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Divisão das peças de Shakespeare

As peças de Shakespeare são normalmente divididas em três categorias:


comédias, peças históricas e tragédias.

Comédias

Algumas de suas comédias mais famosas são: A Comédia dos Erros, Os Dois
Cavalheiros de Verona, Sonho de Uma Noite de Verão, O Mercador de Veneza,
Muito Barulho Por Nada, Como Quiserdes, A Megera Domada e A Décima Segunda
Noite.

As comédias de William Shakespeare celebram a vida social e expõem a tolice


humana, passando por fases: as primeiras são na maioria farsas leves, que incluem
tramas e personagens cômicos. Há também as comédias alegres, marcadas por um
tom alegre e personagens cativantes. Já as comédias baseadas em problemas
tratam de temas complexos e normalmente desagradáveis, contendo personagens
cujos defeitos morais são mais graves e difíceis de modificar que os defeitos dos
personagens das farsas ou comédias alegres.

Peças Históricas

As peças históricas eram populares na época de Shakespeare. Ele escreveu dez


dessas peças, retratando os reinados dos reis da Inglaterra medieval e explorando
realidades do poder que ainda são relevantes nos dias de hoje. O tema geral de
suas peças era a importância de uma ordem política estável, mas também o alto
preço moral e emocional que normalmente tem que ser pago para alcançá-lo. Essas
peças históricas não serviam apenas como fonte de entretenimento, mas também
como uma importante fonte de informação sobre o passado da nação.

Suas peças históricas são: Ricardo II, Henrique IV, Partes I e II, Henrique V,
Henrique VI, Partes I, II e III, Ricardo III, Rei João, Henrique VIII.

Tragédias

As tragédias de Shakespeare representam seus maiores sucessos na dramaturgia.


Elas apresentam um estudo profundo sobre a natureza humana.

Entre as maiores tragédias de Shakespeare estão: Romeu e Julieta, A Tempestade,


Júlio César, Antônio e Cleópatra, Hamlet, Othello, Rei Lear e Macbeth. As tragédias
Hamlet, Othello, Rei Lear e Macbeth tem um traço comum: a trama tem seu herói
trágico (o personagem principal) e este herói tem uma falha trágica, uma
característica que é levada ao extremo e que ocasiona a sua queda.
Etapas da vida criativa de Shakespeare (*)
(ordem aproximada das composições)

Períodos Comédias Histórias Tragédias


1º período: da chegada de Comédia de erros Henrique VI (partes 1, 2 e Tito Andrônico
Shakespeare a Londres, A megera domada 3)
em 1584 até sua Dois cavalheiros de Ricardo III
participação na companhia Verona O Rei João
Camarlengo, em 1594. Trabalhos de amor Vênus e Adónis
Perdido O Rapto de Lucrécia
(poemas)
2º período: da entrada de Sonhos de uma noite de Ricardo II Romeu e Julieta
Shakespeare na Verão Henrique IV (1 e 2ª
companhia Camarlengo, O Mercador de Veneza partes)
em 1594, até a As alegras comadres de Henrique V
inauguração do The Globe, Windsor
em 1599. Muito sobre nada
Como você gosta
3º período: da abertura do Troilio e Créssida Júlio César
The Globe, em 1599, até a Medida por medida Hamlet
inauguração do Blackfriars Ao vosso gosto Otelo
Theatre, em 1608. Timão de Atenas
Rei Lear
Macbeth
Antônio e Cleópatra
Coriolano
4º período: da Péricles Henrique VIII
inauguração do Blackfriars Cimbelino
até o incêndio do The Contos de Inverno A
Globe, em 1613. Tempestade
(*) Essa classificação é um das muitas existentes. Está baseada na 1ª edição in-fólio , de 1623,
organizada pelos amigos do autor, pela dupla Hemige & Condell, e foi reproduzida por Peter Alexander na
introdução feita ao "The Complete Works" de W.Shakespeare ( Ed.Collins, Londres, reimpressão de
1975).

Aspectos mais gerais da dramaturgia de Shakespeare


Características Descrição
Dom natural Shakespeare. tinha um Dom natural para a imagística e para a
musicalidade oral de uma maneira raramente encontrada em qualquer
outro autor teatral
Ecletismo todas as influências , do velho e do novo, encontravam-se e
confundiam-se em completo ecletismo e confusão do seu tempo
conferiram-lhe aquela universalidade
Classes Shakespeare experimentou o convívio inter-classista. Foi abastado e
pobre entre a infância e a adolescência. Mentalmente pertencia a gentry
- a classe média educada - que circulava com desenvoltura em meio a
nobreza, numa época em que as fronteiras entre ambas não eram
rigidamente fixas. O mundo da boêmia , por sua vez, serviu-lhe para o
contato com figuras excêntricas e mesmo marginais.
Influências "As Vidas dos varões ilustres" de Plutarco, transcrições de Ovídio ( seu
poeta favorito) Sêneca e Virgílio. A tradução que Chapman fez de
Homero; "Os Ensaios". de Montaigne, Crônicas sobre a história da
Inglaterra, de Holisched, "Arcadia" de Sidney e a "Rosalind" de Greene,
as nouvelle ou contos italianos. Além de ter absorvido as técnicas de
Christopher Marlowe e o gosto pela retórica adquirido de Lyly.
Fontes de Mitologia clássica, literatura clássica (Plauto,Ovídio e Plutarco),A Bíblia
inspiração de Genebra, tradução de 1560 e lendas cristãs. Histórias nacionais e
contos estrangeiros. E também as homílias da igreja anglicana
preparadas pelo governo para afirmar a fidelidade dos fiéis à monarquia
Tudor.
Conteúdos das Problemas do governo, os triunfos e os fracasso dos personagens
peças históricos: o direito divino dos reis, o direito à rebelião e os direitos dos
indivíduos ; questões religiosas, aspirações nacionais, política exterior,
filosofia humanista, indagações científicas e especulações metafísicas
- captou a Renascença por osmose. Sua obra contém quase o mundo
inteiro, capta inúmeros aspectos da humanidade e projeta a realidade
para um plano mais amplo do que qualquer outro escritor, com exceção
de Balzac e Tolstoi
Temas náo A revolta dos Países-Baixos contra a Espanha. O levante igualitário dos
abordados Anabatistas na Alemanha. A batalha pela liberdade religiosa na Europa.
Não foi intolerante para com os católicos, a "antiga fé", mais foi sempre
hostil aos puritanos que detestavam o teatro.
Espírito prático - Suas peças atendiam ao gosto do público e à inclinações do momento.
Produzia qualquer gênero dramático, comédia, drama histórico ,
tragédia ou tragicomédia (romance)
Patriotismo Sua política é insular, a glória ou a prosperidade da Inglaterra são suas
únicas preocupações, inclinando-se muitas vezes até a um certo
chauvinismo
- aceitava uma benevolente autocracia com a da Isabel I, não
considerando o povo como fonte de governo, mas sim as instância
divinas, superiores a todos
Política Social - era-lhe indiferente a formação de uma ampla classe de destituídos,
como resultou da política da enclousures adotada por Henrique VIII e
outros anteriores a ele.
- era crítico no entanto em relação ao feudalismo
- não tolerava a monarquias irresponsável ou incompetente.
Preocupava-se com o governo estável. As usurpações e a corrupção
faziam por fazer sofrer todo o povo
- registra o impulso de auto-afirmação da classe média e sua relativa
ascensão social no período Elizabetano
- a cura para a autocracia irresponsável é a rebelião, não do povo, mas
dos fidalgos encarregados de restaurarem a ordem

Características dos personagens de Shakespeare


Individualismo A chave da vida é a afirmação do individualismo. Seus personagens são
dotados de traços indeléveis e fortemente marcados: Otelo pelo ciúme,
Macbeth pela traição, Ofélia pela inocência, Iago pela inveja, Ricardo III
pela maldade, Falstaff pela bonomia, Hamlet pela indecisão, Romeu
pelo amor juvenil, Ricardo II pela inabilidade, Henrique V pela coragem,
Calíban pelo ressentimento, Próspero pela magia, etc.. Na verdade faz
"um teatro do indivíduo" que é inevitavelmente universal . A
intensidade é tudo.
Destino O destino ou Deus é o drama da vontade individual. Não existe nada
predeterminado. O Homem faz seu próprio destino e o seu roteiro é
determinado pelos seus traços de caráter ( bondade, maldade, inveja,
ciúme, etc..). Não há nenhuma outra força extraterrestre impulsionando
alguém para a desgraça a não ser sua própria vontade . Esta é
condicionada por uma série de elementos que estão fora do controle
dele, mas que não lhe tira inteiramente a possibilidade de optar, de
buscar alternativas
Representação Shakespeare colocou um mundo inteiro nas suas peças. Rei e barões,
social nobre e gente do povo. Mulheres pérfidas como Lady Macbeth ou jovens
amantes apaixonadas como Julieta. Gente sóbria e bêbados, falastrões
e gente perigosamente silenciosa como Cássio, o que conspirou contra
César. Pobres e ricos.
Superação Mesmo os impedimentos físicos ( como em Ricardo III) ou morais
( como em Hamlet) são passíveis de serem superados. Seus
personagens procuram superar as deficiências pessoais. Via a
humanidade como um criatura de divina inteligência atada a uma
barriga que deve alimentar.
Humanitarismo A chave de toda sua construção épica é seu humanitarismo (não no
sentido filantrópico)
As desgraças e as façanhas são todas de origem humana
Violência - os que vivem pela espada , morrem pela espada. Shakespeare mostra
o delírio que acomete os tiranos, seus ataques paranóicos e sua
brutalidade. Aqueles que ascendem ao poder usando os recursos da
violência, são obrigados a ela se socorrer, até que tudo se volta contra
ele mesmo (Ricardo III, Macbeth)
Multiperspectiva e Seus personagens prestam-se à múltipla interpretação, como no caso
conflito mais extremado de Hamlet. Justamente a riqueza e a diversidade do
caráter dos seus personagens, suas ambigüidades e indecisões tornam-
se elementos ricos para todo os tipos de análise e todos os tipos de
conclusões .Vê a natureza e a própria vida como um choque
permanente de antagonismos: rei Lear/Edmundo, Hamlet/Cláudio;
Otelo/Iago

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