferro da região de Beja com as características das que têm vindo a ser intervencio-
nadas nos últimos anos. Efectivamente, aquele autor menciona a presença de um
conjunto de sepulturas de inumação, de planta rectangular, escavada no substrato
geológico, nas quais se recolheu um espólio semelhante ao registado nas necrópo-
les aqui em estudo, como veremos. Será de realçar o notável exemplar de uma fíbula
de tipo Bencarrón (Storch 1989, p. 243; Ruiz Delgado, 1989, p. 161) acompanhada
por diversas armas e outros elementos de adorno.
A necrópole de cistas de Corte Margarida (Deus e Correia, 2005) documenta-
da recentemente, dava já a entender uma realidade mais rica e complexa do que
o conhecido, ainda que nada permitisse entrever a diversidade, número e riqueza
com que nos temos vindo a deparar nos últimos anos no que ao mundo funerário
sidérico diz respeito nos plainos de Beja.
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Fig. 10 - Espólio funerário de Fareleira 3; planta das necrópoles de sidéricas da região de
Pedrógão.
120
RUI MATALOTO
10 E. Hemingway, 1950
123
RUI MATALOTO
na necrópole de A-do-Mealha-Nova (Dias et al. 1970, p. 201). Para além destes, são
de referir as escassas fíbulas recolhidas, como as anulares hispânicas, de modelo
antigo, da Chada e Fonte Santa (Beirão, 1986).
Por outro lado, os elementos de adorno (contas de colar de pasta vítrea, âm-
bar, prata, anéis em prata e bronze, com ou sem "escaravelho', entre outros) de
mais que provável origem alóctone constituem o espólio melhor documentado
nestas necrópoles (Beirão 1986; Correia 1993; Arruda 2001). É claro que será de
realçar ainda a presença de anéis de prata com engaste de "escaravelho" em su-
porte rotativo em necrópoles como A-do-Mealha-Nova (Dias et al. 1970, p. 200)
e Fonte Santa (Beirão, 1986), a par de outros elementos neste metal, como um
pequeno anel devolutas de Favela Nova (Dias e Coelho 1983, p. 202). Os adornos
em ouro são mais raros e de pequenas dimensões, eventualmente fruto do saque
quase sistemático a que estiveram sujeitos desde a sua construção, estando asso-
ciados principalmente a botões, como o da Fonte Santa (Beirão, 1986) mas outros
elementos poderão indiciar a presença de objectos de maior dimensão, como ar-
recadas (Dias et al. 1970, p. 188 ).
Os dados mais recentes, referentes à escavação da célebre necrópole da Abó-
bada, parecem confirmar genericamente as leituras e dados antigos, apesar das
destruições ocorridas (Barros et ai., 2013), com a presença de espólios reduzidos,
mas onde pontua uma grande lança, a par de escassas cerâmicas, associadas,
.
como se mencionou .
acima, -
a cremaçoes.
A ocupação da Idade do Ferro do Baixo Alentejo meridional terá então sido
caracterizada, entre o séc. VI aC e os meados do seguinte, pela presença de uma
importante ocupação rural, estruturada em torno das linhas de água mais rele-
vantes, organizadas em pequenas unidades de base familiar, às quais se encon-
travam associadas importantes necrópoles tumulares, usualmente em local mais
elevado, nas proximidades do povoado. As necrópoles eram constituídas por tu-
muli de planta circular, na fase mais antiga, mas principalmente de planta rectan-
gular justapostos, formando por vezes extensos conjuntos sepulcrais, revelando
a estabilidade do grupo humano que lhe deu origem. Apesar de ser fortemente
marcada por rasgos de grande atavismo, como as próprias necrópoles o indicam,
estas comunidades, em grande medida relativamente isonómicas, encontravam-
se integradas em amplos circuitos de distribuição de elementos de adorno de cla-
ra origem mediterrânea. Por outro lado, a escrita representa com maior clareza a
sua integração em fluxos culturais mais amplos, que se traduzem, todavia, numa
expressão profundamente localista enraizada numa tradição verdadeiramente
milenar.
O processo de conhecimento dos rituais funerários sidéricos do Baixo Alente-
jo tem vindo a alargar a já de si variada realidade, estando hoje bastante longe do
modelo tumular dominante na região de Ourique/Palheiros (Beirão 1986; Correia
1993) que deu origem a todo um modelo civilizacional que teima em permanecer.
Toda esta diversidade de arquitecturas, implantações e certamente ritos deve
reflectir uma pluralidade de micro-dinâmicas nas quais se entrecruzam influên-
cias exteriores, particularmente visíveis nas oferendas funerárias, com o profundo
localismo atávico dos grupos rurais, criando um intrincado entramado cultural e
social que apenas o continuar dos trabalhos e a sistematização dos mesmos per-
mitirá entender em toda a sua dinâmica e riqueza.
125
RUI MATALOTO
tendidos como entidade étnica de raiz indígena, por oposição aos restantes, tidos
como recém-chegados, através do território interior peninsular.
Em geral, existiu desde sempre, e até há bem pouco, uma associação não pro-
blemática entre os Cynetum de Avieno, os K'UV'YJ'tEI de Heródoto, Kynetes de Herodo-
ro, os Kónioi de Políbio ou os Kouneous de Apiano, opinião que decidimos manter,
apoiados pela análise mais alargada de Pérez Vilatela (2000, p. 204), que nos apela
às diferentes leituras que suportam uma perspectiva assente na variação da desig-
nação atendendo ao fundo linguístico das respectivas fontes, mais grego ou mais
latino.
Em trabalho já com alguns anos,]. Alarcão (2001) veio propor uma alteração
profunda na visão mais tradicional, e diria quase consensual, como se lia a ocupa-
ção étnica do Sul do território actualmente português, a qual parece ter tido am-
pla aceitação, diria quase entusiástica, em alguns sectores com teorias de base ex-
pansionista, nomeadamente na equipa que trabalhava Medellín (Almagro-Gorbea,
2008).
Aquele autor, num extenso e multifacetado texto, onde de modo entusiasta in-
tenta conjugar as leituras dos textos clássicos e as realidades arqueológicas conhe-
cidas para o Sul do território hoje português (mas bem pouco, e especialmente há
15 anos atrás), lança uma perspectiva totalmente distinta sobre os velhos esquemas
de divisão étnica do sudoeste peninsular, impondo uma nova e profunda reflexão
(Alarcão, 2001). Para a temática em discussão neste texto importa destacar que o
pensamento deste autor se baseia na necessidade de separar, por diversos motivos
que esgrime, a usual associação que se faz de Cynetes a Cónios (Alarcão, 2001, p.
336). Não nos parece aqui o local adequado para um questionamento devido desta
posição, nem para tal nos sentimos preparados, contudo, julgamos que existe um
pensamento circular em torno da questão, na justa medida em que se assume os
Cónios, que apenas surgem tardiamente nas fontes, e curiosamente não os Cynetes,
como um dos mais antigos povos do Ocidente peninsular, eventualmente indígena,
na esteira de vários autores (Pérez Vilatela, 2000, p. 204 ), e logo relacionável com as
estelas extremeftas e não com as de tipo Alentejano, tal como propunha Almagro
Bash (1966, p. 210; apudPérez Vilatela, 2000, p. 204), por se saber hoje a maior anti-
guidade destas. Ora, então, se os Cónios se relacionam com as estelas extremenhas,
logo deverão localizar-se no Vale Médio do Guadiana onde se encontra a maior con-
centração destas. A restante argumentação deriva, então, deste pensamento base
que, convenhamos, é no mínimo questionável ...
Segundo Alarcão (2001) teríamos, então, os Cónios no vale Médio do Guadia-
na, os Saefes para Sul da foz do Sado, os Cempsi no interior, nos Barros de Beja (com
argumentos igualmente problemáticos) e na margem esquerda do Guadiana, dis-
persando-se os Kúnetes pelo restante Sul, vindo mais tarde a ser substituídos pelos
Turdetanos. Talvez esta última ideia possa ter o seu interesse neste contexto, em
particular quando nos atemos na listagem de cidades turdetanas de C. Ptolomeu,
que comentaremos mais adiante.
Esta proposta de ]. Alarcão conheceu uma aceitação muito particular por
parte da equipa que estudou a necrópole de Medellín (Almagro-Gorbea, 2008, p.
1033). Foram particularmente entusiastas da ideia de Conisturgis corresponder a
Medellín, aceitando a expansão dos Cónios até ao vale médio do Guadiana, ainda
que mantenham, no essencial, as leituras Schultianas da dispersão étnica duran-
te o início da Idade do Ferro, baseadas em Avieno, como fica patente na Fig. 946
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RUI MATALOTO
pré-romana de Beja é notória uma clara ligação com os conjuntos cerâmicos lito-
rais, mesmo turdetanos, atendendo à importante componente de cerâmica pintada
(Grilo, 2006 ), o que nos poderá indiciar uma realidade, mesmo arqueológica, mais
complexa que a suposta inicialmente.
Deste modo, o conjunto de autores clássicos que se reportam ao Sul do ter-
ritório actualmente português poderão constituir um fio condutor das dinâmicas
étnicas desta região; contudo, será sempre complexo, para não dizer impossível,
obter leituras unívocas e taxativas, tendo ficado claro, cremos, como as leituras das
mesmas fontes poderão ser manipuladas para confirmar algo e o seu contrário, sen-
do também bastante complexo, até pela própria dinâmicas das comunidades, ao
invés da fixação das fontes, relacionar realidades culturais arqueologicamente re-
conhecidas com entidades de fundo étnico, como nos provou toda a investigação
desde os tempos de Kossina ...
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RUI MATALOTO
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