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PRU2 - Mas Alla de Las Casas - 06revisto
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PRU2 - Mas Alla de Las Casas - 06revisto
COMUNIDADES RURAIS NO
TERRITÓRIO CENTRO ALENTEJANO
NA IDADE DO FERRO ANTIGA
(SÉC. VI-V A.C.)
Rui Mataloto1
1
Município de Redondo (Portugal).
Las cosas nunca son como a primera vista las figuramos, y así
ocurre que cuando empezamos a verlas de cerca…
(C. J. Cela, La familia de Pascual Duarte, 1942)
O
campo tem vindo, cremos, a mostrar‑se mais complexo, denso e diverso do
que era inicialmente esperado, impondo novos modelos de entendimento
da realidade social, tal como novas formas de ocupar o território, que nos
devem fazer reflectir sobre os modelos disponíveis para entendermos a sociedade e as
suas formas de agregação comunitária.
0 12,5 25 50
Fig. 1. O território do Alentejo Central e principais sítios mencionados no texto: círculos vazios ‑ necrópoles;
círculos preenchidos ‑ ocupações rurais; quadrado ‑ povoado de altura. 1. Necrópole da Tera; 2. Necrópole
das Casas; 3. Alto do Castelinho da Serra; 4. Herdade da Sapatoa 1‑3; 5. Outeiro dos Castelinhos 2;
6. Espinhaço de Cão; 7. Malhada das Taliscas; 8. Monte do Roncão 11; 9. Espinhaço 9.
assumindo‑se em toda a sua extensão no Alentejo central como um vale fechado, quente,
de solos magros, onde apenas a água flui, por vezes em fio por entre “pegões” pedrego-
sos ou em torrente imparável, que tudo arrasa, impedindo uma exploração sustentável
das suas margens, quase sempre rochosas, com excepção de pequenas áreas aplanadas
de maior fertilidade, quase sempre na foz de alguns afluentes menores. Estamos assim
perante uma realidade totalmente contrastante com o médio Guadiana, onde este se
espraia por vastas áreas aplanadas de fertilidade única. Aqui, a aspreza do solo magro
e xistoso, por vezes muito enrugado, apenas é compensada pela presença do rio e do
modo como condiciona a travessia, tornando impossível uma deslocação longitudinal.
À medida que nos afastamos deste, para poente, a realidade transforma‑se, em par-
ticular quando os solos de xisto perdem a sua ondulação, se amainam, dando passo às
planícies graníticas, de maior fertilidade, que se espraiam pelas margens da ribeira do
Álamo, em Reguengos de Monsaraz, o plaino sul da Serra d’Ossa, ou o grande festo
granítico das planuras de Évora, de relevo ligeiramente ondulado, que separa as águas
do Tejo, do Guadiana e do Sado. Para ocidente e noroeste, nos caminhos do litoral, os
férteis solos dos granitos darão passo às areias das charnecas, que antecedem principal-
mente a chegada ao Tejo, enquanto a foz do rio Sado se torna passível de atingir através
de uma paisagem que pouco se altera face ao cerne alentejano. Se, por um lado, as mar-
gens agrestes do Guadiana definem o limite oriental deste território, para poente são as
inóspitas terras de areias, quase inabitáveis, que marcam boa parte da margem esquerda
do longo estuário do Tejo. Temos, então, um território geograficamente diverso, onde
as limitações pedológicas e ambientais serão determinantes paras as sociedades rurais
que delas dependem, impondo ritmos e determinando vivências.
justamente ocorrer um processo deste género, tal como se tem vindo a propor (Morris,
2006: 74), tornando evidente que mutação das sociedades mediterrâneas, inclusiva-
mente de índole urbana, não é linear e unívoco, no sentido do suposto incremento
da complexidade social, sem que, todavia, como bem sublinha Norman Yoffee (2006:
223), o regresso a formas mais elementares de estruturação social deva ser sempre enten-
dido como uma “involução”, derivada do fracasso de formas socialmente mais comple-
xas. Efectivamente, o colapso e abandono de formas tendentes à centralização do poder
poderá resultar em processos de “regeneração” com grande dinamismo, diversidade
e riqueza (Sims, 2006) assentes em formas mais simples de organização social, tendo
por base a estrutura familiar ou, como vem sendo defendido principalmente na última
década, a Casa, no sentido que lhe é dado nas designadas House Societies (González,
2006; González e Ruiz‑Gálvez, 2016). Cremos que o processo histórico de meados do
Iº milénio a.C. no Guadiana médio, tal como vem sendo entendido (Rodríguez Díaz,
2009) constitui um dos mais taxativos exemplos destes processo de “regeneração”.
Segundo a leitura que fazemos para o território centro alentejano terá sido justa-
mente este o processo de “devolution” e “regeneração” que decorreu entre os sécs. VII e
VI a.C., ainda mais fortemente marcado, segundo cremos, por uma profunda transfor-
mação cultural derivada do contacto com as populações da faixa litoral atlântica, onde
a instalação de populações forâneas, peninsulares e não peninsulares, tinha posto em
marcha um assinalável processo de mutação e aceleração económica, social e cultural.
No Alentejo central, tal como parece ter acontecido em todo o interior sul do
território actualmente português, desenvolve‑se um intenso e sistemático processo de
ruralização do povoamento a partir de finais do séc. VII a.C. (Mataloto, 2004, 2007 e
2009; Calado et al., 2007; Figueiredo e Mataloto, 2017), após o abandono das grandes
ocupações de cumeada do final da Idade do Bronze, num movimento desencadeado,
provavelmente, ainda na centúria anterior. Na realidade, apesar das grandes ocupações
de cumeada terem aparentemente conhecido um processo de abandono generalizado
entre finais do séc. VIII a.C. e o século seguinte (Mataloto, 2012 e 2013), o intenso
povoamento rural sidérico ter‑se‑á desencadeado mais de um século depois, gerando
um vazio difícil de preencher, e que carece de uma leitura mais aturada em outro
local. Se, por um lado, não acreditamos em qualquer ermamento, por outro, é possí-
vel a deslocação, durante este processo, de um considerável contingente populacional
para o litoral, que sofre justamente nesta fase um florescimento sem paralelo (Arruda,
1999‑00). Todavia, estamos certos que esta possibilidade carece ainda de uma análise
aturada, ainda que a quase sistemática solução de continuidade dos sítios rurais e de
altura da Idade do Bronze, associada a uma usual fundação ex nihilo das pequenas ocu-
pações rurais da Idade do Ferro deixa margem suficiente para se equacionar a hipótese.
Ainda que tenham sido intervencionadas mais de três dezenas de pequenas instalações
All in the family…: Comunidades rurais no território centro alentejano... 177
rurais sidéricas nas últimas décadas em todo o Alentejo interior (Beirão, 1986; Maia
e Maia, 1996; Mataloto, 2004; Calado et al., 2007; Marques et al., 2013; Antunes et
al., 2017), apenas em Neves II, Castro Verde, foi possível reconhecer a sobreposição
directa de um pequeno núcleo habitacional do final da Idade do Bronze por uma
ocupação rural já da Idade do Ferro (Maia, 1988: 30). Contudo, com uma cronologia
preferencialmente do séc. V a.C., deve ter existido em Neves II um longo hiato entre
os dois momentos de ocupação. Os mais recentes dados, nomeadamente o exemplar
caso de Monte Bolor 3, com uma ocupação antiga dentro da Idade do Ferro, entre os
sécs. VII‑VI a.C. não deixam de assinalar como, apesar da presença de alguns elemen-
tos cerâmicos claramente devedores da tradição do final da Idade do Bronze, é com a
Idade do Ferro que arranca a ocupação do sítio, sem qualquer continuidade com uma
ocupação anterior (Antunes et al., 2017: 162 e ss.).
Ao longo do séc. VI a.C. ter‑se‑á estruturado, em todo o Alentejo central, uma densa
malha de pequenas instalações rurais que conhecerá o seu optimum provavelmente na
transição para o século seguinte, quando parece ocorrer uma verdadeira fome de terra,
que acabaria por determinar a exploração de todo o território disponível, incluindo
áreas agrícolas menos produtivas, num movimento sem precedentes e provavelmente
sem sucedâneos. A partir de meados do século V a.C., cremos, ter‑se‑ão desenrolado
novas dinâmicas populacionais, que irão determinar novas formas de ocupar e estru-
turar o território, desencadeando‑se um processo de concentração populacional em
povoados instalados em alcantilados rochosos, que acabará por acometer a maior
parte do povoamento rural em meados do século seguinte.
Em suma, o início da Idade do Ferro terá sido marcado em todo o Alentejo cen-
tral por um verdadeiro movimento de refundação do território, que se traduzirá na
criação de toda uma nova Paisagem Natural e Social, iminentemente rural.
ser o facto de, ao invés da realidade arquitectónica, onde a novidade rapidamente eli-
minou a realidade anterior, a produção de cerâmica manual ou a metalurgia do bronze
se terem perpetuado por longo tempo. Por outro lado, e como dificilmente aceitamos
que a aquisição técnica e conceptual do espaço se possa fazer por mera observação ou
uso temporário, este pode ser mais um indicador da deslocação, em particular durante
os finais do séc. VIII a.C. e grande parte do séc. VII a.C., de importantes contingentes
populacionais para o litoral, em cujo refluxo, nos finais deste século, estaria a origem
do processo de intensificação da ocupação rural em moldes completamente novos.
Em termos técnico‑construtivos, o contacto com as presenças coloniais de âmbito
fenício resultará na disseminação, nos primeiros séculos da Idade do Ferro, de um
modo de construção substancialmente distinto ao conhecido pelas comunidades
locais. Ao invés das técnicas locais, com forte uso de materiais perecíveis, os novos
modos de construir faziam uso de uma técnica mista, com recurso a pedra e terra,
sendo o embasamento das paredes em pedra, usualmente xisto e escasso quartzo, de
maiores dimensões na base, sobre o qual se desenvolvia um muro em terra. Os ves-
tígios das coberturas são nulos, ainda que a detecção, sobre os pisos, de algum barro
cozido, associado a entramados de materiais perecíveis carbonizados, poderá estar a
remeter para as soluções utilizadas na cobertura.
Se é possível registar uma progressiva segmentação do espaço desde um momento
antigo da Idade do Ferro, patente principalmente em sítios de maiores dimensões e
complexidade, caso do Espinhaço de Cão (Mataloto, 2009) ou Monte do Roncão 11
(Marques et al., 2013: 45), por outro lado, em sítios menores e mais simples, como
os detectados na Herdade da Sapatoa (Mataloto, 2004), ainda que se registe alguma
divisão do espaço habitado, creio que os compartimentos seriam maioritariamente
plurifuncionais, seguindo uma tradição milenar, o que não obsta a que se identifi-
quem espaços diferenciados, como as prováveis áreas de armazenagem. A presença
de pátios interiores, bastante arreigados à tradição urbana de fundo mediterrâneo,
facilmente se integraria numa tradição local de utilizar como espaço de preparação e
confecção dos alimentos a área exterior fronteira ao edifício principal, que se man-
teve em alguns locais até aos dias de hoje.
O sítio do Espinhaço de Cão corporiza, com bastante clareza, todo o processo de
complexificação e segmentação do espaço habitado em meio rural ocorrida durante
o séc. VI a.C., tendo, segundo creio, igualmente subjacente um importante processo
social, no qual devemos atentar mais aprofundadamente. O conjunto arquitectónico
do Espinhaço de Cão implanta‑se sobre o topo e encosta sul de um destacado espo-
rão, sobranceiro ao Guadiana, apresentando bom controlo visual sobre o curso do
rio a jusante, integrando‑se numa área particularmente pobre em termos agrícolas,
mas com ampla viabilidade pecuária. O conjunto edificado apresenta‑se bastante
All in the family…: Comunidades rurais no território centro alentejano... 179
A5 A2
ESPINAÇO DE CÃO
(Alentejo Central, Alandroal) 0 2 4m
Proposta de Faseamento
A27 A17
Fig. 2. Faseamento e imagens parcelares de Espinhaço de Cão (Alandroal).
180 Rui Mataloto
Fig. 3. Monte do Roncão 11 (Reguengos de Monsaraz): planta e conjunto artefactual (Marques et al.,
2013, adapt.).
182 Rui Mataloto
1
O conceito de Casa não apenas apresenta grande plasticidade, como também enorme longevidade efectiva,
sendo clara a sua manutenção, com as características genéricas que aqui se utilizam, até ao final do séc. XX no
território alentejano onde a “pertença a uma Casa” era elemento diferenciador, e verdadeiramente identitário,
de muitos dos trabalhadores, nomeadamente os permanentes. Com o meu Pai compreendi a identificação com
a Casa onde trabalhou até aos seus últimos dias, evidenciando uma relação muito além da laboral mas por com-
pleto identitária, marcada desde os hábitos de trabalho à verdadeira integração e devoção para com os “Patrões”,
que ganhava contornos verdadeiramente familiares. Este foi igualmente um conceito operativo no estudo da
aristocracia do final do Antigo Regime, onde o conceito de Casa “entendida como um conjunto coerente de bens
simbólicos e materiais a cuja reprodução alargada estavam obrigados todos os que nela nasciam ou dela depen-
diam”, estendendo‑se a noção de “família”, então, a todos os criados e dependentes (Monteiro, 1998: 91). Deste
modo, e ao invés do assinalado por alguns autores, cremos, na esteira deste último, que o sistema de Casa pode
claramente coexistir no tempo e no espaço com entidades políticas estatais e hierarquizadas, como fica patente
neste último estudo.
All in the family…: Comunidades rurais no território centro alentejano... 185
3 cm
3 cm
Fig. 4. Asa de “braseiro” e cerâmica com grafitos fonéticos de Outeiro dos Castelinhos 2 (Gomes et al.,
2013, adapt.).
0 1m
LEYENDA
ALQUEVA - Bloco 14
Espinhaço 9 - EDIA Nº 95 272
Plano Final das Sondagens
2000
0 4m
Fase I
Amb. III e VI
Amb. I
HSap3
HSap2
HSap1
Fig. 7. Planta dos conjuntos arquitectónicos de Herdade da Sapatoa 1 e 3 (Redondo), com o faseamento
deste último. Proposta de planta de célula habitacional base na Herdade da Sapatoa. Vista geral, a partir
da margem esquerda, do troço da Ribeira de Vale de Vasco em que se implanta a comunidade da Sapatoa.
deixando a entender que a uma certa igualdade na distribuição do espaço não corres-
pondia a mesma capacidade de controlo e acesso aos bens produzidos e guardados.
Este facto pode estar‑nos, de certo modo, a remeter‑nos para a velha parábola bíblica
do filho pródigo, descrita em Lucas 15:11‑32, onde o filho mais velho fica na casa
do pai, dispondo dos mesmos bens que este, mas trabalhando a seu lado, enquanto
o filho mais novo parte em busca da sua subsistência. Esperemos que na Herdade da
Sapatoa possa ter terminado de modo distinto do da parábola...
Deste modo, a semelhança registada a nível arquitectónico entre os dois sítios da
Herdade da Sapatoa poderá indiciar uma verdadeira norma de comportamento social,
com reflexo na arquitectura destes conjuntos rurais, respondendo a determinações do
grupo, dando igualmente a entender estarmos na presença de uma comunidade rela-
tivamente isonómica, estruturada neste troço da Ribeira de Vale de Vasco, marcada
por uma vincada ligação familiar. Inclusivamente a ligeira décalage cronológica entre
ambos os sítios, com o sítio 1 a ser ligeiramente mais antigo e sem qualquer processo
de remodelação arquitectónica, poderá reforçar a ideia de uma comunidade fundada
por um agregado familiar que se expande progressivamente gerando novos agrega-
dos semelhantes, atomizando as presenças, num movimento contrário ao processo de
agregação e expansão subjacente ao modelo de “House Society” proposto para o vale
do Guadiana, não mais que três dezenas de quilómetros para nascente. O relativo iso-
lamento destas comunidades rurais agregadas em áreas muito concretas dos vales de
pequenas ribeiras, dependentes de pequenas várzeas e solos pouco produtivos, deixa
margem para aceitação de um certo grau de autarcia, que ocupam o agro alentejano
durante o séc. VI a.C., a par de soluções de estruturação sociopolítica heterárquica/
hierarquizada com base na Casa ou mesmo com novas instalações rurais devedoras de
modelos de corte mais aristocrático‑dinástico, deixando entender a enorme variabili-
dade das formas de entrosamento sociopolítico passíveis de se reconhecerem em meio
rural, particularmente numa região e num período em que a capacidade de agrega-
ção comunitária nunca conseguiu gerar núcleos de fundo urbano com a capacidade
de coordenarem e controlarem um território alargado fortemente ocupado por uma
enorme diversidade de ocupações rurais, de cariz bastante variado.
Necrópole da Tera
Planta de enterramentos
0 1m
Fig. 8. Vista e planta geral de enterramentos da necrópole da Tera. Menires da Tera (Calado, 2004).
194 Rui Mataloto
2
A David Gonçalves se deve a coordenação dos trabalhos de Antropologia Física, cujos resultados foram parcial-
mente apresentados recentemente (Gonçalves et al., 2015), e no qual nos baseamos.
196 Rui Mataloto
0 5cm
Fig. 9. Urnas, unguentários, incensário, cálice e taças de cobertura da Necrópole da Tera. Em baixo, urnas
in situ.
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deposição dos restos ósseos. Em alguns casos as oferendas fúnebres foram colocadas
cuidadosamente sobre os restos ósseos, procedendo‑se em seguida à deposição das
urnas em pequenos covachos no solo, cobertas por outros recipientes, muitas vezes
estruturadas com pedras. Por vezes as cinzas e alguns restos cremados eram colocados
em redor das urnas, juntamente com unguentários.
As baixas taxas de identificação tornam a avaliação da representação esquelética
muito difícil. Nenhuma prática clara de discriminação de idade foi registada na
necrópole da Tera. Quanto à composição sexual da necrópole, embora este parâme-
tro não tenha sido alcançado com sucesso para a maioria dos restos, existem algumas
indicações de que ambos os sexos estavam realmente presentes –um enterramento
feminino em [217] e provável em [278] e masculinos prováveis nas urnas [128],
[216] e [300]. Além disso, atestou‑se na urna [290] a presença de uma criança.
O espólio que acompanha as deposições raras vezes é extenso (Fig. 10), sendo com-
posto em vários casos apenas por pratos, que sobrepunham a urna, e pequenos recipien-
tes, do tipo unguentário, por vezes bicónicos, depositados junto da mesma. Dentro da
urna [278] foram documentados dois unguentários em cerâmica, acompanhados por
dois anéis em prata. Estes unguentários eram de tipo alabastron que se asemelham, tal
como o documentado na necrópole de Medellín (Lorrio, 2008: 712), aos conhecidos em
alabastro distribuídos no âmbito do comércio fenício. O exemplar da necrópole extre-
menha parece enquadrar‑se algures pelos finais do séc. VII a.C. (Lorrio, 2008: 712).
Na urna [278], correspondente a um enterramento feminino, foram recolhidos
dois anéis em prata, um com aro simples, e outro ornado com engaste central, per-
dido, apoiado em quatro pequenas volutas. Este anel apresenta algumas semelhanças
com um exemplar identificado na designada necrópole da Favela Nova, em Ourique,
enquadrado entre meados do séc. VI a.C. e meados do seguinte (Dias e Coelho, 1983:
204). Também em prata foi recolhido um pendente em “bolota estilizada” com canevão
em “T”, bastante deteriorado, oco, com uma espessura de parede ínfima. Estas peças
encontram‑se bem atestadas nas diversas necrópoles da envolvente de Beja, usualmente
associadas a enterramentos também femininos, como Palhais (Santos et al., 2009: 763),
Vinha das Caliças (Arruda et al., 2017) ou Estácio 6 (Pereiro et al., 2017) onde surgem
em número mais alargado. Recentemente foi registado um importante conjunto destes
pendentes, aqui designado de “colgante piriforme”, na sepultura 27 de La Angorrilla
(Bandera e Ferrer, 2014: 441), na qual se documentaram 26 ou 27 exemplares, também
em prata, assinalando‑se como são bem conhecidos no Mediterrâneo Central (Bandera
e Ferrer, 2014: 442), mas igualmente em território peninsular, onde se incluem, em
ouro, nalgumas das sepulturas mais emblemáticas de finais do séc. VII a.C. (Almagro
Gorbea, 2008: 378; Nicolini, 1990: 555), caso da sepultura 9 de La Joya, em Huelva
(Prados, 2010‑11: 298). Atendendo aos dados disponíveis para os contextos sepulcrais
198 Rui Mataloto
1 2
4 5 6
7 8 9
12
0 5cm
10 11
Fig. 10. Conjunto de espólio funerário cerâmico, em bronze, prata e vidro da necrópole da Tera.
All in the family…: Comunidades rurais no território centro alentejano... 199
No interior das urnas foi possível registar também fíbulas do tipo Alcores, nomea-
damente nas urnas [216], com duas, e [300], com uma, aparentemente ambas asso-
ciadas a indivíduos masculinos, na esteira, aliás, do que temos vindo a verificar em
outras áreas do sul peninsular (Figueiredo e Mataloto, 2017: 387; Ferrer e Bandera,
2014: 398), as quais são usualmente integradas entre finais do séc. VII a.C. e o séc.
VI a.C. (Figueiredo e Mataloto, 2017: 391; Bandera e Ferrer, 2014: 398). Os ador-
nos documentados contam ainda com raras contas de colar e um pequeno bracelete
“acorazonado”, recolhido na urna [217], que continha certamente os restos demais
que um indivíduo, sendo um deles feminino. As armas, nomeadamente uma ponta
de lança, de tipo indeterminado e o seu conto, apenas surgem documentadas junto
da urna [312], estando depositadas ao lado da mesma, conjuntamente com um fecho
de cinturão de placa romboidal de 3 garfos (DIII3/DIII5 de Cerdeño). Para além
deste registou‑se a presença de outro fecho de cinturão de placa romboidal, mas de
um só garfo, do tipo CII ou CIII de Cerdeño, a que devíamos acrescer parte de dois
outros, de tipo indeterminado, mas que deverão integrar‑se nos já documentados
presentes. Estes elementos de cinturão assinalam, claramente, tal como as fíbulas,
a introdução e uso de nova indumentária durante os séculos VI e V a.C. na região,
deixando bem patente a sua integração em redes mais amplas de distribuição de bens
de grande circulação, mas igualmente de modelos identitários e culturais traduzidos
na ostentação dos mesmos.
Igualmente de clara origem forânea sobressai a presença de um ânforisco em
vidro polícromo, do Grupo Mediterrâneo I, forma 2 de Harden (1981), com uma
cronologia centradas em torno dos finais do séc. VI e o século seguinte. A presença
de unguentários junto dos mortos, tanto este em vidro como os registados na urna
[278], poderá estar relacionada com a existência de rituais de lavagem e unção com
perfumes do féretro, prévios à sua cremação, que visavam mediar a sua entrada no
mundo dos mortos, desempenhando igualmente um papel relevante na menorização
de odores durante o alargado período em que o processo se desenvolveria (Delgado
e Ferrer, 2012: 131).
A presença usual de vestígios de fauna carbonizados junto dos restos humanos
cremados e depositados no interior de urnas, nomeadamente de ovis/capra (Gonçal-
ves, et al., 2015: 84) pode indiciar não apenas a oferenda de bens cárneos aos defun-
tos, como também a celebração de banquetes e libações durante o ritual funerário,
acto relativamente comum nas comunidades mediterrâneas (Delgado e Ferrer, 2012:
148), mas que poderá ter antecedentes regionais desde a Idade do Bronze (Porfírio
e Serra, 2010).
A identificação de um incensário, [64], e de vários cálices dissociados das depo-
sições funerárias, parece apontar para uma utilização ritual da área sepulcral para
200 Rui Mataloto
3
Popular alentejano: Eu devo o meu corpo à terra/ a terra m’o está devendo/ que terra m’o pague em vida/ que pago
à terra em morrendo.
202 Rui Mataloto
0 5cm
Pintura Vermelha
Fig. 11. Espólio funerário recolhido na necrópole da Herdade das Casas (séc. IV) (Redondo).
204 Rui Mataloto
produtiva e social, notada quer através dos consumos sumptuários, caso das cerâ-
micas gregas e dos unguentários de óleos perfumados, quer através da construção
ou manutenção de complexos habitacionais de evidente cariz mediterrâneo, por
vezes com claro sentido e planeamento ideológico, como na Malhada das Taliscas,
que nos pode indiciar a introdução de novas formas de estar e ocupar o território,
originárias de outras regiões. Contudo, estas começam a ter que partilhar o espaço
com as primeiras aglomerações humanas de cariz mais aldeão que urbano, as quais
começam lentamente a emergir, provavelmente a partir de movimentos de sine-
cismo, provocado pelo abandono de pequenos núcleos rurais. Os dados disponí-
veis são particularmente escassos, conhecendo‑se apenas pontualmente ocupações
nas quais se registou a presença de cerâmica ática do séc. V a.C., mas das quais
desconhecemos tudo, como acontece com a ocupação do Alto Castelinho da Serra
(Montemor‑o‑Novo), onde se detectou a presença de taças “Cástulo” (Gibson
et al., 1998). A escassez de dados sobre a natureza da ocupação, nomeadamente
fundacional, e o conhecimento que temos sobre a modéstia estrutural que alguns
destes povoados apresentaram numa fase inicial, como ficou patente em Mesas do
Castelinho (Estrela, 2010), não autoriza a formulação de grandes considerandos
sobre a estrutura social que se lhe encontrava subjacente, mas que vemos mais
como gregária comunal, de relativa isonomia, do que o resultado da agregação de
uma comunidade em torno de um grande senhor. Este movimento gregário, em
instalações com claro sentido defensivo, patente nos modelos de instalação com
evidentes defesas naturais, parece acelerar‑se nos finais do séc. V a.C., num ver-
dadeiro movimento de encastelamento, que acabará por acometer a esmagadora
maioria do povoamento rural em meados do século seguinte.
O campo, esvaziado todavia da densidade de demográfica anterior, continuará a
ser ocupado, agora de modo mais esparso, acolhendo, mesmo assim, uma enorme
diversidade social patente nas pequenas necrópoles rurais, onde emergem importan-
tes panóplias guerreiras, como acontece na Herdade das Casas (Fig. 11) (Mataloto, et
al., 2014: 23). Na realidade, o modo progressivo como as armas parecem vir a surgir
nos espólios funerários, estando quase ausentes, como se viu, em necrópoles como a
Tera, parece traduzir justamente este processo lento, mas inexorável, de complexifi-
cação social e emergência dos “senhores da terra”, que culminará na amortização de
verdadeiras panóplias guerreiras durante a segunda metade do milénio, ao invés das
monótonas séries de lanças longas e contos que parecem dominar durante o segundo
quartel do Iº milénio a.C. (Figueiredo e Mataloto, 2017). Assim, o campo perma-
necerá como um elemento relevante na estruturação das comunidades da segunda
metade do milénio, após o generalizado abandono em torno aos finais do séc. V e
inícios do séc. IV a.C.
All in the family…: Comunidades rurais no território centro alentejano... 205
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