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Resumo
As queimaduras são feridas traumáticas causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos
ou radioativos que atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano e as Cicatrizes
Hipertróficas são desordens fibroproliferativas em que há deposição excessiva de proteínas
da matriz extracelular. Este trabalho verificou quais os recursos da Fisioterapia são
utilizados no tratamento dessas disfunções. Realizou-se um levantamento bibliográfico nos
livros e nas diferentes bases de dados como SciELO, MEDLINE, Pubmed, Lilacs e Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS). Evidenciou-se que os recursos mais utilizados são o ultrassom
contínuo, modo direto, numa potência de 1 a 3 W/cm2 durante 5 a 8 minutos; o laser quando
utilizado com pulso de 0,45 ms e fluência de 6,5 a 7,25 J/cm2, com comprimento de onda de
585 – 595 nm; a massagem juntamente com o uso das vestes compressivas; a endermologia
no modo pulsátil nas regiões próximas da lesão e sobre as cicatrizes, de modo contínuo; a
eletroterapia como a corrente alternada bipolar e galvânica e a carboxiterapia com fluxo
entre 80 e 150 ml/min. Espera-se que este estudo sirva de base para novas descobertas que
abordem o papel da Fisioterapia no tratamento de queimados para que os gastos onerosos e
o tempo de internação destes pacientes sejam reduzidos.
Palavras-chave: Queimaduras; Cicatrizes hipertróficas; Recursos Fisioterapêuticos.
1. Introdução
A queimadura é um dos traumas mais devastadores que pode atingir o homem, é também uma
das causas frequentes de mortalidade e de graves incapacidades a longo prazo (ANDRADE;
LIMA; ALBUQUERQUE, 2010). As lesões por queimadura representam um importante
problema de saúde em termos de tratamento e cuidados com os sobreviventes e o traumatismo
ocasionado por estas injúrias representa um gasto dispendioso para os cofres públicos.
Para Herson et al. (2009), nos EUA aproximadamente 1,25 milhões de pessoas sofrem
queimaduras todos os anos, cerca de 1 milhão de pessoas necessitam de tratamento e 100.000
queimaduras são de moderadas a grave, sendo que 51.000 indivíduos requerem
hospitalização, e desses 5.500 morrem anualmente. Os autores afirmam que são realizados
mais de 34 milhões de procedimentos cirúrgicos relacionados a este tipo de lesão. Neste
contexto, sabe-se que as crianças são as maiores vítimas, pois estatísticas do National Burn
Repository, entre 1995 e 2005, ocorreram mais de 6.000 queimaduras em crianças menores de
dois anos, 2.987 de dois a quatro anos e mais de 3.000 naquelas acima de cinco anos (SILVA,
et al., 2009).
Estima-se que no Brasil ocorrem em torno de um milhão de acidentes por queimaduras ao
ano, sendo que 100.000 pacientes procuram atendimento hospitalar e, destes, cerca de 2.500
pacientes falecem direta ou indiretamente de suas lesões (GOMES In GUIMARÃES Jr.,
2006).
Porém, estudos recentes demonstram que significativos avanços médicos têm melhorado o
prognóstico e a capacidade funcional dos pacientes que sobrevivem às lesões por queimaduras
graças a melhorias nas técnicas clínicas, cirúrgicas e reabilitativas. No entanto, Herson et al.
(2009) afirmam que, apesar dos avanços em vigência, a eficácia dos diversos tratamentos
continua a ser insatisfatória.
1-
Pós-graduanda em Fisioterapia Dermato-Funcional
2-
Orientadora Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior
2
Sabe-se que os pacientes queimados requerem uma atenção multiprofissional, onde para
Rocha, Rocha e Souza (2010), a intervenção fisioterapêutica é de extrema importância, pois
contribui para a diminuição das sequelas deixadas pela lesão, na melhoria da qualidade de
vida e da integração, não só física, mas também psicológica, do indivíduo na sociedade.
Guirro e Guirro (2010) afirmam que o fisioterapeuta possui aptidões específicas, certas
metodologias e linhas de conhecimento que irão atuar no tratamento. Para cada fase
cronológica da queimadura, este profissional possui um recurso específico que irá permitir
que a lesão se cicatrize de maneira correta e evitando complicações futuras.
Dentre as diversas complicações que podem ocorrer por esta injúria, destacam-se as cicatrizes
hipertróficas que são deformidades que trazem graves problemas psicológicos como
depressão, vergonha e isolamento do indivíduo queimado. Esta ocorre quando o colágeno é
produzido em quantidade normal, mas a sua organização é inadequada, oferecendo aspecto
não harmônico (CANDIDO, 2001). De acordo com Iurk et al. (2010), as cicatrizes
hipertróficas oriundas de queimaduras profundas e extensas podem se desenvolver em
pessoas que nunca apresentaram tendência a esse tipo de cicatrização.
Desta forma, o presente trabalho propõe-se verificar quais os recursos dentro da Fisioterapia
Dermato-funcional são utilizados no tratamento das Cicatrizes Hipertróficas resultantes das
lesões por queimaduras e assim, ajudar o profissional que atua nesta área a conhecer as
diversas possibilidades de intervenção fisioterapêutica e consequentemente, proporcionar um
atendimento de qualidade para os pacientes sequelados por essas deformidades.
A epiderme é constituída por cinco camadas: germinativa, que é a mais profunda e faz limite
com a derme, a espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. Esta última se constitui por células
escamosas e queratinizadas que proporcionam proteção contra traumas físicos e químicos
(BLANES, 2004). As células da camada basal que se localizam nas saliências e vales entre a
epiderme e a derme são capazes de se regenerar e são necessárias para vencer as forças de
fricção às quais a pele é exposta nas atividades diárias. Sua ausência após a cicatrização das
queimaduras resulta em bolhas por abrasão e pouca aderência do novo tecido epidermal ao
entrar em contato com as roupas ou outras superfícies (STALEY; RICHARD In
O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
A derme é camada mais espessa da pele, nela contém vasos sanguíneos, linfáticos, nervos,
colágeno, fibras elásticas que são os anexos da epiderme. É subdividida em camada papilar
superficial, que contêm plexos vasculares, que em parte, servem para a nutrição da epiderme
através da osmose; e camada reticular profunda que se localiza abaixo da derme papilar e suas
fibras de colágeno são densamente entrelaçadas. Essa camada se prende ao tecido subcutâneo
através de uma rede entrelaçada irregular de tecido conjuntivo fibroso (BLANES, 2004).
A alteração da integridade vascular desta camada resulta na formação de edema nos espaços
intersticiais, que é uma das principais alterações fisiopatológicas, que ocorre não somente na
área da queimadura, como também nos tecidos adjacentes (STALEY; RICHARD In
O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
A hipoderme não faz parte da pele, mas torna-se importante por unir a derme aos tecidos
subjacentes. É formada por tecido conjuntivo que varia do tipo frouxo associada à grande
quantidade de tecido adiposo unilocular (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
Rocha (2010) diz que identificar a área total da superfície corporal é importante para
mensurar o metabolismo basal, isto é, a produção de energia sob condições padronizadas de
repouso. Afirma ainda que esta área corresponde no adulto a aproximadamente dois metros
quadrados e, no recém-nascido, cerca de 1/5 de metro quadrado, valores de grande relevância
nas mensurações para análise da porcentagem corporal comprometida nas queimaduras.
traumas associados. Para os autores, determinar o grau de uma queimadura significa atentar
para a profundidade do trauma térmico na pele. Segundo Staley e Richard In O’sullivan e
Schmitz (2004) as classificações das feridas decorrentes de queimaduras apresentam
diferentes quadros clínicos, e cada um pode se modificar dramaticamente durante o curso do
tratamento.
Para os autores acima mencionados, as queimaduras estão classificadas quanto à profundidade
como superficial (1o grau); superficial de espessura parcial (2o grau); profunda de espessura
parcial (2o grau profundo); queimadura de espessura integral (3o grau); queimadura elétrica
(4o grau).
Gomes In Guimarães Jr. (2006) mostra que a mesma é dividida classicamente em primeiro,
segundo e terceiro graus, onde a queimadura de primeiro grau é aquela que atinge a camada
mais externa da pele, não provoca alterações hemodinâmicas e não é acompanhada de
alterações clínicas significativas. A lesão é hiperemiada, úmida e dolorosa como a causada
por raios solares. O’Sullivan e Schmitz (2004) afirmam ainda que normalmente, há uma leve
reação inflamatória e a cicatrização ocorre dentro de dois a cinco dias, podendo haver também
alguma descamação da epiderme externa.
A queimadura de segundo grau atinge tanto a epiderme como parte da derme e pode ser
classificada como superficial ou profunda. Esta se diferencia da primeira pela formação das
bolhas ou flictenas. A mesma pode ser evidenciada por lesão térmica causada por líquido
superaquecido (GOMES In GUIMARÃES Jr., 2006).
Para o autor supracitado, a queimadura de terceiro grau por sua vez, acomete a totalidade das
camadas da pele, sendo que outros tecidos são atingidos, tais como tecido celular subcutâneo,
músculos e osso. Clinicamente, apresenta um aspecto esbranquiçado ou marmóreo e há
redução da elasticidade tecidual, o que torna o tecido rígido. A mesma pode apresentar vasos
sanguíneos trombosados e é considerada a mais grave de todas as lesões por provocar grandes
deformidades, podendo ser de causa elétrica ou térmica. Alguns autores como Fernandes Jr. et
al. In knobel (2006) consideram as áreas carbonizadas lesões de quarto grau.
Dentro deste contexto, a queimadura grave não fatal causada por calor, eletricidade, agentes
químicos e radiantes é considerada uma das piores lesões que o corpo humano pode sofrer.
Ocorre intensa dor durante o tratamento, exige longo período de internação, além de múltiplos
procedimentos cirúrgicos reconstrutores e as reinternações hospitalares (HERSON et al.,
2009).
terceiro período é marcado pela adesão de plaquetas e leucócitos à superfície das células
endoteliais lesadas.
O quarto período ocorre mais tardiamente onde acontece a reparação das lesões com o
aumento da perfusão tecidual para a manutenção das necessidades metabólicas e das defesas
locais e sistêmicas contra infecção nos tecidos queimados. A última fase é marcada pela
colonização da área queimada e da infecção nas primeiras 48 horas onde bactérias Gram-
positivas que habitam os folículos pilosos profundos e as glândulas sebáceas são suprimidas
por bactérias Gram-negativas.
6. Cicatrizes hipertróficas
Vale relembrar que todas as lesões passam pelas fases inflamatória, proliferativa e de
remodelamento, tendo como resultado final a formação de cicatriz. Entretanto, para Piccolo et
al. In Lima Jr. (2008), cicatrizes anormais podem se desenvolver, determinando alterações
psicossociais estressantes, uma vez que podem ser esteticamente desfigurantes, com
limitações funcionais, e apresentar sintomatologia exuberante. Além disso, sistemas
biológicos complexos, incluindo o bioquímico, metabólico e imunológico, parecem estar
implicados na formação de cicatrizes anormais.
Mendonça e Coutinho-Netto (2009) mostram em seu estudo que a cicatrização de feridas é
processo complexo que envolve a organização de células, sinais químicos e matriz
extracelular com o objetivo de reparar o tecido. Sendo assim, o tratamento voltado para essas
injúrias busca o fechamento rápido da lesão de forma a se obter cicatriz funcional e
esteticamente satisfatória. Os autores ainda afirmam que somente durante a fase fetal o reparo
de lesões se dá sem a formação de cicatriz, ocorrendo perfeita restauração do tecido pelo
processo de neoformação tecidual. Porém, após o nascimento, o organismo falha nesse
processo, desencadeando a formação da cicatriz após o reparo.
De acordo com Candido (2001), existem diversos tipos de cicatrização, a Normotrófica
quando a pele adquire o aspecto de textura e consistência anterior ao trauma; Atrófica quando
sua maturação não atinge o trofismo fisiológico esperado, surgindo, geralmente, por perda de
substância tecidual ou sutura cutânea inadequada; Bridas cicatriciais, cicatrizes localizadas
nas regiões articulares e, por essa razão, podem provocar limitações funcionais; Hipertrófica,
a cicatriz respeita o limite anatômico da pele e o Quelóide que é decorrente da contínua
produção de colágeno jovem devido à ausência de fatores inibitórios.
Ruiz et al. (2005) relatam que atualmente, considera-se a cicatriz hipertrófica como um
estágio cicatricial que pode regredir para uma cicatriz não patológica, permanecer com altura
elevada ou evoluir para cicatriz queloideana.
Sendo assim, para Piccolo et al. In Lima Jr. et al. (2008), Cicatrizes Hipertróficas são
desordens fibroproliferativas características da raça humana, em que há deposição excessiva
de proteínas da matriz extracelular após processos inflamatórios, traumas. Estas apresentam
as mesmas fases do processo normal de cicatrização, entretanto têm a evolução temporal mais
prolongada e a retração cicatricial mais importante do que a observada em cicatrizes não
hipertróficas.
Ainda segundo os autores, estas cicatrizes são tipicamente elevadas, de coloração vermelha,
pruriginosas, endurecidas, dolorosas, confinadas aos limites originais da lesão, começam a se
desenvolver em 6 a 8 semanas após a epitelização, e sofrem regressão, pelo menos
parcialmente e ainda que tardia, em 12 a 24 meses após o final do processo de cicatrização.
Para Pinto et al. (2007), esta característica diferencia os quelóides das cicatrizes hipertróficas,
pois os primeiros não respeitam os limites da cicatriz e não regridem espontaneamente ou
continuam a progredir após 6 meses de evolução, embora ambos sejam considerados
distúrbios fibroproliferativos.
Vale salientar que fatores neurogênicos também estão presentes na cicatriz hipertrófica. A
mesma é frequentemente caracterizada por sintoma de dor, ao contrário da cicatriz
normotrófica, que é caracterizada por uma redução na sensibilidade. Esse fenômeno deve-se
ao fato das cicatrizes hipertróficas possuírem maior densidade de filetes nervosos que as
cicatrizes normais (ZHANG; LAATO, 2001).
7.1. Eletroterapia
A Eletroterapia apresenta íntima relação com a Fisioterapia sendo um dos recursos base dos
agentes físicos utilizados nessa área. Agne (2009) define a Eletroterapia como o uso da
corrente elétrica de baixa intensidade, como forma direta ou previamente transformada a fim
de estimular diferentes sistemas orgânicos com distintos objetivos terapêuticos.
Deste modo, este recurso é importante no tratamento das cicatrizes hipertróficas e dentre suas
diversas modalidades, pode-se destacar a aplicação da corrente alternada, pois é útil para
tratar aderências de tendões ao tecido cicatricial subjacente. A corrente alternada bipolar,
pulsada ou oscilante, ajuda a reduzir o edema e aumentar a amplitude de movimento
(DELISA, 2002).
De acordo comTibola In Lima Jr. et al. (2008), o uso das correntes elétricas em crianças deve
ser cauteloso para que estas possam fazer uso destes recursos sem danos à saúde e para que
não tenham traumas das sensações causadas pelos aparelhos. Sendo assim, é necessário
explicar-lhes o recurso a ser utilizado e, principalmente, saber adequar o recurso à idade de
cada criança, o que muitas vezes impede de utilizar a eletroterapia nesses indivíduos.
Guirro e Guirro (2010) em sua obra quando abordam sobre as cicatrizes hipertróficas, indicam
a corrente galvânica como o melhor recurso eletroterapêutico pela sua capacidade ionização.
Estes afirmam que quando se coloca o polo negativo diretamente sobre a cicatriz ocorre a
endosmose, o aumento da circulação e a formação de um composto de pH básico que auxilia
no aumento da distensibilidade da mesma. Esta corrente pode ser também associada à terapia
medicamentosa pelo processo de iontoforese.
7.2. Ultrassom
Por terapia ultrassônica entende-se o tratamento mediante vibrações mecânicas com uma
frequência superior a 20.000 Hz, sendo que as frequências utilizadas no ultrassom terapêutico
oscilam entre 0,7 e 3 MHz. Este recurso é estudado por vários autores como Agnes (2009),
Barguil In Borges (2010) e Guirro e Guirro (2010) os quais demonstram que no tratamento de
cicatrizes hipertróficas preconiza-se o uso do modo contínuo por aumentar a mobilidade da
cicatriz madura, aumentar sua extensibilidade colágena onde o tecido cicatricial pode ser
suavizado e assim mobilizado de forma eficaz, o que se torna um tratamento indispensável
nas cicatrizes hipertróficas pós-queimadura.
Borges (2010) aponta o método direto por acelerar e normalizar o tecido e minimizar o
endurecimento tecidual. Pestana, Gabriel e Sampaio (2011) por sua vez, afirmam que quando
o ultrassom é aplicado com potências de 1 a 3 W/cm2 durante 5 a 8 minutos é eficaz no
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7.3. Endermologia/vacuoterapia
A vacuoterapia consiste na restauração da forma e da função dos tecidos resultando na
melhora circulação e da oxigenação do meio intersticial, fator importante na qualidade de vida
de toda estrutura tecidual (BORGES, 2010). É uma técnica de tratamento que engloba
equipamentos específicos, baseados na aspiração, acrescidos de uma mobilidade profunda da
pele e tela subcutânea, permitindo um incremento na circulação sanguínea e superficial
(GUIRRO; GUIRRO, 2010).
Segundo Borges (2010), esta técnica utiliza um aparelho que faz uma forte sucção na pele que
gera um processo inflamatório agudo. A partir dessa inflamação, através do processo de
reparação fisiológica da pele, há o restabelecimento da integridade do tecido através da
estimulação de células conhecidas como fibroblastos.
Ainda segundo o autor, no tratamento das cicatrizes hipertróficas a técnica de endermologia
utilizada é a depressomassagem contínua (DMC) aplicada em toda a superfície
dermodistônica onde a intensidade deve permanecer entre 100 a 250 mmHg. Para Guirro e
Guirro (2010), as manobras devem ser executadas no sentido das fibras musculares e linhas
de tensão da pele, a fim de evitar flacidez tecidual. Pravatto (2007) sugere tipos de
manipulações onde o cabeçote ou a ventosa deslizam seguindo uma linha reta sobre a zona a
tratar.
Na fase de remodelagem, onde as sequelas já estão instaladas, realiza-se a depressomassagem
pulsátil nas regiões próximas da lesão para liberar as zonas tensionadas; sobre as cicatrizes,
realiza-se a depressomassagem contínua, e a pressão vai depender da sensibilidade do
paciente. O tratamento deve realizado duas ou três vezes por semana, podendo ser associado a
outras técnicas dermatológicas como a aplicação corticóide intralesional que é de
responsabilidade médica (BARGUIL In BORGES, 2010).
7.4. Carboxiterapia
A Carboxiterapia como método coadjuvante aos pacientes que apresentam sequelas de
queimaduras tem sido muito utilizada, proporcionando resultados visíveis na melhora dos
movimentos, da cicatrização e regeneração do colágeno (SCORZA; JAHARA In BORGES,
2010).
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7.5. Laserterapia
Entre os vários recursos utilizados, o laser de baixa potência vem ganhando destaque nas
últimas décadas. De acordo com Agne (2009) considera-se laser de baixa potência os
inferiores a 50 mW, com luz no espectro vermelho visível ou no espectro infravermelho (não
visível). Dentre os efeitos terapêuticos alcançados, destacam-se a analgesia local, redução de
edema, ação antiinflamatória e estimulação da cicatrização de feridas de difícil evolução. Este
último contribui assim para reparar perdas de substâncias, sobretudo em queimaduras.
Andrade, Lima e Albuquerque (2010) conceituam o laser terapêutico como uma forma de
fototerapia que envolve a aplicação de luz monocromática e coerente de baixa energia em
vários tipos de lesões, obtendo sucesso quando usada para induzir a cicatrização de feridas
difíceis. Seu êxito deve-se a amplos efeitos sobre os diferentes tecidos, entre os quais se
destacam os efeitos trófico-regenerativos, antiinfamatórios e analgésicos, os quais têm sido
demonstrados em estudos tanto in vitro como in vivo.
Na maioria das vezes este recurso é utilizado, quando a lesão por queimadura se encontra em
aberto, porque ele bioestimula a regeneração da área através do reparo tecidual. A sua
utilização é rápida, não invasiva e efetiva (GUIRRO; GUIRRO, 2010). No entanto, sabe-se
que o laser não somente bioestimula, mas também bioinibe e biomodula os processo de
regeneração (AGNE, 2009).
Pinto et al. (2007) cita alguns estudos que demonstram que aplicação do laser diretamente
sobre a cicatriz favorece a formação do tecido de granulação e interfere no metabolismo dos
fibroblastos na região da lesão. A irradiação do laser promove um aumento de
aproximadamente 22% na síntese de ATP mitocondrial, acelerando o metabolismo celular e o
reparo alveolar.
Para esses autores isso se deve ao fato que na epiderme existem substâncias capazes de inibir
a atividade mitótica da epiderme onde o complexo calona adrenalina é ativado. O raio laser
atuaria impedindo a formação deste complexo, ativando a quantidade de mitose epitelial.
Pestana, Gabriel e Sampaio (2011) demonstram em seu estudo que o laser pulsado com
comprimento de onda de 585 – 595 nm pode ser usado no tratamento de cicatrizes
hipertróficas e quelóides. A cicatriz é exposta a feixe com pulso de 0,45 ms e fluência de 6,5 a
7,25 J/cm2. A fototermólise provoca degradação do colágeno e apoptose dos fibroblastos com
subsequente redução da espessura da cicatriz, eritema, prurido e dor. Este parâmetro do laser
também foi confirmado por Lupton e Alster (2002) Apud Kreisner, Oliveira e Weismann
(2005) os quais apontam os efeitos benéficos evidenciados pela redução do eritema, altura,
rigidez e sintomatologia dessas lesões.
Andrade, Lima e Albuquerque (2010) afirmam que a aplicação precoce do laser terapêutico
sobre as feridas é capaz não só de acelerar o fechamento das mesmas, provocando efeitos na
fase infamatória e proliferativa, mas de estimular um processo cicatricial mais harmônico e
organizado, produzindo efeitos posteriores sobre o aspecto estético da cicatriz na fase de
remodelamento.
Sendo assim, observa-se que o laser terapêutico é capaz de promover um processo cicatricial
mais rápido e de melhor qualidade. A maioria dos estudos analisados por estes autores revela
que a laserterapia acelerou a proliferação de células, aumentou a vascularização e melhorou a
organização do colágeno. Entretanto, poucos exploraram os efeitos do laser na cicatrização de
queimaduras e mostraram achados divergentes.
7.6. Massagem
Conforme Barguil In Borges (2010), a massagem tem papel fundamental na reabilitação do
paciente queimado. Embora controversa, pode ser utilizada em regiões cicatrizadas,
enxertadas ou áreas doadoras, desde que observado o tipo de cicatriz. Esta tem a finalidade de
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7.7. Compressão
No início, a cicatriz hipertrófica é prontamente influenciada pelas forças compressivas e,
portanto responde a terapia por compressão. Quanto mais cedo o tecido cicatricial é exposto à
pressão, melhor o resultado (ANDRADE; CUNHA, 2011).
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Reforçando esta afirmativa, Stanley e Richard In O’Sullivan e Schmitz (2004) declaram que
se a cicatriz tem menos de seis meses, ela responderá à terapia compressiva se adequando à
pressão, permanecendo plana e na superfície, não se tornando hipertrófica. Este tempo pode
se estender até por um ano se a mesma ainda estiver ativa ou mostrar sinais de vascularização
(cor vermelha).
Durante este período acima especificado, os autores atentam para possíveis mudanças que
podem ocorrer quando a ferida ou o enxerto se tornar avascular, pois as áreas recém-
cicatrizadas podem tonar-se elevadas e endurecidas. Por este motivo a compressão será
imprescindível uma vez que acelera a maturação da cicatriz e minimiza a formação de cicatriz
hipertrófica.
Para estes autores a pressão exercerá controle sobre a formação de cicatriz hipertrófica por
afinamento da derme, alteração da estrutura bioquímica do tecido cicatricial, diminuição do
fluxo sanguíneo e reorganização dos feixes de colágeno para a cicatriz e diminuição do
conteúdo de água no tecido. Para alcançar estes benefícios, Tibola In Lima Jr. et al. (2008)
afirmam que as malhas compressivas proporcionam cicatrizes planas e uniformes, pois
reorganizam as fibras do tecido em recuperação por meio de vestes compressivas com pressão
em torno de 20 a 25 mmHg. São utilizadas de modo contínuo depois que a lesão não
apresenta mais áreas cruentas, e por volta de seis meses a dois anos após o início do uso. São
retiradas apenas para a higiene pessoal e sessões de fisioterapia.
Pestana, Gabriel e Sampaio (2011) mostram que apesar de os princípios da compressão não
serem bem conhecidos, algumas teorias apresentadas por alguns autores são a redução do
débito sanguíneo com subsequente diminuição de microgobulina e estimulação da degradação
de colágeno pelas colagenases; hipóxia, o que leva a diminuição do metabolismo tecidual com
degeneração dos fibroblastos e degradação do colágeno; diminuição da hidratação da cicatriz,
o que estabiliza os mastócitos e subsequente diminuição de neovascularização e produção de
matriz.
Afonso e Martins In Lima Jr. (2008) sugerem que a terapia compressiva se inicie após a
epitelização completa por 23 horas/dia por um período de 12 a 36 meses. As vestes do tipo
Jobst Garments exercem pressão contínua sobre as áreas cicatrizadas e enxertadas, prevenindo
cicatrizes hipertróficas e são confeccionadas sob medida, devendo ser retiradas para higiene
pessoal. As mesmas não precisam ser retiradas para a sessão de fisioterapia.
No que tange aos tipos de compressão, Stanley e Richard In O’Sullivan e Schmitz (2004)
sugerem ainda as faixas elásticas para prover suporte vascular aos enxertos de pele e aos sítios
doadores, assim como controlar o edema e a formação de cicatrizes. As mesmas devem ser
usadas até que a pele do paciente ou as cicatrizes possam tolerar as forças de cisalhamento da
aplicação de malhas compressivas e as áreas abertas sejam mínimas. Estas devem ser
dispostas em padrão de “8” sobre os membros inferiores, espiral nos membros superiores e a
circular no tronco.
Outro tipo de compressão sugerida é a bandagem elástica autoaderente que pode ser usada
para as mãos e os dedos dos pés. Essa bandagem adere apenas nela mesma e pode ser posta
sobre o curativo antes das feridas terem cicatrizado e ajuda a minimizar o edema e controlar a
formação de cicatrizes, podendo ser também usada antes da aplicação de uma luva.
Segundo Barguil In Borges (2010) o fisioterapeuta pode prescrever, quando necessário, o tipo
e modelo de vestes compressivas, checar tamanho, modelo, ajustamentos e força de
compressão. O profissional deve vestir o paciente para que o acompanhante possa observar e
passar instrução aos mesmos quanto ao aspecto da higiene do cliente e da malha, orientar
quanto à necessidade de uso contínuo e juntamente com o cirurgião planejar a alta do uso da
veste compressiva.
A veste compressiva pode ser associada ao uso do silicone que se apresenta como gel sólido e
constitui produto não medicamentoso, atóxico, hipoalérgico e lavável. Afonso e Martins In
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Lima Jr. (2008) dizem que o tempo de uso recomendado é de seis a oito horas por dia,
podendo chegar a 12 horas diárias. Entretanto, alguns cuidados específicos devem ser
tomados, tais como não perfurar o silicone, lavá-lo com água corrente e sabão neutro e
polvilhar talco depois de seco. O ideal é começar o tratamento com um plano de horas de uso
progressivo para evitar reações cutâneas como dermatite de contato.
Além de todos esses recursos utilizados no tratamento das cicatrizes hipertróficas, Stanley e
Richard In O’Sullivan e Schmitz (2004) mencionam ainda os cuidados com a pele, onde para
melhorar a estética a fotoproteção é indispensável. Corroborando com esta afirmativa
Andrade e Cunha (2011) afirmam que se deve higienizar e tonificar a pele utilizando produtos
que preparam a pele para a aplicação dos princípios ativos, remoção de células mortas,
oleosidade, maquiagem, leve esfoliação para regulagem do pH. O sabonete deve ser suave,
sem perfumes e poderá se usado depois que todas as áreas abertas tiverem cicatrizadas. Os
cremes hidratantes devem ser aplicados 2 a 3 vezes ao dia e não devem conter perfumes ou
uma quantidade significativa de álcool.
8. Metodologia
Este estudo se caracteriza como uma revisão bibliográfica, pois se realizou um levantamento
nas diferentes bases de dados das bibliotecas indexadas de artigos científicos, SciELO,
MEDLINE, Pubmed, Lilacs, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), além de livros que abordam
sobre os recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento das cicatrizes hipertróficas em
pacientes queimados. O mesmo é pré-requisito para a obtenção do título de Especialista em
Fisioterapia Dermato-Funcional da Faculdade Ávila.
9. Discussão
No decorrer deste levantamento bibliográfico pode-se perceber que as queimaduras são uma
das injúrias mais terríveis que uma pessoa pode sofrer, pois deixam sequelas importantes que
afetam drasticamente a aparência, a capacidade de independência e consequentemente, o bem-
estar psicológico do indivíduo (ROSSI; DALRI In LIMA Jr. et al., 2008).
Dentre as deformidades mais preocupantes, as cicatrizes hipertróficas destacam-se por
apresentarem um gasto elevado para os cofres públicos uma vez que requerem longos
períodos de intervenção e a maioria das vezes o paciente não tem como arcar com as despesas
(HERSON et al., 2009).
Neste contexto, a Fisioterapia tem um papel importante no tratamento destas disfunções
cicatriciais, pois possui um arsenal de recursos que podem ser utilizados para alcançar os
objetivos primordiais no tratamento das cicatrizes como diminuir as sequelas deixadas por
estas injúrias, melhorar a qualidade de vida e a aumentar a autoestima destes indivíduos
(ROCHA; ROCHA; SOUZA, 2010; GUIRRO; GUIRRO, 2010).
Nas bibliografias consultadas, os recursos que mais se destacaram, sejam por sua
comprovação científica, sejam por experiências clínicas citadas por alguns autores foi o uso
do ultrassom contínuo, modo direto, numa potência de 1 a 3 W/cm2 durante 5 a 8 minutos
(BARGUIL In BORGES, 2010).
O laser mostrou-se eficaz no tratamento das cicatrizes quando utilizado com pulso de 0,45 ms
e fluência de 6,5 a 7,25 J/cm2, com comprimento de onda de 585 – 595 nm. Dentro deste
parâmetro, Pestana, Gabriel e Sampaio (2011) demonstraram que o laser por seu efeito
fototermólise provoca degradação do colágeno e apoptose dos fibroblastos com subsequente
redução da espessura da cicatriz, eritema, prurido e dor.
A massagem foi mencionada por todos os autores estudados, juntamente com o uso das vestes
compressivas. A primeira por promover o descolamento do tecido cicatricial, agindo para
quebrar as aderências. A mesma pode ser também associada ao alongamento e à vacuoterapia
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