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transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora
e Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-68075-49-4
1. Ágrafas. 2. Civilizações. I. Bordonal, Guilherme
Cantieri. II. Fochi, Graciela Márcia. III. Nishikawa, Taíse
Ferreira da Conceição. IV. Título
CDD 930
Introdução ao estudo
Caro(a) acadêmico(a), o estudo sobre a Pré-História é uma ação fundamental
para a construção do conhecimento histórico e para a sua formação profissional.
As seções desta primeira Unidade de Estudo, além de destacar os conteúdos
relativos às sociedades ágrafas e Pré-História, destacam a preocupação em
refletir sobre diferentes compreensões do passado das sociedades.
Nesse sentido, surgem perguntas relevantes como:
Quais fontes históricas podem trazer elementos sobre a história das sociedades?
Existe somente uma Pré-História?
Se o surgimento da escrita é o marco divisor entre a Pré-História e a his-
tória, então as sociedades ágrafas não fazem parte da história?
É necessário compreender que todas essas questões surgem porque o co-
nhecimento histórico não é hegemônico, nem mesmo um conhecimento exato.
Este se apresenta com divergências teóricas e diferentes abordagens conceituais.
Na primeira seção, vamos apresentar e discutir o conceito de Pré-História.
Assim, um aspecto relevante para tal discussão, é o papel da escrita como
marco divisor da transição para a Idade Antiga. Logo, a presença ou ausência
da escrita nas sociedades passa a ter diferentes abordagens na formação do
conhecimento histórico.
A segunda seção foi dedicada para que você possa familiarizar-se com as
dimensões de uma área de estudo chamado arqueologia, um campo de trabalho
em expansão para a profissão do historiador.
Na terceira seção apresentaremos as principais divisões e características da
Pré-História e as evoluções adquiridas pela humanidade no paleolítico e neolítico.
Como proposta para última seção você poderá compreender a complexidade
cultural que possibilitou o surgimento do Estado e dos primeiros impérios da
Idade Antiga.
Também é indispensável reforçar que um estudo como este não pretende
esgotar o conteúdo ou dar conta de apresentar toda a complexidade sobre a
Pré-História e as sociedades ágrafas. Nosso esforço pretende levantar alguns co-
nhecimentos que forneçam material suficiente para você continuar pesquisando
e ampliando seus horizontes teóricos. Por isso, em sua trajetória profissional,
jamais deixe de pesquisar e aprofundar seus conhecimentos.
Desejamos dedicação e sucesso em sua caminhada de estudos!
Hoje, a Pré-História pode ter uma nova abordagem. Mas qual será a rela-
ção entre o modelo de ciência da história e as diferentes abordagens? Com a
colaboração de outras ciências, como antropologia, arqueologia e paleonto-
logia, novos materiais passaram a servir de indícios do passado de um povo:
imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, armas, fotografias, músicas,
construções e outros objetos. Essas fontes podem ser tão importantes quanto a
escrita no processo de resgate do passado de uma civilização ou comunidade
(KUPER, 2008).
É com base nessa discussão que o conceito de “sociedades ágrafas” permite
empregar novos significados e desconstruir o reducionismo que cercava os
termos Pré-História e povos primitivos. O próprio termo primitivo sempre foi
carregado de um sentido desqualificador na história.
Mesmo assim, o marco do surgimento da escrita ainda continua a delimitar
a divisão entre a Pré-História e a história antiga.
Didaticamente a divisão histórica tradicional ainda é
utilizada. No entanto, o conceito de Pré-História mudou.
Agora, desde o surgimento do primeiro hominídeo na
Terra, começa a grande aventura humana, sem esquecer
todo o período que antecede o aparecimento dos seres
humanos, que também faz parte da Pré-História (SO-
PHIATI; HEUER, 2013, p. 17).
Isso nos faz pensar em outro aspecto. Veja que, na visão tradicional, a Pré-
-História é dividida nos períodos paleolítico e neolítico, como veremos em outra
seção. Essa divisão pode permanecer por uma questão didática. Entretanto,
com novas descobertas pela arqueologia, essa maneira de classificar não se
apresenta tão simples e linear. Vale a pena continuar pesquisando e mergulhar
nesse universo do conhecimento.
32 mil anos atrás, dados os vestígios encontrados no território até então. Essa
fase vai até o ano de 1500 (época do descobrimento), datação dos primeiros
documentos sobre essas terras. Assim, qualquer tempo antes do descobrimento
pode ser classificado como pertencente à Pré-História brasileira. Interessante
discutir que, entre os historiadores, foi consenso o fato de a Pré-História ame-
ricana ter iniciado com as primeiras migrações há cerda de 13 mil anos, com
o fim da última glaciação. Entretanto, recentes achados no Chile revelaram
instrumentos de 33 mil anos. Já outro achado da Dra. Niède Guidon, no estado
do Piauí, foi uma série de ferramentas de quartzo com 31,5 mil anos. Essas
descobertas colocam à prova o que já se sabia sobre a Pré-História americana
(GUGLIELMO, 1999).
Convém lembrar que nossa conversa aqui não tem a pretensão de aprofundar
ou dar conta de todas as questões da Pré-História, mas propor um ponto de par-
tida capaz de incentivá-lo para novos estudos. Realize novas leituras, supere essa
visão inicial e continue pesquisando sobre a construção de artefatos, as primeiras
estruturas que serviram de morada, o desenvolvimento da arte, as relações sociais
entre as comunidades primitivas e o desenvolvimento da agricultura. Todas são
dimensões que fazem parte do intrigante mundo da Pré-História.
Atividades de aprendizagem
1. Determinadas atividades artísticas da Pré-História, como as pinturas
nas paredes das cavernas, foram chamadas de “arte rupestre”. Vestígios
dessa forma artística são fontes de pesquisa da arqueologia e contri-
buem para a compreensão sobre a vida das sociedades ágrafas. Sobre a
arte durante os períodos da Pré-História, analise as sentenças a seguir:
I. As atividades cotidianas do paleolítico foram registradas pela arte
rupestre, entretanto, os registros mais antigos desse tipo de arte
foram produzidos no período neolítico.
II. Nas sociedades ágrafas, a arte é resumida pelas atividades fú-
nebres e rituais religiosos, pois somente esses aspectos foram
encontrados pelos arqueólogos.
III. O debate sobre o conceito de Pré-História questiona e reflete
sobre as fontes que podem revelar o passado das comunidades
primitivas, em destaque, os registros escritos.
IV. O século XIX foi relevante para o reconhecimento da história
como conhecimento científico, embora isso tenha construído
uma visão reducionista da Pré-História.
Foi somente a partir de descobertas nos sítios arqueológicos pelo mundo que
algumas hipóteses sobre a trajetória da humanidade na Pré-História puderam
ser elaboradas.
O momento em que os nossos ancestrais deixaram de
ser quadrúpedes para se tornar bípedes sempre foi um
mistério sem resposta na ciência evolutiva, mas um novo
estudo publicado pela revista Current Biology dá outras
pistas. Os cientistas acreditam que os nossos antepas-
sados podem ter começado a andar sobre duas patas
em uma tentativa de monopolizar recursos e para levar
comida, em maior quantidade e de forma mais eficiente
(SOPHIATI; HEUER, 2013).
australopithecus.
suas próprias questões. Isso deixa o trabalho ainda mais interessante. (HORTA;
GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).
Cada pergunta pode gerar outras questões. A questão fundamental como era
este lugar? É o ponto de partida para a coleta de dados, o trabalho de campo,
as observações orientadas e as diferentes atividades. A partir dessa pergunta, é
possível observar, entre outros aspectos:
Onde ele está situado? Como ele se insere na paisagem natural? Quantas
estruturas existiam? De que eram feitas? Para que serviam? Quantas pessoas
viviam ali?
Perguntas como essas podem ser aplicadas a alunos de todas as idades,
com a ajuda do professor para os mais jovens. Apesar de serem colocadas
separadamente, as questões se relacionam entre si. Um conjunto de perguntas
depende de outras. Entretanto, colocá-las separadamente ajuda a compreen-
der e a estruturar os diferentes passos de uma pesquisa (HORTA; GRUNBERG;
MONTEIRO, 1999).
O uso e a compreensão de mapas, desenhos, esquemas, fotografias aéreas,
fotos antigas e recentes, documentos, são outras habilidades envolvidas na
exploração orientada de um sítio ou monumento histórico. E os monumentos
históricos podem ser encontrados em diversos contextos rurais e urbanos.
Para as crianças, com um tempo de vida mais recente e menor que o dos
adultos, quase tudo que as rodeia é produto de um passado distante, do tempo
da vovó. A própria casa, a família ou a escola podem ser material útil para
iniciar a compreensão da mudança e continuidade (HORTA; GRUNBERG;
MONTEIRO, 1999).
As estruturas remanescentes do passado são encontradas em diferentes
estados de preservação: intactas (escolas, casas...), incompletas (ruínas, mo-
numentos históricos, prédios antigos...), enterradas (estruturas desaparecidas)
e monumentos tombados, sítios históricos de importância para a cultura na-
cional e protegidos por lei através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-
tico Nacional — IPHAN, ou por instituições estaduais e municipais (HORTA;
GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).
Numa visitação nem todas as perguntas serão respondidas no local. É impor-
tante que os alunos percebam que também podem existir limitações nas evidên-
cias e na verdade levantada sobre um determinado local. Essa conscientização
pode levar a novos questionamentos, hipóteses e a percepção do risco de con-
clusões precipitadas ou distorcidas (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).
Atividades de aprendizagem
1. O surgimento dos hominídeos ainda é objeto de discussão e muita
divergência entre historiadores e arqueólogos, pois sobre o tema da
Pré-História ainda há muito o que pesquisar e descobrir. Sobre os
hominídeos, assinale a alternativa CORRETA:
( ) A característica essencial que diferencia os hominídeos dos outros
animais é a cultura.
( ) Durante a Pré-História não ocorreu a coexistência entre diferentes
hominídeos.
( ) A prova da existência do Homo habilis é a descoberta do fóssil de Lucy.
( ) O homem de Neandertal é o único hominídeo que não faz parte
da Pré-História.
2. Depois de criado, o Parque Nacional da Serra da Capivara esteve
abandonado durante dez anos por falta de recursos federais. Análises
comparativas das fotos de satélite evidenciaram esse fato. Durante
esse período, a Unidade de Conservação foi considerada “terra de
ninguém e, como tal, objeto de depredações sistemáticas”. A des-
truição da flora tomou dimensões incalculáveis; caminhões vindos
do Sul do país desmatavam e levavam, de maneira descontrolada,
as espécies nobres. O desmatamento dessas espécies, próprias da
caatinga, aumentou depois da criação do Parque, em decorrência
de falta de vigilância (FUMDHAM, 2014).
O texto anterior denota um dos desafios que a arqueologia brasileira
enfrenta. Entre eles estão: a falta de investimentos, a articulação entre
os setores público e privado da sociedade, o avanço da urbanização,
exploração e extrativismo entre outros. Pense em algum sítio arqueo
lógico de seu conhecimento ou em sua região e descreva quais os
desafios que podem estar diante da arqueologia nesse caso específico.
Fique atento e perceba que as datas que delimitam as fases geralmente são
aproximadas, sobretudo quando tratamos de uma fase tão distante e cujos indí-
cios são provas irrefutáveis. Veja a Figura 1.10 e acompanhe agora um esquema
sintético sobre as realizações no paleolítico (CHILDE, 1971; GUGLIELMO, 1999):
Paleolítico inferior (cerca de 3,5 milhões a 50 mil anos)
Florescem as primeiras estruturas sociais entre os humanos.
Os primeiros artefatos e utensílios começam a ser fabricados pelo
homem.
Surgem os primeiros indícios de convívio e afeto familiar.
Domínio do uso do fogo.
Paleolítico superior (50 mil — 10 mil anos)
O homem de Cro-Magnon desenvolveu armadilhas terrestres.
Organização de comunidades mais numerosas.
São frequentes as migrações constantes para escapar do frio.
Além das cavernas, foram construídas moradias rústicas com peles de
animal.
Desenvolvimento de pinturas rupestres.
Destaque nas atividades de coleta de alimentos (povos coletores).
Primeiras noções sobre a existência da sobrenaturalidade.
O fim dessa era histórica (10 mil anos atrás) também é marcado por uma
variação climática importante na evolução das comunidades humanas: o fim
de uma era glacial com variações climáticas que amenizou o frio intenso. Tal
resultado criou um contexto bem mais favorável para se viver. Uma revolução
que dá início ao período neolítico. Compreenda melhor essa revolução climá-
tica e cultural nos próximos parágrafos.
Mesmo que não seja possível estabelecer uma data exata, sugere-se que
o período neolítico tenha iniciado por volta de 8.000 a.C., após grandes mu-
danças climáticas e culturais. Vejamos quais foram os avanços culturais mais
expressivos do neolítico:
É consolidada a visão do homem como um ser social.
Percebem-se as vantagens de cooperar e trabalhar em grupos.
Destaque e presença de lideranças nas comunidades.
Atividades de aprendizagem
1. O solo brasileiro esconde tesouros surpreendentes. Relatos de antes
da história escrita, que explicam as origens dos povos da América e
são comparáveis, em importância, aos principais achados arqueo-
lógicos do Velho Mundo. Quando desembarcou no Brasil em 1825,
o dinamarquês Peter Lund se surpreendeu com o que encontrou.
Estabeleceu-se por aqui em definitivo em 1832. Passou a esquadri-
nhar a região de Lagoa Santa, Minas Gerais, em busca de vestígios
do passado. Explorou mais de 200 grutas, descobriu cerca de 12 mil
fósseis. E o grande achado: um cemitério com 30 esqueletos humanos,
ao lado de ossos de mamíferos da chamada megafauna. Eram ani-
mais de dimensões bem maiores que as atuais, como os gliptodontes
(tatus de cerca de um metro de altura), as macrauquênias (herbívoros
semelhantes a lhamas com trombas) e preguiças de até seis metros
de comprimento e cinco toneladas (WINKEL, 2014).
Analise o texto citado e, a partir desse contexto, assinale a alternativa
correta:
( ) Além dos fósseis humanos encontrados, a região de Minas Gerais
é fonte de estudo para a botânica e zoologia da Pré-História.
( ) A região de Lagoa Santa foi descredenciada pelo pesquisador
Peter Lund por não encontrar fósseis humanos.
4.1 O estado
Com a consolidação da agricultura surgiram grandes cidades e impérios
que caracterizaram a transição para a próxima fase: a História Antiga. E mais!
As novidades neolíticas, como a sedentarização, a agricultura e o aumento do
número de crianças, geraram o crescimento populacional e, por consequên-
cia, a elevação da densidade demográfica. Essa ampliação social também teve
novos resultados. E o que ocorreu foi o desenvolvimento acelerado de novas
ferramentas de trabalho, técnicas produtivas e novas formas de vida social. Em
suma, novas tecnologias sociais e materiais foram ganhando espaço. Acredita-se
que as primeiras cidades tenham surgido na região da Mesopotâmia há cerca
de 7 mil anos.
Segundo estudos arqueológicos, nas ruínas da cidade
foram encontrados restos de alimentos, cerâmica e provas
de que já existia culto aos mortos com rituais fúnebres.
Outra cidade do mesmo período foi Çatalhöyük. Em
1958, os arqueólogos descobriram um povoado em uma
coluna da Turquia central, datado de 7 mil anos e com
uma população de 8 mil habitantes, distribuídos em 2 mil
casas, de tamanho variado entre 1 e 48 metros quadrados
(SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 104).
As cidades que surgiram próximo aos rios Nilo, Tigre e Eufrates se comple-
xificaram cada vez mais, e com o aumento da população foram necessárias
estratégias para aumentar a produção de alimentos e a construção de obras.
Perceba que, à medida que a população crescia e as cidades ficavam depen-
dentes do uso sistemático de água retirada dos rios, foi necessária a construção
coletiva de obras como estradas, diques, canais, sistemas de irrigação. Podemos
citar ainda as cidades de Uruk, Ur e Nínive. Todas dentro da delimitação do
Crescente Fértil (SOPHIATI; HEUER, 2013).
que serviu para facilitar o trabalho comercial. Esse alfabeto primitivo possuía
somete consoantes e os gregos o aperfeiçoaram acrescentando as vogais.
Como você pôde observar na imagem anterior, a escrita dos sumérios tinha
forma de pequenos triângulos ou cunhas, por isso o nome escrita cuneiforme. A
base material para essa escrita eram placas de argila, seguidas da invenção do papiro
(papel) e do pergaminho (couro). Sem dúvida, a escrita é uma das invenções de
significante impacto à cultura e foi uma marca da transição entre a Pré-História e
da Idade Antiga, fato que não exclui, mas dá crédito especial para ambas as fases.
Atividades de aprendizagem
1. A necessidade de registrar os acontecimentos surgiu com o homem
primitivo no tempo das cavernas, quando este começou a gravar
imagens nas paredes. Durante milhares de anos os homens sentiram
a necessidade de registrar as informações e construíram progressiva-
mente sistemas de representação. Desenvolvida também para guardar
os registros de contas e trocas comerciais, a escrita tornou-se um ins-
trumento de valor inestimável para a difusão de ideias e informações.
Foi na antiga Mesopotâmia, cerca de 6 mil anos atrás, que se desenvol-
veu a escrita ideográfica, um dos inventos na progressão até a escrita
alfabética, agora usada mundialmente. Em época bastante remota,
homens e mulheres utilizam figuras para representar cada objeto. Essa
forma de expressão é chamada pictográfica. A fase pictórica apresenta
uma escrita bem simplificada dos objetos da realidade, por meio de
desenhos que podem ser vistos nas inscrições astecas presentes em
cavernas, ou nas inscrições de cavernas do noroeste do Brasil. Em se-
guida, os gregos adaptaram o sistema de escrita fenícia agregando as
vogais e criando assim a escrita alfabética. (Alfabeto, palavra derivada
Fique ligado!
Caro(a) acadêmico(a), nesta Unidade foi relevante discutir que:
A Pré-História foi a maior fase da humanidade e, a partir do século XX,
novos debates da historiografia apontam para a superação da análise
reducionista antes as outras fases.
O conhecimento e reflexão sobre as sociedades ágrafas pode ajudar a
desconstruir a visão linear da história, em que somente as civilizações que
deixaram herança escrita são incluídas nas fontes do conhecimento científico.
A partir do fim do século XIX e início do XX, novas fontes foram aceitas
para a construção do conhecimento da história.
Novos materiais passaram a servir de indícios do passado de um povo,
como imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, armas, fotogra-
fias, músicas, construções e outros objetos.
O paleolítico e o neolítico são as principais classificações da Pré-História
e que a revolução cultural no fim do neolítico permitiu uma passagem
entre a Pré-História e a Idade Antiga.
Somente é possível estabelecer uma data aproximada para o fim da Pré-
-História, entre 3000 e 4000 a.C., momento em que ocorreram revolu-
ções culturais como o surgimento das cidades, impérios, da agricultura,
do estado e da escrita.
A Pré-História brasileira segue uma linha do tempo diferente, logo,
faz-se necessária uma abordagem mais ampla e profunda sobre as
sociedades ágrafas.
O trabalho da arqueologia é investigar o patrimônio cultural deixado
por essas sociedades, sejam elas letradas ou ágrafas.
Na arqueologia são estudados vestígios ou fósseis descobertos em locais
como escavações, cavernas ou sítios arqueológicos.
Referências
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MUSEU de Arqueolgia e Etnologia – MAE. Disponível em: <http://www.mae.usp.br/
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Introdução ao estudo
Nesta unidade trabalharemos alguns aspectos históricos da política, cultura
e economia das sociedades antigas. Ingressaremos no mundo antigo estudando,
em nossa primeira seção, o orientalismo. Prosseguindo nossa viagem, saltaremos
para os egípcios. Conhecendo alguns elementos dos povos mesopotâmicos,
veremos como utilizamos diariamente vários conhecimentos elaborados pelos
povos da Antiguidade.
Você contará com a indicação de livros que possibilitarão o aprofundamento
de alguns tópicos abordados no texto. Por fim, os exercícios propostos darão
a você uma nova forma de fixação dos assuntos tratados e o mais importante:
em sua resolução, poderão surgir novas dúvidas, o que fomentará sua pesquisa
e seus estudos.
Durante a exposição dos temas trabalhados, analisaremos como os debates
na história são frequentes e as divergências sobre vários pontos comuns. O
historiador deve estar acostumado com as divergências e saber trabalhar nesse
terreno movediço.
O principal conceito que receberá nosso destaque é o das sociedades cos-
mológicas. Vamos perceber a importância da presença dos rios Tigre e Eufrates
para o nascimento desses povos. Partindo dessa compreensão, verificaremos
os vários elementos culturais criados pelos povos mesopotâmicos que ainda
influenciam nossa cultura.
1.1 Introdução
Nesta seção, estudaremos os usos feitos do estudo do “orientalismo”. Veremos
de que maneira os estudos acadêmicos produziram um tipo de discurso sobre o
Oriente que buscava legitimar algumas práticas dos conquistadores sobre esses
povos. Logo, vamos perceber que, muitas vezes, ao falarmos do antigo Oriente,
estamos falando de certa forma de nós mesmos.
Quando Said (1996) utiliza essas concepções elaboradas por Foucault, ele
se refere à leitura que ingleses e franceses dos séculos XVIII e XIX fizeram do
Oriente. Antes disso, segundo o autor, os europeus resumiam o Oriente às Índias
e às terras bíblicas. Percebe-se, desse modo, que a grande quantidade de textos
e pesquisas produzidas sobre o Oriente é justamente proveniente da Inglaterra,
França e atualmente dos Estados Unidos — devido à influência americana no
pós-guerra. Para Said, é nesse núcleo de produção acadêmica que encontra-
mos os autores “orientalistas”. Sendo assim, os estudos desenvolvidos pelos
“orientalistas” não indicavam somente uma vontade de conhecer o Oriente,
mas, mais do que isso, um desejo do domínio de uma cultura sobre a outra.
Atividades de aprendizagem
De que maneira o historiador deve produzir suas pesquisas sem compro-
metê-las com erros epistemológicos?
denotando certa troca entre as duas partes. Em um segundo momento, ele des-
creveu o “orientalismo” como uma forma de “negociação”. Por fim, explicou o
que ele entende e qual é o resultado dessa “negociação”. Percebemos a inten-
sidade simbolizada pela produção desse discurso sobre o Oriente que descreve,
coloniza, governa, domina, reestrutura e tem autoridade sobre ele. Ou seja,
na relação entre o Oriente e o Ocidente, no entendimento de Said, houve um
aumento de poder, no qual o Ocidente submeteu o Oriente. Ainda na mesma
linha interpretativa, Said (1996, p.1, grifo do autor) chama nossa atenção:
Descobri que neste caso é útil empregar a noção de
discurso de Michel Foucault, tal como é descrita por ele
na “Arqueologia do saber” e em “Vigiar e Punir”, para
identificar o orientalismo. A minha alegação é que, sem
examinar o orientalismo como um discurso, não se pode
entender a disciplina enormemente sistemática por meio
da qual a cultura europeia conseguiu administrar — e
até produzir — o Oriente política, sociológica, ideoló-
gica, científica e imaginativamente durante o período
pós-Iluminismo.
Atividades de aprendizagem
Quais são os principais problemas conceituais que os ocidentais enfrentam
para a compreensão das sociedades orientais?
2.1 Introdução
A sociedade egípcia ainda desperta nosso encanto. Os vários elementos que
moldam e estruturam essa civilização chamam nossa atenção. Veremos nesta
seção quais são as principais estruturas que regiam essa importante sociedade
antiga passando pela economia, política, cultura e religião. Durante essa ex-
posição vamos perceber como ainda existem inúmeras divergências acerca da
civilização egípcia.
Atividades de aprendizagem
Qual a importância do estudo da civilização egípcia na contemporanei-
dade?
Por volta do ano 4000 a.C., pequenos grupos de povos nômades começaram
a se formar no nordeste da região onde atualmente se encontra o continente
africano. Ali, esses agrupamentos que recebem o nome de nomos puderam
encontrar condições geográficas e climáticas para a prática da agricultura,
com a produção de trigo, cevada, papiro, verduras, legumes e linho e também
para a criação de animais como bois, aves, porcos, cabras e carneiros. Desse
modo, esses grupos se fixaram na região tendo como chefe o nomarca, o qual
era o líder de cada agrupamento.
Contudo, o povoamento do Egito Antigo ainda não é totalmente explicado
pela historiografia, como salienta Ciro Flamarion:
Essa região é cortada pelo Rio Nilo que, com uma extensão de 6.671 quilô-
metros, possibilitava a prática da agricultura e, posteriormente, da navegação.
Nos meses de junho a outubro tem-se o período de cheias desse rio e, logo
após o retorno das águas para seu fluxo normal, os solos localizados à margem
do leito permanecem mais férteis com o húmus depositado pelas cheias.
A quantidade de conhecimentos necessários para a formação dessas estru-
turas é realmente impressionante. Leia este trecho, no qual Cardoso faz uma
descrição da relação dos egípcios com os recursos naturais:
A partir de um longo investimento coletivo de trabalho,
adaptando e modificando os dados naturais através da
construção de diques, barragens, canais, reservatórios,
formaram-se nos vales fluviais em questão, sociedades
complexas e urbanizadas, baseadas na irrigação. A agri-
cultura irrigada é muito produtiva, e por isso o Egito e a
Mesopotâmia tinham populações muito mais densas do
que as regiões como a Ásia Menor, a Síria-Palestina e o Irã,
onde a irrigação, pelas condições naturais, só podia ter um
papel muito limitado, e onde a agricultura — quase sempre
dependente da água da chuva, às vezes retidas em cisternas
— era no conjunto menos produtiva. Este contraste ajuda
Devemos ressaltar que num sistema de castas temos uma imobilidade social,
ou seja, quando uma pessoa nasce em uma casta, ela permanecerá nela. Logo,
a casta é recebida por hereditariedade.
Na religião egípcia nem só o faraó era idolatrado. Os egípcios eram politeístas
e divinizavam a natureza. Rá representava o deus Sol e Osíris, o Rio Nilo. Outra
prática comum era a antropozoomorfia, em que se criavam deuses de corpos
compostos por partes humanas e de animais. Eles eram representados em formas
de estátuas e sabe-se do grande zelo que se tinha por elas, sendo reservadas
até mesmo da exposição para a grande maioria da população. Estes tinham um
contato mais direto com imagens de animais sagrados que ficavam expostas nos
templos sagrados. Essa prática religiosa era formada por uma elaborada mitologia,
tendo como fator determinante a crença na vida após a morte, o que os levou a
elaborar técnicas de mumificação para a conservação dos corpos.
Pode-se afirmar que a religião egípcia foi além da religião mesopotâmica
em duas circunstâncias: primeiro, ela possuía uma visão em que o seu tem-
plo sagrado representava uma miniatura do universo, destinado a operações
mágicas de proteção contra as forças da desordem e do caos. O segundo
aspecto de destaque diz respeito ao culto funerário exercido pelos egípcios
com a mumificação:
Nenhuma crença foi tão marcante na sociedade egípcia,
ao longo de cinco mil anos, quanto a da vida após a
morte. Nos túmulos pré-dinásticos, simples covas circu-
lares cobertas de madeira, encimada por uma pilha de
rochas e sedimentos, o morto era inumado em posição
fetal, com a face voltada para o Oeste. Ao seu redor,
eram depositados vasos cerâmicos, facas de sílex, ador-
nos, entre outros objetos (EL-MAHDY, 1995, p. 118). Tais
evidências refletem, respectivamente, o renascimento e a
preocupação com o bem-estar do morto no outro mundo.
Em épocas dinásticas, notadamente após o Primeiro Perío-
do Intermediário, a vida além-túmulo seria acessível a
todos os egípcios que providenciassem a mumificação de
seus corpos, procedimento este extremamente necessário
Existem suposições de que houve uma religião popular, mas essa tese não
pôde ainda ser muito bem fundamentada devido à falta de documentos que a
comprovassem. O que se sabe é que em alguns lugares os deuses locais podiam
ser cultuados de maneiras diferentes de acordo com cada localidade.
Nos estudos desenvolvidos por Voegelin, ele concluiu a forte ligação
existente entre a visão cosmológica praticada pela religião egípcia com a or-
ganização política da sociedade: “Havia uma ordem abrangendo o mundo e
a sociedade que podia ser compreendida tanto cosmológica quanto politica-
mente” (VOEGELIN, 2009, p. 86).
Voegelin elaborou a teoria descritiva das Sociedades Cosmológicas, ou seja,
nessas sociedades a organização política era uma continuação da visão que elas
possuíam da organização dos cosmos. A sociedade era uma parte integrante do
cosmo e deveria se integrar nele seguindo essa ordem. Desse modo, a ordem
política e a ordem religiosa permaneciam unidas.
Atividades de aprendizagem
É possível encontrarmos historiadores brasileiros que contribuíram para os
avanços historiográficos sobre o Egito Antigo? Cite os nomes, se houver,
e suas contribuições.
3.1 Introdução
As sociedades cosmológicas produziram uma complexa cadeia simbólica
para estabelecer a ligação entre o plano celestial pertencente aos deuses e o
plano terrestre pertencente ao homem. Essa percepção que os povos antigos
possuíam do mundo foi expressa por suas práticas religiosas. Esse entendimento
desenvolvido por Eric Voegelin nos fornecerá uma visão ampla das estruturas
civilizacionais dos povos antigos.
Mas os impactos civilizacionais dessas ligações não param por aí. Para
expressar essas complexas formas de ligação entre a ordem social-política e a
ordem cosmológica foi necessário o uso de uma simbologia capaz de realizar a
ligação entre essas duas esferas. Ou seja, primeiramente, esses povos tiveram uma
apreensão intelectual da sua condição existencial. A simbologia criada diante
disso possibilitou a expressão desses elementos estruturantes desse entendimento:
Além disso, começa a surgir algo como um “sistema” de
símbolos que expressam coerentemente a existência de um
império com relação ao tempo, ao espaço e à substância.
Uma organização política existe no tempo e origina-se
no tempo como uma unidade reconhecível. No estilo
cosmológico de simbolização, porém, não há um fluxo
de tempo histórico articulado por um evento originador. A
fundação de um governo é concebida como um evento na
ordem cósmica dos deuses, da qual o evento terreno é a
expressão análoga. O que hoje chamaríamos de categoria
do tempo histórico é simbolizado pela origem num decreto
cósmico. Há poemas cosmogônicos preservados do período
da Primeira Dinastia Babilônica que descrevem a criação
da “terra celestial” como precedendo a criação da “terra
terrena”. Os centros políticos de Nippur, Uruk, Eridu e Ba-
bilônia são primeiros criados na terra celestial, depois os
centros terrenos correspondentes são construídos. Assim, a
origem das unidades políticas dominantes remonta ao início
do mundo (VOEGELIN, 2009, p. 72-73, grifo do autor).
Atividades de aprendizagem
Quais são as principais diferenças de visão de organização política
entre as sociedades ocidentais contemporâneas e as sociedades cos-
mológicas?
O uso dos símbolos não fica restrito somente ao plano transcendente, mas
nesse tipo de sociedade no qual as duas ordens possuem uma unidade, temos
a simbologia equivalente:
Experiências e símbolos estão expostos à pressão da aná-
lise reflexiva, de modo que, mesmo em culturas politeístas
e cosmológicas, se tornam visíveis as linhas de raciona-
lização que levaram, por meio do sumodeísmopolítico e
da especulação teogônica, a um entendimento da trans-
cendência radical do ser divino e, concomitantemente,
a um entendimento da natureza da realidade mundana
(VOEGELIN, 2009, p. 82).
Temos um trecho em que Voegelin nos explica a relação entre essas quatro
esferas:
A descoberta da classe ganha seu significado completo se
lembramos que Deus e homem, sociedade e cosmos são
os principais complexos da realidade distinguidos pelas
sociedades cosmológicas como parceiros na comunidade
do ser. Os quatro complexos em seu agregado compreen-
dem todo o corpo do ser; e os quatro simbolismos enu-
merados — teogônico, antropogônico, cosmogônico e
historiogenético — formam um agregado correspondente
de especulação que cobre todo o campo (VOEGELIN,
2009, p. 131).
Atividades de aprendizagem
De que maneira podemos entender as sociedades cosmológicas?
4.1 Introdução
Os povos mesopotâmicos constituíram seus reinos em uma dependência
direta do fluxo das águas dos rios Tigres e Eufrates. Esses dois rios tornavam
possível a prática da agricultura, da pecuária e os mais variados usos da argila,
como cerâmica e tijolos. Toda organização social desses povos foi firmada na
concepção de um Estado com características teocráticas.
Atividades de aprendizagem
Qual a importância dos povos mesopotâmicos para o desenvolvimento
da civilização?
como professor, algum aluno levantar a questão “professor, por que estamos
estudando esses povos tão antigos? O que nós temos de ligação com eles?”,
apresento uma excelente resposta fornecida por Bertrand Russell para sair dessa
situação difícil, conforme a seguir:
Procedem da Babilônia algumas coisas que pertencem à
ciência: a divisão do dia em vinte e quatro horas, bem
como a do círculo em 360 graus, além do descobrimento
de um círculo de eclipses, que permitiu predizer-se com
segurança os eclipses lunares, e com certa probabilidade
os eclipses solares. Este conhecimento babilônico, como
veremos, foi adquirido por Tales (RUSSELL, 1969, p. 8).
Outra religião que merece ser ressaltada em nossos estudos é a dos hititas.
Essa religião foi extremamente influenciada pelos mesopotâmicos. Aqui tam-
bém o Estado apresenta vínculos com a religião e mais outras característica
observadas por Cardoso (1990, p. 55-57), conforme a seguir:
Em todo Oriente Próximo Antigo, o formalismo, o ritua-
lismo e o mundo da impureza e da oferenda aos deuses
eram tendências religiosas de peso. Entre os hititas, eles
atingiram o seu auge. Tinha-se uma visão pessimista da
natureza humana: os homens são pecadores. Nota-se que a
noção de pecado não era interior, ligadas às intenções e sim
exterior, vinculada a ações (negligência na celebração de
cerimônias, quebrar proibições rituais e tornar-se impuro,
desrespeitar regras do convívio social — regras que eram
consideradas de origem divina) [...] O rei hitita era acima
de tudo, um sumo sacerdote, divinizado ao morrer. Media-
dor por excelência entre os homens e o mundo divino, era
sempre representado nos momentos em vestes sacerdotais.
Por mais diferentes que possam parecer as práticas religiosas contempo-
râneas das realizadas na Antiguidade, vemos que elas apresentam algumas
semelhanças. Veja que o rito das oferendas existe também no catolicismo. A
religião desenvolvida pelos hititas apresentava o homem com uma debilidade
existencial diante dos deuses. Para assumir sua condição e religar-se ao divino,
era necessária a prática de ritos realizados por um sacerdote. Essa é uma con-
dição fundamental que encontramos em muitas religiões antigas.
Atividades de aprendizagem
Quais foram os principais povos mesopotâmicos e suas principais carac-
terísticas?
Fique ligado!
Nesta unidade, estudamos os principais caminhos para tomar um primeiro
contato com a sociedade do Egito Antigo. É de fundamental importância
que se saiba o destaque do papel desempenhado pelo faraó, tanto como
líder político como figura religiosa. No que toca à questão religiosa, é in-
teressante observarmos as particularidades do politeísmo praticado pelos
egípcios. Não podemos nos esquecer de que, ao estudarmos as civilizações
orientais, carregamos várias visões pré-concebidas pela tradição acadê-
mica dos séculos XIX e XX. Fique atento para perceber essas influências
e saber até que ponto elas contribuem ou distorcem o objeto estudado.
Estudamos também a formação da sociedade mesopotâmica e a forte
ligação de sua gênese com as águas de dois rios: Tigre e Eufrates. Outra
característica enfatizada dessa civilização é papel desempenhado pelo
governante em que era ao mesmo tempo um líder político e um deus.
Estudamos as características básicas das sociedades cosmológicas e a
maneira que relacionavam a percepção que possuíam do cosmo com a
organização social e política.
Referências
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GUARINELLO, Norberto Luiz. Violência como espetáculo: o pão, o sangue e o circo.
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VOEGELIN, Eric. As religiões políticas. Lisboa: Vega, 2002.
______. Hitler e os alemães. São Paulo: É Realizações, 2008.
______. Ordem e História. Vol. I — Israel e a Revelação. Tradução de Cecília Camargo
Bartolotti. São Paulo: Loyola, 2009.
Introdução ao estudo
Caro(a) estudante! Seja bem-vindo(a) à esta unidade, que trata da civiliza-
ção que forneceu e continua a fornecer as bases, as estruturas fundamentais às
sociedades ocidentais; da sociedade que desenvolveu concepções indispensá-
veis, complexas e em nível de sofisticação e não serão novamente alcançadas
e vividas.
Você deve estar se perguntando: “mas como isso é possível? Não pode ser!”
Vejamos algumas das circunstâncias que se impõem diante dessa afirmação:
Pensar, estudar, pesquisar e escrever sobre Grécia Antiga exige que re-
montemos a um tempo em que o conhecimento histórico era forjado em
meio às epopeias da mitologia, das tragédias e comédias do teatro, bem
como dos idealismos da filosofia e da matemática dos tempos anteriores
ao nascimento de Cristo;
Entre a nossa época e o tempo da Grécia Antiga impõem-se aproximada-
mente 2.500 anos. Por mais que aquela cultura tenha obtido reconheci-
mento e seja percebida como referência a outras sociedades, inclusive às
do presente, experimenta-se uma sensação de distanciamento em relação
aos gregos;
Muitos registros, documentos, inscrições, edificações, vestígios, memó-
rias, testemunhos e vivências se perderam, já não existem mais; quando
persistem, encontram-se desarticulados do contexto todo do qual fizeram
parte ou estão fragmentados, incompletos, em ruínas, ou ganharam ele-
mentos de outros tempos.
Agora você deve estar refletindo: “Afirmação superestimada e generosa em
relação à Grécia Antiga”. E também se perguntando: “Então, o que justificaria a
frase que foi apresentada na introdução?!” Aproprie-se dos conteúdos e temas
que serão apresentados e dos materiais que serão sugeridos ao longo desta
unidade e encontre argumentos e reúna elementos para verificar se o que foi
anunciado realmente condiz com os fatos. O desafio está lançado!
Então, é dada por iniciada a jornada de estudos, descobertas e reflexões
sobre a Grécia Antiga. Votos de uma instigante e satisfatória aprendizagem!
Fonte: <http://phylos.net/matematica/grecia-antiga/>.
Atividades de aprendizagem
Hegel, filósofo alemão do século XVIII, ao se referir à sociedade grega,
costumava afirmar que “os gregos viviam em dois elementos: Homero e
o Mar”. O que o filósofo procurava dizer com essa afirmação? Construa
um texto justificando tanto “Homero” como “Mar”.
A ruptura dessa ordem ocorreu por volta do último século da era arcaica,
quando sobressaem-se grupos de tiranos (650-510), proprietários de terras e
de riquezas mais recentes, que reclamavam pelas honras e a posição/status na
cidade de que os grupos militares usufruíam, que por sua vez será motivo de
conflitos e enfrentamentos entre entes.
Sólon (Atenas, 638 a.C.-558 a.C.), por meio de suas reformas políticas,
procurou mediar esses conflitos, em especial os que existiam entre ricos e
pobres. Entre as decisões mais importantes pode-se relacionar a abolição de
pagamentos de dívidas sobre a terra, circunstância responsável, até então,
por fazer dos pequenos proprietários de terra, presas fáceis dos grandes
latifundiários.
Essa medida acabou por promover o modelo das pequenas e médias pro-
priedades. Procurou também dividir a sociedade em classes, e no interior
delas foi possível uma maior distribuição de cargos políticos e administrati-
vos que antes ficavam somente reunidos nas mãos dos membros da nobreza
(ANDERSON, 1994).
Porém, esse rearranjo não persistiu por muito tempo. Os conflitos sociais
com os cidadãos logo se renovaram e agravaram, culminando com a tomada do
poder pelo tirano Pisístrato (546 a.C. e 527 a.C.). Pisístrato apostou na explo-
ração de prata na região norte da Grécia, o que lhe rendeu riqueza suficiente
para formar um exército de mercenários o que lhe conferiu estabilidade ao
governo que perdurou até a sua morte.
Atividades de aprendizagem
Ao longo do período arcaico os governantes Sólon e Pisístrato enfrentaram
um contexto social de muitas agitações e insatisfações tanto por parte das
classes pobres como dos grupos nobres. Porém, cada um desses gover-
nantes lançou mão de medidas diferentes para amenizar os conflitos e
se manter no poder. No que consistiam as principais estratégias e ações
desses governantes?
Passados alguns anos as cidades gregas perceberam que não havia chance
de novas guerras e invasões estrangeiras; diante disso as cidades menores
como Esparta, Argos e Corinto deixam a Liga de Delos e fundam a Liga do
Peloponeso. Mesmo com a saída dessas cidades, Atenas permaneceu como
cidade hegemônica no controle das frotas marítimas e do comércio regional.
Foi um momento em que a democracia se consolidava e repercutia como mo-
delo político promissor, e gradualmente outras cidades foram implantando a
democracia em seus governos.
Quando a cidade de Córcira, que fazia parte da Liga do Peloponeso, resolve
se aliar à Liga de Delos, foi dado o motivo primordial para que o conflito fosse
deflagrado. A liga do Peloponeso da qual Esparta fazia parte, possuía vantagens
em termos de exército. A falta de alguma porção de terras no interior do terri-
tório deixou o poder ateniense — tanto em recrutamento quanto em recursos
— muito reduzido para resistir a uma coligação de rivais terrestres.
Mesmo assim, os espartanos viram-se obrigados a recorrer à ajuda dos per-
sas para financiar a frota marítima que fosse capaz de terminar com o domínio
ateniense do mar. Assim, Esparta foi a vencedora da guerra, e, por sua vez, tratou
de implementar oligarquias por toda Atenas, causando a ruína de pequenos agri-
cultores, obrigando-os à migrar para os centros urbanos (ANDERSON, 1994).
1.7 A escravidão
Na Grécia, o trabalho escravo nunca foi predominante, ele esteve em evi-
dência entre os séculos V e VI a.C., quando as cidades-Estados transformaram
essa forma de mão de obra em um sistema auxiliar ao seu modo de produção.
Ao mesmo tempo, coexistiam camponeses livres, rendeiros dependentes e ar-
tesãos urbanos. Anderson (1994) sugere que foi graças ao trabalho escravo no
campo que a classe de proprietários de terras ficava liberada e disponível para
elaborar e discutir a filosofia, a cidadania e a política nos espaços urbanos.
A escravidão como mercadoria, regida por uma bolsa de valores, foi intro-
duzida na Grécia nas cidades-Estados rivais. Durante o século V, o apogeu da
pólis clássica, Atenas, Corinto, Égina, entre outras, possuíam uma volumosa
população escrava, às vezes até ultrapassando o número de cidadãos livres.
Escravos estes, que eram utilizados na mineração, na agricultura e na manufa-
tura, fazendo florescer a civilização urbana grega.
Porém, a escravidão na Grécia Antiga fazia sentido também muito além das
atividades econômicas, estendendo-se ao campo político e social dos cidadãos.
O conceito de liberdade presumia que o cidadão era livre do interior das cotas
de trabalhadores escravos (ANDERSON, 1994).
A escravidão também durante o governo de Péricles (444-429 a.C.) chegou
a se tornar profissionalizada, alguns escravos se tornaram responsáveis por
setores militares e, de certa forma, foram considerados “cidadãos” ou algum
status próximo disso.
Juridicamente, os escravos eram coisas sem quaisquer direitos ou garantias:
não podiam possuir bens, constituir família legal nem conservar os filhos
2.1 A pólis
A palavra pólis encontra-se relacionada à akropolis, que significa cidadela,
uma parte da cidade. Diferencia a unidade mais central de determinado povoado.
Encontra-se relacionada também à cidade-Estado, que compreende uma
comunidade política autogovernada e autogerida, composta por um núcleo
urbano circundado por morais que se espalham pelo interior do território.
A designação em termos de composição política também se refere à ideia
cidade-Estado, que por sua vez prevê a distinção entre dois âmbitos: o público
(no qual eram discutidas e geridas as questões públicas o bem comum) e o pri-
vado (no qual se inscrevia o exercício da sociedade civil) (ARISTÓTELES, 1998).
A origem da expressão é antiga, remonta aos tempos de Homero e Hesíodo,
aproximadamente entre os séculos VII e IV a.C., quando da tomada das cidades
gregas pelo Império de Alexandre Magno.
2.2 Atenas
Atenas pertencia à região da Ática, que continha as mais ricas minas de
prata na Grécia, que foi responsável por financiar a construção da frota naval
ateniense, bem como a existência e a cunhagem de moedas, que contribuiu
grandemente para a prosperidade comercial da cidade, conferindo o poder
de imperialismo sobre as demais cidades da Grécia, que se consolidou com a
realização e vitória nas Guerras Médicas.
A região de Atenas foi ocupada pelos povos jônios por volta do século X
a.C., mas foi somente com o posto de liderança na expulsão das forças persas
da Grécia no início do século V a.C. que a cidade gradualmente atingiu um
poder proeminente em relação às demais cidades do mundo grego antigo.
Fonte: <http://28navegadores.blogspot.com.br/2013/02/objetivos-para-o-
3-teste-atenas-no.html>.
2.3 Esparta
A cidade de Esparta surgiu aproximadamente no século XI a.C. com a in-
vasão de povos dóricos, que subjugaram a população espartana. Em termos
de classes e grupos sociais, os dóricos se transformaram em esparciatas e os
espartanos foram denominados hilotas, responsáveis pelos trabalhos servis e por
sustentar os esparciatas. Diante da necessidade dos esparciatas, de os hilotas
serem subjugados, Esparta se tornou uma sociedade altamente militarizada.
O sistema hoplítico, como existia em Atenas, consistia em combates nos
quais os guerreiros usavam somente lanças, a pé, em fileiras sucessivas, prote-
gidos por seus escudos, dispensando o uso de cavalos. Os hoplitas compunham
a infantaria pesadamente guarnecida, e cabia a cada soldado a responsabili-
dade de compor os próprios armamento e armadura, demonstrando que eram
oriundas de classes médias agrárias das cidades.
Esparta não conheceu tiranias, existiram governos monárquicos, que em pe-
ríodos primitivos foram responsáveis por conquistas de grandes áreas no interior
do Peloponeso. As vitórias nas batalhas no exterior favoreciam a ocupação das
posições centrais na estrutura política das cidades-Estado, regida por oligar-
quias auto armadas. O sistema que regia a política espartana era a oligarquia
composta por aproximadamente 8 a 9 mil esparciatas, grande proprietários de
terras e com qualidades militares excepcionais.
Ocorriam assembleias que eram constituídas por cidadãos que se reuniam ao
ar livre pelo menos uma vez por mês para aprovar ou rejeitar leis. Era composta
pela Gerúsia, formada por 28 gerontes (cidadãos com mais de 60 anos), e por
dois reis (diarquia), e deveriam elaborar as leis da cidade que seriam votadas
posteriormente pela Assembleia. Existiam os Éforos, uma espécie de chefia do
governo, que eram formados por cinco cidadãos com poderes administrativos,
militares, judiciais e políticos.
A sociedade era agrupada nos grupos de: aristocracia, composta pelos
esparciatas; por periecos, trabalhadores da agricultura, criadores de animais e
artesãos, e escravos denominados hilotas. Aos reis espartanos ficava associado
o governo assim como atribuições religiosas. A participação das mulheres na
sociedade espartana foi mais amplo, porém eram fundamentais no processo
de geração de filhos que deveriam ser sadios e de boa formação física para
serem futuros soldados; em tempos de guerra e combates, as mulheres as-
sumiam a liderança nas atividades econômicas dos maridos e participavam
junto às assembleias.
Atividades de aprendizagem
Nos dias atuais a participação das mulheres em teor de igualdade na
composição dos espaços públicos e políticos no interior das socie-
dades organizadas representa um dos temas mais em voga para os
grupos feministas e/ou que discutem questões de gênero. Uma das
interpretações que são amplamente difundidas é que as mulheres
foram historicamente excluídas ou subordinadas e nas mais diversas
sociedades que se formaram. Diante disso, pergunta-se: qual era a
participação das mulheres no interior da sociedade espartana e ate-
niense? Analise as sentenças abaixo:
a) As mulheres, tanto de Atenas como de Esparta, atuavam somente
nas atividades religiosas, na realização de rituais religiosos e nos
trabalhos com os Oráculos.
b) Em Esparta, as mulheres não participavam das decisões políticas,
atuavam mais expressivamente junto aos rituais religiosos e nas
atividades do lar. Em Atenas, deveriam se preocupar na geração
de filhos saudáveis para serem futuros soldados.
c) Em Atenas, as mulheres atuavam ao lado de seus respectivos ma-
ridos nas questões da pólis, em Esparta as mulheres gerenciavam
as atividades econômicas em políticas do maridos quando estes
se encontravam em situação de guerra.
d) Em Atenas, as mulheres não participavam das decisões políticas,
atuavam mais expressivamente junto aos rituais religiosos e nas
atividades do lar. Na sociedade espartana, deveriam se preocupar
na geração de filhos saudáveis para serem futuros soldados.
e) Em ambas as sociedades, as mulheres contavam com direitos à pro-
priedade privada, ao divórcio e à representação nos quadros políticos.
2.4 A democracia
A democracia é apontada como uma das maiores contribuições da Grécia
Antiga às sociedades modernas e contemporâneas do mundo ocidental, assim
como ela, a democracia que vigorou na Grécia Antiga, em especial em Atenas,
Atividades de aprendizagem
As cidades gregas que ganharam maior projeção na Grécia Antiga
foram Atenas e Esparta, porém, competiam e rivalizavam, procurando
demonstrar qual das duas apresentava o modelo de sociedade e
regime político mais bem-sucedido e que deveria ser imitado pelas
cidades menores do interior. Construa um quadro comparativo entre
os modelos políticos, as estruturas sociais e educacionais que cada
uma apresentava:
Atenas Esparta
Modelos políticos
Estruturas sociais
Aspectos educacionais
Atividades de aprendizagem
A sociedade grega é amplamente reconhecida por ser fortemente preo-
cupada em atribuir aspectos de beleza em suas mais diversas expressões,
seja política, cultural ou física. Porém, se comparado o conceito de belo
grego, acaba por ser muito distinto em relação ao que se entende por
belo em nossa época. Então, pergunta-se: no que consistiam os padrões
de beleza (“belo”) dos antigos gregos?
Na Figura 3.3 tem-se o lançador de discos, que por sua vez sintetiza os as-
pectos relacionados acima, bem como as preocupações em termos de técnicas
artísticas; é possível perceber a concepção geométrica e a ideia de momento
que a escultura transmite:
Édipo é filho de Jocasta e Laio, rei de Tebas. Laio foi amaldiçoado pelos deuses
com a pena de que seu filho o mataria e ainda se casaria com sua própria mãe.
Logo do nascimento do primeiro filho Laio mandou que o executassem longe das
imediações do reino. Assim, Édipo foi levado para as regiões de agricultores, onde
foi salvo por pastores, que trataram de o levar até o rei Políbio, da cidade de Coríntio.
Quando adulto, Édipo é avisado da maldição que o acompanhava, e procu-
rou fugir do destino que o esperava. Parte de Coríntio rumo a Tebas, ao longo
do caminho depara-se com um grupo de aparentes mercadores com os quais
se desentende e trava enfrentamentos, acaba por matar todos, restando somente
um que conseguiu fugir. Dentre os mortos, encontrava-se Laio.
Édipo retoma seu caminho em direção a Tebas, encoraja-se a desafiar a
Esfinge, cuja sentença era: decifra-me, ou devoro-te. Édipo acerta o enigma,
e como recompensa recebe de Creonte, então governante de Tebas, a mão da
rainha viúva, e torna-se o novo rei da cidade. Passam-se mais de quinze anos e
diante de uma grande peste, Édipo consulta o oráculo de Delfos, e este anuncia
que para salvar a cidade era necessário investigar a morte de Laio. Logo chegam
notícias a Tebas de que o rei Políbio (pai adotivo de Édipo) havia falecido. Em
seguida, adentra o templo o homem sobrevivente da comitiva de Laio, que
havia sido o mesmo a abandonar Édipo recém-nascido entre os pastores no
interior dos domínios de Tebas.
Nesse momento, tudo se revela e compõe o destino trágico como havia sido
anunciado. Édipo matou o pai (Laio), desposou e teve filhos com a própria mãe
(Jocasta). Jocasta suicida-se, Édipo cega os próprios olhos e abandona a cidade.
Atividades de aprendizagem
Atualmente, a expressão artística do teatro encontra-se amplamente
difundida, e observa-se que as peças que contemplam narrativas cô-
micas acabam por ganhar maior evidência e prestígio. Mas o teatro
teve origem na Grécia Antiga, e tanto a modalidade da comédia como
da tragédia eram prestigiadas pela sociedade. As narrativas trágicas,
em especial, encontravam-se relacionadas às mudanças que ocorriam
no contexto político e nos códigos de morais da época. Diante disso,
analise as sentenças abaixo:
I. A tragédia grega pode ser relacionada aos aspectos da mu-
dança de regime político da aristocracia ou oligarquia ao de
democracia.
II. A teatro trágico procurava expressar que os valores do mundo
mítico e lendário deveriam ser substituídos pelos valores da pólis
e da democracia.
Atividades de aprendizagem
A sociedade grega se inscreveu de forma mais acentuada e expoente no
tempo transcorrido entre os anos de 2000 e 200 a.C. Viveu seu momento
de nascimento, desenvolvimento, expansão, auge e declínio. As estrutu-
ras políticas, o refinamento artístico, filosófico e cultural são os que esta
civilização apresentou de mais expressivo à história das sociedades hu-
manas. Então, pergunta-se: o que fez que esta civilização ruísse? Assinale
a alternativa correta:
Atividades de aprendizagem
A contribuição da cultura grega é identificada em diversas áreas do co-
nhecimento, como na arquitetura, no teatro, na política, na economia, na
poesia, entre outras. O campo da filosofia ganha destaque, pois diversos
estudiosos apontam como sendo na Grécia onde teriam surgido os primei-
ros pensadores que se dedicaram às questões filosóficas. Com relação aos
temas investigados pelos primeiros filósofos, analise a alternativa correta:
a) Os primeiros pensadores preocuparam-se em estudar quais seriam os
elementos básicos e primordiais de todas as coisas em meio à natureza.
b) Os primeiros pensadores investigavam e pesquisavam sobre os pro-
blemas da existência humana.
c) Os primeiros pensadores investigavam e refletiam sobre a possibilidade
de existência de outras galáxias e vida em outros planetas.
d) Os estudiosos investigavam e teorizavam em torno do número, uma
noção ordenada, abstrata e imutável como a origem de todas as coisas.
e) Os estudiosos dedicavam-se a refletir e escrever sobre questões de
virtude, ética, beleza e felicidade.
Fique ligado!
Caro(a) estudante!
Chegamos ao fim desta unidade, ao longo da qual foi possível abordar os
seguintes conteúdos e temas:
A Grécia Antiga se desenvolveu no período histórico transcorrido entre
os séculos XX e IV a.C. e no espaço geográfico recortado pelos mares
Egeu, Jônico, Negro, Creta e Mediterrâneo.
Por volta do ano 2000 a.C. é registrada a chegada dos povos aqueus,
que fundam a cidade de Micena; posteriormente, o povo jônico e os
eólios, e, por fim, os povos dóricos.
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Introdução ao estudo
Como estão os estudos sobre a sociedade romana na atualidade? Por que
ainda nos dias atuais a sociedade romana continua a inspirar roteiristas de filmes,
série de televisão, histórias em quadrinhos, tirinhas de jornais e submetem seus
olhares para desenvolverem produções artísticas e culturais que tenham como
pano de fundo as relações sociais e os modos de viver, sentir, guerrear, amar,
rezar dos romanos? Perguntas que não possuem uma resposta muito óbvia, pois
precisamos reconhecer a magnitude de uma civilização que se ergue em torno do
mar Mediterrâneo e se expande para grande parte do mundo conhecido na Anti-
guidade. Uma sociedade também marcada pela origem lendária, fundamentada
no mito e que constitui sistemas políticos articulados à fundação de instituições.
Nesta unidade realizaremos uma reflexão a respeito da formação da civili-
zação romana. Trataremos das origens de Roma e de como o mito fundamenta
a identidade de um povo. E também realizaremos a discussão sobre a formação
dos sistemas políticos romanos, a crise do Império Romano e seu legado para
a Humanidade.
original da fundação de Roma e interpretar as formas como esse mito vai sendo
utilizado entre os romanos para fundamentar a república e depois o império.
por invenções. Elas são um traço marcante dessa literatura que não possui a
pretensão de compor uma obra acadêmica de História, mas por constituírem
uma concepção bem diferente da nossa em relação à natureza do exercício
histórico. Esses narradores se sentiam muito livres para remodelar os relatos
míticos que provinham da tradição oral. Esses relatos escritos sobre a origem
de Roma surgiram a partir do século III a.C., um período importante para a
afirmação da hegemonia romana, como nos afirma Bustamante (2001). Tais
relatos também servem como incentivo para a reconstituição da socieda-
de romana dilacerada pelas guerras no final da república, em que os pensado-
res romanos buscam recuperar a identidade coletiva e situá-la na nova ordem
centralizada nas mãos do poder do príncipe.
Grandazzi (2010) resume esse mito e nos mostra que, de acordo com os re-
latos, a origem de Roma se inicia com Eneias, filho da deusa Vênus que manteve
uma relação com o mortal Anquises, que ao escapar do saque de Troia pelos
gregos partiu pelo mundo afora em busca de um novo reino. Uma viagem que
o conduziu pela Grécia, pelo sul da Itália, pela Sicília e finalmente ao Lácio.
Eneias se alia com Latino, o rei dos nativos laurentes, e se casa com sua filha,
Lavínia, que tinha como pretendente Turno ou Tirreno (cada um que relatou o
fato confere um nome diferente a esse importante chefe), chefe dos rútulos e rei
da cidade de Árdea. Turno, ou Tirreno, entra em guerra contra Latino e Eneias
e recebe a ajuda do etrusco Mezêncio que é considerado por alguns escritores
chefe da cidade de Caere. Eneias desaparece em combate e será visto como
um deus. Porém, ele havia fundado Lavínio e trinta anos após seu desapare-
cimento Ascânio funda Alba Longa, a quem sucede Silvio, que dará nome à
dinastia dos reis albanos e que perdurarão durante todo o período entre o fim
de Troia e o nascimento de Roma, por volta de 1184 e 753 a.C. Alba, que é
dirigida pelo perverso Amúlio, que afastou seu irmão Numitor do trono e para
Os relatos sobre a origem de Roma aparecem em textos clássicos como a Eneida, do poeta
Virgílio, as Vidas, de Plutarco, a História de Roma, de Tito Lívio, e as Antiguidades Romanas,
de Dionísio de Halicarnasso.
Roma será governada por sete reis e que enfim instituirão a República. As
narrativas apresentam uma cronologia muito parecida ao que podemos entender
que os reinados de Roma ocorreram nos seguintes períodos: Rômulo (753-716
a.C.), Numa Políbio (715-673 a.C.) Tulo Hostílio (672-641 a.C.), Anco Márcio
(640-617 a.C.), Tarquínio, o Antigo (616-579 a.C.), Sérvio Túlio (578-535 a.C.),
e Tarquínio, o Soberbo (534-509 a.C.) (GRANDAZZI, 2010).
A literatura que trata das origens de Roma oferece uma descrição detalhada
a respeito das ações políticas de cada rei, o que cada um promove durante o
seu governo, as guerras. Rômulo, por exemplo, será visto como o principal
incentivador da fundação de Roma, na luta por alianças com outras cidades,
na construção de uma administração, a criação das leis e a regulação da reli-
gião. Tarquínio, o Soberbo, último rei de Roma, impõe sua dominação sobre
os latinos, funda colônias e consagra a extensão do poder romano. Trata du-
ramente o senado, faz a plebe trabalhar e promove uma das grandes obras de
Roma o Grande Circo, que possui inúmeras arquibancadas; constrói numerosos
esgotos, templos, festas etc. E depois dele Roma nunca mais seria governada
por reis (GRANDAZZI, 2010).
Um dos grandes narradores da História Romana foi Quintos Fábio Pictor. Ele
inaugura um novo gênero histórico em Roma, a História Nacional. Ele escreve
os Anais e desenvolve um ritmo cronológico pelo relato e pelo costume romano.
Mesmo assim, Pictor mantém a origem de Roma na figura de Rômulo. Escreveu
entre os anos 215 e 200 a.C. Ele pertencia a uma grande família e foi o primeiro
romano a realizar um relato de sua cidade no final do século III a.C. Realizou
um esforço grande para ajustar as várias partes da história romana e buscou
construir uma imagem de acordo com os princípios do método historiográfico
grego. De acordo com Arnaldo Momigliano (2004), Pictor foi o primeiro
romano que realizou um relato coerente da história da sua cidade, publicou
em língua grega durante ou logo ao final da segunda Guerra Púnica. Antes de
Fábio Pictor a tradição romana possuia dois tipos de história: a que narrava os
banquetes em homenagem aos grandes homens, e as crônicas de Pontífices.
E Pictor se valeu destas para interpretar o passado mais antigo de Roma. Já os
anais dos Pontífices que estavam bem mais próximos da realidade de Fábio
apresentavam um formato analítico das datas consulares. Dessa forma buscou
um equilíbrio entre as tradições romanas e os relatos gregos e não negou os
relatos orais de sua família e das famílias aristocráticas e devotou a maior parte
de sua história às origens de Roma (MOMIGLIANO, 2004).
Pela utilização dos métodos e resultados dos historiadores gregos, Fábio
Pictor utilizou o sistema cronológico e se tornou um dos historiadores mais
repeitados da Primeira Guerra Púnica e inaugurou uma nova era ao invocar
os historiadores gregos para estabelecer a ordem para as tradições romanas
(MOMIGLIANO, 2004). As obras literárias a respeito das origens de Roma
aparecem também com grande entusiasmo no momento em que ocorrerá o
processo de transformação da república romana para o Império. O príncipe
Augusto vislumbra retomar o nome de Rômulo e se lança como um novo
fundador de Roma e o passado monárquico da cidade no momento em que
foi fundada se torna um motor e uma justificativa para a nova ordem política.
O próprio Pictor acreditava que as origens de sua família teriam sido contem-
porâneas a Rômulo. Isso revela que mesmo ele sendo um dos inauguradores
de um gênero historiográfico em Roma não havia a tentativa de pelo menos
atenuar as deficiências da tradição da histórica da cidade romana e preenchia
seus relatos com invenções.
Fábio Pictor inaugurou uma história de Roma mais preocupada com a con-
tinuidade das instituições políticas do que a maioria das histórias existentes.
Para Momigliano (2004), os romanos possuem uma vontade grande de narrar
a história de Roma desde as suas origens. Dessa forma Pictor ficou preso ao
velho espírito dos anais romanos ao iniciar sua obra dando memória a um
passado imemorial.
Roma se torna uma organização governada por leis, com um herói de origem
divina e nobre, o que justifica a sua própria posição hegemônica no mundo
mediterrâneo. Essas lendas difundem o caráter nobre, guerreiro e conquistador
do povo romano e a proteção divina rememorada em suas festas que sedimen-
tam a crença na origem mítica (BUSTAMANTE, 2001).
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:ItalyLazio.png>.
Mais tarde se descobrem áreas sagradas datadas do século VII a.C. e a partir
de então os século VII e VI a.C. marcam uma época de profunda transformação
urbana, com a descoberta das áreas sagradas, edifícios de tijolos e telhas, cursos
de água canalizados e solos drenados. Os arqueólogos encontram vestígios
cada vez mais numerosos que evidenciam a existência de uma rede de poços,
canais, cisternas. Esses estudos arqueológicos indicam a construção de casas,
bairros, mansões luxuosas por toda a parte do centro de Roma datam do ano
530 a.C., e é, portanto, visível que Roma se transforma profundamente durante
esse período, com a construção de muralhas que serviam para defender uma
grande extensão de pastagens e terras cultiváveis contra as incursões de povos
inimigos (GRANDAZZI, 2010).
As origens de Roma podem hoje contar com as pesquisas arqueológicas que
modificaram sensivelmente a história contada pelas lendas. A arqueologia nos
oferece diferenciados pontos de vista que nos levam a entender que a ocupação
de Roma ocorreu durante a Idade do Bronze no Palatino, Capitólio e Fórum, seus
locais mais importantes. O século VIII a.C. é uma temporalidade marcada pela
estruturação de habitats, que são protegidos por muralhas defensivas. A partir
do século VI a.C. a urbanização se acelera e se definem os regimes políticos
e as influências culturais dos povos etruscos e gregos para a composição da
sociedade romana. Dessa forma a arqueologia encontra as linhas de força e as
etapas que correspondem aos momentos descritos pela tradição literária. Tam-
bém encontra uma série de vestígios que só ganham significado por meio da
tradição literária e, portanto, todos os vestígios são de estatuto arqueológico e
muitos outros são de natureza literária. A tradição literária transmitiu uma série
de dados antigos a respeito de rituais, monumentos e espaços de Roma. Uma
categoria particular de documentos foi constituída pela epigrafia por causa dos
estudos arqueológicos que revelaram inscrições com nomes de protagonistas
das origens lendárias (GRANDAZZI, 2010).
Os arqueólogos encontraram vestígios de cabanas dos pri-
meiros moradores de Roma e alguns aspectos das lendas
puderam ser comprovados. Esse é o caso do domínio dos
estruscos, um povo que vivia no norte de Roma, e cuja
influência na cultura romana foi muito grande (FUNARI,
2002, p. 81).
Figura 4.6 Região do Lácio no século V. Observe o Rio Tibre que cruza
toda a planície e chega ao Mar Tirreno
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Latium_-5th_Century_map-pt.
svg?uselang=pt-br>.
suas proximidades e distâncias. Logo, não é possível obter uma ampla inter-
pretação do mundo romano sem a noção prévia dos principais elementos que
compunham a Grécia Antiga.
Essas ligações não são encontradas somente no território político e econô-
mico, mas também nas esferas culturais. Contudo, muitas vezes, esses elementos
foram ressignificados pelos romanos dando novas conotações a influências
vinda dos gregos. Pode-se ter como exemplo o desenvolvimento da religião
romana, a qual, antes de ser impactada pelo cristianismo, deu novos nomes
para as divindades gregas.
A região da Península Itálica não apresentava um litoral que favorecesse
as práticas marítimas, o que dificultou, no início, as relações comerciais com
outros povos. Mesmo assim, após o período inicial de formação de Roma e
com o aumento da produção agrícola, houve um intenso comércio realizado
no mar Mediterrâneo que posteriormente tornou-se motivo de grandes conflitos
por postos comerciais.
A República Romana teria sido inaugurada em 509 a.C. quando os nobres
romanos (patrícios) expulsam o rei etrusco e inauguram um sistema político
diferenciado, a república.
O estudo das lendas e dos mitos constituem importantes referenciais sobre
a estrutura social da cidade romana. De acordo com Finley (1997), a estrutura
social romana se assemelha à das cidades-estado gregas. Ou seja, cidades
agrárias que possuíam muitos conflitos de classes que basicamente estavam
limitadas entre proprietários de terras e camponeses devedores. O poder
estava monopolizado pelos membros dessa aristocracia que detinha a riqueza
O poder e a autoridade eram monopolizados pelos pri-
meiros, quer formalmente quer de fato. Aristocráticos é,
contudo, outra palavra ambígua, mas confrontamo-nos
aqui com uma hierarquia ou ordem de sentido restrito,
famílias que como tal a si próprias se identificavam e que
também assim eram consideradas pelos demais; isto foi
mais óbvio em Roma com o aparecimento (cuja pista não
é possível reconstituir) de uma ordem patrícia fechada;
e mais incerto na Grécia, talvez apenas por causa da
natureza das fontes, embora não devêssemos subestimar
como indicar a frequente reivindicação de antepassados
heroicos ou divinos. Os aristocratas também possuíam
grande parte da riqueza; deverá contrariar-se a moderna
tendência para denegrir esse fator em termos de esca-
lonamento. A riqueza é sempre um conceito relativo; o
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Estradas_consulares.svg>.
Essas estradas eram habitadas por cidadãos romanos que recebiam lotes de
terras que haviam sido conquistadas e confiscadas. Formavam uma grande via
de comunicação que se tornaram fundamentais para o fortalecimento de Roma.
Em uma sociedade bastante militarizada, o exército de-
sempenha um papel fundamental. Paul Petit, em seu
livro A paz romana, nos lembra que a força dos romanos
com suas tropas na cidade de Roma. Existiam também forças auxiliares que
ofereciam apoio às tropas romanas. Esse era um elemento unificador que servia
para generalizar o uso do latim entre os povos conquistados.
Além da conquista da Peninsula Itálica, a partir do século III a.C. a expansão
romana se estende para além da Itália e isso causa uma profunda transformação
da sociedade camponesa. As guerras passaram a se tornar cada vez mais ren-
táveis pela captura dos inimigos que se tornavam escravos que eram utilizados
nas fazendas. Como existia a necessidade de produzir alimentos para fomentar
as guerras e a participação dos camponeses estava cada vez mais difícil na
infantaria, o general Mário em 111 a.C. desenvolveu um sistema assalariado
de participação dos soldados nas guerras, acarretando a profissionalização do
exército. Isso fez que os soldados assalariados passassem a ser mais leais aos
generais que lhes pagavam do que ao Estado Romano (FUNARI, 2002).
No período republicano (509 a.C. a 27 a.C.) Roma teve um longo embate
com Cartago. O episódio é conhecido como Guerras Púnicas e durou de 246
a 146 a.C. Localizada no norte da África, banhada pelo mar Mediterrâneo,
Cartago era o principal centro de comércio nessa região e começou a disputar
os mesmos interesses que os romanos. Depois de totalmente arrasada e in-
corporada ao comando romano, Cartago passou a ser uma via de acesso que
fornecia escravos, marfim, metais preciosos, produtos agrícolas para Roma. O
papel desempenhado pelo exército na sociedade romana foi fundamental para
que o Império pudesse chegar ao seu apogeu, mas também foi determinante
para o declínio e a queda de Roma.
As Guerras Púnicas ocupam um lugar de destaque entre
os vários conflitos em que Roma se envolve no período
republicano. A partir dessas guerras, os romanos vão,
gradualmente, desenvolvendo as táticas de seu exército
e definindo suas estratégias de ocupação nos territórios
conquistados, expandindo assim os limites de suas con-
quistas. Para que se tenha uma ideia da importância
dessas guerras, basta pensarmos que antes da Primeira
Guerra Púnica os romanos não haviam saído, ainda,
da Península Itálica, e ao final da Terceira Guerra já
haviam submetido o norte da África e a Península Ibé-
rica e estavam dirigindo seus olhares para terras mais
distantes como a Britannia (atual Inglaterra) e regiões
mais orientais. (FUNARI, 2002. P. 56).
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:CarthageMap.png>.
Atividades de aprendizagem
1. Na atualidade, temos a república como regime político que pre-
dominante. Como vimos nessa seção a república tem sua origem
na Antiguidade clássica. Em Roma, nos primeiros séculos de vida
republicana, predominavam, do ponto de vista econômico, social e
político, respectivamente:
a) A agricultura baseada no trabalho livre, a luta entre patrícios e
plebeus e um poder aberto à participação dos cidadãos.
b) A agricultura baseada no trabalho escravo, os patrícios e um poder
fechado à participação das classes subalternas.
c) O pastoreio baseado no trabalho compulsório, os plebeus e um
poder oligárquico exercido por ricos comerciantes.
d) A manufatura baseada no trabalho servil, uma luta de classes
generalizada e um poder restrito aos proprietários rurais.
e) O comércio baseado no trabalho autônomo, o entendimento entre
as classes e um poder exercido por ditadores eleitos.
2. Quais são os resultados trazidos para a sociedade romana pelas ex-
pansões ocorridas por todo o Mediterrâneo durante a República?
Durante seu reinado, iniciado em 27 a.C., e seguindo mais 250 anos te-
remos a chamada “Paz Romana”, tendo como regime político o império que
concentrava o poder nas mãos dos imperadores e a administração do domínio
romano sofreu alterações a fim de mobilizar todos os poderes administrativos
dos órgãos da república para as mãos do imperador. De acordo com Funari
(2002, p. 89):
A partir do ano de 69 d.C., com a dinastia dos Flávios até 96 e dos Anto-
ninos entre os anos 96 e 192 temos um período de esplendor no qual novas
cidades foram surgindo e o estilo de vida romano passou a ser adotado nas
mais distantes localidades, o que chamamos processo de romanização das
regiões. Afirma Gibbon (1989, p. 86), que a dinastia dos Antoninos foi “o único
período da História em que a felicidade de um grande povo se constituiu no
único objetivo do governo.”
Figura 4.9 Extensão máxima do Império Romano durante o Império de Trajano no século I d.C.
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Roman_Empire_Trajan_117AD.png>.
O imperador Constantino precisou definir a sua posição, uma vez que não
mais poderia se intitular como um semideus. Passou a afirmar que era apóstolo
de Cristo, e com isso buscava relacionar à sua persona a figura de Jesus. Com
o tempo os imperadores foram adotando a postura mais ortodoxa e católica o
que fazia os imperadores serem julgados pela moral da Igreja. Em episódio que
libertou provisoriamente o Império Romano do Ocidente, o imperador Teodósio
precisou se justificar da matança generalizada ocorrida, o que demonstra que
a autoridade moral e a disciplina da igreja estavam se fundamentando. Para
essa relação da autoridade imperial e espiritual é importante que tenhamos
atenção. Nas primeiras experiências em que o Império Romano oficialmente
se declarou cristão, o cargo imperial esteve sob a vigilância da autoridade
moral da igreja. Em Roma o patriarcado, após a fragmentação do Ocidente
pelas invasões bárbaras, teve a experiência da manutenção da autoridade da
igreja ante os reinos que se formaram. Mas no caso de Constantinopla, os im-
peradores bizantinos estabeleceram uma aliança que levou ao desevolvimento
de um padrão de cooperação, conflito e recriminação (ANGOLD, 2002).
Foi o imperador Crisóstomo que estabeleceu entre os anos de 398 e 404
a estreita relação entre o imperador e a igreja. Ele determinou que por todo o
território do Império Bizantino os povos se convertessem ao cristianismo. Em
seu reinado ficou clara a relação entre o imperador e o patriarca para o bom e
correto desenvolvimento de um governo imperial, através do reconhecimento
de obrigações mútuas. O lado secular da autoridade imperial foi estabelecido
no hipódromo onde o imperador e o seu povo fundamentavam os laços com
o povo. No palácio ele era a personificação da majestade terrena, represen-
tante da lei, e legatário da conversão ao cristianismo. O palácio imperial se
transformou em um santuário cristão, um sinal do favor divino. E no século V
Constantinopla surgia como uma grande cidade, um grande centro de influência
e o mais poderoso centro do mundo romano (ANGOLD, 2002).
Constantinopla adquiriu uma experiência própria, e se tornou o ponto da
unidade do mundo romano, mas não teve êxito diante da queda do mundo
romano no Ocidente, nas lutas em que apoiou o ocidente por conta das in-
vasões. Sua fundação alterou o equilíbrio do Império Romano. O Ocidente
ficou aberto às conquistas dos bárbaros. Embora tenha existido a tentativa de
recuperar parte do território ocidental conquistado pelos bárbaros, no Oriente
os imperadores bizantinos resolveram minimizar suas perdas e passaram a
reconhecer as autoridades bárbaras (ANGOLD, 2002).
Mas, afinal, podemos ainda afirmar que uma civilização de tamanhas pro-
porções e com todas essas influências realizadas no Ocidente tenha declinado
e caído? O fim do mundo antigo existe realmente? O que deixou de existir e o
que ainda vive dos antigos em nós? Esse é um debate muito complexo:
O fim do Mundo Antigo sempre representou, ao longo
da História, um apaixonante tema para todos aqueles
que se sentiam atraídos pela “grandeza” e “decadência”
de Roma, o que não nos deve suscitar uma excessiva
admiração — a expressão “fim do Mundo Antigo” não
possui, no espaço desse trabalho, nenhum conteúdo
pejorativo, daí que a utilizaremos com frequência, nas
páginas subsequentes, para definir o ápice de todo um
amplo conjunto de transformações que vinham se proces-
sando no interior da sociedade romana desde o século III.
Estas transformações redefiniram de tal forma o perfil da
Civilização Clássica que se torna impossível negar que a
Idade Média significou o advento de uma outra civiliza-
ção, não obstante inúmeros elementos da cultura romana
poderem ser detectados sem muito esforço ao longo de
todo o período medieval (SILVA, 2001, grifo do autor).
Esse patriarca era o proprietário dos bens. Entre os plebeus também exis-
tiam essas relações em que os pais exerciam uma autoridade sobre sua mu-
lher e filhos, e eles mesmo quando se casavam continuavam sobre o domínio
formal do pai.
A educação das crianças da elite romana acontecia em casa ou na escola,
que era financiada pelo Estado. As crianças aprendiam a ler, a lutar, a andar a
cavalo e tudo o mais que pudesse transmitir os valores das tradições. De acordo
com Corassin (2006), a educação romana valorizava esta tradição uma vez que
os valores são transmitidos entre as gerações e a educação ocorre nesse meio
familiar sob a autoridade do pai. Com o passar do tempo o jovem vai sendo
inserido na vida pública, integrando-se ao corpo dos cidadãos e passando pela
iniciação na vida militar e nas atividades do fórum.
Atividades de aprendizagem
1. O nascimento do cristianismo pode ser visto como uma revolução
na História Ocidental, pois ultrapassou a dimensão religiosa e, de
forma decisiva, influenciou as estruturas polítcas, sociais, culturais e
econômicas do Ocidente. Como podemos considerar o cristianismo
no contexto da crise do Império Romano?
2. Considere a seguinte afirmação:
Várias tribos germanas se instalaram pacificamente
no interior do Império, chegando mesmo a integrar o
exército romano. Isso foi muito comum após a crise
do terceiro século. Por volta do ano 400, 30 ou 50 por
cento do exército romano era composto de mercenários
germânicos. Sem outra saída, alguns grupos bárbaros
foram alistados no exército de Roma como unidades
inteiras para ajudar na defesa contra outros grupos. Isso
foi muito popular durante as guerras civis do século IV,
quando aspirantes ao trono romano precisavam levantar
exércitos rapidamente. Essas unidades bárbaras manti-
nham seus próprios líderes e não tinham a lealdade e a
disciplina das legiões (CARLAN, 2008. p. 140).
Fique ligado!
Nesta unidade estudamos as origens narrativas do Império Romano e
vimos como a arqueologia e a literatura são importantes fontes para o
conhecimento sobre a Antiguidade. Ao estudar a formação da Roma
Antiga, conseguimos notar uma série de proximidades com a sociedade
grega, principalmente em sua relação com a terra. No entanto, houve uma
diferença fundamental entre essas duas civilizações: enquanto a Grécia
manteve-se fragmentada, Roma se unificou primeiramente em monarquia,
seguida da república e atingindo seu apogeu com o império.
Referências
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