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Testo retirado do Info CD Rom II - Concebido c Editado por David Aldridgc. Universit Witten
Herdecke, 1999. Publicado primeiramente cm "Proceedings of the 18. Annual Conference of the
Canadian Association for Music Therapy, 1991, 2 - 10. * Tradução: Lia Rejane Mendes Barcellos. Rio
de Janeiro, abril de 1999.
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Teóricos recentes afirmam que cada estágio do desenvolvimento apresenta um certo
desafio ou uma tarefa específica para o indivíduo, e que se estes desafios ou tarefas não
são completados, uma forma específica de patologia se desenvolve - própria de um estágio
do desenvolvimento físico, mental, emocional ou social. Além disso, cada espécie de patologia do
desenvolvimento exige uma abordagem diferente de tratamento. Deve-se salientar aqui
especialmente as teorias de Kagan, (1982), Grof (1988) e Wilber(1986).
Para os musicoterapeutas, estas teorias estimulam questões de outro nível: quais são os
desafios e tarefas que são próprios de cada estágio do desenvolvimento e se estes desafios ou tarefa
não forem completados, quais as patologias e formas de tratamento dentro da musicoterapia que
são indicadas? O objetivo desta apresentação é apresentar o que acontece musicalmente em cada
estágio do desenvolvimento da vida, quais as implicações que isto tem para a prática da
musicoterapia. Os principais fatos são retirados das referências citadas anteriormente.
Período Amniótico
Embora não fazendo parte de nossa consciência diária, a nossa vida começa como um
feto envolvido pelo líquido amniótico. Em tal ambiente, os sons são vivenciados como
vibrações. O feto vivência a sua própria batida cardíaca como o núcleo central e a fonte mais
forte de vibrações. Entretanto, isto é imediatamente vivenciado em relação ao batimento
cardíaco da mãe. Assim, o feto aprende cedo que um batimento estável é uma indicação
de vida - do bem estar físico da pessoa - como dependente da estabilidade e da
força do pulso da mãe. Não é de surpreender, no entanto, que o pulso musical seja o
resultado do "suporte do ambiente", a matriz de vida, é o mais importante sinal de sobrevivência
e existência. Pelo fato de o batimento cardíaco ser o resultado da conexão com a vida, o pulso
na música é o elemento pelo qual nós experienciamos a nossa individualidade física ou real.
A segunda vibração mais forte que passa pelo líquido amniótico ocorre no cordão
umbilical, através do qual o feto recebe a alimentação da mãe. Esta alimentação vem em
estados periódicos constantes, reminiscentes das frases musicais. A alimentação regular e
completa ocorre quando todos os órgãos internos da mãe estão funcionando de forma
apropriada - num fluxo rítmico e saudável. O feto é sensibilizado pela periodicidade das frases
da música do corpo da mãe, com o comprimento e vigor da frase intimamente ligados à
saúde da mãe e à confiança na alimentação que dela provém.
Nascimento
De O a 6 meses
Os instrumentos não são reconhecidos ainda como objetos separados, mas quando
colocados nas mãos do bebê ou presos ao seu corpo de alguma maneira, tornam-se extensões
sonoras de seu corpo. Isto é importante, porque os instrumentos retêm o seu significado físico
básico nos períodos posteriores - eles são uma extensão do corpo, e são sonorizados através de
rotinas de esquemas-motores. Os únicos instrumentos que o bebê pode tocar neste estágio são
aqueles que são tocados quando segurados, jogados ou sacudidos ao acaso.
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podem ser inferidas de mudanças nos níveis das atividades e na intensidade do movimento.
De 6 a 24 meses
O bebê se exercita, varia, abrevia e generaliza os reflexos vocais até que eles soem como
um "jogo" vocal proposital. Rumo ao fim do período, o balbucio aparece na fala e na música e
isto leva a uma expressão vocal curta e repetitiva. Balbucios mais longos soam como "canções
de baleias" nas quais o principal elemento é o contorno da altura. Nesse meio tempo, a criança
está começando a aprender fragmentos silábicos ou canções já compostas anteriormente.
Até o final desse período, a criança reconhece os objetos como entidades próprias, e não
simplesmente como mera extensão de si mesma. Inversamente, a criança também se
reconhece como uma entidade psicológica e emocional à parte do resto do mundo. Estas
descobertas podem levá-la a sentimentos de abandono ou de ansiedade na separação.
A música testemunha os sentimentos da criança tanto através das canções espontâneas
como das já compostas que são como um "objeto transicional", algo que assegura à
criança que ela não está sozinha. As origens de "assobiar no escuro" são formadas durante
este período.
Trabalhando com adultos que ainda estejam lutando com tarefas deste período de
desenvolvimento, o musicoterapeuta deve continuamente distinguir a contribuição ou o
sentimento musical do cliente, dos de outros. Essencialmente, o cliente tem que
aprender: a minha música é minha, e não necessariamente sua; a sua música é sua e não
necessariamente minha.
Quando o adulto com uma personalidade narsísica ou borderline canta ou toca uma
música já composta anteriormente, deve se tomar cuidado para que não haja uma super
identificação com a composição, o que levaria a uma perda dos limites pessoais dentro da
experiência musical. Na improvisação, diferenças claras nos timbres devem ser mantidas
entre os executantes, e atividades sincrônicas devem dar oportunidade para se explorar
condições de tocar de forma similar e diferente. Em atividades de escuta, o terapeuta tem que
monitorar até que ponto o cliente: identifica-se com o compositor ou executante, entra em
estados alterados, e confia fortemente na música para determinar sentimentos ou imagens.
Em termos psicológicos, o musicoterapeuta tem que utilizar as experiências musicais para
minar as defesas da identificação projeíiva, do engolfamento, e da divisão.
De 2 a 7 anos
Com os selfs físico e emocional agora diferenciados num nível básico, a criança se move
na direção da diferenciação do self mental. Estando física e emocionalmeníe separada,
a criança luta para exercer a sua independência através do "não" mentalidade, assegurando-
se que todos compreendam o que é "eu" e "não eu". A ambivalência, a habilidade de
integrar os opostos, e a percepção das áreas "cinzas" não estão dentro do reino da
possibilidade. As coisas são negras, brancas, ou indecifráveis.
Durante esse período, a criança tem que traduzir as aprendizagens sensório motora e
afetiva dos períodos anteriores num sistema de representação. As palavras se tornam o
método esperado para representar e expressar o que está acontecendo dentro e o que está
acontecendo fora, no ambiente.
A criança utiliza instrumentos não somente por pura alegria da atividade física,
mas, também, como um recurso fácil de representar e expressar fantasias, sentimentos, e
pensamentos mágicos. Os sons dos instrumentos se tornam símbolos de caracteres, e
através de várias sequências de timbres, a criança aprende a criar histórias. Nesse meio
tempo os sons dos instrumentos estão também intimamente associados às várias partes do
corpo, tanto por como o instrumento é tocado como pela semelhança do timbre do
instrumento com um som corporal. Dada a natureza dos instrumentos com as
capacidades da criança durante esse período ( ex.: maracas, pandeiros, tambores, sinos,
etc.), a criança aprende a como organizar e manter um ato motor repetitivo de acordo
com o ritmo. Assim, os instrumentos ajudam a criança a desenvolver um "ritmo básico", e
também introduzem a necessidade de sincronizar-se ao ritmo de outros (o que não é
completamente conseguido até mais tarde).
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De 7 a 12 anos
Durante este período, a criança começa a pensar sobre as coisas - de forma muito
concreta e dependendo do que está no aqui-e-agora. Regras são dominadas, dirigidas da
deferência para a autoridade, e papéis são aprendidos desde uma mesma perspectiva. A
criança aprende que papéis de comportamentos são vantajosos, e frequentemente exibe
duplicidade e esconde coisas que tem por fazer. Preocupada consigo mesma, a criança
tenta modificar o seu próprio comportamento para adquirir o que é desejado. Algumas
vezes isto requer divisão ou dissociação entre partes do seIf ou entre comportamentos e
desejos abertos e encobertos. Problemas ligados a este período envolvem o que
Wilbe(1986) chama de patologias do "script" (conflitos entre papéis e regras que
governam o comportamento de uma pessoa). Abordagens relevantes para a terapia
são mais cognitivas por natureza, e focalizam primariamente a integração racional de
dicotomias (ex.: Análise Transacional, Terapia Emotiva Racional, Constructo Terapia).
Musicalmente, a criança está pronta a estudar música num seííing formal através
de programas escolares (banda ou coro) ou lições paríiculatres de um instrumento. É
durante este período que uma criança demonstrará se ela tem uma afinidade especial ou
algum interesse por música.
Os mesmos papéis podem ser assumidos num trabalho instrumental. Além disso, a
criança começa a mostrar tentativas no sentido de dominar fisicamente como tocar um
instrumento. Comumente, isto envolve tipos complexos de coordenação sensório
motora. As ideias de "prática" se desenvolvem. A criança está também pronta para
aprender como tocar um instrumento usando a notação musical.
Discutir-se a letra é também relevante: o que a música diz? o que a letra diz?
Como os seus sentimentos e ideias se relacionam com a música ou com a letra? O que você
gostaria que a música ou a letra dissessem?
Deve-se observar que, embora a criança neste período (ou o adulto aqui fixado) possa
ser capaz de interagir musicalmente, estas interações são relacionadas mais às definições
dos papéis e regras da música do que ao processso interpessoal per se.
Correspondentemente, o elemento da música mais importante a ser explorado, por
legislar sobre os papeis de comportamento e as regras de interação, é a textura (ex.:
homofonia versus polifonia, solo versus acompanhamento, líder versus seguidor).
De 12 a 18 anos
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Em musicoterapia, as sutilezas destes dilemas podem ser exploradas. Em
atividades de grupo (ex.: composição e vídeos de música), os adolescentes podem ser
livres para "quebrar o estabelecido" enquanto podem se deparar com normas e
expectativas dos pares do seu grupo. Em atividades individuais, podem imitar seus
ídolos, tocando guitarra ou cantando. Também podem escrever ou discutir sobre
canções que elaborem seus pontos de vista sobre amor e vida, e podem projetar seus
sentimentos nas canções sem ter que ter a responsabilidade sobre elas. Escutar canções traz
muito consolo, e a letra pode ajudar o adolescente a lutar com enigmas de amor e se tornar
um ser sexual. Na improvisação, rap e dança, podem livremente liberar energias
reprimidas, enquanto também expressam de forma não verbal os sentimentos dolorosos e as
confusões de identidade tão características destes anos.
Se escolhida por vocação, a pessoa tem que se decidir por um meio principal de
expressão, e se deve ter lições particulares ou entrar numa escola. A pessoa deve ainda
selecionar os tipos e estilos de música que irá estudar seriamente e usá-la com propósito de
recreação. Objetivos para uma carreira específica são também formulados, juntamente
com objetivos de emprego e ambições financeiras.
1 - apreciação estética,
2 - recreação e prazer, e
3 - suporte psicológico.
O indivíduo pode agora ser descrito como tendo uma "personalidade musical", que
organiza, dirige, e equilibra os vários hábitos e preferências musicais para satisfazer estas
necessidades.
O Estágio da Intimidade
A pessoa num conflito existencial se relaciona com a música como se relaciona com a
vida. As atividades musicais são um empreendimento - não porque a música é um esforço
significativo em si "mesma - mas porque ela dá alguma coisa para fazer. Ela tem as mesmas
funções que o trabalho, esportes, entretenimento ou hobbies. Ela ocupa a mente, e ajuda a
passsar o tempo e é especialmente útil quando a pessoa necessita extravazar sentimentos
de depressão e confusão, e quando as horas de auto-questionamento ou sentimentos de
alienação não têm fim.
O envolvimento musical é literalmente melhor do que não fazer nada, mas é difícil
dizer-se porquê. A expressão musical individual pode parecer inutilmente autocentrada, e
as forças de trabalho em conjunto podem não ser percebidas como merecedora de
esforço. Escutar é mais prezeroso quando isto é feito passivamente – sem ter que
perceber ou apreciar nada que é suposto ser importante, e sem ter que ligar sentimentos
ou imagens à música de uma forma significamente terrível.
Por fim, a crise terminará quando o indivíduo possa aceitar a música pelo que ela é
e receber o que a música tem para oferecer –nela e fora dela sem nenhum significado
existencial – como um simples presente da vida. A relação da pessoa com a música será
mais autêntica e autônoma, e a atividade musical se tornará intrinsecamente significativa.
A música também possibilitará acesso a novos níveis de interiorização.
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Estágio Transpessoal
Referências
GROF, S. The Adventure of Self-Discovery. Albany. State University of New York Press. 1988.
WILBER, K. ENGLER, J. & BROW, D. Transformations of Conciousness. Boston. Neo Science Library.
1986.
Info CD Rom II - Concebido e Editado por David Aldridgc. Universit Witten Herdecke, 1999. Publicado
primeiramente cm "Proceedings of the 18. Annual Conference of the Canadian Association for Music
Therapy, 1991, 2 - 10.
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