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Data: 17/10/2021

Aluno: Amadeus Morgado Chambarelli de Novaes

Turma: OTRFLO003 – MBA em Gerenciamento de obras, Produtividade, Racionalização e


Desempenho da Construção / IPOG

Disciplina: Boas Práticas para Execução de Fundações

QUESTÃO NORTEADORA

A cultura da Construção Civil deve ser norteada por um controle de qualidade que saiba
equilibrar o rigor normativo / técnico / da literatura acadêmica com as práticas de execução do
canteiro de obra e as ferramentas e equipamentos disponíveis no mercado local.

A começar a edificação pela sua fundação, devem-se ter preocupações específicas pois não se
trata somente das condições da estrutura, mas do meio geotécnico ao qual se encontra, o que
torna cada caso um caso e a investigação geotécnica essencial.

Os métodos de investigação geotécnica podem ser indiretos, semi-diretos, diretos e/ou


rotativos, cada qual com suas características e resultados que não são concorrentes, mas
complementares no entendimento das camadas de solo, resistências, nível do lençol freático,
etc.

Enquanto os indiretos permitem um mapeamento visual das camadas (geoelétrico e/ou sísmico
e/ou radar), os semi-diretos (CPT – Cone Penetration Test) e diretos (sondagens SPT) permitem
a determinação da resistência das camadas. Mesmo as sondagens CPT apresentando resultados
mais completos, pois permitem tomadas de informação a cada centímetro e relaciona também
a Resistência de ponta (𝑅𝑃 ) com a Resistência Lateral (𝑅𝐿 ), as Sondagens SPT são amplamente
usadas no mercado. Muitas vezes, ainda, uma própria escavação ou trincheira no canteiro de
obras já serve para investigar as camadas e, a depender de alguma situação e porte da obra,
cabe a coleta de amostras indeformadas e a retirada de amostras para ensaios de resistência
em laboratório.

Independentemente do método, o objetivo é tomar conhecimento do meio geotécnico ao qual


a estrutura da fundação estará inserida e agarrada, de modo a impedir recalques diferenciais
e/ou totais que podem causar patologias na estrutura e risco à segurança dos usuários. Por isso,
as provas de carga se tornam tão importantes a serem realizadas no momento da execução.

O planejamento das provas de carga deve conciliar o ritmo da obra com a necessidade de
intervenção para possíveis ajustes, de modo a não atrasar mas também não ser somente
fiscalizatório após quase tudo pronto. Ou seja, por exemplo, em um estaqueamento cabe a
prova de carga nas próprias estacas após instaladas cerca de 10% do total, de modo a ter função
preventiva.

A verificação da integridade da estrutura de fundação serve também para encontrar possíveis


falhas de execução e poder agir em cima das informações apresentadas.

Independentemente da verificação da integridade da estaca, a priori o ideal é ter um maior


controle da mão de obra e dos equipamentos no decorrer da execução, pois cada etapa tem
suas peculiaridades. Cabe ter uma ficha de inspeção e/ou check-list para os funcionários saibam
dos mínimos detalhes e macetes para uma boa execução e que possa ser registrado, em
qualquer que seja a técnica adotada. Por exemplo: velocidade da retirada das hélices compatível
com a concretagem simultânea no caso das hélices contínuas (exigir registro de calibração dos
equipamentos), aguardar a confirmação da nega pela batida após cravada em intervalo de no
mínimo 24 horas para evitar efeito de afrouxamento do solo em base-estacas, realizar o então
arrasamento na horizontal e lixação da superfície superior da estaca para os ensaios PIT, etc.

A escolha do sistema e materiais a serem utilizados como estrutura de fundação pode ser
realizada levando em consideração não somente o custo de material e dos equipamentos, custo
dos operadores e etc.; mas também os prazos para a realização dos devidos ensaios de controle
de qualidade e os riscos a patologias atrelados à complexidade das etapas executivas.

Por exemplo, as estacas tipo Ômega podem escavar e compactar, diferentemente da Hélice
Contínua, evitando o bota-fora e melhorando o solo então compactado, permitindo estruturas
mais esbeltas na fundação (o que pode reduzir, então, o consumo de concreto). Logo, dentro de
algumas limitações técnicas (hélices contínuas podem ter diâmetro de até 1,40m enquanto o
diâmetro máximo da ômega é ~40cm) e logísticas (empresas que executam tipo ômega existem
no mercado próximo?) e financeiras, quem sabe é possível implementar algum método
alternativo.

A boa execução e desempenho de uma fundação é resultado, então, da sincronia entre os


estudos geotécnicos, execução com monitoramento e conferência posterior. Por ser, ainda, uma
etapa construtiva de difícil acesso após construída a edificação, cabe o registro quase que
completo que permita o responsável técnico pela obra responder qualquer tipo de auditoria
futura com precisão sobre como e porque foi feito como foi feito.

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