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Além disso, um ponto interessante de análise é comparar as visões relatadas por Bélo
ao analisar Tácito: “Tácito nota que os bretões não reconheciam a distinção em relação
ao sexo de seus governantes, e ainda explica que ela poderia até liderar os brigantes para
queimar a colônia e bramir em campo, porém, por ser mulher, nunca teria sucesso em
batalha. No que diz respeito aos romanos, profere que lutavam como homens
destemidos, homens que nunca falhariam em relação à liberdade e que nunca se
tornariam penitentes.”. Já a série, tem como protagonistas duas druidas, ainda que em
diferentes momentos de sua iniciação, e de diferentes tribos, liderando os bretões contra
as ofensivas romanas. Isso mostra um certo grau de disparidade entre as duas
representações da cultura bretã, sendo estas a visão de Tácito que reconhecia que a
cultura bretã reconhecia de maneira diferente o sexo nas posições de poder da
sociedade, porém, argumentando que as mulheres ainda que em uma posição de
destaque nunca obteriam êxito em batalha, já a série coloca duas protagonistas
femininas para reforçar a ideia que a cultura céltica realmente coloca mulheres em
posições de poder e que sim elas podem vencer batalhas, como venceram na ofensiva de
Júlio César por exemplo, em 54 e 55 a.C.
As obras teóricas que serão utilizadas para proposta de análise são, Entre Práticas e
Representações, livro escrito pelo autor Roger Chartier, e no que diz respeito às
questões da construção da pesquisa, o texto intitulado “Reflexões sobre o
procedimento histórico”, de Adalberto Marson no livro “Repensando a História”,
organizado por Marcos A. da Silva, que conta com a participação de outros
historiadores, servirá para suscitar questionamentos ao objeto da pesquisa,
sobretudo pensando as fontes documentais também como sujeitos, que
determinam, pelo seu discurso, os pontos que fundamentam olhares da cultura e
paganismo céltico, seja em uma série contemporânea, seja entre os romanos na
antiguidade.
Para auxiliar nas discussões sobre o contexto histórico, bem como o recorte
espacial e temporal, o projeto visa vincular pesquisas com obras tais como de Joan P.
Alcock e seu livro Uma Breve História da Britânia Romana Conquista e Civilização;
Peter Salway e seu livro Britânia Romana Uma Curta Introdução. Tais obras concernem
em contextualizar o momento histórico da conquista romana, demarcando os principais
acontecimentos e abordando brevemente traços culturais dos bretões. Já para o contexto
da cultura, sociedade e religião céltica e principalmente dos druidas em si obras como a
de João Lupi e seu texto Os Druidas; Dominique Vieira Coelho dos Santos com seu
texto Forma e Narrativa- uma reflexão sobre a problemática das periodizações para a
escrita de uma história dos celtas; Raimund Karl com seu texto Os celtas na
Antiguidade: cruzando a divisão entre História Antiga e Arqueologia. Além destas obras
será também utilizado o texto de Tais Pagoto Bélo Britannia: violência, poder e contato,
com a finalidade de compreender as vicissitudes da relação entre Roma durante a
conquista da Bretanha e a civilização bretã, dando ênfase principalmente na questão do
uso da violência nos conflitos, e é claro um estudo para compreender suas motivações.